EntreContos

Detox Literário.

Minha Mãe e o Menino Morto (Daniel Reis)

1.

– Mãe, o que é esse barulho, lá fora?

– Dorme agora, guri. É só o urutau, piando num mourão…

Em nosso quarto, sobre a cômoda ao lado da cama havia sempre uma vela acesa num pires, iluminando o rosto da pequena estátua de Nossa Senhora. Quando o vento sul soprava pelas frestas, o bruxulear daquela luz pálida parecia insuflar vida à santa. Sua fisionomia se transformava, diante das minhas pupilas dilatadas pela escuridão e pelo medo, passando da rígida expressão de piedade em que fora esculpida, até chegar a uma inclemente raiva incontida. Seu corpo tremeluzia, desde manto azul até as vestes brancas que cobriam o ventre já proeminente, no qual levava outra vida. Rezei para que tudo aquilo fosse só fantasia. Mas eram visões que se intensificavam, todas as noites, como o pio distante daquela ave agourenta… eu, criança crédula, comecei então a ouvir e a ver coisas muito mais reais do que eu poderia imaginar…

2.

Desde pequeno tive medo do escuro e de lugares pequenos, fechados. E o que causou isso em mim foi justamente enfrentar a semiobscuridade daquele quarto minúsculo, todas as noites, à hora de dormir. Ali, só cabiam eu, minha mãe e uma pequena cômoda de madeira, feita para abrigar santa e sua vela.

Pelo menos era o que eu achava.

Morávamos numa quatro-águas simples, num bairro de gente ainda mais pobre do que nós. Minha mãe fugiu da casa dos pais e me trouxe consigo, até a periferia de Porto Alegre. Apareceu ali sozinha e nunca falou sobre meu pai, e nem precisava. Segundo ela, eu era o homem da casa.

Tu sempre vai ser o meu predileto…

Eu estava sempre com ela, grudado na barra das suas saias. Para sobreviver, costurava; primeiro, atendendo as famílias pobres que viviam por perto; depois, com a reputação já estabelecida, recebendo encomendas de algumas famílias mais ricas. Com isso, conseguiu até comprar uma máquina de costura. Sua especialidade, porém, eram as agulhas de tricô. Com elas, fazia muitas coisas, além de blusas, cachecóis, gorros e até colchas, como aquela que enfeitava nossa cama.  Entretanto, o intenso movimento na casa não se devia somente àquela sua habilidade profissional. Porque, por maior que fosse sua competência com as agulhas, minha mãe tornou-se famosa na região como a Benzedeira da Ilha da Pintada. E, mais tarde, também pelos jornais, só que de outra forma.

2.

O medo que eu sentia da santa não era fortuito. Uma das histórias contadas pela mãe para me fazer dormir, e que me impressionou a ponto de eu perder o sono várias noites pensando nela, era a do Negrinho do Pastoreio. Ela a havia escutado de sua mãe, e esta, por sua vez, da avó. Mesmo que cada um conte a seu modo essa história, até hoje, a versão de minha mãe sempre me pareceu a mais horrível. Segundo dizia, o Negrinho do Pastoreio era um menino frágil, filho bastardo de um estancieiro com uma escrava, a qual veio a morrer no parto; seu pai nunca o reconheceu ou demonstrou piedade por ele. Por isso, não tinha nem um nome, sendo chamado só de Negrinho. Foi designado pelo pai-patrão para a lida mais dura, desde pequeno, cuidando dos cavalos no campo. O único consolo do Negrinho era conversar à noite com sua madrinha, a Nossa Senhora – madrinha por adoção, diga-se, já que nem batizado ele foi. Só o menino podia vê-la, e com ela conversava até tarde da noite; e a ele a Virgem Maria protegia. Mas nem por isso se tornou imune ao ódio do estancieiro quando o cavalo preferido do patrão, um ruão quase inteiro branco, fugiu para o Pampa devido a um descuido do menino com a porteira. Naquela madrugada mesmo o Negrinho levou uma grande surra; mas, já na manhã seguinte, o cavalo estava de volta à estância – ou melhor, havia sido milagrosamente trazido pelas mãos amorosas da madrinha, durante a noite.

Tempos depois, outro menino quase de sua idade, também filho do estancieiro, porém reconhecido e mimado como ele só, por pura maldade abriu novamente a porteira, deixando fugir não só aquele cavalo, mas toda a tropa, que se espalhou pelas propriedades ao redor, por quilômetros.

O patrão ficou furioso e castigou ainda mais o Negrinho pelo descuido, deixando-o amarrado e deitado num formigueiro, para passar a noite pensando no que fez.

Quando o estancieiro voltou, pela manhã, o menino já não estava mais lá. O homem imaginou que as formigas deviam tê-lo devorado por completo, até os ossos. Para surpresa geral, todos os cavalos fugidos agora estavam resgatados, de volta às suas baias.

Menos o cavalo branco.

E aí vinha a parte mais apavorante: minha mãe terminava sempre a história dizendo que, todas as noites, montado no cavalo branco, o Negrinho saia a campear pelos pampas. Livre, como nunca foi.

– Mãe, o Negrinho está morto? – resolvi perguntar, uma vez.

– Isso eu não sei. Pergunta tu, pra Nossa Senhora… – foi a resposta que ela me deu.

3.

De tempos em tempos, vinham à nossa casa grupos numerosos de pessoas, pedindo rezas, bênçãos e até curas milagrosas. Eram tantos os solicitantes que minha mãe precisou colocar uma placa na porta: “Benzimentos só às terças e quintas-feiras, das 19h às 21h”.

Nesses horários, as pessoas chegavam a se aglomerar na calçada em frente da nossa casa, em fila indiana. É claro que a vizinhança não gostava nada disso, mas todos tinham muito medo da benzedeira e de seus poderes. Também havia algumas consultas individuais, que aconteciam fora desses horários estipulados na placa. Na maioria eram mulheres ou casais jovens, que vinham tarde da noite e ficavam até a manhã seguinte. Pernoitavam no pequeno depósito de madeira ao fundo do quintal, transformado em quarto de visitas, ao lado da casinha onde fazíamos nossas necessidades.

Os pedidos variavam muito: fechar um pulso aberto, remover uma verruga, curar a crise de soluços, melhorar o “desempenho físico” (que eu inocentemente não sabia o que significava), ou até mesmo conseguir um emprego melhor. A todos, minha mãe dava as mãos, dizia suas orações e só depois fornecia as orientações detalhadas: “tome um banho de chá de carqueja”, “faça um saquinho de pano com um pouco de sal grosso e coloque atrás da porta”, ou “reze doze ave-marias e doze pais-nossos, que vai embora”. Às vezes, ela conversava sozinha, com ou sem gente estranha por perto, mas eu ainda não via nada.

Até aquele dia.

Era um final de semana, fora dos horários normais de atendimento, já tarde da noite. No portão, um casal não muito novo e aparentemente bem rico (chegaram num automóvel novinho em folha) implorava às lágrimas pela ajuda da minha mãe, dizendo terem sido aconselhados por alguém que garantiu ser ela a única que os poderia ajudar, nesta vida.

Quando minha mãe concordou em atendê-los, saiu do carro e entrou com eles em nossa casa um menino praticamente da minha idade, vestindo calça de brim e blusa cacharrel, de cor mostarda. Só alternava seu olhar alheio entre o ambiente, minha mãe e eu, sem olhar para seus pais. Parecia ser mudo ou deficiente mental. Talvez fosse o motivo para eles estarem ali.

– Ele não fala com a gente… chorava a mulher.

– Já tentamos de tudo, e ninguém consegue nos ajudar… nós acreditamos, mas faz meses, e ainda nada! – era o desabafo do pai.

Minha mãe procurou com os olhos o menino pela sala. Para mim, o guri parecia totalmente indiferente à cena.

Então, ela fechou os olhos, tentando ouvir melhor as vozes.

– Ele estão me contando… – disse, após alguns instantes de reza concentrada.

Os pais do garoto não continham mais a impaciência por uma explicação, qualquer que fosse.

– Parece que culpa não foi de vocês. Tinha que ser assim. Agora, não há muito o que fazer. Ele vai continuar… – ela vacilou em concluir a frase.

– Por favor, faz alguma coisa, qualquer coisa… tu consegue falar com ele, saber por que…? Quem sabe ele te explica… – implorou a mãe do menino.

Minha mãe pensou por um instante, saiu da sala e foi até o quarto. Trouxe consigo a estátua da santa e vela apagada, e colocou ambos sobre a mesa de jantar.

– Se você está conosco, fala agora, que eles querem escutar o que você tem a dizer…

Mas o menino permanecia mudo.

Minha mãe começou a rezar baixinho.

Nisso, o guri veio até mim, do outro lado da sala. Parecia querer contar um segredo. Parou tão perto que eu podia sentir sua respiração ofegante em meu rosto. Então, baixou a gola da cacharrel e me mostrou a cicatriz negra, deixada pela corda, em volta do seu pescoço.

Nem que pudesse, ele falaria mais do que isso.

Então, descrevi a cena que só eu podia ver.

Minha mãe ficou sem palavras.

4.

Tu consegue ver também? – perguntei a ela, ainda naquela noite.

– Como tu, eu não enxergo. Só escuto as vozes. Ele é o primeiro que aparece pra ti? – quis saber.

– Sim, e agora eu tô com medo – fui sincero.

Ela deu um sorriso triste, e me explicou:

– Quando for assim, tu finge que não vê. Não dá bola pra eles. Se tu não quiser, isso não dura pra sempre. Logo, tu te liberta dessa maldição… e eu também.

5.

Já estava na hora de eu conhecer a escola. Por isso, vesti o uniforme feito por ela há muito tempo, e fui até o colégio dos irmãos maristas. Era como eu imaginava: calça social preta, sapatos pretos, cinto de couro preto, camiseta branca impecável e uma gravatinha fina, combinando com o resto. Lá, só havia meninos; as meninas estudavam no colégio das freiras.

No primeiro dia, na hora do recreio, eu ainda não havia feito amigos ou conversado com as outras crianças. Um grupo resolveu fazer uma bola de papel para um jogo de futebol improvisado, e os dois capitães, os meninos mais fortes ou habilidosos, disputaram no par-ou-ímpar quem começaria a escolha dos seus jogadores, de forma alternada. É claro que os dois times já estavam completos antes que eu pudesse ser chamado. Só restava, então, assistira a diversão da gurizada. Reparei, noutro canto, outro menino tão triste quanto eu, lanchando sozinho. Era o único negro no pátio, quem sabe até naquele colégio.

Fui falar com ele.

Tu também não é bom de bola?

O menino virou a cara, me ignorando. E desapareceu imediatamente, diante dos meus olhos, como se tivesse sido arrebatado por um cavalo selvagem.

6.

A recorrência das visões foi me transformando. Eram muitas aparições, sobretudo de crianças mortas, mas havia mulheres e homens também. Diariamente, dezenas deles circulavam pelo quintal ou pela casa. A maioria me ignorava. Em alguns desses dias, eu precisava até desviar dos pequenos bebês que passavam engatinhando ou se arrastando pela casa, deixando um rastro de sangue no chão. Aos poucos, para não ver algumas dessas cenas, passei a fechar os olhos e me concentrar nas orações à Virgem Maria; ou, quando já era de noite, a torcer para escutar o pio agourento do urutau, imaginando que eles, então, deviam estar lá, bem longe de mim…

O canto desse pássaro maldito lembrava a entonação da voz do Padre Sérgio, diretor do colégio marista, quando celebrava as missas diárias a que éramos obrigados a assistir. Eu me distraía em meio a todo aquele latim e aos cantos fúnebres do ofício, prestando mais atenção às estátuas da igreja do que à cerimônia propriamente. Somente seguia o fluxo das palavras desconhecidas, levantando ou ajoelhando por imitação aos outros; e reagindo ao responsório de Frei Sérgio com qualquer frase desconexa que eu pudesse inventar, posto que inintelegível em meio às outras vozes juvenis.

Foi justamente numa das pausas daquela liturgia, o momento da consagração, que senti ao meu lado uma presença arrepiante, quebrando o silêncio da genuflexão.

7.

– Você não sabe quem eu sou. Mas eu te conheço muito bem.

O menino, também ajoelhado ao meu lado no banco da igreja, de cabeça baixa, falava disfarçadamente comigo em tom monocórdio, sem olhar diretamente para mim. Parecia ter um ou dois anos a mais do que eu tinha, e vestia-se com roupas muito simples, quase gastas. Definitivamente, não era um dos alunos da escola.

– Se você me convidar pra tua casa, posso te contar o que tu nem desconfia – disse ele.

Vacilei, antes de responder:

– E como é que tu me conhece?

– Sei que tu é o filho da bruxa.

Fiquei atônito. Eu devia ter no rosto aquela expressão da estátua da Virgem Maria, à luz da vela.

– Olha aqui, minha mãe é benzedeira, ela não é bruxa.

O menino deu uma risada sardônica.

– Tudo bem, que seja. Vamos lá e eu te mostro.

– Não dá, a aula começa depois da missa – justifiquei.

– Não precisa ser agora, agorinha, seu tonto. Eu sei onde tu mora. Te encontro lá, à noitinha.

O menino levantou-se e caminhou em direção à porta. No altar, o padre intensificou sua ladainha agourenta, entoando aquele canto repetitivo de costas para nós. Olhei novamente para a porta da igreja o menino já havia ido embora, sem que eu soubesse qual era o seu nome.

8.

Quando ele chegou em nossa casa, já estava escuro e minha mãe ainda não havia chegado. Passou pela porta sem cerimônia e foi se abancando, calmamente, no sofá puído da sala. Tinha uma fisionomia bem familiar, só que eu não saber do onde já o conhecia.

Tu vaificar aí, parado, como uma estátua? – desafiei.

– Espera um pouco, que ela já deve estar chegando. Daí eu conto tudo.

Permaneceu assim, em silêncio, enquanto ouvíamos várias e várias vezes o canto do urutau; que agora parecia estar mais perto, e não ser somente um, mas composto a três vozes, que se alternavam em lamúrias arrepiantes.

9.

Nem dez minutos passados, minha mãe entrou pela porta da rua, braços ocupados com as compras do bolicho, acondicionadas naqueles sacos pardos de papel grosseiro. Pés dentro de casa, deixou cair um dos pacotes com a garrafa de vinho, que se partiu ruidosamente, espalhando o tinto pelas lajotas do piso.

– Tá sentindo uma presença estranha aqui, guri? Quem tá aí, com você? Consegue ver? Coisa boa é que não é!

Nunca tinha visto minha mãe com medo deles. Aquela foi a primeira e a última vez que isso aconteceria.

O menino sentiu o medo no ar e abriu um sorriso perverso. Levantou-se calmamente do sofá, aproximando-se, sorrateiramente, passando por trás da minha mãe. Sem conseguir enxergá-lo, permanecia presa do pânico. Sabia que havia uma presença maligna, procurando-a desesperadamente com os olhos, por todos os lados. Só conseguia ouvir som de seus passos, esmigalhando cacos de vidro no chão.

Até que ele chegou tão perto, quase tocando com seus lábios o pescoço dela, que os pelos dos braços da minha mãe se arrepiaram, tomados pela eletricidade estática. Era como se o frio do minuano atravessasse a sala, sem que houvesse porta aberta.

Finalmente ele falou diretamente com ela, em voz baixa e ameaçadora:

– Mulher-Bruxa, você sabe bem quem eu sou!

Esperou um instante antes de golpeá-la com a verdade:

–Eu sou o filho que você não quis ter!

Com a força do impacto, minha mãe se estatelou no chão sobre os cacos da garrafa, misturando sangue e vinho consagrado, enquanto tentava encobrir o rosto com as mãos, numa mistura de horror, vergonha e desespero.

– E tu – bradou ele, agora em tom alto, olhando diretamente para mim – tu é o irmão que eu nunca tive, e o filho que ela tanto quis que ainda houvesse!

Nesse instante, senti como se milhões de formigas picassem meu corpo, injetando o veneno ardente que desceu até a minha alma.

10.

Viu-se então um raio ofuscante, seguido de um trovão inaudito, como nunca houve, e que reverberou por toda a grande Porto Alegre. Com o tremor, até a santa que estava no quarto espatifou-se no chão. E a vela que a iluminava rolou da cômoda e caiu, ainda acesa, espalhando sua chama sobre a colcha de tricô da cama.

11.

Vários jornais da cidade disputaram com manchetes garrafais quem tinha a cobertura mais completa sobre o incêndio ocorrido naquela casa pobre da periferia. Tudo indicava que o local era uma clínica de abortos clandestinos, praticados por uma mulher que se tornou conhecida a partir de então como a Bruxa da Ilha da Pintada. Os bombeiros descobriram no quintal, atrás dos escombros fumegantes, dezenas de fetos enterrados a poucos metros de profundidade. E dentro de um dos quartos da casa, trancado à chave dentro de uma cômoda de madeira que estranhamente passou incólume pelo incêndio, o esqueleto pútrido de um menino já crescido, de três a quatro anos de idade. Estranhamente, aqueles restos mortais estavam vestidos com um uniforme escolar bem maior do que a compleição do cadáver da criança. Ao que tudo indica, era tudo parte de um ritual; o cuidado com os detalhes no sepultamento improvisado denotava, estranhamente, um lampejo de humanidade e apego naquela mulher. Sentimento que, aparentemente, ela não havia demonstrado pelas outras crianças sacrificadas na casa. Todas mortas com a mesma indiferença com que, anos antes, ela também havia rejeitado e abortado outra criança, a que crescia em seu ventre, usando as habilidades que tinha com as agulhas de tricô.

Sobre Fabio Baptista

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19 comentários em “Minha Mãe e o Menino Morto (Daniel Reis)

  1. Fabio D'Oliveira
    29 de março de 2025
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas, Urutau!

    É um conto equilibrado, em geral. Tem bons personagens, bons momentos de terror, boa técnica de escrita. A única coisa que escapa dessa harmonia, infelizmente, é a narrativa.

    Um terror precisa ter uma boa atmosfera. A construção de uma tensão crescente é importantíssimo para o ápice da história. E esse fator depende completamente da narrativa. Em como você constrói a história para o leitor. A abertura é sensacional, por exemplo. Prepara o leitor para uma ambientação sombria e insalubre, levemente melancólica. Porém, no terceiro ato, existe uma quebra total dessa atmosfera criada pelo primeiro ato, quando, desnecessariamente, você dedica o ato inteiro à história do Negrinho do Pastoreio. E isso se repete em alguns momentos do conto. Essas quebras de clima, que chamo de momentos anticlimáticos, enfraquecem a imersão do leitor e diminui o impacto que ápice traz.

    É um terror sobrenatural, sim, mas que é enfraquecido pela narrativa, que é incapaz de construir uma atmosfera eficiente. O conto está longe de ser ruim. Gostei muito de algumas cenas, como a abertura, a visita dos pais que querem falar com o filho morto e a finalização. Mas tinha potencial de ser muito melhor do que é.

    Abração.

  2. Bia Machado
    29 de março de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Enredo/Plot: 1/1 – Eu gostei muito da história. Daquelas que se descuidar perde alguma coisa. Achei diferente, angustiante principalmente do meio para o final.

    Criatividade: 1/1 – Achei criativo, com elementos diferentes como a santa e a benzedeira.

    Fluidez narrativa: 1/1 – A narrativa segue um fluxo sem pressa, revelando aos poucos o mistério e aumentando a carga de terror também. O final foi um grande plot. Eu não imaginaria.

    Gramática: 0,8/1 – Algumas coisinhas passaram na revisão.

    Gosto/Emoção: 1/1 – Eu gostei bastante, no começo achei o ritmo um pouco cansativo, mas o texto é daqueles que vale a pena continuar.

  3. Andre Brizola
    29 de março de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Urutau!

    Um conto de terror que vai pelo caminho clássico, misturando espíritos e rituais, acrescentando uma criança à mistura. Me parece a fórmula mais segura, se me permite dizer, de acertar num enredo enxuto e seguro.

    Mas, devo dizer, todo o conservadorismo dos clichês do gênero não foi suficiente para garantir um texto totalmente equilibrado, em minha opinião. Acho que o conto vinha num ritmo muito interessante, construindo uma ambientação tensa, montando um cenário que dava a entender que chegaríamos em um clímax baseado no auspício sobrenatural do personagem principal. Mas o clímax acaba ocorrendo com algo que surge de repente e se resolve muito rapidamente, num passo que não combinou com o que vinha sendo desenvolvido. Pareceu corrido, apressado, e depõe demais contra a qualidade do que foi lido antes.

    Há também algo a ser revisado, mais no que diz respeito à digitação do que na gramática, de fato. Mesmo assim, são coisas que, isoladamente, passam numa boa num texto para um desafio de contos, mas que, se acumulados, acabam influenciando negativamente a experiência da leitura.

    Bom, é isso. Boa sorte no desafio!

  4. Raphael S. Pedro
    28 de março de 2025
    Avatar de Raphael S. Pedro

    Outro conto muito bom.

             Inicialmente, parabenizo o(a) autor(a) pelo domínio das gírias/expressões regionais empregadas. Mesmo não sendo um conhecedor do “gauchês”, confesso que fiquei envolvido como se por lá estivesse.

             Quanto a história, achei de muita inteligência a inclusão/menção de outro conto para trazer um clima ainda mais amedrontador.

             O desenvolvimento também foi bom, culminando com um final excelente.          Não vi muitos comentários sobre esse conto no grupo, porém diria que é um grande favorito ao prêmio da rodada. Parabéns!

  5. Thiago Lopes
    27 de março de 2025
    Avatar de Thiago Lopes

    Primeiro, que achado a frase! “É só o urutau, piando num mourão…”. Tem um som poético, inclusive a vírgula que aparece nela serve bem para marcar o ritmo. 

    O texto é bem escrito e eu gostei demais de reconhecer o Brasil nele. Tem uma coisa que, se o autor não tem consciência dela, é bom começar a reparar, que é a cadência das frases. As frases desse texto são limpas, com ritmo, parecem conduzir o leitor. 

  6. Leo Jardim
    27 de março de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐⭐▫▫): menino pobre vive com sua mãe médium, que ouve espíritos. Ele mesmo se mostra capaz de ver os mortos, como o menino do Sexto Sentido. Um filho abortado pela mulher acaba vindo se vingar.

    Pelo que entendi, no fim, o menino protagonista também é um fantasma? Era dele o corpo com uniforme escolar? Se era ele mesmo, quando ele morreu?

    Não curti muito a explicação vir toda no último capítulo, como uma notícia de jornal. Além de não vir completa, gerando necessidade de interpretação. Poderia ter vindo de forma mais orgânica, no decorrer do conto.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐⭐▫▫): achei boa, conduziu bem a narrativa, com boas descrições de cenas. Ficou somente o demérito do fim mesmo.

    ▪ Só restava, então, assistira a diversão (assistir)

    🎯 TEMA (⭐⭐): se enquadra no terror.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐▫): tem muitos contos de fantasma no desafio, mas vou considerar esse na média.

    🎭 IMPACTO (⭐⭐⭐▫▫): gostei do texto até o penúltimo parágrafo, mas não curti o desfecho. O desenvolvimento prende a atenção pela temática e narrativa. Tudo caminha bem até o momento em que o menino vai na casa e a vela cai. O capítulo final ficou muito descritivo e diminuiu o impacto.

  7. Rodrigo Ortiz Vinholo
    26 de março de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    A escrita é tecnicamente boa, mas a história não me pegou. Os pedaços são muito soltos, com idas e vindas que não se costuram bem, como o trecho do Negrinho do Pastoreio. Talvez em uma narração mais longa funcionasse melhor, mas aqui ficou parecendo algo agregado, uma ponta solta na história. Há também alguns cuidados de revisão que passaram (incluindo a numeração dos trechos com repetições), que acabam por distrair um pouco em alguns pontos. O enredo em si é interessante, e tinha potencial, mas o final me deu uma impressão moralista que me desagrada, sem falar que pareceu um tanto corrido.

  8. rubem cabral
    26 de março de 2025
    Avatar de rubem cabral

    Olá, Urutau.

    Um ótimo conto de terror, com uma ambientação muito rica, no sul do Brasil e no passado.

    Gostei da quebra em pequenos capítulos, pois mudavam a ação, embora não causassem grandes hiatos na narração.

    Escrita segura, bom equilíbrio quanto ao vocabulário que consegue ser rico e, ainda assim, bem compreensível. Boa reviravolta no parágrafo final, explicitando a natureza real da benzedeira e seu negócio.

    Boa sorte no desafio e abraços.

  9. Thiago Amaral
    26 de março de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Aqui temos mais um conto do estilo “estava morto o tempo todo”. Dessa vez, no entanto, eu não esperava. Tanta gente morta, que até me perdi kkk

    O conto está bem escrito, tendo apenas alguns errinhos de revisão aqui e ali. O resultado, no entanto, é médio, pois não apresenta grandes surpresas ao longo do seu desenrolar. Vários momentos são narrados, mas eles não são tão significativos, e muitos deles tem o objetivo apenas de apresentar o cenário e os personagens principais. Um destaque foi o fantasma da criança que tinha marcas no pesccoço. Essa cena ficou legal, e eu diria que a mais marcante do conto.

    O impacto mesmo ocorre no último parágrafo, onde descobrimos que a casa do narrador era uma clínica de aborto clandestino, e que nosso protagonista estava morto. Várias pistas foram deixadas no caminho, e é bacana rever tudo, como a quantidade enorme de bebês fantasmas engatinhando pela casa, ou o motivo pelo qual o garoto não era escolhido para jogar bola.

    Mesmo com essa virada mais interessante, porém, o impacto geral do conto foi médio.

    Obrigado e boa sorte no desafio.

  10. bdomanoski
    23 de março de 2025
    Avatar de bdomanoski

    Esse conto tem algo que eu detesto: uma conclusão confusa. O texto se alonga, detalhando calmamente sobre o protagonista e sua mãe. Conta calmamente sobre a lenda do Negrinho da Virgi Maria, mas então, o limite de palavras se impõe como um vilão, e uma torrente de informações é despejada no último capítulo, fazendo com que o leitor tenha que, de repénte e em velocidade máxima, desconexa com o restante do conto, absorver 1 litro de informações em um único gole. Devido a ser abrupto demais, não desce bem. Tem-se que passar um longo tempo casando as informações para ver se elas fazem algum sentido. O menino que apareceu era um que foi deixado vivo dentro de uma comoda, usando uma roupa escolar ? Achei bem legal isso de clinica de aborto clandestino, deu um realismo maior a história, quando pensava-se que a mãe do rapaz era apenas benzedeira, era além disso. Isso da agulha de tricô ser instrumento “médico” ficou bom também. No fundo, a mulher devia pensar estar apenas ajudando as pessoas que a procuravam. O terror está presente no conto em vários momentos, algumas passagens, como a da lenda do negrinho e da presença do espírito ameaçador na casa, foram bem obscuras. O passaro Urutau, embora tenha ajudado a alimentar a atmosfera de terror, parecia por um momento mais importante pra história do que realmente era: um objeto decorativo. Enfim, eu parcialmente gostei da história e da narrativa, mas me incomodou a torrente de informações no final. que vieram com velocidade diferente do que o conto apresentava até então. Um parágrafo excessivamente explicativo. Quem sabe sem o limite de palavras a história não cresça e não brilhe muito mais? Mas, tirando isso, dá pra perceber que o autor(a) trabalhou duro no conto, e ficou bastante substancial.

  11. Kelly Hatanaka
    21 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Para ser chata: tem dois capitulos 2. Mas isso não atrapalha em nada este ótimo conto. Menino conversa com mortos e descobre que sua mãe fazia abortos. Bem que eu estranhei aquele negócio de casais dormirem lá. Porém, no último capitulo tudo fica claro. E isso é muito satisfatório. Como pequena crítica, achei o último capítulo meio corrido, talvez por conta do limite de palavras, o que quebrou o bom ritmo do resto do conto.

  12. Jorge Santos
    20 de março de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, autor ou autora. O Entrecontos é uma aprendizagem constante. O facto de ser português faz com que desconhecesse o urutau. Felizmente que a wikipedia existe para colmatar essa falha imperdoável. Sei agora que se trata de uma ave noturna peculiar, que se ajusta ao tom do que você quis dar ao conto. Para além de me ensinar coisa que desconheço, o Entrecontos deu-me outro tipo de lições. Também eu já separei os meus contos. Aprendi que esse recurso tem de ser usado com conta, peso e medida. A divisão dos momentos narrativos tem de ter uma intenção muito vincada, a de aumentar o impacto do texto, o que creio seria desnecessário no seu caso. No entanto, não dificultou minimamente a leitura. Quanto ao texto propriamente dito, gostei bastante da coerência da ideia, da forma fluída como foi escrito e do impacto do final. A princípio pensei estar perante um remake do filme Sexto Sentido, contendo um rapaz que via fantasmas. No entanto, o desfecho muda tudo e aumenta o interesse pelo texto. A descoberta de que se trata do espírito do irmão que tinha sido vítima de aborto é um recurso estranho – primeiro por se tratar de um espírito, depois por se tratar de um espírito que envelheceu, o que contraria tudo o que já se leu e viu sobre fantasmas. Posso pactuar facilmente com essa ideia: estamos no domínio da ficção, pelo que todos os recursos são válidos para aumentar o impacto. Mas, mesmo assim, é algo estranho.

  13. paulo damin
    20 de março de 2025
    Avatar de paulo damin

    O título é eloquente, a gente fica esperando a confirmação de que o morto é o próprio narrador. Isso gera uma expectativa e possibilita uma leitura familiar, como a de vários contos nessa rodada.

    Mas o melhor desse conto aqui é que os elementos simbólicos estão bem amarrados, a começar pelo pássaro, que representa o azar, até a iconografia de morte do catolicismo, passando pelos objetos populares (todo mundo sabe pra que serve agulha de tricô) e pela atmosfera paralela à lenda. Isso faz deste conto o mais encorpado da rodada na série A, porque está apoiado na tradição não apenas do gênero terror, mas sobretudo na tradição popular, fonte dos nossos medos latino-americanos.

    Excelente o fato de os personagens não serem importados da língua inglesa, hein, e excelente a ausência de violência física explícita. A única coisa que eu acho que poderia melhorar é no texto mesmo, que tem pouca voz própria. Dá pra sentir que o autor sabe contar histórias. Por que não contar do jeito dele, com menos pasteurismos do tipo “o bruxulear daquela luz pálida parecia insuflar vida à santa” ? Tacale pau, véi. Tu tá te baseando na oralidade pra fazer esse conto. Aproveita a oralidade, a tua, também.

  14. Cyro Fernandes
    19 de março de 2025
    Avatar de Cyro Fernandes

    Conto bem criativo e com ótima técnica.

    O terror vai crescendo na residência da Bruxa da Ilha da Pintada, numa narrativa bem amarrada.

  15. toniluismc
    19 de março de 2025
    Avatar de toniluismc

    O conto apresenta técnica narrativa apurada, estruturado em partes curtas, com linguagem clara, equilibrada e eficiente na construção da atmosfera. O ritmo crescente é conduzido com habilidade, em especial pela inserção cuidadosa dos elementos sobrenaturais, proporcionando uma progressão fluida do suspense à revelação final. As descrições são vívidas e bem exploradas, envolvendo o leitor em uma ambientação quase palpável. Pequenos ajustes poderiam ser feitos no desenvolvimento das aparições intermediárias, algumas delas soando ligeiramente repetitivas, mas a qualidade geral permanece alta.

    O autor trabalhou de maneira original temas tradicionais do imaginário gaúcho e brasileiro, como a lenda do Negrinho do Pastoreio e as crenças populares relacionadas à figura das benzedeiras. O entrelaçamento dessas tradições culturais com uma narrativa de terror psicológico e sobrenatural foi executado com habilidade. A revelação da mãe benzedeira como praticante de abortos clandestinos sob uma fachada de piedade é criativa e perturbadora, surpreendendo pela ousadia em utilizar elementos culturais locais numa trama de impacto universal.

    Impacto excepcional, perturbando e impressionando ao explorar temas densos, como maternidade negada, culpa, religiosidade distorcida e a perda da inocência infantil. A cena final é brutal e inesquecível, oferecendo um desfecho que atinge profundamente as emoções. A revelação da verdadeira natureza dos atos da mãe nos deixa com um misto de horror e reflexão, e a imagem da criança trancada dentro da cômoda é especialmente poderosa e perturbadora. O impacto emocional é reforçado pela coerência narrativa com os elementos simbólicos (como o urutau e a imagem da santa), que permanecem na memória mesmo após a conclusão da leitura.

    Parabéns pelo belo texto!

  16. Afonso Luiz Pereira
    17 de março de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    “Minha Mãe e o Menino Morto” é um conto de terror psicológico que explora a culpa, os segredos familiares e o sobrenatural de forma intensa e inquietante. Achei a técnica da escrita muito boa, embora os parágrafos grandes tenham me incomodado um pouco.

    As descrições dos primeiros parágrafos são muito bem feitas. Gostei muito. O conto já vai estabelecendo um clima de mistério e tensão desde o início, com o urutau sendo usado como presságio de morte. A ambientação é detalhada, aproveitando o imaginário das rezadeiras, os efeitos da estátua da santa no menino, as crendices populares e do catolicismo rural para criar um horror bem enraizado na cultura brasileira.

    A revelação de que a mãe do protagonista era uma abortista clandestina e que os fantasmas eram as almas das crianças rejeitadas torna a história bem sombria. O menino morto que aparece pode ser interpretado como uma assombração literal ou uma manifestação do próprio trauma familiar.

    “Minha Mãe e o Menino Morto” é um conto bem feito, que traz um horror bem abrasileirado, vamos dizer assim, repleto de simbolismo e mistério. É, sim, uma boa experiência de leitura.

  17. Leandro Vasconcelos
    15 de março de 2025
    Avatar de Leandro Vasconcelos

    Olá! Gostei do conto! A leitura flui bem, pois, além de o texto ser muito coeso, interessamo-nos em entender o mistério posto pelo autor. A princípio, esse mistério verte à estranha capacidade sobrenatural da mãe. Depois, se transmite ao seu filho. Por fim, ao menino que aparece subitamente na missa. A narrativa pula de um ao outro, de forma ligeira, tudo envelopado por uma “atmosfera espírita” – entre aspas porque envolve não só aspectos dessa religiosidade, mas do sincretismo brasileiro.

    O terror é suave e paulatino, crescendo na medida da intensidade das aparições. Dignas de nota são as duas cenas capitais do conto: em que o casal visita a casa do protagonista, bem como a derradeira, na qual o mistério do menino abortado é descoberto. Ambas muito bem construídas e apavorantes.

    Ademais, muito me agradou o regionalismo do sul do país, bem transposto ao famigerado “tu” combinado com verbos na terceira pessoa, além de expressões típicas do Rio Grande: minuano, bolicho etc.

    Do lado da crítica construtiva, entendo que o enredo careceu de maior harmonia. Digo isso porque vão se acumulando fatos que não contribuem para o desfecho. Imaginamos que tudo vai ter uma explicação, todos esses fatos vão seguir uma linha causal definida. O negrinho talvez fosse a aparição do menino. O pio do Urutau talvez representasse um prenúncio de algo macabro. A imagem da santa, então, talvez pudesse ter um simbolismo. Ficamos apenas nesse “talvez”: expectativas que não se confirmam. Tudo bem, o conto caminha para outra senda, quiçá para surpreender o leitor, mas nos vemos um tanto frustrados.

    No mais, a revelação final, de que a benzedeira na verdade era uma “aborteira” não me pareceu uma saída muito boa. Sei lá. De costureira à curandeira; depois transforma-se em bruxa e finalmente em aborteira. São muitas mudanças bruscas para uma personagem só.

    Por fim, uma boa revisão para remover alguns errinhos de digitação, pontuação etc. seria de bom grado.

    Em suma, à parte dessas observações, é um texto envolvente, com uma aura de mistério bacana, que muito apreciei. Parabéns ao autor!

  18. José Leonardo
    13 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Urutau.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: Desde pequeno, o narrador vê fantasmas sobretudo de crianças a ponto de, em determinados momentos, não distinguir entre pessoas vivas e mortas (um “dom” herdado da mãe, uma benzedeira, também médium, mas que não os vê, embora os ouça). No fim, vemos como as torpezas visitam seus algozes em vingança. 

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: Urutau, você dispõe uma prosa limpa e que permite incutir elementos sombrios e de recordação no leitor. A situação humilde do narrador e de sua mãe também transparecem bem.

    A numeração da segunda e da terceira parte (ou bloco) do texto se repetiu, de modo que teríamos no total 12 partes, não 11, mas apesar disso creio que tais blocos se complementam tendo em vista que a parte sucessora trata da lenda do Negrinho do Pastoreio, importante para se entender o conto, e vem a adicionar elemento ao anteriormente desenvolvido (sobre os medos do narrador-personagem, por exemplo).

    O impacto maior está nas partes finais e explicam o que se passava com o narrador (mas farei ressalva sobre isso mais abaixo).

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Plenamente adequado ao terror. Curioso a adaptação (inspiração, melhor) na lenda do Negrinho foi se amalgamando com a função (aparente) da mãe do narrador e a revelação final sobre os abortos. O impacto reside em tal revelação que se dá mais claramente no capítulo/bloco 11.

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: Histórias de assombrações que aproveitam motes da realidade são sempre assustadoras. Creio que vários leitores ficarão com o seu conto na cabeça.

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto, inclusive sobre a nota?

    R.: Acredito que eu precisaria de mais elementos de enredo que afluíram para a revelação. Isso me daria um impacto maior. De qualquer modo, é uma boa história de terror. Nota: 4,1.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

  19. Fabiano Dexter
    12 de março de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Estou organizando os meus comentários conforme irei organizar as minhas notas, buscando levar para o autor a visão de um Leitor regular e assim tentar agregar algum valor. Assim a avaliação é dividida em História (O que achei da história como um todo, maior peso), Tema (o quanto o conto está aderente ao tema), Construção (Sou de exatas, então aqui vai a minha opinião geral sobre a leitura como um todo) e Impacto (o quanto o produto final me impactou)

    História (1,5)

    Um belo conto de Terror, com uma boa introdução, bem descritiva e cria um clima interessante para o restante da história. Inclusive as descobertas vão ocorrendo aos poucos e em um ritmo bom, de modo que a leitura fica agradável, apesar do enredo pesado, tendo a inclusão de capítulos numerados facilitado isso, pois vamos vendo a história e os mistérios evoluindo aos poucos.

    A pausa que temos para que seja contada a história do Negrinho do Pastoreio ficou meio fora do ritmo da narrativa, na minha impressão. Ainda que ao final possamos fazer uma relação entre o irmão mais velho do menino e o Negrinho do Pastoreio, ficou meio solto e não agregou muita coisa à história. O mesmo vale para a descrição da Santa, muito boa e que cria uma expectativa que depois é abandonada, como que esquecida.

    E ainda que o desenvolvimento tenha sido bem interessante, o final ficou um pouco corrido. Fica o entendimento de que o menino também estava morto, mas a mãe ainda o via, provavelmente por conta do ritual que fez. Um pouco mais de tempo/palavras poderiam ser dedicados a esse final.

    Tema (1,0)

    Um bom conto de Terror, com um crescimento do suspense e uma boa conclusão, ainda que um pouco corrida.

    Construção (1,5)

    Gostei da divisão por Capítulos, mas o número 2 aparece duas vezes. Algo que poderia ser visto em uma revisão mais detalhada.

    A História do Negrinho do Pastoreio também fica meio perdida no conto, mas no mais a evolução da histórias e das descobertas e feita em um tempo muito bom e que nos prende à leitura, curiosos sobre o que irá acontecer.

    Impacto (1,0)

    A boa construção e o desenvolvimento do menino ficaram excelentes e marcaram bastante. O final um pouco confuso e corrido atrapalha um pouco, mas não apaga o que é o Conto como um todo.

    Gostei bastante. Parabéns!

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1A, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .