EntreContos

Detox Literário.

O Patrão (Paulo Damin)

O homem saiu do banho e pensou que hoje podia botar aquele perfume. Não era qualquer dia, né, era o casamento da grande filha dele. Grande filha não, saiu estranho isso, era o grande casamento da filha dele, a única, depois de quatro guris. Ou ela era a do meio, algo assim. Se olhou no espelho, cortou melhor os bigodes. Bigodes ou bigode? Pra que usar bigode? Hoje eu não tô batendo bem das ideia, concluiu.

Na verdade não concluiu, continuou se olhando no espelho, como se fosse uma mulher. Bem assim ele pensou: tô aqui no banheiro, me olhando pelado, no banheiro quentinho, como se eu fosse uma mulher. O que salvava era ter bigode. No casamento da grande filha dele.

Que luxo, um espelho, um banheiro. Quando o casamento foi o dele, naquela época, no meu tempo o banheiro era uma patente que tu tinha que atravessar o pátio, na geada, e o sabugo, aquela coisa. E o penico, de manhã, pela janela, tchuf! Espelho só no açude. Mentira, nos olhos da muié, quando ela te dizia tá na hora de cortar esses pelo das oreia, ou vai lavar esses óio remelento, espelho uma ova.

Mas é pra isso que a gente trabalha, tchó. Pelo menos uma vez na vida vou usar água de colônia. Saí da colônia pra usar água de colônia, vê se pode um troço desses. E tudo aqui conquistado com o esforço do braço e a força da mente, as duas coisas, que se um só faz uma, a outra se encaranga.

Hoje ele não tava batendo bem mesmo. Tem álcool no perfume?

A mulher veio chamar na porta:

— Que tu tá fazendo, Vito, moreu?

E ele, engasgando, resmungou que vá vá, essas coisas que se diz depois de cinquenta anos.

Na sala, no pátio, imagina que luxo ter um pátio, uma sala, as duas coisas, e poder decorar pro casamento da tua filha, a grande. Não que tu, ele, o Vito, fizesse alguma coisa além de permitir que a esposa comprasse tecido branco pra bordar com as comadres e pendurar nas cadeiras. Quero ver depois ela desmanchar tudo esses bordado, capaz de querer doar pro padre, a santa.

O vinho, a mulher tinha chamado porque queria saber do vinho. Mas deixa o vinho, melhor que nem se lembrassem, depois, na hora, na hora a gente vê, na hora a gente faz de conta que bá, esqueci do vinho!, comé que pode?, core Frederico, vai no porão que tem um garafão ainda ali, mas que cabeça a minha.

Então tudo certo. Ergueu o braço e sentiu o cheiro da colônia, os dois cheiros, que um deles evapora logo, é melhor aproveitar, e o outro não sai da gente nem com sabão crioulo.

Tutto a posto, lora, dava até pra tirar uma sesta antes do almoço, antes da missa, antes de tudo, antes da própria sesta, uma sesta. Mas daí me aparece aquele infeliz do Américo com cara de enterro, ou de velório, que ele tem mais cara de velório, uma cera só esse papa-defunto do Américo.

— O senhor me entende, seu Corleone, minha filha eu criei no modelo brasileiro — choraminga o Américo — Ela, na cidade, já ia sozinha na catequese, já lia os livros de romance, já andava querendo olhar o cinematógrafo, eu acreditava no Brasil. Comé que eu ia prever que o rapaz ele ia me iludir a minha filha? O senhor sabe, já ficou sabendo do golpe que me deram, da história da vaca que ele vendeu, que era a minha princesa, a minha aposentadoria, só pra pagar uma dívida de jogo lá dele…

E bibibi, bobobó, não sei quê, o Bonasera, que era o sobrenome do Américo, Américo Bonasera, que criatividade prum dono de funerária, não terminava mais de encher salame, o Américo. Aí o Vito:

— Porco can, não acredito que tu veio no casamento da minha filha pedir dinheiro!

E enxotou o compadre, que eram compadre, ainda por cima, o Américo a mulher dele era concunhada da mulher do Vito, aquela coisa. O Corleone enxotou o coitado e ficou no corpo dele, no ar, ficou só um dos cheiros de colônia, um deles, o de sempre, o pra sempre.

Sobre Fabio Baptista

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20 comentários em “O Patrão (Paulo Damin)

  1. Thiago
    14 de junho de 2025
    Avatar de Thiago

    Nas primeiras leituras desgostei da revelação de que estávamos diante de Corleone. Achava batido esse tipo de revelação da personagem. Também achava não muito condizente com o que a personagem se mostrava até então. É que nas primeiras leituras o sotaque não estava fazendo muito sentido para mim, parecia uma mistura de sotaque caipira com sotaque do Rio Grande do Sul. Depois percebi algumas construções típicas do italiano, inclusive com algumas palavras na língua, aí o conto ficou mais interessante. Lendo mais vezes, fiquei convencido e acho mesmo que é um dos mais legais dessa rodada. Se fizer uma revisão, você me coloque mais italianismo na fala, hai capito?

  2. leandrobarreiros
    14 de junho de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Não tenho muito o que dizer sobre este conto, infelizmente.

    É uma releitura bem-humorada da cena do casamento de O Poderoso Chefão. Acho que começa bem, mas vai ficando demasiadamente confuso, com uma mistura cada vez mais estranha entre narrador e personagem.

    O resultado final não me agradou tanto. Parece ter sido feito às pressas para participar do desafio.

  3. Thales Soares
    14 de junho de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    Este é um conto ousado e estilisticamente marcante, que mergulha o leitor em uma narrativa cheia de oralidade, divagações e fragmentos de pensamento. O texto brinca com a linguagem e aposta em um fluxo de consciência cômico e regionalista para criar o retrato de um personagem que parece saído de uma mistura entre o universo de O Poderoso Chefão e o de um velho gaúcho ranzinza, nostálgico e afetivamente confuso (é muito parecido com o conto do Dilema da Aranha, do desafio passado). Mesmo para quem, como eu, não tem familiaridade com a obra original que possivelmente inspira a fanfic, é possível notar o esforço estilístico e a autenticidade na composição da voz narrativa.

    Pedradas:

    Apesar do estilo corajoso, o conto acaba se perdendo em suas próprias digressões. A falta de uma linha narrativa clara e o excesso de desvios de pensamento tornam a leitura um tanto cansativa (sorte que o conto é curtinho). O humor é sutil e bem trabalhado, mas nem sempre compensa a sensação de dispersão que a história deixa.

    Como fanfic, o texto falha em estabelecer uma ponte direta com o universo original. Para leitores não familiarizados com O Poderoso Chefão, a conexão fica vaga, quase irreconhecível… e mesmo para os fãs, a homenagem pode parecer tênue demais, como se o “fan” tivesse ficado de fora do “fic”. O resultado é um conto que parece mais preocupado em exibir estilo do que contar uma história envolvente.

    O tom ligeiramente sem graça da trama acaba jogando contra o próprio texto. Fica a sensação de que há muito ruído para pouca ação, e o leitor pode terminar o conto com um certo vazio… como se tivesse escutado alguém falar muito sem, no fundo, dizer quase nada.

    Conclusão:

    Este conto tem personalidade forte, com uma linguagem própria e corajosa, mas que aposta todas as fichas no estilo e esquece de desenvolver um enredo mais cativante. Para quem aprecia experimentações linguísticas e divagações existenciais com sabor regionalista, pode até se entreter com a leitura. Mas, para quem busca uma história clara, envolvente ou minimamente conectada com seu universo-fonte como fanfic, o texto deixa a desejar.

  4. Gustavo Araujo
    13 de junho de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Um conto bem humorado, em que se despeja um contexto gauchesco em Vito Corleone, prestes a casar a filha mais velha. As digressões, os pensamentos dele, enquanto se mira no espelho, se desenvolvem por meio de uma linguagem típica do interior do Rio Grande do Sul, o que torna o texto interessante.

    O lado fanfic fica bem claro com a aparição do Américo e da reação do Padrinho. Mas aí o conto termina, de forma lúdica até, mas talvez abrupta. Acho que poderia ter ido mais longe, falar mais da filha, do noivo, dos negócios, dos outros filhos, enfim, tinha muito material a ser explorado, o que me faz pensar que o autor preferiu ficar numa zona de segurança, sem se comprometer.

    Enfim, um conto razoável, bom até, mas que poderia ter sido ótimo.

  5. Andre Brizola
    13 de junho de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, André!

    Tenho a impressão que esse seu conto ficaria muito bem colocado no desafio anterior, pois é bastante engraçado. É interessante como a forma de retratar aspectos rotineiros, com leveza, um certo regionalismo, mas sem exagero, nos evoca um riso, um divertimento. E, sendo bem escrito, e curto, como ocorreu aqui, dão o tom anedótico que arremata tudo de uma forma adequada. Desta vez, para ser mais justo com todos os participantes, e me permitir ser mais organizado, estou fazendo meus comentários de uma maneira mais estruturada, dividindo tudo por itens.

    Técnica – O conto é curto, mas entrega tudo o que é necessário para ser caracterizado como conto. É bem escrito, tem uma dose certa de regionalismo, buscando um tom humorístico, mas sem entrar na zona da ofensa, e o ritmo impresso é impressionante. Tudo é narrado de forma ágil, simples, entregando informações da maneira mais fácil possível.

    Enredo – Aqui o conto nos apresenta, em tom de paródia, o início de O Poderoso Chefão, quando Dom Corleone, durante a festa de casamento de sua filha, recebe diversas pessoas com alguns pedidos de favores, acordos de lealdade, entre outros negócios. No conto, um Dom Corleone gaúcho, o Patrão, pensa sobre o quanto subiu na vida ao custo da força do braço e da mente, fazendo comparações divertidas e recebendo um compadre que precisa de dinheiro, também durante o casamento da filha. É engraçado.

    Tema – Neste aspecto, desta vez, decidi ser bastante rígido no que diz respeito ao respeito ao que foi proposto. Entendo que os temas são um tanto quanto diferentes do usual, mas essa foi a proposta do EntreContos e acho que nós, autores, deveríamos honrá-la com textos que a atendessem da melhor forma possível. Ok, eu gostei do conto, mas devo dizer que ele não se enquadra no tema. Obviamente não é chubesco, o que só nos resta analisa-lo como fanfic. E, como disse acima, vou analisar sendo extremamente criterioso. Acho que O Patrão é uma paródia, e não uma fanfic. De acordo com o que foi estabelecido no desafio, no fanfic “podem ser personagens bem estabelecidos” ou podem ser “personagens novos inseridos em cenários bem estabelecidos”. Dom Corleone aqui não é o mesmo de O Poderoso Chefão, e o cenário não é o mesmo. Isso tudo faz com que o conto não atenda ao tema.

    Impacto – Escrevo esse item do meu comentário alguns dias após ter lido o conto, para medir a forma como reagi ao texto e como ele me afetou. Acho que se a experiência foi boa, se o enredo me provocou, me fez pensar sobre o assunto, ou se há algo extremamente particular, mesmo que ruim, o conto reaparece em minha cabeça e penso sobre ele depois. O Patrão é um conto divertido, mas que não encontrou espaço em minha mente nesses últimos dias. Hoje, enquanto escrevo esse último item, tive que recorrer ao conto para relembra-lo, já que a lembrança era bastante vaga. É muito divertido lê-lo, mas ele não gera nenhuma reflexão, nenhum momento posterior, então é um divertimento bastante breve.

    No geral, o conto acerta como uma paródia, mas erra como fanfic. Muitos serão menos criteriosos como eu nesse aspecto, então acho que ele se destacará por seus outros atributos, já que é muito bem escrito e é bastante divertido.

    É isso. Boa sorte no desafio!

  6. cyro eduardo fernandes
    11 de junho de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Achei o texto um pouco confuso. Não ficou clara qual a relação com fanfic. Enfim, baixo impacto.

  7. Pedro Paulo
    11 de junho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Olá! Tentando simplificar, estarei separando meus comentários em “forma” e “conteúdo”, podendo adicionar um terceiro tópico para eventuais observações que eu não enquadre em um ou outro.

    FORMA: Nos dois primeiros parágrafos, fiquei me perguntando se era falta de revisão, uma escrita amadora e, só depois, compreendi como um fluxo de consciência. Se é essa terceira opção, senti que as minhas duas primeiras impressões não estão de todo erradas. A torrente de pensamentos é um desafio à construção literária de frases e parágrafos, mas não senti como se fosse sofisticação da escrita e sim uma tentativa malfadada de reproduzir uma oralidade de um chefe de máfia italiano que tem algo do estereótipo de matuto brasileiro, transposição que não sei se foi intenção de adaptação ou fuga ao personagem. Além disso, não senti a estrutura de um conto. O texto parece reeditar a sua forma, somando várias passagens que não fazem a história progredir e parecem ser apenas amostras do estilo escolhido pela autoria, mas que acabam cansando. Assim, o mais próximo de um conflito apareceu perto do final e, ainda assim, sem desenvolvimento subsequente.

    CONTEÚDO: Então se o personagem me pareceu mal adaptado e nada mais é apresentado do que as suas elucubrações, não senti muito do que avaliar. Como texto, pareceu-me fugir até do gênero conto e, ainda por cima, é de uma redação entre o descuido e a falha de estilo; como fanfic, pareceu-me uma releitura sem desenvolvimento… assim sendo, acho que o texto poderia ter sido melhor com um investimento maior em revisão e reescrita, além de repensar a sua estrutura para atravessar seu personagem por algum conflito mais apreensível.

  8. Leo Jardim
    9 de junho de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐▫▫▫)

    Pontos Fortes:

    • Imersão na Psicologia do Personagem – A narrativa capta bem o fluxo de consciência de Vito Corleone, mostrando sua vulnerabilidade (algo raro no filme).
    • Tons Sinestésicos – O cheiro da colônia, a memória dos banheiros antigos e o desconforto com o bigode criam uma atmosfera vívida.

    Pontos de Melhoria:

    • Falta de Estrutura Narrativa – Parece mais um insight ou cena solta que um conto completo (não há arco claro).
    • Pouca Originalidade – É basicamente uma recriação da cena do Bonasera no filme, sem grandes inovações.
    • Brasilidade Superficial – A ambientação brasileira não é explorada além de detalhes como “garafão no porão” e “comadres bordando”.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐⭐▫▫)

    O Que Funciona:

    • Voz Única – O estilo caótico (misturando 3ª pessoa e pensamentos soltos) reflete a mente de um homem idoso e cansado.
    • Humor Sutil – Trechos como “Bigodes ou bigode? Pra que usar bigode?” dão leveza ao personagem.

    O Que Poderia Melhorar:

    • Pontuação nos Diálogos – Erros como:
      “— O senhor me entende, seu Corleone, minha filha eu criei no modelo brasileiro — choraminga o Américo *ponto* — Ela, na cidade”
      (O travessão não encerra a frase).
    • Ritmo Confuso – A transição entre memórias, reflexões e ação é abrupta.

    🎯 TEMA (⭐⭐)

    • Fanfic: O Poderoso Chefão
    • Desconstrução do Mito Corleone – Mostra um Don Corleone humano, preocupado com perfume e bigodes, não só com poder.
    • Brasilidade Perdida – A ideia de um Corleone no Brasil tinha potencial, mas ficou só no pano de fundo.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐▫▫)

    Problema Central:

    • Falta de Reinvenção – É mais uma “cena alternativa” que uma releitura criativa.

    O Que Faltou:

    • Um Elemento Único – Ex.:
      • E se o Bonasera fosse um cangaceiro?
      • E se o “casamento da filha” fosse uma festa junina?

    🎭 IMPACTO (⭐⭐▫▫▫)

    Por Que Não Funcionou Melhor?

    • Falta de Engajamento – Termina quando poderia começar (ex.: e se o Corleone realmente ajudasse o Bonasera, mas com consequências?).
    • Comparação Inevitável – Fica na sombra da cena icônica do filme.

    O Que Salvou:

    • Toque de Melancolia – A linha “ficou só um dos cheiros de colônia, o de sempre, o pra sempre” sugere solidão e passagem do tempo.
  9. danielreis1973
    5 de junho de 2025
    Avatar de danielreis1973

    O Patrão (André Bitencourt)

    Segue a minha análise, conforme método próprio e definido para este desafio:

    CONCEITO: parte de uma premissa interessante, que é a ambientação do Poderoso Chefão num rincão do sul do Brasil, com sua colonização italiana. Porém, até pela extensão e estilo, não chega a desenvolver os personagens com a profundidade da obra original, parecendo mais um universo paralelo que uma fan fiction.

    DESENVOLVIMENTO: o texto busca uma identidade linguística com o falar do sul do Brasil, como forma de afirmar a transposição da ação para esse ambiente. Porém, as ações e interações entre os personagens parecem só esboçados, como numa primeira escrita, e espelham exatamente o início da saga de Mario Puzzo.

    RESULTADO: o resultado é mediano, com a execução não correspondendo às possibilidades que a ideia inicial fazia prever. Acho que merece uma reescrita, adicionando elementos da narrativa e profundidade das personagens.

  10. Amanda Gomez
    3 de junho de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    É um texto curto, mas que se demora. Achei inusitado. Fiquei todo o começo tentando entender a referência, até que aparecem os personagens e seus nomes. Uma fanfic retrato de O Poderoso Chefão. Você usou uma cena, a inicial do filme, para compor uma camada que não existia. Aqui temos a novidade da história, uma vez que todo o resto é uma transcrição com uma linguagem um pouco diferente. Corleone é representado como um homem que está flertando com a senilidade.

    Achei sem muita força. Não tem algo novo ou original. Terminei o texto sem muito o que dizer, na verdade.

    Gostei de ser curto, mas isso pode não ser um elogio. Talvez eu não tenha captado todas as nuances. Me atentei ao que você quis dizer dando ênfase ao aroma que sai e ao que permanece, mas falhei numa conclusão.

    Boa sorte no desafio.

  11. Priscila Pereira
    3 de junho de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, André! Tudo bem?

    Difícil comentar esse conto… Eu não li nem assisti O poderoso chefão, e conheço exatamente só essa cena que você retratou no final, então, pra mim, super valeu como fanfic.

    Não sei se você é um iniciante, que ainda não manja dos tempos verbais e da forma mais usada para a literatura, ou se quis fazer um experimento de linguagem. Não sei o que pensar… Achei extremamente ousado para um concurso. Não posso falar que gostei do conto, mas foi com certeza uma experiência muito interessante de leitura. Sou muito tradicional e prefiro a norma culta, nem gosto muito de regionalismo, só se estiver muito bem feito.

    No mais é um conto bem interessante mesmo. Principalmente se for experimental… Se não for, você está no lugar certo pra aprender e se aprimorar mais!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  12. MARIANA
    22 de maio de 2025
    Avatar de MARIANA

    História: Pelo vocabulário, eu achei que ia ser uma fanfic do Radicci. Aparecem termos de locais de imigração italiana, o que mais tem aqui no Sul. Daí eu vi que era, na verdade, uma fanfic do Poderoso Chefão (atende ao tema). É divertido, mas não há uma história. Temos Don se preparando para o casamento da filha, a chegada do Américo e ai acaba. Não aparece o casamento, nem uma grande ação. É quase uma crônica, mais do que um conto 1/2

    Escrita: O autor teve sucesso em descrever o vocabulário dos habitantes de cidades de imigração italiana. Neste ponto, foi muito bem e seguro. No mais, a escrita é segura e divertida. Queria mesmo ter lido mais 2/2

    Impacto: Mas você entra na minha casa e, antes de terminar a oferta, me dá as costas e vai embora? Isso não se faz 0,5/1

  13. Kelly Hatanaka
    22 de maio de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Uma fanfic de O Poderoso Chefão. Não assisti. Espero não ter perdido nenhuma referência por conta disso.

    O personagem narrador é Vito Corleone, que nesta história vive no sul, este conto tem um sotaque forte. Vou chutar que o conto se passa na Serra Gaucha. E o que chama atenção de cara são os pensamentos desconexos do sujeito. O personagem no filme era assim?

    Pois ele pensa, despensa, chama filha de grande, depois de corrige e diz que grande é o casamento, que a filha é a caçula, ou do meio, ele não sabe bem. Ele parece confuso e chega a questionar se teria muito álcool na colônia que está usando.

    Fiquei imaginando que algo iria acontecer, relacionado a este estranho estado mental. Mas não. Parece que ele simplesmente era assim mesmo.

    Daí chega um tal Américo, contando uma história longuíssima, para pedir dinheiro ao Vito, que se impacienta e o expulsa. O final soou estranho, acho que não entendi. “O Corleone enxotou o coitado e ficou no corpo dele, (…)”. O que isso quis dizer?

    E é isso.

    O conto está bem escrito e o sotaque dá um toque divertido e verdadeiro. Os pensamentos erráticos do Vito acabam contribuindo para sua personalidade. Mas é só isso: pensamentos aleatórios de um cara enquanto se prepara para o casamento da filha. Senti falta de alguma história, de algum enredo aí. Mas, talvez eu tenha perdido alguma coisa importante por não ter assistido ao filme.

    Parabéns e boa sorte no certame!

    Kelly

  14. Marco Saraiva
    19 de maio de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Um Poderoso Chefão brasileiro, com jeito de roça, cheio de regionalidades e personalidade. O conto é sucinto, traz um trechinho do que seria a história já conhecia de Vito Corleone caso ele tivesse crescido, na verdade, no Brasil.
    A proposta do conto é mais um “corte da vida”, um pequeno trecho do dia a dia deste personagem, quase um texto experimental. Abrimos a janela, espionamos o que acontece em sua vida por alguns parágrafos, e depois a fechamos. Enquanto assistimos, vemos Vito refletir sobre um passado de pobreza, e admirar onde havia chegado, o que as riquezas que conquistou conseguiram comprar nas terras brasileiras.

    No geral, não é um conto que vai a lugar algum, mas isto não é necessariamente ruim. Gostei da originalidade de trazer o Poderoso Chefão para o Brasil, emprestar uma personalidade diferente à história.

    NOTAS:

    • O conto é escrito em uma espécie de fluxo de consciência que torna a leitura um tanto confusa. Há uma nota poética entre as frases erráticas, mas no geral, minha mente pendeu mais para a confusão do que para a admiração da beleza ou da forma. A quantidade de vezes que a narração muda de ponto de vista e até de tempo verbal é estonteante, especialmente para um conto tão curto.
  15. Luis Guilherme Banzi Florido
    15 de maio de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa tarde! (esse conto nao faz parte das minhas leituras obrigatorias)

    Um conto bem humorado, que reimagina o poderoso chefao numa perspectiva mais satirica e ironica. Aqui, Don Corleone está confuso pois é dia de casamento de sua filha, e ele se depara com sua velhice, e começa a fazer confusoes entre o presente e o passado, demonstrando que ate mesmo o poderoso chefao envelhece e sente o peso do tempo. Ou pelo menos foi isso que entendi, pois, para ser sincero, achei o conto um pouco confuso. Eu entendo que a forma mais conturbada de narrar foi uma escolhe estetica sua, para representar a confusao e instabilidade do protagonista naquele momento, mas achei que deixou a leitura um pouco truncada e confusa.

    Por exemplo, tem algum momento no conto em que o narrador passa de terceira pessoa para primeira pessoa de uma hora pra outra. Novamente, eu entendo o estilo adotado, mas para mim nao funcionou tanto.

    O final é uma menção e/ou homenagem à classica cena do terceiro filme (acho), mas, diferente da nossa expectativa, conclui o conto num tom acido, ao invés de incluir a violencia que esperamos da saga. Uma boa conclusao.

    No geral, um conto bem humorado, mas achei que a linguagem truncada deu uma atraplhada, e pra mim a leitura nao fluiu muito bem.

    Parabens e boa sorte!

  16. andersondopradosilva
    14 de maio de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, autor.

    Não gostei do seu conto. Julguei que faltou desenvolvimento. Você apresentou a cena da preparação para o casamento e, depois, a cena da recepção do agente funerário, mas, e daí? Qual o desenvolvimento, qual a conclusão?

    Se você fosse meu aluno de escrita, teria sido reprovado. Então, nota 1, apenas pela participação e pela apresentação da ideia curiosa de abrasileirar a família Corleone e lhe emprestar um sotaque sulista.

    Abraço.

  17. Givago Domingues Thimoti
    13 de maio de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    O Patrão:

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 2,5

    O Patrão nos apresenta uma (tentativa?) de fanfic derivada da trilogia O Poderoso Chefão, somada a uma pitada de regionalismo brasileiro, no qual um pai, membro da família Corleone, enxota um compadre do casamento da filha após ele pedir um favor para ele.

    Sinceramente, dos 7 contos que eu li, esse foi o que menos se aproximou do tema, pelo menos para mim. Numa primeira leitura, achei que só resvalava, já que achei que o personagem principal não era um Corleone. Contudo, depois de uma leitura mais atenta, percebi que errei na minha primeira interpretação. Ainda assim, acho que, considerando que se trata de uma fanfic sobre o Poderoso Chefão, faltou alguns outros elementos da trilogia clássica para a gente encaixar direitinho., não é só de favores que se vive a família mafiosa mais conhecida de Hollywood; há a violência, as traições/tramoias, a criminalidade… Nesse aspecto, por faltar mais elementos caracterizar o conto como uma fanfic do Poderoso Chefão, assim como não há elementos para caracterizar como uma fanfic rede alguma obra regionalista, eu dou 2,5 para a adequação ao tema. 

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo: conto ousado e criativo, que pecou mais pela falta de uma ambientação melhor do que pela execução em si. Uma mistura de Poderoso Chefão e regionalismo ítalo-brasileiro.

    Negativo: falta de ambientação e definir melhor alguns detalhes do conto. Para mim ficou meio genérico; por exemplo, sem a referência ao nome Vito Corleone, nada indicaria que se tratava de um conto fanfic de Poderoso Chefão

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais. 4

    Costumo dizer que contos regionalistas dificultam uma avaliação gramatical. Afinal, subverte-se algumas regras gramaticais para aflorar o regionalismo.

    Dito isso, minha única ressalva em relação a esse tópico é a utilização das pessoas verbais. Embora possa ser uma questão de estilo, eu diria que alternar entre ele e eu, sem delimitar direito essa mudança, mais prejudicou do que ajudou. 

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. 4

    Bom, regionalismo é um dos meus estilos preferidos. Ele me cativa por natureza. Não é uma escolha segura. São difíceis de fazer, vez ou outra incomodam, e demandam técnica e pesquisa do escritor/ da escritora para serem realizadas. No estilo de escrita, pelo menos nesse conto, o estilo me cativou tanto pelo acerto pelo que pode ser considerado um erro

    Aqui, temos até um regionalismo poucas vezes vista; um português italiano. Puxado para o sotaque mais ao sul do país, talvez Santa Catarina (creio que RS, SC e SP foram as regiões com mais influência italiana no Brasil).

    Dito isso, duas coisas me incomodaram nesse aspecto e eu tirei ponto; primeiro, a questão das pessoas verbais. Começamos o conto com a terceira pessoa, o narrador falando sobre o personagem. Depois disso, vemos que o narrador é aquele observador que, inclusive, sabe o que o personagem pensa:

    Na verdade não concluiu, continuou se olhando no espelho, como se fosse uma mulher. Bem assim ele pensou: tô aqui no banheiro, me olhando pelado, no banheiro quentinho, como se eu fosse uma mulher.

    Depois, há essa mudança brusca na voz de quem nos apresenta a história:

    Que luxo, um espelho, um banheiro. Quando o casamento foi o dele, naquela época, no meu tempo o banheiro era uma patente que tu tinha que atravessar o pátio, na geada, e o sabugo, aquela coisa. => ???

    Bom, eu realmente não consegui compreender o porquê por trás dessas mudanças. Pode até ser que tenha o “ele pensou/ ele relembrou” por trás, oculto para evitar repetições e etc, mas nesse jogo de mudanças de pessoas verbais, me soou mais estranho e anti-natural do que um artifício proveitoso. Ah, e nem mesmo agrega no sentido de “erros” típicos do regionalismo.

    Além disso, pegando um pouco o gancho das repetições, o conto flerta intencional e aparentemente por estilo. Em meu íntimo, em alguns momentos nesse conto, penso que sobrou;

    O vinho, a mulher tinha chamado porque queria saber do vinho. Mas deixa o vinho, melhor que nem se lembrassem, depois, na hora, na hora a gente vê, na hora a gente faz de conta que bá, esqueci do vinho!, comé que pode?, core Frederico, vai no porão que tem um garafão ainda ali, mas que cabeça a minha.

    Deu certo?Agregou? Não sei, para mim, em alguns momentos, jogou contra.

    De uma forma geral, no entanto, é um conto com um estilo próprio e curioso, que chama atenção. Diria que foi bem executado, apesar das ressalvas.

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 2,5

    Para mim, o grande calcanhar de Aquiles do conto (aliado à falta de aderência ao tema). Do jeito que está escrito, o conto não é tão fluido e tampouco claro, especialmente o seu desfecho. Por diversas vezes, eu coloquei minha cabeça de lado, matutando um cadinho para tentar compreender a história e por que raios tal coisa foi escrita assim e tal coisa assado. Claro, me pareceu algo intencional. Infelizmente, jogou contra.

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável: 3

    Gostei da ousadia em termos de escrita. Já considerando a adequação ao tema e clareza, não gostei. Bom, vou falar primeiro do porquê não gostei;

    Primeiro, pouca aderência ao tema. Considerando o conto como uma fanfic, talvez de O Poderoso Chefão, penso que senti falta de desenvolvimento de mais outros elementos da clássica série para além do clientelismo/apadrinhamento e do local que se passa a narrativa (interior da Itália, pelo que imaginei e depreendi da história). 

    E aqui entra o segundo ponto; o conto, por brincar muito com o regionalismo, com o jogo de palavras e com os duplos sentidos, ele deixa o desfecho exageradamente em aberto, a cargo do leitor. E aí, o moço que foi pedir ajuda no casamento da filha do Corleone foi enxotado apenas da festa ou da vida mesmo? Bom, eu entendi como da festa. Ah, mas, tem aquele trecho que repete “de sempre, para sempre” e se você levar em conta que ele é morto, combina com o Corleone do Poderoso Chefão. É, mas tem perfume que é tão forte, que a pessoa sai do lugar e a inhaca fica. Não necessariamente ele foi morto. 

    Bom, chega de discutir de perfume. Don Corleone faria assim, do jeito que interpretei? Não sei, a história aqui representada não me permite concluir. Tampouco senti que recebi instrumentos suficientes para alguma conclusão. A história original, por outro lado, diz que ele poderia muito bem aceitar ajudar o pai, contanto que houvesse uma troca.

    No contexto geral de um conto, finais abertos são bem-vindos; provocam o leitor, o tirando da passividade óbvia e convidando-o para participar efetivamente da construção da história. Ousado. Sem dúvida.

    No contexto de uma fanfic, que precisa ter em algum momento uma amarração, um terreno fixo de alguma história, algum universo, isso mais joga contra do que a favor. Fica muito a cargo de quem lê. 

    Neste sentido, gostei da ousadia, mas confesso que o conto brilharia muito mais com um pouco mais de ambientação e menos de subjetividade.

    Nota final: 3,2

  18. Afonso Luiz Pereira
    10 de maio de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Oi Andre, como vai. Rapaz, esse conto aqui, de início, me deixou um tanto quanto confuso ao se ancorar no tema do filme “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola, porque não o li o livro de Mario Puzo, do qual o autor fala sobre a máfia italiana. Só depois de pescar o nome Vito Corleone e o sobrenome Bonasera, é que me caiu a ficha de que era algo sobre o Poderoso Chefão e que, diga-se de passagem, poderia ter sido indicado de forma mais clara, nem que fosse numa notinha no final do texto, pra ajudar quem não é íntimo da trilogia.

    E, por isso mesmo, acha que a história se complica um pouco por isso: se a pessoa não tiver a referência dos filmes, ela vai achar que está lendo só um monólogo caipira com um toque nonsense e umas referências italianas soltas. Faltou trabalhar mais esse lado. Não há cenas de metralhadoras matando gente, mas o dia especial de um casamento.

    A gente acompanha Vito Corleone (Poderoso Chefão) se arrumando pro casamento da filha, com uma série de devaneios, lembranças e frases soltas, até que entra o Américo (Bonasera), que vem pedir ajuda bem no meio do evento, e é rechaçado com uma bronca. Não lembro muito bem, mas acho que a cena em questão é no início do primeiro filme, de 1972.

    A linguagem coloquial tenta emular o sotaque italiano dentro do português, mas misturou a fala campeira com expressões italianizadas que até me confundiu um pouco no início. Por exemplo, demorei pra entender se era sotaque italiano ou alemão do sul — aquele “tchó” e palavras apenas com um “r” me jogou pra regiões rurais de Brusque, Blumenau. Dava pra incluir algumas expressões mais reconhecíveis do universo mafioso ou ítalo-americano, tipo um “mamma mia”, um “capisce?” pra ambientar melhor o leitor no clima da obra que homenageia. Mas, gostei da ideia de homenagear este filme, do qual gostei muito.

  19. toniluismc
    9 de maio de 2025
    Avatar de toniluismc

    Comentário Crítico do Conto “O Patrão” (André Bitencourt)
    Avaliação por critério: Técnica · Criatividade · Impacto

    🛠 TÉCNICA: EXCEPCIONALMENTE AFINADA

    Este conto é um primor de oralidade estilizada, com uma voz narrativa muito bem calibrada, típica da prosa regionalista moderna, que remete tanto ao humor e melancolia da crônica sulista quanto à cadência de um monólogo teatral. O fluxo de pensamento do protagonista é caótico, porém controlado com destreza pelo autor — com vírgulas que substituem pontos e cortes de cena sutis, que funcionam como marca de estilo.

    • A linguagem é econômica e viva, repleta de expressões coloquiais que criam um retrato fiel de uma geração e uma cultura sem recorrer a caricatura.
    • A construção psicológica do personagem Vito é refinada, feita a partir de gestos, divagações e pequenas ironias que dizem mais do que longos parágrafos expositivos.
    • O uso do intertexto com O Poderoso Chefão, feito sem precisar nomeá-lo diretamente, é sutil e eficaz — transformando o velho Vito num Don Corleone da colônia italiana gaúcha, entre o casório da filha e o pedido de ajuda do amigo-tragédia.

    É uma aula de como se pode escrever muito com pouco.

    🎨 CRIATIVIDADE: DISCRETA, MAS PROFUNDA

    À primeira vista, o enredo é simples: um pai se arruma para o casamento da filha, relembra o passado, é interrompido por um compadre pedinte, recusa o pedido e a vida segue. Mas a forma como isso é contado é altamente inventiva.

    • A mistura entre fluxo de consciência, memória afetiva, humor involuntário e crítica social cria uma atmosfera única.
    • A imagem do banho como ritual de passagem, o contraste entre passado e presente (sabugo e água de colônia) e a construção do cenário íntimo-familiar como reino privado revelam grande inventividade narrativa.
    • A ironia da transformação do pai em “patrão” ou “padrinho” numa dimensão simbólica é genial: o velho colono, em sua realeza doméstica, torna-se quase um personagem mítico — e cômico — sem nunca deixar de ser humano.

    É criatividade que não grita, mas sussurra com precisão cirúrgica.

    📌 IMPACTO: SUTIL E MARCANTE

    O texto não busca impacto dramático, mas constrói camadas de ressonância emocional que permanecem após a leitura. O contraste entre o perfume que evapora e o que fica é uma metáfora poderosa sobre a identidade, o tempo e a persistência dos afetos (e dos ranços).

    • A frase final, seca e filosófica, arremata com uma força silenciosa: “ficou só um dos cheiros de colônia, um deles, o de sempre, o pra sempre.”
    • O desprezo à súplica do Américo carrega em si um julgamento de valores éticos e culturais que tensiona o sentimentalismo e revela uma rigidez de mundo que é tão triste quanto cômica.

    O impacto, portanto, não vem do que acontece, mas do que reverbera: a figura do pai envelhecido entre o poder e a fragilidade, entre o patriarca e o velho em crise de memória.

    🧾 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    “O Patrão” é um conto breve, inteligente e cativante, que mergulha em temas profundos (memória, orgulho, envelhecimento, afeto e identidade cultural) com uma voz narrativa afiadíssima e repleta de humor agridoce. Uma homenagem satírica e carinhosa ao velho colono-patrarca do interior do Brasil, revestido de simbologia mítica — e de colônia pós-barba.

  20. Antonio Stegues Batista
    8 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Se não fosse citado o nome de Dom Vito Corleone, ninguém saberia que o conto é uma fanfic de O Poderoso Chefão e se não leu o livro, ou não assistiu o filme, vai ficar na ignorância. O sotaque fajuto também reforça a suspeita. Sinopse: Dom Vito se arruma para o casamento da filha, quando o compadre Américo aparece para pedir dinheiro. E o conto acaba sem mais nem menos, sem drama, sem conflitos, tiroteio dos mafiosos com a polícia, nada. Faltou muita coisa nessa história, mas de qualquer maneira lhe dou os parabéns por ter participado, e boa sorte.

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Publicado às 3 de maio de 2025 por em Liga 2025 - 2B, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .