EntreContos

Detox Literário.

Claris Loira Mor (Alex Martins)

É a minha falta de habilidade social que me faz ficar aqui escrevendo…

Cláris, a loira mor, foi a primeira loira que me chamou a atenção, foi na sexta série, há mais de quinze anos… Éramos colegas de classe, mas eu tinha um pânico horrível de falar com ela, pois ela era tão loira, tão airosa, uns olhos tão lindos que tiravam toda minha coragem de encará-la, e eu tão…diferente dela. Hoje em dia ela nem deve mais se lembrar de mim, eu a acompanho pelas redes sociais, está casada e com um filho lindo. Pelo menos tenho as fotos dela. A vida dela deu certo, a minha… Todos os meus amigos se casaram, e sempre que trombam comigo por aí, fazem sempre a mesma pergunta: e aí, já casou???? Sem saber o que responder, faço uma brincadeira, tartamudeio um pouco e fujo do assunto.

É engraçado, toda loira que vejo hoje ou que me interesso, em verdade lhes digo, estou apenas tentando ver a Cláris nelas, (dentro de mim não existe amor, apenas fico tentando ter a Cláris pra mim, ou uma igual a ela só pra mim) assim, fico projetando a imagem dela nas outras, (não devo ser o único que faço isso) mas é tudo inconsciente, nem percebo, alias foi a meditação que me mostrou isso; mas não sei como mudar isso. Eu pensava que um dia nos reencontraríamos, e ficaríamos juntos lembrando os tempos da escola. Tenho barba já, todos me chamam de senhor aqui, senhor ali, mas não passo de um adolescente inflamado de paixão! Cláris loira mor, o que que eu faço agora? Se todas as loiras sumissem desse orbe, talvez assim eu esqueceria ela, mas é só ver uns cabelos dourados que a imagem da Cláris me cega, qual quando à noite e a energia acaba e ficamos em pleno breu. Até quando isso?

Hi, lá vem minha mãe:

– Gui meu filho, sai um pouco desse quarto, liga pros seus amigos, sai um pouco desse computador.

– Tá mãe, não se preocupe, estou bem, pode ir deitar.

Minha mãe deve pensar que sou gay…Nessa idade e sempre sozinho…

Se ao menos eu tivesse provado dos carinhos dela… Se ao menos ela soubesse que a desejo tanto, não sentiria esse buraco sempre ao ver uma loira… Até quando isso?

Um dia desses resolvi procurar ajuda médica, decidi, me indicaram uma ótima psicanalista.

Cheguei no consultório, ela me atendeu, era loira!

Inventei uma desculpa lá e nunca mais voltei. Até quando isso?

Plena sexta-feira à noite e eu aqui escrevendo para mim mesmo. Fico pensando: se eu namorar uma morena, ou uma japonesa, ou uma negra, aí ela tem uma amiga, loiríssima; fico pensando, metafisicando…

É melhor eu ficar por aqui mesmo e não enganar nenhuma mulher por aí dizendo ‘eu te amo’ e tudo mais, só pra ter uma pálida imagem copiada da Cláris em meus braços! É melhor…

E Então? O que achou?

Informação

Publicado às 2 de março de 2015 por em Contos Off-Desafio e marcado .