EntreContos

Detox Literário.

Cartas Para Laura (Amanda Gomez)

A luz suave da manhã derrama-se pelas frestas da janela, delineando um caminho de luz pelo corredor de madeira clara. No quarto, a menina está sentada na beirada da cama, imóvel, as mãos apoiadas no colchão, o olhar fixo no vazio. O edredom florido escorrega em dobras soltas, os brinquedos impecavelmente alinhados na prateleira.

A porta abre e o pai surge. A camisa de mangas arregaçadas denuncia vestígios de uma noite intensa; o colarinho ainda guarda vincos do travesseiro. Sem uma palavra, ele estende a mão. Ela hesita, sorri e encaixa os dedos nos dele. Cada passo pelo corredor ecoa num sussurro ritmado, acompanhando o leve ranger das tábuas.

Ao alcançarem a soleira da porta, o ar quente do pátio invade o espaço. Lá fora, a mãe está encostada no carro preto, a perna cruzada sobre a outra e o braço erguido, segurando um cigarro que libera pequenos anéis de fumaça. Ela ergue o rosto no mesmo instante em que pai e filha emergem, e seu olhar gélido repousa sobre os dois.

Assim que dá o primeiro passo para fora, a menina solta um longo suspiro trêmulo, os ombros cedendo à ansiedade. Por um instante, fixa o olhar confuso nas mãos entrelaçadas ao homem; num movimento brusco, desfaz o toque e sai correndo pelo gramado até alcançar a porta do carro. Quando a filha entra, a mãe deixa o cigarro cair, pisa com firmeza na ponta ainda avermelhada e sobe no carro. O veículo dispara pela rua silenciosa. 

A garagem se abre com um clique seco. A menina desce do carro, ainda tensa pelas perguntas incessantes da mãe durante todo o trajeto.

— Me dá a mochila.

A mãe começa a vasculhar cada bolso: abre o zíper lateral, revira o estojo, folheia os cadernos com precisão cirúrgica. Nenhum objeto escapa ao seu olhar atento.

— Já pedi para você não levar e trazer nada.
— É quando vou fazer meu dever de casa?
— É só estudar.

A menina bufa, cruzando os braços.

— Posso ir para o meu quarto?
— Vai, e deixe essas roupas na lavanderia.

Ela sobe as escadas num passo arrastado. Chega ao quarto, deposita a mochila no chão e senta na beirada da cama. Com cuidado, desamarra o tênis e escorrega o pé para fora. Algo balança dentro do sapato. O coração acelera. Ela retira o papel dobrado com os dedos trêmulos. Lê em silêncio, cada palavra reverberando como um sussurro proibido.

Ela então se inclina, arrasta a caixinha de metal debaixo da cama e deposita o papel junto com vários outros na pequena caixa. Fecha a tampa, empurra-a de volta ao esconderijo e se levanta, preparando-se para encarar o dia.

***

Querida, Laura.

Acho que você não recebeu minha última carta, né?

Mamãe pintou o cabelo? Lá de longe não dava para ter certeza, mas ela ficou linda — quero dizer, ainda mais linda. Será que, da próxima vez, você pode trazer uma foto?

Eu adorei os brinquedos, mas… gostaria de algo mais pessoal.

O dever de casa hoje estava facinho; você vai tirar dez! Papai acabou de me chamar: disse que hoje será um dia especial. Se tudo der certo, vamos comer pizza e assistir a um filme. Tomara que dê!

Espero de coração que esta carta chegue até você.

Com amor,
Laura B. 

***

Oi, Laura

Você quase me colocou em apuros, mas a ideia de esconder na meia foi genial. Sim, ela pintou o cabelo, deve ter relação com o namorado novo (estou revirando os olhos).

Obrigada pela ajuda com o dever; precisei deixar um ou outro exercício “errado” para não levantar suspeitas. Meu cérebro não é tão afiado quanto o seu (isso não é irônico?).

Vou tentar enviar a foto, mas não posso prometer. Estou super ansiosa para ir à aula hoje: chegou um garoto novo na turma e ele é uma gracinha. Te conto tudo depois!

Beijos, Laura.

***

Acho que esta já é a décima carta que escrevo. Devo supor que ela descobriu nosso esconderijo secreto, né? Estou ansiosa para saber sobre o garoto novo: será que ele fez seu coração disparar como nos livros? Será que vocês… se beijaram? Pode me descrever a sensação?

Papai está tão estranho esses dias, quase não estamos ficando juntos… A verdade é que me sinto meio solitária. Mas não quero te preocupar.

Espero que seus dias estejam bons.

Ps: Não esqueça da foto.

Com amor, Laura B.

***

Oi, Querida Laura! 

Tem sido dias muito bons por aqui; andei com tanta coisa para fazer que não consegui escrever nada, me desculpe.

Nããão! rs Ainda não nos beijamos, mas ele gosta de mim. O nome dele é Higor. Fomos ao cinema e tudo mais: desculpa ter ficado com esse sábado, mas era uma ocasião especial. Você entende, né? Ainda tem o domingo; espero que se divirta aí.

No próximo final de semana é o nosso aniversário, hein? Quem diria, quinze anos! Então provavelmente vou ficar por aqui, mas não se preocupe: vou te contar tudo! Higor vem depois da aula em casa e vamos estudar juntos. Ele é bem inteligente — não como você — mas tem me ajudado nas tarefas, e eu não preciso ficar gastando seu tempo com essas coisas.

Divirta-se muito aí!

P.S.: Estou enviando a foto.

Beijos, Laura.

***

Oi, Laurinhaaaa…

Como prometido, deixa eu te contar como foi tudo.

Não sou mais BV! Higor e eu nos beijamos e foi tão bom!! Senti aquelas borboletas no estômago e outras coisas mais, se é que você me entende… bem, não entende, né?

Ganhei muitos presentes. Como também é seu aniversário, estou te mandando um… Esse cordão foi presente da mamãe; acho que seria bem significativo você ficar com ele. Quando abrir, pode ver uma foto nossas juntas — é só fingir que foi você que tirou com ela. Espero que goste.

Como estão as coisas por aí? Bom… as férias estão chegando, você sabe, né? Mamãe planejou uma viagem longa desta vez. Disse que será um destino-surpresa. Não sei ao certo quantos dias serão. Vou sentir muita falta de conversar com você, então acho que vou escrever um diário contando cada coisa que aconteceu, todos os melhores momentos, e posso colar várias fotos também. Não sei como farei para ele chegar até você, mas prometo que vai chegar.

Mamãe finalmente me deixou pintar o cabelo, (não vou te falar a cor) então não estranhe quando ver, ok? Vai ficar ótimo! Quem sabe, aos dezoito (chegue logo, por favooor), ela me deixa fazer uma tatuagem (risos).

Bom, durma bem… vou sentir saudades.

Beijos, Laura

***

Oi, Laura

Eu não gosto de vermelho; acho que já te contei isso, né? É como o sangue — aquele que preciso tirar todo dia e que escorrega pelas minhas veias para dentro de infinitos tubinhos. Você tem sorte de não saber o que é isso. Da próxima vez que quiser mudar o visual, me pergunte antes.

Recebi o diário: você mais tirou fotos do que escreveu. Higor é bem bonito mesmo, e vocês parecem íntimos. Olha…preciso que você me prometa que não vai passar de beijos; é muito esquisito pra mim imaginar algo além disso.

Está tudo tão rápido… lembre-se de que, pra mim, não passou nenhum dia.

Papai está animado com o resultado de uma pesquisa. Ele não quis me dar muitos detalhes, mas pelo que entendi vou poder ter mais tempo. Isso não é maravilhoso? Acho que ele deve conversar com mamãe sobre isso. Quando eu souber de mais, te conto.

Eu amei o cordão, sem parecer piegas, mas fiquei muito emocionada; foi o melhor presente de todos e quase compensou imaginar que fiquei de fora tantos dias. Não se assuste com os olhos vermelhos: ando muito emotiva. Mas agora tenho esperança de que algo pode mudar.

Com amor, Laura B

***

Laura,

Pensei muito antes de escrever esta carta; deve ter percebido a minha ausência. Suas palavras me deixaram irritada, mas também me fez refletir. Agora estou mais madura para entender todo o arranjo que é nossa família.

Desde o começo, amei ter uma irmã, mesmo com essa estranha distância que nos separa. Eu não te contei, mas agora faço acompanhamento psicológico e, com isso, comecei a entender melhor nossa relação — e o perigo dela. A Dra. Paola me falou que preciso colocar você no seu lugar. Falando assim parece ríspido, né? Não consegui pensar em algo mais ameno… e você não está merecendo também. Ela disse que não posso mais te chamar de irmã… porque você não é.

Não preciso te pedir licença para nada; sou LIVRE para fazer o que quiser. Sei que não temos culpa do que o monstro do papai fez no passado. Paola disse que só agora vou começar a ter noção da monstruosidade que foi feita comigo. Isso é mais impactante do que qualquer exame de sangue bobo que você faça. Ela mandou eu me afastar… mas não consigo. Você não é minha irmã, mas… é uma parte de mim que ainda não consigo deixar para trás, mesmo que isso vá acontecer em algum momento… está tudo no contrato.

Enfim, só quero dizer que apesar de tudo gosto de você. Podemos continuar amigas. Mas nunca mais pense que tem qualquer direito sobre a minha vida.

P.S. 1: O que quis dizer com “mais tempo”?

P.S. 2: Coma os chocolates, como sinal de paz. Higor me deu. Estamos namorando oficialmente; ele amou MEU cabelo.

Beijos, A Laura.

***

Querida Laura,

Tenho uma pergunta: Higor sabe que você é uma aberração? É assim que chamam pessoas como você por aí, não é? Papai, um monstro? Ela te vendeu para ele… todo o luxo que ela tem é graças a isso. Ele é um gênio e está transformando o mundo, e eu faço parte disso. Talvez eu tenha sido muito direta na última carta, mas foi porque estava triste; você nunca pergunta como me sinto. Mas você se mostrou uma pessoa muito cruel. Confesso que fiquei assustada. Agora te conheço melhor.

E tem razão: não somos irmãs.

Logo saberá sobre o tempo.

P.S.: Espero que goste do meu novo corte de cabelo.

Com amor, Laura B.

***

Laura B eu te odeio!!

Eu não precisava escrever nada, mas senti a necessidade de me despedir. Sim, isso é uma despedida. Nunca mais vou colocar os pés ai. Mamãe garantiu isso. Acabou, você acabou porque no fim nunca existiu, entendo isso agora. Esse bilhete será entregue diretamente por ela. Não queria um encontro? Agora terá. Queimei todas as nossas cartas e qualquer coisa que me faça lembrar que uma vez você existiu. Minha vida é ótima e eu não preciso de você. 

Adeus, externa.

Única Laura.

***

Oi, Laura.

Finalmente conheci a mamãe. Ela é tão bonita!! foi animador ver como somos parecidas. Quando a vi aqui dentro, quase não acreditei: ouvi a voz de uma mulher gritando e corri para ver o que era. Até hoje, só tive contato com uma outra mulher, a Helena — não sei se você a conhece. Ela é filha do Jame Eagan e veio com ele um dia conhecer toda a estrutura da casa. Todos ficaram impressionados com o que papai criou: um refúgio sem necessidade de elevadores e corredores brancos. Falaram que será um grande avanço pela causa. Estão todos muito animados com o que está por vir.

Helena me disse que sou especial e única e devo ser protegida. Isso me acalmou; senti que sou necessária. E, o mais incrível, ela contou que em breve será como eu… e como você. Ela irá se dividir e não tem medo disso.

Mas não foi por isso que escrevi essa carta. Foi para contar sobre meu encontro com ela. Quando apareci na sala, ela ficou tão assustada, mas não me contive e a abracei. Senti tanta inveja de você por tê-la integralmente. No começo, ela hesitou; movida pela curiosidade, olhou firme nos meus olhos — aqueles iguais aos meus. Lágrimas caíram; havia tanta coisa ali, não dita. Mas então tudo desmoronou.

Ela me odeia e, assim como você, quer que eu desapareça. Me disse que não era minha mãe, que eu era uma estranha… uma aberração. Eu gritei que não! Eu era a filha dela, nós éramos irmãs, eu não era um monstro incapaz de ser amado. Foi horrível, Laura. Acho que você venceu. Talvez, a partir de hoje, eu durma por muito tempo… ou para sempre. Será que vai ser como a morte? Estou com medo, Laura. Eu só queria… ser.

Papai disse que iria rever isso, que não tinha acabado. Que eu teria meu tempo. 

Estou muito confusa agora, nunca senti tanta coisa ao mesmo tempo. Acho que também odeio você. E ela… e todo mundo. Acho que eu quero machucar você.

Talvez eu faça.

Laura B

***

Laurinha, 

Você tinha razão, você é especial. Demorei muito pra aceitar isso, pra perceber você aqui. Achei que estava ficando louca. Mamãe foi muito ingênua em imaginar que eles simplesmente nos deixariam ir. Quem poderia imaginar que você seria capaz de cruzar a porta?

Você é boa em machucar. O que fez com Higor… as experiências que roubou de mim. O que fez de mim enquanto eu dormia. Entendo agora que não posso lutar contra você. Contra nosso pai e todo o poder que ele representa.  Enquanto escrevo essa carta, lágrimas conflitantes se derramam… tem uma parte de mim feliz por você. Lembrei de nossas primeiras cartas. Lembra quando nosso sonho era que você pudesse sair daí? Éramos apenas crianças… e nos amávamos. Não recordo quando isso começou a mudar. Talvez… tenha sido eu… eu queria ser… completa. Você queria mamãe, eu queria papai…nenhum dos dois nos queriam completamente. Já pensou nisso? Em como somos criação de duas pessoas egoístas e cruéis que nos usaram para alcançar seus objetivos?

Minha mente está tão confusa, penso em coisas que nunca pensei. A quem pertence a alma que habita esse corpo? o que aconteceria se…

Se tudo der certo, essa será minha última carta.

***

Querida, Laura. 

Hoje é nosso aniversário, dezoito anos!  Aconteceram tantas coisas nesses últimos tempos.

Bom, você pode imaginar que seu plano não deu certo. Você sobreviveu, nós sobrevivemos. Papai me deixou no comando desde então. Acho que você precisava desse tempo.

Estou me arriscando, nos arriscando. Mas assim como você me deu o melhor presente uma vez, queria te dar também. Lembro bem como você almejava por essa data. Eu não entendia antes. Com dezoito você finalmente seria livre para decidir sobre nós… sobre mim (Li o contrato). Hoje entendo que aquele papel não passava de uma formalidade que deu à mamãe uma ilusão de poder: ela te “vendeu”, mas prometeu que, ao atingir a maioridade, você poderia viver sua própria vida. 

No verso está anotado um endereço de onde está sua mãe. Ela não tem muito tempo e implorou para se despedir. Darei isso a vocês duas. Não queria que fosse uma data triste.

Não tente nada, estarão vigiando. Eles sempre estão. 

Com Amor, Laura B

***

Querida, Laura.

Só agora consigo responder à sua última carta. Parece que foi ontem que me despedi da mamãe; talvez um dia eu possa te contar como foi difícil e triste vê-la partir tão cheia de arrependimentos. Mas já se passou muito tempo desde então.

Quando acordei, tempos atrás, neste mesmo quarto de paredes brancas e corredores infinitos igualmente brancos —, fiquei tão assustada que só queria voltar para o vazio, para a inexistência. Os dias passaram e nada mudou. Todo dia, uma porta diferente: já passei por tantas na esperança de te encontrar, mas não tenho como saber se você estava lá ou não. 

Queria te falar tanta coisa; este lugar é tão estranho, as pessoas parecem não ter alma. Às vezes, penso em ouvir o som de animais vindo de algum lugar. Será que estou ficando louca? Acho que conheci o homem de quem você falou certa vez — reconheci-o pelos bigodes e pelo fato desconcertante de que ele começou a dançar do nada, oferecendo-me uma melancia. Ele fala tão esquisito… foi…engraçado. Só agora percebo tantos detalhes das suas cartas que deixei passar, tantas perguntas que eu poderia ter feito. Agora que sei que este seria nosso destino, independentemente de qualquer coisa, lamento o tempo que perdemos com medo uma da outra.

Nunca mais vi nosso pai. Ele nos deixou aqui, junto com fragmentos de nossa existência. Sim, Laura: existem várias de nós… em cada porta, uma; em cada uma, um sofrimento. E cada vez que saio de uma delas, uma parte de mim se vai para sempre. Não quero que você seja a próxima. Apego-me à ideia de que, por você ser a parte mais forte de mim, será difícil que eles nos separem.

Preciso que me prometa uma coisa: se, por acaso, um dia for você atrás da porta, faça isso parar; faça essa dor passar. Você promete?

Com amor, sua irmã.

***

Laura segue pelo corredor imaculado, passos ritmados sob a luz fria das lâmpadas. Atrás dela, a mulher de branco caminha em silêncio, mantendo-se a poucos metros, vigilante.

Quando Laura dobra à esquerda, cruza com outra mulher asiática de cabelos escuros presos num coque baixo, olhos levemente amendoados. Ela passa sem falar nada, igualmente acompanhada, ambas se viram quase ao mesmo tempo, trocando olhares de curiosidade contida e prosseguem, sem interromper o fluxo silencioso do corredor.

Ao alcançar a última porta, Laura respira fundo, gira o puxador e entra. O mundo gira; ela abre os olhos e observa um ambiente tão esterilizado quanto o restante: paredes brancas, piso impecável. No centro, há uma escrivaninha simples com papéis e canetas. Ela se aproxima da mesa e fixa o olhar naquele convite silencioso.

Uma voz familiar ecoa pela sala:

— Rasgue a carta, Laura.

Ela senta-se na cadeira, olhos percorrendo atentamente a escrita. Algumas manchas salgadas começam a se derramar no papel. Fecha os olhos e respira fundo. Pega uma caneta, escreve algumas poucas palavras e, num movimento rápido e preciso, finca-a no próprio pescoço, maculando de sangue o ambiente estéril.

Prometo.

Com amor,
Laura B.

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23 comentários em “Cartas Para Laura (Amanda Gomez)

  1. Givago
    14 de junho de 2025
    Avatar de Givago

    Cartas Para Laura – NOTA:

    Da série “fazendo a boa”, vou tentar comentar o máximo de contos da Série A possível, apresentando minhas impressões pessoais sobre o seu conto.

    Cartas para Laura é o último conto desse desafio que li e comentei. Tentarei ser mais sucinto porque, de maneira bastante franca, esse conto não é muito meu estilo. Pelo que li e foi discutido no grupo, é um conto fanfic baseado em Ruptura. O que consegui compreender é que a historia trata de duas gêmeas (uma das inúmeras clones versão original) e o diálogo entre elas por meio de cartas. O grande plot é essa disputa pela originalidade, enquanto, por trás dos panos , uma corporação meio distópica vai promovendo experimentos antiéticos.

    Esses contos meio puzzle, meio duvidem de tudo que está lendo, meio gêmeos que tomam o lugar um do outro dependem muito de atiçar a curiosidade do leitor. Quando ele não cumpre isso, bom, fica difícil de apreciar.

    Não percebi erros gramaticais, o que é sempre bom e bem-vindo.

    No mais, vou deixar aqui a impressão do Machado, meu bot que contribuiu na leitura:

    Considerações finais

    Este conto aprofunda e expande as ideias centrais de A Ruptura com bastante sensibilidade e inventividade. Ao explorar a cisão identitária entre duas “Lauras”, o texto discute:

    • A dor de ser fragmento;
    • O desejo de pertencer e integrar-se;
    • O preço da liberdade num mundo que transforma corpos e mentes em propriedade;
    • O amor e a raiva entre versões de si mesma;
    • E a pergunta central da série: quem sou eu, se parte de mim não sabe que sou eu?

    Trata-se de uma obra que faz jus à complexidade temática de sua inspiração — e, ao se apropriar livremente do universo de Severance, entrega uma narrativa com voz própria, poética, sombria e provocadora.

    No mais, é isso.

  2. André Lima
    14 de junho de 2025
    Avatar de André Lima

    Bom, importante destacar que não entendi bulhufas numa primeira leitura kkk. Tive que pesquisar bastante e até ver alguns vídeos sobre a série Ruptura para não cometer uma injustiça.

    A premissa da fanfic em emular a divisão entre “innie” e “outie” através de uma correspondência epistolar é, à primeira vista, engenhosa. Mas, pelo que entendi da obra original, o foco está na alienação do trabalho, na perda de memória e na busca por autoconhecimento dentro de um sistema corporativo opressor. O conto desloca esse horror para um drama familiar de cunho quase melodramático.

    O formato epistolar é uma escolha que, ao mesmo tempo que permite a comunicação proibida, também limita severamente a profundidade da imersão na experiência da “Laura B” isolada. O leitor é privado da vivência direta dos “corredores infinitos igualmente brancos” e da rotina estéril, restando apenas o relato filtrado e frequentemente resumido das cartas. A transformação das personas “innie” e “outie” em “irmãs” é uma decisão que, embora tocante, dilui a essência da fragmentação de uma única consciência. A luta interna é convertida em um conflito externo e interpessoal.

    O arco emocional das duas “Lauras” é abrupto e por vezes inverossímil na sua oscilação entre afeto, ressentimento e ódio. Embora a situação seja extrema, a transição de “gosto de você” para “Laura B eu te odeio!!” e, por fim, “Acho que também odeio você” antes de um retorno a “sua irmã” e o ato final de amor, carece de uma progressão mais orgânica e psicologicamente crível. A personagem externa oscila entre a inocência adolescente e uma crueldade quase unidimensional, o que tornou difícil una conexão plena com suas motivações para atos tão extremos quanto “queimei todas as nossas cartas” ou a rejeição fria. A profundidade da dor de “Laura B” é comunicada, mas a sua reação final, em vez de uma compreensão complexa da sua condição, parece culminar numa forma de revolta vingativa.

    Mas o final consegue ser visceral e impactante, capturando a essência da tragédia da ruptura. A transição de perspectiva, seguindo Laura (a externa), lendo a última carta de Laura é ótima.

    Em resumo, embora a escrita seja fluida e a ideia inicial forte, a execução peca na profundidade psicológica consistente e na coerência do arco emocional das personagens, mas o bom final dá novo respiro à trama.

    Bom trabalho!

  3. Bia Machado
    14 de junho de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Olá, autor ou autora, tudo bem? Fechei as leituras com chave de ouro. Conto muito, muito bom. Disseram ser fanfic de Ruptura e eu não assisti a essa série ainda, mas agora vou assistir, vou passar na frente de várias séries, assistir nas férias. Não ter visto Ruptura em nada fez com que eu mudasse minha sensação com a leitura. Fosse um livro de 200 páginas ou mais, teria gostado de ler do mesmo jeito. Parabéns!

  4. Felipe Lomar
    14 de junho de 2025
    Avatar de Felipe Lomar

    olá

    o texto é original, mas não me cativou muito. Talvez por eu desconhecer a obra original no qual se baseia essa fanfic. Achei que a ideia de uma pessoa partida em duas poderia ser melhor explorada, principalmente em relação ao final. Aprece que flat algo

    boa sorte

  5. Alexandre Costa Moraes
    13 de junho de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Entrecontista,

    Seu conto é uma aula de técnica: sofisticado, emocional, maduro. A protagonista Laura vive em duas realidades, com o pai e com a mãe, e as cartas conectam essas versões com sensibilidade. É uma construção inteligente, que traduz bem a dualidade emocional da personagem.

    Confesso que na primeira leitura fiquei bem perdido. Comentando no grupo descobri que era fanfic da série Ruptura, e só aí fui atrás do conceito. Depois de entender o pano de fundo, o texto se abriu para mim e foi lindo. Mas achei esse grau de dependência do universo original arriscado. Faltou um guia mínimo para quem chega sem contexto. Se você tivesse inserido alguma pista sutil (ou até mais instrutiva), o conto se sustentaria sozinho.

    No geral, adorei a proposta, o cuidado dos diálogos e a força da ideia. Tecnicamente, merece nota alta (certamente está entre os melhores do desafio nesse quesito). Mas a leitura exige bagagem prévia, e isso pesa. Portanto, com todo meu respeito e admiração pela maneira que você escreveu, descontei uns décimos por isso (senão seria 5).

    Parabéns e boa sorte no desafio!

  6. Rodrigo Ortiz Vinholo
    13 de junho de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Emocionante! No começo não me liguei que se tratava de uma fic de Ruptura, então as referências foram boas para eu entender. Gostei bastante dos cuidados textuais para a voz de cada Laura, dos saltos temporais sem indicação que levam a uma leitura mais cuidadosa, e ao próprio conceito da história, que funcionaria bem mesmo sem a obra original. Parabéns!

  7. Pedro Paulo
    12 de junho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Achei fascinante como o conto pega as pontas de vários desdobramentos recentes de “Ruptura”, mas contornando um dos principais obstáculos a separar o protagonista da série: a inviabilidade de diálogo. Aqui, isto é removido logo de início e as Lauras se comunicam entre si, influenciando uma a outra, até se invertendo. Além disso, aspectos da tortura de Gemma são tragados para dentro da história das Lauras, tecendo um diálogo maior com a obra original. Impactante e muito bem escrito em sua estrutura majoritariamente epistolar.

    Milchick não poderia ter sido descrito de melhor forma.

  8. Fabiano Dexter
    11 de junho de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História
    Aqui temos uma história bem intrigante e, só não chamo de original pois se trata de Fanfic. Temos duas Lauras conversando, uma com a outra, através de cartas escritas escondidas. Uma primeira impressão nos dá uma ideia de que ela tem os pais divorciados e uma irmã, que vive com o pai. Depois passamos a entender que se trata da mesma pessoa, mas com uma personalidade em cada ambiente.
    Tema
    Em um primeiro momento eu me perdi aqui. Com ajuda do grupo do Whatsapp e do Google li mais sobre a série antes da segunda leitura e o conto fez bem mais sentido, cabendo bem no tema da Fanfic.
    Construção
    Escrita fluida em forma de cartas, mas em alguns momentos a carta era escrita como se a Laura estivesse falando. Dá o tom correto para a narrativa, mas cartas nem sempre são escritas assim (pelo menos não as que eu escrevia antigamente, mesmo para amigos).
    Impacto
    Gostei bastante do conto, achei diferente e desafiador, tanto na escrita como na leitura. O tema aberto acaba dando muitas interpretações e acabei me perdendo um pouco na primeira leitura.
    O final acabou sendo um pouco brusco, me deixando um pouco confuso, mas não impactou a experiência da leitura.

  9. Priscila Pereira
    10 de junho de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Ola, Autora! Tudo bem?

    O que gostei: Escrita segura, ágil, com estilo próprio. Enredo interessante e profundidade psicológica nos personagens.

    O que não gostei: não conheço a série então não entendi completamente, o que é muito ruim, pq eu queria muito entender tudo.

    Boa sorte!

  10. Mauro Dillmann
    6 de junho de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Na primeira frase, usar próclise, e não, ênclise: “A luz suave da manhã derrama-se [se derrama] pelas frestas”.

    O primeiro parágrafo é cheio de adjetivos. Eles fecham o texto, deixam pouco espaço ao leitor e tornam a leitura mais vagarosa. Tente excluir a maioria dos adjetivos e veja como o conto fica mais limpo.

    Duas irmãs? Gêmeas? Ou alguém trocando cartas com si mesmo? Confesso que não entendi muito bem. A confusão parece proposital, mas deve existir um escape para o leitor. Se a proposta foi construir duplo sentido (ou triplo), as possibilidades devem estar no texto.

    Como não é infanto-juvenil, fiquei sem saber: fanfic de quê?

  11. Kelly Hatanaka
    2 de junho de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Uma fanfic que eu jamais conseguiria identificar sem os comentários do grupo. Ruptura, certo? O que também não muda nada porque eu não assisto a série. Mas não se preocupe, realmente, não muda nada mesmo, porque eu estou avaliando os contos pelo seu conteúdo  e também porque não dou nota nesta série.

    Um conto interessante. Mesmo não conhecendo a série, dá para entender o que acontece. Uma menina manda cartas para si mesma. Pensei que ela sofresse de transtorno dissociativo de identidade. Mas, é revelado que a situação foi causada pelo pai, talvez algum experimento. Ou seja, o desconhecimento da série não prejudicou o entendimento do texto.

    Gostei, achei bem dramático, triste e bem desenvolvido.

  12. Fabio Baptista
    28 de maio de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    A consciência de Laura é fragmentada pelo processo de Ruptura, de modo que duas identidades passam a habitar o mesmo corpo, uma ficando com o pai e outra com a mãe. As “duas” se comunicam através de cartas e conforme avança o tempo percebemos conflitos entre a interna e a externa, bem como a personalidade maligna do pai e da mãe. Laura passa por um processo ainda maior de fragmentação e para se livrar do tormento recorre ao suicídio.

    Infelizmente tenho quase certeza que esse será um dos contos mais injustiçados da história do EC. Pelo menos para alguém que assistiu à série que o conto faz spin-off, esse conto é sensacional. Eu sei, eu sei que muito provavelmente sem conhecimento prévio da obra a experiência seria totalmente diferente. Mas é uma pena que tão poucas pessoas do grupo tenham acompanhado a série e conseguido aproveitar esse conto em sua plenitude… e a maioria nem sequer se deu ao trabalho de tentar entender. Enfim…

    As partes narradas fora das cartas podiam ser mais diretas, talvez até limadas… não estão ruins, mas são os pontos baixos do conto. Porque é na estrutura de cartas que a narrativa brilha. O momento em que as personalidades começam a ter conflito entre si é muito bem feito, causa tensão real, o tal “momento putz”. A coisa vai evoluindo e ficando cada vez pior e mais bizarra, até chegarmos ao ótimo final.

    Excelente.

  13. Thiago Amaral
    28 de maio de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Muito legal o conto.

    Esse é um exemplo de fanfica bem feita. Usa o universo original de Ruptura, mantendo a ideia da série, e imaginando outras situações. Não sabemos bem o papel do pai na trama toda e o que são os experimentos exatamente, mas conseguimos entender o essencial, além de apreciar o drama da(s?) personagem.

    Aliás, foi bem acertada a escolha de mostar uma adolescente como protagonista. Ficou ainda mais com um ar de fanfic, desses que encontramos na internet, mas com uma trama mais madura, sem amadorismos.

    Algumas referências da série estão presentes para agradar aos fãs, mas imagino que os que nunca assistiram se sentirão perdidos. Mas, por outro lado, provavelmente ficaria muito ruim explicar tudo, né. Não foi um conto para vencer, mas a autoria deve ficado satisfeita com o resultado, que foi bom.

    Parabéns pelo trabalho, e boa sorte no desafio.

  14. Jorge Santos
    20 de maio de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, Laura. Precisei de algumas leituras para me ligar ao seu texto, e só na ultima percebi a sua essência. Mesmo assim, posso estar a cometer um terrível erro na minha análise. O seu conto pareceu-me ser um fanfic do filme Split, no qual a personagem Laura dialoga por carta consigo própria, sendo duas versões com personalidades diferentes. Filha de pais separados, assume uma personalidade diferente consoante está com o pai ou com a mãe, fruto do trauma causado por essa mesma separação. Daí haver a Laura e a Laura B. No entanto, a trama perde coerência no final, quando nos apercebemos que, afinal, ela está internada num hospital? Foi isto que percebi, depois de muitas leituras. Costumo não fazer mais do que três leituras. Tem de haver um equilíbrio entre a clareza do texto e a complexidade que o autor pretende. Não tenho nada contra uma narrativa não linear ou complexa, mas têm de haver formas do leitor se situar, pequenas migalhas narrativas que creio terem faltado no seu texto – texto que, em termos de linguagem, me pareceu excelente.

    Outra teoria: o seu texto é um fanfic de Coraline, um filme de animação stop-motion que, caso ainda não tenha visto, aconselho vivamente. Nele, uma menina descobre um universo paralelo através de um túnel na sua casa. Neste universo paralelo, as pessoas vivem os seus alter-egos. Quem é bom fica mau, e por aí adiante. Lembrei-me deste filme durante a primeira leitura do seu conto, mas fiquei na dúvida.

  15. claudiaangst
    17 de maio de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Caro(a) autor(a), tudo bem?

    Não entendi muito bem o enredo do conto. Isso se deve ao fato de não ter assistido à série Ruptura. Também só percebi que se trata de uma fanfic porque os colegas entrecontistas conversaram a respeito. Portanto, considero o tema proposto pelo desafio abordado com sucesso.

    Fiquei em dúvida se havia uma Laura A e uma Laura B, mas no final, ficou implícito que eram várias Lauras. Parte de um projeto científico? Cobaias de um experimento nazista? Uma Laura em cada plano? O desfecho culminou com uma das Lauras enfiando uma caneta na jugular. Bem teatral, isso, hein?

    O tom da narrativa é bastante melancólico e até mesmo as cartas trocadas entre supostas meninas colegiais não aliviam o clima pesado. E acho que a ideia era essa: manter a morbidez do relacionamento.

    No geral, o conto está bem escrito e há poucas falhas de revisão. Não posso dizer que algo está incorreto dentro do texto epistolar, já que seriam erros cometidos pelas personagens. No entanto, cito alguns pontos que me pareceram deslizes:

    Querida, Laura. > Por que há essa vírgula separando querida e Laura? Foi falha ou recurso com algum significado que não alcancei? O correto seria Querida Laura,

    colocar os pés ai. > colocar os pés aí.

    gira o puxador e entra. O mundo gira; > poderia ter evitado a repetição do verbo girar

    Apesar do meu pouco entendimento da trama, considero o texto bem construído. Deve agradar a muitos leitores.

    Parabéns e boa sorte!

  16. paulo damin
    15 de maio de 2025
    Avatar de paulo damin

    Me parece que esse conto entraria melhor na rodada anterior. Agora não entendi se é fanfic. Se parece com várias coisas que não conheço, ou não lembro, mas aposto que existem. 

    Talvez eu tenha ficado com essa impressão pelo texto ter muitos lugares-comuns, tanto linguísticos quanto narrativos. A ideia de cartas pra si mesmo, esquizofrenia, solidão, amor e ódio vai render pra sempre no planeta. O arriscado é que já foi feita muita coisa sobre esse assunto. O duplo e a sombra são temas tão velhos quanto a queda do céu, deus e diabo.

    Mas tudo bem. Talvez tenha sido de propósito. O original é único. O duplo, o outro, é a reprodução de algo que já existe. Talvez tenha sido de propósito.

  17. cyro eduardo fernandes
    13 de maio de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Narrativa bem elaborada, com um encadeamento de ideias complexo. Não consegui capturar os elementos da fanfic,  mas sem dúvida é uma abordagem instigante.

  18. Antonio Stegues Batista
    13 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Resumo do conto: Garota, filha de pais divorciados, fica um tempo com o pai e outro tempo com a mãe. Nesses dois tempos, ela imagina que é duas pessoas diferentes e escreve cartas uma para a outra como se fossem pessoas diferentes.

    Achei o enredo muito bom, tem um toque de suspense psicológico. A estrutura, parte com as cartas e parte narrada por personagem anônimo, é um bom recurso que elucida o mote do conto. Não acho que se insere nos temas, tem uma criança, mas não é uma história infantil, ao contrário é sinistro porque a personagem se suicida e também não é fanfic; De qualquer forma, um bom conto. Parabéns e boa sorte.

  19. Rangel
    11 de maio de 2025
    Avatar de Rangel

    Olá, Laura B,

    Achei o seu conto extremamente intrigante. O começo me pareceu que viria uma história chata num escrita cheia de pretenções que dariam em nada minimamente interessante. Mas aí vieram as cartas e me envolvi com a história das duas garotas. Achei acertada a sua escolha em não utilizar o conto pra explicar exatamente o que é a realação entre as duas. Provavelmente na história original isso fique maus claro. Eu até queria saber, mas nesse conto, levaria a história pra outro lugar menos interessante. Há alguns poucos erros de revisão. “Nunca mais coloco os pés ai” no lugar de aí; “É quando vou fazer o dever de casa?”, em vez de E quando… Nada muito grave. O trecho final, assim como o inicial, é menos brilhante. A linguagem no presente não acrescenta muito e o suicídio não me trouxe muito impacto, como se só precisasse menos finalizar. Ainda assim, essa história, no geral, foi muito feliz. Gostei da protagonista, da ambientação e das correspondências. Parabéns!

  20. Leandro Vasconcelos
    9 de maio de 2025
    Avatar de Leandro Vasconcelos

    Olá! Desculpa a sinceridade logo de cara, mas este é um conto bem difícil de ser lido. Está muito bem escrito e tem uma tensão constante. Mas se não fosse a ajuda de algumas pessoas no grupo do Entre Contos, eu não teria entendido se tratar de uma fanfic da série “Ruptura”. Sem essa informação, o leitor é deixado à deriva.

    No início, pensei que eram irmãs separadas pelo divórcio dos pais. Depois, fiquei pensando que uma delas fosse um robô ou uma consciência virtual. No fim, não entendi nada. Só depois de conhecer da informação é que fui pesquisar o contexto, e aí tudo fez (mais ou menos) sentido. A menina Laura deixava cartas em seus sapatos para entender o que se passava dentro da fábrica/empresa/experimento. A mãe vendeu-a a uma organização inescrupulosa, cujos segredos são guardados por meio de amnésia dos que adentram as suas instalações. E aí a correspondência é entre a Laura que entra e a que sai do experimento. A tensão se constrói a partir da possibilidade que ela seja descoberta nesse expediente. Sei lá, pareceu isso. Mas, mesmo com a informação, não entendi muito da estória.

    O grande trunfo do conto é justamente esse: brincar com o leitor, confundi-lo. Pessoalmente, não quero ser joguete na mão de ninguém! Hahaha… mas reconheço que é uma boa estratégia de impacto. Ousada e arriscada, é verdade. Então, creio que pode ter frustrado vários leitores, principalmente aqueles que não conheceram da obra original.

  21. Augusto Quenard
    8 de maio de 2025
    Avatar de Augusto Quenard

    Eu gostei do estilo do texto, da personagem, das mudanças de comportamentos que introduzem a questão das emoções, das relações com mãe a pai e dos assuntos que trata de modo geral. Acho que tudo funciona muito bem na literatura infantojuvenil.

    Mas, acho que eu não entendi. Seria legal rever onde se pode entregar mais um pouco de informação. Eu não consegui entender se á um clone, se é dupla personalidade ou se é algo virtual. Fiquei com as três hipóteses concomitantes durante a leitura, mas não consegui definir de que se trata. 

    De repente poderia se esclarecer mais isso. Acho que é sempre muito arriscado trabalhar com o enredo implícito. Quando funciona, é sensacional, mas o limite entre o que se pode e não dizer e o que se deve ou não dizer eu acho muito difícil.

    Mas o clima e as possibilidades de enredo (o que quer que seja, que eu não peguei) acho que mantém bem o suspense, de repente vale dar uma esclarecida pra tornar o texto uma leitura que exija menos da complementação de quem lê.

  22. toniluismc
    7 de maio de 2025
    Avatar de toniluismc

    AVALIAÇÃO CRÍTICA – CONTO “Cartas Para Laura”
    ✒️ Por um leitor que não rasgou a carta, mas leu até o fim, com cuidado.

    📈 PRIMEIRA IMPRESSÃO

    “Cartas Para Laura” é um conto de estrutura epistolar que combina sensibilidade psicológica com um crescente horror existencial, transitando com fluidez entre o drama infantojuvenil e a ficção especulativa psicológica. Ainda que não deixe evidente sua condição de fanfic da série Ruptura (Severance), é um dos textos mais densos e bem escritos da seleção até agora — e talvez justamente por isso, mereça uma revisão estrutural para organizar melhor as camadas narrativas.

    ✍️ TÉCNICA — Nota: 4.5

    Pontos fortes:

    • A narrativa epistolar é conduzida com habilidade, criando vozes distintas para Laura e Laura B ao longo do tempo. O amadurecimento das personagens é perceptível na mudança de tom, vocabulário e ritmo das cartas.
    • O texto explora bem o uso do espaço em branco entre as cartas como parte do suspense e da construção psicológica.
    • Há bons momentos de ambiguidade e sugestão (ex.: o mistério do contrato, a separação interna/externa, os encontros fora do tempo).

    Aspectos que pedem ajuste:

    • A falta de contextualização clara da fanfic com o universo de Ruptura compromete parte da experiência, especialmente para leitores que desconhecem a obra original. Um prólogo sutil ou uma nota introdutória resolveria isso facilmente.
    • A alternância entre o estilo epistolar e os trechos narrativos em terceira pessoa poderia ser mais equilibrada. Alguns trechos finais em prosa direta soam deslocados em relação ao padrão estabelecido.
    • Pequenos excessos explicativos em algumas cartas quebram a fluidez e repetem informações já compreendidas pelo leitor atento.

    🔎 Resumo técnico: Escrita envolvente, vozes bem construídas e domínio da forma epistolar. Falta apenas coesão estrutural e contextualização externa.

    🎨 CRIATIVIDADE — Nota: 4.7

    Destaques criativos:

    • A ideia de usar cartas entre duas versões da mesma mente é excelente, e a forma como a “amizade” degrada em ódio e medo é narrada com sutileza e complexidade.
    • Há diversas camadas: drama familiar, amadurecimento, ciúmes, violência, controle, identidade — tudo inserido organicamente.
    • Os personagens invisíveis (o pai cientista, a mãe ausente, a Dra. Paola, Helena) funcionam como forças orbitais opressoras, criando um ambiente quase distópico.

    Risco criativo:

    • A trama tem momentos de densidade emocional e filosófica que extrapolam o público infantojuvenil. Isso não é um defeito — mas exige melhor posicionamento editorial. O conto não é simples. Ele é sutil, brutal, angustiante.

    🔎 Resumo criativo: Altamente original e intimista. Toca em temas delicados com simbolismo e coragem narrativa.

    💥 IMPACTO — Nota: 4.8

    Pontos de maior impacto:

    • A construção emocional cumulativa é avassaladora. O leitor acompanha um laço fraternal que nasce do afeto e termina na autodestruição.
    • A última cena é forte, visual, simbólica. A escrita do “Prometo” seguido da ação brutal da caneta é um clímax trágico que fecha o arco com potência.
    • O conto também discute, implicitamente, temas de identidade, dissociação, abuso psicológico, maternidade negligente e a ética da ciência sobre o corpo. Tudo isso sem panfletarismo.

    Possível ponto de revisão:

    • Alguns leitores podem não compreender exatamente o que aconteceu — falta clareza sobre a “ruptura” (divisão mental? clones? sistema digital?). Isso é proposital, mas talvez uma pequena pista narrativa tornasse o final ainda mais eficaz.

    🔎 Resumo do impacto: Cruel, poético e necessário. Dá vontade de reler com atenção redobrada.

    ⚖️ CONSIDERAÇÕES FINAIS

    “Cartas Para Laura” é uma fanfic com força literária própria, que transcende sua origem e poderia ser facilmente publicada como conto independente. Com poucos ajustes, se tornaria um dos destaques em qualquer antologia. É um texto que respeita a inteligência emocional e cognitiva do leitor jovem, sem subestimá-lo.

    Resumo generoso em uma frase:

    Duas Lauras, uma carta e um destino dividido entre o amor que constrói e o trauma que esfarela — esta é uma história sobre o que nos faz ser quem somos, mesmo quando isso significa ser mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

    📌 Sugestão ao autor:
    Reforce discretamente o vínculo com o universo de Ruptura (ou torne o conceito autônomo com uma sinopse mais clara). Revise os trechos finais para manter coesão com o tom epistolar. Você tem uma história poderosa — agora só precisa apresentá-la com mais clareza e segurança.

  23. Luis Guilherme Banzi Florido
    7 de maio de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa tarde!

    Olha, sendo totalmente sincero… nao sei nem o que falar sobre o conto. Acho que voce jogou arriscado, fazendo fanfic de algo que nao é de conhecimento geral. Eu nem sabia do que se tratava quando terminei de ler, e tive que pesquisar pra saber que é uma fanfic de ruptura, serie que quero ver mais ainda nao vi. Entao foi uma experiencia bem dificil pra mim. Tipo, o conto tá muito bem escrito, tem uma otima tecnica… mas simplesmente nao consigo entender o que ta rolando, o que deixa uma sensação de frustração, sei la. Parece que tem algo incrivel aqui, mas que eu nao tenho acesso. E isso me deixou numa posição pessima como avaliador. Como eu dou nota pro seu conto? Baseado em que?

    Enfim, desabafo à parte, peço desculpas novamente. Voce nao tem culpa, mas eu tambem nao. Nao consigo ver a serie agora pra comentar seu conto. Gostaria, mas nao tenho tempo.

    Enfim, falando sobre o conto de forma isolada, é uma bom conto. A estrutura narrativa é muito boa, o uso das cartas funciona e aprofunda a personagem (pelo que li sobre a obra original, imagino que se trata de uma pessoa mandando cartas para si mesma; antes de pesquisar, achei que fossem clones). Alias, depois que pesquisei, só com infos basicas eu ja consegui conectar algumas pontas soltas da historia, o que me sugere que, tendo assistido a serie, a experiencia do seu conto seria muito melhor.

    Achei o final bom, mesmo sem ter certeza se entendi. Acho que a menina mandou uma carta para si mesma pedindo pra se suicidar, e foi o que ela fez.

    Um conto complexo e cheio de camadas, com profundidade narrativa e peso dramatico, com boas (boa?) personagens. MAs que infelizmente acabou nao fazendo muito sentido pra mim, que careço da base da obra original para entender o todo.

    De todo modo, um bom trabalho, parabens!

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Informação

Publicado às 3 de maio de 2025 por em Liga 2025 - 2A, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .