EntreContos

Detox Literário.

Olhares Oblíquos (Daniel Reis)

INTROITO

Por certo, Deus deu a homens e mulheres sensibilidades muito diferentes.

Mas não creio que um gênero possa sentir mais, ou de maneira superior ao outro. E nem que isso resulte em uma escrita melhor, comparativamente, em razão das características emocionais que a cada um deles se atribui. Vou além: indiferente à origem da narrativa — seja feminina ou masculina — não penso que deva o leitor valorizar mais este ou aquele autor. Nem seu ponto de vista, simplesmente por ser do mesmo sexo de quem escreve.

Começo já por essa advertência porque as linhas que vêm a seguir são femininas — é a minha história, e a apresento sob este ponto de vista. Sei, porém, que as lições aprendidas podem ser úteis a ambos, homens e mulheres; são como avisos sobre os perigos na estrada do amor, com os quais todos nos deparamos, mais cedo ou mais tarde.

Tal qual a jovem atriz ansiosa atrás da cortina, à espreita do público, meu nervosismo na estreia da escrita é indisfarçável. Antecipadamente, responsabilizo-me pelos esquecimentos, omissões e demais falhas; mas respondo fielmente pelas minhas sensações e lembranças, esforçando-me por não ocultar defeitos, meus e dos outros. Espero que todos compreendam e possam me perdoar por isso.

Para que se inicie o espetáculo será necessário chamar à ribalta, um a um, os atores envolvidos. Tenha paciência, caro leitor ou leitora — são poucos e distintos os personagens, como se verá a seguir.

Um último aviso: os nomes verdadeiros dos integrantes desse elenco permanecerão disfarçados; somente a alguns, os que creio estarem mortos, reservo a deferência de declinar seus nomes próprios.

Que Deus os tenha!

E que, de mim, Ele também sinta piedade, e me ajude a chegar ao fim desta encenação…

Eis que abre-se o pano.

A INFÂNCIA

Quando eu era menina, antes mesmo de completar doze anos, conheci minha melhor amiga. Hei de chamá-la Lina, pois não sei onde e se ainda vive. Motivo de inveja para mim eram até seus cabelos longos, que eu via a serviçal ajeitar em tranças firmes, para que pudéssemos brincar, nós duas, no quintal de sua casa. Conheciam-se as famílias, e como morávamos perto, estávamos sempre juntas nos folguedos, almoços ou ceias, passando tardes a aprender bordados ou outras artes domésticas. Admirava como Lina já era praticamente púbere e inteligente até demais, com olhos negros profundos e rasgados, nos quais já se agitava um oceano revolto de impulsos irrefreáveis, ainda latentes.

Eu, àquela altura, era nada mais que uma pirralha sem graça, sem seios, sem pelos, tola e impressionável. E ela fazia questão de colocar à prova minha inocência, com chistes como:

— Sabia que não se pode banhar nos rios, sozinha, em noites de lua cheia? — dizia, com malícia.

Eu, bobalhona, acreditava piamente no perigo que vinha da ponta de sua língua afiada. Já tinha medo de boto, boitatá, lobisomem; mas passei a ter pânico de me ver sozinha, nua, a banhar-me à noite, em águas correntes. Vai que algum homem se aproxima… Para fazer o quê? Não sabia…

Com essas brincadeiras, Lina despertava-me os instintos: sensualizando, mostrava-se já preparada para a vida — e me tornava consciente de que eu não estava nem próxima à sua maturidade. Na frente dos outros, ela era moçoila simples e recatada. Na minha frente, era a tempestade em alto mar, um oceano revolto que eu sonhava, um dia, me tornar.

O VIZINHO

Em poucos meses tudo mudou. O menino que morava no sobrado ao lado de sua casa passou a disputar comigo, avidamente, a atenção dela. Quase da mesma idade, um pouco mais novo talvez, um tantinho tolo. Às vezes, divertíamo-nos os três em folguedos no jardim. Mas, aos poucos, Lina passou a preferir mais a sua companhia do que a minha. Evitava, mesmo, que eu o encontrasse em sua casa.

O rapaz, a quem chamarei de Santiago, já era frágil por criação. Vivia com a mãe, viúva jovem, e vários agregados, na casa mantida pela herança do falecido pai. Era nítido que, diante do jovem, minha amiga Lina se tornava outra pessoa: doce, inocente, quase pueril. Quem diria! Quando estava comigo, era ousada, manipuladora e sensual. Olhos oblíquos, atraía qualquer um com seu jeito, arrastando-o ao fundo do mar. Somente para Santiago parecia uma santa, alçada ao altar do desejo.

Até que um dia fui visitá-la e a encontrei aos prantos. Por uma promessa antiga feita pela mãe dele, o jovem havia sido mandado ao internato, onde cumpriria o acordo com o Altíssimo: tornar-se-ia padre, à sua revelia. Lina estava inconsolável, mesmo que antes não demonstrasse tanto apego; a mim, parecia mais uma birra infantil pelo brinquedo perdido do que qualquer outra coisa mais séria.

A tristeza durou meses, nos quais tentei consolá-la, ouvindo suas confidências mais recônditas —  não de algo que houvera, pois o amor deles era ainda idealizado; mas daquilo que ela fantasiava, um dia, acontecer entre quatro paredes. Eram tantas situações, e em tantos detalhes, que me incendiavam a imaginação; com isso, desabrochou o botão de rosa da juventude, antes da hora; e floresceu o desejo em pétalas de inveja, que seriam espalhadas pelo caminho à nossa frente.

O RETORNO

Tempos depois, Santiago retornou definitivamente à casa da mãe, transformado — e livre. Um agregado da família convenceu a viúva que Santiago bem poderia ser substituído por outro jovem, com mais vocação ou necessidade de educação, no mister de atender ao Senhor. Cumpria-se então a promessa feita, sem quebra do contrato espiritual, e sem ônus ao futuro do rapaz. Ao qual, a partir de então, quem estendeu olhares oblíquos fui eu.

UMA OBSESSÃO

Apaixonei-me perdidamente por Santiago, mas não conseguia expressar diretamente meus sentimentos, impedida pela barreira inexpugnável que era a convivência entre ele e minha melhor amiga. As conversas que mantive com ela, durante aquele afastamento forçado entre ambos, retornavam à minha mente nas noites quentes, e tornaram o jovem ainda mais desejável.  Na verdade, ele em si não oferecia nada de especial — era até sem graça, vacilante; porém, justamente por não ser meu, eu fantasiava transformar sua fragilidade em desejo, de maneira intensa e selvagem, para que libertasse em meu corpo os instintos mais inconfessáveis e despertasse em mim a mulher que eu sempre quis ser. Secretamente, planejei passar Lina para trás. Já não queria mais ser como ela. Precisava superá-la, tomando de suas mãos até o que ela ainda não tinha…

BREVE INTERMISSÃO

Neste ponto da história, ao contrário do que afirmei ao começo, creio que somente as leitoras mulheres, se tanto, devem ter suportado minha tagarelice; aos homens, se ainda os houver entre meus leitores, peço compreensão pela natureza das indiscrições que vêm a seguir. Mas prometo a eles também que essa fábula desairosa sobre o amor aparentemente impossível, e a frustração de um desejo irrealizado, pode ser válida para que algo aprendam com minhas desventuras.

Voltemos às reviravoltas.

SOBRE AS SURPRESAS DA VIDA

Pois soube que eles iriam se casar; e eu tornar-me-ia apenas a dama de companhia daquele reinado de conto de fadas, convidada por Lina a ser sua madrinha quando cerimônia houvesse, e seria em breve. Por semanas, com um misto de ódio e decepção dissimulados num sorriso falso, fantasiava o momento de colocar-me à frente dela, diante do altar, e declarar-me a Santiago, para o resgatar de suas garras. Passava noites febris, imaginando meu corpo nu em seus braços, indo com ele aonde nenhum outro homem poderia me levar. Faríamos honestos quaisquer pecados, redimindo a jovem menina que nunca teve o que queria, e convertendo o rapaz tímido em homem feito. Mas esses devaneios esvaíram-se aos poucos, ao notar quão mesmerizado estava o rapaz com os subterfúgios de Lina, encenados diante de todos, para enfatizar seu presumido recato, mostrando a esposa fiel e dedicada que prometia ser. Quanta bobagem! Eu a conhecia melhor do que ninguém! E digo isso, na verdade, porque ela era tudo o que eu queria ser…

Entra em cena então o melhor amigo de Santiago — chamado Escobar.

UM JOVEM

Tal como na Bíblia, onde o rei Davi tinha um grande amigo, estes dois eram inseparáveis. Mas Escobar parecia a antítese de Santiago — e antipatizei com ele desde o momento em que o vi. Demonstrava senso prático de comerciante; era perspicaz, atlético, expansivo. Falava alto, e ria. Ria alto. A amizade com Santiago surgiu desde o momento em que se conheceram no internato, dividindo dormitório e confidências durante os meses em que sentiam-se ambos cativos. Um foi liberto pela troca da promessa da mãe; o outro, por não ter qualquer vocação sacerdotal. E tal fato veio a se tornar óbvio nos anos seguintes.

Convidado por Santiago a ser padrinho, tornou-se não só meu par na cerimônia, mas viu em mim atrativos aos quais o outro não percebera, e me cortejou abertamente; eu, do meu lado, encontrei nele a oportunidade de continuar integrando o séquito real, ao lado do escudeiro mais fiel do meu secreto príncipe.

Quando as famílias aquiesceram, logo após as outras núpcias, casamo-nos.

DOIS CASAIS

Frequentávamos as casas, um casal ao outro, com grande frequência. Eu conversava por horas com Lina — agora não mais sobre as coisas de moças, mas sobre nossos afazeres cotidianos com mobília, a manutenção dos enxovais de casamento e a rotina doméstica infindável. Ela se transmutou. De um oceano de desejos juvenis, tornara-se um lago inerte e profundo. Evitava até compartilhar comigo suas necessidades e frustrações submersas. Eu, por meu lado, tomei o seu papel e passei a descrever, loquazmente, as loucuras que fazíamos, eu e Escobar, em busca do primeiro filho. Sentia-me poderosa por, finalmente, tê-la suplantado em aventuras e emoções. Ela só ouvia, atenta. Apenas dizia que um filho poderia ser uma bênção para qualquer casal, mas que não tinha disso esperanças imediatas.

Eventualmente, meus olhos cruzavam com os de Santiago à mesa do café, onde estávamos em lados opostos. E então aquele sentimento juvenil voltava à tona. Sem querer, eu ainda o desejava — não por ele, mas por ser o marido da minha maior rival. Mesmo em vantagem, eu ainda queria tirar dela até a última gota de felicidade.

OS DESÍGNIOS DOS DEUSES

Veja: por certo, eu não amava Escobar. Não tanto quanto ainda amava Santiago. Não havia como negar que eram antípodas absolutos, e no entanto viviam tão próximos quanto era possível a dois amigos. Apenas não compartilhava Santiago dos eflúvios etílicos e diversões mundanas que já tomavam conta de Escobar, naqueles dias. Percebendo a repulsa, meu marido passou a não mais convidá-lo a tais aventuras, e a mantê-las para si. Eu sofri não só com a mudança em Escobar, como esposa, mas com o afastamento entre as famílias. E até mais com isso, devido à ausência de Santiago em minha vida.

Não se pode dizer, entretanto, que todos os laços foram cortados. Ainda nos encontrávamos por vezes. Porém, alguma coisa parecia ter acontecido entre os casais. Tanto que, um dia, ao vê-lo chegar mais tarde do que de costume, cobrei de Escobar explicações sobre seu comportamento e ausência em nossa casa, e sobre a amizade em falta, que sempre lhe fora tão cara, ao que me respondeu:

— É Santiago que está a me preocupar. Problemas familiares, com os quais precisei ajudá-lo, até mais tarde.

Lina também andava estranha. Parecia ansiosa, com um olhar permanente de ressaca, sempre desviando de mim, em movimento. Alguma coisa nela havia se transformado, da noite para o dia. Logo tudo se esclareceu: fui a primeira a saber que, finalmente, havia em seu ventre uma outra vida.

DA INVEJA

Durante semanas, assediei Escobar para conseguir o que não recebia já há algum tempo. Cheguei ao cúmulo de suplicar que fizesse comigo o que bem entendesse, sendo a ele obediente em todas as vontades, desde que plantasse em mim a semente da vingança, a florescer como inveja. Enfim, aproveitando um seu momento de embriaguez, acabei por fazer dele minha vítima: acordou com carícias até então inimagináveis, que o fizeram enlouquecer sob delícias tão vulgares que não posso aqui expressar. De minha parte, tudo o que pensava era que Santiago seria muito mais feliz do que ele se estivesse ali, diante de tanta dedicação. E era nele que pensava, em cada movimento, em cada frêmito, até meu corpo inteiro se contorcer num frenesi indômito. Foi assim que consegui o que queria. E Escobar nunca mais teria o que quer que fosse de mim.

DUAS FAMÍLIAS

Nasceram, com diferença de meses, nossos filhos. Ao deles, um menino, deram o nome de Ezequiel; à nossa, uma menina, não darei aqui nome algum, a fim de preservá-la. O orgulho em ter um herdeiro varão levou Santiago às nuvens, enquanto Escobar tornara-se mais opaco e taciturno, aparentemente resignado.

Batizamos nós o filho deles, e eles à nossa filha.

À medida que cresciam, cristalizava-se a amizade entre as crianças, e reaproximaram-se os pais. A maternidade deu a Lina e a mim novos papéis nesta nova cena de vida. Mas restava ainda um drama latente entre Escobar e Santiago, o que atribuí, erroneamente, à inveja pelo fruto masculino colhido do ventre da outra mulher. Só fui entender a verdadeira razão e extensão da animosidade de ambos muito tempo depois.

SEMELHANÇAS

Escobar andava aflito, e eu pensando que era por causa de maus negócios. Voltou a beber, ausentava-se com frequência e dava longos passeios pela praia, sem nos avisar. Da minha parte, eu já havia conquistado o que queria, ainda que não fosse de quem eu queria. Mas satisfazia-me imaginar que minha menina teria tranças bem mais belas e olhos mais oblíquos e profundos do que minha rival um dia teve. À medida em que cresciam, nossos filhos tornavam-se inseparáveis. Mas houve uma ocasião especial, em que brincavam por perto, e alguém, talvez algum parente, comentou o quanto eram parecidos aqueles dois. Percebi a fisionomia de Lina empalidecer, e ela atentou-se imediatamente. Sem querer se entregar, comentou:

 — Só pode ser a convivência, mesmo, que torna as pessoas próximas tão parecidas…

A RESSACA

Por aqueles dias, Escobar passou a chegar cada vez mais embriagado em casa. Até que uma manhã, ainda sob eflúvios etílicos, informou:

— Preciso me curar dessa ressaca maldita. Vou à praia banhar-me e retorno, antes do almoço.

Próximo às onze horas, percebi um alvoroço na rua e fui ver o que era. Um emissário reteve-me à soleira da porta, com a notícia de que Escobar fora encontrado, afogado, à beira-mar.

Não pude deixar de pensar que meu marido, finalmente, havia extinguido toda a sua ânsia de beber o oceano inteiro.

CÂMARA ARDENTE

Os preparativos duraram até o início da noite, e o guardamento de Escobar iniciou-se já à luz de velas. Ainda em choque, o que efetivamente me lembro é o ambiente soturno, as conversas em voz baixa entre parentes, o cheiro forte das flores que circundam o corpo que, um dia, me fez mulher.

Estranhamente, Lina e Santiago não compareceram pela madrugada. Pensei neles, mas não perguntei se haviam sido avisados ou não. Preferia até que não viessem. Somente pela manhã, nos momentos que antecederam ao enterro, adentraram ambos à câmara ardente, absolutamente transtornados.

O rosto de Santiago estava crispado por uma dor evidentemente excruciante. Mas era a expressão de Lina, sobretudo por seus olhos marejados de dor e desespero, o que mais chamava a atenção diante de todos, mesmo que tenuamente oculta atrás de um véu negro de luto e silêncio.

Atirou-se sobre o caixão, soluçando, em desespero absoluto. Parecia óbvio que a dor que ela sentia era imensamente maior do que a minha.

E eu imediatamente a odiei por isso, também.

Olhei diretamente nos olhos de Santiago, e tive certeza que ele estava ciente da extensão e profundidade daquele escandaloso desalento incontido.

Eis que se inicia o último ato de nossa tragédia.

O ATO FINAL

Mesmo com a morte de Escobar, eu e minha filha permaneceríamos financeiramente amparadas. Porém, eram insuficientes meus conhecimentos para administrar a pecúnia, e meus parentes aconselharam-me a ir morar com eles em Curitiba, deixando a gestão da herança a cargo de um contador de confiança. Cogitei pedir ajuda a Santiago, mas ele andava tão casmurro que qualquer proposta envolvendo dinheiro poderia ser tomada por ofensa; e, de graça, eu não aceitaria nada dele. A não ser…

Chegou enfim o dia da nossa mudança, e fui ter à sua casa.

Nossos filhos, tão parecidos, sofreram imenso com as despedidas, levando consigo a inocência da infância e as juras do reencontro, quando a vida permitisse.

Lina declarou estar apenas triste por nós, e mais nada. Acenou, vagamente, que quando pudessem iriam nos visitar na província, desejando-nos boa sorte.

Já Santiago foi cordial e teve a cortesia de nos acompanhar até o tílburi que nos levaria ao porto.

Postas as malas e ajeitada a menina no veículo, vi-me finalmente a sós com o homem a quem sempre amei. Num arroubo de coragem e ousadia, decidi ter com ele a conversa definitiva, por tanto tempo adiada.

Sentamo-nos no banco da praça e fiz-lhe minha confissão. Desde a infância e juventude, passando pela fantasia em tê-lo ao meu lado nos momentos de prazer e de dor. Inclusive, admiti meu desejo mais profundo, o de gerar em meu ventre um filho nosso.

A tudo ele ouviu, atônito, com a cabeça baixa e olhar no chão.

Finalmente, cheguei ao ponto do desespero mais baixo: disse-lhe que, se me pedisse, eu continuaria ali, como sua fiel criada e amante. E estaria disposta a tudo, aceitando até mesmo dividir seu afeto com aquela outra mulher.

Por instantes, ainda de cabeça baixa, ele guardou silêncio. Finalmente, ao erguer seu rosto banhado em lágrimas, sentiu-se aliviado em confessar:

— Eu nunca trairia Escobar. Ele foi o amor da minha vida!

Sobre Fabio Baptista

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22 comentários em “Olhares Oblíquos (Daniel Reis)

  1. danielreis1973
    17 de outubro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    “HERRARE UMANUM EST” (sic)

    Agradeço especialmente à Claudia Angst, Leo Augusto e ao Mauro Dillmann pelas observações gramaticais e tipográficas, e aos demais comentaristas pelos insights e percepções, todos muito valiosos.

    Como registro, deixo aqui pequenas correções solicitadas à administração em 17/10/2025, e já implementadas no texto aqui do EC:

    INTROITO – retirar o acento no título.

    Terceiro parágrafo do INTROITO:

     são como avisos sobre os perigos na estrada do amor, com os quais todos nos deparamos, mais cedo ou mais tarde

    Terceiro parágrafo do capítulo DUAS FAMÍLIAS:

     A maternidade deu a Lina e a mim novos papéis nesta nova cena de vida. 

    Terceiro parágrafo do capítulo O VIZINHO:

    Por uma promessa antiga feita pela mãe dele, o jovem havia sido mandado ao internato

    Primeiro parágrafo do capítulo UM JOVEM:

    Mas Escobar parecia a antítese de Santiago — e antipatizei com ele desde o momento em que o vi.

    Terceiro parágrafo do capítulo OS DESÍGNIOS DOS DEUSES:

    — É Santiago que está a me preocupar. Problemas familiares, com os quais precisei ajudá-lo, até mais tarde.

    Primeiro parágrafo de DUAS FAMÍLIAS: (adjetivos)

    O orgulho em ter um herdeiro varão levou Santiago às nuvens, enquanto Escobar tornara-se mais opaco e taciturno, aparentemente resignado.

    Primeiro parágrafo de O ATO FINAL:

    … deixando a gestão da herança a cargo de um contador de confiança.

    Quinto parágrafo de O ATO FINAL: (acento agudo proparoxítona “tílburi”)

    Já Santiago foi cordial e teve a cortesia de nos acompanhar até o tílburi que nos levaria ao porto.

  2. Bia Machado
    25 de setembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Oi, Daniel, como é bom poder ler uma fanfic de Dom Casmurro, com esse enfoque escolhido por você e com esse Twist na história! O conto nem é sabrinesco, na verdade a coisa pendeu para um bromance e sabe que nunca, nunca pensaria uma coisa dessas a respeito desses dois? Melhor do que aquela dualidade de “ela traiu ou não traiu?” Pra mim, sim, traiu. Gostei muito do seu conto, só me resta dizer “parabéns”!

  3. Priscila Pereira
    18 de setembro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Oi, Daniel! Li seu conto faz um tempo e vou comentar baseado no que ele me fez sentir. Então, quando li achei que não era uma mulher que escreveu, mesmo a narradora sendo uma… não vou falar que não exista mulheres assim, como a narradora, que se casariam só para copiar e tentar superar outra, mas eu não conheço nenhuma… achei meio forçado isso, dificilmente alguém se casaria por um motivo tão idiota… no mais, a releitura de Dom Casmurro ficou muito legal, a qualidade da escrita é altíssima. Parabéns pelo pódio!

  4. Mauro Dillmann
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um conto bem escrito, com enredo envolvente. Conseguiu me capturar, num ritmo bom de ler.

    Algumas palavras trazem um tom arcaico ao texto, além de uma evidente referência a Machado de Assis, mas em nada compromete o entendimento.

    Alguns detalhes de revisão. Veja essa passagem: “e sem ônus ao futuro do rapaz. Ao qual, a partir de então”. Depois de “rapaz” caberia uma vírgula no lugar do ponto final. “A maternidade deu a Lina e mim” [e a mim]. Uso repetido (e próximo) da palavra “soturno”.

    O conto é inteligente, bem construído e com um final bastante surpreendente.

    Gostei demais. Parabéns!

  5. Rodrigo Ortiz Vinholo
    12 de setembro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Excelente! Será que podemos chamar essa obra de fanfic? Seja lá qual for o nome que ia dar, pegou muito bem o espírito de Dom Casmurro, bem como o estilo machadiano, ao mesmo tempo que conseguiu trabalhar características e desenvolvimentos próprios. Parabéns!

  6. leandrobarreiros
    12 de setembro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Esse conto me surpreendeu. Começa com um certo ar de inocência que vai sendo abandonado ao longo da narrativa. Se é o chamado texto sabrinesco ou alta literatura eu não sei, o que sei é que é uma história bem legal. 

    O coração da narrativa não é exatamente a paixão ou o envolvimento amoroso, mas a gradual degeneração moral da protagonista que passa a ser consumida com desejos pelo pretendente da amiga. O texto deixa claro, contudo, que esse desejo nunca foi fruto de um amor verdadeiro, embora ela mesma o defina como amor de tempos em tempos. Ele é fruto, acima de tudo, de um desejo de superação de sua rival, para poder creditar valor a si mesma. 

    Claro, nada é tão preto no branco e as coisas parecem se misturar aqui e ali.

    Mais do que o enredo, o que realmente gostei foi da narrativa. Temos uma passagem grandiosa de tempo em um espaço curtinho que em nenhum momento se tornou chata ou cansativa, ou mesmo repetitiva, ainda que a temática tenha sida a mesma ao longo da história. 

    A única coisa que não gostei muito foi do final. Pareceu um esforço de uma reviravolta que não me parece ser muito necessária na história. As vezes menos é mais e acho que seria o caso aqui. 

    De todo modo, o final não muda o impacto geral da narrativa. Esse entra na minha lista de 10.

  7. Thaís Henriques
    12 de setembro de 2025
    Avatar de Thaís Henriques

    Impecavelmente escrito, e me remeteu muito a Dom Casmurro. Seria o filho de Lina de Escobar? Até que somos arrebatados pelo final. Gostei muito, embora não seja meu favorito.

  8. claudiaangst
    11 de setembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Temos aqui uma fanfic de Dom Casmurro?

    Considero que o conto abordou o tema alta literatura, pois de sabrinesco só se for o final.

    O texto é bem construído, dividido em capítulos, um romance condensado (o que faz sentido, uma vez que se baseia em um).

    Há erros que escaparam da revisão? Deve haver, mas não me atrevi a caçá-los. Só o acento na palavra “entroito” me chamou a atenção. Não existe mais essa acentuação.

    Apesar de extenso, achei a leitura agradável e fluida. O desfecho foi o toque que diferenciou toda a trama. Não chega a ser surpreendente, mas funcionou como impacto final.

    Deve alcançar uma boa colocação.

    Parabéns e boa sorte.

  9. Mariana
    9 de setembro de 2025
    Avatar de Mariana

    História: Um texto que traz uma perspectiva de fora para a história de Capitu e Bentinho. Apesar dos momentos sensuais, não entendi como romântico. Acredito que estaria melhor adequado no desafio passado, o da fanfic. O final é o esperado, tratando-se de Dom Casmurro 1,2/2

    Escrita: Dona Spector – homenageando Clarice – você pegou Machado de Assis e deu conta. O cinismo do observador, o sarcasmo aguçado, os sentimentos dos quais ninguém quer falar. Está tudo no texto. Muito bom mesmo. Admito que tive que pesquisar a expressão “Introito”, não a conhecia. Mas você é firme na espada, quer dizer, escrita. 2/2

    Impacto: É uma boa releitura, tecnicamente bem feita. Mas já esperava o final e, como tinha dito, não consegui adequar ao desafio e suas propostas. Acredito que, se fosse alta literatura, deveria partir de uma premissa própria e o texto tem sexo, mas não tem romance. 0,6/1

  10. Fabiano Dexter
    8 de setembro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História

    Um breve conto machadiano onde a protagonista conta a sua história, incluindo o relacionamento com a sua melhor amiga, como conheceram o marido dela (por quem se apaixonou), como conheceu o próprio marido, como elas tiveram seus filhos e a eterna disputa interna dela com essa melhor amiga.

    Tema

    Excelente Alta Literatura, me lembrando muito Machado de Assis.

    Construção

    História contada em primeira pessoa, onde temos um quadrado amoroso (?). A redação é elaborada e lembra muito o estilo de Machado de Assis, tanto na escrita como no tema, que consegue aprofundar um tema cotidiano e fazer o conto fluir.

    E ainda que a história, em si, pareça rasa, o conto é muito agradável de se ler e tudo flui com naturalidade e o foco principal é justamente na narrativa e nas interpretações e da protagonista.

    Impacto

    Um conto espetacular e com um final que me pegou de surpresa, pois os desenhos e insinuações são todos para que o marido da protagonista seja também o filho da melhor amiga, enquanto na verdade era amante do marido dela e grande amor da narradora.

  11. Gustavo Araujo
    5 de setembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Gostei do conto. No geral, consegue emular com bastante competência o estilo machadiano – inclusive as quebras de quarta parede –, ainda que escorregue em alguns pontos com palavras talvez modernas demais. Confesso que demorei um tanto a identificar Sancha na história e assim para perceber que estava (re)lendo Dom Casmurro sob o ponto de vista dela.

    Achei muito bacana a ideia de explorá-la como protagonista, já que no romance ela é secundária, criada muito mais para acentuar a natureza inquisitiva, misteriosa e desafiadora de Capitu – aqui Lena (uma homenagem à Amiga Genial?). Sim, no original Sancha é como um picolé de chuchu, para usar a metáfora do Zé Simão, mas aqui ela ganha cores mais vibrantes, torna-se vértice de um segundo triângulo amoroso e que, na verdade se põe adjacente ao do clássico.

    Talvez pela limitação imposta pelo desafio achei superficiais os motivos pelos quais Lena desperta inveja em Sancha. A admiração do início se converte em uma espécie de ciúmes e ressentimento de modo muito rápido e difícil de comprar. Mas, de todo modo, os pontos principais do clássico machadiano estão lá, com destaque para a cena do funeral de Escobar e o desespero de Capitu – e isso acaba prevalecendo nesta história/homenagem.

    Também merece destaque o arremate da história, com a confissão de Bentinho de que seu verdadeiro amor era o amigo que morrera afogado. Sempre desconfiei disso haha

    Ótimo conto. Parabéns pelo trabalho e boa sorte no desafio.

  12. Jorge Santos
    4 de setembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá menina Pector. Li com interesse o seu conto, que narra a história de um (aviso: seguem-se spoilers) quadrilátero amoroso. O início é feito como se de uma peça se trata-se. O narrador descreve o contexto. Não apreciei muito este recurso, embora tenha sido bem executado. Preferia intuir o contexto pela interação das personagens. O desenvolvimento da narrativa está feito de forma elegante, seguindo a vida de uma menina até se tornar adulta, viúva e com filhos. A caracterização das personagens está bem feita, mas senti falta de algum desenvolvimento no lado de Lina. Seguimos a amizade das duas, uma amizade imperfeita. A personagem principal inveja a amiga, o que depois se projeta no seu interesse amoroso por Santiago. No final do conto, Lina praticamente desaparece, numa analogia com aquilo que acontece na realidade: as amizades de infância vão-se diluindo. Neste caso, no entanto, elas mantêm contacto, pelo que Lina deveria aparecer mais no texto. Apenas no funeral de Escobar ela aparece, numa demonstração de afeto que pode significar que a ligação romântica entre os dois casais poderia ter sido bem mais complexa do que é aparentado no texto.

  13. marco.saraiva
    3 de setembro de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Uma verdadeira saga, um drama digno de filme. Começamos na infância da personagem principal e seguimos as suas obsessões por Lina e Santiago até o final dramático e a revelação quase escandalosa.

    Este conto fala muito do papel do desejo na vida, de como é combustível e também maldição. Fala de como o desejo é puramente subjetivo, e mesmo um homem que, segundo a própria narradora, não tinha nada que lhe chamasse a atenção, torna-se extremamente desejável quando a sua rival o cobiça. E como ela, a narradora, não vive a própria vida com o seu marido, vivendo, ao invés disso, uma vida que existe apenas na sua imaginação, sempre traçando planos para conquistar o homem inacessível da sua rival, sempre imaginando como a sua vida seria – como o sexo seria – se fosse ele ao seu lado e não o seu marido. Ela tem uma filha mais como ato de vingança do que pela vontade verdadeira de construir uma família.

    Enfim: um conto que nos faz pensar e coloca certos instintos humanos em perspectiva.

    NOTAS:

    • A tentativa de discussão sobre a diferença entre os sexos na escrita e na arte não me pareceu ter muito papel aqui. Ela nasce e morre sem muito o que dizer, mais parece um devaneio da autora, e me parece que pode ser facilmente retirada. Na verdade, todo o preâmbulo do conto, onde a autora se apresenta e discute a escrita, para mim poderia ser descartado em prol e mais espaço para narrar a história.
    • O conto tem uma escrita puramente narrativa, sem diálogos, descritiva ao extremo. Parece muito o resumo de uma história maior. Apesar de ela ter funcionado em certo nível – sim, ela me prendeu – ainda acho que esta escolha peca no desenvolvimento dos personagens. Sem dar ao leitor a oportunidade de ver a interação entre eles, tudo o que temos é a descrição da autora nos dizendo que “sim, eu o amava” ou “sim, eu o desejava“. O famoso “contando ao invés de mostrar”, que, aqui neste conto, pesou um pouco para o lado negativo.
      É claro que se você usasse de cenas e diálogos você nunca teria conseguido escrever este conto em 3 mil palavras, já que o enredo é muito extenso. Ainda assim, achei que faltou emoção. Um exemplo claro disso é a revelação final: ela veio como uma tentativa de clímax, uma revelação ousada, que faz sentido e que fecha a trama bem. Mas aqui ela me pareceu fora de lugar, um pouco gratuita. Não era necessária. Sim, ela faz sentido, e explica muita coisa, mas como eu não tive a oportunidade de enxergar a relação entre Santiago e Escobar e notar as nuances do homossexualismo ali, a revelação veio do nada, e me parece estar ali apenas para efeito de choque.
  14. sarah
    1 de setembro de 2025
    Avatar de sarah

    Preciso começar dizendo, excelente texto! As advertências no início me fizeram duvidar se o autor era mesmo uma mulher ou não, risos, mas interessante introdução. Gostei desse contraste que a protagonista aponta no comportamento da Lina, comportada na frente dos outros e completamente um caos quando estavam só as duas. Clássico!

    Caramba, esse desejo e obsessão da protagonista pelo Santiago me fez torcer pra ela conseguir conquistar o menino! Por que gente! Não sei, mas me vi esperando que ela conseguisse mesmo superar a Lina chata. Essa coisa da menina mais gata dá uma raiva mesmo. kkk coitada da Lina, nem é culpa dela.

    Gente, mas não esperava que a galera toda ia se casar! risos, achei que não ia ter casamento, que a amiga da Lina ia armar alguma antes da cerimônia ou na própria!

    Eita que final foi esse! Eu até suspeitei um pouco quando falou que os dois eram amigos lá no início, mas depois achei normal, amigos como a protagonista e a Lina! E no fim  o Santiago amava o amigo! Por essa eu não esperava. Conto muito legal, bem escrito, interessante, me lembrou o livro do Dom Casmurro, foi de propósito? Achei super criativo e diferente seu conto!

  15. toniluismc
    29 de agosto de 2025
    Avatar de toniluismc

    Parabéns pelo belo texto, miss Pector!

    A escrita é elegante e íntima, com um tom reflexivo e confessional que convida o leitor desde o início — a crônica de formação construída como uma peça teatral.

    A progressão entre carinhos e atritos da infância, a saída emocional do tempo, e a revelação gradual da protagonista são bem articuladas e mantêm coesão ao longo da narrativa.

    A narração em primeira pessoa está bem calibrada, com transições suaves entre lembrança, reflexão e relato.

    O início já destaca uma voz singular: a autora subverte expectativas com declarações como “não creio que um gênero sinta mais” — um manifesto pessoal de estilo.

    A reconstrução afetiva da infância — a comparação entre duas amigas, a tensão do olhar que observa à distância, o misto de inveja e desejo de despertar a mulher que quer ser — é emocionalmente rica e imagética.

    O desdobramento sobre rivalidade, ambiguidade sexual e construção da identidade no tempo é inventivo sem ser forçado, e dialoga bem com o título (olhares oblíquos, sentidos desviados).

    A narrativa provoca identificação e reflexão, especialmente para quem já viveu tédio, saudade ou desejo reprimido na intimidade da amizade.

    O impacto vem da sinceridade do relato: não há dramatismo exagerado, mas há densidade emocional — o leitor é conduzido pelas réstias de culpa, nostalgia e questionamento.

    O final, que fecha o pano sobre uma protagonista consciente dos perigos do amor e de si mesma, oferece a sensação de ter acompanhado uma lição pessoal significativa.

  16. Luis Guilherme Banzi Florido
    28 de agosto de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia! Tudo bem? Tô lendo os contos na ordem de postagem do site, sem ter conferido quais são minhas leituras obrigatórias. Bom, vamos lá pro seu conto.

    Esse conto, apesar de muito bem escrito e de satisfazer perfeitamente ao tema sabrinesco, infelizmente não me pegou tanto. Não sei dizer exatamente o motivo, acho que simplesmente não é o tipo de leitura que me prende. Para começar, não vi nenhuma necessidade do início, da introdução longa e detalhada da protagonista sobre historias de homens e mulheres, sobre pessoas que ja morreram ou estão vivas, de nomes reais e inventados. Sei la, tudo me parece bastante desnecessario. Nao entendi bem sua intenção com aquele começo.

    Achei que só criou um ruido no começo do conto, que quando finalmente começou, ja me tinha um pouco desinteressado. E dai vem a propria historia, que, tirando o plot twist, não é muito interessante. Achei a protagonista bastante detestavel, e acompanhar todos os planos e maquinações dela em primeira pessoa não foi tão interessante, só aumentou minha antipatia por ela. Eu sei q essa era sua intenção, e voce fez isso bem, só não me pegou mesmo.

    O plot twist é excelente, juntando rapidamente todas as pontas e justificando muita coisa. Isso redime bastante o conto, e eleva consideravelmente seu nivel.

    Enfim, acho que não gostei tanto do estilo novelão mexicano, que combina com sabrinesco, mas não combina com meu gosto particular, algo que não é sua culpa. Da sua parte, elogio a boa tecnica e otima condução narrativa, nos levando a um bom plot twist.

    Parabens e boa sorte!

  17. Pedro Paulo
    21 de agosto de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Não consigo acompanhar o grupo do whatsapp tão bem. Às vezes, leio as mensagens, enquanto que, mais numerosamente, procuro por alguma menção ao meu. Condenação dos desafios fechados. Este foi um que notei ser comentado, geralmente de forma positiva e atribuído como uma boa abordagem de fanfic. Não só isso, acho que perpassa os dois temas deste certame com plena adequação.

    Aborda “alta literatura” em uma sacada metalinguística, relendo um dos textos mais canônicos de nossa literatura com sutileza, enquanto ao mesmo tempo é fiel ao estilo machadiano em que se dialoga com quem lê. Para além disso, ainda brinca com a nossa comunidade ao rememorar o debate recorrente das escritas masculinas e femininas, problematizado diretamente e ao longo do texto, em que o olhar feminino é relevante.

    Tudo isso reconstrói a história original enquanto se insere uma nova perspectiva envolvente e de certo suspense, construindo uma tensão que favorece a reviravolta climática e, diga-se de passagem, achei que é bem engraçada. Meus parabéns!

  18. Kelly Hatanaka
    19 de agosto de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Eu não avalio esta série, então, me permito avaliar como leitora, de forma mais livre e bem pelo meu gosto pessoal. Desculpe alguma coisa.

    Tema

    Alta literatura com pitada de romance.

    Considerações

    Dom Casmurro narrado pela perspectiva de Sancha, explorando a ideia de que Bentinho talvez tivesse ciúmes de Escobar, e não de Capitu.

    Muito bom! O autor emulou muito bem o estilo machadiano na introdução, e de cara desperta o interesse do leitor. Manter a história fiel ao original foi uma boa escolha e penso que este conto teria ido muito bem no desafio de fanfic.

    Gostei muito.

  19. Anderson Prado
    16 de agosto de 2025
    Avatar de Anderson Prado

    Olá, autor.

    Gostei do seu conto.

    Correto, coeso, fluido e divertido.

    No contexto do desafio (tão somente!), eu esperava encontrar alta literatura contemporânea e autoral, tendo o seu trabalho soado oitocentista, um pouco antiquado, e ficção de fã (fanfic). Além disso, seu desfecho me soou quase como uma piada, me levando a perguntar sobre qual o limite entre o humor (seu texto quase como um todo) e a piada (seu desfecho).

    Parabéns.

    Nota 4.

  20. Antonio Stegues Batista
    15 de agosto de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    O conto faz referencia a uma peça de teatro, embora não seja um texto para ser encenado. O título dos capítulos é o tema de cada ato. A estética e estrutura não está ruim, nem a intensão do autor fazer referência a obras cênicas.

    A história de duas mulheres, amigas desde a infância, cada uma com seu namorado a inveja, o amor proibido, o casamento, a traição e o drama que se segue. O conto está bem escrito, a escrita é simples e correta, o enredo é excelente. A narradora dialogando com o leitor é um recurso válido e de certa forma enriqueceu a estrutura da narrativa. Muito bom conto.

  21. cyro eduardo fernandes
    13 de agosto de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Ótima técnica. A narrativa propicia um realismo contundente aos relacionamentos. Bom plot twist.

  22. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    13 de agosto de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Tema alta literatura.

    Enquadrei seu conto nessa categoria, porque ele fala sobre inveja. 

    Está bem clara a tentativa de criar uma narrativa ao estilo machadiano. Inclusive o título demonstra bem isso. 

    Percebi alguns problemas gramaticais em sua história, colarei alguns trechos abaixo, sugerindo as correções que consideram adequadas. 

    Começo já por essa advertência porque as linhas que vêm a seguir são femininas — é a minha história, e a apresento sob este ponto de vista. Sei, porém, que as lições aprendidas podem ser úteis a ambos, homens e mulheres; são como avisos sobre os perigos na estrada do amor, diante dos quais todos nos deparamos, mais cedo ou mais tarde., Janela Chrome: Olhares Oblíquos (Miss Pector) | EntreContos

    O verbo reflexivo deparar-se é regido pela preposição com, e não pela preposição diante. quem se depara se depara com.

    Até que um dia fui visitá-la e a encontrei aos prantos. Por uma promessa antiga feita pela mãe dele, o jovem havia sido mandado ao internado, onde cumpriria o acordo com o Altíssimo: tornar-se-ia padre, à sua revelia. Lina estava inconsolável, mesmo que antes não demonstrasse tanto apego; a mim, parecia mais uma birra infantil pelo brinquedo perdido do que qualquer outra coisa mais séria.

    Pequena falha de revisão, substantivo internato, não internado. 

    Pois soube que eles iriam se casar; e eu tornar-me-ia apenas a dama de companhia daquele reinado de conto de fadas, convidada por Lina a ser sua madrinha quando cerimônia houvesse, e seria em breve. Por semanas, com um misto de ódio e decepção dissimulados num sorriso falso, fantasiava o momento de colocar-me à frente dela, diante do altar, e declarar-me a Santiago, para o resgatar de suas garras. Passava noites febris, imaginando meu corpo nu em seus braços, indo com ele aonde nenhum outro homem poderia me levar. Faríamos honestos quaisquer pecados, redimindo a jovem menina que nunca teve o que queria, e convertendo o rapaz tímido em homem feito. Mas esses devaneios esvaíram-se aos poucos, ao notar quão mesmerizado estava o rapaz com os subterfúgios de Lina, encenados diante de todos, para enfatizar seu presumido recato, mostrando a esposa fiel e dedicada que prometia ser. Quanta bobagem! Eu a conhecia melhor do que ninguém! E digo isso, na verdade, porque ela era tudo o que eu queria ser…

    Acho que começar esta parte da narrativa com a conjunção pois não está adequado. Talvez a conjunção então ou alguma outra expressão relativa talvez a tempo. Um dia, quando, etc.

    Tal como na Bíblia, onde o rei Davi tinha um grande amigo, estes dois eram inseparáveis. Mas Escobar parecia a antítese de Santiago — e antipatizei-o desde o momento em que o vi. Demonstrava senso prático de comerciante; era perspicaz, atlético, expansivo. Falava alto, e ria. Ria alto. A amizade com Santiago surgiu desde o momento em que se conheceram no internato, dividindo dormitório e confidências durante os meses em que sentiam-se ambos cativos. Um foi liberto pela troca da promessa da mãe; o outro, por não ter qualquer vocação sacerdotal. E tal fato veio a se tornar óbvio nos anos seguintes.

    Aqui deveria ser antipatizei com ele, não antipatizei o. 

    — É Santiago que está a me preocupar. Problemas familiares, que precisei ajudá-lo, até mais tarde.

    Aqui deveria ser, problemas familiares com que precisei ajudá-lo até mais tarde. 

    Mesmo com a morte de Escobar, eu e minha filha permaneceríamos financeiramente amparadas. Porém, eram insuficientes meus conhecimentos para administrar a pecúnia, e meus parentes aconselharam-me a ir morar com eles em Curitiba, deixando a gestão da herança a cargo de um contador da confiança. Cogitei pedir ajuda a Santiago, mas ele andava tão casmurro que qualquer proposta envolvendo dinheiro poderia ser tomada por ofensa; e, de graça, eu não aceitaria nada dele. A não ser…

    Aqui deveria ser, contador de confiança, talvez seja erro de revisão.

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Publicado às 2 de agosto de 2025 por em Liga 2025 - 3A, Liga 2025 - Rodada 3 e marcado .