– De quem foi a ideia idiota de vir a um lugar destes? Perguntou Cole, olhando a paisagem mista de vegetação rasteira, terra e areia. O sol a pino e a comida racionada levavam-no a pensar se tinha sido uma boa idéia ir para aquele lugar.
Doc Solomon Georges continuava calado, pensativo. Rodavam na carroça de madeira semi protegida do sol por uma lona amarelo acinzentada, velha, rasgada e empoeirada ao menos há três dias e nesse tempo não tinham visto viva alma. No final da tarde avistaram uma pequena casa.
– Precisamos ter cuidado Cole, ninguém por estas paragens é bobo.
– Veja! Estes aí têm poucos animais de criação, um poço bem afastado, um celeiro pequeno e mal acabado e duas pequenas casas.
Ben Cole observava o lugar com uma luneta velha. A casa, que parecia ser a principal, era feita em parte de pedras superpostas e de troncos de madeira rejuntados com barro, tinha na frente uma porta e um par de janelas, talvez mais uma ou duas janelas na parede posterior. A casa mais ao lado parecia ser o local onde ficava o velho fogão a lenha, tinha uma parede ao fundo e meia parede inacabada no lado direito. A estrutura era para uma família pequena, um homem, mulher e mais quatro, talvez cinco crianças,como era o habitual do período.
– Vamos chegar mais perto Doc, vi luzes de vela e fumaça saindo da lareira do lugar. Podemos pedir pousada ao rancheiro e dormir perto do fogo, se tivermos sorte.
Foram devagar em direção a casa. As duas mulas estavam bem cansadas e com sede depois de mais um dia de trabalho, além disso, a água já estava no fim. O rangido das rodas de madeira podia ser ouvido ao longe, pois não tinham sebo para passar nas engrenagens gastas.
– Oh de casa! Gritou alto Cole ainda sentado na carroça. Oh de casa!
Ninguém respondeu, mas a parca iluminação se apagou.
Doc desceu da carroça e bateu a poeira das calças sujas e da camisa grossa. Tirou o chapéu e o lenço que um dia foi branco que estava em volta do pescoço. Dirigiu-se à bomba d’água e manuseou-a, colocando a mão em concha para beber. Estava no terceiro gole quando o estouro de um tiro disparado pela janela fez com que se jogasse ao chão. Olhou para ver onde Cole estava e o viu agachado atrás da carroça.
– Doc? Doc, você está bem?
– Estou, Cole.
-Vocês aí dentro, não queremos encrenca. Estamos indo embora. Não atirem.
– Esperem!
Uma voz feminina chamou do lado de dentro da casa. A porta e janelas continuavam fechadas.
– Um de vocês é doutor?
– Talvez! Vocês precisam de um? Perguntou Cole apreensivo.
Cole ficou observando a porta da casa se abrir e uma mulher magra, descabelada, vestida com um camisolão até os tornozelos e descalça sair porta afora com uma espingarda winchester nas mãos. Seus olhos estavam vermelhos e uma criança de pouco mais de um ano estava agarrada no camisolão.
– Vocês podem ajudar? Meu filho está doente. Eu acho que meu marido morreu.
Doc se levantou e andou na direção da mulher, parou na sua frente e a olhou em seus olhos antes de entrar na casa. Cole estava dois passos atrás e segurou a arma da mulher, que a entregou e também entraram na casa.
A casa era pequena como Cole pensou, tinha dois quartos embaixo e um pequeno sótão na parte de cima, onde dormiam as crianças.
– Abra as janelas para mim Cole. Onde está seu filho Sra…
A mulher ainda estava chorando e não entendia o que os homens falavam, olhava perdida na casa repleta de sombras.
– Seu nome mulher, disse Cole olhando para ela enquanto colocava a espingarda em um suporte na parede e abria a porta e as janelas para arejar.
– Hanson. Ann Mae Hanson. Meu filho doutor, por favor, neste quarto. Falou enquanto abria a porta.
Cole resolveu esperar do lado de fora da casa, queria sair do lugar mal cheiroso e se refrescar, beber água e dar água às mulas. Depois de soltar os animais no celeiro, tirou os alforges da carroça, verificou o baú de madeira e sentou-se em uma cadeira do lado de fora. Ouviu o choro alto da mulher, significava que alguém havia morrido.
Doc saiu alguns minutos depois e sentou ao seu lado.
– Vamos enterrar o marido da sra. Hanson e queimar o colchão e a cama de madeira. Ele morreu de peste. O menino está mal, mas é outra coisa, gripe forte talvez, se sobreviver esta noite com sorte escapa.
– Tem certeza? Peste? Perguntou olhando seu companheiro. Viu Doc balançar positivamente a cabeça.
– Vamos ajudar essa família, amanhã vamos para a cidade de Boldie, fica a menos de duas horas de viagem ao norte.
****
Um homem negro, alto e careca que limpava a entrada da barbearia no inicio da cidade observava os dois na carroça. Sorriu e meneou a cabeça em sinal de cumprimento, sendo correspondido por eles.
– Sejam bem vindos, viajantes, disse o homem para eles, que continuaram em frente.
– Então, essa é Boldie, disse Doc, pensando em voz alta.
– Parece. Vou procurar o xerife da cidade e dizer que nós chegamos, respondeu Cole.
Doc desceu da carroça, apanhou a winchester e o cinturão com a arma, colocando-o na cintura. Cole deu um sorriso.
– Não esqueça a estrela, falou enquanto observava Doc colocando no peito a estrela de U.S.Marshal. Saía o médico e entrava o homem da lei, pensou ele.
A cidade era pequena, uma rua ladeada de diversas construções e uma paralela com poucas casas. Em seus bons dias cerca de duzentas pessoas poderiam ter vivido ali. Cole atravessou-a rápido parando ao lado do estábulo e leu a placa nele escrita: A. Jones.
Começou a desatrelar as mulas e colocá-las no pequeno curral ao lado. Um homem baixo e gordo saiu do mercado e atravessou a rua correndo, seguido pelo negro alto.
– Boa tarde, estranho. São dois dólares para guardar as mulas no estábulo.
Cole colocou a mão no bolso do paletó surrado tirando duas moedas e deu-as ao homem que não tirava os olhos da pistola no cinturão, parecia encantado com ela, pelas marcas na fivela, ou ainda as duas moedas de prata coladas no cinturão.
O homem era um pistoleiro, pensou Jones temeroso.
– Sei que não é da minha conta moço, mas somos uma cidade pequena, os negócios estão ruins e o banco quase falido. Disse enquanto o negro guardava as mulas no interior do estábulo.
Dois outros homens armados com winchesters chegavam rápido atravessando a rua empoeirada. Pararam a frente de Cole e do homem gordo a tempo de ver Cole mostrar a estrela de U.S.Marshal a Jones.
– Oh Senhor, obrigado disse um dos homens. Ainda bem que chegou delegado. Estamos com um problema enorme.
Cole observou diversas pessoas na rua de terra olhando para ele.
– Meu nome é Cole. Quem são os senhores.
– Desculpe delegado, meu nome é Kirby, sou o banqueiro da cidade e este é Murphy, o dono do hotel e do bar. O homem que chegou com você também é delegado?
– Sim! Disse com certa ansiedade. – Onde está o xerife da cidade?
– Vamos levá-lo até ele, disse Kirby. E continuou: – Ontem um grupo de cinco homens tentou assaltar o banco, levaram o dinheiro do caixa e não conseguiram abrir o cofre. O xerife tentou detê-los, na troca de tiros acertamos um deles, nosso xerife foi baleado no peito e os dois ajudantes morreram.
Cole virou-se para Jones e pediu para que guardasse o baú no estábulo junto com as mulas. Jones sorriu.
– Pode deixar delegado, o velho Ab vai cuidar disso, falou apontando para o negro alto.
****
Doc examinava o xerife O`Brien junto com Al Gordon, o médico que vivia na cidade.
– Esse é o dr. Gordon, Cole. Certamente salvou a vida do xerife. Dê o conteúdo deste frasco misturado em água para ele Gordon, vai diminuir a febre e fortalecê-lo, falou Doc entregando o frasco ao médico.
– O homem tem um buraco no peito que ainda sangra, falou Gordon com cara surpresa. Onde você estudou medicina?
– Na capital, falou Doc. Se quer que ele sobreviva dê o conteúdo do frasco, boca abaixo se necessário. Caso contrário o xerife morre em menos de uma hora.
Gordon olhou Doc por alguns segundos e fez com que o xerife bebesse o remédio. Saiu da sala junto com os outros.
– Achamos o ladrão de bancos que baleamos morto a umas dez milhas da cidade, falou Murphy. Recebemos mensagem pelo telegrafo avisando que um bando de malfeitores, entre dez e quinze homens, vinha em nossa direção depois de assaltar um banco em Paradise e matar pessoas lá. Acho que eles não desistirão delegado. E dessa vez vão tentar se vingar.
Cole e Doc se olharam por alguns segundos.
– Essa é sua cidade, falou Doc. O que vocês vão fazer? Pretendem lutar por ela e por suas famílias?
– Sim, disseram Kirby e Murphy ao mesmo tempo. Gordon e Jones balançaram positivamente a cabeça.
– Vamos ajudá-los então. Peguem suas armas e munição e se preparem, creio que eles retornarão em busca de dinheiro, mulheres e vingança. Cole, vou voltar até o rancho Hanson e trazer a viúva e as crianças para a cidade.
– Moses Hanson morreu? Perguntou Kirby. Como?
– Passamos por lá ontem e ele já estava morto. Febre, não sei.
Doc olhava para Cole, sabia que seu companheiro não estava gostando do rumo que as coisas estavam tomando. Estava decidido a não deixar a mulher e as duas crianças no rancho. Se o bando os pegasse matariam a todos.
– Não posso ir com você, falou Cole para Doc. Tenha cuidado e lembre-se que nosso objetivo principal é o dia de amanhã. Lembre-se do jogo.
– Pode deixar Cole. Vou dormir por lá e retorno pela manhã. Vai dar tempo.
Cole sabia que algo havia chamado a atenção de Doc no rancho, no inicio achou que fosse a situação difícil da mulher e crianças. Nada disse quando Doc começou a arrumar algumas coisas no lugar, primeiro a improvisação de um local para banho, pegou uma tina grande e a colocou em um suporte perto da casa, aproveitou um balde velho fazendo diversos furos nele. A idéia era simples: enchia a tina que vazava água por meio de uma calha até o balde e os furos davam a impressão de chuveiro. No outro dia ainda consertaram o fogão e deixaram charque, feijão e farinha que tinham para eles. Cole sabia que não era só isso, viu o jeito que a Sra. Hanson olhava Doc, já vira aquele olhar antes. Apesar de magra e mal vestida ela era bonita e Doc percebeu isso.
****
Ann Ranson estava varrendo a entrada da casa quando avistou Doc e a carroça ao longe. Ela correu para a casa, abriu as janelas para circular o ar conforme ele havia mostrado, tirou a camisola suja e se jogou embaixo do chuveiro rústico, lavou-se da melhor maneira possível e correu para vestir o único vestido que ainda tinha e ajeitou as crianças. Sabia que Doc havia feito um milagre, seu filho estava vivo, seja o que fosse que tivesse no frasco, tinha lhe restituído as forças e devolvido a alegria da vida. Sabia que ele voltaria.
– Olá Sra. Hanson. Trouxe alguns mantimentos para você. Tomei a liberdade de trazer roupas para as crianças e um vestido para você.
A mulher o olhava sem falar, agradeceu de cabeça baixa.
– Ann, me chame Ann. Fiz pão fresco com a farinha que vocês deixaram. Vamos comer.
Ela o olhava fixamente, não tinha visto a estrela brilhante no peito de Doc da primeira vez.
– Sua estrela é diferente da que usa o xerife O`Brien. Falou tocando rápida e levemente a estrela no peito de Doc. Tire o cinturão, não quero homem armado na mesa.
– A lei é a lei Ann, não há diferença.
– O que tinha no frasco que deu para meu menino ontem? Não consegui ler o que estava escrito. Não era nosso idioma.
– Comprei de um amigo que viveu no oriente muitos anos e aprendeu medicina lá. Ele faz o remédio aqui e me vendeu uns frascos.
A mulher olhou por alguns segundos, levantou-se e retirou os pratos levando-os para uma pequena área coberta fora da casa, ele foi atrás dela e ficou na porta olhando.
Doc abriu a garrafa de whisky, ainda restava um dedo, talvez menos e bebeu. Verificou a saúde do menino e ele já estava bem, corado brincando com a irmã mais nova. A casa estava limpa e eles pareciam resignados com a perda de Moses Hanson. Pegou o menino no colo e brincou com ele. Tinha os cabelos muito claros, quase brancos como os da mãe.
– Ann, ontem um bando de foras da lei invadiu Boldie, balearam o xerife e mataram dois assistentes e mais um dos cidadãos. Tentaram roubar o banco e foram impedidos. Faziam parte de um grupo maior. Os que escaparam provavelmente foram buscar reforços e tentarão roubar o banco outra vez. Ficamos preocupados com a possibilidade de passarem por aqui, então resolvi vir buscá-los para que possam passar alguns dias na cidade em segurança.
– Não vou sair das minhas terras, falou ela, categórica.
– Não estou pedindo que abandone seu rancho, quero que fique em segurança na cidade, tenho certeza que quer bem a seus filhos. Se os fora da lei passarem por aqui, ninguém protegerá vocês.
Ann finalmente concordou, e acertaram de sair nos primeiros raios de sol. Pegou um cobertor e deu-o a Doc e ficou observando ele sair da casa, vencer a curta distância e entrar no cômodo ao lado da cozinha, surgir uma estranha luz azulada que rapidamente tomou conta de todo o lugar. O que seria aquilo?
Colocou as crianças para dormir e vestiu a camisola, apanhou um lampião e foi andando lentamente até o cômodo. Observou por uma fresta e viu Doc nu deitado sobre o cobertor. A luz saia da estrela na camisa sobre o alforje no chão. Ann viu quando ele falou algo e a luz foi apagando lentamente até desaparecer e ficar apenas a luz do lampião. Ela o observou por instantes e voltou para casa. Não faria perguntas. Ele salvou seu filho.
****
Cole ficou mais tranquilo quando viu Doc passar com a carroça em frente à sala do xerife da cidade. Murphy e Jones estavam com ele, e estavam surpresos com o fato do delegado ter passado com os Hanson pela barreira que os foras da lei haviam feito em ambas as entradas da cidade.
– Está chegando a hora, falou para Doc com visível alegria e excitação.
Murphy estava desconfiado. Estava observando, com a luneta de Cole, o local onde estavam os malfeitores e viu a carroça passar perto de quatro ou cinco homens que faziam cerco perto da estrada. Eles pareciam não tê-los visto.
– Como passou por eles delegado? Eles não fizeram nada.
– Também não sei Sr Murphy. Não querem que as pessoas saiam, entrar é outra coisa. Vou levar os Hansons ao hotel, Cole, e já volto. Creio que acontecerá em breve.
Murphy continuou observando os delegados. Cole foi extremamente competente ao colocar os cidadãos em pontos estratégicos para o tiroteio e expedir ordens específicas, principalmente em relação ao banco. Ele disse que se conseguissem chegar ao banco usariam dinamite e era para que todos se afastassem do lugar. Pegou o delegado Cole pelo braço.
– Como ele passou delegado?
Cole estava irritado e excitado ao mesmo tempo, olhou nos olhos do homem. Se era a verdade o que queria, a verdade teria.
– Um oscilador, Sr Murphy, ele ligou um oscilador. Sabe uma das invenções de Tesla? Nós não o desacreditamos em nossa realidade. Teoria dos universos paralelos, usamos as múltiplas realidades para jogar, cada uma está em um estágio diferente de avanços tecnológicos. Se não tivéssemos vindo, vocês todos estariam mortos, mudamos sua história.
– Do que você está falando homem? Realidade? Jogos? Está louco?
– Louco? Não Sr Murphy. Apenas jogando.
– Veja, apontou para um grupo de homens cavalgando rumo à cidade e trazendo uma carroça cheia de feno em chamas.
– Não vão passar pela barreira que montamos do outro lado da cidade, falou Cole para os dez homens que estavam ali. Olhou para a barreira e viu Doc apontando para os homens que estavam lá e dizendo o que deveriam fazer.
O grupo de cinco homens entrou pela cidade atirando e jogou a carroça em chamas contra uma das edificações que logo começou a se incendiar. Um dos bandoleiros desceu do cavalo e começou a atirar contra os homens que tentavam apagar o incêndio. Derrubou um, atirou na perna de um segundo, aí um grito chamou-lhe a atenção. Virou-se a tempo de ver Alphonse Jones atravessar seu peito com um forcado.
A confusão era total na cidade. Tiros em todas as direções e os foras da lei começaram a morrer no fogo cruzado. Três deles desceram dos cavalos e foram atirando na direção de Kirby e outros homens que haviam conseguido impedir a passagem da segunda carroça. A barreira estava em chamas e a confusão era total. Kirby foi atingido na perna e caiu, viu o delegado Doc Georges sair de trás de uma carroça virada e ir atirando na direção dos homens.
– Duelo de pistoleiros. falou para si mesmo.
Kirby olhava atônito os bandoleiros caindo mortos e o delegado em pé com a pistola Colt peacemaker com cabo de madrepérola ainda fumegando. Viu-o guardar a arma. Jamais se esqueceria daquilo. Achou que eles eram muito jovens para ser U S Marshal. Nunca mais pensaria desse modo.
Do outro lado Murphy ajudava um dos homens a se levantar, ele havia sido atingido. Os cidadãos haviam derrubado quatro bandoleiros antes que conseguissem entrar na cidade, mas três deles haviam entrado e se escondido no armazém fazendo reféns. Os bandoleiros gritavam que matariam a todos se não lhes desse o dinheiro do cofre e cavalos para fugir.
– Isso não vai acontecer, gritou Cole.
Silêncio do outro lado.
– Quem é o bravo que toma a frente das ovelhas, gritou um dos homens dentro do armazém.
– As ovelhas mataram cinco de seus homens. Não são ovelhas. São leões.
– Não interessa. Ou dão o que queremos ou matamos todo mundo.
– Tem quantas pessoas lá dentro Murphy?
– Três ou quatro.
Doc chegou junto com mais homens para ajudar no cerco.
– Se anoitecer podem fugir, disse Doc.
– Não pode acontecer, disse Murphy apoiado por Jones e outros homens.
– Delegado! Sabemos que tem um delegado. Temos uma proposta. Falava um dos bandoleiros aos berros. – Vamos sair. Desafiamos você para um duelo, se vencer liberta os reféns se perder ficamos com o dinheiro. Aproveitamos o por do sol, o que acha?
As ruas se esvziaram. Doc e Cole se olharam. Cole recarregou o peacemaker de coronha de madeira e saiu para a rua no mesmo instante que os bandoleiros. Havia uma distância de 50 metros iniciais entre ele e os três homens, que chegaram mais perto. Pararam. Segundos depois sacaram ao mesmo tempo. Três tiros, o último em direção ao solo. Os cidadãos de Boldie viram dois bandoleiros tombarem ao mesmo tempo em que Ben Cole guardava sua arma.
O último bandoleiro saiu atirando, jogou algo na direção de Cole e atirou contra os homens em pé na rua até ter a cabeça estourada por um tiro da espingarda de Murphy.
– Cuidado Cole, dinamite, gritou Doc. A explosão levantou uma nuvem de poeira.
Cole estava em pé protegido por uma forte luz azulada. Ajoelhou-se e passou a mão na barriga, que sangrava.
Doc foi o primeiro a chegar e ajudar o colega. Ab passou rápido pelas pessoas, tirou um cinturão e o passou ao redor de Cole.
– Depressa ou vamos perdê-lo. Atravessaram os poucos metros que os separavam do estábulo.
O cidadãos de Boldie acompanharam estupefatos o corpo do delegado flutuar na rua até o estábulo e viram Ab abrir o baú que Doc havia deixado lá. De dentro saiu uma luz verde escura que envolveu os três homens. A última coisa que viram foi o delegado Doc dizer uma frase estranha antes de desaparecerem.
– Fim de jogo.
Como disseram, o texto precisava de mais espaço para se esticar. A técnica narrativa é boa, o enredo ficou confuso por conta da limitação de tamanho. Livrando-se das amarras, terá um belo conto nas mãos!
Outro conto que precisava de um espaço maior para caber tudo a que se propôs… Ou, então algumas ideias de menos e personagens com uma definição melhor, talvez.
Ideia bem interessante, mas esbarrou no problema do limite de palavras.
Com mais espaço ficaria muito bom!
Continue escrevendo.
Impossível não ver o doc com a cara de kiefer sutherland e colocar o cenário todo no filme Jovens demais para morrer. Eu achei muito saudável sua tentativa de colocar um elemento inusitado no conto. Acho q vc tem que repensar isso e colocar mais loucura no meio. Os motivos tem que ser outros pra dar resultado no fim. Eu passei pelo problema do tamanho no primeiro desafio que participei. Parece aqui o caso, se não foi, há mais problemas.
Eu não gostei: infelizmente engrosso o caldo da turma que achou a mescla confusa, com personagens e acontecimentos demais e carente de mais revisão.
Seria preciso um espaço maior para desenvolver a trama a contento.
Fique claro que o tamanho do conto não interessa. Não é isso o que vai fazer um conto bom ou não. abs
Gostei da ideia de se fazer um conto com predomínio de diálogos, mas, para manter a coerência, seria necessário tirar algumas intervenções do narrador, como essa, por exemplo: “como era o habitual do período”. Digo isso, porque a principio seu narrador é um narrador-câmera (isto é, só mostra as ações e faz comentários de localização), mas, às vezes, acaba interferindo com comentários de juízo. Mas isso é só questão de passar a caneta no conto, cortar, cortar e cortar. Feito isso, o conto fica mais limpo, mais curto, e isso mantém mais a atenção do leitor. Porque num conto, começamos bem atentos e curiosos, mas depois de um tempo vamos perdendo a energia mental, de leitura, e se não houver estímulos (técnicas de narrativa, reviravoltas, etc) acabamos nos desinteressando e perdendo a atenção. Enfim, só estou falando baseado nos comentários anteriores, e na minha opinião de leitor. Acho que , para nós que estamos começando a escrever, é importante começar com textos mais curtos, para que mantenhamos um controle.
Gostei do conto até o momento que a viúva vê a luz azul da estrela. Depois me senti bastante perdida. Estava gostando muito da história, mas acabei não entendendo o que era essa luz azul (fiquei curiosa).
Outra coisa que não estou acostumada: a falta de travessão para separar o diálogo das descrições, como em “- Se anoitecer podem fugir, disse Doc.”.
O conto exige a total atenção do leitor no final. No caso, quanto menos complexa a escrita melhor: nomes simples de serem guardados, falas bem definidas, palavras bem escolhidas.
Boa Sorte!!
Prezados colegas do desafio
Fiquei encantado com a ideia mor do desafio do site que é ler o maior número possível de contos e expressar a opinião, uns sobre os textos dos outros.
Agradeço a todos os colegas autores que leram este conto simples e externaram suas valiosas opiniões. Podem ter certeza que procurarei melhorar.
Em relação ao conto, alguns colegas comentaram sobre a passagem do encontro entre Doc e Ann no celeiro, o rumo era outro com envolvimento forte entre os dois, mas minha esposa achou que não ficava bem pois a mulher acabara de enviuvar. Reconheço que o texto carece de uma explicação melhor sobre a presença de ambos naquela cidade.
De qualquer modo fiquei feliz com a participação.
Obrigado a todos.
Alguns elementos me confundiram, também tecnicamente. O conto possui muitas personagens e vários eventos, que no fundo misturam-se até com outro gênero. Embora exista uma aptidão do autor na narrativa, esse conto não me conquistou.
Parabéns pelo trabalho e boa sorte.
Não gostei muito, camarada
Achei os personagens e a trama um pouco distantes. Ao fim, não tive o menor interesse em saber quem iria morrer ou sobreviver.
A maneira como a explicação sobre o que está acontecendo surgiu ficou muito pálida. Acho que não cabia uma surpresa/explicação dessas em um espaço tão curto. Os pequenos mistérios construídos ao longo do texto não funcionam porque a ideia é complexa demais para a forma como foi explicada. Posso dar uma sugestão? Esqueça a surpresa.
Deixe bem claro do que a coisa toda se trata logo no início e trabalhe com a problemática da vida das pessoas terem valor real ou não. Acho que a estratégia adequada para esse conto seria essa. Ou não. É só uma maneira que, acredito, poderia tornar os personagens, inclusive os protagonistas, um pouco mais humanos.
Gostei da leve aparição de um flanelinha no velho oeste. E não conseguia ler Doc sem pensar no Doutor Brown, no terceiro filme. A ideia de um jogo dimensional foi excelente, mas faltou um pouquinho de revisão em algumas partes.
Bueno, não sei o que temos aqui; não funcionou comigo. Foi tudo muito confuso… Penso que não havia necessidade de apresentar a viúva, e sim desenvolver melhor a cidade. Enfim, espero que outros possam apreciar melhor. Boa sorte.
Olha, o começo até que estava bom, com os caras chegando à cabana da mulher com o marido morto e tal. Tinha um clima de suspense ali que poderia ser melhor explorado ao longo da história, gerando um bom conto. Porém, meio que “do nada” o cenário muda, entram novos personagens (muitos nomes para pouco espaço), surge a ameaça não muito bem explicada dos fora da lei, etc.
Já estava confuso o suficiente, mas daí aparece a história do jogo… já imaginei algo ao estilo do conto “Suna Sistemo 2.0” do último desafio, mas a ideia parece que morre, só reaparecendo no final, pra encerrar tudo de um modo ainda mais… confuso!
A ausência de “-” entre o diálogo e a descrição, ajudaram no clima de confusão. Exemplo:
– Tem certeza? Peste? Perguntou olhando seu companheiro.
Faltaram vírgulas antes e depois dos nomes, exemplos:
– Precisamos ter cuidado Cole
– Vamos chegar mais perto Doc
– pensou Jones temeroso
– Ainda bem que chegou delegado
Outros problemas de revisão:
– a casa (crase)
– inicio / telegrafo
– boca abaixo (goela?)
– por do sol
“como era o habitual do período” – isso soou muito didático.
“Sabe uma das invenções de Tesla?” – Não sei quanto Tesla era conhecido à época, mas isso me soou muito estranho.
Mas existe mérito na escrita, na descrição dos cenários e diálogos. Acho que o grande “pecado” aqui foi querer contar uma história muito complexa em um espaço extremamente restrito para suportar o detalhamento que a ideia pedia.
Abraço!
Também tive a impressão que o conto rumaria para um suspense/terror quando chegaram à casa. Fiquei um pouco decepcionado quando não ocorreu
nossa, tava bom os acontecimentos da história, chegando no confronto entre os bandoleiros e aí vem a parte final confusa, que se concluiu apressada pela minha leitura. uma pena porque o conto estava interessante com os personagens principalmente a viúva.
Abraço!
Confesso que fiquei bastante confuso, mas isso provavelmente se dá em razão da minha compreensão limitada. A pontuação me pegou de jeito, especialmente nos diálogos. Obviamente, consegui enxergar bastante criatividade. Me lembrei do Doc, personagem do Kiefer Sutherland, no Young Guns, uma boa lembrança, de um ótimo filme.
Mas Infelizmente não consegui me conectar ao conto.
De qualquer maneira, boa sorte no desafio.
Eu já estava envolvida com a possibilidade de um romance ardente entre o Doc e a viúva, mas a trama não se desenrolou como eu previa. As luzes confundiram um pouco a narrativa, me perdi porque não sou fã de games. A leitura me prendeu, mas ao mesmo tempo acabei me dispersando do meio para o final.
Há uns errinhos quanto ao emprego das vírgulas e outros lapsos como “bem vindos” no lugar de “bem-vindos”. Uma revisão mais minuciosa resolveria isso fácil fácil.
Boa sorte!
Mais um texto que recusa a sua condição de conto e pede por amor a Deus ser transformado em novela ou romance. Com dois espaços nos quais ocorrem as ações, com o delegado que está no racho, vai pra cidade, volta pro rancho e retorna pra cidade, o conto se dilui, na exata medida em que não há espaço para evoluir (claro, não é um romance). Nessa diluição, um possível envolvimento amoroso, sugerido a certa altura, não acontece. Bom, mas se a evidente atração da mãe do menino pelo delegado foi construída para não passar disso, valeria a pena criar essa atratividade? Se ao menos houvesse uma negativa da parte dele, ou algum empecilho… Mas não: o envolvimento fica mesmo apenas na hipótese.
Não basta inserir elementos futurísticos num ambiente do século XIX: é preciso haver liga entre eles de modo que, unidos, forme outra atmosfera. caso contrário pode soar gratuito. No conto há dois universos distintos que se tocam mas não se entendem bem, a ficção científica e o western. A presença de luzes azuis e verdes e uma engenhoca que impede a percepção do delegado pelos bandidos, por si, não é o suficiente para criar essa ambientação. Não apenas um dos personagens secundários acha estranho: o leitor mais atento também.
Frequentemente se repete a não utilização de vírgula numa situação em que ela é essencial: no vocativo, como na frase “- Como ele passou delegado?”. Entre o verbo e “delegado” existe uma vírgula não posta.
A regência verbal também é um problema. Em “Se o bando os pegasse matariam a todos”, não existe esse A.
Puxa… Eu li até a parte que Ann ver o Doc deitadão e a luzinha azul aparece, como se fosse mesmo uma realidade. Depois desse fato tudo ficou confuso para mim e ainda estou me perguntando o que aconteceu.
Hum… Deu Game Over aqui na minha mente.
Desejo sorte no desafio.
Não sei, acho que foi muito confuso.
A história é até interessante, mas como já foi dito, os muito nomes e muitos acontecimentos, não foram bem aproveitados. Devido ao limite de palavras, creio eu.
Assim como também já foi dito, o uso de vírgulas ao invés de travessões atrapalhou muito a leitura. Fiquei perdido um bocado de vezes.
Porém, vi que outros apreciaram, e espero que apreciem mais ainda.
De qualquer forma, parabéns e boa sorte!
Achei o conto um pouco confuso, tem muitos personagens e as partes em que a ficção cientifica foi usada não ficaram muito claras.
Em termos de sintaxe, acredito que seria bom utilizar o traço ( – ) após a fala dos personagens, ao invés de virgula, assim fica mais fácil para os leitores interpretarem as frases e parágrafos.
Outra coisa que me irritou foram os diálogos cortados, é muito bom ter sempre a descrição do que esta acontecendo, mas as vezes eu começava a ler uma frase e não lembrava o que tinha sido dito no paragrafo anterior, aí tinha de voltar e reler.
Enfim, acredito que o autor(a) seja uma pessoa muita criativa e com um pouco de prática pode desenvolver ótimas estórias.
Boa sorte!
Muito interessante! Fiquei grudada na leitura até terminar.
Parabéns pela ideia e desenvolvimento do conto.
Abração
Interessante. Agora tantos fatos, personagens, nomes, jogados de rolo que tem momentos que eu me perdia. No mais, acho que faltou mais profundidade nos personagens para que eles se tornassem únicos, cada um com seus traços mais definidos e individualizados.