EntreContos

Detox Literário.

Um Amor a Jogar Entre Vidas (Bia Machado)

“Alguns amores não se vencem, apenas se jogam eternamente.” (S.d.)

O Café Dédalo tinha uma regra não escrita: depois da meia-noite, só entravam os que carregavam segredos. Àquela hora, o salão estava quase vazio, como costumava ficar nas madrugadas de quarta-feira. Nisha, a garçonete de cabelos coloridos de lavanda, anotava pedidos com um sorriso afetuoso, como se o tempo não lhe pesasse. Ela sabia melhor que ninguém que ali, entre estantes de livros esquecidos e luzes amareladas, a verdadeira dinâmica começava. Não a do xadrez, mas outra, uma para o qual não adiantavam regras. E quando Ezra chegava com o jogo de xadrez antigo, ela já sabia que o jovem não pediria nada. Ainda assim, trazia-lhe uísque, sem fazer perguntas. Era parte do ritual: o homem parecia ter atravessado um véu entre mundos, não olhava para ninguém e, mesmo assim, todos o notavam. Não era bonito, era mais do que isso. Magnético poderia ser um adjetivo que se encaixasse bem. Ezra tinha algo de felino. Ou talvez de divino.

Ele entrou pela porta assobiando “Anunciação” e parou no balcão, esperando por um gesto da garçonete, que indicou com a cabeça para onde ele deveria ir.  

Caetano estava em uma mesa do canto mais afastado com um livro de lógica aberto e com a expressão de quem não esperava nada do dia que mal começara. Ainda faltavam mais de vinte e três horas da mesma rotina de sempre, aquilo era extremamente desanimador. Quando o homem de casaco verde-musgo se aproximou dele, Nisha desviou a atenção, sabendo que a partida logo começaria e não necessitaria de expectadores. Sabia também que o dono daquela peça antiga, que geralmente não se contentaria com menos do que a vitória, estava pronto para finalmente perder.

— Tudo bem, professor? Já que é sua primeira vez aqui, que tal uma partida para desenferrujar?

Caetano hesitou diante do convite, intrigado sobre ele saber sua profissão e estar ali pela primeira vez, além de ele não jogar xadrez há muito tempo. Seria seu aluno de algum curso técnico? Parecia haver menos de dez anos de diferença entre eles. Olhou para o tabuleiro como quem encara um espelho. E então, sem dizer nada, com a sensação de que algo não estava certo, aceitou.

O primeiro movimento foi silencioso. O desconhecido empurrou o peão do rei para frente como quem abre uma porta sem saber o que há do outro lado. Caetano respondeu com a Defesa Caro-Kann, sem dizer palavra alguma. O cenário entre eles parecia mais íntimo que a mesa, mais honesto que qualquer conversa.

— Você sempre começa com E4? — Caetano perguntou sem levantar os olhos, se sentindo vitorioso por isso, já que a presença do adversário era perturbadora. Causava-lhe algo que ele nunca sentira.

— Precisamos começar de alguma forma, afinal — disse o outro, imitando seu oponente em sua indiferença.

Às vezes cantarolava baixinho, como se a vida tivesse trilha sonora. Naquela noite, entre uma jogada e outra, murmurava algo que soava como “Why’d you only call me when you’re high?”. Preferia não dar ao desconhecido o prazer de saber que tinham gostos em comum, mas Caetano reconheceu a melodia, gostava de Arctic Monkeys, mas nunca ouvira alguém cantar aquela música como se quisesse seduzir. Tentou disfarçar o interesse nos lábios do oponente, que se moviam lânguidos, sílaba por sílaba. Lábios latinos, Ezra poderia atuar em um filme de Almodóvar. Não sabia explicar, assim como era inexplicável a sensação de estar sendo envolvido em chamas.

O professor era como uma função constante: não importava o que acontecesse ao redor, sua expressão não mudava. Falava como quem revisava cada frase antes de soltá-la no mundo. Usava suspensórios apenas por nostalgia e seus olhos cor de âmbar pareciam sempre calcular. Seu rosto era anguloso, como se tivesse sido esculpido por um artista apressado. Falava pouco, mas quando falava, cada frase parecia estar exatamente no lugar.

— Você joga bem — disse o matemático, após perder um bispo.

— Faço isso melhor quando estou distraído — Ezra capturou a peça com uma leveza, tal qual um troféu.

A perda mais marcante de Ezra estava guardada nas memórias dele há mais de mil anos. Naquela existência, seu nome era Arash, e vivia na Pérsia sob o céu de Shiraz, onde o vento carregava perfumes de açafrão e romã. Era estrategista da corte, conselheiro de generais e poeta nas horas em que o silêncio lhe permitia ser vulnerável. Tinha um pupilo, Darian, um menino de olhos escuros e mente afiada, que aprendia o jogo de Shah como quem decifrava o mundo. Arash o ensinava não apenas a mover as peças, mas a ler intenções e a ouvir o silêncio entre os lances.

Darian era curioso demais para sua idade. Fazia perguntas sobre o tempo, sobre outros mundos, sobre o que havia depois do xeque-mate. Arash respondia com metáforas, tentando proteger o menino da dureza do mundo. Mas o mundo não se deixou proteger. Uma febre veio como um eclipse, e Darian partiu antes de completar quinze anos. Arash não chorou. Não naquela noite. Apenas envolveu as peças e a superfície em um tecido azul-escuro, e prometeu que jamais jogaria outra partida.

Foi Nisha quem o encontrou dias depois, sentado sob uma figueira, com os olhos fixos no horizonte, o rei preto em suas mãos. Naquela vida, ela era uma sacerdotisa do templo de Mitra, e sabia que o caminho de certos homens não era linear. Sentou-se ao lado dele e disse:

— Você tem todo o tempo do mundo, Arash. O menino voltará. Em outro corpo, com outro nome. E quando ele estiver pronto, você jogará com ele de novo. E perderá. Porque é isso que os deuses fazem quando querem se lembrar do que é amar.

Arash não respondeu. Apenas fechou os olhos e escutou o vento. E esperou. Até estar diante de Caetano naquela noite.

— Você acredita em destino? — perguntou Ezra, enquanto tomava a torre preta do adversário.

— Só quando ele me dá vantagem — respondeu Caetano, ajustando os suspensórios para disfarçar o nervosismo, ainda mais quando Ezra riu. Um riso curto, afiado. Ele sabia que estava jogando bem, mas Ezra jogava melhor.

— Você trabalha com o quê, afinal? — perguntou o professor, tentando parecer no controle de suas emoções.

— Estratégia. Às vezes para empresas, às vezes para pessoas. Posso estar trabalhando em você nesse exato momento, mas fique tranquilo, não vou cobrar nada. Trabalho voluntário.

O outro não respondeu.

Em 2017, Ezra venceu um torneio em Praga sem perder uma única partida. Tinha pouco mais de vinte anos na época e já parecia mais velho do que era, não por aparência, mas por sua forma de agir. Um jornalista perguntou como ele fazia para prever os movimentos dos adversários, ao que apenas respondeu: “Eu não prevejo. Eu provoco.” Desde então, nunca mais jogou profissionalmente. Ele preferia jogar apenas por prazer. Especialmente com os que haviam tentado resistir ao seu convite de jogar uma partida com ele.

— Enroque curto? — perguntou Ezra quando o outro moveu o rei e a torre.

— Preciso de proteção — Caetano não pensou no sentido exato do que acabara de dizer.

— Proteção é algo sempre superestimado. Geralmente é monótono também — murmurou Ezra, inclinando-se um pouco, como se ele próprio avançasse uma casa.

Encontraram-se também no outono de 1512, em Florença. Sob o nome de Lorenzo, Caetano era um sacerdote da Igreja Católica, conhecido por sua eloquência nos sermões e pela firmeza moral, usada como muralha contra os próprios desejos. Dessa vez, Ezra era Sebastiano, um cartógrafo e estudioso de estratégias militares, convidado pela corte para redesenhar os mapas da Toscana.

O reencontro foi discreto. Um olhar cruzado durante um jantar na casa do Duque de Florença. Lorenzo, com a batina escura e os olhos baixos, sentiu como se uma lembrança antiga tivesse sido soprada por um vento que não vinha da terra. Sebastiano, por sua vez, reconheceu o silêncio nos olhos do sacerdote. Era o mesmo silêncio que o desconcertava há séculos, existência após existência em que se encontravam.

Durante semanas, Sebastiano frequentou a igreja sob o pretexto de estudar os vitrais e as proporções da arquitetura. Lorenzo o recebia com cortesia, mas evitava prolongar qualquer conversa. Ainda assim, em uma tarde chuvosa, quando o templo estava vazio, Lorenzo se aproximou e disse:

— Há algo que me inquieta em Vossa presença, ilustre Senhor. Como se já Vos houvesse perdido, antes mesmo de Vos conhecer.

Sebastiano sorriu com tristeza.

— Já me perdestes, sim, Reverendo Padre. Mais de uma vez. E sempre muito cedo.

Lorenzo não respondeu. Apenas olhou para o céu através do vitral de São Miguel, como se buscasse permissão divina para sentir o que sentia. Depois disso, os dois se encontraram muitas vezes, entre sermões e estudos, entre olhares que duravam mais do que deviam, mas as peças permaneceram guardadas, como se soubessem que aquele tempo não era feito para rituais mágicos, e sim para promessas não cumpridas.

Nisha apareceu certa noite, como uma peregrina silenciosa, oferecendo pão e vinho aos viajantes. Sebastiano a reconhecia, independente de suas características físicas. A mulher se aproximou após vê-los se despedirem sem tocar as mãos para acalmá-lo:

— Ele ainda é o mesmo menino. Mas agora carrega votos que não pode quebrar. Você terá que esperar outra oportunidade. Na próxima, ele pode encontrar você primeiro. Há épocas em que não há como jogar. Só se reconhece o adversário e isso já é suficiente.

Sebastiano assentiu. E partiu antes do amanhecer, sem mover uma única peça, deixando para trás um mapa inacabado e uma carta que Lorenzo jamais chegou a abrir: queimou-a antes mesmo de cogitar fazê-lo.

A tensão entre eles era visível, como se houvesse um campo de forças entre os dois e cada peça representasse uma extensão do desejo. Ezra avançou com a dama. Caetano recuou com o cavalo. Ezra fez a Siciliana invertida, só para ver se Caetano reagiria.

— Uma Siciliana. Faz tempo que não faço esse movimento — comentou Caetano.

— Só faço isso quando quero que alguém se renda — confessou Ezra, e seus dedos roçaram os do outro ao pegar o copo de uísque do adversário para beber o pouco que restava do líquido.

Antes da partida daquela noite no Dédalo, a última vez tinha acontecido sob o céu de Okinawa, que estava denso, como se o mar tivesse subido até as nuvens. No alojamento improvisado, entre mapas dobrados e o cheiro de querosene, Ezra ajeitava as peças de um tabuleiro de xadrez gasto, de madeira escura, que ele mesmo havia trazido da Europa. Era um estrangeiro em terra alheia, um conselheiro técnico entre os oficiais japoneses, mas ninguém ousava perguntar por que falava tão pouco ou por que seu olhar parecia sempre atravessar o tempo.

Takeshi, o jovem piloto de olhos serenos e voz contida, entrou em silêncio. Trazia o uniforme impecável, mas os ombros levemente curvados. Sentou-se diante de Ezra, como fazia todas as noites em que o mundo parecia prestes a desabar.

— Trouxe o xadrez — disse Ezra, com um sorriso discreto.

— Não poderia dormir sem uma última partida. — Takeshi afirmou.

Ezra ergueu os olhos, captando a hesitação na voz do amigo. Mas não perguntou. Apenas moveu o peão para e4, como costumeiramente fazia.

— Ainda começa com o mesmo lance — comentou Takeshi, tentando soar leve.

— Algumas tradições merecem ser mantidas — respondeu Ezra, observando-o com atenção.

Jogaram em silêncio por longos minutos. O som das peças tocando a superfície quadriculada era o único ruído entre eles. Takeshi jogava com mais ousadia do que o habitual, como se cada movimento fosse uma despedida disfarçada.

— Você está estranho hoje — disse Ezra, capturando um cavalo com a dama. — Está tudo bem?

Takeshi hesitou. Seus dedos pairaram sobre a torre, mas não a moveram.

— Está. Só… pensei em como seria se tivéssemos nos conhecido em outro tempo. Em outro lugar.

Ezra parou, uma sensação como se o mundo se contraísse.

— E o que teria sido de nós?

Takeshi ergueu os olhos.

— Quem sabe teríamos tido tempo de ousar viver o que gostaríamos.

Ezra se inclinou para frente, a voz baixa, quase um sussurro.

— Ainda temos tempo. Mesmo que pouco. E mesmo que não saibamos o quanto.

Takeshi sorriu. Um sorriso triste, mas inteiro.

— Você me ensinou a jogar xadrez. Mas também me ensinou a esperar. E a reconhecer que tudo isso não é sobre vencer.

Ezra estendeu a mão e tocou a de Takeshi.

— Então me diga… Do que se trata, afinal?

— É sobre lembrar. Mesmo quando tudo tenta nos fazer esquecer.

Eles se aproximaram. O beijo foi breve, contido, como se o tempo os observasse com olhos severos. Mas foi o suficiente. Para Takeshi, era a última peça que precisava mover.

Na manhã seguinte, Ezra acordou sozinho. O xadrez ainda estava montado, a partida inacabada. A torre branca tombada, como se tivesse sido derrubada por um vento súbito.

Horas depois, o rádio anunciou o nome de mais pilotos que não retornariam, entre eles o de Takeshi. Ezra não chorou. Apenas fechou os olhos e deixou que o silêncio o envolvesse.

Foi então que Nisha apareceu, como acontecia sempre que o tempo parecia fissurar. Vestia um quimono azul-escuro, bordado com flores de ameixeira. Sentou-se ao lado dele, sem dizer nada por alguns minutos.

— Ele sabia — disse ela, por fim. — Mas não queria que você o visse partir com dor.

Ezra não respondeu. Apenas olhou para a torre branca caída.

— Ele vai voltar — continuou ela. — Em outra terra. Com outro nome. Mas voltará. E da próxima vez, você não precisará ensiná-lo a jogar. Ele já saberá. E talvez ele vença a partida.

Ezra sorriu, com os olhos marejados.

— Eu espero. Como sempre esperei.

E então, com mãos firmes, ele recolocou a torre branca em pé. Ainda não era o fim.

Ezra jogava com precisão, com charme, com controle. Mas havia algo em Caetano que o desconcertava. Um silêncio que não se rendia. Um olhar que não desviava. Pela primeira vez, Ezra jogava sem saber se queria vencer.

A partida se arrastou até que ele finalmente venceu. Pela primeira vez, porém, a vitória parecia incompleta, sem sentir vontade de comemorar. Como se só importasse o que estava começando, ou recomeçando, naquele momento. Olhou para Caetano como quem diz “agora é sua vez de me capturar”.

— Estou realmente bem enferrujado — Caetano admitiu.

— No xadrez, é provável. Mas fora dele, ainda estamos empatados. Você pode me pedir uma revanche. Seria um prazer.

— Agora?

— Não, outra noite. De agora em diante, vamos jogar sempre que sentirmos vontade um do outro.

— Eu posso nunca mais vir aqui.

— Claro que pode, mas quando menos esperar, estará sentado em uma mesa desse café, observando cada vez que a porta se abrir, torcendo para que seja eu a entrar por ela. Como se fosse impossível resistir. Bem, na verdade é.

Caetano sentou-se ao lado de Ezra, não se reconhecendo naquela atitude, com uma delicadeza que parecia ensaiada há anos, ou mesmo por um tempo que não se poderia jamais medir. Teria sido o uísque? Tocou a mão dele como quem move uma peça decisiva. Não houve recuo de nenhum dos dois. O mais jovem se sentia como quem aceita ser tocado por algo que não se explica. Naquele momento, finalmente sentiu-se vitorioso. O beijo que veio depois não foi longo, mas suficiente para que Caetano esquecesse, por um instante, que lógica existe. Havia algo nos lábios de Ezra que desarmava: uma suavidade firme, uma promessa não dita. E quando se afastaram, não havia vitória, tampouco derrota. Apenas a certeza de que o jogo agora era outro.

— Você está certo. Não quero resistir.

— Então vamos jogar outra partida, professor. Mas… não aqui.

Desde então, jogavam toda semana. Alternavam vitórias e derrotas, mas o verdadeiro ritual era outro, feito de olhares, silêncios e frases que diziam mais do palavras poderiam permitir, alimentado por outro, que viria depois. No Café Dédalo, onde o tempo parecia dobrar uma esquina como o movimento do cavalo, todos sabiam: o xadrez de Ezra era sagrado. Ninguém tinha ideia da origem do homem misterioso e ele desconversou todas as vezes em que Caetano tentou saber, até que desistiu de perguntar, preferindo apenas imaginar: e se fosse um semideus cansado de vencer ao jogar com divindades? Porque há perguntas que parecem fazer sentido só quando não são respondidas.

Sobre Fabio Baptista

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19 comentários em “Um Amor a Jogar Entre Vidas (Bia Machado)

  1. Andre Brizola
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Silentium!

    Seu conto mescla com habilidade linhas de tempo diferentes para contar a história de Ezra, que busca a reencarnação de seu amado. Para tal, me parece que o xadrez é uma espécie de cifra, de código, que o personagem usa como subterfúgio para encontrar Darian reencarnado. É interessante.

    Técnica – Gostei como as linhas de tempo foram trabalhadas, e acho que é o principal ponto positivo a ser apontado. Mas, durante a leitura, me deparei com diversas construções duras, que me exigiram pausas para digerir melhor o parágrafo. E, quando digo “construções duras”, me refiro a frases e orações que poderiam ter sido trabalhadas de maneiras mais explícitas, ou mais simples, sem nenhum tipo de prejuízo para o texto ou para o estilo. Vou usar um exemplo: àquela hora, o salão estava quase vazio, como costumava ficar nas madrugadas de quarta-feira. Essa frase faz três referências ao tempo, “àquela hora”, madrugadas” e quarta-feira”, sendo que, talvez, somente a informação de que a cena ocorre de madrugada é importante, sabe? Essa frase ocorre logo no começo, tem algumas outras que me causaram a mesma sensação. Na minha concepção, essas construções interferiram negativamente na experiência de leitura, e geram uma certa desconexão do leitor com o conto. Curiosamente, elas ocorrem mais na primeira metade do texto. Na segunda temos frases mais curtas e objetivas.

    Enredo – Como citei antes, Ezra parece usar o xadrez como uma chave. Sua intimidade com o jovem Darian chegou a tal ponto que ele poderia reconhecer o garoto pela forma como sua reencarnação jogaria uma partida. Tendo isso como princípio básico da história, as idas e vindas de Ezra acabam sendo um floreio para a linha de tempo atual, que é onde veremos, certamente, o desfecho do romance. E, tenho que dizer, que não houve surpresa ao descobrir um final feliz, o que achei um tanto quanto previsível. Não é ruim, mas poderia ser melhor.

    Impacto – Gosto de deixar o conto “cozinhar” por alguns dias antes de escrever o comentário. A intenção é ver o quanto dele vai ser absorvido e o quanto ele marcou presença. Pro bem ou pro mal, o importante é se destacar. Neste caso, devo dizer que ele foi sumindo rapidamente da memória. Acho que a falta de um final mais forte, mais provocador, foi determinante aqui. Está tudo muito certinho, caminhando para um final feliz que, de fato, está lá. Eu achei que ele aconteceria muito no começo do conto, quando entendemos qual é o objetivo do personagem principal, passei a esperar por esse final e ele aconteceu de fato, então me pareceu tudo muito concatenado e previsível.

    Conclusão – Não se trata de um enredo dos mais inovadores e, aliado ao final um tanto quanto manjado, fico com a sensação de ter lido algo morno. Bem feito, sim, pois há muita habilidade envolvida, mas morno. Há um potencial nesse enredo que não foi explorado, acho. Para poder se adequar ao limite de palavras, talvez? Mas, no final das contas, o impacto em mim, como leitor, não foi grande.

    É isso, boa sorte no desafio!

  2. Rodrigo Ortiz Vinholo
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Excelente! Gosto muito da relação dos personagens, e de como tudo é tematicamente amarrado com as motivações para o jogo. A vida é um jogo, as diferentes vidas, as relações, as conexões, as motivações… Através do tempo e das situações, com motivos que vão além deles, tudo se encaixa. Parabéns, excelente!

  3. Fabio D'Oliveira
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas!

    Esse conto me surpreendeu. E bastante. Começou devagar, apresentando um cenário comum. Logo temos uma partida de xadrez de madrugada. Duas almas perdidas. Pensei que o conto iria se encaminhar para um lugar óbvio. Mas não foi isso que aconteceu, felizmente. Intercalando com a partida de Ezra e Caetano, temos vislumbres de outras épocas, outras existências. Finais bruscos, sentimentos contidos. É um conto que emociona sem ser melodramático. Ele é sutil, incita sentimentos no leitor de forma natural. É o tipo de drama que aprecio. A relação de Ezra e Caetano se resume em repressão, em espera. Algo que pode explodir a qualquer momento.

    Nisha é a personagem mais interessante, pra mim. Ela tem uma aura única. Aparece para confortar, para guiar. Seja pedindo por paciência, seja entregando um copo de uísque em silêncio. Gosto de personagens misteriosos.

    É um ótimo conto. Minha terceira nota máxima. Parabéns!

    Boa sorte no desafio!

  4. leandrobarreiros
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Uma história de amor interessante. O ponto alto, para mim, foi a ideia da reencarnação e a pegada meio divina. É uma roupagem interessante para uma história de amor. Senti uma pegada meio Neil Gaiman.

    O texto está bem escrito e o ritmo é bom… mas senti falta de alguma coisa. Talvez de conflito que aumentasse um pouco da tensão na narrativa. Dadas as regras ditadas por Nisha no início, meio que já sabíamos para onde a história caminhava e, por isso, os entrecortados da reencarnação não me pegaram tanto. Começou interessante, especialmente a primeira cena na antiguidade, mas, sei lá, senti que as outras não tiveram muito peso narrativo.

    Enfim, um conto bom, com elementos interessantes, mas que eu gostaria de ter visto um pouco mais de conflito.

  5. Kelly Hatanaka
    12 de dezembro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Considerações

    Uma história de amor ao longo do tempo, de muitas vidas. O conto é envolto em uma atmosfera mágica e poética, muito bonita.

    Vamos acompanhando os encontros e desencontros de Ezra e Caetano, sempre envolvidos em uma partida de xadrez, até o momento em que o amor deles parece enfim possível.

    Gostei ou não gostei

     Gostei, uma bonita história de amor.

    Pitacos não solicitados

    Os “comos” me incomodaram um pouco. Não tenho o hábito de ficar caçando repetições de palavras, mas quando ocorre, acaba por me incomodar.

  6. Suzy D. B. Pianucci
    11 de dezembro de 2025
    Avatar de Suzy D. B. Pianucci

    Achei criativo, de fácil entendimento, gostei do conto sobre o amor que resistiu ao tempo, que atravessou muitas vidas e a cada partida de xadrez um novo reencontro. Me agrada ler sobre um tema contemporâneos.

  7. claudiaangst
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    O conto aborda o tema proposto pelo desafio com maestria.

    Ezra, um ser imortal, atravessa os séculos e sempre encontra Caetano (que não se lembra das suas outras vidas) O conto aborda o tema proposto pelo desafio com maestria. Os dois sempre jogam xadrez, mas acabam se separando por um motivo ou outro. Um amor que ultrapassa os limites do tempo. Nisha é a personagem que testemunha essa relação, uma espécie de guardiã-oráculo que acompanha Ezra e seus reencontros com sua alma gêmea.

    O conto está bem escrito, sem entraves que possam prejudicar a leitura. A narrativa é extensa com mudanças de cenário, mas sempre apresentando o jogo de xadrez como metáfora da relação dos dois protagonistas.

    Café Dédalo faz referência ao Labirinto de Dédalo que, na mitologia grega, foi uma estrutura complexa construída por Dédalo para o Rei Minos, em Creta, para aprisionar o Minotauro.

    Como desfecho, Caetano aceita a revanche e o ciclo de partidas inacabadas finalmente se quebra. O beijo também rompe um padrão de séculos.

    Com certeza, este conto deve receber uma boa classificação.

    Parabéns pela sua participação nesta última rodada. Boa sorte!

  8. Pedro Paulo
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Achei um conto muito bonito e bem construído. Jogam-se dois tabuleiros: o do xadrez e o do destino. A alternância entre passados e presentes é feita com habilidade, sem obstar o ritmo da leitura, e a caracterização da tríade de personagens é instigante, a cada mergulho no passado ganhando uma nova camada que aprofunda o presente. Assim, o beijo e a entrega são catarse, tudo por meio do xadrez.

  9. LEO AUGUSTO TARILONTE JUNIOR
    2 de dezembro de 2025
    Avatar de LEO AUGUSTO TARILONTE JUNIOR

    Achei seu conto excelente. A temática do xadrez foi muito bem apresentada como parte da trama. Alternância entre passados e presentes não me deixou confuso. A temática do amor homossexual sempre conceitos trouxe um tempero exótico a história. A narrativa ficou muito bem construída e interconectada. Obrigado por dividir comigo um pouco do seu universo literário. Espero ler outros contos seus nos próximos desafios.

  10. Sarah S Nascimento
    25 de novembro de 2025
    Avatar de Sarah S Nascimento

    Olá! Seu conto é maravilhoso! Adorei os nomes dos personagens, todo esse passado entre Esra e Caetano, como eles sempre se encontram em outras vidas. As vezes ficam juntos, as vezes não, é um conto tão profundo e bonito.
    O jogo de xadrez é sim importante, mas sinto que ele é mais como um elo, uma rotina dessa constância de encontros dos dois.
    Eu achei muito interessante como a figura da Nisha sempre aparecia de outras formas e como as vezes Esra e Caetano, ou Darian e Arash apenas se reconheciam e nada mais. Era como uma promessa de que tudo seria melhor da próxima vez.
    Eu adorei essa fala: “— Estratégia. Às vezes para empresas, às vezes para pessoas. Posso estar trabalhando em você nesse exato momento, mas fique tranquilo, não vou cobrar nada. Trabalho voluntário.”. Isso que é flertar! risos.
    Eu gostei de tudo no seu conto, a escrita, os personagens, a forma como vemos trechos dos encontros deles no passado, as ambientações (amei a do Japão), embora ela tenha sido uma das mais melancólicas e triste; Enfim, eu não tenho nada pra apontar como melhoria, porque pra mim está perfeito.
    Tudo muito bem construído, história de amor linda e profunda.
    Por fim, achei super criativo o nome do café, dá um ar de mítico sabe? Combina perfeitamente com essas figuras meio mitológicas e tal, um excelente conto!

  11. marco.saraiva
    23 de novembro de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Um conto que atravessa as eras. Acompanhamos Ezra – ou melhor, Arash, o conselheiro real persa que, de alguma forma, tem a capacidade de manter a sua memória entre as diversas vidas e corpos que a sua alma possui através dos tempos. Sempre acompanhado de sua amiga Nisha, com o mesmo dom, ele perde muito cedo o seu pupilo Darian, e tenta encontrá-lo em outras vidas. Inicialmente não fica claro que Darian era um interesse amoroso. Na verdade, é um tanto estranho que seja, já que Darian morreu ainda criança. Mas, nas outras vidas, ele se torna quase uma obsessão amorosa, uma que Arash teve que esperar por séculos até que a relação entre eles fosse mais aceita pela sociedade para que pudessem se relacionar abertamente.

    O texto nunca deixa claro se Darian – ou, neste caso, Caetano – também mantém as suas memórias. No final ele se pergunta quem é Ezra, o que indica que ele não se lembra das vidas passadas, mas os diálogos que o conto mostra de outras vidas sugerem que ele pode, sim, ter-se lembrado do passado em algum momento.

    Toda a história é permeada pela outra paixão de Ezra: o xadrez, que ele usa de fio condutor para conectar-se entre as vidas e como ferramenta para atrair Darian de volta aos seus braços.

    A escrita é muito competente, sem erros, redonda, gostosa de ler, e até um pouco poética. O conto tem início, meio e fim, o que não é tão comum no EC mas que eu sempre admiro, já que é sempre um desafio contar uma história como essas assim, completinha, em apenas 3 mil palavras. Uma leitura gostosa e que me carregou até o final sem ver o tempo passar.

    Parabéns!

  12. Leila Patrícia
    23 de novembro de 2025
    Avatar de Leila Patrícia

    O conto é envolvente e elegante, construindo uma atmosfera de mistério, desejo e atemporalidade com naturalidade. A alternância entre épocas e reencarnações cria um efeito quase mítico, dando densidade emocional aos personagens, especialmente Ezra/Arash e Caetano/Lorenzo/Sebastiano. A narrativa acerta na sutileza: o xadrez funciona como metáfora para relacionamentos, estratégia e paciência, e a presença constante de Nisha como guia silenciosa dá coesão ao tempo fragmentado.

    As fragilidades residem na extensão e densidade da narração: há momentos em que a alternância de tempos e identidades pode confundir o leitor, e algumas digressões históricas prolongam o texto sem acrescentar peso narrativo essencial. Em certos trechos, a linguagem excessivamente descritiva corre o risco de diluir a tensão entre os protagonistas — mas isso é chatice minha mesmo. Prefiro menos explicações. 

    No geral, o conto é muito bem executado, sofisticado na abordagem do tempo, do amor e da memória, e cumpre com elegância seu objetivo de unir xadrez, desejo e reencarnação. Gostei muito. 

  13. cyro eduardo fernandes
    17 de novembro de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto de boa técnica e criativo. As músicas citadas são ótimas. Final deixa a sensação de faltar algo. Seria o motivo da frasefinal? ” Porque há perguntas que parecem fazer sentido só quando não são respondidas.”

  14. Alexandre Parisi
    15 de novembro de 2025
    Avatar de Alexandre Parisi

    O conto é bem escrito, elegante e com clima próprio — quase etéreo. Criativo, mistura romance, misticismo e xadrez de maneira excelente, criando um tipo de sensualidade intelectual. O ponto forte está no estilo: as imagens são belas, a atmosfera do Café Dédalo é envolvente e Ezra é um personagem magnético. Gostei também da química entre os dois, mesmo que seja construída de modo deliberadamente lento.

    Mas há excessos. Os saltos temporais são longos demais e acabam quebrando o ritmo; algumas cenas soam mais como prólogo de um romance do que parte de um conto. O texto fica denso, carregado de lirismo a ponto de cansar. A ligação com o xadrez é constante, mas às vezes vira ornamento, não motor da narrativa. Não percebi erros gramaticais relevantes.

    No geral, é bonito, emocional e ambicioso — só precisava de poda.

  15. Antonio Stegues Batista
    14 de novembro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Um conto sobre vidas passadas, deuses, seres imortais, com um tema fora de regras, de tradição, mas é um texto bem escrito nos detalhes de cada época e região.

  16. Roberto Fernandes
    13 de novembro de 2025
    Avatar de Roberto Fernandes

    Uma bela ideia a de um amor que resiste as eras, sendo reconstrução a cada período, entretanto em alguns trechos parecem sobrecarregados e informações e isso tira o poder de sedução que o texto quer passar.

    Acredito que o conto seria memorável com alguns ajustes.

  17. toniluismc
    7 de novembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Olá, Silentium!

    Temos aqui um conto com potencial alto e concepção elegante, mas prejudicado por prosa formulaica, excesso de adornos, e narrativa confusa nos saltos temporais. Parece revisado por IA ou excessivamente “normalizado” na tentativa de soar literário.
    A metáfora central (o xadrez como amor que se repete no tempo) é forte o suficiente para ser reescrita com mais economia de linguagem e variação de ritmo — o que poderia transformá-lo em um texto de destaque.

    1. Técnica narrativa Pontos fortes

    • Vocabulário rico e imagético: há domínio lexical e tentativas de criar atmosfera sensorial — cheiros, sons, gestos, texturas.
    • Cadência literária: o texto tenta soar musical e poético, o que combina com o tom de reencarnações e destinos entrelaçados.

    Fragilidades

    1. Sintaxe repetitiva e artificial
      Há um padrão recorrente de metáforas estruturadas em “como”, que acaba soando automatizado (“como quem abre uma porta”, “como se o tempo não lhe pesasse”, “como quem revisa cada frase”…). Isso indica revisão automatizada ou estilo nivelado por IA. A repetição dá sensação de pastiche poético.
    2. Prosa “nivelada demais”
      O texto parece excessivamente “polido”: pontuação muito regular, ausência de ritmo natural de fala, frases longas com cadência previsível. Isso tira a espontaneidade e torna a voz autoral genérica.
    3. Problemas de foco narrativo
      O narrador é onisciente, mas varia entre foco em Ezra, Caetano e Nisha sem transições consistentes. Isso gera confusão sobre quem percebe o quê (por exemplo, Nisha “sabia que ele perderia” — mas isso é onisciência absoluta; já nas cenas de Caetano, a percepção é mais interna).
    4. Gestão deficiente de tempo e reincarnações
      As mudanças temporais têm valor simbólico, mas a execução é truncada. A cada salto há repetição de padrões (Ezra/Arash/Sebastiano + pupilo/líder espiritual), mas as cenas não evoluem emocionalmente; parecem “variações da mesma música”. Falta um eixo dramático progressivo — o texto fica circular, e isso enfraquece o clímax.
    5. Excesso de “narração de atmosfera” e pouca ação
      Muitas passagens são descritivas ou reflexivas (“como se o tempo se dobrasse”, “como se as peças representassem desejo”). Há pouca concretude de gestos e diálogos que movimentem o enredo.
      → O efeito é de contemplação contínua, o que dilui o impacto emocional.
    6. Final anticlimático
      Apesar da construção mítica, o desfecho volta ao óbvio (“o jogo agora era outro”). Falta uma virada de significado — o texto promete transcendência, mas termina em um beijo previsível.

    2. Criatividade Pontos fortes

    • A ideia de reencarnações unidas por partidas de xadrez é bela e fértil.
    • A figura de Nisha como presença constante e intermediária do destino funciona bem como eixo simbólico (lembrando uma psicopompa, quase oracular).
    • O uso do xadrez como metáfora de amor e destino tem tradição literária (Borges, Zweig, Nabokov) e é retomado com personalidade.

    Fragilidades

    1. Derivatividade
      O texto ecoa fortemente estilos de IA literária (metáforas “perfumadas”, frases que tentam ser cinematográficas) e referências reconhecíveis (Borges + Almodóvar + estética de fanfic romântica). Isso dá sensação de “colagem de estilos”, não de voz própria.
    2. Símbolos superexplicados
      O autor não confia no leitor — explica o sentido mítico de cada cena (“como se fosse o mesmo menino”, “é isso que os deuses fazem quando querem se lembrar do que é amar”), o que reduz a potência simbólica. O mito perde mistério.
    3. Desnível entre ambição e execução
      O conceito poderia gerar um grande conto — mas a estrutura fragmentada e a linguagem redundante impedem a transcendência que o tema pede.

    3. Impacto emocional e estético Pontos fortes

    • Há sensibilidade nas relações e nas perdas (especialmente na passagem de Okinawa — essa é a mais bem resolvida).
    • O tom melancólico e atemporal tem coerência estética.

    Fragilidades

    1. Ritmo arrastado
      O texto não tem alternância entre tensão e pausa; mantém a mesma cadência quase litúrgica o tempo todo, o que entorpece o leitor.
    2. Personagens idealizados demais
      Ezra e Caetano (e suas versões) são arquétipos, não pessoas. Isso limita empatia; o leitor observa o romance como um mito distante, não como drama vivido.
    3. Falta de contraste
      Tudo é descrito como “misterioso”, “lento”, “inevitável”. Falta banalidade, ironia ou conflito real. O impacto se dilui na uniformidade do tom.

    Por último, mas não menos importantes, tenho que reconhecer o bom uso do xadrez na narrativa, todos os movimentos são possíveis, mas “Siciliana invertida” está fora de contexto técnico (não caberia como um lance de meio-jogo), servindo mais como metáfora de inversão de papéis do que como descrição fiel de partida.

    Parabéns pelo texto e boa sorte no desafio!

  18. Martim Butcher Cury
    7 de novembro de 2025
    Avatar de Martim Butcher Cury

    Esse conto me causou impressões contraditórias. No começo não gostei muito. Senti que a autoria procurava me convencer demais da genialidade de Ezra sem que houvesse razões factuais para que eu acreditasse nela. Depois isso se justifica: o que achei ser genialidade era apenas a sabedoria de alguém que está aqui há muito, muito tempo. As luzes que o passado remoto entre os dois vai jogando sobre o presente fazem a história muito interessante, bonita mesmo. De início não se sabe muito bem que vínculo é esse. Aos poucos vai se revelando que é, afinal, essa coisa que a gente não sabe muito bem o que é: o amor. Passei a gostar mais e mais do conto conforme a leitura avançava, embora sempre reserve desconfiança a relatos que se derramam em “poesia”. Digo isso admitindo que um dos melhores trechos seja o seguinte:

    “— Então me diga… Do que se trata, afinal?

    — É sobre lembrar. Mesmo quando tudo tenta nos fazer esquecer.”

    Lindo. E meio apelativo, rsrs. Mas lindo. Pois é, me causou impressões contraditórias. Talvez seja meio genial, que nem o Ezra, que no fundo sempre foi genial, antes de ser sábio.

    Queria dizer algo sobre o estilo, sobre a solenidade, que entra um pouco em conflito com o ambiente do começo (embora, depois, entre em acordo com a trajetória milenar da trama). Ainda não sei bem o que pensar disso.

  19. Kauana Kempner Diogo
    4 de novembro de 2025
    Avatar de Kauana Kempner Diogo

    O conto possui um ritmo lento, com prosa poética, combinação de filosofia e romantismo de uma forma sensível. A temática da eternidade do amor, foi aplicada de uma excelente forma. Quando os protagonistas se reencontram mais uma vez diante do tabuleiro fechou a obra de forma poética.

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Publicado às 2 de novembro de 2025 por em Liga 2025 - 4A, Liga 2025 - Rodada 4 e marcado .