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Detox Literário.

Moscou, 1995 – Crônica (Gustavo Araujo)

Cheguei a Moscou, de trem, por volta de 22h de um dia qualquer de abril. A Leningradskii Vokzal era idêntica à Moscovskii Vokzal de St. Petersburgo, com a diferença de que, em vez de uma estátua de Pedro, o Grande, para recepcionar quem desembarcava, havia uma nas mesmas proporções de Vladimir Lênin.

Ao sair da estação, fui abordado por uma horda de taxistas loucos para faturar um dinheirinho fácil de quem não conhecia a metrópole. Achando-me esperto, decidi ir andando, apesar da hora. A Traveller’s Guest House, o recém inaugurado albergue de Moscou, pelo que eu via no mapa, não parecia ser tão longe.

Caminhar, contudo, em poucos minutos revelou-se uma má escolha. Rapidamente, as avenidas bem iluminadas que cercavam a estação de trem deram lugar a ruas escuras e desertas. “É perto!” pensei, engolindo em seco, com os olhos fixos nos enormes e decrépitos prédios que pareciam abandonados há anos, erguendo-se como sentinelas moribundas de tempos difíceis.

“Gangues se escondem nesses edifícios”, disse uma voz na minha mente, fazendo-me lembrar um artigo que eu havia lido em uma revista quando ainda estava em Helsinki. Balancei a cabeça, tentando afastar o mau agouro e apertando o passo, apesar dos vinte quilos de minha mochila.

Não havia ninguém para onde quer que eu olhasse. Vez por outra passava algum carro ou ônibus caindo aos pedaços, dignos de cenários apocalípticos. A entrada do país no mundo do capitalismo cobrava um preço alto. Disso não havia dúvidas.

Parei junto a um poste carcomido pela ferrugem. Com as mãos trêmulas, saquei o mapa do bolso e analisei-o sob a luz pálida que balançava ao sabor do vento, infestada de mariposas. Uma chuva fina começou a molhar o papel. Apertei a vista e concentrei-me no desenho que mostrava a localização do albergue, com uma seta vermelha. Ler o nome das ruas, em cirílico, o alfabeto russo, era uma tarefa que exigia concentração e calma, algo que eu não conseguia encontrar àquela hora.

Involuntariamente, meus pensamentos eram invadidos por dúvidas e questionamentos de outrora, fazendo-me perder o raciocínio.

“O quê? Você vai para a Rússia?” Era o que me diziam com incredulidade, quando eu comentava minhas intenções de conhecer a terra de Stalin e de Yuri Gagarin. “Está louco? Vai fazer o quê lá? Quer ser sequestrado e assaltado?”

“Como assim, o que eu vou fazer na Rússia?” era minha resposta natural. Ora, eu iria testemunhar com os meus próprios olhos o que até então vira apenas nos livros – o metrô de Mayakowski, as catedrais, o Kremlin, a Praça Vermelha, as pessoas recém libertas de setenta anos de comunismo. Então, eu completava, cheio de razão: “Sequestros e assaltos? Quem tem medo disso? É conversa de quem padece de inveja crônica, de quem se julga conhecedor de tudo sem nunca ter estado em lugar algum. Louco eu sou se não for.”

Bem, naquela hora em que eu solitariamente tentava decifrar um mapa escrito em um alfabeto pouco familiar, sozinho, sob a chuva fina que pintava a noite de prateado, cheguei a pensar que os pessimistas podiam estar certos.

Então começou a nevar. “É perto!” pensei de novo, guardando o mapa de volta, convencido de que meu destino estava logo adiante. Alguns passos depois, encontrei uma placa com o nome da rua pregada em uma parede descascada, cujos tijolos aparentes se esfarelavam. Li e reli. большая переяловская. Se estivesse escrito em alfabeto ocidental, não teria gasto mais do que dois segundos. Depois de uma eternidade, julguei que estava na rua correta, Bolshaya Pereyalavskaya, mas essa certeza desapareceu depois de poucos metros de caminhada.

Já estava andando há quase uma hora, mas nada de encontrar o maldito lugar. Não havia mais qualquer indicação, placa, nada. A rua terminou. Só havia uma cerca de arame farpado e, para além dela, como um quadro em sépia, os trilhos e postes da estação de trem que desapareciam na escuridão. Com desespero crescente, naquele local deserto, escuro e frio, não pude evitar o pensamento clássico que arrebata os viajantes nessas horas: “o que eu estou fazendo aqui?”

Respirei fundo. “Calma”, pensei. Tirei um mapa mais detalhado que havia guardado na mochila e segui até uma avenida principal, dali próxima. Pelo menos haveria iluminação. Cruzou-me a mente um pensamento que me deixou ainda mais nervoso. E se o albergue tivesse fechado? Aquele era o único albergue em toda Moscou. Ir para um hotel? Que hotel? Onde? Sem reserva?

Com o coração a mil, cheguei na avenida principal. Проспект Мира. Prospekt Mira. Avenida da Paz. “Olhe o mapa com atenção. Veja bem onde você está e esqueça, pelo menos por enquanto, a besteira que você fez ao vir sozinho.”

Nesse momento, notei uma mulher se aproximava de um prédio nas imediações. Mesmo sabendo que na Rússia eram raras as pessoas que falavam inglês, resolvi arriscar. Caminhei até ela, acenando para que esperasse. Para minha sorte, ela não foi embora assustada, embora tivesse todo motivo para isso. Apontei o endereço no mapa, balbuciei o nome em russo do lugar para onde eu queria ir e, para minha mais que agradável surpresa ela respondeu em inglês perfeito, indicando o local exato que eu, sem sucesso, vinha procurando. “It’s over there”, disse, serena, apontando para o enorme edifício por onde eu já havia passado duas vezes.

Mal pude acreditar quando entrei no velho elevador que, com um estalo me levou ao décimo andar do prédio, típico do período de Brezhnev, como tantos outros. Ao ali chegar, uma placa feita à mão indicava que a recepção fechava às onze e trinta. Ainda faltavam quinze minutos. “Estou adiantado”, pensei quase feliz. Toquei o sino sobre o balcão e logo uma garota ruiva, de penetrantes olhos azuis, ostentando um piercing no nariz, apareceu e disse, evidentemente cansada, em um inglês ensaiado:

“Bem-vindo a Moscou. Espero que sua viagem tenha sido boa.”

“Melhor impossível”, respondi com sinceridade. “Jamais vou me esquecer”.

14 comentários em “Moscou, 1995 – Crônica (Gustavo Araujo)

  1. Priscila Pereira
    11 de julho de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Gustavo! Tudo bem?

    É incrível como as pessoas são diferentes, né? Eu jamais viajaria sozinha. Nunca fui nem nas cidades vizinhas desacompanhada. Na verdade gosto muito de conhecer novos lugares e aproveitar essas experiências, mas detesto a viagem. Nunca me sinto confortável na estrada, então raramente tenho a oportunidade de conhecer novos lugares, só através dos livros e das crônicas dos viajantes. Gostei demais de poder ver um pouquinho de Moscou através dos seus olhos. Continue trazendo suas memórias de viagem pra nós!

    Até mais!

  2. Luis Guilherme Banzi Florido
    9 de julho de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Graaande Gustavo. Que delícia de leitura! Um ritmo delicioso, uma linguagem clara e muito competente, descrições que me fizeram imergir e caminhar por aquelas ruas com o personagem. Como eu não tinha certeza se era uma historia real ou nao, eu me senti efetivamente nervoso e preocupado com o bem estar dele, e deu um baita alívio quando a mulher apareceu e o salvou. Isso mostra que voce foi perfeito na construção do suspense e em transmitir a ansiedade crescente da situação. Excelente como sempre. Isso realmente aconteceu com você? Fiquei curioso pra saber mais sobre a historia no geral.

    Parabens, excelente trabalho. Abraço!

  3. Pedro Paulo
    7 de julho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    O melhor da crônica não é nem o suspense quanto ao encontro do albergue, mas a caracterização do ambiente, a mudança drástica que desorienta, o contraponto entre a sua expectativa e estar lá em carne e osso. A cidade em que nasci e na qual morei por quase toda a minha vida é uma capital, mas em uma dimensão distinta das grandes metrópoles, inclusive em seu ordenamento. Alguns dias atrás dirigi por Recife já um pouco desorientado, enquanto numa outra capital visitada dias depois senti muito mais familiaridade, como se andasse pela cidade natal. Prestar atenção nessas coisas me fez pensar em como viajar é uma boa matéria-prima para a literatura, o que até compartilhei no nosso grupo de whatsapp. Tenho a impressão de já ter te visto compartilhar outras experiências desse tipo por aqui ou em outras de suas redes. Sim ou não, espero que compartilhe mais dessas jornadas conosco com o manejo literário de sempre!

    Outros colegas mencionaram suas próprias experiências viajando. Pois espero que os incentive ao mesmo.

  4. Angelo Rodrigues
    4 de julho de 2025
    Avatar de Angelo Rodrigues

    Olá, Gustavo,

    ótimo que tenha falado sobre a sua viagem à Rússia, um dos países mais esquisitos do mundo aos olhos ocidentais, creio. Como? Isso, um dos mais esquisitos, dado que quase só conhecemos essa dita Rússia por meio do que nos é reportado pela cultura americana: livros, filmes, revisas, jornais etc. E o que é a “cultura americana” senão quase toda a cultura?, particularmente seu reflexo sob a mídia mundial que, de modo geral, digamos, é bastante submissa… vira-lata.

    Os russos são grandes, barbudos, estranhos, tenebrosos, pouco educados e cheiram a vodca vencida, e prontos a conspirar contra você, seja lá por quais motivos que lhes venham à cabeça. 

    O Ocidente viveu anos de Guerra Fria imaginando que algum doido russo apertaria um botão e acabaria com o mundo, a começar pelos americanos, por Nova York, achamos todos. 

    Outro dia ouvi Carl Sagan dizer que os Estados Unidos gastaram cerca dez trilhões de dólares em defesa contra os russos – entenda-se aqui que “defesa” significa também ataque, dissuasão etc. Todo esse dinheiro daria para comprar absolutamente tudo que haveria sobre o solo dos EEUU, com exceção do solo em si. Bem, não houve bomba alguma.

    É a dialética atuando: hoje a dívida pública americana está em cerca de 35 trilhões de dólares – alguns falam em 50 trilhões de dólares -, algo insustentável, justificando o início do fim do império americano como sempre o conhecemos – mataram-se pela soberba do poder, do mando no mundo. E basta ouvir as notícias que vem de lá para perceber que tudo está ficando realmente de cabeça para baixo.

    Há cerca de 200 anos a Rússia não faz nenhum ataque extraterritorial – Ucrânia é um capítulo à parte, dado que, com a queda da URSS, ficou acertado entre Reagan-Bush-pai e Gorbachev (conversações) que não haveria vencedor ou vencido com o fim da Guerra Fria. Apenas distensão – é fato que a Rússia estava mais esgotada que os EEUU -, e, entre outras coisas – principalmente -, não haveria avanço da OTAN em direção aos limites da Rússia (cercando a Rússia). Esse foi o acordo, e Reagan, até antes do término do seu mandato, o cumpriu.

    Com a chegada de Bush-pai, e após o fim da URSS – 1991-, Bush-pai declara a vitória americana sobre os russos, e Clinton quebrou definitivamente esse acordo, reiniciando o cerco à Rússia, até chegarem à Ucrânia, quando Putin lhes disse: “Daqui – da Ucrânia – vocês não passam, é uma questão de sobrevivência do Estado Russo. E estabeleceu esse limitem com a invasão defensiva daquele país. 

    Bons motivos: 

    um pouco antes de morrer (2017), o Senador John MacCain, declara que a Rússia não passa de um posto de gasolina. Kaja Kallas, a Vice-Presidente da Comissão Europeia declara que a Rússia deve ser fatiada em pequenos estados, porque assim seria mais fácil manejá-la. Ursula von der Leyen, a Presidente da Comissão Europeia, instiga a UE a somar esforços contra a Rússia.

    Bem é isso, Gustavo, você me deu a chance de falar sobre a Rússia. Como dizem os advogados, você abriu essa porta. Que bom!

    Ir à Rússia em 1995 foi um feito e tanto, particularmente pela coragem de, depois de tanto assédio midiático contra os russos, dar uma “conferida” nos fatos. Você não fala propriamente de sua permanência, o que foi uma pena. Seria legal saber como foi tudo por lá logo após a queda da URSS. Talvez fique para uma outra chance de nos contar. Espero que sim. Viver as vicissitudes que você nos contou foi muito legal. O cirílico não é tão difícil quanto o georgiano, o chinês ou o japonês, mas tem esse poder de nos tornar um pouco tolos diante de letras – ou símbolos. Imagino pelo que você tenha passado, à noite, na chuva e, para completar, na neve. Nossa!, que aventura!

    Vinte e três anos depois de sua ida fui até lá conferir. Obviamente em situações bem mais seguras e agradáveis: GPS, celular, hotéis pré-agendados e tal. Logo de início, a agência que contratei conseguiu me colocar no Astoryia, talvez o melhor hotel de São Petersburgo. Certamente por escassez de clientes e não por minha capacidade de os pagar. 

    Fato curioso: quando os russos chegaram a Berlin em 1945, encontraram nos bunkers alemães panfletos convidando a burguesia alemã para a festa que Hitler daria por haver conquistado São Petersburgo – o que não chegou a acontecer. São Petersburgo foi a única cidade que de fato os alemães chegaram a cercar, embora não a tenham dominado. 

    Na Casa de Pedro, o Grande – Peterhof -, já um museu e durante a invasão nazista, os russos enterraram nos jardins todas as obras de arte que lá estavam abrigadas. Em resumo, os alemães dinamitaram o Peterhof – depois ele foi reconstruído – em represália por não terem o que pilhar.

    Peterhof foi construído em comemoração à vitória da Rússia sobre os Suecos – que odeiam os russos – logo no início do século XVIII. Curiosidade, foram os suecos quem tentaram conquistar a Rússia, não o contrário.

    Bem, acabei conhecendo São Petersburgo e de lá tomei um trem rápido até Moscou. Nada de estátuas de Lenin ou Marx, nada. Encontrei, sim muita civilidade e cortesia. Moscou é muito aconchegante, moderna e – ainda que fosse 2018, logo após a Copa do Mundo de Futebol -, sem nada de neurótico em seu quotidiano. São Petersburgo é, talvez, a cidade mais legal que conheci em todas as minhas viagens. 

    Espero que as coisas se normalizem por lá, que se possa voltar a Moscou ou São Petersburgo sem a paranoia de uma guerra “iminente” rondando nosso imaginário.

    Legal o seu texto, parabéns, e obrigado por me haver dado a chance de falar tanta abobrinha sobre os russos e essa loucura toda que está acontecendo por aquelas bandas.

    • Gustavo Araujo
      7 de julho de 2025
      Avatar de Gustavo Araujo

      Obrigado pelo comentário, Angelo. Percebo que esse tema é de seu gosto. Rússia e viagens, não necessariamente nessa ordem, rs

      Já no primeiro parágrafo das suas impressões você acerta. Eu, aos 22 anos era, e talvez seja ainda hoje, três décadas mais tarde, permeável pela imagem que a cultura ocidental projetava dos países do leste europeu, da ásia central e mesmo da oceania. Mas, ao menos naquela oportunidade, desconfiado, pensei que seria melhor ir até lá e ver como tudo era, com os meus próprios olhos.

      Claro, algumas coisas se confirmaram, outras não. Surpresas agradáveis surgiram pelo caminho, outras nem tanto. No mais, essa viagem, assim como tantas outras, serviram para que eu aprendesse que o ser humano se contenta com estereótipos, provavelmente para se convencer de que é doutor naquilo que não conhece, e tampouco aceita que a imagem antecipada nem sempre corresponde à verdade.

      É fato que Rússia e Estados Unidos têm um embate acerca do monopólio do discurso. Por estarmos na esfera de influência americana, somos inevitávelmente bombardeados pelas ideias americanas, ao passo que do lado de lá ocorre o contrário. Mas, no fim, entendo que tanto um como outro exercem com mão pesada suas ingerências sobre os países vizinhos – os EUA sobre a América Latina, os russos sobre as ex-repúblicas soviéticas. Normalmente esses países aceitam bem, ou pelo menos se resignam com essas intereferências, mas vejo, daquele lado, que os países bálticos resistem a esse jogo. Até quando, não se sabe.

      Sim, a viagem à Rússia em 1995 serviu para que eu compusesse uma imagem própria a respeito daquele país. Não só dele, mas de outros, já que naquele ano fiz o que hoje chamam de “mochilão”, passando por vários destinos pouco usuais na época. Mantive um diário, claro, já que na época não havia Instagram para estragar toda a experiência. Passei também por São Petersburgo – para mim, muito mais interessante que Moscou – e pela Letônia, mas não consegui avançar para outras ex-repúblicas pela dificuldade em conseguir vistos. De todo modo, a viagem de trem de São Petersburgo para Moscou foi bem lenta, cerca de sete horas, passando por vilarejos muito empobrecidos, o que me fez meditar sobre a falência do império soviético.

      Seu comentário me trouxe a vontade de retornar até lá, para ver como tudo anda por hoje. Certamente os Lada, os ônibus decrépitos e os bondes caindo aos pedaços ficaram no passado, rs

      Obrigado também por dividir um pouco da sua experiência naquelas terras. É sempre bom ouvir o que os outros têm a dizer sobre lugares que nos marcaram.

    • Pedro Paulo
      7 de julho de 2025
      Avatar de Pedro Paulo

      Ainda bem que considerou a porta aberta, Ângelo, seu comentário sobre as relações internacionais da Rússia foi uma pequena aula. Agradeço!

  5. Marco Saraiva
    4 de julho de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Cacete, durante a leitura tinha esquecido que era uma crônica, estava mais para um conto de suspense! E quando lembrei que isso era real e imaginei VOCÊ nessa situação, piorou! Fiquei roendo as unhas! hahahahaha. Porém eu tinha spoiler da história por que sabia que você estava bem e escrevendo crônicas para o EC, então o peso da leitura diminuiu um pouco. 😅

    Que furada ein! Mas é assim que se forma caráter! Acho que todo mundo precisa de uma aventura dessas… desde que tudo corra bem no final, rs rs. Que coragem! E que escrita maravilhosa, como sempre.

    Esta crônica me lembrou um trecho falado por Louis CK, não sei se você já viu. É uma descrição incrível da Rússia em uma situação MUITO parecida com a sua. Ele sozinho lá, vendo o estado em que o país se encontrava logo após a Guerra Fria. Sua crônica tem a mesma sensação, com o agravante de que eu conheço a pessoa envolvida.

    Abração!

    • Gustavo Araujo
      4 de julho de 2025
      Avatar de Gustavo Araujo

      Para quem buscava viagens com experiências intensas, o Leste Europeu era um prato cheio, ao menos nos anos 1990 kk

      Valeu pela leitura, Marco. Não conhecia esse texto do Louis CK. Vou procurar.

  6. Kelly Hatanaka
    1 de julho de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi Gustavo.

    Adoro crônicas de viagem. É um jeito indireto de viajar e, pra quem gosta de outros ares, tá valendo. Sua crônica me fez lembrar de três de minhas viagens. Em Berlim, fiquei hospedada do lado oriental e lembro bem da estranheza daqueles quarteirões gigantes, daqueles prédios tão parecidos, das estátuas grandiosas, tudo parecendo sofrer de uma espécie de gigantismo frio. Em Amsterdã, experimentei a incapacidade de decifrar os nomes das ruas, com seus 45 caracteres e apenas 2 vogais. De dentro do ônibus, eu via a rua ficar para trás antes de conseguir descobrir se aquele era meu ponto ou não. No fim, descemos 10 quarteirões antes. Nos EUA, dentro de um Wal Mart, tive vontade de sentar no chão e chorar, frustrada por não conseguir encontrar um prosaico leite em pó, mesmo falando inglês. Só fomos encontrar na prateleira de produtos estrangeiros, depois de pedir ajuda em espanhol. Aparentemente, leite em pó é coisa de latinos. Ou era.

    Adorei sua crônica!

    • Gustavo Araujo
      2 de julho de 2025
      Avatar de Gustavo Araujo

      Valeu pelo comentário, Kelly. Na área de resenhas tem um texto sobre o livro “A Arte de Viajar”, do Alain de Botton, que trata justamente desse maravilhamento que experimentamos quando deixamos nossas fronteiras. Curiosamente, ele fala das vogais duplas do idioma holandês, assim como você (aliás, confesso que eu mesmo já tinha sido pego por esse tipo de grafia). Enfim, adoro escrever sobre viagens — comecei na escrita escrevendo diários — e adoro ler sobre elas também. Deixo aqui a sugestão para que você também compartilhe as suas experiências. Lerei todas, com certeza.

  7. André Lima
    30 de junho de 2025
    Avatar de André Lima

    Muito interessante. Quando me dei conta, a crônica havia terminado. Fiquei com a sensação de que merecia mais! haha

    A confusão e o perigo de navegar por ruas desconhecidas e desertas, tentando encontrar um albergue com um mapa em cirílico, até que dá uma boa premissa também para um conto, hein?

    Mas aqui, em crônica, o texto ganha força na dinâmica sobre a perseverança do protagonista e a realidade contrastante da cidade em transição.

    Gosto da ambientação, uma Moscou de 1995 quase Gotham City, mas com aura também de cidade pós-apocaliptica. A crônica é habilidosa em construir e manter o suspense. Desde o momento em que o narrador decide ir andando à noite até a sua busca infrutífera pelo albergue, consegui compartilhar de sua ansiedade.

    A linguagem é fluida e descritiva, rica em detalhes sensoriais e visuais: nada diferente do bom estilo Gustavo Araujo de escrever. Muito legal ver como seu estilo se manifesta num formato diferente.

    • Gustavo Araujo
      2 de julho de 2025
      Avatar de Gustavo Araujo

      Obrigado pelo comentário, André. O texto é um trecho do diário que mantive quando fiz um mochilão em 1995. Ou seja, teve bastante coisa antes e bastante coisa depois. De repente posso postar um ou outro episódio por aqui a depender da repercussão.

  8. andersondopradosilva
    28 de junho de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, Gustavo! Passei por aqui e li esta sua crônica! Crônica? É isso mesmo? Se sim, fiquei a me perguntar o que levaria alguém, em pleno 1995, a viajar para a Rússia. Paixão literária, como expresso no texto? Outros interesses, outras curiosidades? Ou apenas um viajante contumaz a escolher mais um dentre tantos destinos possíveis?

    Quem nunca, numa viagem, em terra desconhecida, não se julgou plenamente capaz de chegar sozinho, de encarar uma travessia, de dispensar ajuda, transporte, indicações? Pela aventura, pela economia, para evitar os malandros e seus engodos. Os motivos são vários. Os resultados, muitas vezes o mesmo: susto e memória.

    Me senti transportado para tempos de poucas facilidades: sem celulares, GPS’s; com táxis, não Ubers; de uma Rússia de sonhos recém fracassados mas repleta de novas esperanças, que não tinha dado certo, mas que podia; tempos de mapas impressos.

    Final divertido! Abraço!

    • Gustavo Araujo
      2 de julho de 2025
      Avatar de Gustavo Araujo

      Pois é, meu amigo, viagem de verdade kk. Outros tempos, outras dificuldades. Outros medos, aliás. Mas no fim é o que marca. Sugeri à Kelly a leitura da resenha do livro “A Arte de Viajar”, que está aqui na área respectiva. É um livro que fala muito disso que você mencionou, desse assombro e desse encanto que lugares ermos e misteriosos nos provocam. Caso da Rússia há trinta anos. Acho que foi isso que me motivou a ir até lá, parte de um périplo maior. Valeu pelo comentário!

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Publicado às 28 de junho de 2025 por em Crônicas e marcado .