EntreContos

Detox Literário.

A Professora (Jorge Santos)

O clique que a porta fez ao fechar foi quase inaudível, mas para mim soou como o troar de um canhão a cinco centímetros da minha cabeça. O nosso relacionamento de quatro anos terminou da mesma forma calma como começou. Agora, ela tinha conhecido outra pessoa e eu, o corno, aceitei a derrota. Conhecia bem Clara, cada centímetro da sua pele, os seus defeitos e as suas virtudes. Quando tomava uma decisão, nada a podia fazer mudar de ideias. Aquela conversa do “não és tu, sou eu” é uma farsa. Somos sempre nós.

Uma porta fecha-se num clique. Durante muito tempo habitei na minha solidão. Descobri que se torna um vício. Encerramo-nos dentro de nós próprios. Escondemo-nos da vida. Olhamo-nos ao espelho e não nos reconhecemos no reflexo. Estranho especialmente a ausência de brilho no meu olhar e a completa ausência de um sorriso. Quem vejo no reflexo não sou eu e, talvez por não ser eu, saio de casa na atitude própria de quem foge, sem saber bem de quê. O anonimato da rua saúda-me. Cruzo-me com dezenas de vidas apressadas, ocupadas nos seus dramas pessoais, ignorando completamente o meu, enquanto tomo demoradamente um café na esplanada.

Blá, blá, … Sabem como é. Quem nunca se sentiu num buraco sem saber como sair dele? É aqui que a história se torna interessante. Começou por um perfume, levemente frutado, com a acidez do limão. Fez-me lembrar uma vagina, mas poderia ser apenas a minha imaginação. Ou as saudades, talvez. Dei meia volta e segui o perfume. Sentia-me um cão no cio, a perseguir uma pista. Ao dobrar a esquina, vi-a. Elegante, talvez quarenta anos. O corpo bem torneado, demonstrando horas no ginásio.

“Deus, faz com que não seja uma prostituta – não estou assim tão desesperado”, pensei.

Sentia-me completamente estúpido por estar a pensar na melhor forma de abordar uma desconhecida na rua. Foi quando me fixei no seu rosto, absorto em algo na vitrine de uma loja de produtos cosméticos, que descobri que esse mesmo rosto tinha povoado os meus sonhos de adolescência. Ou melhor: não propriamente o rosto, mas o corpo sedutor da professora Débora, que em vão tentava explicar as maiores cordilheiras do planeta, quando os verdadeiros himalaias que interessavam eram os seus seios, evidenciados pela roupa justa que usava. E que interessavam os vales quando o único realmente importante era o seu decote? Devia ter uns quinze anos quando a visão dos seus mamilos, que escapavam por entre a malha de uma blusa me provocou a ereção mais violenta de que me lembro ainda hoje.

E agora, aos trinta anos, ela estava ali. À minha frente. Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, mas não havia uma única linha torta na professora Débora. Talvez o Diabo também escrevesse, mas estou-me a borrifar para discussões teológicas. A única discussão que me interessava estava à minha frente.

“Professora Débora?”

Ela virou a cabeça. Não era propriamente bonita – e sabia disso, porque não se produzia exageradamente. Mesmo assim, gostava daquele seu nariz que lhe dava à cara uma estranha semelhança de um rato.

“Sim?”

“Sou Eugénio. Fui seu aluno há quinze anos. Lembra-se de mim?”

Pergunta estúpida. Porque razão havia ela de se lembrar de um aluno mediano que não tirava os olhos do peito? Seria apenas um dos muitos alunos medianos que tinham passado por ela. Muitos  deles com a mesma fixação, entre os rapazes da turma o corpo da professora era tema frequente de conversa.

“Ah, sim. Eugénio Sampaio.”

Senti o coração a acelerar. Ela lembrava-se?

“Não acredito! A professora lembra-se de mim?”

“Passamos tantas vezes os olhos pelas folhas de presença que somos obrigadas a recordar. O que é feito de si, Eugénio?”

“A professora foi a minha inspiração. Tornei-me fotógrafo e já tenho percorrido o mundo.”

Ela riu-se. A sedução vive de meias verdades. Sim, trabalhara para um jornal. Sim, era fotógrafo profissional. Sim, a professora tinha sido a minha inspiração, só que noutro contexto.

Conversámos durante algum tempo. Ela era divorciada, sem filhos. De momento, não estava a trabalhar em nenhuma escola. Vi-lhe alguma mágoa no olhar. Tínhamos os dois feridas para sarar. E o que fazem dois adultos sozinhos com feridas para sarar e tempo disponível? Fomos comer gelado.  Contei-lhe as minhas aventuras pela Índia e pela Indonésia, sítios onde ela sempre sonhara ir. Omiti a miséria e o cheiro do lixo. Mostrei as cores e o olhar puro das pessoas.

“O mundo é um lugar belo”, disse ela, sorrindo. Lá fora, começara uma chuva repentina. As pessoas fugiam.

“Belo e maluco. Parece que temos de ficar aqui.”

“Presa numa gelataria com um homem interessante. Não parece mau.”

Havia um convite explícito em tudo o que dizia e na forma como me olhava. A sedução é o jogo do gato do rato, onde ambas as partes vão alternando. Naquele momento, sentia-me um rato a precisar de uma boa ratoeira. Pedimos cappuccinos. Conversámos durante horas até que ela confessou que tinha de ir para casa.

“Tem alguém à sua espera?”, perguntei. Era a minha vez de ser o rato.

“Acabámos de nos conhecer, Eugénio.”

“Conhecemo-nos há quinze anos, Débora.”

Ela deu uma gargalhada.

“Conhecemo-nos há três horas. Conheço o nome e a fotografia do Eugénio há quinze anos. O Eugénio não tirava os olhos do meu peito. As mulheres são mais do que glândulas mamárias e as professoras devem ser respeitadas.”

Senti-me apanhado. Devia sentir vergonha, mas a vergonha é das coisas mais irrelevantes na vida de um adulto.

“Não devemos pagar pelos nossos pecados de adolescentes.”

Nova gargalhada, desta vez mais sonora. Percebi, pelo seu olhar, que a adolescência dela devia encher muitos livros. Aceitou o meu convite para jantar. Sugeriu o vegetariano, algo que, noutra situação, não faria parte das minhas opções. Aos poucos, abriu-se comigo. Não tivera uma infância feliz e o seu primeiro casamento não tinha terminado bem. Descreveu-o mesmo como tendo sido um desastre do calibre do Titanic.

“Cameron havia de fazer um filme. Até podiam convidar o Leonardo, se bem que eu seja muito velha para ele.”, comentou.

“Eu não acho”, disse, enquanto mastigava um pedaço de seitan que era suposto saber a carne mas que não sabia absolutamente a nada.

“É isso que tento convencer-me, sempre que me vejo ao espelho.”

“Os homens não ficam indiferentes à sua presença”, comentei, depois de um fulano evidentemente casado quase chocar com a atarefadas empregada de mesa.

Pedimos a conta. Não permitiu que fosse eu a pagar. Estávamos no século XXI, dizia ela. E nada indicava que o homem fosse obrigado a pagar. Direitos e deveres iguais, disse, e respeitei. Depois do restaurante fomos a um bar, onde ela parecia ser uma cliente assídua. Eu era invisível, como se fosse apenas mais uma conquista. Mostrou os seus dotes de dançarina, a sensualidade evidenciada em casa movimento. Não era só eu que tinha ficado enfeitiçado por ela. Todos os homens do bar, bem como algumas mulheres, não tiravam os olhos dela.

E ela não tirava os olhos de mim.

“Onde aprendeste a dançar assim?”, perguntei. Como resposta senti a sua boca colada à minha. Aquela era a resposta a todas as perguntas. Levei-a a casa, ambos bastante influenciados pelo álcool e pela lua cheia que inundava de luz as ruas pouco iluminadas da cidade. Entrámos no apartamento e voltei a beijá-la. Ela afastou-me gentilmente.

“Eugénio, eu sou uma mulher complicada. Não pensei que costumo ser assim, trazer homens para casa logo no primeiro encontro.”

“Mas o nosso primeiro encontro foi há quinze anos, professora.”

Notei uma alteração no seu olhar atrevido. Colou a boca à minha, num beijo violento. Começou a despir-me. Depois, parou. Olhou-me com seriedade.

“Só vamos estar juntos duas vezes. Hoje, fazes tudo o que eu quiser. Na próxima semana, farei tudo o que quiseres, mostra-me como fui boa professora. Depois, deixaremos de existir um para o outro. Mesmo que me vejas na rua, não me diriges a palavra. Se não concordares, podes ir-te embora.”

Meditei um segundo. Apanhei a camisa do chão. Abri a porta e depois voltei a fechá-la, num impulso. Há muito tempo que não me sentia tão vivo.

“Sem cameras?”

“Não entram cameras nas minhas salas de aula”, disse, enquanto me puxava pela mão para o quarto. Ordenou que me despisse. Depois, saiu por momentos, regressando com um fato de licra preto que lhe acentuava as curvas. Prendeu-me à cama e, encostando a boca ao meu ouvido disse: “Vais sentir o que é a verdadeira humilhação e a dor. Vais sentir o que as mulheres sentem.”

Mostrou-me três acessórios que pousou na cama. Engoli em seco. Tudo se passou de forma lenta e intensa. Mandou-me ficar em silêncio enquanto me fustigava o corpo. No final, sedento de sexo, mandou-me embora.

Sete dias. Sete intermináveis dias. No fim de semana tinha o jantar com um grupo de antigos colegas de escola, todos com vidas estabilizadas, casamentos supostamente bem sucedidos, filhos. Eu remeti-me ao silêncio. As amizades vivem de meias-verdades. Não sentia a mínima vontade de abrir o jogo. Para todos os efeitos, gozava de um celibato forçado, apenas interrompido por uma surpreendente experiência sadomasoquista. Felizmente, não foi preciso tocar no assunto. A nossa antiga professora veio à baila durante o jantar.

“Lembram-se da boazona da professora Débora? Não tem sorte nenhuma, coitada.”, comentou o Fábio. Contou depois que o marido de Débora lhe batia. Tudo acabou quando lhe partiu o maxilar e mandou para o hospital. E ela chamara aquele relacionamento de “difícil”.

“E o caso dela com o aluno?”, perguntou Marco.

“Saiu em todos os jornais. Ela foi apanhada a ter relações com um aluno na escola. Ele tinha quinze anos.”

Lembrava-me vagamente do caso. Estava explicada a razão dela não estar a dar aulas. Dificilmente conseguiria dar aulas novamente. Estava explicada a mágoa. Mantive-me em silêncio durante o resto do jantar. O nó na garganta não me deixava falar.

Sete dias. Tinha tido sete dias para surpreender a pessoa que desejava profundamente. Depois, teria de dizer adeus. Eram as suas regras.

Regras.

O ensino é uma arte.

A arte pode ser uma forma de quebrar regras.

Débora usava a sedução como forma de arte, de uma forma extravagante. Ou somente autêntica. Precisava de tempo para a conhecer melhor. Até onde iriam as suas feridas?

Tempo.

Arte.

Com o tempo, a arte pode curar feridas.

Foi com estes pensamentos e o corpo ainda dorido do nosso último encontro que contemplei a campainha da porta do apartamento de Débora. Lembrava-me de tudo o que tinha acontecido naquela cama. A humilhação, a dor física. O desejo, na sua forma mais pura. Desejo não saciado.

Toquei à campainha. Depois de um longo compasso de espera, talvez não mais de cinco segundos, Débora limitou-se a abrir a porta num sensual quimono escuro. A transparência da seda mostrava o seu corpo nu. Resisti ao ímpeto de a possuir ali mesmo, no hall do seu apartamento. Li a mesma fome no seu olhar. Fechei a porta por trás de mim.

Clique.

Na minha outra vida, um clique significara rotura. O fim de quatro anos de relacionamento com Clara. Agora, poderia significava o início de algo diferente. Um mero clique.

Beijei Débora enquanto deixava cair o seu quimono no tapete lilás do hall de entrada. Depois, peguei na sua mão e seguimos para o quarto onde ela espalhara pelo chão os utensílios do nosso último encontro. As algemas, o chicote e o strap-on de má memória. Pousei a mochila no chão. Tirei  uma venda com que lhe tapei os olhos.

Despi-me.

Encaminhei-a gentilmente para o centro da cama.

Tirei a máquina fotográfica da mochila.

Fiz a primeira fotografia. O barulho da polaroid feriu o silêncio do quarto. Ela reclamou. Não são permitidas máquinas fotográficas na sala de aula, disse, no tom autoritário que usava quando nos portávamos mal. Não te preocupes. Confia em mim. Nada sairá deste quarto. Este quarto é o nosso mundo. A minha voz acalmou-a.

Tirei o pequeno quadrado de papel e deixei-o secar em cima da cama. A imagem surgiu lentamente, uma recordação dos tempos antigos, de quando a vida se sorvia a outra velocidade.

Fiz a fotografia seguinte. A cada fotografia, colocava o seu corpo sublime numa nova posição. A cada fotografia, a minha vontade aumentava. Senti vontade de ceder à vertigem da sua pele. O perfume embriagava-me, toldava-me o cérebro.

No final, pedi que se sentasse na cama e coloquei as dez fotografias à sua frente. Sentei-me atrás dela e tirei-lhe a venda.

Ela observou cada fotografia, onde eu beijava cada parte do seu corpo ou a abraçava ternamente.

“Isto podíamos ser nós. Amantes imperfeitos que resistem às regras. Isto somos nós depois deste segundo encontro, que não quero que seja o último. Não me importa a diferença de idades, não me importa de dizer às outras pessoas de que gosto da minha professora. Quem nunca gostou de um professor ou professora? Na última semana pensei muito sobre o que iria fazer hoje. Tornou-se uma obsessão. Até que cheguei a uma conclusão. O que quer que fizesse, terminaria da mesma forma: iria perder-te. Iríamos para a cama uma vez e, depois, cada um seguiria a sua vida. Eu quero mais do que isso. Quero ser mais do que um homem que te usou como um pedaço de carne descartável. Quero que me deixes tentar ser, sem qualquer tipo de promessa. Posso ser o amante mais terrível que já conheceste, mas não quero entrar neste jogo dos dois encontros.”

Tirei da mochila uma pequena mala térmica. De dentro dela, tirei uma caixa de gelado de maracujá, o seu favorito, e duas colheres de madeira. Entreguei-lhe uma das colheres, que mergulhou no gelado e comeu da forma mais sensual que tinha visto. Depois, tirou-me o gelado das mãos, pousou-o na mesinha de cabeceira e fixou os olhos em mim.

Não és o amante mais terrível que já conheci, és o meu melhor aluno, limitou-se a dizer. Naquela noite, a minha fantasia de adolescente deixou de ser fantasia.

Epílogo

Débora é, agora, um fantasma do meu passado afetivo. Alguém de quem guardo as melhores recordações. Foram muitas as lições que me ensinou. Com ela, descobri que a solidão, mais do que um estado de espírito, pode ser uma forma de vida. Sem mágoa nem ressentimento.

Eugénio Sampaio, Kuala Lumpur, Julho de 2025

Sobre Fabio Baptista

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19 comentários em “A Professora (Jorge Santos)

  1. Bia Machado
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Me pegou desde o início? Não. Na verdade, acho que até o final do conto, continuei na mesma. Foi uma leitura bem linear, sem arrebatamentos, sem plot twist e tudo bem para o autor, é uma preferência que assumo: eu gosto de ver isso em um texto. Creio ser um texto que se encaixa em alta literatura, me lembrou um pouco o ritmo do que li do Fonseca. 

    Desenvolveu bem o enredo? Não como poderia, para mim algumas construções me pareceram desnecessárias, como uma tentativa de unir os dois temas disponíveis do desafio. Ou não? Talvez seja o estilo do autor mesmo… 

    O desfecho foi adequado? Não. Achei muito abrupto, me pareceu um corte repentino demais, como se o autor não soubesse como concluir, ou quem sabe se cansou e aí, tcham! Um epílogo. Que nem precisava.

    E o conjunto da obra? No geral foi uma leitura ok, que manteve o ritmo, mas que poderia ter sido mais explorado esse drama da vida da professora e a escrita ter parecido menos neutra, menos linear.

    Deu match? Comigo não, por não ser o estilo de conto de que gosto de ler. Decidi, porém, que não vou descontar pontos por isso. 

    No mais, parabéns por sua participação.

  2. Thales Soares
    12 de setembro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Esse é um conto bacana e que, ao meu entendimento do tema (não sou muita referência, mas tudo bem), captou bem a essência do Sabrinesco.

    Começamos a história conhecendo o protagonista, Eugênio, um recente cornão, que foi largado pela namorada. Então o corno tá andando pela cidade quando, de repente, sente um perfume interessante. Aqui o conto mostra que não tem muita sutileza, soltando frases do tipo:

    “Começou por um perfume, levemente frutado, com a acidez do limão. Fez-me lembrar uma vagina, mas poderia ser apenas a minha imaginação.”

    Isso é ruim? Acho que, neste caso, não. Mas vamos continuar… então o cornão descobre que o perfume vem de uma antiga professora gostosa, Débora, para quem com certeza ele descabelava o palhaço quando mais jovem. Aqui a história mostra que vai seguir por esse caminho de fetiche de professor(a) com aluno(a).

    Então eles tem meio que um encontro, jantando junto e indo pro bar. A atração é mútua (afinal, é uma história sabrinesca, e precisamos que o deita e rola aconteça). O cornão descobre que a professora está divorciada e disponível. Aí eles se beijam.

    Com isso, eles vão pro apartamento dele, onde as coisas começam a esquentar. A professora dita uma regra estranha dizendo que eles terão apenas 2 encontros, para dar uma aumentada de tensão na história, e criar um certo mistério. E funciona, pois achei interessante essa parte. De acordo com as regras, naquela noite ela assumiria o controle total, e na semana seguinte seria a vez dele.

    O Cornão aceita os termos, e então se inicia uma sessão de BDSM, onde a professora o domina. Aqui, no entanto, achei que a história se acovardou um pouco, pendendo para um lado mais politicamente correto, que não se encaixava no clima (e esse ponto negativo piorou ainda mais no final do conto, mas calma que já vamos chegar lá). Sei que no Sabrinesco as coisas não precisam ser explícitas… mas senti que aqui a história estava pedindo por algo a mais. Era o clímax, e passou meio batido. Se esse conto for do Jorge (como dizem no grupo do whats), ele já fez cenas de sexo mais interessante, com direito a porra voando à gravidade zero no espaço… e aqui, o sexo ficou meio que fora das câmeras, sendo censurado pelo próprio autor. Uma pena, pois poderia enriquecer ainda mais a história, e mergulhar o leitor nesse clima meio de “amor proibido” e misterioso, com uma pitada de 50 tons de cinza. Fiquei me sentindo como se eu estivesse assistindo a um anime shounen, do estilo Dragon Ball e Naruto, e na hora que chega a parte da luta, que é o momento mais empolgante do desenho, a cena corta e já mostra direto o resultado. Não posso esconder que fiquei um tanto desapontado com isso.

    Mas enfim… vamos prosseguir! Durante um jantar com os amigos, o Cornão descobre que o ex marido da professora era violento, e que ela foi expulsa da escola por ter sido pega no flagra cometendo um crime, com uma criança de 15 anos. Achei essa parte um pouco forte, até… e que não combinou tanto com um conto que, até então, estava seguindo uma linha mais politicamente correta. Mas tudo bem, pois mostra que o autor foi ousado, colocando um passado terrível para a professora.

    No dia seguinte, o Cornão se encontra com a professora, pois é a vez dele de mandar na cama. Então ele venda ela e começa a tirar fotos usando uma Polaroid. Essa parte é muito boa! Mas poderia, assim como na cena de sexo anterior, ser um pouco mais intensa, com mais detalhes, afinal, estamos no segundo climax da história. Tudo vai caminhando bem, até que… o Cornão mostra as fotos pra professora, e faz um discursinho moral um pouquinho chato e anti climático, rejeitando as regras dos dois encontros. Ele propõe uma relação séria entre os dois, e a história termina com os dois virando um casal feliz (pelo menos por algum tempo, pois depois tem um epílogo do Cornão se lembrando desses momentos, e parece que eles não estão mais juntos).

    Apesar de um final um pouco broxante, e alguns momentos em que o conto perdeu boas oportunidades de brilhas por medo de assustar alguns leitores, o conto é bom e muito bem escritor, com uma linha narrativa fluida e que prende a atenção do leitor do início ao fim. Gostei. Parabéns pelo conto.

  3. Alexandre Costa Moraes
    12 de setembro de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Olá, Entrecontista. O seu conto “A Professora” é instigante e prazeroso de ler. A história começa com o fim de um relacionamento de 4 anos (sem briga, mas com traição). O protagonista sai para desopilar e esbarra em uma fantasia da adolescência, Débora, a professora (boazona) de geografia. Ela também é divorciada, o que os aproxima e acende o reencontro. O olhar de fotógrafo do narrador recorta bem as cenas, e o “vocabulário de Portugal” adiciona uma nuance peculiar ao texto.

    Na técnica, há boa carga sensorial, diálogos tensos e metáforas inspiradas, como a geografia do corpo e os cliques da câmera. Torci pelo romance dos dois. Ao mesmo tempo, o trauma dela aparece com força na cena de controle (com brutalidade, algema e chicote), e isso explica muita coisa da personagem sem precisar dizer. Para lapidar, eu deixaria o subtexto falar ainda mais alto e cortaria o epílogo, que poderia virar uma única frase enigmática para fechar. Acredito que ficaria um final mais provocativo (apenas sugestão).

    No conjunto, “A Professora” é um sabrinesco elegante, com ritmo firme e imagens bem escolhidas. Gostei dos personagens e do conto, EuGÉNIO! Boa sorte no desafio.

  4. danielreis1973
    7 de setembro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    A Professora (EuGÉNIO)

    Prezado autor(a):

    Seu texto, que me lembrou a música Maggie May, hit do Rod Stuart, é bastante corajoso, principalement quanto ao tratamento que faz de uma relação que começou como fantasia adolescente sobre uma figura de autoridade, mas onde depois se revela que a professora teve um caso com um menor de idade no passado. Isso insere um subtexto de pedofilia, que, ao ser tratado com um misto de nostalgia e fascínio, sem crítica ou reprovação, normaliza o acontecimento como parte do “passado difícil” de Débora, tornando menor uma violação ética e legal. Também a experiência sadomasoquista é descrita de forma ambígua, e a linha entre jogo sexual consentido e o reviver de um trauma é muito tênue. Já como aspectos positivos a destacar, ressalto que o conto, com seu acento de Portugal, foi muito bem escrito em termos de ritmo, fluidez e estrutura narrativa. Há claro domínio da língua, bons recursos estilísticos e uma coerência interna que sustenta a progressão emocional da história. O final, inclusive, tem um tom poético e melancólico que funciona bem como fechamento. Porém, em alguns momentos, o estilo resvala para o forçado ou gratuito, tentando chocar o leitor com comparações (ex: “o perfume fez-me lembrar uma vagina”) que destoam da elegância do resto do texto. De qualquer forma, desejo boa sorte no desafio! Grande abraço!

  5. Gustavo Araujo
    5 de setembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Gostei do conto. A relação entre Eugénio e a professora Débora se desenrola muito bem e com profundidade inesperada para um limite tão restrito de palavras como o deste desafio. Se fosse um romance, ou melhor, se houvesse mais espaço, seria interessante saber mais sobre o antes de Eugénio, sua relação com Clara e os motivos que o levaram a saciar sua carência com uma mulher egressa do passado para além do sexo. Dá para ver que há uma espécie de acerto de contas aí, mas, pelo que entendi, Eugénio acabou se apaixonando pela professora, arriscando-se a perder uma noite de luxúria, que seria a derradeira, pela chance de declarar seu amor. A princípio deu certo, mas acho que essa saída foi um tantinho anticlimática. Dado o desenvolvimento do conto, eu esperava algo mais incisivo em termos de descrição. De qualquer forma, Eugénio parece ter superado completamente a ausência de Clara e no fim, acho que era isso o que ele queria. Nada como um amor para superar outro. Parabéns e boa sorte no desafio.

  6. claudiaangst
    5 de setembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Como vai, autor(a)? Pleno(a) na criação literária?

    O título já apresenta uma tendência a um contexto sabrinesco. Fantasias eróticas envolvendo a figura do(a) professor(a) tem sido bastante abordada por décadas. Gosto de títulos curtos que não revelam muito da narrativa.

    Trata-se de um conto escrito por alguém que tem como língua materna o português, mas não o do Brasil. Na minha opinião, isso sempre traz um charme a mais ao texto. Devido a essa questão, não levarei em conta os (pouco prováveis) erros que escaparam à revisão. No entanto, aponto alguns detalhes que podem ser modificados:
    • Evitaria a cacofonia “ela tinha” (latinha).
    • Porque razão havia ela > Por que razão/Por qual razão
    • mastigava um pedaço de seitan que era suposto saber a carne mas que não sabia absolutamente a nada. > Não sei o que é seitan, mas aprendi que o verbo “saber” em Portugal tem a conotação de “ter sabor/gosto de” > […] era suposto ter gosto de carne, mas que não tinha gosto de absolutamente nada.
    • a atarefadas empregada de mesa. > a atarefada empregada
    • Não pensei que costumo > Não pense que costumo
    • Cameras > câmeras
    • quando lhe partiu o maxilar e mandou para o hospital > quando lhe partiu o maxilar e a mandou para o hospital

    Este é um daqueles contos que merecem maior desenvolvimento, pois apresenta vocação para uma narrativa mais longa. Um romance, com certeza, abarcaria todas as nuances dessa narrativa/fantasia. Talvez por essa razão eu tenha considerado o desfecho um pouco apressado. Depois de tanto detalhamento sobre a relação professora/aluno, o epílogo chegou como um corte preciso e seco. Assim (ou outrossim), o impacto foi diluído, ao meu ver, por esse nó apertado às pressas.
    Um bom conto.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  7. toniluismc
    5 de setembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Olá, Eugénio!

    Acho que fica evidente tratar-se de uma narrativa construída em português europeu. A perspectiva é válida e até interessante, mas o conto apresenta diversos problemas gramaticais e de coesão que vão além da variação linguística. Há uso excessivo de clichês e gírias em desacordo com o tom que o autor parece desejar — especialmente quando tenta soar mais profundo ou sensível.

    Exemplos de trechos problemáticos:

    • “Fez-me lembrar uma vagina” — não só é gratuito, como destoa do tom poético e introspectivo do parágrafo anterior.
    • “Boazona”, “ratoeira”, “chicote e o strap-on de má memória” — escolhas lexicais que empobrecem a construção do erotismo e empurram o texto para um tom vulgar, não irônico nem reflexivo.
    • O final tenta recuperar uma estética mais elevada (“isto podíamos ser nós…”), mas já é tarde: o dano ao tom foi feito por uma condução mal calibrada.

    Do ponto de vista estrutural, o conto é longo, e parte desse volume está inflado por repetições e cenas pouco funcionais. Muitos parágrafos poderiam ser enxugados para maior clareza e ritmo. Faltou edição — tanto no sentido ortográfico quanto literário.

    A ideia de um ex-aluno reencontrar sua antiga professora e embarcar em uma relação erótica marcada por jogos de poder não é nova, mas poderia ter funcionado melhor se o texto se propusesse de forma mais clara a ser ou uma sátira sabrinesca, ou um drama erótico com subtexto social. No entanto, o conto flutua entre esses registros sem encontrar um ponto de equilíbrio. A presença de reviravolta (o passado dela com um aluno menor) e o jogo de inversão entre dominadora e dominado são tentativas criativas — porém mal desenvolvidas.

    O que prejudica a criatividade é justamente a insegurança do narrador: há momentos de introspecção promissores que logo são atropelados por metáforas infelizes, como “sou um rato à procura de uma ratoeira”. A personagem Débora poderia ter sido uma construção muito mais potente se o conto não tentasse simultaneamente eroticizá-la, salvá-la e justificar sua dor de forma tão simplista.

    Embora tente explorar temas como desejo, fantasia adolescente, solidão e superação, o impacto emocional é comprometido pelo tom oscilante e pela superficialidade com que essas questões são tratadas. O clímax, que poderia ser um momento de revelação ou catarse, é enfraquecido pela artificialidade das falas e pela previsibilidade dos desfechos. A inclusão do epílogo tenta resgatar algum lirismo, mas já soa como um recurso tardio para dar profundidade emocional a um texto que não a sustentou durante sua maior parte.

    No fim das contas, para mim, foi um texto “pouco interessante”. A aposta exagerada em um erotismo escancarado foi pouco eficaz, esquecendo-se de construir personagens ou relações que despertem verdadeiro interesse ou empatia. A tentativa de lição no final (solidão como forma de vida) não encontra eco no restante do enredo.

    De todo modo, obrigado pela participação e parabéns pela iniciativa!

  8. Pedro Paulo
    31 de agosto de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Encerrei a leitura um pouco confuso, não pelo conteúdo do conto, mas pelas escolhas da autoria ao desenvolvê-lo. O início tem uma linguagem mais galhofa, só um pouquinho escrachada em um texto que desde o princípio parece indicar que vai tratar do romance. Pelo contexto do sabrinesco, já causa uma digressão desfavorável, como se estivesse lendo alguém que abordou o tema mais pelo fator sexo do que pelo romance tórrido. Essa confusão parece persistir até o momento em que Eugénio e Débora se sentam juntos e começam a se aproximar. Até ali, na constituição de si mesmo e na rememoração dela há todo um trejeito adolescente que é discrepante. A noite dos dois, entretanto, cria mesmo um suspense e uma tensão e aí o texto se torna mais meditativo, em que Débora é reapresentada sob novas informações e o protagonista quase silencia, mais relatando outros personagens do que a si mesmo e sua espera, reforçando a tensão do segundo encontro. Foi ali que o texto se encontrou com sabrinesco, podendo cair na tentação do sáfico e do explícito, enveredou por um lado que destaca a intimidade e o aconchego. Nesse ínterim, um epílogo desajeitado e, na minha opinião, desnecessário, encerrou o texto de mau jeito, parecendo óbvio que o limite de palavras estava curto demais para permitir um desfecho melhor. Acredito que a gordura está no início, em que se buscava caracterizar o personagem, mas ficou algo meio juvenil e genérico.

    Começou chanchada, chegou no sabrinesco e encerrou no indefinido.

    Cordiais abraços, boa sorte neste desafio!

  9. Priscila Pereira
    25 de agosto de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, EuGénio! Tudo bem?

    Seu conto está muito bem escrito, revisado e lapidado, nota-se que você domina a arte de contar uma boa história. Eu não gosto de contos hot, sensuais, mas não vou deixar que isso prejudique seu conto. No começo parecia só atração física mesmo, puro tesão, e até um certo fetiche em professoras, e tudo foi seguindo essa linha até o final, onde tudo mudou e Eugénio conseguiu transformar um encontro que poderia ser o auge da sacanagem em um momento quase fofo, então esse final salvou o conto na minha opinião.

    A escrita é muito boa, ágil, e o enredo flui muito bem, sem entraves. Foi uma boa leitura.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  10. Fabio Baptista
    23 de agosto de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    15 anos depois, aluno reencontra professora que habitava o inconsciente putanheirístico dos rapazes. Combinam, por regras dela, ter dois e apenas dois encontros sexuais. Entre um e outro encontro, ele descobre histórias trágicas de violência e abuso sobre ela e entende melhor sua psiquê. Então ele tenta que o segundo encontro não seja o último.

    No começo fiquei com receio de que o encontro aleatório fosse apenas uma premissa para a inclusão do lado sabrinesco da história. Em parte o conto se desenvolveu dentro desse esperado inicial, mas conseguiu dar uma profundidade ao personagem de Débora, ainda que, para isso, tenha apelado para uma grande conveniência no roteiro, que foi a reunião com os amigos justamente no fim de semana entre um encontro e outro com a professora.

    Gostei do resultado, acho que teria gostado mais se esse epílogo trouxesse um pouco mais de reflexões.

  11. Amanda Gomez
    22 de agosto de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Temos aqui um conto sobre um reencontro: aluno e professora em outro ambiente que não uma sala de aula, em outra época. Considero um conto fetichista típico, o aluno e a professora. O autor consegue conduzir bem todo o entorno da história. Um encontro casual que imediatamente desperta desejos antigos. Confesso que a leitura não me atraiu, acho que é um texto apressado e com o objetivo de preencher a lacuna do tema. Mas o tema não é fetiche nem sexo, e isso foi um “erro” de interpretação da maioria dos autores do desafio (homens). Então, desde o encontro até as experiências sexuais dos dois, fiquei bem afastada da história, tentando, quem sabe, enquadrá-la nos temas de alguma forma.

    Eles não vivem um romance, vivem a consumação de um desejo antigo. Teve algumas passagens, especialmente sobre o “cheiro”, bem deselegante.

    No fim, cada um segue sua vida após o desejo saciado. Existe uma complexidade na vida dos dois que não foi aprofundada o suficiente para fazer o leitor se importar. Mas está lá, e dentro todas as coisas, me apaguei a isso pra leitura fluir mais harmonicamente.

    No mais, é um texto bem escrito.

    Boa sorte no desafio.

  12. Givago Domingues Thimoti
    18 de agosto de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    A Professora – (EuGÉNIO)

    Olá, autor(a)! Espero que esteja bem no momento da leitura! Parabéns por participar do Desafio EntreContos! Sempre um prazer ler e comentar o trabalho dos colegas. Espero sinceramente que, ao final da leitura, você sinta que esse comentário tenha contribuído para você de alguma forma! Caso contrário, não leve para o pessoal ou crie ressentimentos. Lembre-se que escrevi com o maior cuidado que pude.

    Sobre o tema, em relação aos demais desafios, optei por mudar alguns critérios na avaliação. Diminui para 4 critérios, dando uma nota maior para adequação ao tema (está valendo 2). A lógica será: 0 para contos sem tema, 1 para contos que tangenciaram o tema e 2 para contos que o tema aparece claro e cristalino.

    Além disso, tomando as definições sugeridas pela Moderação, eu considerei sabrinesco como aquele conto que, por mais que tenha sexo nele (embora não seja obrigatório que tenha), você mostraria tranquilamente para uma pessoa da sua família que é bem careta. Já um conto de alta literatura eu interpreto como um conto mais rebuscado, que instiga o leitor tanto nas ideias (fazendo-o pesquisar sobre algum elemento do texto)  quanto na técnica empregada (podendo ser um ou outro).

    Resumo da história

    A Professora é um conto sabrinesco, com rompantes de alta literatura, que nos apresenta a história do (re)encontro de Eugénio e Débora, ex-aluno e ex-professora, quando ambos estão por baixo em suas respectivas vidas.  Interessante.

    Aspectos positivos e negativos

    Aspectos positivos: caliente! BDSM! Boa utilização de clichês do sabrinesco (relação professor e aluno) escrita correta e uma história interessante
    Aspectos negativos: Acho que a história pedia sex* em seu clímax. Foi um baita corta tesão a lição de Eugénio para a professora. Se eu fosse um amigo dele, eu iria falar “Eugénio, tudo bem você querer amar ela… Mas poderia trans*r com ela também, ora bolas!!!” (Eu tenho plena consciência de que esse detalhe insere o conto completamente dentro do tema. Mas ainda assim, toda a história conduz para esse fim sexual. Espero ler algo +18 sobre essa história em algum momento”

    Avaliação por critérios (pontuação total: 5,0)
    Adequação ao tema (máx. 2,0):
    O conto aborda de forma clara, criativa e relevante o(s) tema(s) proposto(s)? Há relação explícita ou simbólica (mas detectável) com o tema indicado? Nota: 2

    Bom, “A Professora” foi um dos contos que tentou mesclar Sabrinesco e Alta Literatura. No meu ponto de vista, o Sabrinesco se sobressaí. De uma forma de outra, penso que não há espaços para polêmicas aqui; nota 2.

    Correção gramatical (máx. 1,0): O texto segue a norma culta da língua portuguesa? Se sim, há erros gramaticais, ortográficos ou de pontuação que prejudiquem a leitura? Se optou pelo coloquialismo ou regionalismo, deu para sentir que foi uma boa imitação? Soou forçado? Nota: 0,9

    Meu pai costuma dizer que o português de Portugal é melhor que o do Brasil. Pessoalmente (e com todo o respeito), penso que essa frase dele é um tanto vira-lata, no sentido de valorizar demais a língua portuguesa em detrimento da nossa. Afinal, a língua é uma construção social e cultural que revela muito sobre o processo de formação de um país. Tanto o português de Portugal quanto do Brasil e dos demais países lusófonos.

    Dito isso, esse conto está muito bem escrito. Pareceu-me bem revisado. E de certa forma, o português mais conforme as regras gramaticais mais típicas dos português alavancaram o conto nesse aspecto. A dedução desse décimo foi mais pelas repetições de termos.

    Construção narrativa (máx. 1,0): A estrutura do conto é bem organizada (início, desenvolvimento, clímax e desfecho)? Estica demais, apertou demais? Caso tenha optado por um conto não linear, deu para entender/acompanhar a história? O estilo de escrita é adequado? A técnica chama a atenção? Há fluidez, ritmo e coesão textual? Nota: 0,6

    Talvez esse seja o grande ponto negativo. É um conto bem trabalhado em todos os aspectos (como a nota ao final mostra), mas durante a leitura da narrativa, percebi alguns trechos confusos que me incomodaram. Estão corretos, do ponto de vista gramatical. Entretanto, me pareceu que a cadeia de ideias pouco lógica/verossimil. Além disso, há alguns trechos repetitivos.

    Vamos ver alguns trechos:

    Estranho especialmente a ausência de brilho no meu olhar e a completa ausência de um sorriso. Quem vejo no reflexo não sou eu e, talvez por não ser eu, saio de casa na atitude própria de quem foge, sem saber bem de quê → eu cortaria esse segundo eu, pareceu sobrar

    Começou por um perfume, levemente frutado, com a acidez do limão. Fez-me lembrar uma vagina, mas poderia ser apenas a minha imaginação. Ou as saudades, talvez. = perfume cítrico com cheiro de vagina???????? Acho que associar o cheiro de uma vagina com uma fruta cítrica, azeda, não foi uma das melhores escolhas…

    “(…) daquele seu nariz que lhe dava à cara uma estranha semelhança de um rato.” Bom esse trecho me deixou curioso. Esses dias estava lendo o livro do Luiz Antônio Brasil, que fala sobre escrita criativa. Uma de suas sugestões para criar personagens é caracterizá-las com detalhes pouco usuais. De fato, uma pessoa com um nariz similar ao de um rato é um detalhe quase único. Ainda assim, pensei ser meio anti clímax comparar a personagem sensual com um rato, mesmo que pelo seu nariz. Enfim, achismo meu. 

    “Sou Eugénio. Fui seu aluno há quinze anos. Lembra-se de mim?”

    “Pergunta estúpida. Porque razão havia ela de se lembrar de um aluno mediano que não tirava os olhos do peito? Seria apenas um dos muitos alunos medianos que tinham passado por ela” Esse porque em Portugal é junto ou separado? Aqui no Brasil “seria por que”

    Entretanto, há também trechos bastante inspirados que gostei bastante. Por exemplo:

    “Mostrou-me três acessórios que pousou na cama. Engoli em seco. Tudo se passou de forma lenta e intensa. Mandou-me ficar em silêncio enquanto me fustigava o corpo. No final, sedento de sexo, mandou-me embora.” = ótima forma de descrever um sexo estilo BDSM. Curto, sucinto e bem desenhado. Parabéns!

    Por fim, me pareceu que o epílogo sobrou um tanto. O parágrafo que começou com “Isto que podíamos ser…” resume bastante. Enfim, chatice minha

    Impacto pessoal (máx. 1,0): O conto provoca reflexão, emoção ou surpresa? Causa uma impressão duradoura ou significativa? Nota: 0,6

    Eu gostei desse conto. Embora seja um tanto estranho, parando para pensar. Durante a leitura, foi se revelando uma grata surpresa. Com todo o respeito, achei o início um tanto enfadonho, com aquele tom clichê triste de corno “ninguém sabe a dor que eu estou passando”.  

    Conforme o texto avança, o sabrinesco vai criando casca e se desenvolvendo, abandonando esse tom complacente (quem viveu sabe. É chato, mas faz parte da vida). Eis o grande trunfo do conto. A relação entre aluno e professora, ou melhor dizendo, ex-aluno e ex-professora é sexy e supera o início. Por mais que seja antiético (e dependendo dos casos, criminoso), é uma relação que vive no nosso imaginário. Desde Sócrates (e muito provavelmente antes dele), ouvimos sobre trocas sexuais entre professores e alunos. No sexo, essa troca meio professoral, com ares de ensinamento, também é um fetiche relativamente comum, com um espaço bem sólido no nosso imaginário. Alguém que ensina o outro a fod*r (e f*der bem). Por exemplo, “Faz Parte do Meu Show”, do Cazuza. Creio que esse conto brinca com a soma dessas ideia, essa passagem de bastão sexual, entre um homem já adulto e uma de suas primeiras figuras que representavam prazer e autoridade. Enfim, fiquei um tanto encantado com a escolha desse “casal”.

    Aqui, o autor/ a autora optou por não ser explícito, preferindo jogar com as entrelinhas e deixando muito claro o que aconteceu. Jogada inteligente, mas que se mostrou um problema no decorrer da história. Afinal, o gostinho de conto hot já estava no imaginário do leitor.

    Enfim, foi um grande banho de água-fria perceber o retorno da lição do ex-aluno. Não uma tentativa de nivelar o jogo sexual entre os dois, mas sim de retribuir com bastante afeto um sexo com pitadas BDSM. Entendo a retomada de rotana conclusão. Encaixa completamente o conto dentro do tema sabrinesco, a intenção de Eugénio amar Débora. Por outro lado, deturpa todo o desenvolvimento trabalhado (brilhantemente) . A sensação que tive foi a de ver o atacante do meu time driblar a defesa inteira adversária e, por ordem do técnico, tentar o chute certo e entregar nas mãos do goleiro. Mania do jogador brasileiro de querer enfeitar tudo, mesmo que seja diante da regras/ordem.

     Pelo trabalho geral, eu gostei. Mas queria ter gostado muito mais. Espero uma versão explicita +18 nos próximos meses, por favor!

    Nota final (máx. 5,0): 4,1

  13. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    18 de agosto de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Tema alta literatura.

    Enquadrei seu conto nessa categoria porque ele fala sobre um amor adolescente por uma professora, que tem a oportunidade de se concretizar quando o antigo aluno tornou-se adulto. Também fala sobre a autonomia feminina, por meio das atitudes da professora.

    Pareceu-me que você tentou criar uma narrativa sabrinesca, que malogrou, porque não houve nem sedução nem conquista na sua história.

  14. André Lima
    17 de agosto de 2025
    Avatar de André Lima

    Esse concurso será um desafio para mim. Dificilmente gosto de contos “sabrinescos”, então estou tendo que afastar ao máximo meus gostos pessoais para conseguir avaliar com isenção.

    Este conto aqui me pegou de surpresa em alguns aspectos. O primeiro parágrafo é um exemplo. Gostei muito da frase inicial. “O clique que a porta fez ao fechar foi quase inaudível, mas para mim soou como o troar de um canhão a cinco centímetros da minha cabeça”. Pensei que ela daria o tom do conto, mas logo me surpreendi com a informalidade exagerada de “Agora, ela tinha conhecido outra pessoa e eu, o corno, aceitei a derrota.”

    No parágrafo seguinte, o tom lírico é adotado em passagens como “Durante muito tempo habitei na minha solidão”, “Encerramo-nos dentro de nós próprios” e etc. As construções são bem interessantes, embora a voz do narrador pareça oscilar. Confesso que isso me confundiu em alguns momentos. O conto não muda de tom em fases, justificando essa mudança junto com o enredo, ele parece mudar a cada frase.

    Algumas construções grotescas como “Fez-me lembrar uma vagina, mas poderia ser apenas a minha imaginação” e “Sentia-me um cão no cio, a perseguir uma pista” até combinaram bem com essa oscilação na voz narrativa. Algumas frases inspiradoras contrastam com o “brega” e essa briga de conceitos deu uma identidade interessante à história.

    Depois, a cena do “primeiro encontro” quase caiu no pornográfico, tirando o tom lírico ensaiado no segundo parágrafo e mergulhando de vez no erótico.

    Após o encontro com os amigos, a poética se instala novamente no conto. Frases muito boas são lidas, como “Tirei o pequeno quadrado de papel e deixei-o secar em cima da cama. A imagem surgiu lentamente, uma recordação dos tempos antigos, de quando a vida se sorvia a outra velocidade.”

    O final é interessante, poético e agridoce. Boa escolha. É um conto amarradinho, acho que dentro da proposta da temática.

    CONCLUSÃO

    É um conto interessante que narra a jornada emocional do protagonista, após o término de um relacionamento de quatro anos. O encontro com a professora e esse “despertar” das fantasias adolescentes é um bom argumento. A descoberta do passado traumático da professor adiciona uma boa camada e tira a unidimensionalidade da história, o que acaba adicionando também elementos de alta literatura (Embora não seja, de fato, um conto de Alta Literatur).

    Ambos os personagens buscam superação. A forma como Débora impõe as regras, especialmente o elementose BDSM, pode ser interpretada como uma forma de reaver o controlr sobre o seu corpo e sua vida, após ter sido vítima de violência doméstica. A tensão entre as regras rígidas de Débora e o desejo de Eugenio de as quebrar é o conflito catalisador da história. A história explora como a perceção (a professora como objeto de desejo adolescente) evolui para uma compreensão mais profunda da pessoa (Débora como uma mulher complexa, com história e vulnerabilidades). A utilização da máquina fotográfica por Eugenio, no segundo encontro, é um ato simbólico de redefinir essa percepção, capturando a essência de Débora e a natureza do seu desejo por algo mais profundo e real. Foi o que verdadeiramente gostei da abordagem aqui. Camadas bem exploradas.

    O autor consegue tecer uma trama que explora a complexidade do desejo, do trauma e da busca por significado, sem cair na vulgaridade (Embora tenha perigado, principalmente ao adicionar elementos de sadomasoquismo). A transformação dos personagens e a profundidade dos temas abordados superam a superfície inicial do enredo, convidando o leitor a uma reflexão mais profunda sobre as feridas humanas e a possibilidade de cura através de conexões autênticas, mesmo que não convencionais. A conclusão, apesar de não indicar um final feliz tradicional, ressoa com uma maturidade emocional que enriquece significativamente a obra.

    Parabéns pelo belo trabalho!

  15. cyro eduardo fernandes
    14 de agosto de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto bem escrito, de boa técnica. Explora o encontro com a professora fetiche após uma desilusão amorosa. Final pouco impactante.

  16. Kelly Hatanaka
    11 de agosto de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá!

    Neste desafio, vou avaliar os contos da seguinte forma: Tema vai valer 2 pontos, Forma, dois pontos, Enredo, 3 e Impacto também 3. Como o tema Sabrinesco parece ter sido especialmente desafiador, vou dar um ponto extra para Sabrinescos bem executados. É pessoal? É. Mas os critérios de avaliação são pessoais mesmo, então paciência.

    Tema

    Para avaliar o tema, preciso entender qual era o objetivo do autor. Se o objetivo era o sabrinesco, falhou. Mas, acho que o objetivo era escrever uma alta literatura hot. O que complica um tanto. Pessoalmente, não acredito muito nessa ideia de alta literatura; acho que o tempo transforma os textos em alta literatura. Mas, enfim. Seu texto tem qualidade estilística elaborada, aborda temas com profundidade, promove reflexão, portanto, dentro do regulamento, é alta literatura. Porém, o hot se perdeu um pouco. Para ser hot, faltou.

    Acho que sei o que aconteceu. O autor queria combinar alta literatura com sabrinesco, mas se perdeu no sabrinesco e acertou o hot. Como sabrinescos não são pornográficos, amornou o hot. Deve ter sido isso. De qualquer forma, considero dentro do tema alta literatura.

    Forma

    A Professora é um conto bem escrito, não achei erros, nada que incomodasse. A escrita é bonita, gostosa de ler, tem um toque noir muito interessante, traz construções ricas, um dos pontos altos de um conto muito bom, com certeza. É um texto que foi bem trabalhado.

    Enredo

    Eugénio reencontra Débora, que foi sua professora na adolescência e realiza com ela seu antigo desejo. Débora, no melhor estilo 50 tons de cinza, o inicia no sadomasoquismo, mas antes avisa que só terão duas noites juntos. Eugénio bem gostaria de prosseguir, mas, apesar de não ficar claro se tiveram mais tempo juntos ou não, o relacionamento acabou em algum momento.

    Impacto

    Quando li o título, pensei: é hot. No mundo dos clichês hot, a professora é, para os homens, o que o bombeiro é para as mulheres. Mas daí veio o primeiro parágrafo, forte, original e não soube mais o que pensar. Me ajeitei na cadeira e continuei a ler. E ler este conto foi uma experiência muito agradável. É um conto bem feito, que conduz o leitor e apresenta personagens ricos. Porém, como conto hot, sinto que falou picância, calor, safadeza. A referência a um relacionamento de Débora com um garoto também me incomodou, confesso. Qualquer referência a menores em contos hot me broxa imediatamente.

    Agora, se fosse um sabrinesco, o nível de safadeza estaria perfeito. Porém, para ser sabrinesco, faltou romance, um clima de amor. Não há amor na história. São duas pessoas sofridas que encontram alívio uma na outra. O que é belo, mas não é romântico. Ou, ao menos, não pareceu romântico aqui.

  17. Thiago Amaral
    9 de agosto de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Bom conto.

    Temos um protagonista com uma missão à qual nos importamos: Eugenio quer conquistar a sua antiga professora de colégio. As descrições picantes e comentários perspicazes fazem com que encarnemos o protagonista (pelo menos os leitores homens) e torçamos para que ele seja bem-sucedido. Além disso, as conversas são engraçadas e bem boladas.

    Alguns colegas disseram no grupo do Whatsapp que o final ficou morno demais, como se o autor tivesse medo de continuar a mesma pegada de antes. Discordo. Acho que o final foi forte e convincente, com um romance verdadeiro para triunfar sobre a simples volúpia. Depois, o epílogo nos joga de volta à realidade, lembrando que o que é intenso em um momento da vida pode eventualmente acabar em memória, apesar dos aprendizados.

    Como ponto negativo, diria apenas que o início, com o fora que o protagonista leva, não parece fazer muita diferença na trama. Talvez se tivesse afetado negativamente as crenças do protagonista, e a relação de Debora servisse para ele exorcizar o trauma, a transformação pessoal faria a história crescer ainda mais. Como está, parece apenas um jeito de tentar conquistar o leitor com cenas fortes de início, mas que não serve pra muito além disso.

    Fora isso, não sei ao certo se é Sabrinesco, mas estou desistindo de avaliar esse aspecto, já que nunca li um. Mas é definitivamente romântico, e dos bons. Gostei inclusive da sensualidade do conto.

    Parabéns!

  18. marco.saraiva
    4 de agosto de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Um conto que surpreende a cada esquina. A história começa com uma metáfora poderosa: o clique, o fechar de uma porta. Mais tarde a mesma sensação é resgatada: um clique, mas dessa vez, o início de algo novo. O encontrar com aprofessora de escola, a dinâmica entre eles, a conversa: tudo é feito com naturalidade e pitadas de surpresa que me mantiveram investido na leitura. Débora é uma personagem e tanto: uma mulher com passado cinza, altos e baixos, dores que deixaram ecos. Uma mulher que se olha no espelho e – assim como Eugénio – não sabe direito o que vê. Débora usa o sexo para falar, ao invés de se abrir verbalmente. Eugénio a entende, e a porta que ele abre no final, ao invés de abrir para uma experiência efêmera, abre para o início de algo novo e muito, muito mais poderoso.

    Gosto de pensar que a abordagem final de Eugénio – o sorvete ao invés do sexo passageiro, a proposta de algo mais duradouro ao invés da noite singular – veio depois que ele ficou sabendo do passado de Débora através dos amigos. Tendo acesso a este outro ângulo da vida da antiga professora, ele pôde vislumbrá-la com novos olhos, e apaixonar-se por uma mulher que, apesar de achar que conhecia, ainda estava longe de conhecer.

    A técnica de escrita aqui é excelente. Destaco os trechos abaixo que achei excelentes construções:

    “Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, mas não havia uma única linha torta na professora Débora. Talvez o Diabo também escrevesse, mas estou-me a borrifar para discussões teológicas. A única discussão que me interessava estava à minha frente.”

    “Nova gargalhada, desta vez mais sonora. Percebi, pelo seu olhar, que a adolescência dela devia encher muitos livros.”

    Para fechar com chave de ouro, o conto ainda termina com um epílogo que fala da impermanência. O “foi bom enquanto durou”. Deixa na boca um gosto amargo mas, ao mesmo tempo, nos faz dar valor às experiências que vivenciamos. “Não é por que acabou, que não foi bom”.

    Excelente texto, parabéns!

  19. Luis Guilherme Banzi Florido
    3 de agosto de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia! Tudo bem? Tô lendo os contos na ordem de postagem do site, sem ter conferido quais são minhas leituras obrigatórias.

    Esse conto tem um início um pouco entediante, mas um desfecho mais interessante. Vou explicar em detalhes. Pra começar, achei o começo um pouco arrastado e muito clichê. Um cara que tomou um fora e agora está sofrendo, reencontra uma professora e se apaixona. Tava preocupado que a história fosse só isso, que não apresentasse nada criativo outro interessante. Eu sei que esse tipo de história mais clichê tem seu público, mas pra mim é bastante chato e pouco atrativo. Porém, felizmente, a história surpreende ao tomar um destino inesperado, com um aprofundamento psicológico da professora que, apesar de brusco e um pouco rápido, da novos tons à história e retoma a atenção do leitor de forma muito eficaz. Eu já tinha me surpreendido com a cena onde ela chicoteia e faz outras coisas com o Eugênio, mas pensei q talvez a coisa fosse mais pro lado 50 tons, o que seria terrível kkkkk. Felizmente não é o caso, e a partir dali, entramos num lado mais psicológico e profundo da personagem, que é excelente. Gostaria apenas que esse lado ocupasse um tamanho maior da história, achei que chega tarde demais e ocupa um pedaço pequeno da história, com a maioria, que é a história até aquele momento, sendo menos interessante e menos impactante. Uma pena. Uma reclamação que tenho a fazer é que achei o conto pouco sutil. Achei que a linguagem fica um pouco vulgar em alguns momentos, sem justificativa ou necessidade real, na minha opinião. Não sou nenhum puritano e gosto do emprego de termos mais vulgares, desde que bem colocados, o que, para mim, não foi o caso do trecho: “É aqui que a história se torna interessante. Começou por um perfume, levemente frutado, com a acidez do limão. Fez-me lembrar uma vagina, mas poderia ser apenas a minha imaginação. Ou as saudades, talvez.” Achei visualmente feio e que causa um ruído de comunicação desagradável.

    De todo modo, um conto com um final impactante e profundo, surpreendente. Parabéns e boa sorte!

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Publicado às 3 de agosto de 2025 por em Liga 2025 - 3B, Liga 2025 - Rodada 3 e marcado .