EntreContos

Detox Literário.

A Loja de Brinquedos do Papai (Leonardo Jardim)

Minha vida mudou quando encontrei um Ursinho Carinhoso preso na fábrica do papai.

Era uma empresa familiar de fabricação de brinquedos que tinha feito muito sucesso desde antes de eu nascer. Todos queriam pelúcias, bonecos ou chaveiros da BearCompany. Eu cresci uma infância invejável com um quarto imenso, que tinha tudo o que eu desejava, o sonho de qualquer criança. Mas meu pai nunca estava presente.

Confesso que demorei a perceber que havia sido criado por babás e pelas pelúcias incrivelmente fofas e cheirosas, que me abraçavam toda noite. Via meu pai de vez em quando, mas estava sempre frio: conversando com alguém ou mexendo no celular.

Lembro muito pouco da minha mãe. Na verdade, ninguém fala dela na nossa casa. É como se ela não tivesse existido, mas lembro vagamente de seu rosto e de seu calor. Toda vez que sentia falta dela, abraçava meu ursinho de pelúcia azul. Só ele era capaz de acalentar essa saudade.

Foi num dia desses que eu o procurei e não encontrei. E, desde esse dia, fiquei muito chateado e depressivo. As babás fizeram de tudo para me animar: compraram sorvete, pipoca doce, bolinho de chuva e brigadeiro. Fomos passear em parques, zoológicos, circos e peças de teatro. Eu esquecia momentaneamente a minha dor, mas rapidinho ela voltava.

Até que meu pai ficou sabendo disso e resolveu que eu deveria visitar a fábrica e escolher um novo brinquedo favorito. Acordei cedo e bem animado, pois tinha boas lembranças de lá. Esperava achar o meu ursinho, pois foi onde o encontrei pela primeira vez.

O motorista me buscou assim que terminei de escovar os dentes depois do café da manhã. Ele me deixou na porta da fábrica e uma moça muito legal me recebeu.

— Oi, querido! Que bom que veio nos visitar. Seu pai tá em reunião, mas disse que você podia andar pela fábrica até ele terminar — o sorriso dela parecia sincero.

Agradeci bem baixinho, acho que ela nem ouviu. Ela me levou até uma loja que tinha logo na recepção, que era onde todos iam comprar os produtos que eram fabricados ali. A loja estava cheia. Devia ser um daqueles feriados importantes em que muitos brinquedos eram vendidos. Não encontraria o que queria ali.

Aproveitei a confusão e escapei dos cuidados da moça, me esgueirando para fora da loja. Corri por um corredor, pulei uma catraca e continuei correndo fábrica à dentro. De vez em quando alguém percebia minha presença, mas quase todos ali sabiam quem eu era e não queriam problema com o chefe. Sempre que ouvia a voz da mulher simpática, eu me escondia num canto, numa caixa, me enfiava entre uma pilha de brinquedos, passava por baixo de uma máquina, tudo para ela não me achar.

Enquanto me escondia, acabei caindo numa espécie de toboágua de metal, só que sem água. Tipo aqueles depósitos de lixo em prédios antigos ou filmes. Escorreguei por muito tempo, sem saber onde cairia, mas sorri, pois aquele dia estava sendo legal.

O local que caí era bem mais escuro e frio que o de cima. O ar cheirava a plástico queimado e algodão doce estragado. Tive a impressão imediata que quase ninguém ia ali. Tinha muita tralha e bagunça. Consegui me levantar e comecei a andar tateando na pouca luz do local.

Percebi a origem da fraca iluminação e caminhei até ela. Tropeçava ou chutava alguma coisa de vez em quando. A luz saía de uma porta entreaberta com um número quatro mal desenhado. Entrei devagar e demorei um pouco para entender o que tinha visto: era uma sala pequena com um tubo por onde luzes coloridas pulsavam em direção ao teto, vindas de um local no centro. Caminhei até a origem das luzes e encontrei uma gaiola com um ursinho dentro. O tubo saía de seu peito, parecia que sugava alguma energia dele.

Ele parecia com meu ursinho, só que era marrom e estava muito desbotado e sujo. Tentei tocá-lo por entre as grades. Então ele disse, com uma voz doce, mas cansada:

— A alegria evita mil males e prolonga a vida.

— O que você tá fazendo aqui?

— Doando meu carinho para todas as crianças.

— Isso não tá certo. Você não deveria estar preso.

— Ele disse que é pro bem de todos.

— Não posso te deixar aí — procurei uma forma de abrir a grade.

A gaiola era fechada com um cadeado. A chave devia estar em algum lugar. A sala não tinha muita coisa além da gaiola e do tubo em direção ao teto. Olhei para o lado de fora, agora com a luz saindo, e percebi que era um grande corredor com algumas outras salas como aquela.

— As chaves estão na sala com número um — ele disse, ainda com voz baixinha.

Tateei pelo corredor até a porta indicada. Uma delas estava muito fria ao toque, com um ar gelado saindo por baixo. Mas não era ela. A porta número um ficava em frente e dentro estava um breu. Procurei o interruptor e achei próximo à porta. A sala era diferente daquela que encontrei o ursinho. Tinha duas camas muito sujas e bagunçadas e tralha espalhada. Numa parede, um daqueles penduradores de chave, cada uma com um número em cima. Peguei a chave quatro e corri de volta.

Estava tremendo quando consegui abrir o cadeado. O ursinho levantou devagar e eu removi o tubo. Ficou um buraco no meio do desenho de coração que ele tinha no peito: era escuro e profundo.

— Qual o seu nome? — perguntei.

— Ternurinho, seu amiguinho. E você?

Antes de conseguir responder, ouvi umas vozes que não pareciam de adulto. Olhei pra fora da sala e vi sombras de uma pessoa e de uma outra coisa que parecia peluda vindo na nossa direção.

— Precisamos sair daqui — eu disse, baixinho. — Eles não podem nos achar.

Tentei não fazer barulho enquanto caminhava pelo corredor escuro, com o Ternurinho no colo. Ele era leve, mas quente, como se tivesse um coração de verdade batendo dentro do peito. O mais estranho era que, mesmo desbotado e com aquele buraco, ele me olhava com olhos carinhosos que eu nunca havia visto.

— Vamos por aqui — sussurrei, vendo a saída do tubo por onde escorreguei.

Percebi que na parede que não escorrega, tinha umas barras para subir, como se fosse uma escada. Subi devagar, uma barra por vez. A cada ruído, eu me encolhia, achando que alguém ia nos ouvir. O ursinho ficava bem quietinho, com os bracinhos em volta do meu pescoço. Chegamos na fábrica, embaixo de uma máquina. Como estava num lugar mais conhecido e com pessoas que me conheciam, corri em direção ao que parecia a entrada. Em algum momento antes de pular a catraca, ouvi a voz da moça simpática:

— Ei! Aí está você! Me deixou preocupada!

Ela veio correndo na minha direção, aliviada.

— Desculpa — falei, envergonhado —, eu só tava procurando meu ursinho perdido.

Ela suspirou, me olhando com ternura.

— Tudo bem, querido. Mas você não devia ter saído sozinho assim. Seu pai já está te esperando. Vamos?

Antes de eu responder, ela viu o Ternurinho em meus braços.

— Que ursinho mais diferente… — disse, se abaixando, estreitando os olhos.

Ternurinho se esforçou para parecer imóvel.

— Encontrei ele no meio da fábrica — menti rapidamente. — Achei que podia ficar com ele. É parecido com o que eu tinha antes.

A mulher sorriu, aliviada por ter cumprido sua missão no dia.

— Que bom que encontrou um novo amigo. Vamos, seu pai vai gostar de saber que você está melhor.

Pegou na minha mão até o elevador, subimos muitos andares e saímos na sala do pai. Ele estava atrás de uma grande mesa, com o celular na mão. Levantou os olhos por um segundo.

— E aí? Encontrou o que queria?

— Sim — respondi, segurando o ursinho com força no colo. — Esse é meu novo amiguinho.

— Ótimo — disse ele, com desdém. — Espero que agora você fique bem.

Voltou ao celular e então pareceu estar assustado com alguma coisa que leu. Fez sinal com a mão, nos expulsando.

Voltamos para a entrada da fábrica onde o motorista nos esperava. A mulher sorriu e se despediu. O carro deu partida. Olhei pela janela, vendo a fábrica desaparecer ao longe. Senti o ursinho se mexer devagarinho no meu colo, como se espreguiçasse. E me abraçou com muito carinho.

Estava feliz pela primeira vez em muitos dias. E tive a sensação de que, mesmo com tudo que eu tinha, finalmente ganhei algo que não podia ser fabricado: um amigo de verdade.

Naquela noite, depois de colocar o pijama e fechar a porta do quarto, sentei na cama com Ternurinho. Ele parecia pensativo, olhando pela janela para o céu escuro da cidade.

— Eu preciso encontrar os outros Ursinhos Carinhosos — disse de repente. — Faz muito tempo que estou longe de casa. Muito tempo mesmo.

— Mas onde é a sua casa?

— No Reino do Carinho. Um lugar mágico, onde todos os ursinhos vivem em harmonia, espalhando alegria pelo mundo. Só que preciso do meu Carrinho de Nuvem para voltar até lá.

— E onde ele tá?

— Eu posso invocar ele. Eu acho. Amanhã vamos tentar.

No dia seguinte, depois do café da manhã, fomos brincar no quintal. Ternurinho subiu no ponto mais alto do trepa-trepa e ergueu as patinhas ao céu. Concentrou-se em convocar seu carrinho e parecia cantar enquanto fazia isso. Até que algo surgiu dos céus.

O Carrinho de Nuvem desceu devagar, em péssimo estado: rangendo, com óleo colorido vazando pelo escapamento. Estava tão sujo que alguém escreveu “me lave” no para-brisas. Um dos assentos rangia e o volante de estrela piscava meio apagado. O ursinho ficou decepcionado.

— Ele está fraco, mas acho que ainda funciona.

— Vamos assim mesmo! — eu disse, determinado. — A gente cuida dele depois.

Subimos no Carrinho de Nuvem. As rodas de arco-íris giraram lentamente, como se puxasse um peso invisível. Aos poucos fomos subindo, subindo, até deixar o quintal e o mundo todo lá embaixo.

— Estou voltando pra casa! — Ternurinho comemorou.

O céu brilhante do Reino do Carinho ficou cada vez mais visível. Mas havia algo errado.

As nuvens não eram tão branquinhas e fofas. Algumas tinham pontas escuras, como se estivessem queimadas. As árvores de abraço estavam secas e tortas. Os campos de algodão-doce pegajosos, sujos, e os rios de suco pareciam ter virado refrigerante sem gás. O Castelo do Carinho, que antes devia brilhar, estava apagado e rachado.

— Não… Isso não… Isso aqui não é o meu lar — o ursinho gritou, de olhos arregalados e marejados.

O Carrinho de Nuvem pousou devagar perto de uma colina murcha. Descemos em silêncio e, logo à frente, vimos três figuras sentadas numa arquibancada de madeira meio quebrada. Quando nos viram, se levantaram. Eram ursinhos, mas bem diferentes do que eu imaginava encontrar. O primeiro era azul e tinha dois corações partidos no peito, e um olhar amargo.

— Amoroso? — sussurrou Ternurinho.

— Não me chamam assim há muito tempo — disse ele, com a voz cansada. — Agora sou o Desiludido. Acreditei no amor e só me ferrei. Esses dois corações aqui? — fez um gesto simulando chifres de boi na cabeça que não entendi bem. — Duas vezes trouxa.

O segundo era verde, vestia um chapéu espalhafatoso, óculos escuros e não tirava as mãos do celular.

— Boa sorte…? — Ternurinho se aproximou, esperançoso.

— Agora sou o Betinho. Sorte? Só na bet, jogo do tigrinho, as melhores odds, cashback garantido. Deu green!

O terceiro era amarelo e estava mais quieto. Tinha um sol desbotado e derretido no peito, que agora parecia um sorvete caído no chão. Seus olhos estavam vermelhos.

— Divertido…

— Tristonho — respondeu, com a voz embargada. — Eu vi vocês serem levados. Vi e não fiz nada. Nunca me perdoei. Nem consegui sorrir depois daquilo.

Ternurinho correu até ele e o abraçou com força.

— Você não teve culpa. Nenhum de vocês teve.

— E os outros? Onde estão? — Tristonho perguntou chorando.

— Acho que ainda estão na fábrica.

— Espera — interrompi. — Tem mais ursinhos presos!? Como foram parar lá?

— Fomos ajudar um casal que queria dar carinho para todas as crianças do mundo.

— E ajudamos  — disse Tristonho — usando nossos poderes nos brinquedos que eles fabricavam com as próprias mãos.

— A mulher era gentil — completou Betinho. — Ela dizia que a gente podia ir e vir. Que seria uma parceria.

— Mas o homem… — Desiludido fez uma careta. — Ele queria controle. Disse que o carinho precisava ser mais “eficiente”. Mais “lucrativo”. Criou máquinas, tubulações… e quando a gente viu, já estavam levando todos nós pra fábrica.

— Só nós três conseguimos fugir  — Tristonho olhou pro chão. — Deixando todos para trás.

— E como escapou? — perguntou Desiludido a Ternurinho.

— Ele me libertou — respondeu, olhando para mim com carinho. — Acreditou em mim. Mesmo quando eu estava todo sujo, sem brilho, sem forças. Ele lembrou o que é o carinho de verdade.

Os ursinhos ficaram em silêncio por um momento.

— Precisamos voltar lá e resgatar os outros  — eu disse.

— Eles devem estar sofrendo tanto — suspirou Tristonho.

— Mas é um lugar muito perigoso — sussurrou Desiludido.

— Aposto que conseguimos — incentivou Betinho. — Sério, apostei e a odd tá alta — mostrou o celular.

— Mas como vamos conseguir? — perguntou Tristonho. — Estamos fracos…

— Não fracos — respondeu Desiludido. — Só diferentes.

— Podemos usar o que sentimos agora. As cicatrizes viraram poderes — disse Betinho, ajustando seus óculos escuros. — Tá na hora de mostrar que o carinho não é só abraço e arco-íris.

Montamos um plano, mas Ternurinho e eu tivemos que voltar antes que percebessem nosso sumiço. Ainda bem que ninguém percebeu. Estavam todos na casa felizes que eu estava me divertindo.

À noite, logo depois da janta, perguntei pras babás:

— Podemos passar na fábrica pra fazer uma surpresa pro papai?

Elas se entreolharam, mas aceitaram. Mais um pedido estranho de um menino carente. Quando o motorista me deixou na fábrica, a noite estava densa, e o prédio parecia bem mais sinistro. A moça simpática vinha caminhando em nossa direção, mas entrei com Ternurinho no colo e já saí correndo para o outro lado, até uma das janelas da área de visitantes.

Abri a janela e esperamos os demais ursinhos entrarem voando no Carrinho de Nuvem. A fábrica estava fechada, vazia, sem visitantes e trabalhadores, portanto não tivemos muita dificuldade para achar aquele escorrega da primeira vez. Mas, quando íamos descer, um segurança veio nos impedir.

— Menino, o que está fazendo aqui? O chefe vai ficar bravo.

Tristonho piscou pra mim e eu comecei a chorar, dizendo que meu pai era muito mau, que se ele contasse eu ficaria meses sofrendo no meu quarto. O ursinho triste lançou um raio azul no segurança, que fez ele começar a chorar também, me abraçou e saiu dizendo que não ia contar nada pra ninguém. No meio do caminho ainda impediu a mulher de nos alcançar.

— Tadinho! Precisa ficar sozinho — dizia, escondendo o choro.

Escorregamos pelo toboágua seco e caímos no corredor escuro, mas dessa vez tínhamos trazido lanternas. Eu corri em direção à sala um, mas chegando lá encontramos uma menina de cabelo roxo muito estranha e um bicho peludo de cachecol e chapéu de aviador.

— Olha só, Malvado, quem apareceu — a garota esquisita sorria para nós.

— O chefe vai nos dar os parabéns! — Malvado, o peludo, veio em nossa direção.

— Deixa ele comigo — Desiludido disse, soltando um raio muito forte no bicho, fazendo com que ele, na hora, desistisse de lutar, achasse que nada na sua vida valia à pena e abandonasse para sempre a vilania.

Quase ao mesmo tempo, Betinho mostrou pra menina um celular cheio de apps de apostas — com crédito. Ela aceitou de forma efusiva e se esqueceu de nós.

Então peguei todas as chaves e dei para os ursinhos irem abrir as gaiolas. Fomos abrindo e salvando os outros bichinhos, de vários tipos, com cores e símbolos diferentes no peito. Nem tive tempo para decorar todos.

— Falta a última sala — disse.

E ela era muito fria. Gelada. Abrimos a porta com dificuldade, e lá dentro havia um imenso bloco de gelo. No centro dele, uma mulher. Os olhos fechados e a mão espalmada como se pedisse ajuda. Meu coração apertou.

— É ela — sussurrei. — Minha mãe.

Nesse instante, passos pesados ecoaram atrás de nós: meu pai.

— Não! — gritou ele. — Você não pode fazer essa bagunça na fábrica!

Eu e meu exército de bichinhos de pelúcia vivos nos colocamos entre minha mãe congelada e a fúria do meu pai.

— Você é mau! — gritei. — Ela não queria prender os ursinhos. Você sim!

Ele andou mais pra perto, com raiva, puxando um colar de dentro da camisa de botão. Um medalhão prateado, com um coração de cristal azul, trincado.

Todos os ursinhos recuaram, assustados.

— O Coração Gelado — sussurrou Betinho.

— Era você esse tempo todo! — disse Desiludido.

— Eu tentei amar sua mãe — berrou. — Mas ela amava demais os outros. As crianças. O carinho — colocou um capuz, que deixava seu rosto tão escuro quanto sua alma. — Vocês não vão se safar. — Ativou o medalhão. Um raio de gelo me atingiu e senti muito frio de repente.

Os ursinhos se alinharam. Seguraram as mãos e gritaram:

— Agora!

Um enorme raio branco saiu de todos eles, como faziam antigamente, mas dessa vez, era diferente: era temperado com as dores, sofrimentos e dificuldades que passaram.

A luz atingiu o raio de gelo que meu pai emitia e foi além, engolindo-o. Era tão forte que eu não via nada, só branco. Quando apagou, a sala estava quente e papai havia desaparecido. O gelo que prendia minha mãe começou a estalar e derreter. Até que, com um suspiro leve como uma brisa, mamãe caiu de joelhos, respirando.

Ela olhou pra mim com olhos marejados e disse:

— Meu filho, você me achou…

Todos correram para abraçá-la — até Tristonho e Desiludido. Eu, minha mãe e os Ursinhos Carinhosos — surrados, desbotados, amassados e traumatizados, mas felizes.

— O amor sempre vence — disse Ternurinho, num clichê tão doce quanto inevitável.

— Falando em vencer — Betinho mostrou o celular —, estou rico!

Sobre Fabio Baptista

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22 comentários em “A Loja de Brinquedos do Papai (Leonardo Jardim)

  1. Bia Machado
    14 de junho de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Olá, autor ou autora. Nossa, como quis na infância ter um Ursinho Carinhoso, não perdia o desenho deles também rs. Eu não sei por qual motivo, mas esse relacionamento entre pai e filho me lembrou um pouco Jumanji, claro que nada a ver, mas foi só para comentar mesmo, porque também me vi lembrando do Detona Ralph 2 em alguns momentos, quando abordaram a deepweb. Olha, eu gostei do seu conto em partes. Não sei dizer, se foi por ter lido muitos contos nessas últimas 24 horas, mas queria ter gostado mais. Achei engraçado esse ursinho das bets, atualizou bem, que tristeza… O conto tem uma estrutura boa, mas achei o final muito corrido, tudo se resolvendo ali, mas entendi que o problema foi a falta de espaço, a impressão foi a de que usou todo o limite… Enfim, boa sorte no desafio.

  2. André Lima
    14 de junho de 2025
    Avatar de André Lima

    Que conto divertido!

    A história captura a atenção desde o início com a jornada do protagonista, um menino que, apesar de ter tudo material, carece de afeto. Não é a premissa mais original possível, mas a maneira como tudo se desenvolve tem a marca do autor impressa.

    O menino narrador é um personagem com o qual as crianças podem se identificar. Ele expressa solidão e tristeza, mas também demonstra iniciativa e bravura ao se aventurar pela fábrica para encontrar seu ursinho e, posteriormente, ao liderar o resgate dos outros brinquedos e de sua mãe. Ele personifica a busca por afeto e a importância da conexão humana (e de brinquedo, neste caso). Aí está uma abordagem”orinal” de um tema não-original.

    A obra aborda temas como a solidão infantil, a ausência parental, o abuso de poder, e a transformação pela dor de forma acessível. A revelação da mãe presa no gelo é um momento de grande impacto emocional, simbolizando o “carinho” suprimido pelo pai, que prioriza o lucro e o controle sobre o amor, enquanto isso, a história veicula uma mensagem poderosa de que o amor e a amizade são capazes de superar as maiores adversidades. A transformação dos Ursinhos Carinhosos – que apesar de surrados e desbotados – é uma metáfora boa metáfora sobre resiliência. Mas…

    … Acaba caindo um pouco no piegas. Principalmente a parte final. Ora, a temática infantil não nos obriga a ter didatismo. E foi o que senti aqui, uma necessidade de explicar que acabou caindo no piegas.

    Veja bem, o próprio autor foge do lugar-comum da temática infantil quando aborda temas de “apostas”, gerando comicidade com o personagme Betinho e adicionando um traço de personalidade único e humoristico. O tema das apostas pode ser sutil demais para ser compreendido por crianças pequenas, mas é um risco controlado que o autor se dispôs a ter. E originalidade é isso: fugir do lugar-comum, arriscar.

    Por fim, é um bom conto que parte de uma premissa “batida”, mas que possui uma abordagem interessante, embora peque no didatismo ao fim do conto. A técnica do autor é boa e o fluxo de leitura é rápido. É uma experiência divertida para adultos e crianças.

  3. Alexandre Costa Moraes
    13 de junho de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Entrecontista,

    Confesso que não lembro de detalhes do desenho dos Ursinhos Carinhosos, só algumas coisas como os raios do amor, o carrinho voador, os símbolos no peito. Mas mesmo sem conhecer bem o universo original, deu pra sacar que você usou a base da fanfic com liberdade, humor e uma leve ironia ao modelo “carinho industrializado”.

    A fábrica que aprisiona os ursinhos é uma alegoria eficiente. Os personagens reinterpretados funcionam bem, especialmente o trio Desiludido, Tristonho e Betinho, cada um representando uma fratura emocional diferente, com boas sacadas de caracterização. Ternurinho segura bem a linha emocional do conto, com leveza e doçura.

    A narrativa flui, tem agilidade e boas imagens. A escrita é funcional, com estilo voltado ao oral e ao juvenil, mas talvez ganhasse força com frases mais enxutas e um pouco mais de controle nos momentos explicativos. O final é grandioso, talvez até demais, mas conversa com o tom de aventura fanfiqueira e fecha o arco com coerência.

    Gostei da mistura de crítica e ternura. Tem personalidade, tem proposta e entrega bem o que se propõe. Parabéns e boa sorte no desafio.

  4. Pedro Paulo
    13 de junho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Sentimentos como poderes, automóveis e palácios místicos e pelúcias do bem. Tudo perfeitamente chubesco e ainda cruza com uma fanfic de ursinhos carinhosos, com boas sacadas para adaptações bem-humoradas ao nosso contexto atual. A concepção dos personagens, enredo e resolução são tudo bem clichê, mas de uma maneira que é coerente com a premissa do texto e intenção da autoria. Uma boa adiação ao certame!

  5. Fabiano Dexter
    11 de junho de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História
    Uma criança rica, porém, órfã de mãe e com um pai ausente, perde seu bichinho de pelúcia predileto e vai visitar a fábrica de seu pai para escolher um novo. Ao chegar lá, descobre a fórmula do sucesso do pai: colocar a essência dos Ursinhos Carinhosos nos brinquedos de modo a garantir as vendas. A criança encontra um dos Ursinhos e o liberta, bolando depois um plano para retornar com reforço e libertar os demais.
    Tema
    Eu considerei uma Fanfic de Ursinhos Carinhosos mais do que um infanto juvenil propriamente dito, uma parte pela história e em parte pela temática. Independente disso, completamente dentro do tema.
    Construção
    Uma escrita muito bem-feita, mantendo o leitor preso e sem nenhum erro que meus olhos destreinados fossem capazes de encontrar. A história flui muito bem e a leitura é agradável do início ao fim.
    Impacto
    À medida em que a história se desenvolve, vamos tendo surpresas e descobertas que nos mantém ligados na história. Bônus de inscrição para Betinho, inclusive.

  6. Fabio Baptista
    8 de junho de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    Garoto descobre que o pai é o inimigo dos ursinhos carinhosos e mantém a mãe refém em sua fábrica de brinquedos. Os ursinhos estão todos detonados (não vou usar a palavra que pensei devido ao tema), mas no final conseguem reunir as forças e dar um kamehameha de amor e fofura para vencer o Coração Gelado.

    Conto no padrão Série A: entretivo e ok. Eu não tenho muito conhecimento da mitologia dos ursinhos carinhosos, confesso que na época que passava (no programa da Mara, se não me engano) eu pensava “se eu assistir isso aí e alguém descobrir, vão me zoar na escola”. Isso não foi impeditivo para apreciar o conto, o que é um fator bem positivo para a fanfic (bom, também nesse caso específico não tem muito segredo).

    Pelo público-alvo, teria substituído a palavra “depressivo”. E tem um à dentro que faltou na revisão também.

    Gostei da leitura e dei risada com o Betinho, boa sacada.

  7. Mauro Dillmann
    6 de junho de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um conto que recria os ursinhos carinhosos.

    Bem escrito, domina bem a narrativa, conduzindo o leitor.

    Em um conto infanto-juvenil, o uso dos diminutivos é normal, mas por vezes exagerou nos “inhos”: “O ursinho ficava bem quietinho com os bracinhos…”.

    Um conto singelo e fluido, sem muita inovação na forma ou na linguagem.

    Passou a mensagem de amor. E só. O final – que já se anuncia clichê – não convenceu.

    Parabéns!

  8. Kelly Hatanaka
    2 de junho de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Um conto infantil muito bom e interessante. Tem uns errinhos de revisão, mas o conto é tão bom que nem ligo. Os ursinhos detonados do final foram uma sacada interessante, incorporando problemas atuais. E o final, com o retorno da mãe foi muito legal. Aqui, o personagem infantil cresce a partir das próprias experiências e decisões. Gostei.

  9. Thiago Amaral
    30 de maio de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Achei o conto um tanto arrastado de início, sem muita coisa interessante acontecendo e muitas descrições. A partir da libertação do primiro ursinho, no entanto, o conto dá uma guinada e começa a ficar interessante. Gostei do contraste entre a degradação moderna e a fofura dos ursinhos. O tema da corrupção da positividade ficou bem representado com a mudança dos personagens. E tudo ficou bem amarradinho no final, terminando com uma punchline que me fez rir.

    Só não entendi uma coisa: porque a mãe do protagonista tava congelada ali, afinal? O Coração Gelado tinha um lado piedoso e não conseguiu se livrar dela? Isso poderia ter sido melhor explorado. Ou foi só um jeito de ter uma reconciliação com o filho no final?

    De qualquer forma, um conto honesto com uma ótima premissa.

  10. Givago Domingues Thimoti
    25 de maio de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    A Loja de Brinquedos do Papai – NOTA:

    Da série “fazendo a boa”, vou tentar comentar o máximo de contos da Série A possível. Por isso, vim apresentar minhas impressões pessoais sobre o seu conto. A Loja de Brinquedos do Papai é um conto fanfic/infanto-juvenil sobre os Ursinhos Carinhosos, no qual um filho junta suas forças com os Ursinhos para acabar com a tirania do seu pai, que os aprisionou.

    Eu não esperava esse conto. Toda a roupagem dele vai para um caminho mais infanto-juvenil. Entretanto, a história envereda por um outro caminho quando chegam ao Reino dos Ursinhos pela primeira vez. Assume um humor mais adulto, com o ursinho das bets e o ursinho de coração despedaçado… Faltou o ursinho das drogas e os Ursinhos gêmeos que se separaram por conta da política. Enfim, tudo isso para dizer que não foi um casamento feliz.

    Não sei qual foi a intenção por trás. Talvez seja uma tentativa de humor e sátira para conquistar o leitor adulto desse desafio. Comigo, não deu certo.

    Em termos de escrita, é um conto bem escrito, sem dúvidas. O estilo pode não ter funcionado comigo, mas com o restante dos colegas talvez funcione.

    Boa sorte no desafio!

  11. claudiaangst
    24 de maio de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Temos aqui uma fanfic de Ursinhos Carinhosos? Não conheço muito bem o universo retratado, mas sempre achei os personagens fofinhos.

    O desfecho do conto com o descongelamento da mãe trouxe um tom de final feliz bem inverossímil, mas que combinou com a trama construída até então.

    Quanto à revisão, posso apontar alguns detalhes a serem corrigidos:

    Lembro muito pouco da minha mãe > Lembro-me muito pouco da minha mãe
    Corri por um corredor > Fica muito estranho!
    […] fábrica à dentro > […] fábrica adentro
    O local que caí > O local em que caí/O local onde caí
    […] algodão doce estragado > […] algodão-doce estragado
    […] a impressão imediata que quase ninguém > […] a impressão imediata de que quase ninguém
    […] daquela que encontrei o ursinho > […] daquela em que encontrei o ursinho
    Percebi que na parede que não escorrega, tinha […] > Percebi que, na parede que não escorrega, tinha […]
    […] eu tinha, finalmente ganhei algo > […] eu tinha, finalmente, ganhado algo
    […] que alguém escreveu “me lave” > […] que alguém tinha escrito “me lave”
    […] valia à pena > […] valia a pena

    A pressa é a inimiga da revisão, mas nada tão grave quanto o coração de gelo foi detectado.

    Parabéns pela sua participação e boa sorte na classificação.

  12. Felipe Lomar
    21 de maio de 2025
    Avatar de Felipe Lomar

    olá,

    Voce encarou bem os dois temas, é tanto chubesco como uma fanfic de ursinhos carinhosos. Demonstrou bom conhecimento do material original e fez uma história criativa e coerente. Talvez possa melhorar a composição das frases, um pouco simples e corridas demais, que conferem um ritmo demasiadamente rápido à leitura? Sem muito lirismo ou profundidade. A história poderia ter uma escrita mais rica em vocabulário. Algumas partes parecem não fazer muita diferença na história, como a menina de cabelo roxo, que aparece em apenas um parágrafo. É algo que, do jeito que está, não faz peso nenhum.

    boa sorte.

  13. Jorge Santos
    20 de maio de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, Betinho. Este foi o segundo conto que li nesta segunda jornada da liga e, tal como o primeiro, é uma mistura dos dois temas propostos, fanfic e literatura infantil. Os ursos carinhosos não são do meu tempo e no início pensei que o conto fosse excessivamente infantilizado, mas foi ficando cada vez mais sombrio e percebi que o público-alvo não era, propriamente, as crianças. Em resumo, a história é simples: com a ajuda de ursos mágicos, criança mata o pai, libertando a mãe do cativeiro a que este a tinha sujeito. Definitivamente, não é para crianças… Agora a sério, preferia que o conto tivesse mais ritmo e menos repetições. Gostei do desfecho, mas achei-o excessivamente simples. O menino nem tinha dado pela falta da mãe, pelo que não a merece. Por outro lado, a criança achou excessivamente natural o urso falar. Deveria ser demonstrado algum impacto, porque o texto perdeu coerência. Ou, pelo menos, a coerência possível no domínio do fantástico.

  14. Rodrigo Ortiz Vinholo
    19 de maio de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Gostei muito! De fato, qualquer versão atualizada dos Ursinhos Carinhosos invariavelmente teria que ter celulares, desilusão e um tanto de capitalismo tardio (Betinho foi meu toque favorito, no caso). Tecnicamente é quase impecável, mas no sentido de tom, senti que faltou um tipo específico de comprometimento: enquanto o assunto e as abordagens são excelentes sátiras e têm um tom ácido, muito do texto em si parece oscilar para uma leitura infantil, um tanto inevitável, claro, pelo protagonista. Mas ainda assim, fiquei em vários pontos me perguntando se o público-alvo do texto era alguém que, como eu, assistiu os Ursinhos Carinhosos das antigas e por isso deveria rir do absurdo disso… ou se é um meio-termo para alguns mais jovens. O texto por vezes parece evitar alguns riscos maiores em qualquer um dos sentidos. Isso dito, ainda é ótimo, então parabéns pela ideia e pela ousadia. Me diverti bastante.

  15. cyro eduardo fernandes
    12 de maio de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Narrativa fluida e correta. Conto infantil com críticas ao capitalismo selvagem e às apostas sem limites. De maneira geral um chubesco com conteúdo.

  16. Antonio Stegues Batista
    11 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Sinopse: Menino que tem pai como dono de fabrica de brinquedos, vai visitar a fábrica e encontra um ursinho de pelúcia preso por um tubo que suga sua essência de carinho. Ele o solta e depois descobre que pai sequestrou os brinquedos do mundo mágico e descobre ,também, que ele congelou a mãe por ciúme. No fim o pai é eliminado pelos bonecos.

    Ou seja, o conto tem algumas cenas sinistras, o ursinho sendo sugado, o pai criminoso, a mãe congelada por motivo fútil e o pai acaba sendo executado por seus crimes, além da citação de jogo de azar on line. Os contos clássicos infantis, tem cenas bizarras também, como a do lobo mau que come a vovozinha, por exemplo. Tirei esse trecho da internet:

    “A  literatura infantil é essencial para o desenvolvimento das crianças, oferecendo não apenas entretenimento como também lições sobre valores e comportamentos. Seus principais objetivos incluem o entretenimento, educação, desenvolvimento emocional, estímulo à imaginação e construção do senso crítico”.

    Parece que o autor não se preocupou com lição de moral. Escreveu o conto sem grandes pretensões de agradar crianças sabendo que quem vai ler é nós, participantes adultos. Creio que o autor tem talento para escrever conto de terror do que infanto/juvenil. Parabéns e boa sorte.

  17. toniluismc
    5 de maio de 2025
    Avatar de toniluismc

    🧸🔨 ANÁLISE CRUELMENTE HONESTA DE “A Loja de Brinquedos do Papai” (Betinho)

    📉 Primeira impressão

    Sabe quando você vê a capa de um livro infantil com arco-íris e ursinhos sorridentes e pensa “awwn, que fofo”? Aí começa a ler e se dá conta de que está preso num túnel sem fim de texto mal balanceado, tom incoerente, piadinhas sem timing, estruturas narrativas confusas e personagens que parecem ter saído de um surto coletivo? Pois é. Bem-vindo ao Reino do Carinho versão colapso nervoso.

    Este conto é o equivalente narrativo de um brinquedo falsificado que toca uma música horrível quando você aperta o botão. Começa com promessas doces e termina com um desfile de ruídos literários.

    ✍️ 1. Melhor Técnica — Nota: 2.4

    Pontos positivos (sim, eles existem):

    • Algumas frases isoladas até que funcionam visualmente, como a descrição do carrinho de nuvem em frangalhos ou a tentativa de criar tensão nos corredores escuros da fábrica.
    • O ritmo às vezes melhora, especialmente na transição entre cenas.

    Agora o problema:

    • Incoerência de ponto de vista. O texto é narrado em primeira pessoa, mas de repente surge um personagem chamado Betinho, que interage com os outros como se fosse parte da trama. Detalhe: Betinho é o autor. Isso é o quê? Ego trip? Auto-insersão confusa? Um metaverso emocional do narrador? Nem o próprio Ternurinho entenderia.
    • Extensão desnecessária. O conto é LONGO — mas não no estilo “imersivo e envolvente”, e sim no estilo “alguém avisa que já passou da hora?”. Muitas cenas poderiam ser cortadas sem prejuízo algum (veja-se toda a subtrama da babá, os corredores repetidos, as piadas de apostas, os discursos explicativos sobre o passado do pai/mãe).
    • Problemas de tom. Em um parágrafo você tem nostalgia emocional, no seguinte uma piada com apostas esportivas e jogo do tigrinho. O texto parece um crossover não autorizado entre Black Mirror Kids Edition, Care Bears em crise existencial e um panfleto de app de cassino.
    • O final é literalmente um grito coletivo de amor que vira raio laser. É tipo o Power Rangers Care Bear PTSD Edition.

    🔎 Resumo técnico: A história é contada como se tivesse sido escrita em episódios por uma equipe que não se falava entre si. O tom é instável, a estrutura é inchada e a autoconsciência (inclusive do próprio autor se inserindo na fanfic) mais atrapalha do que ajuda.

    🎨 2. Conto Mais Criativo — Nota: 2.6

    Ideia-base:

    • Ursinhos Carinhosos versão distópica, explorando trauma, abandono, marketing predatório e a mercantilização do afeto. Parece criativo? Sim. Mas vamos lá…

    Por que a nota é baixa, então?

    • A execução arruina a criatividade. Em vez de desenvolver essa ideia com coesão e camadas, o autor joga um monte de coisas na parede e torce para que alguma grude: tem raio de carinho, ursinho viciado em aposta, trauma parental, mãe congelada tipo Disney, sabotagem de fábrica, carrinho voador, menino com protagonismo de novela mexicana… tudo misturado como se fosse uma salada de jujuba com pepino.
    • O personagem “Betinho”, um ursinho influencer de aposta esportiva, é o símbolo da tentativa desesperada de “ser engraçado”. É o que acontece quando o autor quer ser cool, mas acaba sendo cringe.

    🔎 Resumo criativo: A premissa tinha potencial. Mas a falta de foco, o humor forçado e o excesso de “vamos ver se isso cola” destroem qualquer sensação de frescor. Criatividade sem filtro vira cacofonia narrativa.

    💥 3. Conto Mais Impactante — Nota: 2.2

    Momentos que tentam emocionar:

    • O reencontro do menino com a mãe congelada, o abraço do Ternurinho, o grito de amor derrotando o vilão — tudo tenta ser épico e tocante.

    Mas falha. Por quê?

    • Porque o leitor já está exausto, confuso e anestesiado por toneladas de texto e piadas ruins quando chega lá.
    • As emoções não vêm do coração, mas da tentativa forçada de fabricar clímax. É uma montanha russa onde todas as curvas são iguais, e o carrinho emperra no meio do looping.
    • O vilão? Genérico. A redenção? Instantânea. A motivação? Um colar de gelo. Sério?

    🔎 Resumo do impacto: Se o autor queria que a gente chorasse no final, conseguiu — mas de cansaço. O impacto emocional é diluído por excesso de exposição, repetição de fórmulas e diálogos explicativos.

    🧨 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    “A Loja de Brinquedos do Papai” é o tipo de conto que começa com uma promessa de magia e termina com um aviso de recall literário. A estrutura não se sustenta, o tom não se define, e o autor parece tão encantado com suas próprias ideias que esquece de se perguntar: isso está funcionando para quem está lendo?

    Há potencial? Sim. Com cortes, reestruturação e humildade. Mas, do jeito que está, o texto é como um brinquedo de pilha que só funciona por 5 minutos e depois começa a fazer um barulho estranho que ninguém entende.

  18. Leandro Vasconcelos
    5 de maio de 2025
    Avatar de Leandro Vasconcelos

    Olá! Este é um dos primeiros contos que leio deste desafio, mas creio que será um dos mais originais. Original porque, apesar de ser uma fanfic dos Ursinhos Carinhosos (o que atende bem aos temas do concurso), não deixa de ter seu lado inusitado e sombrio. Meu principal problema com textos baseados nesse tema “chubesco” é que podem facilmente descambar para narrativas melodramáticas ou excessivamente sentimentais. Em um primeiro momento, achei que fosse o caso deste conto; mas, com o avançar das linhas, percebi que tinha algo mais – ponto positivo!

    O enredo também traz uma ideia interessante sobre como nossas cicatrizes e desilusões podem nos transformar em indivíduos mais maduros. Isso aconteceu com os ursinhos, que perderam a infantilidade e puderam alcançar um estágio mais consciente das durezas da vida, algo que aparentemente foi repassado ao menino-protagonista. Uma ótima elaboração da ideia! Aliás, o arco de cada um desses ursinhos (que perceberam que não poderiam dar amor gratuitamente) e suas novas personalidades foi bem trabalhado, embora de forma sucinta, o que é bem adequado ao gênero textual. Igualmente apreciei os momentos de alívio cômico trazidos pelo ursinho apostador, uma terrível advertência (ainda que humorística) sobre o que o vício pode fazer.

    Agora, passemos para o lado da crítica. Em primeiro lugar, não achei correto o foco narrativo na primeira pessoa. O narrador-personagem não se adequou muito ao texto – em algumas passagens, não parecia ser uma criança narrando, o que soou artificial.

    Ainda no tocante à forma: cuidado ao utilizar adjetivos em hipálages. “Olhar amargo”, “noite densa”, “passos pesados” são construções um tanto pobres, que podem ser substituídas por alguma expressão dos personagens ou descrição sensorial, por exemplo. Melhor mostrar ao leitor do que dizer a ele o que pensar.

    Outra coisa, não gostei do desfecho. Se a ideia era trabalhar com o tema fofinho, o final poderia ser mais conciliador. Talvez o pai, quando perdesse a luta, tivesse um insight sobre suas atitudes e se desculpasse, reunindo a família. A vingança pareceu ser retirada de algum livro de feminismo para crianças, que estereotipa o homem no arquétipo do rei obscuro – um déspota distante, manipulador e destruidor. Só que o ser humano tem muitas faces e, se o texto trabalha com a ideia de que tristeza, desilusão e outros sentimentos “negativos” podem ser convertidos em amor, moderação e maturidade, como o foi para os ursinhos, também o poderiam ser em relação ao pai.

    Enfim, de todo modo, parabéns ao autor pela proposta original!

  19. Luis Guilherme Banzi Florido
    4 de maio de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa noite! Tudo bem?

    Um conto muito bom! Gostei. A ideia é muito criativa, e é conduzida com muita edicacia e ais criatividade. Ou seja, voce parte de uma boa premissa. No começo, pra ser sincero, fiquei preocupado que fosse um conto cliche demais e pouco inventivo, que se limitaria a contar uma historia meio sem graça. Mas eu tava muito errado! Você usa toda sua criatividade para levar a historia para um caminho muito inesperado. O conto realmente brilha a partir do momento que o menino salva o urso. Parecia que ali acabaria em algum cliche feliz, mas voce subverteu as expectativas e o conto descambou (no bom sentido) para algo muito mais insano e divertido, com a inserção dos ursinhos desandados e desesperançosos.

    Mas voce vai alem! Não só apresenta novos personagens, usando de forma criativa o material base dos ursinhos, como tambem os utiliza de forma que faz a historia andar, que funciona perfeitamente dentro do enredo! Os novos poderes de cada ursinho fazem sentido e ajudam a trama a evoluir! Muito bom! O desfecho, ainda que nao totalmente inesperado (em relação ao pai e à mãe), funciona e entrega muito, devido à otima construção do enredo ao longo da historia.

    O conto ainda consegue entregar algum tipo de mensagem, sem se tornar piegas ou didatico.

    Ah, a tecnica é mto boa e a escrita é segura e muito correta.

    Muito bom trabalho, parabens!

  20. Augusto Quenard
    4 de maio de 2025
    Avatar de Augusto Quenard

    Achei ótima a ideia do enredo, bem legal mesmo.

    Quanto à execução, fiquei na dúvida se é infantil ou se era uma fanfic. Por um lado, tem uma pegada infantil na narrativa em alguns trechos (provavelmente pelo estilo do narrador, que é criança), mas por outros tem informações ou ideias que geralmente são banidas do material infantil (excluo, em tese, que a proposta seja justamente oferecer isso para as crianças, o que eu não acharia ruim, mas delicado, digno de debate). Então me parece que, no caso de ser a primeira opção, se é uma fanfic para adultos, essa infantilidade poderia ser moderada, porque às vezes pode atrapalhar o enredo. E se for o segundo caso, rever esses trechos.

    Por outro lado, acho que tem muitas explicações e explicitações que poderiam ser recortadas (e isso, por exemplo, entra no ponto anterior, se é uma fanfic, pode se cortar muita explicação, porque quem for ler entende e consegue fazer sínteses com mais facilidade), como, por exemplo:

    Tipo aqueles depósitos de lixo em prédios antigos ou filmes.

    ou

    A gaiola era fechada com um cadeado. A chave devia estar em algum lugar.

    No primeiro exemplo, a explicação de que é um toboágua sem água já é boa e suficiente, não precisa contextualizar mais. E, no segundo, é mais do que provável que a chave deve estar em algum lugar. A não ser que o enredo passe justamente pelo contrário, que alguém tenha derretido ou feito desaparecer a chave, o que não foi o caso.

    Desse tipo, me pareceu que tem bastante texto a ser cortado pra focar no enredo e explorar essa ideia genial de que os sentimentos opostos ao dos ursinhos carinhosos também podem gerar transformações.

    Quanto à ortografia, peguei dois errinhos: “à dentro” e “à pena”. Mas isso é detalhe.

  21. Rangel
    4 de maio de 2025
    Avatar de Rangel

    Olá, Betinho!Como eu amava esse desenho! É outra história que se adéqua aos dois temas.Gostei do seu protagonista, uma criança sozinha, ‘órfã’ de mãe que se apega ao ursinho nos momentos de carência. O plot do pai sendo o vilão sendo o pai funciona bem nesse tipo de história infantil. Embora pudesse ser melhor desenvolvido, era bem assim que esses desenhos faziam na década de 90.Um detalhe na escrita me chamou a atenção negativamente. Você utiliza muito a conjunção ‘e’ para ligar orações coordenadas. Veja esse trecho que selecionei: “Então peguei todas as chaves e dei para os ursinhos irem abrir as gaiolas. Fomos abrindo e salvando os outros bichinhos, de vários tipos, com cores e símbolos diferentes no peito”. Esse tipo de construção se repete em quase todos os parágrafos, ficando um tanto cansativo e previsível. Mas de um modo geral o texto é divertido e funcional ao que propõe. Boa sorte!

  22. paulo damin
    4 de maio de 2025
    Avatar de paulo damin

    Gostei que esse conto parece uma mistura dos quatro gêneros do campeonato até agora: humor, terror, infantil e fanfic. Inclusive, aparece aqui o tema subjacente a praticamente todos os contos da rodada passada: problemas familiares.

    Tem também um aspecto de crônica social, crítica ao capetalismo, identificando o mal no patriarcado. Acho que poderia melhorar e até ser publicado, caso se cortassem algumas descrições e se fosse mais direto ao ponto (é um texto que tem um ponto de chegada evidente).

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Publicado às 3 de maio de 2025 por em Liga 2025 - 2A, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .