EntreContos

Detox Literário.

Nas Sombras do Beco (Antonio Stegues Batista)

Parte 1- Liége

Aos 32 anos, ela parecia bem mais jovem, com sua pele acetinada e cabelo sedoso. Exibia uma beleza natural e despojada, evitava qualquer artifício. Contudo, em seu íntimo, pairava um vazio metafísico. A fé em deuses, espíritos ou a imortalidade da alma lhe era estranha, e o espiritismo, uma fraude. Ateia convicta, carregava o apelido com altivez, indiferente aos murmúrios dos crentes. Desprezava as ladainhas monásticas e os joelhos esfolados das beatas ajoelhadas diante de seus oratórios domésticos, impregnados de incenso e pétalas murchas. Se o transcendente lhe era sem valor, paraíso, inferno, purgatório e sermões sacerdotais não passavam de quimeras.

Por três anos consecutivos, ela foi Rainha de Bateria da Escola de Samba Acadêmicos do Morro Quebrado, onde conheceu Alexandre e por ele se apaixonou. Do primeiro beijo ao casamento, foi um pulo.  No entanto, ao se casar com Alexandre, por exigência dele, deixou para trás a Escola e o Carnaval. Fez uma péssima escolha: após a união, Alexandre revelou-se um homem bruto, mau e sem escrúpulos. Felizmente, para Liége, ele morreu subitamente de um infarto fulminante. No enterro ela não derramou nenhuma lágrima. Poderia se afirmar que sua alma endureceu durante aqueles dois anos de constantes abusos.

Outros homens surgiram em sua vida, alguns cobiçando a efemeridade de seu corpo, outros, a solidez de seus bens. O destino, em sua ironia, teceu um novo laço, o segundo casamento, antes resistido, tornou-se realidade ao reencontrar seu primeiro amor, a paixão adolescente. Com o tempo, porém, a rotina começou a corroer sua alma, instilando uma insatisfação crescente. O ciúme excessivo do marido sufocou a chama da paixão, e o amor vívido tornou-se uma pálida lembrança. A separação, o escape daquele mundo árido, acenava como a única solução.

 Ele era um homem de voz mansa, sob cuja aparente placidez espreitava um temperamento volúvel, capaz de transitar da calma à fúria em um segundo. O medo toldava seus pensamentos, paralisando a ousadia de proferir a palavra divórcio. Ela aguardava uma brecha oportuna, mas ele vivia imerso no trabalho, mesmo nos dias de folga. Os fins de semana eram dedicados ao sono pesado ou a reuniões com amigos regada a álcool e churrasco.

Parte 2- Biônicos                                           

No bar Limbo, a figura do barman afrodescendente era singular, marcada por um olho robótico de um vermelho incandescente, encomendado para evocar a imagem do T-800, o implacável caçador de Sarah Connor, no filme O Exterminador do Futuro.

— O que vai beber? Se é que você bebe — inquiriu a Ulisses.

— Não bebo. Estou à procura de trabalho. Queria falar com o proprietário.

— O dono sou eu.

— Posso lavar a louça, trabalhar como segurança ou faxineiro, não me importo em carregar lixo para a rua.

— Quer um emprego, então?

— Sim, pois não gosto de ser chamado de inútil.

— Já tenho alguém para lavar louça e seguranças de sobra. Meus fregueses me respeitam. Qualquer altercação, elimino-os com o raio laser do meu olho cyborg — gracejou o barman, acentuando a última palavra com um tom ameaçador, antes de soltar uma gargalhada. — Brincadeirinha!

Ulisses sentiu-se à vontade para iniciar uma conversa mais íntima.

— Como perdeu o olho? Se não se importa em me contar.

O homem inclinou-se sobre o balcão, apreciando a oportunidade de dialogar nos momentos de menor movimento, como naquele crepúsculo incipiente. Em breve, a boate seria invadida pela fauna noturna: prostitutas, ébrios, vagabundos, pugilistas em declínio, marinheiros ávidos por aventuras efêmeras, toxicômanos, a plebe marginalizada.

— Foi quando eu trabalhava como mecânico de carro autônomo. Uma faísca incandescente escapou durante uma solda e atingiu meu olho.

— Devia estar sem proteção ocular, não é?

— Exatamente. Naquela época, eu era negligente, um tolo. Aprendi com meus erros e hoje realizo um sonho: ser o proprietário do Limbo, refúgio dos degenerados e esquecidos, como eu e você.

Ulisses ignorou a insinuação, buscando desviar o rumo da conversa.

— E com esse olho consegue ver através das roupas das mulheres?

— Que nada! Isso é lenda.

— Então, não vai me dar uma chance de emprego?

— Não tenho vagas, cara. Mas se quiser fazer um servicinho especial, aquele grandalhão da mesa treze, com mão biônica, está procurando alguém para trabalhar para ele.

— Qual o serviço?

— Não sei. Vai lá e fala com o cara.

Parte 3- Troian, Cavalo de Troia                                           

Jaques acomodou-se no chão, recuperando o fôlego depois da corrida, amparando as costas na parede do prédio. A mão biônica pousada sobre o joelho erguido, enquanto a outra empunhava a arma com firmeza. Seu único propósito agora era colher informações.

— Essa perna me incomoda, já são três anos. Acho que vou ter que trocá-la por uma prótese também.

— Se continuar substituindo partes do corpo, chegará o dia em que não se saberá mais se você é humano ou máquina.

Jaques suspirou. — Essa possibilidade fascinante me agrada — fez uma pausa antes de perguntar — Ulisses. Quem te deu esse nome?

— Meu pai, aquele que me deu vida.  Era um admirador de Homero. Sugeriu-me ler a Odisseia no original. Uma linguagem difícil, mas inegavelmente uma obra de arte.

— Creio que para você nada seja difícil.  Não consigo conceber que um assassino possua gostos refinados e, sobretudo, sentimentos. Menos ainda, a capacidade de discernir o que é arte e o que não é.

— Do meu ponto de vista, isso também se aplica a você, que não demonstra sentimentos. Um policial durão, como dizem.

Sentindo-se no controle da situação, Jaques pediu:

— Recite um trecho da Odisseia.

Ulisses fitou-o, pensativo. Não podia ignorar o pedido.

— Deixe-me recordar.

Fez uma pausa, inclinando o rosto, o olhar fixo no chão, como a sondar as profundezas da memória enevoada.

“Dalém do mar profundo

Na tempestade que rugia

Irrompem os Titãs irados

Lutando em altos brados

Sob a chuva que caía

Uma vaga violenta

Sobre a nau arrebenta

Destruindo sem piedade

E acima do furor da tempestade

Um som horrível se ouvia

O som metálico, soturno.

Do tridente mortal de Netuno”

Ulisses calou-se, permanecendo de cabeça baixa.

— Isso é da Odisseia de Homero?

Ele meneou a cabeça lentamente.

— Não sei, não sei mais. Minha memória está fraca, confusa. Natural dada as circunstâncias.

Jaques ergueu o rosto, olhou para o alto. A trezentos metros de altura, um carro aéreo cruzava o céu de tempos em tempos. Motoristas e passageiros não olhavam para baixo, e mesmo que o fizessem, não distinguiriam aquelas duas figuras nas sombras do beco.

Uma lufada de vento quente trouxe o odor fétido das latas de lixo. Jaques estendeu a perna. Parecia indeciso.

Ulisses olhou para um tabuleiro de xadrez jogado no lixo. O jogo era a única alternativa para ganhar tempo.

— Sabe jogar xadrez? — disse, apontando para as peças.

— Sei. Nunca perdi num jogo de xadrez. Vamos ver quem é o melhor, ou quer apostar a sua vida?

—. Mesmo que se eu ganhar, sei que você vai me eliminar, isso é fato.

Ele foi pegar o tabuleiro e arrumar as peças. Faltava um dos cavalos brancos. Procurou entre o lixo, mas não achou. Pegou uma tampinha de garrafa para substituir a peça. Ficou com as brancas.

1. d4 (Ulisses – Brancas)

Ulisses inicia com um movimento clássico e sólido: o peão da dama avança duas casas, assumindo o centro. É o prenúncio de uma partida pensada, estratégica.

1… f5 (Jaques – Pretas)

Jaques responde de forma ousada com a Defesa Holandesa, buscando controle da ala do Rei. Um lance ambicioso que, se mal conduzido, pode ser punido.

2. Bg5 (Ulisses – Brancas)

Sem perder tempo, Ulisses traz o bispo da ala do Rei para g5. Ainda não há cavalo em f6, mas o bispo já aponta suas intenções: ocupar espaço, criar tensão.

2… h6 (Jaques – Pretas)

Jaques, incomodado com a presença precoce do bispo, tenta afastá-lo com o avanço do peão da torre. Uma pergunta: recuar ou desafiar?

3. Bh4 (Ulisses – Brancas)

Ulisses responde com frieza. O bispo recua para h4, mantendo a pressão. Está claro que não se trata de um lance improvisado — há algo por trás disso.

3… g5 (Jaques – Pretas)

Impaciente, Jaques comete o primeiro deslize. Empurra o peão de g7 para g5, atacando o bispo, mas enfraquecendo perigosamente o flanco do Rei.

4. e4 (Ulisses – Brancas)

Ulisses ignora o ataque ao bispo. Em vez de reagir, explode no centro com o peão do Rei, desafiando o coração da defesa inimiga e abrindo caminho para o ataque.

4… gxh4 (Jaques – Pretas)

Jaques captura o bispo. Parece estar ganhando material, mas está cavando a própria cova.

5. Qh5# (Ulisses – Brancas)

Silêncio. Ulisses move sua Dama para h5, e tudo termina.

O Rei de Jaques, preso no centro, não tem escapatória.

Os próprios peões — f5, h6, e a ausência do peão g — formam uma prisão mortal.

É Xeque-Mate. Jaques não pode fugir, não pode bloquear e não pode capturar a Rainha. O sacrifício do Bispo abriu o caminho perfeito para a Rainha, punindo o erro de Jaques em enfraquecer a própria proteção do Rei.

— Você venceu. — disse Jaques. — Mas isso não muda nada. — ele recostou-se para trás e falou, pausadamente — Já que não vamos a lugar algum, vou te contar uma história.

— Gosto de ouvir histórias. E de ler livros também. Meu pai comprou livros técnicos para eu ler. Depois comecei a ler ficção; A Ilíada, O Tesouro de Montecristo, O Corcunda de Notredame e muitos outros.

— Ok. Então escuta só, esta é uma história real. Há uns quinze anos, aceitei o convite de meu primo, Gaspar, para passar um fim de semana em seu sítio. O táxi me deixou na porteira da propriedade, uns cem metros da casa, uma construção antiga, sólida, com um pátio extenso na frente. Antes que eu pudesse entrar, ouvi um tropel de cavalo. Olhei ao longo da estrada e vi uma jovem cavaleira se aproximando. Ela estacou a montaria ao meu lado. Era Liége, a filha de Gaspar. A última vez que a tinha visto, ela estava com uns oito anos; eu, dezessete. Agora, nesse reencontro, os papéis haviam se invertido: ela tinha dezessete anos, e eu, vinte e seis. V

Liége era vibrante, cheia de riso e uma paixão visível pela vida do sítio. Naqueles dois dias, ela se tornou minha guia, e os passeios se tornaram o centro da minha visita. Percorríamos o sítio a cavalo, lado a lado, ou a pé, seguindo as margens do rio. Ela me mostrava os cantos que só ela conhecia.

Durante esses passeios, comecei a notar os sinais. Não era somente atração física que emanava dela; era algo mais intenso. Os olhares de Liége demoravam-se em mim, fugindo apenas quando eu a encarava diretamente, com suas bochechas ganhando um rubor que denunciava tudo. Ela ria alto demais de minhas piadas mais bobas e encontrava pretextos mínimos para que nossos braços se esbarrassem na trilha estreita.

— Você tem uma boa memória para se lembrar desses detalhes todos após tanto tempo!

— Aprendi a usar algumas técnicas, além disso, guardei minhas memórias num livro, que leio quando estou aborrecido. Continuando: O jeito de Liége me olhar, uma mistura de desafio e entrega. Por respeito à minha idade e a Gaspar, optei por fingir que aquela corrente elétrica entre nós era somente o sol quente do sítio. O fim de semana foi, inegavelmente, agradável, mas carregado de uma tensão silenciosa. No domingo à tarde, voltei para minha cidade. Cinco anos se passaram quando, numa festa, enquanto eu conversava com um amigo, senti um toque no ombro. Era ela, Liége, com o mesmo sorriso sedutor.

— Poderia descrever melhor esse sorriso? – pediu Ulisses, interessado.

— Deixe o sorriso de lado por ora. Preste atenção. Eu era nove anos mais velho do que ela. Sempre tive dificuldade em compreender as mulheres, aliás, nunca me preocupei em entender seus pensamentos e sentimentos, e essa foi uma falha que nunca me interessei em corrigir. Hoje, lamento profundamente por perdê-la. Eu estava solteiro, havia terminado um relacionamento e me sentia carente e triste. Ela estava solteira, sozinha. Em resumo, fomos para um hotel e passamos a noite juntos, estendendo-se até a tarde do dia seguinte. Ali começou um relacionamento sério. Três meses depois passamos morar juntos. Naquela época, eu era investigador; depois, me tornei delegado.

. Jaques fez uma pausa, observando o rosto de Ulisses. Viu o brilho em seus olhos desvanecer gradualmente. — Quanto tempo você tem?

— Não muito. Continue.

— Resumindo, fomos felizes por cinco anos. Fui atropelado por um carro ao atravessar a rua. Fiquei duas semanas internado, em coma. Ao me recuperar, descobri que Liége desapareceu e que havia sangue na sala. O sangue é dela, mas o corpo nunca foi encontrado. A polícia não encontrou nenhuma pista do assassino, nem o motivo do crime. Então, comecei a investigar por conta própria. Encontrei uma pessoa que me disse que você esteve na nossa casa para consertar o ar-condicionado. Quando eu o encontrei, você acabou fugindo. Eu o persegui até aqui e o baleei. Agora você está aí, morrendo…

Ulisses soltou um som estranho, metálico.

— É o máximo que consigo fazer para imitar uma gargalhada.

— Não sei por que acha graça da situação. Por qual motivo matou minha mulher? O que ela te fez?

Mais uma vez, Jaques apertou o gatilho. A pistola com silenciador fez um ploft abafado. A bala penetrou no tórax de Ulisses, e do orifício começou a escorrer óleo hidráulico.

— Você deveria ter sido programado com as três leis da robótica.

— É claro que meu pai, aquele que me construiu, me deu as três leis.

Ulisses fitou Jaques, mas sua visão turvava. Permaneceu sentado, os braços sobre a mesa, o óleo escorrendo e formando uma poça amarelada entre suas pernas.

Murmurou:

— Através da internet, alguém pode inserir um vírus nocivo na memória de um robô, quando ele se conecta à rede.

— Isso é verdade. E isso é crime.

— Sim, você sabe, e é irônico, pois você é um policial. Você não me viu, mas fui vê-lo no hospital.  Fiquei sabendo que estava com amnésia retrógrada quando saiu do coma. Não sei se foi devido ao acidente ou ao remorso. Dizem que o sentimento de culpa pode afetar o estado psicológico da pessoa.

O androide silenciou, a cabeça pendeu, inerte.

— Que culpa? O que está dizendo?

Ulisses respondeu com lentidão, entre breves pausas.

— Você desconfiava que Liége o traía e mandou que eu a matasse. Inseriu um vírus cavalo de Troia na minha sub memória sem eu perceber, quando me conectei à internet. Disse que precisava de um eletricista e me deu o endereço da sua casa, sabendo que eu, ao avistar sua mulher, a mataria. Você saiu naquele dia para criar um álibi e, por descuido, ou carma, foi atropelado. Quando cheguei à casa e o vírus abriu, computei a ordem com uma análise ética e conclui que matar é uma forma de acabar com uma ameaça. No caso, Liége seria uma ameaça para você, e busquei um modo menos danoso para a eliminar de sua vida. Simplesmente revelei suas intenções e a aconselhei que se afastasse de suas relações e foi o que ela fez, partiu para um lugar incerto e não sabido. Antes, porém, furou o dedo com uma agulha e deixou um rastro de sangue para que todos, principalmente você, acreditassem que ela morreu. Agora, resolvi contar tudo para as autoridades.

— Contar o quê? Alucinações de um robô?

— Você não sabe, mas eu consigo gravar imagens e áudios em meu HD. Acabei de mandar pela Starlink os arquivos de áudio e vídeo para a polícia, revelando o seu plano macabro. 

Ulisses soltou um ruido gutural e seus circuitos elétricos se extinguiram. Jaques imaginou que aquele ruído, saindo pela boca de pele sintética, era uma risada. Ulisses conseguira exprimir sarcasmo.

Sobre Fabio Baptista

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18 comentários em “Nas Sombras do Beco (Antonio Stegues Batista)

  1. Andre Brizola
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Argonauta!

    Não sei bem como definir esse conto. Ele começa com um estilo e, de repente, muda completamente. Achei que a divisão por capítulos faria com que os estilos se alternassem, mas, não. A mudança foi definitiva, e a minha primeira estranheza ocorreu aí. E então entra um enredo cyberpunk, que é o que nos leva até o final. Ok, vamos analisar.

    Técnica – O primeiro ponto que se destacou, pra mim, foi o excesso de descrições. A parte 2, por exemplo, começa com um parágrafo descrevendo o barman, com um olho robótico, seguido de diversas referências ao mesmo filme (e aí acho que bastava uma, que já seria o suficiente para o leitor compreender). Então o texto é meio poluído por excessos, e o leitor fica tentando encontrar a trama dentro das descrições. Se a ideia é embasar o conto na descrição, ok. Mas aí a trama acaba sendo prejudicada, e há desequilíbrio. A parte gramatical está certinha, não encontrei nada que me travasse na leitura dentro desse aspecto, pelo menos.

    Enredo – Confuso. Eventualmente as peças se juntam, mas de uma maneira pouco natural, com uma partida de xadrez meio forçada no meio (as descrições das jogadas, então, paralisam completamente o desenvolvimento da trama principal). As três partes do conto precisavam de algum complemento, para que funcionassem melhor juntas.

    Impacto – Eu gosto de ler o conto e deixar ele amadurecer na minha cabeça, e ver como ele se comporto nos dias seguintes. Vou lembrar dele? E se lembrar, vai ser uma memória boa ou ruim? Neste caso, a confusão que o enredo causou gerou uma memória negativa. Hoje, escrevendo esse comentário, li e reli o conto, e algumas passagens específicas, pra tentar entender o motivo de certos trechos, e não consegui entender o motivo deles estarem ali. Definitivamente tive problemas com esse texto.

    Conclusão – Assim que percebi que se tratava de um conto no gênero cyberpunk eu me animei. E talvez a minha expectativa tenha gerado meu descontentamento, pois fiquei bastante decepcionado com o produto final da soma de técnica e enredo que você utilizou aqui. Achei que há um descolamento de estilos entre a primeira parte e as duas seguintes, e quando a parte sci-fi se estabelece, ela acaba pouco desenvolvida. Peço desculpas, mas eu realmente não consegui gostar de Nas Sombras do Beco.

    É isso, boa sorte no desafio.

  2. Rodrigo Ortiz Vinholo
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Interessante! Gosto das reviravoltas, de tudo que vai se revelando aos poucos e que consegue surpreender. O final, porém, não me caiu tão bem… ainda que a surpresa sobre a identidade de Ulisses dê um bom sabor a tudo, a conexão entre os personagens fica um pouco estranha, e a perda de memória de Jaques acaba soando um tanto conveniente. Ainda assim, funciona. Parabéns!

  3. leandrobarreiros
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Minha impressão geral é que o autor estava um pouco apressado para finalizar o texto e acabou não reescrevendo a história como deveria. Eu sinto que aqui há um bom rascunho que precisa ser lapidado.

    Existe um background de personagens (especialmente de Liége) que parece um tanto deslocado do resto do texto, tanto em questão de história quanto de estilo. Digo isso porque o ritmo da primeira parte é mais apressado e descritivo, enquanto o restante toma um formato mais regular de narrativa.

    Há ideias interessantes e o enredo parece estar mais ou menos redondo, tem o mistério, alguns saltos temporais e a reviravolta no final.

    Mas como não tem um desenvolvimento grande de cada um desses aspectos, eles acabam perdendo força. Minha sugestão para o autor seria retrabalhar as cenas com o mesmo carinho que aparentemente teve com a cena do bar e talvez aprofundar um pouco mais a figura de Jacques antes, para tornar a revelação final mais forte.

  4. Kelly Hatanaka
    12 de dezembro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Considerações

    Liége sumiu, seu marido, em busca de vingança, elimina o robô que a teria matado, somente para descobrir que foi, ele mesmo, o mandante do crime.

    O conto começa com uma descrição de Liége e de sua vida, que apontam para um possível desenvolvimento da história, talvez uma tragédia romântica. Em seguida, há uma brusca mudança e estamos em um bar com androides e próteses biônicas, numa ambientação Blade Runner, onde encontramos Jaques e Ulisses.

    Em seguida, Jaques e Ulisses conversam. Estão fugindo de algo? Perseguindo alguém? Perseguindo um ao outro? Pelo desfecho, entendo que Jaques estivesse perseguindo Ulisses, mas o desenvolvimento da cena começa confuso. Ficamos sabendo que Jaques era o marido de Liege, que armou para que Ulisses a matasse e que acabou esquecendo, vitimado por amnesia. Ulisses revela que não a matou, só a aconselhou a fugir.

    Gostei ou não gostei

    Gostei, mas achei um bocado confuso.

    Pitacos não solicitados

    Toda a parte do começo com a descrição de Liege parece meio perdido, sem conexão com o resto da história. E o jogo de xadrez também pareceu sem sentido, como se estivesse ali so para cumprir o tema.

  5. Fabio D'Oliveira
    12 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas!

    Eu amo cyberpunk. É um dos meus subgêneros favoritos dentro do sci-fi. E o conto tem uma premissa interessante. Plot twist satisfatório, personagens com camadas, ambientação legal. Tudo para dar certo. Mesmo assim, o texto não me conquistou. E acredito que o problema seja a execução da ideia. Fiquei com a sensação de estar lendo um conto de um autor iniciante. Grande parte dos diálogos e das ações dos personagens são artificiais, existe uma preocupação em explicar tudo (não subestime o leitor, melhor que os mais desatentos não entendam algo do que comprometer a qualidade final do texto pra deixar tudo desenhado), falta de perícia para aplicar algumas técnicas, etc.

    Para completar, você escolheu um gênero difícil, pouco apreciado por aqui, e ainda teceu uma história complexa. O desenvolvimento de uma história assim, num cenário futurista e decadente, exige bastante do autor. Um dos maiores problemas deste conto, ao meu ver, é o ato inicial. Você fala um pouco sobre Liége. Este ato confunde o leitor e pode estragar o plot twist para alguns. Explico: no momento que você fala que ela esperava uma oportunidade para sair do relacionamento, o leitor pode sacar, na história de que Liége foi morta, que ela realmente não estava morta. É quase um spoiler, rs. Se me permite, como dica, diria pra desenvolver melhor a relação de Jaques com Liége do ponto de vista dele. Fazer com que o leitor sinta pena dele por ter perdido a esposa que, em sua mente, ele amava tanto. O plot twist teria um impacto muito maior. O final mirabolante, onde Ulisses decide entregar o plano de Jaques, não é muito bom também. É um baita clichê. Jaques já estava condenado em mente. Para ele, o amor ainda era real, depois da amnésia. E perceber que mandou matar a pessoa que tanto amava, e que ela fugiu dele, já seria punição o suficiente para ele. Não precisa entregar justiça em todas as histórias. A vida é injusta, de várias formas. Não tenha medo de entregar um final em que o vilão escapa da punição, mesmo que saia com um gosto amargo na boca. Esse tipo de resolução entrega mais valor pra narrativa do que os velhos clichês. Ah, furar o dedo com uma agulha pra deixar um rastro de sangue é pouco convincente, rs. Por que não um corte na mão, com faca mesmo?

    Isso tudo é apenas uma opinião, lembrando. Eu gosto muito dessa temática. E admiro muito quem trabalha com a criatividade, que sai do óbvio. Por isso, tem uns pontinhos extras comigo, rs.

    Boa sorte no desafio!

  6. Suzy D. B. Pianucci
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Suzy D. B. Pianucci

    Gostei de ler sobre as jogas uma vez que não sei jogar, achei fantasioso ter um personagem android e falar de robótica, a história não me cativou de modo geral.

  7. Pedro Paulo
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Achei este um texto inconsistente. São escolhas curiosas que, apesar de sua estranheza, ainda funcionam. O primeiro terço do conto, para um exemplo, em nada indica o cenário cyberpunk que é inserido no meio. Já pro final, esse contexto é relevante para o rumo que a história toma. Deu a impressão de um desafio que fizemos no ano passado, em que os contos eram escritos a três autorias.

    Em trechos, as descrições são bem dosadas e caracterizam bem. Noutros, parecem artificiais, traz detalhes dispensáveis. A estrutura do conto é outro problema. Entendo a ideia de abrir com Liége para retomar seu drama no meio da reviravolta, mas a maneira como foi feito, a princípio tomando-a como protagonista para depois inserir Ulisses como principal e, enfim, Jacques, foi confusa. Até me fez indagar se o que li no começo fazia parte do mesmo conto. Aliás, a transição do bar para o beco também foi um salto difícil de apreender.

    E a abordagem do xadrez também não me desceu, pareceu burocrática e, na verdade, até mesmo absurda.

    Eu gostei do conto, mas acho que requer mais lapidação e para este certame ele não correspondeu bem.

  8. claudiaangst
    8 de dezembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    O conto aborda com sucesso o tema proposto pelo desafio.

    A narrativa mescla suspense, FC, noir, policial, e deu tudo certo, autor(a).

    Há cruzamento de referências do poema épico Odisseia: Ulisses é o herói, cavalo de Troia. Jacques parece ser uma referência ao filme Odisseia Jacques, que narra a história do famoso oceanógrafo Jacques-Yves Cousteau. Sim, eu pesquisei.

    Gostei do suspense criado e o desfecho surpreendente, com a descoberta do crime do vilão e sua provável punição.

    Confesso que estranhei o uso de “cavaleira” ao invés de amazona, mas fui pesquisar e descobri que ambas as grafias estão corretas. No geral, o conto está muito bem escrito.

    Enfim, seu texto deve receber boas notas e uma classificação interessante.

    Parabéns pela sua participação nesta última rodada. Boa sorte!

  9. toniluismc
    28 de novembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Olá, Argonauta!

    Mas que viagem foi essa? Texto belamente escrito, parabéns! Tirando a forma não consigo salvar mais nada, lamento. Vamos à análise:

    1. O papel do Xadrez na história — o maior problema do texto

    Embora a partida esteja descrita com precisão técnica razoável, o Xadrez é totalmente periférico à narrativa.
    Ele aparece no meio de um confronto entre personagem e antagonista, mas:

    • não serve como metáfora estrutural,
    • não influencia a trama,
    • não revela caráter,
    • não cria tensão real,
    • não altera o destino das personagens.

    Ou seja, a história funcionaria exatamente igual se o jogo fosse removido. E isso é grave considerando que o conto parece querer evocar o simbolismo clássico do Xadrez (estratégia, sacrifício, inteligência, duelo mental).

    A partida surge como um recurso para “ganhar tempo”, mas o texto não desenvolve esse tempo para gerar suspense ou reviravolta — o jogo termina rápido e não tem consequência. Pior: a partida escolhida (um mate de três lances forçado devido à má defesa) é tão curta que não entrega profundidade dramática.

    O resultado é: um momento tecnicamente interessante, mas dramaticamente irrelevante.

    A cena não está organicamente inserida: ela parece colada, como um pequeno conto dentro do conto, sem ressonância simbólica.

    2. Falta de unidade entre as partes — narrativa fragmentada

    O texto é composto por três partes que quase parecem contos independentes:

    Parte 1: drama psicológico de Liége / crítica ao casamento / ambiente realista.

    Parte 2: bar futurista, próteses biônicas, personagem Ulisses, quase uma ficção científica noir.

    Parte 3: perseguição, investigação, androide, revelação final.Essas peças não se integram naturalmente. A mudança de tom é brusca: do realismo urbano para cyberpunk, e depois para um híbrido de policial futurista com melodrama romântico.

    Se o Xadrez deveria costurar essas partes, isso nunca acontece — ele surge apenas na terceira parte, e tarde demais.

    3. Uso excessivo de descrição e “info-dump”

    Frequentemente, o conto:

    • explica demais emoções, em vez de mostrá-las,
    • força detalhes expositivos (sobre ateísmo, sobre o bar, sobre próteses, sobre livros),
    • oferece longos blocos de descrição que interrompem o ritmo.

    A história parece ansiosa em contextualizar, mas isso dilui o impacto emocional.

    Especialmente na Parte 1, há densidade, mas não há movimento. E quando a ação finalmente chega (Partes 2 e 3), há pressa.

    4. O Xadrez é tecnicamente correto, mas mal aproveitado

    Do ponto de vista estritamente enxadrístico:

    • A sequência 1.d4 f5 2.Bg5 h6 3.Bh4 g5 4.e4 gxh4 5.Qh5# é real e leva a mate.
    • É uma armadilha conhecida em linhas mal conduzidas da Holandesa.

    Ou seja: Tecnicamente correto.

    Mas o problema é outro: um jogador que “nunca perdeu” dificilmente cairia nisso. Jaques não toma decisões minimamente plausíveis para um jogador experiente:

    • ele empurra dois peões sem desenvolver peças,
    • expõe o rei sem motivo,
    • cai em tática elementar.

    Isso torna a cena não apenas periférica, mas também dramaticamente incoerente com a apresentação do personagem.

    5. O simbolismo desperdiçado do sacrifício

    O autor tenta usar o sacrifício do bispo como paralelo com:

    • manipulação,
    • revelação,
    • decisões que cobram preço,
    • “cavalo de troia” (tema de estratégia).

    Mas nada disso é desenvolvido.
    O sacrifício não dialoga com as decisões das personagens, nem é retomado depois.

    Uma oportunidade perdida.

    6. Excesso de coincidências e explicações muito explícitas

    Toda a revelação final se apoia em:

    • vírus,
    • plano secreto,
    • gravações,
    • amnésia,
    • ordens subliminares,
    • fuga inventada,
    • sangue encenado,
    • arquivos enviados automaticamente…

    É um acúmulo de giros dramáticos que parecem mais “falados” do que vividos.
    O leitor não tem pistas anteriores; tudo é despejado de uma vez.

    Isso gera impacto menor, porque o leitor é informado, não conduzido ao entendimento.

    Enfim, acho que deixei clara a minha frustração, mas acredito que seu conto será bem recebido já que as pessoas se encantam com um texto bem escrito (isso não é pouco, só espero mais do que isso aqui!).

    Espero poder apreciar um novo texto seu em breve. Abraço!

  10. Sarah S Nascimento
    25 de novembro de 2025
    Avatar de Sarah S Nascimento

    Olá! Estou comentando enquanto vou lendo ainda. Seu conto me causou algo engraçado, não gostei de nenhum personagem, risos. Mesmo assim quero saber como é que tudo se liga com a Liége, diga-se de passagem, um nome que achei lindo.
    Achei interessante e muito bom que tenha explicado o que as jogadas significam, tipo, uma que é defensiva, outra que significa fazer pressão contra o adversário. Entendo nada de xadrez, então isso ajudou bastante.
    Também gostei muito da citação da Odisseia, nunca li, mas parece tão bonito assim em versos e tal.
    Caramba, demorei pra entender que o Ulices era um androide! Achei meio estranho ele morrer com balas no peito, igual a um humano. Inicialmente achei que o Ulices e o Jaques eram parceiros que iam ou tirar informações, ou matar outra pessoa! risos. Não saquei que eram na verdade inimigos.
    Eu precisei voltar e reler uns trechos ali pra compreender a verdadeira dinâmica da coisa. Seu conto deu um nó na minha mente! kkkkk, mas foi legal.
    Eu só não entendi uma coisa: eles estavam num beco, o Jaques tava sentado no chão, eles pegam o jogo de xadrez e jogam. Beleza, mas depois o Jaques atira no androide e mata o cara, nessa parte descreve uma mesa, como se eles estivessem num lugar fechado. Então, eles estavam no beco e entraram no prédio? Ou tinha uma mesa no beco? Não entendi isso.
    Foi um conto bem interessante, com os elementos futuristas, adorei o barman! kkkkk. Falando que eliminava o povo com o olho robótico. risooos. Outro ponto que não entendi foi o fato do Ulices ter um tempo, tipo, porque foi que eles jogaram xadrez? Por que o Jaques não atirou logo nele? Eu senti que o xadrez foi colocado no conto por causa do desafio sabe? Mas, posso ter me equivocado e não ter compreendido a cena. Se foi o caso, perdão!
    Foi bastante criativo e gostei do detalhe ali do carro voador passando no céu. risos. Bem escrito.

  11. LEO AUGUSTO TARILONTE JUNIOR
    25 de novembro de 2025
    Avatar de LEO AUGUSTO TARILONTE JUNIOR

    Achei seu conto interessante. A opção pela ficção científica me surpreendeu. É um dos gêneros de que mais gosto. 

    Fiquei com a impressão de que a utilização do jogo de xadrez aconteceu apenas para adequar sua narrativa ao desafio. O xadrez não foi extremamente relevante para a trama ponto não entendi a substituição do cavalo branco pela tampa de refrigerante. Também achei que gastou muito tempo descrevendo o jogo, fiquei com a impressão de que estava apenas preenchendo espaço. 

    Também não entendi muito bem a relevância de toda aquela explicação inicial sobre a religiosidade da personagem feminina. Embora eu tenha gostado de todas as referências a cultura popular e a literatura, talvez você pudesse ter deixado elas menos explicadas, pouco mais ocultas, não sei se seria possível. 

    Espero que minhas críticas ajudem você a desenvolver sua escrita. Também agradeço por você dividir comigo um pouco de seu universo literário 

    E desejo ler mais com os seus nos próximos desafios.

  12. leila patricia de sousa rodrigues
    22 de novembro de 2025
    Avatar de Leila Patrícia

    Em minha opinião, a abordagem funcionou só pela metade. O autor escolhe um tema forte, mas trata como se tivesse medo de apertar demais. A história chega perto de algo mais profundo, mas fica num campo mais seguro, mais ilustrativo do que realmente incisivo. Falta assumir o risco do próprio tema, ir até onde ele incomoda de verdade. O resultado é um texto que parece querer dizer mais do que diz, e isso enfraquece.

  13. marco.saraiva
    22 de novembro de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Um conto no mínimo interessante, com uma história intrincada e narrada de forma a torná-la ainda mais intrigante, como uma espécie de quebra-cabeças. Começamos com o ponto de vista de Liége, que some da narrativa, e só depois descobrimos que o conto se passa no futuro. Ulisses nos é apresentado pelos olhos de um barman, e Jaques surge no final, apesar de ser a peça-chave da história. O jogo de vai-não-vai e as constantes revelações me mantiveram na beira da cadeira. Gostei da revelação final: Jaques é vilão que esqueceu da própria vilania, e agora tenta ser herói. Já Ulisses é herói por falta de escolha, mesmo não sendo humano. Sinceramente, este conto leva fácil o prêmio de mais criativo.

    Infelizmente, a execução me deixou um pouco confuso. A formatação não ajudou, com alguns pontos finais espalhados pelo texto em lugares estranhos (como no início de diálogos ou parágrafos) e até uma letra “V” largada do nada ali no meio do texto:

    “—. Mesmo que se eu ganhar, sei que você vai me eliminar, isso é fato.”

    “Agora, nesse reencontro, os papéis haviam se invertido: ela tinha dezessete anos, e eu, vinte e seis. V”

    “. Jaques fez uma pausa, observando o rosto de Ulisses. Viu o brilho em seus olhos desvanecer gradualmente.”

    A ordem da narração no início pareceu um pouco confusa mas acho que você fez um excelente trabalho em amarrar tudo no final. Ainda assim, os pulos na linha do tempo me deixaram um tonto, e tem até erro de continuidade: no último ato eles estão em um beco em meio ao lixo mas, enquanto morria, Ulisses pôs as mãos “sobre a mesa”?

    “Ulisses fitou Jaques, mas sua visão turvava. Permaneceu sentado, os braços sobre a mesa, o óleo escorrendo e formando uma poça amarelada entre suas pernas.”

    Para piorar um pouco mais, não acho que o conto tenha muita ligação com o tema do desafio. Sim, o conto possui uma cena de jogo de xadrez, mas nem de longe o xadrez é o tema do conto. A cena em que o jogo é exibido pode ser removida do texto e ele não perderia sequer um pouco do seu impacto ou da trama em si.

    Resumindo: história bem pensada, intrigante, bastante criativa. Porém, execução um pouco confusa e pouca adequação ao tema, ao meu ver.

  14. cyro eduardo fernandes
    17 de novembro de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto muito criativo e com boa técnica. Tangencia o tema do desafio. Final com impacto moderado.

  15. Alexandre Parisi
    15 de novembro de 2025
    Avatar de Alexandre Parisi

    O conto tem uma proposta ambiciosa — mistura drama doméstico, noir futurista e xadrez — e isso é legal, mas também cria alguns tropeços. A parte de Liége funciona bem sozinha, tem clima e emoção; porém, quando entra o núcleo “biônico”, o tom muda bruscamente e parece outro conto. O diálogo no bar é divertido, mas às vezes caricato demais, o que contrasta com o drama pesado inicial.

    A partida de xadrez é interessante, mas o nível de detalhamento do lance a lance quebra o ritmo narrativo. Funcionaria melhor se fosse mais integrada ao suspense. Jaques e Ulisses têm potencial, mas o texto explica muito ao leitor em vez de deixar acontecer — especialmente no final, onde o plot twist é jogado inteiro em diálogos expositivos. Faltou construir a tensão ao longo da história para que o desfecho impactasse mais.

    Vi alguns excessos de adjetivos e frases longas que poderiam ser enxugadas. Apesar dos deslizes, é criativo e tem momentos fortes.

  16. Roberto Fernandes
    11 de novembro de 2025
    Avatar de Roberto Fernandes

    Achei que o texto possui transições confusas, se desenvolve com amparo de soluções de roteiro, e não se utiliza das citações organicamente.

    Contudo é uma boa ideia com um plot twist interessante, se lapidado pode alcançar seu potencial!

  17. Martim Butcher Cury
    4 de novembro de 2025
    Avatar de Martim Butcher Cury

    A coisa mais interessante do conto é a forma tripartida. Temos que completar os lapsos entre os trechos, e isso gera certo interesse. Mas acho que falta polir bastante a prosa. É tudo excessivo demais, os diálogos soam inverossímeis, mesmo levando-se em conta o mundo fantástico em que a história se passa e o enredo, digamos, rocambolesco. Também me parece que há um desejo de colocar coisas demais, não sei se cabe tudo num conto. Tanto é que, chegando ao final, as explicações do negócio todo se sucederam como se tivesse chegado o limite de caracteres e ainda faltasse explicar metade da história. Quanto ao estilo, talvez um mergulho mais de cabeça na oralidade melhorasse as coisas. Por exemplo, ninguém diz “quero falar com o proprietário”, mas sim “quero falar com o dono” ou, simplesmente, “O dono tá aí?”. E porque afrodescendente e não preto ou negro? O trecho do conto se refere à figura do personagem, não à sua origem. Outra fala problemática: “Você tem uma boa memória para se lembrar desses detalhes todos após tanto tempo!”. Precisa de tudo isso? Não poderia ser algo meio nesse estilo: “Rapaz… Que memória!” (é só uma sugestão sem muito reflexão)?

  18. Kauana Kempner Diogo
    4 de novembro de 2025
    Avatar de Kauana Kempner Diogo

    Uma mistura de noir urbano com melodrama, houve uma boa fusão de tema como vingança, tecnologia, ética e folclore, que dialogam bem entre sim. O texto é expositivo, mas mantém a aceleração dramática. Percebe-se uma alternância de voz épica e técnica, como nos trechos de xadrez. Por fim, é um conto interessante e efetivo. 

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Publicado às 2 de novembro de 2025 por em Liga 2025 - 4A, Liga 2025 - Rodada 4 e marcado .