é tudo muito estranho
mas
paradoxalmente
estou intimamente acostumado
com essa solidão
perversa
gostosa
das três da manhã
peguei uma nova cerveja
acendi um novo cigarro e um novo incenso
o último da caixa que você deixou ao partir
sentei-me em frente a máquina de escrever
e tentei produzir
qualquer porcaria
que descrevesse
o quão vazio estou
sem ter você
às três da manhã
olhei pela janela
a lua cheia
perfeita
fundia-se
com nuvens noturnas
incrível.
lembrei-me
da noite em
que
nos conhecemos,
no Bar do Jhow
você garçonete
eu bêbado e fedido
uma breve troca de olhares
“quero transar com essa mulher!”
transamos.
então ganhei
sua companhia
e seu corpo quente
ardente
aliviava-me
sua boca crua
insegura
sustentava-me
seu quadril perfeito
estreito
equilibrava-me.
e entre
tanto suporte
perdi o porte
e a chance
de dizê-la
eu te
amo
mulher.
O parágrafo final se encaixou melhor no estilo poético. Bem construído, mas existem mais descrições que sensações na parte inicial. Não é regra, mas nem sempre precisa-se contar uma história nesse conceito.
As pequenas grandes coisas da vida. Gostei, parabéns.
☬ Cicatriz das três
☫ Michel Menezes
ண Mente: Parece uma estória em forma de poema. E a leitura flui naturalmente. É um romance crú, sem magia, recheado com bastante realidade. A formatação escolhida é bem ousada, pois irá mexer com o gosto pessoal do leitor. Por exemplo, pessoalmente, senti-me incomodado. Gosta da estética bela dos textos.
ஜ Coração: O efeito desejado é passado para aqueles que apreciam o texto por completo. E daqueles que entregaram suas vidas ao amor mágico também não irão apreciar por completo. A realidade não é muito atraente para alguns. No entanto, o texto não é crú, não é racional, não é frio. Muito pelo contrário, é um poema recheado de emoções.
Ω Final: Uma poesia livre, que não irá agradar a todos exatamente por isso. Uma estória, várias lamúrias, emoções baseadas numa realidade crua e sem magia.
௫ Nota: 7.
Muito bom, cara.
Nesse feriado chuvoso, deu até vontade de sair e ficar bêbado e conhecer uma mulher, dessas por quem a gente às vezes perde a chance de dizer que ama e depois fica remoendo a oportunidade perdida às três da manhã de outro dia qualquer.
Abraço!
Exatamente isso, Fabio! Haha
Obrigado, abss.
posso dizer palavrão?!! PQP!! que lindo! rsrsrs
muito bacana a formatação que você deu ao poema.
e a emoção que você trouxe tb! Parabéns!
apenas aqui: a chance de dizê-la
o correto é: a chance de dizer
Abraço e obrigada por esta leitura! 🙂
Obrigado, Anorkinda!
A formatação proporciona um ritmo de leitura que tem como consequência a emoção que busquei passar. Que bom que gostou, fico feliz.
Agradeço também pelo toque, realmente deixei passar esse. Mas acontece e reitero os votos.
Abraço