EntreContos

Detox Literário.

Assassinatos nas Trilhas do Xadrez (Luis Guilherme)

Dia 1 – Peças brancas

Hughes Town amanhecera outra vez encoberta pela neblina — falso prenúncio da monotonia de mais um dia moroso na pequena cidade mineradora.

Amortecido pelo tédio de policiar três mil cidadãos numa vila onde a ocorrência mais grave costumava ser alguma discussão acalorada no Bar do John, ou outro caso de violência doméstica para o qual fazia vista grossa, o Xerife Charles conduzia a viatura rumo ao turno matinal na delegacia quando algo improvável quebrou seu torpor.

— Xerife Charles, na escuta? Ocorrência urgente na central.

Acelerou, tentando em vão ligar o giroscópio, inoperante por falta de uso.

Entrou apressado na delegacia, que naquela manhã fervilhava com uma energia caótica capaz de dissipar qualquer resquício de sonolência.

— É uma carta… estranha. Está endereçada a você — disse a secretária, tropeçando nas palavras enquanto lhe estendia uma folha de caderno surrada.

Ainda parado no átrio, com as portas abertas às costas convidando o ar frio da manhã cinzenta, Charles leu as letras coloridas recortadas de revistas, sob o olhar atento de meia dúzia de espectadores que prendiam a respiração.


Estimado Xerife Charles,

Quero convidá-lo para uma partida de xadrez. A partir de amanhã, a cada dois dias ocorrerá um assassinato nesta cidade. Mas vocês são as peças brancas, e as brancas começam jogando. Você tem um dia para evitar a primeira morte.

Os peões são as unidades mais simples e descartáveis do xadrez. São eles que morrem primeiro, dando a vida para permitir o avanço das tropas do rei: a torre, o bispo, o cavalo, a rainha. Seis tipos de peças brancas, uma morta a cada dois dias — a não ser que você derrube o Rei Preto.

O xeque-mate ocorrerá em H5.

No xadrez, vence aquele capaz de identificar padrões, prever os próximos movimentos e conduzir o adversário na direção que escolheu. Faça sua jogada.

Assinado: Rei Preto.


Após reler algumas vezes, Charles quebrou o silêncio hipnótico.

— Isso é algum tipo de piada, né?

— Chegou durante a noite. Alguém deixou na frente da delegacia. E não, a câmera ainda não foi arrumada. A gente… a gente nunca achou que fosse realmente precisar — justificou-se o subxerife Rud. — O Jack foi o primeiro a ler. Procurou algum indício de remetente, alguma pista, mas não há nada. É uma folha genérica de caderno, sem sinais identificadores.

A comoção inicial da notícia logo se desfez no marasmo burocrático. Charles não tardou a arquivar o mistério em alguma gaveta da mente — uma daquelas onde colocava as coisas com as quais não queria lidar.

Dia 2 – Peças pretas

O dia transcorria em tamanha normalidade que, perto das quinze horas, quando Charles se preparava para adiar alguns documentos para o dia seguinte e desligar o rádio a fim de evitar novas chamadas, uma secretária desesperada irrompeu em sua sala sem bater.

— Explosão… carros… perto da ponte… — balbuciou, antes de desatar num choro soluçante, entremeado por palavras ininteligíveis.

Menos de meia hora depois, Charles se aproximava dos destroços de dois carros carbonizados, cujos corpos enegrecidos de seis passageiros ainda ocupavam os assentos.

— Tarde, Charles. Explosão por bomba. Foi plantada sob o veículo. A suspeita principal é de detonação remota, mas a perícia vai confirmar com mais precisão em alguns dias — relatou o legista da cidade, de maneira mecânica, sem esperar perguntas nem respostas.

— Quem eram? — indicou com a cabeça, tentando acender um cigarro sob a chuva densa.

— Altos funcionários da Mineradora Hugh. Estavam indo pra uma reunião sobre a inauguração de uma nova mina — respondeu o subxerife, desligando o celular.

Ao retornar à delegacia, com a têmpora latejando ao compasso da chuva torrencial, Charles teve um déjà vu. A secretária o esperava, estendendo-lhe uma folha de papel amarrotada.


Estimado Xerife Charles,

Vejo que não agiu a tempo e acabou perdendo todos os Peões, deixando a alta casta das peças brancas exposta a ataques. O xadrez é um jogo que exige planejamento, mas também agilidade de raciocínio.

Os Peões têm função essencial de ataque e defesa. São também as primeiras vítimas, sacrificadas em nome do avanço do Rei. Em cidades como a nossa, às vezes são soterrados ou tomados por doenças, e descartados para a morte.

Os Peões Pretos foram dizimados, mas as peças brancas agora também estão à mercê do próximo ataque. Você conseguirá impedi-lo?

Oh, as Torres Brancas… impassíveis estruturas de mármore luxuoso, aguardando sob a chuva densa. Quão altivo é seu porte, rasgando o horizonte de uma cidade de outro modo horizontal.

Qual será meu próximo movimento?

Rei Preto

 

Dia 3 – Peças brancas

Charles passou o dia soterrado em papéis antigos, jornais, documentos, ligações e repórteres. E memórias.

Após algumas respostas evasivas e uma longa reunião com o prefeito McGuire e o velho Hugh — proprietário da mineradora que levava seu nome e que agora exigia providências sobre os diretores e supervisores assassinados —, Charles se trancou em sua sala, determinado a encontrar qualquer pista naquele bilhete.

Claramente, o tal Rei Preto estava jogando um jogo, e agora era o turno de Charles. Ele tinha o restante do dia para evitar novas mortes. Repassou as informações, afixadas na parede num digno clichê hollywoodiano — o que arrancou uma risada seca do mal-humorado policial.


Peões brancos – altos funcionários da mineradora
Peões negros – pessoas mortas em desabamentos e/ou doenças
Torres brancas – construções luxuosas de mármore? / referem-se a pessoas ou a prédios? / sede da mineradora?
Torres negras – ?
Rei Preto – especialista em explosivos? / uma das vítimas? / vingança?


Apesar das escassas informações, era evidente que o alvo era a mineradora. Precisava proteger as sedes. Dessa vez, não seriam pegos de surpresa.

Mobilizou o pessoal e, dividindo-se com o subxerife, montaram guarda durante a madrugada, tentando antecipar o próximo ataque.

Dia 4 – Peças pretas

Passava das seis da manhã, e Charles resistia ao sono após uma longa noite à base de cafés e energéticos. Apesar do cansaço, ameaçava um sorriso: haviam conseguido prever o movimento do Rei Preto. As rondas tinham sido eficazes, e ninguém se aproximara dos prédios da mineradora durante toda a noite.

Como se respondesse a esse pensamento confiante, duas explosões distantes pulverizaram sua convicção.

O caos agora dominava a cidade. Cidadãos desesperados aglomeravam-se diante da delegacia, e a turba exigia respostas.

Na pequena sala do xerife, um grupo de pessoas discutia suas opções — todas em voz alta, todas ao mesmo tempo.

— Chega! Calem a boca! — a voz de Charles rompeu a algazarra. O prefeito McGuire, Hugh e Rud o encararam, atônitos.

— Houve um erro de cálculo. Achamos que o alvo fosse a mineradora. Os ataques foram à prefeitura e ao jornal. A única vítima foi o senhor Marley, proprietário do jornal, que finalizava a edição de hoje.

— O que isso quer dizer? — interrompeu o prefeito. — Qual a relação entre os alvos de ontem e de hoje?

A porta se abriu, e a secretária entrou, carregando algo nas mãos.

— Senhor, o carteiro acabou de deixar isto. Foi postada ontem à tarde, mas não tem remetente.

Apertando os olhos doloridos, Charles murmurou, com um riso amargo, enquanto abria o envelope:

— Foi enviada ontem… Ele já sabia o que faríamos…


Prezados senhores Xerife, Subxerife, Prefeito e Minerador,

Suas ações impensadas custaram-lhes as Torres. Essas imponentes construções são essenciais na defesa do Rei: protegem-no enquanto ele se senta em seu trono dourado, tomando suas decisões corruptas. Elas o escondem, acobertam sua vida de luxos e podridão.

Mas agora as Torres Brancas caíram, assim como as Negras, que foram varridas por vocês em sua ganância — deixando os Peões Pretos, já pobres e doentes, sem ter uma torre segura onde repousar e abrigar suas famílias.

O Rei Branco não pode mais proteger seu luxo. O Peão Preto não pode mais proteger sua família.

O tempo agora escorre entre seus dedos, e seus Bispos Brancos se regozijam ante o dia do Juízo Final, enquanto professam sua nova fé, perversa e maligna. Movimente seus Bispos Brancos banhados a ouro antes que o exército do Rei Preto irrompa das profundezas do inferno e queime suas almas em fogo dourado.

Rei Preto

Dia 5 – Peças brancas

A cidade mergulhava em caos. Pessoas tentavam fugir, congestionando as estreitas ruas — mal planejadas para amparar a crescente população de operários que agora transbordava dos morros com seus barracos precários, equilibrados como cartas empilhadas.

Uma instável torre, ameaçando desabar sobre a cidade.

Os esforços policiais tentavam, em vão, conter e acalmar a multidão, enquanto o xerife e o subxerife abriam caminho rumo às inúmeras igrejas que se multiplicavam pela cidade, competindo por fiéis com os bares — um par por quadra.

Com muito esforço, levaram todos os padres, pastores e qualquer tipo de sacerdote que encontraram para a delegacia, onde manteriam guarda durante toda aquela noite e o dia seguinte.

Após uma varredura minuciosa pela delegacia à procura de explosivos e a montagem de um perímetro de segurança, Charles permaneceu acordado em sua sala, aguardando o próximo movimento do Rei Preto.

Dia 6 – peças negras

Era meio-dia quando duas explosões abalaram a cidade. O único banco foi dizimado, enquanto, alguns quilômetros ao norte, a casa do dono do banco sofria o mesmo destino. O Barão e a Baronesa de Murray arderam em meio à montanha de ouro.

Segundos depois, Charles sentou-se no degrau mais alto da entrada da delegacia, testemunhando o ardor dourado que tingia o céu cinzento — um espetáculo de cores a queimar-lhe a retina e marcar-lhe profundamente a alma já maculada. Ainda sem reação, recebeu uma entrega de um garoto, pago por um estranho num beco, no dia anterior, para fazê-la naquele horário preciso. O menino seria interrogado, mas nada tinha a oferecer à investigação.


Estimados Cavalos e Rei Brancos,

Sua nova religião é perversa. Os deuses que cultuam tomaram nossa alma e nos negaram o paraíso — negaram-nos qualquer salvação.

Seus Bispos Brancos os absolveram de todos seus pecados, enquanto, em troca, ofereceram-lhes o paraíso, deixando para nós apenas as chamas do inferno.

Nelas, nos banhamos. Nelas, nossas peles e nossos pulmões queimaram, enquanto vocês bebiam o sangue e comiam a carne de seu novo falso profeta.

Suas ações os condenaram. Condenaram a todos nós. Os Bispos Negros foram devorados pela ânsia dourada que emana do seu novo Deus.

Agora estamos na reta final. Não existem mais Peões, Torres ou Bispos de nenhum lado. O tabuleiro está aberto — e todos prendem o fôlego ante a expectativa da conclusão, o apocalíptico Xeque-Mate.

Mas ainda existem Cavalos. Os Cavalos são peças astutas. Seus movimentos irregulares lhes permitem alcançar áreas impossíveis. Vocês, Xerifes, invadiram nossas casas, atravessaram nossas defesas. Protegeram os Bispos, as Torres e os Reis — e, em troca, ficaram apenas com migalhas.

Não existem Cavalos Brancos. Apenas Cavalos Negros, corrompidos pela nova religião, que protegem o Rei Branco ao custo de suas próprias almas.

Em dois dias, teremos o Xeque-Mate. Será capaz de proteger o Rei Branco, oh Xerife, Cavalo cuja cor foi manchada de ouro rubro?

A Rainha é uma peça essencial — deveriam cuidar melhor da sua. Quem sabe assim possam salvá-la do terrível destino daquelas que se deitam no leito febril de um Rei delirante, enquanto ambos derretem com o mundo que amavam apodrecendo sob seus corpos agonizantes.

Rei Preto

Dia 7 – peças brancas

O dia que precede o Xeque-Mate. O apocalipse, o dia do juízo final, quando o tabuleiro se consome em chamas e um dos Reis é deposto, derrubando sua coroa ensanguentada aos pés do conquistador.

Charles não dormia há dias. Releu inúmeras vezes a carta do dia anterior e colocou-a ao lado das demais, analisando o tabuleiro que se formava diante de si. Pronto para solucionar o enigma e encurralar o Rei inimigo.

Após garantir a segurança do Prefeito e de sua esposa — agora sob a proteção total da força policial — reuniu-se com o Subxerife em sua sala. A tarde se consumiu em chamas como a cidade, que se via tomada por uma grande revolta.

Agora era claro que o Rei Preto havia perdido tudo: seus amigos, sua comunidade, suas crenças, sua família — tudo arrancado dele. Repassavam exaustivamente as informações.

A Mineradora Hugh, que chegara à cidade nos anos 70. O Prefeito corrupto, que aceitava propina para encobrir mortes por desmoronamento e pela horrível doença respiratória e cutânea que ceifava mineradores e familiares. A mídia, cúmplice, que encobria. O banco, que lucrava. A polícia, que controlava a população — à força.

E amanhã, tudo chegaria ao desfecho. “O Xeque-Mate ocorrerá em H5.” Uma casa do tabuleiro de xadrez? Ou talvez…

– Rud, pegue o mapa das minas!

– O que exatamente cê tá procurando, Charles?

– H5! Aqui! Cada mina é identificada com H, de Hugh. H5 é uma das minas mais antigas, uma das cinco originais. É lá que ele vai estar amanhã!

Nesse instante, o relógio soou meia-noite, e o telefone tocou.

– Sou eu, Hugh. Minha esposa… ela desapareceu.

Dia 8 – Rainha e Xeque Mate

Charles e Rud cruzaram a cidade com dificuldade, na madrugada iluminada pelas chamas. A população, motivada pela lenda emergente do Rei Preto, queimava carros, apedrejava viaturas e prédios públicos.

A H5 ficava numa região afastada ao norte de Hughes Town. Há 20 anos, no início dos anos 70, com a chegada da família Hugh à região e o advento da mineradora, que mudaria até mesmo o nome da cidade, aquela fora a primeira área explorada. As encostas montanhosas transbordavam ouro, e a empresa explorou cada centímetro das minas de H1 a H5, abandonando um cenário de miséria e degradação física e moral.

Os Xerifes agora testemunhavam tal cenário, e uma sensação desagradável que lembrava culpa preencheu o peito de Charles ao ver as casas paupérrimas, as crianças magras e os muitos viciados que disputavam abrigo do frio com cachorros e ratos.

O acesso à H5 ficava a meio quilômetro mata adentro, e os homens se surpreenderam ao encontrar o Sr. Hugh à espera no caminho.

– É só essa a força policial que veio resgatar minha esposa? – desdenhou.

– A cidade está em chamas, Hugh. E é graças a você. Então é melhor não testar minha paciência.

– Graças a mim… – um sorriso provocador perpassou o rosto malicioso, mas Hugh pareceu preferir não atrasar o resgate. – Eu vou com vocês.

– Se você entrar, só vai nos atrapalhar e colocar em risco sua esposa. Você vai nos esperar na entrada e torcer para que nenhum dos caras lá dentro decida ser o peão que vai matar o Rei. – Sem esperar resposta, Charles gesticulou para Rud, que o acompanhou silenciosamente pela entrada da gruta.

A outrora brilhante caverna, transbordante de um dourado vivo, agora projetava as luzes das lanternas em sombras bruxuleantes a cada curva. Charles, liderando, apontava a arma para cada sombra, torcendo para não precisar disparar naquele espaço apertado.

Após caminharem pouco mais de 200 metros, chegaram a um beco sem saída. Um desabamento no corredor oposto criara um amplo salão. No centro dele, a luz das lanternas incidiu sobre duas figuras encurvadas.

A Sra. Hugh parecia desacordada, e a essa distância era impossível dizer se respirava. A segunda figura respondeu à indagação silenciosa:

– Ela está viva. Mas melhor baixarem essas armas se quiserem que continue assim. – A figura era tão velha e enrugada que Charles soltou um gemido baixo, temendo que o rosto se rompesse no esforço de falar.

– Você perdeu, Rei Preto. Nós desvendamos tudo. Chegamos aqui a tempo, e você não tem como escapar. Renda-se.
 – Escapar? – O homem riu, numa explosão dolorosa que se tornou uma tosse de sangue violenta.

Rud olhou, dividido entre pavor e pena, enquanto o homem se recuperava, a pistola ainda apontada firmemente para a mulher desacordada.

– Não há escapatória para mim, Cavalo. Olhe para mim. Já estou morto, de todo modo. Não tenho mais que alguns dias de vida. Não, não estou encurralado aqui. Você não me encurralou: eu te encurralei. Você fez seu movimento final, e agora é a hora do Xeque Mate. Avisei na primeira carta que o xadrez é um jogo de estratégia. Avisei que venceria quem manipulasse o inimigo até o local desejado. Meu plano nunca foi matar a Rainha Branca em H5. Não é necessário matar a Rainha para dar Xeque Mate – o homem irrompeu em risadas sangrentas.

Enquanto os policiais se entreolhavam atônitos diante da insanidade daquele morimbundo, o Rei Preto apontou a arma para o teto e apertou o gatilho. Nada aconteceu.

– Percebem? O Rei Preto encurralou a Rainha Branca e os Cavalos apenas para abrir espaço para o ataque. Hoje, a Rainha Negra é quem derrubará o Rei Branco. Xeque! – berrou, e o que aconteceu em seguida foi tão abrupto que deixou os homens atordoados.

Uma explosão ensurdecedora estremeceu a caverna. Mas não foi o interior que explodiu. A explosão desabou a entrada, prendendo os quatro ali dentro. O Rei Preto agora ria tanto que se contorcia, uma massa sangrenta, de pele derretida.

– Xeque-Mate! – O grito, agora, veio do lado de fora. Uma voz feminina, rouca, rasgada, marcada pelo pulmão corrompido e pelo ódio que finalmente transborda.

Em seguida, um tiro ecoou. E o apocalipse se estabeleceu no tabuleiro de Hughes Town, enquanto o fogo consumia as almas miseráveis e as risadas do Rei Preto ecoavam pela eternidade no ventre da terra.

Sobre Fabio Baptista

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20 comentários em “Assassinatos nas Trilhas do Xadrez (Luis Guilherme)

  1. Andre Brizola
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Tigran!

    Um conto interessante que usa o xadrez de uma forma metafórica. O jogo aí é proposto por um assassino vingativo, que leva suas ações adiante fazendo alusões aos movimentos das peças. A todo momento temos contato com os termos do xadrez, mas sem ter o jogo, de fato, na trama. Foi uma utilização bem particular.

    Técnica – Sempre digo que gosto das divisões por capítulo, e aqui não foi diferente, pois achei que funcionou bem. O conto pedia pela fragmentação, para que o texto permitisse o encaixe do roteiro. Me pareceu muito bem revisado, e as estruturas de capítulos foram bem arquitetadas para que o ritmo, assim que iniciado, não fosse interrompido. Mas, senti falta de um texto um pouco mais elegante. Nem sempre a adjetivação vai gerar essa impressão, e me pareceu que a busca aqui foi tentar dar riqueza ao vocabulário com adjetivos em abundância. Não funcionou pra mim, pelo menos. Achei que o texto acabou ficando um tanto quanto cansativo, e relativamente magro perto daquilo que o enredo pedia.

    Enredo – O roteiro é o que mais gostei do conto. Há alguns aspectos que senti que deveriam ter sido melhor trabalhados, mas no geral ele conseguiu demonstrar o intento de se colocar no gênero popularizado por Agatha Christie e outros. E o que eu acho que poderia ser mais trabalhado? Em primeiro lugar, a ambientação. Fica claro que a cidade é um dos personagens, e ela não pode ser inverossímil. É difícil de acreditar em uma vila de três mil pessoas com barracos se empilhando pelos morros. Todo o capítulo 5 dá a entender que se trata de uma cidade muito maior do que é, de fato. Outro aspecto que acho que merecia mais espaço para desenvolvimento é o próprio vilão da história, o Rei Preto, que surge ao final como um doente alucinado, para concluir o enredo num final sugerido. Minha impressão é a de que esse conto sofreu com o limite de palavras, pois o enredo pedia muito mais espaço.

    Impacto – No último desafio que participei usei esse tópico para medir o quanto o conto me impactou. Escrevo essa parte dias depois de ter lido, para saber o quanto lembro dele depois, e se o que lembro é bom ou é ruim. Qualquer lembrança é impactante. E no caso aqui devo dizer que o impacto foi bem pequeno. O conto praticamente sumiu da memória momentos depois de ter lido.

    Conclusão – A impressão principal que tenho desse conto é a de que ele precisava ser maior, bem maior. Há muita coisa que precisava ser mais detalhada, ampliada e aprofundada, para que atingisse o potencial dentro do gênero em que se insere. O resultado final aqui, pra mim, não funcionou muito bem.

    Bom, é isso. Boa sorte no desafio!

  2. Rodrigo Ortiz Vinholo
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Gostei muito! Confesso que o título e a capa de IA me deixaram um pouco ressabiado no começo, mas a construção está excelente, com personagens e motivações interessantes, ambientação cuidadosa e uma série de discussões interessantes. Ainda que a caça de gato e rato entre investigador e criminoso seja um clichê já muito usado, aqui ele funcionou muito bem. Parabéns!

  3. leandrobarreiros
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    É um texto competente, mas acho que enfrenta alguns problemas por conta do limite de palavras. O ritmo do conto é bom e, creio, o maior mérito do conto. É uma escrita que flui bem e carrega o leitor com facilidade pela história.

    O problema é que esse tipo de história, pelo menos para a minha apreciação, demanda um certo envolvimento com os personagens. E, nesse limite de palavras, é praticamente impossível que o autor consiga alcançar um resultado positivo. Não consegui sentir qualquer tensão na leitura. Pouco sei do policial e não estou exatamente torcendo por ele. Não estaria, de qualquer forma, já que ele claramente representa a força opressora da cidade. Mas sei muito pouco sobre o rei preto também e o pouco que sei não é exatamente o suficiente para me importar com ele. A história trágica de vingança está lá, mas é distante e, por ser distante, não gera empatia.

    Esse tipo de história, também, geralmente se sustenta com uma descoberta ao final de que o rei preto, ou a rainha, é na verdade alguém que já vimos anteriormente na história. É aquele temperinho a mais que dá alguns pontos para releitura. Cheguei a suspeitar que a secretária teria algum envolvimento, mas aparentemente, não.

    Enfim, um conto que demonstra habilidade na construção de ritmo, mas não consegue, a meu ver, transpor o desafio hercúleo de escrever uma história policial de destruição do sistema em tão poucas palavras.

  4. Kelly Hatanaka
    12 de dezembro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Considerações

    Um conto policial, com clima noir, e um bom mistério. Charles, o xerife de Hughes Town tenta impedir um assassino que o provoca através de cartas anônimas.

    No conto, seguimos o xerife que tenta, em vão, impedir os assassinatos. À medida que a narrativa avança, percebemos que o policial tem sua parcela de culpa. O estranho é que, nem assim, ele consegue se antecipar ao assassino. No final, quando protegem o prefeito e a esposa, fiquei pensando no porquê de não protegerem também o dono da mineradora e sua esposa.

    Mas, apesar disso, é uma ótima história, bem conduzida e prende a atenção do leitor. Toda boa história tem um furo, e os que vi neste conto são facilmente justificáveis por uma força policial ineficiente e policiais pouco acostumados ao trabalho investigativo.

    Gostei ou não gostei

    Gostei. Uma boa leitura, engajante e interessante. Os personagens são bem desenvolvidos e os elementos do xadrez estão muito bem utilizados. Inclusive o surgimento da rainha negra, ao final. O rei preto manteve a rainha oculta e o xeque-mate partiu dela. Ótima ideia

    Pitacos não solicitados

     O ponto fraco da história é que tudo parece fácil demais para o rei preto. A polícia não tem a menor chance. Entendo que isso se dá por conta do limite de palavras. Mas seria bem interessante se Charles fosse um bom enxadrista e se pudéssemos ver para onde estão indo as investigações.

  5. Pedro Paulo
    11 de dezembro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    A abordagem é criativa, mas não gostei da execução. O vai e vem instiga, só que os personagens são protocolares, representantes de seus papeis ordinários na narrativa sem soarem como pessoas reais, ferindo a importância que eu deveria atribuir a eles. Assim, a história se desenrola num confuso jogo de xadrez cujas associações tardam a parecer mais lógicas (e, mesmo considerando se tratar de uma perspectiva distorcida, ainda não fez muito sentido para mim) e o final não surpreende e nem impacta tanto.

  6. Mariana
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Mariana

    Olá, estou lendo e comentando brevemente também os contos da série A.

    Assassinatos é um conto divertido por ter uma pegada de filme de suspense dos anos 90, que eu particularmente adoro. A utilização do tema foi bem pensada, com a trama toda conectada ao xadrez. No entanto, a parte final da trama ficou confusa… Quem era a rainha preta? Acredito que possa ser desenvolvido em um futuro. Parabéns pelo trabalho.

  7. Fabio D'Oliveira
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas!

    Esse é um dos poucos contos que li duas vezes.

    Na primeira leitura, encrenquei com algumas coisas. É um conto policial, no estilo noir, que não entrega nada de novo. Ele entrega exatamente o que o leitor espera. O clima sombrio, os personagens estereotipados, a construção gradual do mistério e o plot twist na conclusão. Não existe nenhuma novidade para quem conhece o gênero. Não inova, não ousa. Um pouco artificial, também.

    Na segunda leitura, tive uma nova visão. Apesar de todos os elementos que apontei acima me incomodarem, é um conto que se preocupa em desenvolver toda a história. A criatividade não reside apenas na inovação. Ela reside também na construção da história. Os detalhes importam. E, durante a primeira leitura, encrenquei tanto com os clichês que esses detalhes escaparam. A ambientação, o ritmo da história, as pequenas reviravoltas da história.

    Além disso, é um conto que brinca um pouco com a poesia. Tem algumas cenas bem legais. Talvez o conto seja uma homenagem ao gênero, talvez seja um autor que não é familiarizado com o gênero. Isso importa? Não sei. Mas a segunda leitura me fez pensar como ignoramos alguns detalhes positivos quando algo nos incomoda durante a leitura.

    Mesmo com as críticas, o conto está bom. E eu gostei. Não me cativou, como dá para perceber, mas é um conto fora da curva do que esperamos na EC. Merece uns pontos extras só por causa disso, rs. E admito que posso ter ficado um pouco mais ranzinza do que o normal por ser um gênero que gosto bastante.

    Boa sorte no desafio!

  8. toniluismc
    28 de novembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Olá, Tigran! (Gostei do nome rs)

    Apesar das várias ressalvas que farei a seguir, eu curti o seu texto. Sua escrita é bela e envolvente, parabéns! Seguem as observações:

    Aqui, o Xadrez não é periférico, e isso é um grande acerto:

    • A estrutura em dias alternando “peças brancas / peças pretas” cria a sensação de uma partida em andamento.
    • Cada carta associa peças a funções sociais:
      • Peões Pretos = trabalhadores pobres, doentes, soterrados.
      • Peões Brancos = altos funcionários/máquinas do sistema.
      • Torres Brancas = prédios de poder (prefeitura, jornal, sede mineradora).
      • Bispos Brancos = clero aliado ao poder.
      • Cavalos = polícia (xerife, subxerife).
      • Rei Branco = Hugh / a elite econômica.
      • Rei Preto = o vingador / representante dos oprimidos.
      • A “Rainha” = esposa do Rei Branco e, no fim, a Rainha Negra (voz feminina).

    Isso é muito mais orgânico: o Xadrez estrutura a narrativa, orienta a progressão dos ataques e até o ritmo dos dias.

    Mas há problemas:

    • Às vezes, o texto mistura metáfora e descrição de um jeito pouco claro, trocando entre “Brancas” e “Negras” sem fixar de forma cristalina quem é quem o tempo todo.
    • Alguns paralelos são bons na ideia, mas meio forçados na explicação, deixando o leitor cansado de decodificar peça por peça.
    • A frase “Xeque-mate ocorrerá em H5” como código para a mina é um bom conceito, mas:
      • vem com pouca preparação do leitor para pensar em “H” como nome padrão de mina;
      • exige um salto interpretativo que só é explicado bem tarde.

    Resumo: o Xadrez é bem trabalhado como tema e estrutura, mas às vezes o autor explica demais e, paradoxalmente, esclarece de menos, gerando ruídos de compreensão.

    O que acontece no final? (E onde o texto falha)

    Vou destrinchar o final e depois apontar os problemas. O que o conto sugere que aconteceu

    • Charles e Rud descobrem que H5 não é uma casa de tabuleiro, mas uma mina antiga (identificada com “H” de Hugh + número).
    • Eles concluem que o Rei Preto estará lá e vão até a mina com Hugh.
    • Hugh quer entrar; Charles o manda ficar na entrada (importante).
    • Dentro, encontram:
      • a Sra. Hugh desacordada (Rainha Branca “em perigo”),
      • o velho doente: o Rei Preto, prestes a morrer de qualquer jeito (doença das minas).
    • O Rei Preto revela:
      • que não queria escapar; ele já está condenado à morte;
      • que o objetivo não era matar a Rainha Branca em H5; ele só usou ela como isca;
      • que o plano sempre foi manipular o Xerife para levá-lo até ali: “Eu te encurralei”.

    Em seguida:

    1. Ele aponta a arma pro teto e puxa o gatilho — sem munição.
      • Ou seja: ele não tem poder de explodir nada dali de dentro.
    2. Logo depois:
      • A entrada da mina explode e desaba → Charles, Rud, Sra. Hugh e Rei Preto ficam presos lá dentro.
    3. Do lado de fora, ouvimos:
      • Um grito: “Xeque-Mate!”
      • Uma voz feminina, rouca, marcada por doença e ódio.
      • Um tiro.

    O que isso sugere?

    • Do lado de fora está a Rainha Negra – provavelmente:
      • alguma mulher da comunidade mineradora,
      • talvez esposa/companheira do Rei Preto,
      • ou uma figura simbólica do povo que assumiu o papel de “Rainha” da revolta.
    • Ela:
      • detonou os explosivos que selam a mina (prendendo Rei Preto, xerife e companheiros)
      • e provavelmente mata Hugh, o Rei Branco, com o tiro (ou se mata depois de cumprir o plano – o texto não explicita, aí já entra interpretação).

    Assim, o “Xeque-Mate” não é:

    • matar a Rainha Branca (a esposa),
    • nem matar o Rei Preto,
    • mas eliminar o Rei Branco e sacrificar o tabuleiro inteiro (cidade em chamas, mina desabando, todos presos/morrendo).

    É um apocalipse xadrezístico: em vez de vitória clássica, é destruição mútua. Então por que o final é confuso?

    Porque o texto:

    1. Não nomeia claramente quem é a voz feminina.
      • Só diz “uma voz feminina, rouca…”, mas não conecta explicitamente com alguém apresentado antes.
      • Fica parecendo que apareceu um personagem novo no último parágrafo.
    2. Não esclarece quem levou os explosivos até lá fora, quem apertou o detonador, de onde veio esse plano.
    3. Não diz com todas as letras quem toma o tiro no final:
      • Hugh?
      • A Rainha Negra se matando?
      • Outra pessoa?
    4. Joga imagens muito dramáticas e simbólicas (“apocalipse”, “tabuleiro em chamas”, “almas miseráveis”) justamente quando o leitor precisava de concretude, não lirismo.

    Agora os pontos da minha avaliação:

    Técnica

    a) Excesso de explicação nas cartas

    As cartas do Rei Preto são atmosféricas, mas:

    • explicam demais a metáfora das peças,
    • repetem ideias (corrupção, ouro, religião falsa) de forma um pouco didática,
    • às vezes soam mais como um manifesto político do que como comunicação de um personagem concreto.

    Isso pode cansar e atrasar a narrativa, ainda que o conteúdo seja interessante.

    b) Ritmo desigual

    • Os primeiros dias são bem ritmados: ameaça → explosão → reação.
    • Quando as cartas passam a desenvolver muito a “teoria” (religião, ouro, culpa, inferno), o texto fica mais pesado e diminui o senso de urgência.
    • O final, ao contrário, é rápido demais:
      • Descoberta de H5
      • Ida à mina
      • Confronto
      • Explosão
      • Xeque-Mate
        tudo comprimido em pouco espaço, com pouca pausa pra o leitor respirar e processar.

    c) Personagens pouco aprofundados

    • O Xerife Charles tem traço de culpa tardia, mas ela só aparece claramente quase no fim.
      Poderia ter sido construída desde o início.
    • O Rei Preto é muito mais porta-voz de um discurso do que pessoa:
      • sabemos o que ele pensa da cidade,
      • mas não exatamente quem ele é, qual sua história individual, seu rosto no meio da massa.
    • Hugh é o típico “Rei Branco corrupto”; funciona como arquétipo, mas é raso.

    Isso diminui o impacto emocional: a estrutura é forte, mas a empatia é limitada.

    d) Lirismo excessivo nos momentos em que o leitor queria fatos

    Em alguns momentos cruciais (especialmente no fim), a escrita prioriza:

    • imagens simbólicas,
    • metáforas fortes (“risadas ecoando pela eternidade no ventre da terra”),

    em vez de:

    • dizer claramente o que fisicamente aconteceu.

    Esse desequilíbrio favorece a confusão do leitor.

    Criatividade

    A ideia central é muito boa:

    • uma cidade mineradora corrupta,
    • um “terrorista” que narra os ataques como uma partida de xadrez,
    • cada ataque correspondendo a peças eliminadas,
    • “Xeque-mate em H5” virando pista de mina abandonada,
    • final apocalíptico, sem heroísmo clássico.

    Os problemas criativos não estão na concepção, mas na execução:

    • O maniqueísmo é forte:
      ricos MUITO podres, pobres MUITO vítimas. Faltam nuances: algum rico hesitante? algum pobre cúmplice? Isso deixaria o conflito mais humano.
    • A metáfora religiosa/dourada às vezes pesa demais: ouro, inferno, fogo, juízo, deus falso… fica um pouco subtilidade zero.

    Impacto

    O conto tem mais impacto que a maioria nesta rodada, sem dúvida:

    • tensão crescente,
    • sensação de contagem regressiva,
    • ambiente de revolta social e apocalipse.

    Mas o impacto é prejudicado por:

    Carga explicativa – muito do que deveria ser sentido é explicado em carta. Isso racionaliza demais a experiência.

    Confusão no desfecho – você sai pensando “ok, foi forte, mas o que exatamente aconteceu?”.

    Distância emocional – a história é mais sobre a cidade como sistema do que sobre indivíduos. Isso é intencional, mas cobra um preço na identificação afetiva.

    Enfim, foi tudo isso, meu ou minha car@.

    Espero aproveitar a leitura do seu próximo texto em breve. Abraço!

  9. claudiaangst
    26 de novembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Temos aqui um conto que além de abordar o tema proposto pelo desafio, explora o suspense como trama. Isso, sem dúvida, desperta o interesse do(a) leitor(a).

    Não ficou claro, para mim, qual foi a primeira jogada (peças brancas).

    “Os Peões Pretos foram dizimados, mas as peças brancas agora também estão à mercê do próximo ataque” > Não foram os peões brancos que foram dizimados abrindo passagem para as peças brancas? Foram dois carros com seis vítimas – 3 em cada um? Uma bomba causou a tragédia. Como os peões pretos foram dizimados? Peões negros – pessoas mortas em desabamentos e/ou doenças – essa é a resposta? Foram eliminados antes?

    A prefeitura e o jornal eram as torres brancas? “Elas o escondem, acobertam sua vida de luxos e podridão.” > O prefeito e a imprensa acobertavam o Rei Branco?

    As torres pretas eram as casas das famílias dos peões pretos?

    “[…] a Rainha Negra é quem derrubará o Rei Branco.” > Foi a rainha do inimigo que finalizou o xeque-mate? Ela atirou no Rei Branco?

    Texto bem escrito, o(a) autor(a) soube conduzir bem a narrativa, trazendo até um tom poético na dramaticidade da linguagem empregada.

    Pequenas falhas que escaparam à revisão:

    • Charles não dormia há dias. > Charles não dormia havia dias.
    • a hora do Xeque Mate > a hora do Xeque-Mate
    • morimbundo > moribundo

    Um ótimo conto policial, com toques de suspense e terror. Deve agradar a muitos leitores da série B.

    Parabéns pela sua participação nesta última rodada. Boa sorte!

  10. Sarah S Nascimento
    25 de novembro de 2025
    Avatar de Sarah S Nascimento

    Comecei bem! Ops, comecei mau, risos, olá autor!
    Agora sim risos. Eu li o início do seu conto e preciso ir comentando por partes, por que fico na expectativa.
    Por exemplo, prestes a ver a primeira morte. E esse assassino, será que vai ser pego? Tô achando que não.
    A carta do futuro assassino foi muito boa, instigante, clara e sem espaço pra dúvidas, gostei demais dela.
    Caramba, seu conto é muito instigante! Como o rei irá atacar? Torres são prédios, ou são pessoas representando luxo? Quem serão as próximas vítimas?
    Nossa, essa carta sobre os bispos… esse rei sabe falar coisas feias com palavras bonitas! Quem será esse rei? Tô muito curiosa!
    Eita, se entendi bem os bispos não eram literalmente as pessoas da igreja, eram os banqueiros? Ou seja, aqueles que adoravam o dinheiro? Isso foi muito inteligente!
    Terminei o conto agora, isso parecia um filme! Que história incrível, forte e triste.
    Esse final foi demais, com o apocalipse reinando, o caos completo tomando conta.
    Cheguei a ficar com pena do velho que representava o rei. Ele era mais uma vítima se vingando de todo mundo. O momento em que ele atira para o alto na caverna e nada acontece, foi incrível. Eu tava esperando uma explosão imensa logo ali, desmoronar tudo em cima deles e pronto, acabou. risos.
    Teve um certo trecho que achei previsível, que foi essa jogada de sequestrar a esposa do charles. Mas, acho que foi necessário. Não teria muito como fugir disso sendo que o Rei mencionou “cuidar melhor da sua rainha”.
    No geral, achei muito inteligente e criativa sua forma de aplicar o jogo de xadrez em um conto de suspense; adorei o nome da cidade e toda essa construção em relação a mina, a prefeitura, corrupção, ficou tudo encaixado perfeitamente.

  11. cyro eduardo fernandes
    17 de novembro de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto policial, com mistério, relacionado às peças do xadrez. Altos funcionários da mineradora seriam peões? Fiquei em dúvida. O trama é bem articulada, daria um bom roteiro. Achei a ideia bem criativa e ousada.

  12. Alexandre Parisi
    15 de novembro de 2025
    Avatar de Alexandre Parisi

    O conto é intenso e ambicioso, e isso me prendeu logo de cara. A mistura de suspense policial com a metáfora do xadrez funciona bem, mas às vezes parece forçada ou excessivamente explicada. O ritmo é meio irregular: alguns trechos são superfluídos e outros ficam arrastados, especialmente quando cartas do Rei Preto começam a repetir o mesmo tom. Os personagens têm potencial, mas o xerife acaba soando meio raso — falta conflito interno mais claro além do cansaço e culpa tardia.

    Gostei da atmosfera sombria e da crítica social; gerou um sentimento de tensão e tristeza. Mas há pequenas incongruências, como a reação relativamente burocrática diante de múltiplas explosões. Também notei frases longas demais e algumas redundâncias.

    No geral, é um bom conto, imaginativo e visual, mas ainda caberia enxugar a prosa e aprofundar personagens.

  13. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    14 de novembro de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Seu conto ficou muito interessante. A ideia de misturar xadrez com uma história policial foi muito criativa e ficou muito bem estruturada. Me pareceu que você quis emular um estilo cinematográfico, isso deixou sua narrativa bastante original. Também foi bastante surpreendente, a abordagem da temática da luta de classes. 

    A subdivisão do conto em dias quebrou um pouco minha imersão na história, mas não sei se haveria uma forma melhor de apresentar essa ideia. Espero que a minha crítica ajude você a crescer na sua escrita. Obrigado por compartilhar comigo um pouco do seu universo literário. Quero muito ler outros contos seus nos próximos desafios.

  14. Antonio Stegues Batista
    11 de novembro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    O conto é uma alegoria sombria sobre a corrupção e a luta de classes, usando o jogo de xadrez como uma metáfora de vingança. A conclusão na mina H5 (a casa do xeque-mate) é um excelente desfecho de reviravolta. O Xerife Charles e Rud, os “Cavalos”, acreditam que encurralaram o Rei Preto, mas na verdade foram manipulados para a posição final do jogo. A vitória do Rei Preto não é pela eliminação da Rainha, mas pelo Sacrifício Final que permite a ação da “Rainha Negra” (a voz feminina do lado de fora) para o xeque-mate no Rei Branco (o Prefeito Hugh) Gostei da forma como a narrativa revela a história de fundo (a corrupção, as mortes na mina, a doença) paralelamente ao avanço do xadrez mantém o leitor interessado na estratégia e na empatia pelas motivações do assassino.

  15. leila patricia de sousa rodrigues
    10 de novembro de 2025
    Avatar de Leila Patrícia

    A leitura de Assassinatos nas Trilhas do Xadrez deixa a sensação de que o autor quis construir uma engrenagem exata — e quase chegou lá. A ideia de transformar uma cidade em tabuleiro e a corrupção em partida é muito boa, tem peso e sentido. A divisão por dias dá ritmo, e as cartas do Rei Preto são um achado: criam tensão, atmosfera e um tom de ritual que prende o leitor.

    Mas há alguns tropeços. As repetições de estrutura (“o xerife fez isso, o xerife fez aquilo”) cansam um pouco, assim como o uso exagerado de adjetivos e descrições longas, que acabam tirando o impacto de certas cenas. Em alguns trechos, o texto tenta explicar demais, quando bastaria confiar na inteligência de quem lê — a história já tem força simbólica por si só.

    O desfecho é um ponto alto: forte, visual e coerente com o jogo que o conto propõe. Ainda assim, o texto ganharia muito se fosse mais enxuto, com frases mais secas e uma linguagem menos didática.

    O tom oscila entre o policial, o político e o religioso, e isso pode deixar o leitor um pouco perdido. Mas essa mistura também dá textura, mostra ambição. É um conto que tem intenção, estrutura e vontade de dizer algo maior — e isso, por si só, o destaca no meio dos demais.

  16. Thiago Amaral
    9 de novembro de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Conto muito bom.

    O tema do xadrez foi excelentemente usado, para nos trazer uma história com temas profundos e reflexivos.

    Não sou fã de histórias de detetive, mas aqui a investigação, norteada por um protagonista tão perdido quanto o leitor, é simbólica, abstrata, de uma lógica diferente do habitual nesse tipo de história. Gostei bastante.

    Como foi dito no grupo, lembra V de Vingança, mas numa pegada mais justiça social que anarquia desenfreada. Mesmo assim, dá aquele gostinho delicioso de crítica social bem-feita.

    Achei o final bem amarrado pra combinar com o tema, também. Um plot twist que tem tudo a ver com xadrez, junto do desfecho realista que a visão da história quer nos passar.

    A única ressalva que eu faria é não sentir melhor o caos da cidade, narrado de certa distância. Pareceu descrito mais por obrigação, e não consegui visualizar bem. Ficou artificial.

    No mais, um ótimo trabalho.

  17. marco.saraiva
    8 de novembro de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Eita! Não estava esperando um conto de mistério policial no desafio de xadrez! O conto tem um ritmo de filme, com os “beats” certinhos, mas ele vem acompanhado de uma escrita competente e envolvente, que me fez querer ler cada novo dia com crescente nervosismo. O autor soube criar bem o mistério e a tensão para resolvê-lo. Durante a leitura, o leitor vai aprendendo mais sobre Hughes Town, sua história de corrupção e os motivos do assassino. Neste quesito senti que o autor “roubou” um pouco no enredo, já que não tem como o leitor saber a motivação das mortes visto que, no início, quase não sabemos nada sobre a cidade ou as pessoas que a construíram. Mas em 3000 palavras, fica difícil fazer diferente e, para o bem ou para o mal, Agatha Christie também tinha essa mania de contar mistérios insolúveis para o leitor. O segredo aqui foi manter a atenção do leitor presa na leitura enquanto a história se desenrolava, o que, no meu caso, funcionou muito bem!

    O desfecho foi um pouco anticlimático, mas acho que apenas por causa da grande antecipação causada pelo conto. Digo “anticlimático” no sentido de que, no final, a motivação era simples: homem frustrado com a corrupção da cidade busca por vingança pelos ricos que trouxeram sofrimento a ele e aos seus conhecidos. A antiga luta dos “pobres contra os ricos”. Mas, novamente: acho que o forte do conto não está no desfecho e sim na construção de tudo até ele.

    Se tenho algo para criticar aqui, seria a construção dos personagens. Charles e Rud não têm muito espaço para desenvolvimento, visto que o conto envolve dezenas de personagens e todos eles têm que disputar espaço no curto limite de palavras. Eles servem mais como investigador e ajudante genéricos, do que, de fato, duas pessoas únicas, com personalidades e trejeitos.

    Tirando isso, muito legal a leitura, parabéns!

  18. Roberto Fernandes Junior
    6 de novembro de 2025
    Avatar de Roberto Fernandes Junior

    Bom texto, bem escrito, e me lembrou as boas histórias de vingança estilo Alan Moore, misturados com romances de mistério tipo Agatha Christie. Talvez o desfecho pudesse ser um pouco melhor trabalhado no suspense, com o Sr Hugh sendo mais exposto, ou a rainha preta se mostrando alguem tambem prejudicado pelos manda-chuvas. Mas de qualquer forma valeu a crítica social, e no geral agradou muito!

    PARABÉNS!

  19. Martim Butcher Cury
    3 de novembro de 2025
    Avatar de Martim Butcher Cury

    O gênero policial é complicado. Precisa deformar de tal maneira a realidade para que os fatos tenham uma função que os fatos perdem a existência arbitrária que sempre os envolve na realidade. É por essa adesão ao gênero policial que de antemão não gostei muito do conto. Questão pessoal – e sempre há de se ser assim. Agora, existe uma discussão interessante por trás do gênero, que diz respeito à capacidade de leitura. As perseguições do gênero policial são análogas às que existem entre quem escreve e quem lê. Quem diz isso é o Piglia, na esteira do Borges. Em “Assassinato nas trilhas…” isso é evidente: o policial é um leitor não só da realidade, mas também das cartas do Rei Preto. E, sistematicamente, lê mal. Todas as vezes chega atrasado aos fatos, não consegue desvendar nas entrelinhas o que estava sugerido pelo Rei Preto, que praticamente roga para que seja, ao menos uma vez, antecipado. Essa sistematização torna o conto muito linear e não permite a reviravolta. (Fora que fica difícil torcer ou ao menos aderir empaticamente a um detetive assim, meio mosca morta). O final apenas corrobora aquilo que já vinha acontecendo a cada capítulo. Entre os capítulos apenas aumenta a sordidez e a violência (de resto, retratadas um pouco com mão pesada), não há mudança qualitativa nas relações de poder entre os personagens.

  20. Kauana Kempner Diogo
    3 de novembro de 2025
    Avatar de Kauana Kempner Diogo

    A proposta de combinar um thriller policial, alegoria social com xadrez funcionou impressionantemente. O autor manteve a consistência no seu estilo, não saindo da temática, mesmo o texto sendo mais longo e denso. O ritmo alterna entre tensão e reflexão, prendendo o leitor. A crítica social por meio dos elementos do xadrez foi uma boa jogada.

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Publicado às 2 de novembro de 2025 por em Liga 2025 - 4A, Liga 2025 - Rodada 4 e marcado .