EntreContos

Detox Literário.

Nuvens (Luis Guilherme)

– Tatá…?

– Que foi, Naná?

A menina demorou um pouco, organizando as ideias. As costas deitadas na grama macia do parque, olhava para o céu com uma gravidade de menina de 7 anos que sempre fazia a irmã mais velha rir.

– Desembucha logo!

– Calma, apressada – projetou uma falsa contrariedade no rosto, tirando mais risadas da irmã. – Pra onde vão as nuvens?

– As… as nuvens?

– É! Elas tão sempre se movendo, sempre com pressa, mas parece que nunca chegam a lugar algum.

– Ah… – a garota refletiu por um instante, limpou a garganta e empertigou-se, estufando o peito. Antes de continuar, no entanto, foi interrompida pela voz caçoadora da mais jovem.

– Ah, não! Toda vez que você faz essa pose de galo, você começa com alguma história nada a ver.

– Você não fez a pergunta certa – levantando levemente a voz, Tatá fingiu não ouvir a provocação, e continuou com um ar prepotente que causava gargalhadas na irmã. – A pergunta mais importante não é para onde elas vão, mas sim de onde elas vêm.

A garotinha interrompeu uma gargalhada e olhou atônita para a irmã mais velha, admirada pela sabedoria que as pessoas adquirem quando chegam aos quinze anos. A partir de então, esqueceu-se da pose provocadora e se pendurou em cada palavra que ouvia.

– Tudo começou na China antiga.

– China antiga? Tipo Mulan?

– Tipo Mulan, só que mais antigo ainda.

– Ohhh!

– Muito, muuuuuito tempo antes da Mulan nascer.

– Tipo você, que quando eu nasci já era velha?

– É, tipo isso. Vai me deixar continuar a história? – censurou, mal conseguindo conter um sorriso. Pigarreando, para causar um  efeito dramático, prosseguiu. – Num tempo em que as pessoas andavam para trás (sim, tipo quando papai dá marcharré no carro), e os sapos e plantas eram capazes de falar, o imperador chinês sofria com um grave problema. Tão grave que passava dia e noite a chorar. Preocupada com o sofrimento de seu pai, a princesa Tata-yoh entrou na sala do trono, e perguntou ao pai

Uma mãozinha se projetou animadamente no ar.

– Que foi, Naná?

– O que é trono, Tatá?

– É aquele tipo de cadeira bem bonita e enfeitada que só o rei pode usar, tipo aquela que você viu no filme da Elsa.

– Aaah!

“– … a princesa entrou na sala do trono, e perguntou ao pai: ‘Papai, o que te entristece? Por que chora tanto?’ – continuou, como se não tivesse sido interrompida, demonstrando um talento para contar história e controlar os ânimos da caçula que sugeriam que aquela não era a primeira vez.

“O imperador, surpreso com a presença da filha, levantou a cabeça tristemente e…”

Uma mãozinha ligeira voltou a cortar o ar. Tatá limitou-se a lançar um olhar indagador. Conhecia bem a irmãzinha.

– Tatá, como era quando as pessoas andavam pra trás? Não é um pouco difícil e menos inteligente?

– Sim, mas eles compensavam treinando coordenação motora… mais alguma pergunta?

– Vai ter alguma Nana-yoh na história?

– Se você parar de me interromper, talvez… – novo pigarro – “E o rei olhou surpreso…”. O que foi dessa vez?

– Não era rei, era imperador!

– Tá, “… o imperador olhou surpreso e triste para a filha. Suspirou profundamente e confidenciou: minha filha, um mal terrível ameaça nosso império. Homens, mulheres, crianças, ninguém estará seguro se…”

– Tatá, pode ter dragão na história? Eu aaaaamo dragões! – dessa vez, sequer esperou autorização para falar.

Como se não tivesse ouvido, Tatá prosseguiu: “… ninguém estará seguro se o terrível Dragão Milenar despertar.”

O olhar vidrado da garotinha se arregalou, enquanto a boca formava uma perfeita letra o.

“A cada mil anos, o grande império chinês combate essa grande ameaça, e todos meus antepassados foram capazes de proteger a China e garantir a prosperidade dos próximos mil anos!…”. Tá bom, Naná, eu sei que você quer falar algo, desembucha.

– Mil anos é quanto? É tipo a Tia Cleide?

– É um pouco menos que a tia Cleide. E o dragão também não é tão bravo quanto ela. Posso continuar?

Apenas um aceno, como quem diz “nem deveria ter parado”.

“– Agora, mais uma vez o grande Dragão Milenar está prestes a acordar, mas não temos mais meios para derrotá-lo. Toda a água do reino está secando. As grandes labaredas do Dragão Milenar vão varrer toda a China, e não temos água nenhuma para combatê-lo.”

“– Oh, amado pai e imperador, permita-me restaurar o poder das águas. Permita-me encontrar o grande Dragão Aquático e trazer de volta suas bênçãos.”

“– És muito jovem, minha filha. Não sobreviverias jamais a uma jornada tão perigosa. Sem falar que o Dragão Aquático não é visto há séculos, e muitos acreditam que seja apenas uma lenda…”

– Mas eu tenho uma grande companheira, corajosa e invencível. O nome dela é Nana-yoh, você a conhece, papai? – uma voz muito mais fina, dita num tom que pretendia soar solene, irrompeu em meio à narrativa.

– Naná! Sou eu que tô contando a história, você não pode se meter! – tentou ralhar, mas sorriu, derrotada.

– Você que sabe. Sem a Nana-yoh, a Tata-yoh nunca vai conseguir.

– Ahem… – limpou a garganta, mantendo o ar de imponência que a idade lhe impunha sobre a caçula. “… sim, minha filha. Eu temia o dia em que esse momento chegaria, mas não posso evitá-lo para sempre. Encontre a grandiosa Princesa Cavaleira Nana-yoh, e juntas, salvem o Grande Império Chinês”.

“Ao brado do rei, trombetas soaram e todos celebraram a partida de Tata-yoh, a Grande Princesa Guerreira”, sim, eu sei, calma! “… e sua fiel escudeira, a Magnífica Princesa Cavaleira Nana-yoh. Que grandes perigos esperavam as duas em sua jornada?”

Tatá tentou imprimir tons épicos à sua narrativa, e testemunhou, satisfeita, o êxtase com o qual Naná recebeu a última frase. A menina agora estava em pé, como se ouvir uma história tão magnífica sentada não fizesse juz à aventura que as esperava.

“Por meses elas viajaram, desbravando montanhas cheias de neve e perigos, desertos que eram tão quentes durante o dia quanto frios durante a noite, campos abertos carregados de inimigos e armadilhas, mares bravios com ondas que estouravam nas pedras e com respingos capazes de atravessar escudos. Sem se deixar abater, venciam cada novo inimigo e desafio, munidas apenas de sua coragem e do juramento que fizeram ao imperador.”

“Mas um grande perigo as acompanhava, cada vez maior, cada vez mais ameaçador!”

Dessa vez, Tatá fez uma longa pausa, tão longa que Naná pensou ter visto o sol se pôr e nascer novamente. Tão longa que a menina temeu perder seu aniversário de oito anos e acabar fazendo nove ou dez. Tão longa quanto…

– O Dragão Milenar! – Gritou a garotinha, sem se conter. – O Dragão Milenar é a ameaça. Ele já apareceu?

Tendo atingido seu objetivo, Tatá apenas sorriu e prosseguiu.

“Uma sombra. Uma grande sombra, maliciosa, sutil. Uma sombra que aos poucos se apoderava dos céus, ameaçando cobrir o sol e a lua. A cada novo dia elas notavam, um pedacinho a mais do céu tinha sido tomado. Um avanço lento e calculado. E a sombra parecia segui-las, acompanhando sua marcha em direção ao Grande Lago Sagrado que ficava a Oeste da capital do grande império. Uma sombra que parecia rir, caçoar de seus inúteis avanços…”

– Mas a gente… quer dizer, as Grandes Guerreiras Cavaleiras do Império… as grandes princesas não têm medo de nada, né, Tatá?

“Mas as grandes Guerreiras Princesas do Oriente nada temem. No céu, uma grande nuvem cheia de terror, na terra, duas princesas sábias e poderosas que lutavam juntas por seu reino! Um combate milenar, do qual nunca ninguém tinha ouvido falar.”

A garotinha, pequena em corpo, grande em espírito, brandiu uma espada invisível contra o céu, enfrentando o firmamento acompanhada de sua grande heroína. Enquanto estivessem juntas, nunca poderiam ser derrotadas.

“E elas avançaram, e avançaram. A cada novo dia, novos perigos. Lagartos gigantes, espadachins habilidosos, vendavais quentes, areias movediças…”

– Aquela areia que tem no Minecraft, sabe? Que se você ficar muito tempo em cima, você é sugada?

– Ai, que raiva daquela areia, outro dia perdi todos meus itens quando…

– Ahem. “… perigos incontáveis e assustadores. E no céu a grande sombra, que agora tomava a forma de um imenso dragão de muitas cabeças, e ameaçava devorar tudo que elas conheciam.”

“Quanto mais se aproximavam do Grande Lago, maiores e mais terríveis se tornavam os perigos. Numa tarde em meio a uma grande floresta, tão grande que as árvores cobriam o infinito céu e as lançavam numa grande escuridão, Tata-yoh parou de repente, quase derrubando a companheira, que vinha logo atrás. Abaixou a cabeça e começou a chorar.”

Um olhar confuso percorreu o rostinho concentrado.

“Sentia falta de seu castelo, de seus amigos, de seu pai. Sentia falta de sua cama quentinha, da comida gostosa preparada com carinho pela mãe, das conversas à beira da lareira nas noites frias. Sentia falta de ser uma criança normal, de não precisar salvar o mundo…”

Tatá interrompeu a narração, surpresa. A irmã tinha se agarrado nela, abraçando-a na altura do tórax. Grandes lágrimas escorriam de seu rosto e agora molhavam a camiseta da mais alta. Olhando para cima, limpou o rosto com uma das mãos e sorriu, um sorriso molhado.

– Eu também tô com medo, Tatá. Mas eu tô aqui e não vou deixar nada ruim acontecer com você. Nunca. – aumentou o aperto.

Surpreendida pela reação da menina, Tatá gaguejou, perdendo a compostura e seu ar de contadora de história experiente e madura. Engoliu em seco algumas vezes, lembrando do abraço apertado que recebia da mãe nos tempos em que não precisa salvar o mundo da irmã sempre que a grande tristeza borrava os céus. Entendeu porque o imperador havia confiado a pequena para cuidar dela como sua escudeira. Percebeu que nenhuma sombra jamais engoliria o mundo enquanto lutassem as batalhas juntas. Tentando se recompor, prosseguiu.

“Ab.. abraçadas, as duas Guerreiras olharam para o alto, encararam a grande sombra, respiraram fundo e continuaram. Os próximos dias foram repletos de grandes desafios e dificuldades. Sem jamais se separarem por um único instante, empunharam escudo e espada, levando consigo todo o grande império.”

Um sorriso percorreu o rostinho apertado contra a barriga da irmã mais velha, sua grande heroína que, sendo tomada por um grande poder, continuou a história, agora com palavras mais fortes que nunca.

“Após o que pareceram centenas de anos, as duas estavam chegando ao topo do pico mais alto de todo o reino. Deram os últimos passos, as mãos dadas para não tropeçarem nas grandes pedras que saltavam do chão, e pararam, admiradas. Diante delas, do outro lado da grande montanha, um imenso lago, de águas cristalinas, mais brilhantes do que a maior das coroas do imperador, mais profundo que o próprio oceano, mais antigo que a vida. Um lago com um esplendor que flamejou em seus peitos, queimando como a luz que se acende na escuridão, como a grande chuva que apaga todos os incêndios”.

Naná agora soluçava, abraçando a irmã com grande carinho. Afastou o rosto e perguntou, em meio a soluços.

– E… ele tá… lá? Elas ach… acharam o Grande D… D… Dragão Águadico?

“E eis que, no exato centro da grande massa de água, ondas surgiram, rompendo a tranquilidade do mundo ao redor. E um imenso, um gigante, um enoooorme ser emergiu”.

– É ele! É o Dragão!

“– Sou eu, o Grande Dragão Aquático. Os movimentos das minhas asas são capazes de convocar chuvas e maremotos. Sou vida e morte, caos e paz, as idas e vindas de grandes ondas que transformam as épocas. Sou o bailar do Grande Oceano do tempo, que conduz navegações pelo imensurável oceano da existência. Vocês devem ter passado por perigos inimagináveis para chegar até aqui. Digam-me, princesas, por que me despertam do longo sono?”

– Senhor Dragão, sou eu, a Nana-yoh – diferente de momentos antes, agora a voz da garotinha era firme e decidida. Um retumbante brado de uma poderosa princesa. – Nosso mundo corre perigo, o Grande Dragão Milenar está chegando, e queremos proteger nossa família e amigos… – pensou por um instante – … proteger todo o mundo. Por favor, nos ajude.

“– Faz muitos milênios desde que um humano apareceu em minha frente, princesa Nana-yoh. Um infinito tempo de espera pelas Grandes Princesas Que Andam Para a Frente…”

– Ah, é mesmo, Tatá! Você reparou que as duas conseguem andar pra frente, diferente das pessoas daquela época?”

– Xiiiu – sussurrou a mais velha, levando o dedo à boca. – Não interrompa o Grande Dragão.

– Ah, é – e então, baixando a voz: – desculpa, senhor Grande Dragão. Parecendo conter uma risada, o grande Dragão prosseguiu.

“– Há milênios, a humanidade tem dado passos para trás, Grandes Guerreiras. Espero que carreguem consigo minha chuva, preencham todo esse grande reino com muita prosperidade, e combatam juntas a grande sombra que toma os céus.”

“Dizendo isso, o Grande Dragão Aquático, com suas centenas de metros de altura, iniciou uma bela dança ancestral, movendo seu corpo e suas asas num ritmo que parecia pulsar da própria vida. O bailar perdurou pelo que pareceu séculos inteiros, e as guerreiras assistiram, admiradas, ao grande espetáculo da vida que se desenrolava diante delas. Abraçadas, reverenciaram o Grande Dragão, que, num último rodopio, agitou suas imensas asas em direção ao céu.”

“Gotas começaram a cair. E elas se abraçaram, sentindo a chuva tocar sua pele. Escorrer por seus corpos, molhar seus cabelos. E dançaram, celebrando a vida do Grande Dragão. Sentiram e testemunharam as maravilhosas gotas se infiltrando por cada canto do reino, nutrindo o solo, arando a vida, cultivando uma nova era que se abria.”

“Então, somente então, elas perceberam de onde vinham as gotas. Imensas nuvens se formavam nos céus, retratando as imagens de combates épicos entre pequenas garotas e grandes perigos, entre dois dragões, irmãos por natureza, mas envolvidos num eterno enlace de vida, morte e renascimento. E tudo explodiu em cores quando um imenso arco-íris atravessou o céu…”

Naná, ainda abraçando a barriga da irmã, sentiu gotas atingirem sua cabeça. Abriu os olhos e olhou para cima. As nuvens se moviam, tranquilas, enquanto os olhos marejados de sua grande heroína a observavam, derramando gotas de muito afeto, gotas que expulsam sombras.

Nenhuma palavra mais foi dita. As irmãs se olharam nos olhos, com uma cumplicidade que só existe após uma grande luta contra uma grande sombra. Então sentaram-se no chão, ombros apoiados, e observaram o lento movimento das nuvens que emolduravam o pôr-do-sol.

Sobre Fabio Baptista

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21 comentários em “Nuvens (Luis Guilherme)

  1. André Lima
    15 de junho de 2025
    Avatar de André Lima

    A dinâmica entre as irmãs Tatá e Naná é o coração pulsante deste conto e um de seus maiores trunfos. A forma como Tatá conduz a narrativa, lidando com as interrupções e a curiosidade genuína de Naná, não só torna a leitura ágil e divertida, mas também espelha de forma autêntica a interação entre irmãos. Naná, com suas perguntas e sua imaginação, atua como um excelente veículo para o jovem leitor se identificar e imergir na história. Ou seja, ela não só faz parte da estrutura narrativa, mas é uma espécie de representante do leitor.

    O conto habilmente emprega uma estrutura de moldura, começando e terminando com as irmãs deitadas na grama, observando as nuvens. Essa sutileza demonstra que o autor teve um capricho muito grande com essa história.

    A obra explora temas potentes de forma acessível. A coragem e a resiliência, o companheirismo e a irmandade… Irmandade esta que é centralizada no momento em que Naná conforta Tatá em sua tristeza. A história sugere que a imaginação e o ato de contar histórias são ferramentas poderosas para superar medos e tristezas. A simbologia da água e da chuva traz uma mensagem de esperança, renovação e prosperidade. Tudo isso é poderossíssimo aqui!

    A linguagem é fluida, clara e perfeitamente adaptada ao público-alvo. O humor surge naturalmente das interrupções de Naná e das réplicas de Tatá. E, para mim, o grande trunfo deste conto é que, nas mãos de um escritor menos habilidoso, certamente ficaríamos com a impressão de que foi um romance condensado num conto. Mas aqui, não. Tudo se encaixa perfeitamente e a obra pode emocionar e entreter desde criancinhas como meu filho (6 anos) até adultos.

    Resumindo: contaço!

    Parabéns pela vitória merecida!

  2. Thiago
    14 de junho de 2025
    Avatar de Thiago

    Uma história boa, bem escrita, mas longa e com o incômodo de representar crianças de forma estereotipada. Em outras palavras, essas meninas são representações do que imaginamos ser uma criança ouvindo e contando histórias, não são crianças mesmo diante dos nossos olhos. Como são representações imaginárias, ficam artificiais e incoerentes. Por exemplo, uma delas não sabe o que é um trono, mas parece saber o que são labareda, jornada, lenda, munir-se, esplendor, flamejar, entre outras palavras mais complexas.  

    Mas foi legal, sim, a mistura da história contada com a situação das meninas, culminando com as gotas-lágrimas do final. 

  3. leandrobarreiros
    14 de junho de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Este é um conto, para mim, sem falhas.

    O diálogo entre as irmãs é inteligente e prende a atenção. As intromissões da irmã mais nova não soam cansativas; pelo contrário, refrescam a história nos momentos certos.

    A escrita simplesmente prende o leitor, o que, para mim, é um dos maiores méritos de uma história. Outro mérito é a conclusão condizente com a promessa da narrativa, e o autor também executou isso muito bem.

    Talvez o subtexto pudesse ser um pouco mais explícito (a perda da mãe, imagino?), mas não muito. Apenas um toque a mais.

    Enfim, um excelente trabalho. Está entre os meus favoritos

  4. Thales Soares
    14 de junho de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    Este é um conto infantil absolutamente encantador. Criativo, envolvente e com personagens divertidos e carismáticos, o texto nos apresenta duas histórias paralelas que se entrelaçam: a narrativa principal, com a irmã mais velha e a garotinha, e a fábula que está sendo narrada pela irmã mais velha.

    Inicialmente, a pequena fica constantemente interrompenddo a história da irmã, com perguntas e provocações. Logo de cara vi que ela é dessas crianças serelepes modernas que não consegue focar em algo por mais do que 15 segundos (geração Tik Tok). Fiquei com medo que isso fizesse com que a narrativa ficasse truncada e cansativa… mas logo a pequena começa a ficar encantada com a história, e começa a engajar, contribuindo ativamente com a construção da fábula, e isso só aumenta a grandiosidade e a emoção daquilo que está sendo contado.

    A técnica utilizada para unir essas duas linhas narrativas (a história contada e a relação entre as irmãs) é muito bem aplicada. A transição entre a fantasia e a realidade se dá de forma fluida, leve e, principalmente, emocional. O conto cresce junto com a atenção da pequena Naná, e o leitor cresce junto com as duas.

    O texto tem ritmo, tem coração, tem humor, tem lirismo, e tem alma. É fácil se apaixonar pelas personagens, fácil rir, fácil se emocionar. Tudo aqui é orquestrado com muito carinho.

    Pedradas:

    O único ponto digno de nota crítica é que o conto carrega uma assinatura estilística tão marcante que entrega seu autor mesmo sob pseudônimo. A fórmula utilizada é praticamente idêntica à de “A Gota que Desafiou a Lua”, o que não é uma falha em si, mas um indicativo de estilo consolidado no gênero infantil. Neste caso, a fórmula não só foi reutilizada, como também foi aprimorada, mostrando uma evolução clara na escrita de Luis Guilherme.

    Conclusão:

    Este é um conto criativo e extremamente divertido. Fofinho, engraçado e, acima de tudo, emocionante. Une fantasia e afeto com perfeição, e mostra que as maiores batalhas contra as maiores sombras só podem ser vencidas com amor, imaginação e, claro, companhia. Um dos meus preferidos deste desafio.

  5. Gustavo Araujo
    13 de junho de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Um conto singelo, bonito, sobre a relação entre duas irmãs, em que a mais velha tenta contar uma história à mais nova. O que se sobressai no texto é cumplicidade entre ambas, dá para ver o quanto se gostam, o quanto significam uma para a outra. E isso graças às diversas camadas da narração. Histórias dentro de histórias. É como uma boneca matrioska atravessada pela afinidade entre Tatá e Naná, com a tentativa reiterada da mais velha em repassar à outra uma lenda, uma história fantástica, tentando encantá-la para ser reiteradamente interrompida por um quê de ingenuidade, de desejo de participação, de mostrar que também sabe, que cresceu, que quer ser igual àquela que lhe serve como modelo. Exatamente como irmãos se comportam.

    Impossível, então, não considerar o conto como verdadeiro, fiel à realidade de irmãs que nutrem entre si uma amizade que ignora a diferença de idade, que permite vislumbrar uma vida de companheirismo e troca de confidências, daquelas em que, velhinhas, olham para trás com saudades.

    Nesse aspecto, a historieta sobre as nuvens é o que menos importa, já que para o leitor o que se sobressai é esse jogo fascinante de atenção entre as irmãs. Ou seja, não é exatamente o que se fala sobre as nuvens que encanta, mas a proximidade inabalável entre as meninas.

    Como oportunidade de melhoria numa eventual revisão, sugiro trocar os nomes das meninas, já que Tatá e Naná são muito próximos. Tive que voltar algumas vezes nos parágrafos, especialmente no começo, para me certificar quem estava falando, quem estava narrando, quem estava interrompendo. A leitura, nesses pontos, ficou um tantinho travada. Depois fluiu, mas no geral acho que é algo a ser considerado.

    De todo modo, parabéns pelo texto.

  6. Andre Brizola
    13 de junho de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Gotas!

    São poucos os contos que me dão aquela inveja boa do tipo “eu queria ter escrito esse”. Seu conto é um desses. Achei sensacional. Mais do que sensacional, na verdade. Conforme ia avançando na leitura, ia ficando cada vez mais interessado, devorando o conto, querendo saber o destino das princesas. Realmente, muito bom. E, tendo dito isso, devo acrescentar que para esse desafio decidi organizar melhor meus comentários, para ser mais ágil, prático, e justo com os participantes.

    Técnica – Um conto de sucesso, normalmente, vem alinhado a uma boa revisão, boa decisão de estrutura e ritmo adequado àquilo que se quer contar. É tudo perfeito aqui? Não, não é. Mas a proximidade é grande. Há algumas coisinhas que poderiam ser melhor redigidas (um “Nana-yoh, e juntas, salvem” que poderia ter sido “Nana-yoh e, juntas, salvem”, por exemplo), e a estrutura narrativa com muitas construções em itálico me parecem cansativas. Fora isso, tudo me parece ótimo.

    Enredo – É aqui que o conto brilha. Um bom enredo faz com que qualquer defeitinho técnico suma, pois o leitor vai lembrar da história, e não do erro gramatical. A história dentro da história, das princesas que vão atrás do dragão aquático, buscando a solução para a falta d’água, pode parecer banal, mas tem diversas camadas, desde a aventura pura e simples, passando pelo humor inocente, até o amor fraterno, como uma boa fábula.

    Tema – Neste aspecto, desta vez, decidi ser bastante rígido no que diz respeito ao respeito ao que foi proposto. Entendo que os temas são um tanto quanto diferentes do usual, mas essa foi a proposta do EntreContos e acho que nós, autores, deveríamos honrá-la com textos que a atendessem da melhor forma possível. Não há dúvidas, o conto se enquadra no tema infanto-juvenil e atende à proposta do desafio.

    Impacto – Escrevo esse item do meu comentário alguns dias após ter lido o conto, para medir a forma como reagi ao texto e como ele me afetou. Acho que se a experiência foi boa, se o enredo me provocou, me fez pensar sobre o assunto, ou se há algo extremamente particular, mesmo que ruim, o conto reaparece em minha cabeça e penso sobre ele depois. E aqui o impacto foi realmente alto, pois gostei muito do conto. Hoje, escrevendo essa parte do comentário, e relendo algumas partes, vejo o tanto que gostei do que li. Pude rir e me emocionar novamente ao reforçar na memória as partes que havia gostado mais.

    No geral, até agora, é o meu conto favorito. Muito bem escrito, enredo acima da média, e com uma linguagem que se descola um pouco da mais tradicional para textos infanto-juvenis, dando um aspecto mais moderno e ágil, algo que achei muito legal. A experiência da leitura aqui foi excepcional, parabéns!

    Boa sorte no desafio!

  7. Thiago Amaral
    13 de junho de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Excelente conto! Um dos meus preferidos da B até agora.

    Você conseguiu balancear a história épica infanto-juvenil muito bem com o humor gente-como-a-gente. O resultado é que vai agradar a gregos e troianos, já que é muito fácil se identificar com as personagens. No EntreContos se fala muito da famosa fórmula mágica para ganhar, mas aqui não parece apelativo. É bem natural.

    E ainda por cima é uma história com significado profundo quanto à natureza do mal, do sofrimento, da tristeza, da passagem das coisas, da natureza…. muito pode ser dito, e muito é dito sobre essas coisas. Aqui você balançou um pouco e perigou cair na pieguice, mas conseguiu se manter e foi até o fim com uma história que tem muito a dizer.

    Por fim, a cereja do bolo é a ligação entre a vida pessoal das meninas e a história que elas tecem. O que acontecia com elas fica como subtexto e pra mim não ficou totalmente claro, mas não importa. O que fica evidente é o enlace entre fato e ficção, e como as histórias são importantes para tirarmos conclusões e compreendermos melhor a realidade. E como, ao criar nossas próprias histórias, partes de nós estão lá, assim como quando sonhamos.

    Meus parabéns e boa sorte no desafio!

  8. Mariana
    12 de junho de 2025
    Avatar de Mariana

    História: Um bonito conto narrado por uma irmã mais velha, Tatá, para a caçula Naná. A história é bonitinha, cumprindo o tema do desafio, e o cenário da Antiga China é bem interessante. A busca pelo Dragão Aquático traz uma dose de aventura legal. Gostei que não ignorou Mulan, talvez o grande produto quando pensamos em China e crianças 2/2

    Escrita: Parabéns, Gotas, segurou bonito uma história infantil com tantas informações. A oralidade também é algo complicado, mas os dialógos são críveis. O ritmo é bom, li a história de uma vez só – esse não é um trabalho de amador 2/2

    Impacto: Lembrei da minha irmã, foi um conto muito bonito e agradável de se ler. 1/1

  9. cyro eduardo fernandes
    11 de junho de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Criativo e bem escrito, achei como um ponto forte a descrição das irmãs. Bom chubesco,

  10. Pedro Paulo
    11 de junho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Olá! Tentando simplificar, estarei separando meus comentários em “forma” e “conteúdo”, podendo adicionar um terceiro tópico para eventuais observações que eu não enquadre em um ou outro.

    FORMA: Escala e sutileza são os elementos do sucesso desse texto. A perspectiva infantil é bem retratada com o destaque dado à forma como Nana enxerga a irmã, a família e o mundo, a longevidade do próprio universo se equiparando aos quinze anos da irmã mais velha, para um exemplo. Para além da caracterização apropriada, a própria relação de respeito e brincadeira entre as duas irmãs fica clara desde o começo da leitura e é muito fácil a quem lê simpatizar e torcer pelas duas, ainda que toda a aventura dela seja, apenas em parte, fictícia. Digo ser uma ficção parcial porque, ao mesmo tempo, o plano de fundo de princesas guerreiras salvando a China de um Dragão malévolo é, ao mesmo tempo, uma história de fraternidade e compromisso que também passa por elas duas bem ali, deitadas olhando as nuvens. É a sutileza. O itálico é utilizado em vários momentos para situar a narrativa aventureira, mas há um parágrafo, logo após a promessa da caçula de sempre proteger a mais velha, em que a narração é retomada sem o itálico, tragando o leitor de volta à aventura, mas, ao mesmo tempo, situando a história mirabolante no plano da realidade. Também é sobre fraternidade, afinal.

    CONTEÚDO: É um chubesco. A ingenuidade da infância e o afeto fraterno são muito bem retratados e as escolhas de mostrar os trejeitos das personagens e de referenciar outras obras ficcionais da cultura pop como Mulan e Frozen dão verossimilhança ao conto e às personagens. O encontro do dragão é catártico, mas na proporção que se pode haver em uma adolescente entreter uma criança. A força do conto é a ambiência e a habilidade narrativa de se contar duas histórias sustentadas em um diálogo. Um ótimo conto para este certame.

  11. Leo Jardim
    9 de junho de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐⭐⭐▫)

    Pontos Fortes:

    • Narrativa Dupla Encantadora – A interação entre Tatá (adolescente) e Naná (criança) cria uma dinâmica orgânica e cativante. As interrupções de Naná, em vez de irritantes, tornam-se o coração da história.
    • Metalinguagem Bem-Executada – A forma como a “história dentro da história” (a aventura na China) se mistura com a realidade das irmãs é poética e bem construída.
    • Clímax Emocional – O momento em que Naná abraça Tatá e diz “Eu tô aqui e não vou deixar nada ruim acontecer com você” é o ponto alto, unindo as duas narrativas de forma comovente.

    Pontos de Melhoria:

    • Final Um Pouco Aberto – A conclusão é bela, mas poderia reforçar melhor a ligação entre a metáfora das nuvens e o vínculo das irmãs.
    • Ritmo em Alguns Trechos – Algumas interrupções de Naná poderiam ser mais curtas para manter o fluxo.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐⭐⭐▫)

    O Que Funciona:

    • Diálogos Naturais – As falas de Naná soam autênticas para uma criança de 7 anos (ex.: “Tipo você, que quando eu nasci já era velha?”).
    • Transições Suaves – A passagem entre a história da China e a realidade é feita com fluidez.
    • Tom Consistente – Mantém um equilíbrio entre doçura e humor, sem cair no piegas.

    O Que Poderia Melhorar:

    • Pontuação em Diálogos – Algumas falas têm travessões ou reticências demais (ex.: “– Ah… – a garota refletiu…”).
    • Mostrar Mais, Contar Menos – Em vez de dizer “Naná estava com medo”, poderíamos ver isso em suas ações (ex.: mão tremendo, voz mais baixa).

    🎯 TEMA (⭐⭐)

    • Infantil na Forma, Universal no Fundo – Apesar do tom de conto infantil, aborda temas como medo, coragem e apoio fraternal.
    • Irmandade > Aventura – O verdadeiro foco não é a batalha contra o dragão, mas o vínculo entre Tatá e Naná.
    • Metáfora das Nuvens – Representa tanto os problemas quanto a esperança que vem do afeto.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐▫)

    Originalidade:

    • Boa, Mas Segura – A ideia de “história sendo contada com interrupções” não é nova, mas a execução é competente.
    • Dragão como Símbolo – A figura do dragão milenar vs. dragão aquático poderia ser mais inovadora (ex.: se fosse uma metáfora para conflitos reais das irmãs).

    🎭 IMPACTO (⭐⭐⭐⭐⭐)

    Por Que Funciona Tão Bem?

    • Emoção Autêntica – A relação das irmãs é tão bem construída que o leitor se identifica, seja como irmão mais velho, mais novo ou até mesmo sem ter irmãos.
    • Clímax Bem-Escalonado – O abraço no final é simples, mas poderoso, porque toda a narrativa leva a ele.
    • Final Que Fica – A imagem das irmãs olhando as nuvens juntas é memorável e deixa um resíduo emocional.

    Única Ressalva:

    • Expectativa vs. Realidade – Quem esperava uma “grande batalha épica” pode achar o final muito suave, mas esse é justamente o charme.

    Desabafo:

    Descontei algumas poucas estrelas acima, pois tento ser fiel ao meu método de avaliação entre desafios, mas me emocionei muito com a amizade e carinho das irmãs. Tocou numa parte adormecida de meu coração e a sensação foi muito boa. Um conto muito lindo mesmo. Parabéns e obrigado!

  12. danielreis1973
    5 de junho de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Nuvens (Gotas)

    Segue a minha análise, conforme método próprio e definido para este desafio:

    CONCEITO: chubescas, aqui, são as nuvens e as duas irmãs. O autor partiu dessa relação sensível e bonita entre Tatá e Naná, que me lembrou muito as histórias que Zezé contava para Luís, no clássico Meu Pé de Laranja Lima – em meio à pobreza em que viviam, existia espaço para imaginar um galo como leão ou uma arvorezinha no quintal como um cavalo de caubói de faroeste.

    DESENVOLVIMENTO: a história passa lenta, como as nuvens no céu, mas me fascinou o recurso de contar uma fábula anciã dentro do conto, e as intervenções da irmã mais nova que às vezes até mudaram a linha da história – também similar ao trecho do livro que eu citei acima. Quando não tinham mais galinha, Zezé inventava um destino para o leão…

    RESULTADO: o resultado foi muito bom, ainda que não totalmente chubesco, como era a proposta do desafio. O conto vive por si, mas seria injusto não observar esse aspecto na avaliação.

  13. Amanda Gomez
    3 de junho de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Adorei seu conto. Me sentei e apreciei a história, tanto essa que você, autor, conta, como as dos personagens. Gostei da estrutura narrativa, do uso de vozes diferentes, você foi muito habilidoso aqui. O conto tem aquele quê de história infantil, como uma bela fábula, com ensinamentos que podem atingir a todos que leem.

    Se eu pudesse apontar algo, mais para ser chata do que qualquer outra coisa, seria que ela se estendeu um pouco. Mas fora isso, está perfeito.

    Parabéns pelo trabalho. Boa sorte no desafio.

  14. Kelly Hatanaka
    22 de maio de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Fofo, fofíssimo! A cumplicidade e o amor entre duas irmãs retratado enquanto a mais velha inventa uma história para confortar a mais nova. Podia ser só isso, mas é mais.

    Enquanto Tatá conta a história, vamos sabendo mais sobre as irmãs. Tudo aos poucos, devagar, sem afobação. Elas perderam a mãe, sentem sua falta. A mais velha tenta compensar a falta materna de alguma forma.

    A mais nova demonstra o olhar inocente de quem tenta entender o mundo. O que é muito tempo? O que é muito longe? O que é impossível? A mais velha demonstra cuidado com a mais nova e adapta a história que conta às demandas dela.

    No final, fala-se da cumplicidade que existe após a luta contra uma grande sombra. Que, superficialmente, pode ser entendida como a sombra que as perseguiu durante a história. Mas que, num plano um pouco mais profundo, seria a perda da mãe.

    Belíssimo o relacionamento das irmãs, vislumbres do amor entre elas surgem ao longo do conto e me fizeram pensar em Lillo e Nanny, personagens de Lillo e Stitch.

    Gostei muito!

    Parabéns e boa sorte no certame!

    Kelly

  15. Marco Saraiva
    21 de maio de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Este conto tem uma fachada simples, com uma profundeza impressionante entre as linhas. Em uma leitura rápida, o conto não tem muito impacto. A história de Tata-yoh e Nana-yoh, contada por Tata, soa mais como um momento divertido entre as irmãs, uma forma que Tata descobriu que entreter a pequena e curiosa Nana por alguns minutos. Mas a história termina em lágrimas, primeiro de Nana, depois da própria Tata, já na adolescência aos seus quinze anos. E então o conto se faz entender: entre as linhas simples e fantasiosas da história das duas princesas, havia uma verdade profunda. A ligação entre elas vinha de “uma cumplicidade que só existe após uma grande luta contra uma grande sombra”.

    Não se sabe que luta foi essa, nem que sombra foi essa. O texto não deixa claro, nem precisa deixar. Mas quando Tata fala da saudade que a princesa na sua história tinha de uma vida comum, de não ter que salvar o mundo sempre que uma sombra surgia, “…lembrando do abraço apertado que recebia da mãe nos tempos em que não precisa salvar o mundo da irmã sempre que a grande tristeza borrava os céus”. Dá a entender que as irmãs perderam a mãe. Ou, no mínimo, que Nana precisa de um cuidado especial, talvez sofra de depressão infantil, e que Tata a ama tanto a ponto de sacrificar qualquer coisa para vê-la feliz. A história até sugere que foi o pai de Tata que deu a ela esta incumbência: a de manter a sua irmã segura desta “sombra de tristeza”.

    Com isto a história ganha mais impacto, pede até mesmo uma releitura. Detalhes sutis, em um conto escrito com muito carinho e atenção. Gostei =)

  16. Priscila Pereira
    20 de maio de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Gotas! Tudo bem?

    Que conto legal! O diálogo é o forte do conto, muito natural! E a história é ótima, as duas, aliás… a história dentro da história, cheia de imaginação e aventura, em uma terra distante e em um tempo distante, serviu perfeitamente para mostrar um pouco mais sobre as personagens e sobre a história real delas, que é só insinuada, mas sabemos que existe uma luta contra uma grande sombra na vida delas, não sabemos qual é… fiquei curiosa, queria saber mais.

    O conto é longo, mas não ficou arrastado por causa da agilidade dos diálogos. Gostei bastante! Parabéns!

    Eu só tocaria essa frase, que ficou estranha… “As costas deitadas na grama”, colocaria: Deitada de costas na grama.

    Leria para minha filha? Com certeza! ❤

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!!

  17. andersondopradosilva
    17 de maio de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, autor.

    Gostei do seu texto.

    Julguei que você construiu ótimas imagens e realizou uma excelente representação da inocência infantil.

    Seu texto está bem revisado. Talvez tenha faltado um “os” em “e todos [os] meus antepassados”. Talvez a conjugação verbal correta fosse “precisava” em “nos tempos em que não precisa[va]”. Talvez fosse correto inserir um parágrafo entes de “Parecendo conter uma risada”.

    Pela competente participação no desafio, nota máxima, 5.

    Abraço.

  18. Givago Domingues Thimoti
    16 de maio de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Nuvens:

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 

    Nuvens é um conto infanto-juvenil, (5!) que versa sobre Tatá e Naná, duas irmãs, que constroem juntas uma história infantil sobre a busca de duas irmàs princesas e guerreiras que buscam salvar o seu povo. A história é apenas um pretexto para mostrar ao leitor a relação afetuosa das duas irmãs. E que pretexto? Por trás, vemos cuidado, amor e até um desalento diante do mundo.

    Maravilhoso! 

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo: um dos melhores contos infantis da Série B neste desafio! Singelo e afetuoso! Meio metalinguistico. Com um subtexto interessante por trás da relação Tatá-Naná! Maravilhoso!

    Negativo: tá meio poluído visualmente falando, né?

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais. 4

    Percebi poucos erros gramaticais. Um trecho com uma palavra comida (está no próximo trecho também da avaliação), além de:

    marcharré => marcha-ré!

    Minecraft => tinha que estar em itálico e sublinhado (juntos, já que se trata de uma palavra estrangeira)

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. 4

    A escrita é simples, adequada a uma conversa entre duas irmãs de 15 e 7 anos. Além disso, o ritmo é muito bom, que acompanha a história rápida e fluida. 

    Achei esse trecho meio confuso. Entendi o que você quis dizer, mas é preciso destacar: 

    (Com) As costas deitadas na grama macia do parque, olhava para o céu com uma gravidade de menina de 7 anos que sempre fazia a irmã mais velha rir.

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 3,5

    Eu acho que esse seria o grande problema do conto. Digo isso porque, em alguns momentos, o conto poderia estar mais claro. Ao mesclar duas histórias, uma escrita sem formatação enquanto a outra está em itálico, o conto ficou bem poluído visualmente e, por vezes, meio confuso. Por exemplo:

    – Tá, “… o imperador olhou surpreso e triste para a filha. Suspirou profundamente e confidenciou: minha filha, um mal terrível ameaça nosso império. Homens, mulheres, crianças, ninguém estará seguro se…”

    (…) 

    “A cada mil anos, o grande império chinês combate essa grande ameaça, e todos meus antepassados foram capazes de proteger a China e garantir a prosperidade dos próximos mil anos!…”. Tá bom, Naná, eu sei que você quer falar algo, desembucha => aqui eu destaquei para exemplificar essa falta de paralelismo na questão de organizar/formatar o texto. Uma hora, a fala da irmã que conta história é marcada, diferenciando-a da história que conta a irmã mais nova. Depois, não tem essa demarcação.

    Além disso, teve um trecho que pareceu que uma diálogo foi comido, dificultando saber quem foi que falou, ou o que falou…:

    (…) areias movediças…”

    – Aquela areia que tem no Minecraft, sabe? Que se você ficar muito tempo em cima, você é sugada?

    – Ai, que raiva daquela areia, outro dia perdi todos meus itens quando…

    – Ahem. “… perigos incontáveis e assustadores. E no céu a grande sombra, que agora tomava a forma de um imenso dragão de muitas cabeças, e ameaçava devorar tudo que elas conheciam.”

    Bom, eu sei que é um quadradismo chato da minha parte, mas creio que são aspectos importantes. Por fim, achei que este conto está bem fluido, que atrai a atenção do leitor.

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável: 5

    Eu amo literatura. Adoro ver contos bem trabalhados, com escrita bem feita/ produzida e uma história complexa. 

    Nessa história, por outro lado, temos uma história simples, com uma escrita simples e mais voltada para o âmbito juvenil. 

    São esses tipos de contos que me fizeram me apaixonar pela literatura. Nuvens tem dentro de si algo meio precioso e raro. É singelo pelo simples fato de ser singelo. Não se utiliza de recursos apelativos para cativar o leitor. Toca quem o lê porque, para além de estar bem escrito ou não, retrata muito bem uma história humana e sentimental. Afinal, quem teve/tem irmãos ou convive com certamente se sentiu inserido nessa história e, pelo menos no meu caso pessoal, tocado. Às vezes, isso é tudo que um conto precisa.

    Além disso, há ainda a história por trás da história, o tal do subtexto: são duas irmãs que estão no mundo por sua própria conta. Aparentemente, os pais já não estão mais ao redor, por motivos que somente importam à autora/ ao autor e às personagens.

    Parabéns pelo trabalho!

    Nota final: 4,3

  19. Afonso Luiz Pereira
    10 de maio de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Olha, o teu conto tem aquela vibe acolhedora de uma história contada no parque, entre duas irmãs que claramente têm um laço forte e cheio de ternura. O enredo se desenvolve bem na estrutura de “história dentro da história”. E a narrativa não é só uma aventura com dragões, impérios e sombras, mas também sobre a imaginação do poder das palavras e o próprio jeito de contar histórias. As interrupções da Naná, que poderiam quebrar o fluxo, na verdade enriquecem o texto, tornando tudo mais real e divertido.

    O ritmo do enredo oscila de forma natural entre os momentos calmos, engraçados e os épicos, o que casa perfeitamente com a narrativa “chubesca”. A cadência das falas é leve, com bastante oralidade e muito bem pontuada pelas interrupções da Naná, que funcionam como pequenas respirações ou suspiros infantis no meio da aventura.

    A linguagem das personagens é super crível, Naná soa como uma criança de verdade, cheia de curiosidade, imaginação e aquele jeito delicioso de misturar real e fantasia. Tatá, por outro lado, é uma adolescente que se diverte e se importa, mas também já tem aquele ar de contadora de histórias que lidera com segurança e afeto.

    Enfim, é o tipo de conto costumo chamar de redondinho. Está bem feito.

  20. toniluismc
    9 de maio de 2025
    Avatar de toniluismc

    Comentário Crítico do Conto “Nuvens (Gotas)”
    Avaliação por critério: Impacto · Criatividade · Técnica

    📌 IMPACTO: EXCELENTE

    “Nuvens (Gotas)” é um conto que mistura ternura, imaginação e poesia, alcançando o leitor com a delicadeza de uma lágrima inesperada. Aparentemente singelo — uma conversa entre irmãs no parque —, o texto se revela uma poderosa metáfora sobre o poder da fantasia como escudo contra a dor, o medo e a tristeza.

    Ao final, quando descobrimos que o dragão milenar que ameaça o céu é, na verdade, a tristeza — e que as gotas, a cura, vêm do afeto, do vínculo e da imaginação — o texto atinge um ápice emocional genuíno, sem cair em sentimentalismo forçado. É comovente, luminoso e curativo.

    As lágrimas silenciosas que marcam o clímax da história, tanto da irmã mais nova quanto da mais velha, são universais. Qualquer um que já precisou ser forte por alguém, ou que encontrou consolo em uma brincadeira, se verá refletido aqui.

    🎨 CRIATIVIDADE: MUITO ALTA

    O conto é engenhoso em sua fusão entre narrativa mítica e realidade cotidiana. A forma como a brincadeira das irmãs se torna uma epopeia fantástica é uma homenagem clara à infância como força criativa e resistência emocional. O texto nos lembra de obras como A História Sem Fim, Onde Vivem os Monstros e Ponte para Terabítia, mas com um tom mais sutil e intimista.

    A escolha de tratar a nuvem como metáfora do medo ou da depressão (uma sombra crescente) é belíssima. O Dragão Milenar que obscurece o céu é a tristeza. O Dragão Aquático é o consolo, a esperança. E as nuvens? São o resultado da luta das meninas, agora eternizada no céu, como se o mundo se lembrasse delas através de desenhos celestes.

    A construção metalinguística — uma história dentro da história — é executada com leveza e brincadeira sem perder profundidade. A alternância entre os papéis narrativos das irmãs (às vezes heroínas, às vezes apenas meninas) mostra um domínio lúdico e emocional raro.

    🛠 TÉCNICA: EXCEPCIONAL

    O texto é longo, mas sustenta o fôlego do leitor do início ao fim, com ritmo e estrutura impecáveis. O uso de diálogos é natural, deliciosamente realista, especialmente na voz da pequena Naná, que tem um timing cômico encantador.

    Destaques técnicos:

    • Construção dos personagens: as irmãs são complexas mesmo em sua simplicidade — Tatá é madura, mas ainda criança; Naná é inocente, mas cheia de coragem. Ambas são tridimensionais, críveis e cativantes.
    • Domínio da linguagem oral: os cortes e interrupções naturais no fluxo da história simulam perfeitamente uma conversa entre irmãs. O efeito é altamente envolvente.
    • Progressão emocional: o texto se move gradualmente do humor para a vulnerabilidade, sem solavancos. A emoção é construída em camadas.
    • Imagens poéticas: “as gotas que expulsam sombras”, “o bailar do Grande Oceano do tempo”, “o sorriso molhado” — há lirismo sem pieguice.

    Único ponto de atenção técnico:
    A extensão do texto pode intimidar em um ambiente competitivo ou editorial mais formal. Ainda assim, a estrutura é bem costurada e o ritmo quase nunca cai — o que atesta a habilidade do(a) autor(a).

    🧾 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    “Nuvens (Gotas)” é um conto brilhante. Consegue ser doce, engraçado, simbólico e profundamente tocante, tudo ao mesmo tempo. É o tipo de texto que se lê sorrindo e termina em silêncio. Uma homenagem à infância, à imaginação como forma de cura, e ao poder de amar com firmeza quem amamos com doçura.

    A cena final — com as gotas que caem do céu e dos olhos — encerra o texto com perfeição simbólica e sensorial. Não há excesso, não há pressa. Só verdade.

  21. Antonio Stegues Batista
    8 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Sinopse: Duas irmãs conversam sobre origem e destino das nuvens. A mais velha conta uma história de Fantasia sobre dragões. O conto tem uma mensagem sobre a importância da amizade e confiança entre irmãos, o papel do mais velho em proteger o mais novo. O enredo está inserido no tema Infanto/Juvenil. Bem escrito, bem estruturado com duas narrativas e interação dos dois personagens. Naná indaga à irmã, o significado de alguns termos, mas não as palavras difíceis( para uma menina de 7 anos entender), e se perguntasse ficaria chato, faz de conta que entendeu e afinal, isso nem importância tem, e o conto termina com tudo em paz e um belo pôr-do-sol. Parabéns e boa sorte.

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Publicado às 3 de maio de 2025 por em Liga 2025 - 2B, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .