EntreContos

Detox Literário.

Das Coisas que Persistem (André Brizola)

Quando o apocalipse aconteceu de verdade, não foi como as escrituras haviam predito. A promessa era de eclipses, terremotos e maremotos, gente marcada com o número da besta, diademas estranhos e outras coisas mirabolantes caindo do céu e subindo do inferno. Mas a verdade é que ele veio da forma como a cultura pop avisava há tempos. Zumbis. De todos os lados, sem nenhuma explicação aparente, e de forma avassaladora. Você pode argumentar que a história mais famosa da Bíblia é, sim, sobre um cadáver que volta à vida e, a partir daí, realiza um monte de ações sobrenaturais. Mas, convenhamos, Jesus não era um zumbi, era?

Os poucos que estavam prestando atenção aos ensinamentos de Hollywood esconderam-se em porões e lá ficaram. Todos os outros buscaram as soluções mais óbvias, o exército, o Estado, a religião, agrupando-se de forma que, quando um era tomado pela praga, a desgraça era inevitável. O fim da humanidade veio e se instalou de forma imediata. Em poucos dias tudo acabou: televisão, internet, ciência, fé. Tudo.

Não eu. Da janela do meu quarto, vi a movimentação estranha dos meus vizinhos de condomínio, juntando as tralhas, os pets e, quando havia espaço, os parentes, dentro dos carros, em direção a uma salvação que nunca viria. Deixar minha casa, confortável, em uma correria desenfreada, buscando o quê? Jamais. Se fosse para morrer ou virar zumbi, o faria com conforto, dentro de muros, protegido das chuvas, do trânsito e de qualquer outro inconveniente que surgisse. Fossem todos embora! Isso só aumentaria o prazer dos meus últimos dias, pois poderia desfrutá-los com sossego, silêncio e solidão. Trabalhei demais para conseguir essa casa, neste condomínio especificamente, não seria um bando esfarrapado de mortos ambulantes que me tiraria daqui.

E os anos seguintes provaram que eu estava certo e errado em diversas das minhas presunções. Em primeiro lugar, estava correto em supor que meus vizinhos jamais encontrariam salvação. Deixar o condomínio foi uma péssima ideia. Nunca ninguém retornou. Em segundo, conforme o tempo foi passando, não só não morri como encontrei uma forma de sobreviver totalmente escorada em tirar das casas abandonadas alguns poucos itens que iam permitindo a passagem do tempo de maneira agradável e, cada vez mais, prazerosa. Sem internet e sem energia elétrica, descobri na leitura um passatempo deveras agradável e, como para a maioria dos meus vizinhos os livros eram dispensáveis, suas bibliotecas ficaram todas à minha disposição.

Outra descoberta assaz útil à minha condição foi a necessidade de proteção e privacidade de nossa geração. Os muros, grades, portões, e todos os aparatos feitos para manter os indesejados lá fora se tornaram realmente eficientes em manter os zumbis longe das ruas internas.

E, graças à tentativa e erro, fui descobrindo como formar uma pequena horta de legumes e vegetais, que fui ampliando nos pequenos quintais das casas adjacentes à minha.

Minha vida estava graciosa, e eu tinha apenas uma reclamação.

Quando dei entrada no meu financiamento habitacional, e vislumbrei minha vida dentro do condomínio, não foi a quadra de tênis, a academia, ou a enorme piscina olímpica que me faziam brilhar os olhos. Nada disso. Era um belo jardim com mesas redondas de mármore, onde vislumbrava passar as minhas tardes de fins de semana. Sugeri ao construtor:

– Não seria possível que essas mesas viessem com tabuleiros de xadrez? Os idosos apreciariam.

– Os idosos, não é mesmo? Vamos pensar no assunto.

Eles pensaram, e as mesas ficaram lindas, com quadrados enormes, em branco e vermelho-escuro. Tratei logo de encomendar peças nas mesmas cores. Grandes, pesadas, que poderiam ficar por dias ao relento, pois antecipava jogos épicos com algum outro vizinho também estrategista.

Nunca aconteceu. Mas, num desses dias solitário, levei minhas peças até o jardim e as posicionei. Enfileiradas ficaram lindas, como sempre imaginei. Sentei por muitos minutos atrás das brancas, pensando em como seria se pudesse jogar uma partida e, depois de considerar todas as possibilidades, avancei um peão duas casas à frente, para d4. E foi isso. Voltei feliz para o abrigo diário, sentindo que aquele era um primeiro passo determinante para os próximos meses.

Dali em diante, em todas as minhas incursões, sempre fazia um desvio para o jardim. Às vezes vislumbrava de longe, apenas. Em outras chegava perto e tocava as peças vermelhas, analisando uma jogada em resposta. Foram várias semanas até segurar um dos cavalos e levá-lo até f6.

Aquele primeiro movimento do peão branco aconteceu quando o inverno estava começando. Quando o outono começou a dar sinais de velhice, e todos os marrons já enfeitavam os meios-fios, a ansiedade foi tomando conta, de forma que larguei meu Finnegans Wake de lado e, agasalhado, caminhei a passos apressados ao jardim, pensando no quarto impulso a ser dado nas peças vermelhas.

Era um jogo lento, mas que fazia meu coração funcionar em marcha constante. Não havia picos de emoção. Meu adversário não me surpreendia. Por outro lado, não havia decepção. Ele nunca faltaria, a menos que eu faltasse também. Essa piada sempre me fazia rir.

Mas aquele dia me reservava uma emoção diferente. Era o marco zero de uma transformação na constância do meu calendário, pois, ao me sentar atrás das peças vermelhas, pensando em um movimento, vi que o peão de d7 havia sido movido para d5.

O choque foi intenso. Em primeiro lugar pela conclusão óbvia de que eu não estava sozinho. E, em segundo lugar, por perceber que aquele movimento era estrategicamente superior ao que eu planejava executar. De pé, olhando para todos os lados, tentando perceber algo, tudo o que vi estava dentro da normalidade. Só conseguia ouvir o vento, as folhas secas balançando no chão. As ruas, desertas. Aquela foi uma noite difícil de dormir.

Nos dias seguintes, não saí de casa. O medo de perder todas as minhas conquistas era imenso. A rotina, o conforto, era tudo utópico demais para abrir mão assim, depois de tanto esforço. E a cultura pop me dizia para temer justamente isso: outros sobreviventes.

Mas, e se a pessoa do outro lado fosse um cara como eu? Apenas alguém querendo um companheiro para uma partida de xadrez. Essa dúvida, surgida fria, foi esquentando, alimentada por um detalhe que funcionava como álcool na fogueira da minha mente: as brancas fariam a próxima jogada.

Vivi alguns dias em angústia, até levar a minha coletânea de ansiedade, terror e coragem condomínio afora, rodear a mesa e mover um peão de a2 para a3. Já estava com a jogada planejada, de modo que levei exatos cinco segundos para concluir meu intento. E logo estava em casa, colocando a segunda parte do meu plano em ação, tal como um jogo paralelo, movendo outra peça, tentando antecipar os movimentos do meu adversário. Sentado diante da janela do meu quarto, atrás de cortinas fechadas, com uma luneta infantil, numa tocaia improvisada.

Não funcionou. No terceiro dia, acordei babando na cortina, com o brinquedo caído no chão, um torcicolo bastante dolorido e um dos meus cavalos capturados por um bispo, em c3. Nenhum sinal. Corri até o jardim. Nada. O maldito era esquivo. E, a julgar pela jogada, bastante astuto.

Não fiz nenhum movimento nas brancas. Resolvi pensar em novas estratégias. Para o xadrez e para a investigação. Então, dias depois, levei o peão de b2 à c3, capturando o bispo vermelho. E deixei graxa espalhada no chão ao redor da mesa. Depois poderia seguir as pegadas, se tivesse coragem para tal. Mas, uma decisão difícil por vez. Essa era a estratégia.

E novamente as circunstâncias trabalharam em favor de meu oponente. Os ventos de outono cobriram o jardim de folhas secas, e a graxa foi sumindo junto com o pó e a decomposição natural. E nem consegui precisar quando um de meus peões foi capturado em d5. Um dia verifiquei pela luneta e o movimento estava lá.

Um misto de resignação e estoicismo foi se instalando. Não podia mais tentar controlar aquela situação. Semanas se passaram. Meu conforto não foi tirado de mim, de fato. O medo, entretanto, estava enraizado, crescendo. A luneta agora era item pessoal, e vivia pendurada no pescoço. As consultas na janela ocorriam de hora em hora, embora tenha de admitir que já não esperava descobrir meu oponente casualmente movendo suas peças. O que eu tentava enxergar era se minha vez de jogar já tinha chegado.

Estávamos no décimo quarto movimento. Ambos havíamos rocado, cavalos avançavam de maneira agressiva, mas o adversário parecia vir de uma escola menos comum, pois seus avanços eram inusuais no controle do meio, sempre reconfigurando as peças defensivas e atacando pelos lados. Eu tentava criar aparência de ataque pelo flanco do rei, mas ele não parecia morder a isca. Achei que deveria intensificar a agressividade. Então, no dia seguinte, levaria o peão de g4 para g5, esperando um determinado movimento de seu cavalo restante.

Levantei cedo, o frio era exasperador. Munido de todo o aparato de inverno, marchei até o jardim antevendo o tabuleiro e as peças, já gravadas na memória. Mas, à distância, percebi algo errado. Um objeto deitado no tabuleiro. Meu adversário deitara seu rei? Tinha ele desistido?

O desespero foi tomando conta enquanto corria descoordenadamente até o jardim. E me tomou completamente quando, lá, diante da mesa, vi, entre as peças, não o rei vermelho deitado, e sim um dedo indicador. Pútrido e morto. Há bastante tempo morto.

A fuga só terminou com a porta fechada às minhas costas e a mão sobre a boca suprimindo gritos. A vontade era fugir do condomínio, mas a lógica e a razão sempre foram minhas ferramentas mais aguçadas, e não me deixaram tomar qualquer medida precipitada. Ao voltar a sentir as pernas e a respirar como uma pessoa normal, precisei racionalizar o que estava vivendo naqueles últimos meses, ou enlouqueceria. Meu adversário era um zumbi? Ele se transformou enquanto jogava? E isso realmente importava? Zumbis jogam xadrez? Por que o monstro não quis me comer? Percebi que, nessa realidade que criei para mim, alheia ao que ocorreu fora do condomínio, fiquei totalmente sem contato com o que quer que tivesse sido descoberto sobre a praga, então não sei bem o que são essas criaturas. São sobrenaturais? É uma espécie de força da natureza? Mas, não me orgulho de admitir, minha principal dúvida era: será que a partida vai continuar?

O primeiro passo, obviamente, era encontrar coragem e fazer a minha jogada. Naquele desespero todo deixei as peças brancas lá, intocadas. A visão daquele pedaço podre de carne, largado sobre o mármore, foi demais para que eu mantivesse qualquer estrutura. Mas, recomposto, poderia voltar e avançar meu peão. E foi o que fiz. Rapidamente, arrepiado de frio e de horror. Mas fiz. E voltei ao meu refúgio, buscando, por cima do ombro, a imagem daquele ser roto, meu desafiante, me perseguindo. O que não aconteceu.

Os próximos dias foram terríveis. Comia e dormia diante da janela, de luneta na mão, esperando que meu oponente surgisse. É difícil especificar o sentimento que me tomava. Era ansiedade? Era medo? Por que o jogo havia se tornado tão importante? Eu devia era dar cabo do zumbi, e não prolongar a partida. Mas, não, se acabasse com o morto-vivo, voltaria à previsibilidade de minhas próprias decisões. O que, por outro lado, talvez garantisse a minha sobrevivência. E como seria isso, essa sobrevivência, agora, sem a urgência da surpresa, do embate e do desafio? O que estava na balança, no final das contas? Eu estava ficando louco?

E, então, num olhar displicente, o foco daquelas lentes pouco poderosas revelou meu adversário sentado atrás das peças vermelhas.

A luneta era muito fraca, pouco para discernir detalhes, mas vi um homem, roupas escuras, e que as vermelhas ainda não haviam sido mexidas. Era uma manhã de inverno, já perdida dentro de um calendário que não fazia mais sentido.

Por que ele não havia feito sua jogada? Não sabia o que fazer? O dedo morto ainda entre as peças. O adversário sempre fora muito esquivo, mas desta vez estava lá, imóvel, diante do jogo em andamento. O que aguardava? Esperava por mim? Não podia ser. Ou podia?

Medo e coragem duelavam enquanto eu tirava e colocava blusas e cachecol. Não tinha armas, mas achei por bem pegar um taco de golfe velho que deixava sempre ao lado da porta. Abri a porta e saí. Voltei, tranquei a porta. Grunhi de frustração. Quando me dei conta, estava a caminho do jardim, de taco na mão, luneta na outra, travestido de Fischer, pensando se encontraria um Kasparov ou um Deep Blue.

A criatura estava se desfazendo. Conforme eu me aproximava, moveu a cabeça lentamente em minha direção e focou seu único olho bom, o esquerdo, azul, em meu direito. Não fez nenhum movimento agressivo. Ao contrário, levantou o braço devagar e tentou apontar o banco oposto. Percebeu que o indicador não estava onde deveria. Pareceu algo encabulado, mas levantou o rosto carcomido novamente, aguardando minha reação.

E eu, de taco levantado, esperando para mandar a cabeça daquele ser sobrenatural para o buraco dezoito, fui pego desprevenido pela vontade dele em continuar nosso jogo. A confusão era enorme, e a vontade de gritar, ainda maior. Bati com o taco nos arbustos ao redor, e urrei de frustração em direção às casas próximas, assustando alguns pombos e pardais, que voaram para longe. Depois, sentei-me.

– Em que realidade um zumbi joga xadrez? Meu Jesus zumbi Cristo! Não que eu espere uma resposta de você. Mas, se pudesse entender minha confusão, seria simpático à minha condição.

O zumbi me encarou com aquele olho redondo, desprovido de pálpebras, e consegui ver um verme rastejar por detrás do globo ocular. Ele fez um movimento lento com a mão, sobre o tabuleiro.

– Você quer jogar, é isso? É isso? Vamos jogar. Por tudo que é mais ilógico! Joguemos. Vamos, é a sua vez.

Mas o zumbi, antes de continuar, levantou a mão asquerosa com a palma para a frente, sinalizando que eu esperasse. Então apontou para mim, para o meu rei e fez sinal como se ele o derrubasse. Por fim, colocou a mão sobre seu peito.

– Eu… perder. O quê? Você quer algo se eu perder?

O zumbi acenou positivamente.

– Você, um zumbi, quer apostar comigo nesse jogo de xadrez?

Outra confirmação. Aquilo não me parecia correto, mas eu me sentia dentro de várias partidas ao mesmo tempo, e todas elas estavam culminando para seus fins. Não poderia desistir de nenhuma delas.

– Ok, de acordo, o que você quer?

E então ele apontou, novamente sem o indicador, para a minha cabeça. Meu sangue gelou ao lembrar dos antigos filmes em que esses mortos comiam os cérebros das pessoas. Tenho certeza de que minhas palavras seguintes foram tremidas e gaguejadas.

– Mas… o que… o que você poderia me oferecer nessa aposta?

Ele cruzou os braços à frente do peito, num sinal que entendi como proteção.

– Você me oferece segurança?

A cabeça apodrecida acenou afirmativamente.

– Minha vida aqui continuaria igual? Ninguém nunca me importunaria? Nem outros zumbis?

Outro aceno positivo.

O Sétimo Selo veio imediatamente à minha cabeça. Estaria eu jogando com a Morte? Digo, aquela única, a entidade? Talvez eu realmente estivesse ficando louco e esse cadáver enxadrista fosse uma manifestação dos sentimentos de solidão e clausura a que eu me expusera por tanto tempo. Mas, fosse um sintoma de desvario, ou não, vi-me acenando que sim, e o zumbi, então, deu continuidade à partida.

Dali em diante não se passaram semanas, pois, enfim, estávamos duelando frente a frente. Olho no olho, tendo que, de tempos em tempos, afastar do tabuleiro um ou outro verme caído de pústulas abertas nos braços do morto.

Brancas levaram a rainha adiante, tomando um cavalo vermelho, avançando peões e conquistando uma torre com outra em a6. Vermelhas, por outro lado, derrubaram um bispo, dois cavalos e um peão. A pressão era toda minha, mas o morto sabia se reconfigurar na defesa. Isso me desequilibrava.

Ele avançava com peões, enquanto eu buscava o fim do jogo com uma torre e a rainha. Não percebi um erro em uma jogada passada e um de seus peões converteu-se em dama. Novo equilíbrio instaurado.

Hoje, repensando a partida e as jogadas decisivas, penso que, mesmo com todas as adversidades, ele foi um adversário à altura e que me causou dificuldades extremas. Aquele foi o jogo da minha vida. O frio, o suor, o horror da situação, nada importava, somente o xadrez. E, do meio daquilo tudo, a vitória foi exemplar e épica, nascida de um embate de duas cabeças estrategistas ao extremo.

E, por isso, tive de oferecer a minha ao vencedor. Era a aposta.

Curioso foi descobrir a continuidade da consciência após a morte. E, graças a isso, os jogos continuaram acontecendo.

Venci todas as partidas seguintes.

Sobre Fabio Baptista

Avatar de Desconhecido

21 comentários em “Das Coisas que Persistem (André Brizola)

  1. Sarah S Nascimento
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Sarah S Nascimento

    Olá! Seu título aqui faz todo o sentido! Gostei bastante do seu conto, muito criativo e divertido até. Essa coisa do apocalipse zumbi, risos, foi muito interessante!
    Eu gostei muito desse personagem principal, dane-se que o mundo está cheio de zumbis, eu que não vou deixar minha casinha, trabalhei tanto pra ter ela! kkk, eu gostei, ele é convicto, ele é determinado, achei isso fantástico.
    Eu realmente pensei que ele ia ganhar do zumbi, mas foi uma surpresa que no final ele ainda tinha uma consciência e até deve ter feito um amigo! Excelente uso do xadrez aqui e adorei a descrição da mesa já preparada para os jogos de xadrez. Foi muito criativo!

  2. Thales Soares
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Opa! Que conto divertido! Um dos mais legais da série B! Eu adorei a forma como a linha narrativa conduz o leitor, e me senti preso na leitura. Só não gostei tanto da parte em que o protagonista vê que foi um zumbi… mas vou explicar meus sentimentos mais adianta neste comentário.

    Eu adoro histórias de apocalípse zumbi, então esta me conquistou logo de cara! O autor parece ser um mestre no gênero, pois ele brinca com diversos clichês, e aborda o assunto de uma forma única e engraçada. Enquanto todo mundo tá fugindo igual os frangos da Fuga das Galinhas, o protagonista resolve ficar de boa no seu condomínio. Afinal, lá já é bem protegido, tem muro e talz, e isso o defende da pandemia de mortos vivos.

    Ele então cria uma rotina estável, razoavelmente boa, com leitura, plantio, e ele fica lá tranquilão, sozinho e seguro (acho que eu seria como ele num apocalipse, por isso me identifiquei).

    Lá no jardim do condomínio tem umas mesas de xadrez, que ele mesmo tinha sugerido para instalarem na época que estavam construindo. Então ele decide jogar uma partida beeeem longa consigo mesmo. Ao longo das estações, ele vai movendo uma peça ou outra, de forma bem paciente. Um dia, porém, ele percebe que uma das peças se moveu sozinha! Quando isso acontece, ele fica daquele jeito que não passa nem um fio de cabelo pelo toba. Um fantasma? Claro que não… ele pensa na hora em outro sobrevivente. Mas, como o próprio texto nos lembra, encontrar outro sobrevivente num apocalipse é muito pior do que encontrar um monstro!

    Então ele fica investiga o assunto e fica vigiando o tabuleiro. Mas não descobre nada. Assim, ele decide continuar a partida. E os lances misteriosos continuam sendo feitos. Ele fica de longe, lá na casa dele, com um binóculo daqueles de criança tentando observar o outro jogador, mas nada vê.

    Até que um dia… ele percebe que tem um dedo humano em cima do tabuleiro! E é aqui que entra a parte que eu desgostei na narrativa. Vi isso como um furo de roteiro. Mas… por que? Veja bem… o cara não é tonto. Ele demonstrou, até aqui, que é inteligente e possui uma boa lógica. Quando a peça se moveu pela primeira vez sozinha, ele não pensou que era um fantasma ou algo sobrenatural… e sim um outro sobrevivente. Mas agora, nesta ocasião do dedo… por que ele simplesmente não chegou à mesma conclusão? No filme do Poderoso Chefão, quando o cara acorda e tem uma cabeça de cavalo na cama, ele não pensa “CARALHO! UM CAVALO ZUMBI!!”. Ele apenas entende que é uma ameaça. Aqui, no caso do seu conto, eu interpretei exatamente da mesma forma… o outro adversário estava ameaçando o protagonista, tentando fazer com que o toba dele voltasse a se fechar, de forma que não passasse nem um fio de cabelo. Na verdade, eu estava tão convicto de minha teoria, que pensei “Nossa, que protagonista idiota. Ele pensa que é um zumbi. Mas nada a ver, não teria lógica isso……… ah, pera…. era um zumbi mesmo”.

    Esse foi o momento em que a linha narrativa me traiu, e colocou uma coisa nada a ver. Ai você vai me dizer: “Por que você acha que aparecer um zumbi, em um apocalipse de zumbi, seria algo tão estranho assim?”. Por dois motivos: primeiro, por que tinha um zumbi sozinho ali? Onde há um, há vários. Essas criaturas costumam andar em bandos, um chama o outro, e eles se sentem atraídos por carne fresca… o protagonista teria os encontra bem antes… mas o texto não deu pista alguma de que tinha qualquer sinal de ameaça ali dentro do condomínio. Segundo, e mais importante…. porra…… um zumbi jogador de xadrez?? Claro, isso parece fazer sentido dentro da história…. mas por que diabos o PRIMEIRO pensamento do protagonista foi: “MEU DEUS! TEM UM ZUMBI JOGANDO XADREZ COMIGO!!”, e não um “Ah não… o sobrevivente que tava jogando xadrez comigo agora tá colocando o pau na mesa… quer dizer… o dedo”.

    Dito isso, achei uma completa tosqueira quando o protagonista encontra o zumbi pessoalmente. Como eu disse, eu não achei ruim a ideia do zumbi jogar xadrez… mas sim da dedução idiota do protagonista! Se ele pensasse que nem gente, neste momento, teríamos uma surpresa e um plot twist mais potente, mostrando que o adversário não era um sobrevivente que fazia ameaças colocando pedaços de corpo humano na mesa… mas sim um zumbi!

    Mas enfim…. então o cara tem um diálogo estranho com o zumbi…. mas a essa altura a história já tinha me perdido um pouco. Aí eles jogam apostando o toba… digo… o cérebro. Por que caralho o protagonista aceitou isso? É só sair correndo e matar a porra de zumbi, oras… ele tá sozinho!!!!!! Outra incoerência narrativa. Quem é que joga Truco (ou xadrez) apostando o toba, mas sem nenhum prêmio caso ganhe? Só quem quer ser enrabado mesmo!!

    Ai no final ele perde, os dois viram zumbis, e continuam jogando xadrez. Poxa………..

  3. Mauro Dillmann
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    O mundo dos zumbis, filmes, séries, contexto conhecido. Um narrador-personagem que pensa em si, no próprio conforto, na individualidade típica da sociedade neoliberal contemporânea, com toque de egoísmo. Um sujeito classe média com pretensão de elite, que guarda taco de golfe atrás da porta.

    Um narrador autocentrado, cheio de si, que chega ao xadrez – por ideia dele próprio como sugestão ao condomínio – e desfruta do prazer de jogar solitariamente. Ele tem medo: de perder a vida e de perder a si próprio, a beleza que supõe carregar.

    Ele é prolixo, lança perguntas, se repete nos argumentos e nas suas razões. Aliás, carrega muitas razões.

    Não entendi o pseudônimo, se queria trazer alguma relação com o enredo ou não. 

    Palavras desgastadas: “deveras”, “assaz”.

    Um texto bem escrito, com ritmo, apesar das repetições.

    Parabéns!

  4. Bia Machado
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Olá, Bones, tudo bem? Seguem alguns comentários sobre a minha leitura do seu texto.

    Desenvolvimento (1,0): Estrutura sólida, narrativa segura até o final.

    Pontos fortes (1,0): O enredo, aliado à forma como o desenvolveu, com direito a uma frase ao final que deixa tudo bem sarcástico, ou com aquele estilo irônico de humor. Há a suspensão da descrença, porque deixamos de lado toda a cultura a respeito de um zumbi a princípio nunca poder agir da forma como esse agiu na história.

    Adequação ao tema (0,5): O xadrez está lá, como um símbolo de persistência e memória.

    Gramática (0,5): Tudo nos eixos, não vi nada que estivesse fora do lugar.

    Emoção (2,0): Eu amei, sério. O tempo de leitura indicado, entre 12 a 18 minutos, me pareceu que foi bem menos que isso para mim, tanto foi o envolvimento.

  5. Thaís Henriques
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Thaís Henriques

    Uau! Tenho que iniciar desta forma. Eu absolutamente detesto histórias de zumbis, apocalipse zumbi e seus derivados. Surpreendentemente, eu gostei do teu conto. Engraçado como de alguma forma ele me trouxe à mente “A Sétima Trend”, também deste desafio. Teu conto não foi meu favorito, mas foi uma agradável surpresa.

  6. Amanda Gomez
    12 de dezembro de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Ok… esse conto é muito legal. Achei divertidíssimo e fui balançando a cabeça, concordando com absolutamente tudo que o protagonista falava… fugir pra onde? Por quê? Bom, pra alguém que provavelmente não tem laços familiares fortes é mais fácil, mas a forma como ele lidou com o apocalipse foi a mais sensata e inteligente. Se eu estou fadada a morrer mesmo, que seja no conforto de casa.

    A história tem uma crescente muito interessante, eu já imaginava que o adversário era um zumbi, mas mesmo assim foi muito legal a forma como você mostrou isso. Seu texto é fluido, divertido, irônico, muito bom mesmo! Vai ficar na minha cabeça um tempinho. Queria ter tido essa ideia. O final ficou um tanto estranho, ele comeu o cérebro mas ainda tinha a cabeça? O zumbi foi cuidadoso ao extrair a matéria-prima? kk ficam os questionamentos.

    Parabéns! Boa sorte.

  7. danielreis1973
    10 de dezembro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Das Coisas que Persistem (Booth Benoit Bones)

    Esse Walking Dead com xadrez ficou bem interessante. A ideia não é exatamente criativa, um sobrevivente do apocalipse decide permanecer sozinho e enfrentar os hostis zumbis. Mas a técnica descritiva e o crescendo da história me pegaram, mesmo não sendo o meu gênero preferido. A metáfora à A Sétima Selo (o jogo com a Morte), como outras deste desafio, aqui muito se justifica.

    PONTOS POSITIVOS

    O narrador é sarcástico, cético, irônico e meticuloso — uma voz bem marcante, que conduz o conto com humor negro e racionalidade absurda. Há um equilíbrio bem interessante entre lucidez e paranoia.

    Ritmo: o conto começa com distanciamento e até tédio; depois avança para curiosidade, medo, paranoia e, por fim, confronto. A cadência dos movimentos de xadrez funciona muito bem.

    Humor ácido que contrasta com o horror: a combinação de cotidiano dele, no condomínio, hortas e bibliotecas saqueadas com um zumbi estrategista é muito boa. O conto sabe rir de si mesmo.

     Desfecho coerente com a premissa: a revelação do narrador morto, mas ainda consciente e continuando a jogar, tem tudo a ver até com o título escolhido.

    PONTOS A MELHORAR

    Há momentos em que a narração se estende além do necessário (sobretudo na parte intermediária, antes do zumbi aparecer). 

    A transição entre paranoia e aceitação poderia ser mais trabalhada, ficou meio brusca.

    O ponto em que ele simplesmente aceita jogar com o zumbi — embora divertido — acontece rápido demais emocionalmente para alguém tão racional. 

    Acho também que o texto poderia explorar um pouco mais o limiar entre sanidade e delírio.

    Desejo sucesso no desafio!!

  8. Fabio Baptista
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    O apocalipse zumbi acontece. Depois de muitos anos, um sobrevivente nota que as peças do tabuleiro se movem quando ele não está lá e descobre que não está tão sozinho quanto pensava. O outro jogador é um zumbi. Eles apostam, o sobrevivente (nosso narrador) perde o jogo e se torna um zumbi também. Os novos amigos estão jogando xadrez desde então.

    Um bom exemplo de que por mais batido que esteja a temática (zumbi no caso), sempre é possível extrair algo com ar de novidade.
    Acredito que o maior mérito aqui tenha sido a técnica, a primeira pessoa nos trouxe para a pele do protagonista e, apesar de um deveras aqui e um assaz acolá (falou o cara que meteu um “outrossim” no desafio anterior rsrs), criou a afinidade necessária para torcermos por ele de certa forma e querermos desvendar o mistério.

    MUITO BOM

  9. Fabiano Dexter
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História

    Conto espetacular sobre um sobrevivente a um Apocalipse zumbi que monta as peças de xadrez na praça do condomínio onde mora e acaba jogando uma partida com um morto vivo.

    O desenvolvimento é muito bom e a história vai se desenrolando aos poucos. Ainda que não tenha me surpreendido tanto o final, o modo como se chega a ele é muito bom e o controle do narrador é completo.

    Tema

    Xadrez com Zumbi. Quem precisa de mais?

    Construção

    Escrita agradável e fluida. A história se desenvolve sem grandes exageros e, mesmo partindo de uma premissa extrema que é um apocalipse zumbi, o restante do texto é verossímil e o modo de pensar do protagonista racional e sensato.

    Impacto

    O ponto alto para mim nem foi o fato de um morto vivo jogar Xadrez, mas o risco tomado e aceito pelo protagonista de assumir o risco de continuar com a partida tomado pela necessidade de iteração com outro ser, ainda que morto.

  10. Jorge Santos
    8 de dezembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá. Gosto de xadrez e de contos de terror bem escritos. Por isso, o seu texto foi devorado com prazer. Logo na introdução dá motivos para refletir. Jesus como zombie, a comer cérebros há 2000 anos? Um conceito interessante, que se alargou ao resto do conto, que é narrado de forma elegante, com momentos de uma crueza extrema, que termina de forma inesperada. Boa notícia: há jogos de xadrez para além da morte. Nota máxima, sem mais a acrescentar.

  11. Pedro Paulo
    7 de dezembro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Não pude prever este conto! O enredo se desdobra pela ironia fina da narração de seu protagonista rabugento, que debocha um pouquinho do fim do mundo enquanto celebra um destino que muitos achariam intolerável. A atemporalidade do apocalipse é bem narrada pela descrição do condomínio de um só morador e nisto o xadrez é bem introduzido a princípio na aparência de que será um hábito-relógio do narrador, mas logo se torna a arena do suspense de um jogador misterioso a dividir aquele estranho isolamento com o protagonista. A partida é confusamente narrada e irreproduzível, pelo que percebi, mas isso só atrapalha a leitura de quem se equivoque por dar importância demais a isso e não preste atenção ao esmero da construção de expectativa que ocorre no encontro entre adversários e do que é posto em jogo. Neste ponto, admiro a continuidade da voz narrativa na indignação hilária do protagonista ao perceber que sim, enfrentava um morto-vivo diante de si. Daí, a aposta e a tensão, quase não alcançada pelo evidente aperto do limite de palavras. Ainda assim, funciona. O desfecho é de perder a cabeça!

  12. marco.saraiva
    7 de dezembro de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Um conto muito interessante e muito bem ambientado. Quando o homem descobriu que havia alguém jogando com ele, senti até um calafrio! As reações foram excelentes, também. Eu não dormiria caso descobrisse que havia um sobrevivente na surdina ao redor da minha casa durante o apocalipse zumbi. A leitura também mergulha naquele velho dilema: nenhum homem é uma ilha. E mesmo que ele fosse um sobrevivente, súbito, sacrificou a segurança por uma partida de xadrez. Viu-se querendo jogar mais, ao invés de eliminar a ameaça.

    Então a história avança para o absurdo com o zumbi jogando xadrez e ele aceitando uma aposta arriscada. O próprio narrador se pergunta se aquilo não era a manifestação da própria solidão, o que bem podia ser verdade. Mas o conto o tempo todo discute justamente isso: apesar de, no início, o personagem estar orgulhoso de ter sobrevivido tanto tempo sozinho, o preço foi a própria sanidade, nascida de meses de solidão e falta de esperança.

    O final foi um pouco anticlimático ao meu ver, mas o conto é bem fechadinho, o que sempre agrada. Muito criativo e bem escrito. Gostei das pitadas de humor e da ambientação. Parabéns!

  13. cyro eduardo fernandes
    2 de dezembro de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Muito criativo! O inusitado embate com um zumbi foi original. Gostei, acho que daria um bom curta-metragem. Parabéns!

  14. Mariana
    20 de novembro de 2025
    Avatar de Mariana

    Para a avaliação ficar bem explicada, organizei os tópicos que construíram a nota

    História: 

    Há começo, meio e final (0,75)? Temos bem estabelecido a introdução, o desenvolvimento, a conclusão e as consequências da partida. Muito bom 0,75

    Argumento (0,75): O xadrez é parte central do argumento. Eu gostei bastante da ideia, apesar de adivinhar que o adversário era um zumbi. Nesse sentido, o final é mais interessante. 0,6

    Construção dos personagens (0,5): Eu adorei os personagens. O sobrevivente é cheio de camadas, porém, achei o zumbi adorável. Não sei, ele exalou carisma e podridão. 0,5

    Técnica:

    A capacidade da escrita de prender (0,75): A primeira leitura que fiz, confesso, achei o começo um tanto bobo e desisti. No entanto, a segunda leitura superou essa impressão e o texto correu e conquistou. Como se o autor tivesse dosado o tempero da receita. 0,6

    Gramática, ortografia etc (0,75): Tudo certo, não percebi erros e a construção está bem organizada e fluída. 0,75

    Impacto (1,5): O conto mais divertido até agora, muito bom mesmo. Brinca com clichês de uma maneira inteligente e o lance do cérebro alimentar zumbis e a relação com xadrez, bem legal 1,5

  15. Gustavo Araujo
    17 de novembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Olha, eu já estava torcendo o nariz: (mais) uma história de apocalipse zumbi… Cadê a criatividade, meu povo? Mas, surpreendentemente, e digo isso de modo positivo, o conto acabou me fisgando. Sei lá, talvez pela maneira como é narrada, desse jeito simples e descompromissado, sem arroubos estéticos, em que as jogadas de xadrez existem e são importantes para o desenvolvimento, mas que, ainda assim, não são difíceis de perceber ou de imaginar. Destaque também para os momentos gore kk ficaram excelentes, ri bastante. A ambientação também é ótima e o protagonista narrador, bem cativante. Dá para torcer fácil por ele, digo, no sentido de afeição. E claro, com o desenvolvimento, essa torcida acaba ganhando ares literais, já que não queremos que ele morra abduzido.

    Sim, tem a referência ao Sétimo Selo aí, devidamente expressa e explicada pela aposta que o narrador faz com o zumbi jogador. Eu estava esperando que os dois ficassem amigos antes do fim da partida, mas, pelo jeito, isso aconteceu depois, quando ambos já estavam se desfazendo a olhos vistos.

    Se posso reclamar de alguma coisa é, em primeiro lugar, das peças vermelhas (!) em vez de pretas – alusão ao sangue/morte? Não ficou claro e, por isso, não ficou legal… Mas o que me incomodou mais foi o fim, que achei um tanto abrupto, se bem que o(a) autor(a) deve ter-se visto preso ao limite do desafio e, com a corda no pescoço, precisou encerrar a história. De qualquer forma, ainda que o arremate tenha sido apressado, não dá para dizer que não ficou redondo.

    No geral, portanto, gostei do conto. Quase uma comédia. Fácil, fluido e bacana de ler. Parabéns e boa sorte!

  16. Priscila Pereira
    13 de novembro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, BBB! Tudo bem?

    Comecei seu conto sem grandes expectativas, aliás, ficaram bem baixas quando li sobre Jesus ser uma espécie de zumbi… mas, o conto foi me ganhando e no final era um dos meus preferidos! Difícil isso acontecer, hein!!

    Gostei bastante da escrita descontraída e fluída, achei os pensamentos do protagonista bem verossímeis, a ansiedade de ter encontrado um oponente e de tentar descobrir quem era foi muito bem narrada. A solidão deve ser a pior coisa em um mundo pós apocalíptico… tanto que o protagonista aceita o desafio do zumbi … uma coisa totalmente fora do esperado. Gostei do final, ficou original, já que nunca imaginamos que o protagonista viraria um zumbi e praticamente por vontade própria. Achei o conto bem descontraído, muito legal, entretrivo. 😁

    Parabéns pelo conto!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  17. Kelly Hatanaka
    12 de novembro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Considerações

    O apocalipse zumbi, narrado por uma pessoa sensata e que não tem grandes problemas com a própria companhia. Eu posso não se sensata, sei lá, vai saber, mas a verdade é que me identifiquei com o protagonista narrador. Gostei dele!

    O conto é narrado numa linguagem coloquial, que combina muito com o formato meio confessional e a personalidade do narrador é bem definida. Suas ações são coerentes e as cenas são bem desenhadas.

    A maneira como se dá a aproximação com o zumbi, até o final, é bem conduzido, nada soa forçado.

    Gostei ou não gostei

    Gostei muito. Um conto divertido e bem escrito, com um personagem facilmente relacionável, ao menos para mim.

    O mundo interior do personagem é muito bem descrito, seu prazer com a própria companhia e o peso da solidão que começa a ficar claro com o jogo de xadrez. A maneira como o narrador fala é cheia de personalidade, mostra muito sobre quem é esta pessoa.

    É um conto divertido e bem conduzido, mas ele traz também uma crítica certeira à sociedade.  Somos animais sociais, mas foi o agrupamento que acelerou o fim. O protagonista parecia imune a essa necessidade do grupo, porém, o isolamento cobrou seu preço e ele se viu, enfim, atraído pela ideia de um parceiro de xadrez.

    Pitacos não solicitados

    Nenhum pitaco a oferecer. Gostei muito do conto.

  18. Antonio Stegues Batista
    8 de novembro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Enquanto todos fogem de um condomínio por causa de um apocalipse Zumbi, o protagonista permanece em sua casa e acaba jogando xadrez com um homem zumbi. Gostei do argumento, da narrativa muito bem escrita. Gostei da forma como foi construindo o ambiente, o suspense, aos poucos revelando quem estava mexendo as peças de xadrez. Construção lenta e bem executada, pra manter o interesse do leitor. A ambientação também ficou muito boa, dando um ar poético aos detalhes. Senti falta de mais informações sobre o protagonista, da família dele, se era solteiro, divorciado, etc.

  19. andersondopradosilva
    8 de novembro de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, autor.

    Autor, o seu texto me divertiu. Ele é correto, fluido, técnico. Eu não estava esperando encontrar um texto sobre apocalipse zumbi no desafio. Pela grande surpresa, vou lhe atribuir a categoria de CONTO MAIS CRIATIVO.

    Você não me trouxe o tipo de literatura de que mais gosto, que me desafia intelectualmente, ou que me emociona, ou que investe na beleza e na poética, mas, bem raramente, principalmente em textos curtos e corretos e fluidos como este seu, aceito bem uma prosa que apenas me arranque um sorriso.

    Nota 4,8.

  20. claudiaangst
    6 de novembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Temos aqui um conto que aborda o tema Xadrez em um cenário distópico. Missão cumprida.

    O narrador/protagonista lida com o isolamento em um mundo tomado por zumbis. Surge um adversário misterioso para as partidas de xadrez, uma aposta foi feita e uma cabeça perdida. Mas seria a perda literal da cabeça ou o descontrole da mente? Ao ler, imaginei que o protagonista tinha enlouquecido de vez devido à solidão e à falta de perspectivas diante de um cenário tão caótico e desolador.

    A narrativa é bem conduzida, consegue prender a atenção. A leitura flui sem entraves, o que torna a experiência mais prazerosa.

    O conto está bem escrito e não encontrei falhas de revisão importantes. Aponto somente alguns detalhes, chatices da minha parte, claro:
    • […] ao lado da porta. Abri a porta e saí. Voltei, tranquei a porta. > Não sei se a repetição de “porta” foi proposital, mas não me incomodou.
    • […] se pudesse entender minha confusão, seria simpático à minha condição. > o texto acabou rimando confusão e condição. Também não me incomodou.
    • E, por isso, tive de oferecer a minha ao vencedor. > Veja bem, a construção está correta, mas por estar isolada em um novo parágrafo, fica a dúvida: minha o quê? Como “cabeça” foi citada anteriormente, essa frase deveria permanecer no mesmo parágrafo.

    Um bom texto, e acabei de saber que é um dos favoritos da Priscila. Parabéns! E boa sorte!

  21. Luis Guilherme Banzi Florido
    5 de novembro de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa noite, Booth! Tudo bem?

    Conto muito bom! Bastante curioso e autêntico, me surpreendeu positivamente. De cara percebi que seria non Sense e divertido, quando você fala do Jesus zumbi. Soltei uma deliciosa risada nessa hora hahahaha.

    O conto então se desenrola, capturando totalmente a atenção do leitor. O non sense se funde ao mistério daquele jogador misterioso, e a surpresa do dedo encontrado cria um adorável clima de que algo muito louco está prestes a acontecer.

    Gostei muito de tudo. Sua escrita é segura, ótima técnica, doses de humor na medida certa , o protagonista e seu amigo são carismáticos, e o final é muito bom, bastante satisfatório, explicando, inclusive, o título.

    Adorei. Parabéns e boa sorte!

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Publicado às 2 de novembro de 2025 por em Liga 2025 - 4B, Liga 2025 - Rodada 4 e marcado .