EntreContos

Detox Literário.

No Silêncio do Oceano Verde (Fabio D’Oliveira)

Quem era Moacir Amaral?

Era uma pergunta constante nas reuniões familiares. Um homem ausente, sem filhos. A grande incógnita da família Amaral.

Para Cielo, o tio era uma lembrança de inverno.

Por quinze dias, conviveu com o velho Moacir e conheceu um pouco de suas estranhezas. Ele morava no interior catarinense, isolado, num lugar frio e triste. A cabana de madeira, no alto de uma colina, era solitária. A vista era lindíssima, porém. Quando Cielo chegou, depois de descer do carro e com as malas em mãos, não conseguiu escutar a mãe. Tudo o que via era o horizonte verde e tudo o que escutava era o burburinho da mata. Era como se fosse íntimo daquele mar de árvores.

Na cidade grande, os dias eram rápidos e agressivos. Cielo estava acostumado com o caos. Era diferente na casa do tio Moacir. As horas se arrastavam. Existia uma calma inquietante, um silêncio perturbador. Uma espécie de lembrete de que o tempo é relativo.

Mesmo com Cielo presente, Moacir continuou ausente.

A rotina do seu tio era simples. Acordava antes do amanhecer. Primeiro, saía e enrolava um paiero. No alpendre da cabana, baforava em silêncio, olhando a escuridão. Nos primeiros raios do dia, entrava e inundava o ambiente com o cheiro de café preto. Alimentado, aproximava-se da única mesa da casa. Quadrada, de madeira avermelhada. Sobre ela, um tabuleiro de xadrez. Imponente. Era a coisa mais bonita da casa. Por horas, Moacir encarava as peças de granito, quieto, até fazer uma jogada. Fumava mais um paiero, recostado numa janela, e se recolhia. No dia seguinte, tudo se repetia.

Esse era o cotidiano de Moacir Amaral.

Simples e estranho.

Cielo não entendia muito bem como as peças do outro lado se moviam, mas imaginava que, em algum momento, o tio saía do quarto e fazia a jogada do outro lado. Não pensou muito nisso, também. Por que pensaria? Era um adolescente acostumado com a agitação da cidade grande. Tudo que ele queria era escapar do tédio. E, para isso, passou grande parte dos dias se embrenhando no mato e caminhando até a vila mais perto. Fez algumas amizades, trocou alguns beijos com uma menina, Nelma, mas, no final dos quinze dias, recebeu a mãe com uma felicidade incontida.

Quando foi se despedir do tio, num abraço mecânico, ele sussurrou:

— Desculpa.

Não entendeu nada. Foi embora, sem olhar para trás. Naquele dia, sofreu um acidente de carro. Um choque lateral, o veículo capotou. Ele sobreviveu. A mãe não. Mas a vida continuou, como sempre. Por muitos anos, não pensou em Moacir Amaral, no homem ausente, no homem estranho. Até que, aos vinte e três anos, recebeu a notícia de seu falecimento.

Naquele momento, Cielo entendia um pouco mais da vida. Tinha terminado a faculdade, era noivo de uma mulher linda. Estava construindo seu império. Mas, por algum motivo, seu tio tinha deixado tudo para ele. Todos estranharam, inclusive Cielo. No entanto, ninguém se importou. Tudo o que o velho Moacir tinha era uma cabana velha no meio da serra catarinense. Aquilo não valia nada.

Por um tempo, Cielo tentou ignorar a herança de Moacir, mas sonhos estranhos começaram a perturbá-lo. No meio de uma penumbra, ele enxergava seu tio, sentado à mesa de madeira avermelhada, encarando o tabuleiro. E aquela palavra, “desculpa”, ecoando no fundo.

Dor.

Agonia.

Numa manhã, Cielo saiu de casa, sem avisar ninguém, e dirigiu até a cabana do falecido tio. Era uma sensação estranha, como se estivesse no piloto automático. Quando desceu do carro, teve a mesma sensação de anos atrás. Uma intimidade incomum com aquele oceano verde. Subiu os três degraus do alpendre, com o range-range da madeira, e segurou a maçaneta da porta. Mas não girou. Por alguns minutos, encarou os próprios pés, dividido entre fugir e permanecer.

— Entre.

E assim fez.

Vazio e completude. Uma efusão de sentimentos estranhos. Cielo caminhou pela antiga cabana, observando cada detalhe. Aos poucos, foi tomado por uma breve nostalgia. Lembrou-se do cheiro de café preto pela manhã. Do sorriso de Nelma, sentada na praça da vila. Das caminhadas no meio da floresta.

Até que tudo ficou escuro, numa penumbra inquietante. Havia anoitecido. No meio da sala, a mesa. E o tabuleiro de xadrez. Sentou-se na cadeira bamba, segurando-a com as duas mãos. Encarou diante de si uma figura escura,  indefinida,  que fitava-o em retorno.

— Você começa — reverberou ele, sem cerimônias. — Vamos apostar uma vida. Ela. Sua noiva.

Rígido, Cielo apertou a cadeira com tanta força que sentiu o sangue escorrer pelas mãos. Sem reagir, encarou as peças de granito por horas. Elas pareciam respirar. Até que fez sua jogada. Peão em H3. A sombra não falou nada, permaneceu encarando o tabuleiro.

Por algum motivo, conseguiu se levantar, caminhou até o alpendre, sentou-se na antiga cadeira do tio e respirou fundo, aliviado. Durante o resto do dia, a figura escura continuou imóvel. Cielo comeu um lanche que tinha levado no carro e, quando anoiteceu, recolheu-se ao quarto do velho Moacir. Nunca havia entrado naquele aposento. Uma cama, um armarinho e uma estante recheada de livros sobre xadrez. Desmaiou no colchão sem lençol.

No dia seguinte, Cielo acordou pensando em ir embora. Levantou-se da cama e saiu do quarto num rompante.

— Sua vez — uma voz ecoou pelo ambiente.

A sombra permanecia sentada no mesmo lugar, agora com um sorriso de escárnio desenhado no rosto. Tinha feito sua jogada. Peão em E5. Ele soube na hora o que aconteceria se fosse embora. Sentiu na alma. Sentou-se, trêmulo, e, mais uma vez, encarou as peças de granito por horas. Arriscou. Cavalo em C3.

E, novamente, a figura escura permaneceu ímovel, encarando o tabuleiro.

Cielo acabou indo até a vila durante o dia, comprou alguns suprimentos e retornou até a cabana. Sentia-se impelido. Precisava terminar aquele jogo. De noite, ouvindo o cricrilar da mata, folheou alguns dos livros da estante. Eles exploravam o xadrez em sua totalidade. Conceitos, técnicas, jogadas. Tudo.

Foi neste momento que Cielo entendeu qual era a verdadeira herança de Moacir Amaral.

Amaldiçoou o tio.

Amaldiçoou a si mesmo.

Nos próximos dias, a rotina se repetiu. Fazia sua jogada, envolvia-se com o silêncio do mar de árvores e se recolhia ao quarto. Lia muito, estudava xadrez e dormia. Às vezes, sua noiva ligava. Estava preocupada, mas Cielo tentava tranquilizá-la.

— Estou bem, meu amor. Resolvendo algumas burocracias pela vila, preparando a casa para vender…

E assim se passaram trinta e sete dias.

— Xeque-mate.

A voz da figura escura reverberou pelo ambiente. Xeque-mate, xeque-mate, xeque-mate.

Mate.

Morte.

Com respiração ofegante, Cielo permaneceu o dia inteiro no mesmo lugar, até o celular tocar.

Com as mãos trêmulas, atendeu.

Ela estava morta. Acidente de carro, na Serra do Rio do Rastro. Estava indo atrás dele. A menina do sorriso bonito. A menina que colocava as mechas atrás da orelha quando ficava sem graça. A menina que o observava enquanto dormia.

Fim.

Finito.

Antes que Cielo pudesse raciocinar, o tabuleiro estava arrumado para um novo jogo.

— Você começa — sua voz era retumbante, como um trovão. — Vamos apostar uma vida. Você. Sua vida. Se perder, jogue comigo pra sempre. Até a morte.

Sobre Fabio Baptista

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21 comentários em “No Silêncio do Oceano Verde (Fabio D’Oliveira)

  1. Sarah S Nascimento
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Sarah S Nascimento

    Olá! Adorei ver o contraste do tempo que passa na cidade com o tempo que passa no campo, do ponto de vista ali do Cielo. E que nome fofo! Adorei o nome dele.
    As tragédias da morte da mãe dele e depois a morte do tio foram bem rápidas na minha opinião, mas imagino que seja para avançar a história. Fiquei intrigada também sobre essa rotina, quem jogava com o homem gente? Será que era um fantasma?
    Vich, ele tá jogando com o fantasma do tio? Com uma versão dele mesmo em sombra? Com a morte? O que é isso gente! risos.
    Tô é achando que ele vai virar o tio dele, recluso e pensando só em jogar, será?
    Geeente! Esse seu conto mexeu comigo, caramba, eu vou ficar aqui me torturando pra sempre! Ele ganhou? Não ganhou? A dúvida vai ficar na minha cabeça por um bom tempo, parabéns autor/a!
    Um ótimo uso do xadrez no conto, essa imagem da cabana, da sombra e do Cielo vai ficar na minha cabeça por um tempão. kkkk. No bom sentido, que raiva de você autor/a! kkk, estou inconformada viu. Mas falando sério agora, queria que seu conto fosse maior. risos. Pior que nem sei se deu o tamanho das três mil palavras, talvez tenha dado o limite. Enfim foi muito bem escrito.

  2. Thales Soares
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Gostei bastante deste conto. Um dos meus preferidos da série B. É MUITO bem escrito. A narrativa conduz o leitor de forma cautelosa e extremamente fluida, e a história apresenta elementos sobrenaturais em meio a uma situação cotidiana, dando um ar semelhante à série Twilight Zone, que eu adoro.

    Começamos conhecendo Moacir, um tio estranho e misterioso. O protagonista, Cielo, passou 15 dias na cabana isolada do tio, no interior. Ele presencia uma rotina repetitiva, onde o tio passa os dias encarando um tabuleiro de xadrez, fazendo uma jogada por dia, como se jogasse contra alguém invisível.

    Aqui eu gostaria de fazer uma pequena pausa em minha análise, para comentar algo intrigante deste desafio. Percebi que apesar de o tema ser bastante abrangente, a maioria dos contos optou por colocar uma disputa de xadrez como centro da história. Temos partidas de xadrez entre casais, partida de xadrez entre deuses, partida de xadrez com russas gostosas, partida de xadrez com a Morte, partida de xadrez contra o mar, partida de xadrez com o diabo, e aqui é uma partida de xadrez com um fantasma!

    Enfim, continuando… quando Cielo vai embora, Moacir sussurra em seu ouvido “Desculpa…”, e, no mesmo dia, a mãe do protagonista morre num acidente de carro. Aqui a história começa a demonstrar seus elementos de suspense e mistério.

    Anos se passam e Cielo vira adulto, e agora está noivo. Ele então recebe a notícia de que seu tio morreu, e deixou pra ele a cabana como herança. Após alguns sonhos perturbadores, Cielo decide ir até a cabana, sentindo uma ligação estranha com o lugar. Lá ele encontra uma criatura sombria sentada à mesa, e é convidado a jogar xadrez, apostando a vida de sua noiva. Por que ele aceitou essa porra? Ele nem sequer tentou recusar… como eu disse no meu comentário no conto do Zumbi… quem diabos aposta o toba num jogo, sem nenhum prêmio caso ganhe?! Só se o cara quiser ser enrabado mesmo. Acho que aqui ele poderia tentar recusar… dizer “Não!”, ou apenas falar pro fantasma “Vai se foder!”, e então o fantasma fazer alguma coisa sinistra, começar a matar geral, ou enforcá-lo num estilo Darth Vader… sei la… qualquer coisa que convencesse o leitor de que Cielo PRECISAVA aceitar aquela aposta absurda.

    Então a partida se desenrola ao longo de dias. Uma coisa que eu gostaria de ver mais aqui, é a questão do treinamento e do estudo de Cielo, mostrando ele se preparando e se esforçando para ganhar… mas… parecia que ele não tava nem aí com sua noiva. Tanto é que ele perde, e ela morre. Ai o fantasma pede mais uma partida, e Cielo é condenado a ser o novo prisioneiro do jogo, repetindo eternamente a partida, dando continuidade à maldição herdade de Moacir.

    Achei que o final poderia ser um pouco melhor desenvolvido… mas o conto, como um todo, ficou incrível pra caramba! Ficou tão legal que eu continuei pensando nele, mesmo após a minha primeira leitura… e até desenvolvi um final alternativo!

  3. Bia Machado
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Olá, Amaral, tudo bem? Seguem alguns comentários sobre a minha leitura do seu texto.

    Desenvolvimento (0,7/1,0): Apesar da ambientação forte, de um parágrafo inicial que “promete”, o desenvolvimento sofre um pouco. A motivação de Cielo para passar dias com um tio praticamente desconhecido num lugar isolado para mim não funcionou, aqui faltou para mim a suspensão de descrença. A partir da fatalidade que ocorre com a noiva, para mim o ritmo acelera demais, como se o autor estivesse correndo para encerrar a história, e isso enfraqueceu o impacto emocional e a lógica interna da narrativa, a meu ver, que vinha crescendo aos poucos. O texto constrói muito e entrega pouco, deixando a sensação de que o potencial não foi totalmente explorado.

    Pontos fortes (0,7/1,0): para mim a atmosfera é o que o conto tem de melhor: o isolamento, o silêncio da mata e a estranheza do tio criaram um clima que me envolveu e me deixou muito animada. O tabuleiro como objeto maldito funciona bem e a figura sombria tem presença.

    Adequação ao tema (0,5): Sim, o texto se encaixa no tema, pelo tabuleiro que é o centro do conflito e o foco da maldição familiar, mas a relação entre o jogo e o destino dos personagens poderia ter sido mais desenvolvida, porque o texto não é tão longo, haveria espaço para desenvolver isso. Será que foi o tempo o grande culpado?

    Gramática (0,5): A escrita é fluida, com boa escolha de palavras e ritmo agradável. Há algumas repetições e construções que poderiam ser mais enxutas, mas nada que comprometa a leitura. É um texto tecnicamente competente. No trecho “Quando foi se despedir do tio, num abraço mecânico, ele sussurrou:”, ele poderia ser o jovem ou o tio.

    Emoção (1,2/2,0): O conto tem bons momentos emocionais, especialmente na ambientação inicial e na tensão crescente. Porém, a falta de motivação sólida para a ida de Cielo ao local reduziu em minha opinião o tom dramático da história, foi como se a trama enfraquecesse. A parte da morte da noiva, também, pra mim aconteceu rápido demais e não foi tão impactante como acho que deveria.

  4. Mauro Dillmann
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um texto bem escrito, frases curtas, apelo sentimental, metáforas na medida.

    Confesso que estava gostando bastante até o conto dar uma guinada para o sobrenatural (terror?), ao apostar a noiva. Parece que essa virada acabou com a emoção. rsrs

    A expressão “mar de árvores” foi utilizada duas vezes. É uma imagem bonita, mas ao ser repetida perde o encanto.

    Apenas eliminaria o chavão “piloto automático” porque destoou do ritmo da leitura.

    No mais, um bom conto! Parabéns!

  5. Thaís Henriques
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Thaís Henriques

    Não sei o que dizer além de: brilhante! Pódio pra ti!

  6. Fabio Baptista
    12 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    Sobrinho passa férias com o tio, que leva uma rotina bastante simples: acorda, joga xadrez sozinho e dorme. Na volta perde a mãe. Tempos depois recebe a cabana do tio como herança e percebe que se meteu numa enrascada, sendo obrigado a jogar xadrez com uma entidade sobrenatural.

    Um terror entretivo e ok. Não há explicações (eu gostaria de entender melhor porque a mãe resolveu deixar o moleque por 15 dias no meio do mato com um tipo tratado como “a grande incógnita” da família) nem motivações. As coisas só acontecem e já era.

    O enxadrista do inferno mata alguém se vencer e se perder ele só não mataria. Não há risco nenhum para ele, a banca sempre ganha. Dentro desse contexto, a morte da noiva foi previsível e sem qualquer impacto.

    BOM

  7. danielreis1973
    10 de dezembro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    No Silêncio do Oceano Verde (Amaral)

    O adolescente da cidade grande que ganhou a cabana do tio como herança e maldição lembrou em alguns aspectos o filme O Iluminado – talvez pelo isolamento, loucura e morte que contém. Aliás, este foi mais um conto onde a morte vem para jogar xadrez – “O Sétimo Selo” feelings…

    PONTOS POSITIVOS
    Atmosfera muito bem construída, com o conto criando um clima de isolamento, estranheza e maldição familiar com excelentes estímulos sensoriais (silêncio, mata, penumbra).

    Mistura de drama, mistério e sobrenatural, sendo o jogo de xadrez, tema do desafio, tenso, simbólico e bem dosado. O tabuleiro é mais uma vez bem empregado como metáfora de destino, tempo suspenso e dívida entre gerações.

    PONTOS A MELHORAR
    Trechos iniciais um pouco lentos, sendo que a introdução com rotina de Moacir é rica em atmosfera, mas longa para o ritmo do conto.
    Não entendi exatamente a motivação da entidade, acho que poderia ser mais desenvolvida. A maldição em si funciona, mas o sentido exato do “jogo” poderia ter nuances adicionais.

    Repetições, principalmente de sensações, ao longo do conto, reforçadas mais vezes do que o necessário.

    Protagonista pouco aprofundado emocionalmente: a transformação psicológica dele ao longo dos 37 dias poderia ser mais explorada para ampliar o impacto final.

    Não está entre meus favoritos, mas desejo boa sorte no desafio!

  8. Fabiano Dexter
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História

    Um jovem recebe como herança de um velho tio uma cabana no meio da mata, onde esteve uma vez quando jovem, onde tudo o que o tio fazia era jogar xadrez sozinho. Ao chegar lá joga uma partida contra uma figura sombria onde a derrota levaria à morte de sua noiva, o que acontece.

    E agora vão jogar mais uma vez pela vida dele.

    Tema

    Excelente conto dentro da temática do Xadrez.

    Construção

    O conto é relativamente curto, mas tem o tamanho que precisa para contar a história de forma completa. Em alguns momentos há em excesso de frases mais curtas, o que trunca um pouco a leitura, mas nada que atrapalhe a experiência como um todo.

    Impacto

    Excelente conto que traz ao final, inclusive, a explicação do pedido de desculpas do tio que perdeu a vida da irmã no jogo de Xadrez, assim como o sobrinho perdeu a noiva.

  9. Jorge Santos
    8 de dezembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá. Gostei desta sua mistura de xadrez com o fantástico. A narrativa é simples e escorre com fluidez, a ideia é forte e é sustentada por uma linguagem eficaz. Já li um texto parecido neste desafio. A morte joga com a pessoa. O jogo de xadrez torna-se real. O xeque-mate toma contornos definitivos e o desfecho é inesperado, mas surge de forma súbita. Pareceu-me algo em aberto. O jogador pode não ter aceitado ir a jogo. A voz surge do nada, mas até pode ter sido o próprio jogador, dando sinal de algum surto psicótico.

  10. Pedro Paulo
    7 de dezembro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Achei uma boa premissa apresentada com uma execução acidentada. Aplica uma ideia mais bem estruturada no conto de “São Nicolau”, em que a partida de xadrez também é disputada com uma entidade com poderes sobre a vida e a morte no mundo dos humanos. Aqui, entretanto, achei algumas escolhas da autoria pouco inspiradas. O início, para um exemplo, opta pela interrogação direta como forma a provocar suspense, mas esse formato dialógico logo dá espaço a uma narrativa comum em que Cielo, protagonista da história, é caracterizado superficialmente, ora adolescente aborrecido, ora um homem de sucesso, fato sinalizado pelos marcadores bem clichês de uma linda noiva e a construção de um império. Veja, nada de errado, mas na literatura às vezes estar absolutamente certo é chato. Assim, Cielo não me pareceu um personagem verossímil, aspecto relevante, já que o que segue é tudo que lhe importa estar em jogo (de xadrez). Por isso, a partida decisiva, embora apoiada por imagens marcantes como o tabuleiro, o jogador oculto ou o noviço forçadamente devotado ao esporte na cabine do alto da colina, ainda findou anti-climática. A noiva pareceu apenas uma ferramenta para pretender chegar a um impacto. Acredito que havia espaço para um investimento maior na construção dos personagens e para uma rota mais criativa para desenvolver o enredo… a ideia boa está aí, posta como as peças do xadrez, mas é como se iniciasse com h3.

  11. Amanda Gomez
    4 de dezembro de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Conto instigante, fiquei presa a ele até o fim e curiosa com o desenrolar. Aquele “me desculpa” seguido da morte só podia ter a ver com as jogadas que o tia fazia ” sozinho” . Um texto sobre maldição, não sei se ligado ao lugar ou ao sangue, mas como ele foi ” herdeiro” acredito que pode ter a ver com o lugar.

    Gostei do retorno dele a casa e da estranheza dos acontecimentos… será que ele estava ficando louco? Não… seu tio isolado estava pagando uma divida eterna e agora ele faria o mesmo, ou morreria.

    Parabéns pela criatividade, muito bom o conto.

    Boa sorte no desafio!

  12. cyro eduardo fernandes
    4 de dezembro de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto sombrio, bem escrito. A herança maldita iria se perpetuar? Ou a criatura seria derrotada? Quem sabe por Cielo? Gostei. Boa sorte no desafio.

  13. Gustavo Araujo
    17 de novembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Achei bacana o conto, mas a mim parece mais um projeto de algo mais extenso, mais denso até. A ideia do rapaz que joga xadrez com o espírito do falecido tio, em que se aposta a vida de alguém, é interessante, mas acho que do jeito como foi concebida acabou ficando um tanto rasa. Tome-se o primeiro parágrafo, por exemplo, em que há a apresentação de um núcleo familiar. Isso não é revisitado, não é aprofundado. Quer dizes, o tio Moacir, estranho e distante, é só isso: estranho e distante. Quando Cielo revisita o sítio, já adulto, poderia haver algo mais próximo de um sentimento nostálgico, mas isso não chega a acontecer… A garota que morre no fim, namorada/noiva de Cielo, poderia bem ter sido Neuma, fechando o arco com a personagem já apresentada. Mas, enfim, é critério de escolha do(a) autor(a) que deve ser respeitado. Como disse, o conto é legal, está bem escrito e prende o leitor. Os apontamentos que fiz nada mais são do que certa frustração por uma história interessante ter sido pouco explorada. Quem sabe numa segunda chance? De todo modo, parabéns e boa sorte no desafio.

  14. Mariana
    17 de novembro de 2025
    Avatar de Mariana

    Para a avaliação ficar bem explicada, organizei os tópicos que construíram a nota

    História: 

    Há começo, meio e final (0,75)? A história, apesar de curta, possui um excelente desenvolvimento, com começo e final. 0,75

    Argumento (0,75): Um jovem visita o seu tio recluso e, anos depois, recebe uma herança que não pode recusar. O xadrez é a peça central da história, que é bastante original no plot twist. 0,75

    Construção dos personagens (0,5): É uma história curta, mas o personagem principal exala humanidade e o seu tio é uma figura trágica. Muito bom 0,5

    Técnica:

    A capacidade da escrita de prender (0,75): O conto é eletrizante. O final tem um eco de tragédia grega, excelente. 0,75

    Gramática, ortografia etc (0,75): Tudo certo, não percebi nada errado. 0,75

    Impacto (1,5): 

    Amaral, que conto bom!!!!! Adorei o título também, eu sempre opto por títulos compridos. Enfim, baita conto e entrou para a lista dos favoritos. 1,5

  15. Priscila Pereira
    13 de novembro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Amaral! Tudo bem?

    Gostei muito do seu conto! A ambientação está fantástica, quase dando pra sentir o frescor da mata, a estranheza do tio, o cheiro do café recém coado e do paiero aceso. Gosto muito disso, dessa narrativa que nos leva a “usar” nossos outros sentidos.

    O enredo é simples, mas genial. Apostar a própria vida, ou alma é infinitamente mais fácil do que ter que apostar a vida dos outros, de quem amamos… fica algumas perguntas no ar, Amaral apostou a vida do sobrinho? Cielo tinha alguma escolha? A maldição obrigava ele a jogar? Por que Cielo simplesmente não se recusou a jogar pela vida da noiva? São perguntas que ao invés de prejudicar o conto, acrescenta mais uma camada a ele. Gostei bastante mesmo!

    Parabéns pelo conto e pela participação!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  16. Kelly Hatanaka
    12 de novembro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Considerações

    Ótimo conto de terror.

    Há um mistério envolvendo Moacir. De início, parece somente uma pessoa que gosta da solidão. Mas, aos poucos, vemos que há algo maior e sobrenatural por trás de suas estranhezas. Por fim, seu sobrinho Cielo herda sua maldição.

    O conto se desenvolve de forma gradual, mostrando o que parece ser uma escolha incomum para férias de inverno, passando pela estranheza do pedido de desculpas seguido pela morte da mãe de Cielo e culminando na descoberta deste, sobre o mistério que cerca a cabana.

    O clima de tensão é criado com muita competência. Dá para sentir a inquietação e o medo, sem pesar a mão, e num crescendo muito bem feito.

    Gostei ou não gostei

     Gostei muito!

    Uma história boa, bem contada, bem conduzida, sem atropelos, sem coisa sobrando nem faltando. Tudo certinho. Que gostoso de ler!

    Os personagens são interessantes e o fato de haver poucas descrições reforça ainda mais a ambientação misteriosa. Apesar da falta de descrições, é possível sentir o silêncio e o frio envolvendo toda a narrativa.

    Pitacos não solicitados

    Sem pitacos de minha parte.

  17. Antonio Stegues Batista
    8 de novembro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Homem herda do tio, cabana e um tabuleiro de xadrez cujo adversário é uma entidade sobrenatural. A pessoa que perde, a entidade mata um parente dele. O tio jogou, perdeu e sua irmã morreu. O rapaz joga e sua noiva morre. Gostei do enredo, acho que tem material para uma história mais longa. No entanto, o final é meio confuso “Eternamente até a morte”. Se é eternamente, por que até a morte se a morte é o fim e não a eternidade? O correto seria, jogar até além da morte, que seria a eternidade. O conto está bem montado, começando com o protagonista ainda menino. Gostei da ambientação, da narrativa e da escrita. Leitura bem fluida, sem entraves ou divagações desnecessárias.

  18. andersondopradosilva
    8 de novembro de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, autor.

    Autor, não posso dizer que gostei do texto. Ele é só uma história de terror, né? Nada mais. Não é o que busco em literatura, não é o que me encanta. Seu texto não me desafiou intelectualmente, não me fez pensar nem me emocionou. No máximo, ocupou meu tempo, tentou me divertir com algo que não me diverte.

    Não é que seu texto não tenha qualidades! Ele tem. É curto, fluido, correto. Você tem domínio das técnicas de narração e, não fosse isso, teria sido uma completa desgraça para mim estar ao seu lado nesta empreitada literária. Então, se não foi exatamente o que eu gostaria que tivesse sido, também não foi tão ruim quanto poderia ser. Pena para mim que você não use suas evidentes habilidades para escrever algo de que eu goste.

    Por outro lado, mesmo tendo uma escrita tão boa, não posso deixar de registrar alguns incômodos, como o emprego excessivo de algumas palavras, como “alpendre” e, especialmente, “era” (!). Me incomodou a falta de explicação para alguns eventos, como a origem e propósito da figura fantasmagórica. 

    Nota 4.

  19. Leandro Vasconcelos
    7 de novembro de 2025
    Avatar de Leandro Vasconcelos

    Opa! Este é um conto muito bom. Bom porque não pretende ser mais do que promete: um conto de terror nu e cru. Linguagem direta, sem rodeios, fluida, sem deixar de ser bem elaborada. Submergimos no cenário, no oceano verde, com os olhos na tela nos perguntando o que vai acontecer, qual é o mistério do tio, o que é aquele jogo de xadrez, o que significa a mensagem de despedida etc. O final sombrio e trágico faz jus à expectativa. Em resumo, um conto que captura o interesse do leitor e entrega grande prazer na leitura. 

  20. claudiaangst
    6 de novembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    O tema xadrez está presente de maneira macabra. O jogo apresenta um quê de terror e suspense. Quem será a próxima vítima?

    A única ponta solta para mim foi a falta de explicação da razão de Cielo estar na casa do tio. Havia mais alguém por lá? Ele foi aproveitar as férias? Foi convidado pelo tio? Por que a mãe não ficou junto?

    O conto está bem escrito, bom ritmo de narração, a leitura flui sem entraves. Pouquísssimas falhas de revisão:
    • que fitava-o em retorno > que o fitava em retorno
    • ímovel > imóvel

    O mais instigante é o clima de suspense/terror criado, embora seja possível imaginar o final, sem grandes surpresas. O jogo continua até um dos adversários cair de vez (nos braços da Morte).

    Uma ótima leitura. Parabéns e boa sorte!

  21. Luis Guilherme Banzi Florido
    5 de novembro de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia, Amaral, tudo bem?

    Que contaço! Mto bom! Eu adorei a atmosfera densa, o mistério, aquela sensação incomoda de que algo nao tá certo, de que algo terrível pode acontecer a qualquer momento. Você é muito bom em escrever assim, gerando essas sensações! Um terror com mistério do tipo que eu adoro.

    Eu li o conto sem parar, fiquei preso na leitura. Até por isso, achei o final um pouco brusco, estranhei quando acabou. Acho que queria ler mais, não sei. De todo modo, achei que o final deixa um pouco a desejar, comparado com a qualidade do restante do conto.

    Ainda assim, um puta contaço. Você escreve muito bem! O conto tá impecavelmente revisado e tem uma técnica elevadíssima. O xadrez foi usado aqui de forma muito interessante, numa partida ao risco de tudo.

    Os personagens são bons também, o tio Moacir especialmente. A figura misteriosa também é muito boa, parece se divertir, levar todo seu tempo naquele jogo sádico.

    Parabéns, contaço!

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Publicado às 2 de novembro de 2025 por em Liga 2025 - 4B, Liga 2025 - Rodada 4 e marcado .