EntreContos

Detox Literário.

Biscoitos e Queijo (Priscila Pereira)

Lá estavam eles, a mil por hora na bicicleta vermelha chamejante. Carlos dando a vida em cada pedalada e Astolfo com o focinho no buraco da caixa de sapatos, bem amarrada no guidão, cheirava o ar da liberdade pela primeira vez na vida, e era verde!

A bicicleta rasgava a terra e fazia a poeira voar feito nuvem, enquanto o suor escorria pelo rosto de Carlos. Mas tudo bem, todo esforço valeria a pena. Estavam quase lá. Quase lá!

Astolfo olhava para tudo extasiado. Nunca tinha visto as árvores, ou o céu. As flores eram tão lindas, e o quentinho do sol era maravilhoso. Ele nasceu atrás das grades de uma gaiola. Era filho de ratos muito espertos, e herdou a esperteza dos pais. Sabia achar a saída de um labirinto como ninguém, e resolvia problemas muito difíceis para ganhar sua ração diária. Diziam que era excepcional.

Não sabia que estava preso até ser retirado da gaiola e colocado com todos os cuidados do mundo em uma caixa de sapatos e levado para fora do prédio. Um mundo completamente novo e inesperado. Antes, só conhecia o branco das paredes e o metálico da gaiola, agora seus olhos quase não conseguiam captar tantas cores e formas.

Carlos não sabia como, nem por quê, mas uma ideia havia se fixado em sua mente e não poderia descansar até que a colocasse em prática. Era muito difícil para ele ter uma ideia. Elas até boiavam em sua mente, mas nenhuma durava muito. Eram como bolhas em um lago tranquilo. Até apareciam, mas estouravam logo, sem deixar vestígio algum. Então quando a ideia de libertar Astolfo durou mais do que algumas horas, ele estranhou, e quando durou dias inteiros ele soube que precisava agir.

A primeira vez que Carlos viu Astolfo, ficou encantado. Nunca tinha visto um rato de rua, e muito menos um domesticado, “de laboratório” como diziam. Ele era branquinho, fofinho e com os olhinhos vermelhos tão espertos que pareciam saber a resposta para tudo. Ele tinha um rabo comprido e patinhas cor de rosa. Esfregava as mãozinhas uma na outra como se estivesse formulando um plano. Talvez planejasse uma fuga. E foi naquela hora que a bolha se formou no lago tranquilo da mente de Carlos.

Em todos os seus dez anos de vida, Carlos não tinha do que reclamar. Era completamente feliz, como só quem ignora todos os males do mundo pode ser. Às vezes a ignorância é uma benção. Era o caso dele. Vivia em seu mundo limitado. Suas faculdades mentais eram estreitas, feito castelo murado. Mas dentro dos muros tudo era encantado faz de conta. Quase não prestava atenção ao lado de fora. Não ligava que pudesse ver vastos campos, cidades inteiras, e até outros planetas orbitando de longe o seu mundo, sabia que existiam, mas que não poderia alcançá-los ou mesmo compreendê-los. Era um fato. Não tirava o seu sono. Sabia que era excepcional, e não ligava a mínima para isso.

Então quando ouviu a professora descrever Astolfo como excepcional, pensou que o rato fosse seu igual, o que fez com que se apegasse a ele com um vínculo especial. Mal sabia  que, mesmo que ambos fossem excepcionais, eram no estrito sentido da palavra, completos opostos. Cada um em uma ponta do espectro.

Embora Astolfo pudesse querer libertar Carlos dos muros que delimitavam seu intelecto, sabia que jamais conseguiria. Mas Carlos sabia que poderia libertar Astolfo dos muros de verdade que privavam seu corpinho peludo de rato da liberdade da natureza, onde obviamente deveriam viver todos os animais. Gaiolas e jaulas eram “opressoras” demais para Carlos. Mesmo que ele desconhecesse tanto a palavra, quanto seu significado. Ainda assim podia sentir que ninguém deveria viver em cativeiro.

Enquanto isso a bicicleta vermelha chamejante voava com um destino certo, comia a poeira da cidade e ia se afastando cada vez mais rápido, adentrando na zona rural, onde um pequeno bosque ainda se mantinha intacto, sobrevivendo aos avanços da cidade.

Carlos levava, além da caixa de sapatos, uma mochila com tudo o que poderiam precisar. Uma garrafa de água, um pacote de biscoitos, um pedaço de queijo, uma lanterna, uma corda, bolinhas de gude, um rolo de arame fino e uma revistinha em quadrinhos.

Avisou a mãe de que faria uma expedição, mas não disse onde, nem revelou o motivo. Ela não gostaria de saber que ele pretendia roubar Astolfo. Proibiria, com certeza. Ele mesmo não sabia como faria, mas decidiu confiar em seus instintos, naquela certeza de que conseguiria, mesmo sem ter nenhum plano.

E quem precisava de um plano? Era bom ser invisível, era sim! Entrou e saiu sem que ninguém perguntasse o que tinha dentro da caixa. Mas parece que sua invisibilidade falhava agora que estava quase chegando no bosque, porque três crianças não só perceberam a sua presença, como bloquearam o estreito caminho de terra.

“O que tem aí na caixa, bobalhão?”  O menino mais alto, com o cabelo despenteado e camiseta suja de barro, estava chegando perigosamente perto.

“Deixa o menino em paz, Luiz! Ele é da escola de retardados, e a gente não mexe com eles, não seria justo.” Disse  a menina, loura, com o rosto coberto de sardas, que parecia ser a líder do grupo.

O outro menino, que era roliço e maciço, tinha o rosto vermelho e parecia muito forte, foi o primeiro a liberar o caminho.

“Mas e se for alguma coisa de comer? Tô com fome!” Luiz respondeu.

“Ah, eu tenho biscoitos, você quer?” Carlos abriu a mochila, pegou o pacote de biscoitos e distribuiu entre eles.

“Até que você é legal, bobinho. O que tá fazendo por aqui?”

“Vou libertar o Astolfo.” disse, abrindo a caixa e revelando a bolinha de pelos que farejava o ar com o focinho cor de rosa.

“O que é isso aí? Um rato?” A menina chegou perto. “Posso colocar a mão?”

Astolfo passou de mão em mão, e tentou guardar na memória todos os cheiros, cores e sons novos. Nunca tinha interagido com tantas crianças. Ele as via de longe, mas nunca havia sido tocado por elas. Era bom receber um carinho.

Carlos gostou de dividir seus planos e o lanche com aquelas crianças desconhecidas. Era a primeira vez que alguém se interessava pelo que estivesse fazendo e era como se ele fosse importante. A sensação era muito boa!

 “E se a gente te ajudar a achar uma casinha pro rato?”

Foi assim que de um só libertador, Astolfo passou a ter quatro. Quatro pares de mãos alisando e dando tanto queijo quanto pudesse aguentar. Quatro colos quentinhos que revezavam para que ele não voltasse para a caixa de sapatos, tão fria agora.

As crianças chegaram em uma clareira no meio do bosque, onde passava um “corguinho” e o mato era alto e macio, havia muitas flores e algumas árvores bem grandes faziam uma sombra fresca e gostosa. Era perfeito! Astolfo nunca havia imaginado nada assim. Para ele, tudo o que havia eram os labirintos, a gaiola, as paredes e a ração. Não sabia o que estava perdendo. Mesmo assim era feliz. Agora, se tivesse que voltar, como poderia ser feliz? Então, naquela hora, decidiu que nunca voltaria!

Então assim que as crianças o colocaram sobre a relva fofa, disparou como uma pedra lançada por um estilingue e desapareceu no meio do mato. Carlos, com a boca aberta de espanto, esperou que ele voltasse, não entendendo o que havia acontecido.

“Ele foi embora! Tava ansioso pela liberdade!” Disse, Mel, a menina loura.

Carlos não imaginava que seria assim, sem uma despedida, sem nada. Eles eram amigos! Eram iguais, eram excepcionais juntos. Ele não iria embora assim? Iria?

“Ele é um rato, bobinho, não pensa, como a gente.”  As crianças tentavam consolar o menino no caminho todo de volta para casa, mas foi em vão.

 Carlos ficou tão chateado que não saiu da cama por dias. Não sabia o que tinha feito de errado. Se soubesse que Astolfo fugiria daquele jeito, nunca o teria tirado da caixa de sapatos. Queria que ele fosse livre, mas da opressão dos outros, não de sua amizade.

Mel, Luiz e Júlio passaram a visitar Carlos todos os dias, e tentavam animar o menino, mas viam que só Astolfo poderia fazer isso, então propuseram voltar ao bosque e só sair de lá com o rato nas mãos. Carlos gostou muito da ideia. Então foram os quatro, cada um em sua bicicleta, ansiosos para chegar no bosque e quem sabe achar o ratinho fujão. Levaram muito queijo, com certeza o atrairiam de volta pelo estômago!

Dessa vez a viagem foi diferente para Carlos, por um lado estava aflito, porque sua certeza de que tudo daria certo o havia abandonado, e sentia o peso de nunca mais ver o amigo peludo novamente, mas por outro lado, não estava mais sozinho. Seu castelo agora tinha uma princesa loura e dois cavaleiros fortes prontos para o livrar dos perigos do caminho e do tédio de dentro dos muros.

Quando chegaram na clareira, sentaram-se na beira do “corguinho” e começaram a picar o queijo com o canivete de Júlio. Chamaram Astolfo como se chama um cão, depois um gato, e depois só chamavam o nome dele mesmo.

Astolfo estava maravilhosamente bem vivendo sua liberdade, só tinha uma coisa faltando: aquelas mãozinhas quentinhas e os colinhos macios. E os pedaços de queijo, é claro. Descobriu que não havia queijo na natureza! Sonhava com aquele sabor, podia até sentir o cheiro… Espera aí! O cheirinho era real. As crianças estavam de volta!

 Correu o mais rápido que pode até chegar na fonte do cheiro, e de longe observou as crianças. Não queria voltar para a gaiola, mas o cheiro das crianças e do queijo era tão bom. E se pudesse ter os dois, a liberdade e o queijo? As crianças podiam fazer parte do pacote também, é claro, se trouxessem o queijo.

Chegou de fininho e sem que ninguém o visse, alcançou o primeiro pedacinho, depois comeu outro e mais outro e quando percebeu, quatro pares de olhos o encaravam.

“Xiu, não assustem ele…” Ordenou, Mel.

“Não vamos fazer nada, deixa ele comer o quanto quiser.” Disse, Júlio.

“Não vamos levar ele embora daqui, né, Carlos?” Perguntou, Luiz.

“Acho que não… aqui é a casa dele agora, mas a gente pode vir sempre visitar ele?”

“É claro! E pede pra sua mãe caprichar nos biscoitos, heim!”

Desde então a clareira do bosque virou o centro das brincadeiras das quatro crianças, e Astolfo era um ótimo anfitrião. Sempre aparecia, comia sua refeição, passeava de colo em colo, dava muitos beijinhos de esquimó, e se despedia das crianças quando estavam prontas para irem embora. Mas tinha um carinho especial por Carlos, aquele que o havia salvo das grades, aquele cujo intelecto era inferior aos das outras crianças, mas que era a alma do grupo, aquele que deixou Mel, Luiz e Júlio entrarem em seu castelo e dividiu seu mundo de faz de conta com eles.

Agora não era mais solitário, tudo por causa de Astolfo. E Astolfo não estava mais preso por causa de Carlos. Tudo porque uma bolha se formou no lago tranquilo da mente de Carlos e se recusou a estourar até que ele agisse. Com o tempo, Carlos aprendeu a identificar as ideias promissoras  e incentivar que mais bolhas surgissem e durassem até que ele pudesse agir. Nunca alcançou as outras crianças no intelecto, mas era muito superior em bondade genuína e em amizade desinteressada. E isso atraía mais do que biscoitos e queijo!

Sobre Fabio Baptista

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26 comentários em “Biscoitos e Queijo (Priscila Pereira)

  1. leandrobarreiros
    22 de junho de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Um conto gostoso e envolvente.

    É um conto com tantos méritos que fico meio perdido no comentário.

    O iinício é cativante. Há um mistério genuinamente interessante que é revelado aos poucos, de modo que causa satisfação e mais interesse na leitura.

    “Entao oo focinho era de um rato! Espera, um rato de laboratório? Então por que uma criança conseguiu… Ah, professora, era o bichinho de uma escola…”

    Para além disso todos os personagens parecem sólidos e as descrições de Carlos e de sua mente são perfeitas para entendê-lo e também para gerar identificação. Quem não tem suas bolhas?

    A narrativa está fluida e invejável. O EC sempre teve seus monstros, mas me causa um sentimento muito único ver alguém que legitimamente melhorou e se lapidou ao ponto de competir de igual pra igual com eles. E mais do que competir, escrever tão bem quanto essas lendas.

    parabéns, Pri. Mais um pódio super merecido.

    • leandrobarreiros
      22 de junho de 2025
      Avatar de leandrobarreiros

      Ah, e só tentando ser útil, a única coisa que me tirou levemente da narrativa foi esse parágrafo aqui:

      “Mel, Luiz e Júlio passaram a visitar Carlos todos os dias, e tentavam animar o menino, mas viam que só Astolfo poderia fazer isso, então propuseram voltar ao bosque e só sair de lá com o rato nas mãos. Carlos gostou muito da ideia. Então foram os quatro, cada um em sua bicicleta, ansiosos para chegar no bosque e quem sabe achar o ratinho fujão. Levaram muito queijo, com certeza o atrairiam de volta pelo estômago!”

      Por conta do segundo “então” tão próximo do primeiro. TALVEZ, e esse é um talvez em caixa alto porque é um grande talvez, valesse a pena trocar o segundo “então” por outra coisa.

  2. Gustavo Araujo
    21 de junho de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Sensacional! Interessante como a percepção é diferente quando sabemos quem é a pessoa que escreveu. Isso porque dá para associar o(a) autor(a) às personagens e até mesmo ao enredo, dá para perceber o que se passa na cabeça dele(a), seus desejos mais íntimos. Claro, cada história que escrevemos revela um pouco do que se passa na nossa cabeça e ficcionalizar esses anseios não deixa de ser uma válvula de escape, um exercício psicológico dos mais reveladores.

    Mas, passando ao conto, ele é, como disse, sensacional. Consegue dialogar com adultos e com crianças na mesma intensidade, adaptando-se àquilo que incomoda (no melhor sentido da expressão) ambos os universos. A busca pela liberdade atrelada à segurança, a procura pela subversão, ainda que escamoteada, a fidelidade aos amigos, a lealdade com quem nos é leal. Em diversas passagens o conto me fez lembrar do “Conta Comigo”, do Stephen King, justamente por conseguir demonstrar esses laços invisíveis que unem pessoas tão distintas — crianças na verdade — em prol de um objetivo comum.

    De fato, os pequenos gostam porque se identificam facilmente com os personagens. Os adultos, porque enxergam seus eus anteriores, chegando a se perguntar em que ponto de suas jornadas deixaram de retornar ao mato para reencontrar seu Astolfos.

    Parabéns pelo conto, Priscila. Não só por ser uma produção literária de alta qualidade, mas por revelar, nas entrelinhas, o ser humano diferenciado que você é. Que nunca te faltem biscoitos, queijos ou ratinhos para cuidar.

  3. Marco Saraiva
    21 de junho de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Que conto meigo! Com certeza você abraçou o tema chubesco com todas as forças.

    Gostei de como descobrimos aos poucos as limitações de Carlos. Primeiro com uma dica: a descrição interessante de como ele não conseguia segurar por muito tempo uma ideia. Então, a confirmação: ele sabe que é excepcional, provavelmente por que era assim que todos ao seu redor o chamavam, e, ignorante da diferença de significados, se identifica com o ratinho também excepcional, formando uma amizade única.

    O conto explora bem a amizade de diversos ângulos. Não há conflito senão o interno: tanto a luta de Carlos para entender a si mesmo, quanto para entender as reações do seu amigo roedor. A sugestão de conflito externo na forma das crianças novas que interrompem a sua pedalada é logo descartada quando eles se revelam grandes amigos também. No geral, é assim que vejo, mesmo, os contos mais voltados para o público infantil: conflitos externos são inexistentes ou vêm na forma de algo puramente fictício e de difícil paralelo com a realidade.

    O conto é gosto de ler, muito bem escrito, leve, que deixa um sorriso no rosto no final. Gostei inclusive da forma como a leitura nos leva de um lado para o outro: presente, passado, presente, passado. Tudo é feito com leveza e sutileza.

    O conto é tão gostoso que me fez ignorar o fato de que provavelmente Astolfo não sobreviveria dois minutos na mata antes de ser pego por um gavião 🤣

    Abraços!

  4. André Lima
    14 de junho de 2025
    Avatar de André Lima

    Talvez, este seja o conto da A que mais incorpora o tema “chubesco”. É, também, o único que se volta verdadeiramente para crianças pequenas, com pouca experiência em leitura. Foi um dos contos que meu filho mais gostou!

    A sutileza da história, que pode muito bem entreter adultos também, está na comovente narrativa de Carlos, dando pistas pouco-a-puco obre sua condição excepcional (Deficiência intelectual) e na sua interação com Astolfo, um rato de laboratório, que também é excepcional, que nunca conheceu o mundo exterior.

    Carlos, que vive em um mundo imaginário e limitado por suas faculdades mentais, se apega a Astolfo por considerá-lo seu igual. Aí está a linha narrativa qe conduz o conto! Esse paralelo criativo dá maturidade literária, robustez para que a história possa ser apreciada por diferentes idades.

    O enredo se desenvolve numa estrutura narrativa clássica. Após uma fuga ousada, os dois enfrentam desafios. Temos aí nossa crise. A adição das crianças (Que se apresentavam inicialmente como valentões) dá mais dinâmica narrativa.

    Curiosamente, este conto se assemelha com o meu em um aspecto: a liberdade de um é a satisfação do outro, mesmo que isso deixe um buraco, uma saudade.

    Gosto dessa premissa, tanto que a explorei. Aqui, a bondade e a amizade genuína de Carlos transformam sua própria vida e dos novos amigos, através da capacidade de formar um laço significativo com Astolfo. E a história culmina com a felicidade do ratinho em sua nova vida, uma vida liberta, mas ainda com amigos que compartilharão este novo mundo.

    Como pontos fracos, cito resoluções simplistas dos conflitos secundários da trama, ora, entendo que por se tratar de um conto infantil, o autor não quis mergulhar de fato e dar complexidade às subtramas, mas a transformação das crianças que inicialmente intimidavam Carlos em aliados ocorre de forma rápida e conveniente. É uma transição que é funcional pra narrativa, mas fica a carência de mais profundidade.

    O final tem um didatismo que poderia ser evitado. Há exposição demais. A lição, a premissa, tudo que o autor desejava passar com a trama, já havia sido captado pelo leitor.

    Os pontos fortes brilham muito mais. É um dos meus contos favoritos do desafio! Parabéns!

  5. Alexandre Costa Moraes
    13 de junho de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Entrecontista,

    Seu conto é daqueles que esbanja fofurice: leve, acolhedor e cheio de empatia. A história de Carlos e Astolfo, alimentada por biscoitos, queijo e travessuras, constrói uma amizade bonita, respeitosa e especialmente inclusiva (ensina sem parecer lição).

    A escrita é fluida, com cenas bucólicas que desenham um cenário limpo, quase uma cidadezinha tranquila do interior, transmitindo aquela sensação de paz e aconchego. A temática da liberdade, da amizade e da convivência gentil aparece de forma natural, quase como poesia em forma de narrativa.

    Me envolvi com a história, mesmo não sendo um leitor frequente do infantojuvenil. As cenas têm vida, e a forma como o queijo e os biscoitos simbolizam o carinho e o acolhimento torna tudo ainda mais especial. O texto tem força na simplicidade e, por isso mesmo, é um dos meus contos favoritos do certame.

    Sim, a amizade de Carlos e Astolfo me conquistou. Parabéns por essa proposta tão singela e afetiva. Boa sorte no desafio!

  6. Pedro Paulo
    13 de junho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    É uma releitura acalentadora de “Flores para Algernon”, com a inclusão de um trio de personagens que, na contramão do tropo dos valentões a coibir o protagonista, acabam na verdade acrescendo à sua nova e curiosa família. Um bom chubesco que também flerta com a fanfic!

  7. Rodrigo Ortiz Vinholo
    12 de junho de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    FOFO! Divertido, e bom em técnica de escrita, andamento e todos os outros pontos. A história parece ocorrer em um recorte do passado sem precisar dizer isso. Talvez valesse reforçar isso em algum ponto? Ainda assim, funciona muito bem. Parabéns!

  8. Felipe Lomar
    12 de junho de 2025
    Avatar de Felipe Lomar

    olá

    nossa, que texto fofo! Bem escrito e com uma moral muito bonita. É sem dúvida a obra de um escritor bastante habilidoso. Acho que não tenho nada a declarar, não encontrei defeitos relevantes. NOTA 10!

    boa sorte e parabéns

  9. Fabiano Dexter
    11 de junho de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História
    Uma criança com algum tipo de deficiência e solitária ajuda um rato de laboratório extremamente inteligente (para um rato) a fugir, pensando em conseguir assim um amigo de verdade. Durante a fuga acaba libertando o rato e encontrando amigos de verdade, sendo assim recompensado pela sua coragem.
    Um conto muito bem escrito e uma história muito bonita.
    O conto me lembrou do livro Flores para Algernon, talvez pela relação de um rato extremamente inteligente com uma pessoa com certa deficiência, mas no livro o protagonista também passa pelo mesmo procedimento do rato.
    Tema
    Eu trato como infantil, mesmo tratando de uma questão bem sensível. Foi difícil explicar para o meu filho de 6 anos porque o rato e a criança eram especiais de formas opostas.
    Construção
    Um conto curto, ou melhor, do tamanho certo. Sem enrolação e contando a história que tinha que contar de forma clara, sem se perder em detalhes e sem correr.
    Escrita simples e clara. Fácil de ler por ter sido trabalhada para isso, o que não é fácil.
    Impacto
    Uma história que deixa com um quentinho no coração. Adorei!

  10. Fabio Baptista
    8 de junho de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    Carlos, um menino autista, “salva” o ratinho Astolfo, fugindo com ele do laboratório. Carlos encontra outras crianças no caminho e eles (as crianças e o rato) se tornam amigos que se encontram periodicamente no bosque, para brincar e compartilhar biscoitos e queijo.

    Provavelmente o conto mais chubesco da A. É doce sem ser meloso, traz emoção sem forçar a barra e consegue ser fofo sem ser demasiado infantil.
    Numa primeira leitura, aquele em que só passo o olho pra identificar os pontos chaves da trama, tinha entendido que o rato era inteligente, tipo que se comunicava e tal. Agora, na leitura final, percebi que o rato tem ali as sensações dele descritas, mas ele é um animal guiado por instintos. Claro, na realidade o ratinho branco seria devorado por algum bicho no primeiro dia, igual provavelmente aconteceu com aquela pobre capivara, e só voltaria pra pegar o queijo quando os humanos fossem embora, mas aqui ficou na dose perfeita entre a fantasia e a realidade.

    Tem uma sequência com algumas coisas tipo “Perguntou, Luiz”. Em todas elas a vírgula sobrou. Essa foi a única coisa que me incomodou na técnica. No mais, o estilo casou muito bem com o tema.

    Muito bom, parabéns.

  11. Mauro Dillmann
    6 de junho de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um conto narrado em terceira pessoa, que descreve Carlos, a caixa, o ratinho e os amigos de Carlos.

    Uma história singela, simples.

    A repetição do “Então” sequencial pesou: “Então, naquela hora…”. “Então assim…”.

    Está bem escrito e remete ao universo das crianças com deficiência (PCDs). Tem uma mensagem de solidariedade e amizade.

    Parabéns!

  12. Kelly Hatanaka
    2 de junho de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Um conto infantil, fofo e lindo. Acho que temos o campeão.

    Uma história sobre amizade, bondade e liberdade. Gostei muito das inversões de expectativa. Imaginei que as outras crianças seriam vilãs na história e que bom que eu estava errada. Um conto belo e escrito de forma leve e dinâmica, fácil de amar os personagens e que agrada crianças e adultos.

  13. Bia Machado
    1 de junho de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Comecei bem as leituras para avaliação dos textos. Esse conto é pura ternura, que história, daquelas que dão um quentinho no coração. Estrutura, coerência, personagens, fluidez, emoção, tudo está aí, de uma forma que me encantou, sem excessos. Nem mesmo as vírgulas entre ação e sujeito e um “heim” foram capazes de tirar a minha vontade de dar nota máxima para esse conto. Eu investiria nesse texto para publicá-lo por alguma editora desse gênero, ou enviaria para o Barco a Vapor, algo do tipo. Parabéns e obrigada.

  14. claudiaangst
    28 de maio de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Temos aqui um conto voltado ao público infanto-juvenil. O começo me fez lembrar do filme ET. Enfim, o tema proposto pelo desafio foi abordado com sucesso.

    No geral, o texto está bem escrito e não percebi falhas de revisão. No entanto, algumas repetições de sons podem incomodar um(a) leitor(a): excepcional/igual/especial. Também há uma repetição de “então” muito próxima. Só apontei esses detalhes porque não tinha muito a dizer a respeito mesmo. 😊 Parabéns.

    A narrativa é muito fofinha (chubesca), embora o tema de inclusão faça pensar. A amizade entre os desiguais, o animalzinho como elemento catalizador e agregador (apesar de ser um rato, eca), tudo está bem conectado.

    O desfecho foi bem construído, sem grandes surpresas, com uma leve lição de moral, mas traz também esperança, um quentinho no coração.

    Parabéns por participar de mais um desafio e boa sorte na classificação.

  15. GIVAGO DOMINGUES THIMOTI
    26 de maio de 2025
    Avatar de GIVAGO DOMINGUES THIMOTI

    Biscoitos e Queijo

    Da série “fazendo a boa”, vou tentar comentar o máximo de contos da Série A possível, apresentando minhas impressões pessoais sobre o seu conto.

    Biscoitos e Queijos é um conto infantil da série A, que nos apresenta a história de Carlos e Astolfo, um menino não muito inteligente e um ratinho inteligente demais. Carlos se compadece da situação de Astolfo e o liberta da jaula. Então, parte numa viagem para a zona rural de sua cidade para soltar Astolfo na natureza. Ele encontra alguns amigos pelo local e, graças a eles, consegue cumprir sua nada fácil missão de libertar o ratinho. É uma história muito boa, com bons valores para a criançada.

    Em termos de técnica e escrita, eu tenho apenas 2 observações; creio que a escrita poderia ter sido melhor feita, em que pese ela seja bastante correta gramaticalmente. Por vezes, tive a sensação que sobraram palavras… Além disso, o final, assim como outros contos infantis, ficou muito explicadinho. Penso que seria importante confiar no leitor, para deixá-lo fazer sua reflexão e interpretação (seja ele um adulto ou uma criança) ao invés de direcioná-lo. De qualquer forma, é um bom conto, competente no que se propõe.

  16. Jorge Santos
    20 de maio de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá. Há textos mexem connosco pelo conteúdo, outros mexem pela mensagem ou pela forma como são escritos. Por norma, dou privilégio ao conteúdo. No caso do seu texto, está tudo perfeito: linguagem correta e fluída, desenvolvimento da narrativa e mensagem. Vamos por partes: quanto à adequação ao tema, estamos perante uma história infantil. Não creio ser um fanfic, se bem que no início parecia a fuga do ET no filme do mesmo nome. Não sei se foi essa a intenção do autor ou autora. Se foi, seria a cereja em cima do bolo de um texto de qualidade. Quanto à narrativa, temos um elemento aglutinador, o rato. Este rato faz evoluir a ação. Existem dois conflitos: o menino, completamente consciente das suas limitações, que encontra motivação para agir – o salvamento do rato. Por outro lado, há um conflito entre e os outros meninos, que o ostracizam até ao momento em que o elemento aglutinador os junta (há aqui uma repetição de sentidos, ainda bem que, excetuando o direito do autor à resposta, não há comentários aos comentários, caso contrário eu estaria “ferrado”, como dizem no aí Brasil). Este elemento resolve ambos os conflitos e conduz ao desfecho feliz, tão habitual nos textos infantis. A pedagogia é evidente: é importante o respeito por quem é diferente.

  17. paulo damin
    15 de maio de 2025
    Avatar de paulo damin

    História bonita. Acho que tu conseguiu reunir elementos difíceis de trabalhar: a infância, a deficiência e o final feliz. 

    Acho que o termo “excepcional” resume a busca do conto. Não apenas por tratar das características dos personagens, mas pela relação que surge entre eles. Até os inimiguinhos acabam criando uma amizade com o protagonista. E a ideia de estudo científico (o rato no laboratório, a professora) também remete à exceção a uma regra. No caso, uma história de amizade e gentileza quando a regra seria a exclusão e a rispidez.

    A única sugestão seria tentar colocar um pouco de excepcionalidade, ou seja, de estranheza, de diferença, também na forma.

  18. cyro eduardo fernandes
    13 de maio de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    O conto é bem escrito e tem uma pegada de chubesco. A boa técnica ajudou a criar uma atmosfera infantil e esperançosa. Missão cumprida.

  19. Antonio Stegues Batista
    12 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Resumo do conto: Garoto invade laboratório de experiencias biológicas para libertar um rato e junto com outros garotos o levam para a floresta.

    Achei um enredo simples, sem grandes pretensões de arte literária, não é uma história complexa, é fácil entender e que está inserido no tema infantil. Não tem lição de moral, lobo mau que come vovozinha, rainha que corta cabeça por diversão, casal que abandonado filhos na floresta, nada disso. E um bom conto.

  20. Thiago Amaral
    11 de maio de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Conto bem bonitinho e bem escrito. Funciona bem, e me surpreendeu ao respeitar (!) a vontade do ratinho, fazendo dele outro personagem livre, parte da turma, ao invés de um acessório.

    O modo sutil pelo qual Carlos é abordado também me emocionou por ser respeitoso e ao mesmo tempo explicar tudo numa linguagem adequada a uma criança.

    O último parágrafo foi criticado no grupo, eu acho, por ter a moral muito forçada. Até que é meio colocado de última hora, mas acho que foi bem adequado à história e terminou de maneira ótima. Bastante educativo.

    Quanto à linguagem, acho que algumas vírgulas poderiam ser substituídas por pontos para não deixar os parágrafos tão corridos. De qualquer maneira, a escrita já está boa, com descrições claras.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

  21. Rangel
    11 de maio de 2025
    Avatar de Rangel

    Olá, Astolfo.

    Gostei muito da sua história. É fofa, sua escrita flui bem e conseguiu me prender do início ao fim. Tudo realmente foforístico. 

    Seu protagonista é um encanto, não me surpreende que ele tenha conseguido conquistar tão facilmente as outras crianças. O desfecho é nada surpreende, mas está bem encaixado na história. Acho até que se terminasse na soltura do ratinho, só concluindo o laço formado entre eles, ganharia mais. Mas o o texto final também combina com o que você apresentou. 

    Só a imagem pra ilustrar o conto que me enganou um pouquinho, mas ela não entra na avaliação. Então gostei de tudo. Parabéns!

  22. toniluismc
    7 de maio de 2025
    Avatar de toniluismc

    AVALIAÇÃO CRÍTICA – CONTO “Biscoitos e Queijo”
    ✒️ Por um leitor que entrou na clareira da infância com um pedaço de queijo no bolso e um olhar crítico atento.

    📈 PRIMEIRA IMPRESSÃO

    “Biscoitos e Queijo” é, finalmente, um conto que acerta o tom para o público infantojuvenil. Mistura sensibilidade, leveza e temas importantes como amizade, inclusão e liberdade. A linguagem é acessível, com um toque lúdico e narrador acolhedor. Apesar de alguns excessos narrativos e pontuais confusões de foco, o texto se destaca como o mais promissor da rodada até agora.

    ✍️ TÉCNICA — Nota: 4.2

    Pontos positivos:

    • A narração é consistente e envolvente. O narrador-voz apresenta um tom empático e ao mesmo tempo divertido, adequado ao público.
    • Há um cuidado notável em descrever tanto a paisagem externa quanto a paisagem emocional dos personagens, especialmente de Carlos e Astolfo.
    • O texto trabalha bem com metáforas simples, como a do castelo murado e do lago das ideias, que dão profundidade simbólica à história sem perder a acessibilidade.

    Pontos a melhorar:

    • Algumas passagens são redundantes ou longas demais, especialmente nas explicações sobre a mente de Carlos e as descrições do ambiente.
    • Há momentos de ligeira confusão de foco, como quando a voz do narrador se aproxima demais dos pensamentos de Carlos sem uma transição clara.
    • Pequenas inconsistências temporais no ritmo narrativo: a cena da despedida abrupta de Astolfo poderia ser mais econômica para ter maior impacto.

    🔎 Resumo técnico: Estrutura sólida, com linguagem adequada e uma voz narrativa carismática. Precisa apenas de ajustes pontuais de concisão e foco.

    🎨 CRIATIVIDADE — Nota: 4.4

    Destaques criativos:

    • O texto apresenta uma inversão inteligente: quem geralmente é “salvo” por um animal de estimação é aqui o salvador.
    • A personificação emocional de Astolfo é feita com muito charme e respeito, sem exagerar ou quebrar o pacto de verossimilhança infantil.
    • A ideia das “bolhas” de pensamento de Carlos é lindamente construída. Além de poética, ajuda a criar empatia com um protagonista neurodivergente sem rotulá-lo.

    Pequeno senão:

    • O conto entrega uma história original com ressonância de fábula. Não se ancora em um universo conhecido, como as fanfics escritas aqui — mas talvez isso jogue a favor do texto, pois ele se sustenta por si.

    🔎 Resumo criativo: Inventivo, doce e simbólico. Usa elementos comuns com frescor. Cria um universo próprio em miniatura.

    💥 IMPACTANTO — Nota: 4.6

    Por que emociona:

    • A relação entre Carlos e Astolfo é tocante na sua simplicidade, e não força o drama.
    • Carlos é um protagonista raro na literatura infantojuvenil contemporânea: uma criança com limitações cognitivas retratada com respeito, sem estereótipos, e como personagem ativo de sua própria jornada.
    • A despedida abrupta de Astolfo espelha as frustrações da vida real, e o retorno dele, embora previsível, é bem merecido e catártico.

    Destaque emocional:

    “Queria que ele fosse livre, mas da opressão dos outros, não de sua amizade.”
    Essa frase sozinha já justificaria o conto.

    🔎 Resumo do impacto: Emociona sem chantagem emocional. Deixa o leitor sorrindo — e pensando.

    ⚖️ CONSIDERAÇÕES FINAIS

    “Biscoitos e Queijo” é uma pequena joia delicada, com coração e ternura. O autor constrói uma história sensível sobre amizade, empatia e crescimento, ancorada em personagens cativantes e metáforas acessíveis. Embora precise de pequenas lapidações em concisão e foco narrativo, o texto tem alma — e isso é mais raro do que técnica perfeita.

    Resumo generoso em uma frase:

    Carlos libertou um rato da gaiola, mas foi Astolfo quem libertou Carlos do castelo murado — e juntos, ensinaram que até as ideias mais frágeis podem durar se forem feitas de amor.

    📌 Sugestão ao autor:
    Reveja algumas passagens descritivas que se alongam além do necessário. A força do conto está nos vínculos entre personagens — mantenha isso como norte. Uma edição cuidadosa deixaria a narrativa ainda mais impactante sem perder sua doçura.

  23. Leandro Vasconcelos
    7 de maio de 2025
    Avatar de Leandro Vasconcelos

    Olá! Este conto pode ser definido como o cânone do “chubesco”, do fofinho! Realmente é uma narrativa branda, cujo foco é na leveza e na criação de uma bonita estória infantil.

    Interessante que o enredo se desenrola a partir da brincadeira com o termo “excepcional”: de um lado, um rato excepcionalmente inteligente; de outro, um menino “excepcional”, ou seja, com baixo QI. Utilizaram-se os polos opostos de significado para criar o mote a partir do qual se dá o desenvolvimento da trama. Muito bom! Curioso pensar que uma mesma palavra pode conter sentidos totalmente opostos, como se ela pudesse ser um antônimo de si mesma. Não sei bem como a linguística caracteriza uma palavra como essa; apenas sei que o autor foi muito inteligente ao utilizar dessa característica como ponto de partida de seu texto.

    A forma empregada é boa. Boas metáforas utilizadas. A analogia da mente do garoto com um lago plácido, sereno, mas quase morto, foi deveras bem pensada. No fim, essa analogia se revela ainda mais certeira, pois, apesar de intelectualmente lhe faltar predicados, o rapaz se torna uma pessoa amável, sutil, acolhedora, como quem vê águas tranquilas que chamam para um mergulho.

    O conto soa mais reflexivo ou introspectivo e tudo bem com isso, embora eu ache que, no início, poder-se-ia aumentar o ritmo com menos digressões e mais ação. Ademais, a trama passa sem mudanças inesperadas, sendo um tanto conservadora. Se, por um lado, isso reforçou o “fofinho”, por outro me deixou querendo mais. Sei lá. Poderia ter um menino chato no meio deles, funcionando como antagonista, até que ele próprio, por causa de uma briga com o rapaz excepcional e com seus colegas, se transforma. Apenas ideias que me vieram à cabeça durante a leitura.

    De todo modo, parabéns ao autor pelo belo texto!

  24. Luis Guilherme Banzi Florido
    6 de maio de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa noite!

    Uau, maravilhoso! Ate me emocionei, e por pouco nao chorei. Seu conto é lindo, super tocante, mas sem ser piegas ou apelativo. Funciona perfeitamente como literatura infantil, pois, apesar de profundo e belo, é simples e de facil compreensao. Voce nao precisa apelar para uma linguagem rebuscada para criar uma beleza poetica. Isso é bastante dificil. Vamos analisar por partes.

    Primeiro, os personagens (humanos e rato) sao muito reais e bem construidos. É facil criar carinho por eles, me apeguei facilmente. Carlos é muito fofo e maravilhoso, os 3 novos amigos são excelentes personagens que cumprem um papel narrativo importante, sem deixar de funcionar por si só, e o rato, sem precisar falar, cativa e conquista os meninos e os leitores.

    O enredo é muito bom tambem. É dificil escrever pra criança sem ficar complexo e sem ficar bobinho demais. Aqui, temos o meio termo: um enredo funcional, mas que pode ser perfeitamente entendido e aproveitado por leitores de todas as idades.

    E o conto é emocionante. A jornada, o arco do protagonista é lindissimo. Eu me emocionei muito no ultimo paragrafo. Voce usa muito bem algumas metaforas aqui nesse conto, com destaque para a metafora da bolha. Muito bem colocada, e leva a um desfecho tocante.

    Enfim, um lindo conto, o melhor infantil que li até agora, tendo lido acho que metade da série A.

    Parabens e boa sorte!

  25. Augusto Quenard
    6 de maio de 2025
    Avatar de Augusto Quenard

    Gostei muito da ideia: da relação humano e animal, da libertação do laboratório, da complementaridade entre as crianças.

    Mas acho que poderiam se trabalhar algumas sutilezas. Considerando que é um relato infantil, me pareceu que tem alguns trechos meio inadequados, como quando chamam a criança de retardada, ou a ênfase que se dá à condição do Carlos.

    Por um lado, tem trechos que parecem de um conto para adultos sobre crianças, o que é super interessante quando se explora a crueldade infantil, por exemplo, mas aqui não é o caso, pois é pra ser um texto infantil mesmo.

    Por outro lado, senti que essa insistência sobre as limitações do Carlos e sua prisão entre os muros mentais poderia mais reforçar preconceitos do que questioná-los.

    Quanto ao enredo em si, acho que poderia ter se criado mais suspense no ressurgimento da relação entre o Astolfo e o Carlos, parece que isso se resolve muito rápido. Pra certas idades, essa resolução funciona bem desse modo, breve e sem tensões, mas então a linguagem não seria a ideal.

    Enfim, alguns descompassos, entre intenções e efeitos, entre linguagem e leitor ideal.

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Publicado às 3 de maio de 2025 por em Contos Campeões, Liga 2025 - 2A, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .