EntreContos

Detox Literário.

Herança (Luis Guilherme)

Enxugando as lágrimas com as costas das mãos, Marisa olha uma última vez para o filho de dez anos. Aponta a adaga para o pescoço do menino e respira fundo.

– Mamãe, você não pode mais viver. Aceite a morte de boa vontade, senão você só vai sofrer mais – a criança repete o pedido, impassível. Marisa vê, por trás daqueles pretensos olhos inocentes, a sombra da maldade que o corrompeu.

– Sinto muito, meu bem. Não vai doer nada… – então atravessa a lâmina de um lado ao outro do frágil pescoço. E o mundo se rompe em milhões de fragmentos de dor.

Com o rosto salpicado de sangue, a mulher desaba de joelhos. Incapaz de conter os tremores, derruba a arma ao lado do corpo. Mesmo sabendo que isso era inevitável e já determinada a fazê-lo, temia que sua mente já fragmentada não fosse capaz de aceitar a atrocidade que cometeu.

As mãos espalmadas sobre as coxas, mantém os olhos fechados por um longo tempo, tempo suficiente para ouvir as sirenes ressoando ao longe. A mãe, no andar de cima, deve ter chamado a polícia. Resignada, reúne toda sua força e abre os olhos.

Ali está ele, o corpo sem vida de seu pequeno. Morto pela própria mãe. Tremendo violentamente, a mulher se levanta. Sabe que tem pouquíssimo tempo até que a polícia chegue, mexa no corpo e tire dela sua única chance.

Corre até a cozinha, pega uma vasilha, sal, carvão e um punhado de ervas não identificadas. Volta rapidamente à sala, e por um instante seu coração ameaça parar. O corpo sumiu. Sabia que não devia tirar os olhos dele.

Começa a se mover o mais lentamente que pode. Os olhos espreitam os cantos, à procura de algum mínimo movimento. Os dois podem estar em qualquer lugar. O menino, inocente, apenas uma marionete da maligna criatura, lamenta a mãe.

Caminha com cuidado até o outro lado da sala. A cortina está estufada, denunciando um corpo escondido. Recupera o punhal do chão e, empunhando-o no alto, esgueira-se a passos curtos e silenciosos, até ficar ao alcance da cortina. Então, esfaqueia com vigor o local onde a protuberância acusa a presença da criatura.

A faca perfura várias vezes o pano, chovendo retalhos de linho sobre o chão. Nada acontece. Ela ri. Ri muito alto, tomada pelo desespero. Ri até perder o ar e cair sem forças sobre as pernas. A sirene, agora em frente à casa, fere seus ouvidos.

A polícia logo vai entrar, e não há nada que ela possa dizer para explicar a situação. Jamais vão acreditar naquela mulher lavada de sangue falando sobre um menino de dez anos que foi possuído por um amigo imaginário. Num último ato desesperado, olha novamente para o local onde matou o filho. Ali está ele novamente, o pescoço vazando sobre o carpete. Rindo e chorando, ela fecha os olhos. A porta da frente se abre com violência.

Tudo começou há alguns meses, após mais um enterro da família, marcada por tragédias e mortes precoces. Eduardo, em sua curta vida, já havia assistido mais velórios que a maioria dos adultos. A avó, muito supersticiosa, mas pouco lúcida após testemunhar a maior parte de sua árvore genealógica morrer antes dela, dizia que a família era amaldiçoada. Algo relacionado a um irmão de Marisa que morreu antes de ela nascer.

Nesse dia, os olhos inchados e o peito carregado de dor, Eduardo saiu pela porta dos fundos do velório municipal. Tinha cansado de ouvir os adultos discutirem sobre a maldição da família Pereira. Queria tomar um ar no jardim. Sentou-se na borda da fonte e se perdeu em pensamentos olhando para o anjinho inexpressivo que soltava água pela boca.

– É doloroso, né?  – a voz fina rompeu o silêncio, causando um calafrio em Eduardo. – Desculpa, não queria te assustar. Me chamo Miguel – um triste sorriso destacava os olhos profundos da criança.

– Ah… Eduardo… você tá aqui por causa de quem?

– Isso é uma longa história. Vamos dizer que eu tô aqui por sua causa. Pra você não ficar sozinho, agora que sua mãe não tá em condições de cuidar de você.

– Mas vovó vai morar em casa, e você também é só uma criança. E de você, quem vai cuidar?

– Sua avó, aquela doida de pedra? – o menino escapou da segunda pergunta causando um ataque de risos no novo amigo.

– Com quem cê tá falando, Eduardo? – a avó entrou de repente no jardim, e a visão do neto rindo e falando sozinho causou-lhe arrepios. – Vamos pra dentro, que não vai pegar bem se te virem rindo num momento desses.

Apesar do luto, a vida se tornou muito melhor para Eduardo com Miguel por perto. O menino parecia ter os mesmos gostos que ele, e mesmo muito jovem – Miguel nunca respondia a essa pergunta, mas Eduardo deduzia algo entre 10 e 13 –, ele parecia entender muito mais sobre o mundo e as pessoas do que seus colegas de escola.

A avó, que agora morava em tempo integral com eles, fazia o papel de mãe, já que sua mãe não podia mais cuidar dele. O brilho de seu olhar tinha desaparecido, ela não falava coisa com coisa, e não saía mais de casa. Eduardo evitava falar disso com a avó, pois achava que ela se irritaria. Preferia, então, dividir seus sentimentos e dúvidas com o novo amigo. Desde que não fosse flagrado pela avó conversando com ele, tudo ficaria bem: a matriarca já tinha se provado pouquíssimo disposta a aceitar amigos naquela casa, especialmente aqueles que ela não podia ver.

Aproximadamente um mês após o novo integrante chegar à casa, Marisa começou a desconfiar de algo. Nesse período, ela finalmente tinha começado a sair de seu quarto e andar pelo interior da casa, sempre evitando a companhia da mãe. Não queria ouvir dela nenhum sermão sobre isolamento e maldições. Tinha passado a vida toda convivendo com tragédias, e tinha para si que de alguma forma sua mãe tinha relação.

Começou a explorar recantos mais isolados da enorme casa de campo. Antes, a vida de mãe viúva não lhe deixava muito tempo para conhecer esses pequenos recantos da propriedade que herdara do pai. Agora que tinha mais tempo livre, decidiu aprender mais sobre o passado de sua família, que há gerações vivia naquela mansão decadente.

Seu pai, antigo mercador de raridades, havia, como tantos outros Pereira, falecido de morte súbita, deixando de herança aquela casa enorme. A esposa, que foi apelidada maliciosamente pela vizinhança de Viúva Negra, preferiu se mudar para o centro da cidade, onde morou com sua filha pequena até que esta decidisse sair de casa, conhecesse um bombeiro e se casasse, indo morar na amaldiçoada mansão.

Marisa até foi feliz por alguns anos naquela casa, quando ela e Fábio prosperaram e tiveram um filho, Eduardo. Mas o marido, agora parte da árvore genealógica maldita, morreu quando o menino tinha apenas 3 anos, num incêndio teoricamente simples que tentava apagar. Com toda a pompa militar que a situação exigia, o corpo carbonizado do homem precisou ser velado em caixão fechado, o que se tornaria a lembrança mais antiga de Eduardo.

Marisa então amargou anos de muita solidão e trabalho para criar o filho e mantê-lo longe da influência da família, especialmente da mãe. Agora, após o trauma da morte recente, ninguém mais parecia acreditar que ela era capaz de cuidar do próprio filho. Sem pedir sua opinião, sua mãe um dia apareceu na casa e passou a agir como uma espécie de governanta, ignorando totalmente a filha, como se ela nem estivesse lá. As duas não se falaram desde então, e Marisa preferia assim.

Mais dois meses se passaram em calmaria na mansão dos Pereira. As férias de fim de ano chegaram, deixando Eduardo muito mais livre para se aventurar pela propriedade. Ele e o amigo corriam, riam, conversavam e exploravam.

A avó, a essa altura, já tinha percebido algo errado, já que para ela nenhuma criança se divertia sozinha num casarão velho, mas os meninos vinham conseguindo driblar sua vigilância. No começo, a senhora ralhava com o neto, sempre reclamando do barulho no sótão e no porão, mas passava agora tanto tempo vendo álbuns antigos e fotos de família que não parecia muito atenta às aventuras do neto. Os olhos profundos pareciam cadavéricos, como se sua vida também fosse sugada pela casa.

Eduardo a encontrava com frequência murmurando e lamentando coisas para fotos de pessoas já mortas, mas quando ela o via chegar, procurava disfarçar e retomava alguma conversa sobre almoço ou limpeza que eles nunca tinham começado.

O menino não se importava muito com as excentricidades da avó. Uma única preocupação ameaçava sua alegria: a decadência mental de sua mãe. O menino observava, ansioso, enquanto ela vagava por aquela enorme casa fantasmagórica como uma aparição, apenas uma cópia cinzenta do que já fora.

Ele tinha tentado algumas vezes falar com ela, talvez até confortá-la, dizer que a morte era parte da vida e que era preciso seguir em frente, mas era sempre ignorado. Nessas ocasiões, ela simplesmente continuava a andar a esmo, gesticulando de forma errática e falando ao vento. A alegria da jovem mulher havia morrido, e ela se limitava agora a procurar coisas e ler livros velhos pelos recantos empoeirados do porão e do sótão. Certo dia, ao compartilhar pela milésima vez sua preocupação com Miguel, Eduardo ouviu uma resposta quase impaciente:

– Sua mãe precisa partir. A presença dela nessa casa é um risco para você e para todos. A morte agora é seu único refúgio.

– Mas eu amo a mamãe, tem que ter algo que a gente possa fazer pra ajudar…

– A gente já falou sobre isso, morrer faz parte do destino sombrio dos Pereira… eu só posso salvar você, mais ninguém…

Um vaso caiu, interrompendo Miguel. Eduardo olhou e viu um rastro de vestido branco contornando o canto do corredor, e o menino sentiu a barriga afundar.

Agora, Marisa tinha confirmado seus receios. O filho queria matá-la. Algo nele tinha mudado desde a tragédia, ela sabia disso.  Ele tinha tentado falar com ela no começo, conversas estranhas que não pareciam saídas da boca de uma criança. Mas ela tinha passado a evitá-lo há algum tempo, observando-o sorrateiramente, tentando pegá-lo em flagrante. Ouvia o menino conversando sozinho pelos cantos da casa, sempre arredio, sempre suspeito. Fazendo planos.

E ela também começou a fazer os seus. Descobriu no sótão uma coleção de livros de capa dura sem título. Sem dúvida, mais uma coleção adquirida e guardada por seu pai, numa das diversas expedições em busca de tesouros raros às quais ele dedicou toda sua vida. O material era tão velho que aquelas obras pareciam pertencer a um mundo extinto, morto. Abriu cada um deles com muita delicadeza para não arrancar nenhuma página, e sentiu um pesar irradiar das páginas, como se tristezas e mágoas tivessem se acumulado naquelas páginas em meio a mofo e pó. Depois daquele dia, sentiu como se as palavras fúnebres tivessem preenchido sua alma.

Voltava todos os dias para aquele ambiente sombrio. Devorou cada uma daquelas edições, e aprendeu tudo sobre elas. Eram escritas em alguma língua que nunca vira, uma linguagem cujo único propósito parecia ser encantar corações destruídos. Aqueles livros pareciam entender sua alma exausta, seus sentimentos arrasados, seu corpo esgotado. Eles se tornaram sua paz, seu centro, sua família.

E eles lhe contavam segredos, daqueles que meras palavras não descrevem. Não precisava entender aquele idioma, pois o idioma a entendia com perfeição. Sussurrava-lhe horrores, medos, desafios. Testemunhava contra conspirações e tramas. A mãe, que nunca quis tê-la: queria de volta o filho que perdeu, ou pelo menos outro menino para substituí-lo. O pai, que amava mais seus tesouros e velharias que a própria filha. O filho, que tinha se aliado a algum demônio para destruí-la.

Ela passou a dormir em meio aos tomos, acariciá-los e senti-los. Eles também entendiam seus desejos, suas vontades mais profundas. Mas queriam algo em troca. Sempre algo a mais. No começo, pêlos de pequenos animais, unhas, sangue. Mas então tudo foi crescendo. Carícias e sussurros tinham preços cada vez mais caros, e seus desejos mais intensos custavam demais. Queria salvar o filho, mas também queria possuir sua jovialidade. Queria expulsar o demônio que havia se apossado da alma dele, mas também a queria para si.

Sentimentos e desejos lutavam pela posse de seu coração, e ela se afundava cada vez mais em pedidos e sangue e tripas de animais e medo e prazer. Via agora o mal por toda parte. Ele o seguia, caçoava às suas costas. Rastejava sob o chão, sob paredes, sob sua mente. Ela percorria corredores escuros e vazios, que a observavam, infinitos olhos invisíveis por toda parte. Tocava aquelas paredes com suas mãos frias, que mais pareciam as mãos de um defunto. Sua pele branca brilhava na escuridão da mansão vazia.

E ela o via, Eduardo: pelos cantos, tramando, conspirando, gargalhando. Era ela o motivo da zombaria, sabia disso. Tudo tinha mudado desde que aquele demônio tinha chegado. Miguel, esse era o nome. Os livros tinham contado. Precisava se livrar dele para ter o maior de seus desejos concedidos: Eduardo, com sua alma infantil e inocente. E ela sabia como faria isso. Um ritual, tão antigo quanto o livro, tão antigo quanto a antiguidade permite ser. Perene, imortal. Tão eterno que permeou a morte de tudo que já viveu.

Abriu uma caixinha preta sem adornos, que havia encontrado entre os livros. Dentro dela, pegou o punhal dourado decorado de inúmeras jóias foscas. Um único símbolo, escrito com o que parecia sangue muito escuro, marcava o centro do cabo, rodeado por dizeres que emanavam uma aura blasfema. Saiu silenciosamente em direção ao quarto de Eduardo.

Eduardo foi acordado por uma voz urgente. Dessa vez, não era Miguel, mas a avó.

– Eduardo, acorda, menino. A gente precisa ir embora. Eu cometi um grande erro… – a avó falava de modo tresloucado, os olhos fora de órbita num olhar maníaco. Suas palavras confusas formavam frases esporádicas, perdidas numa amálgama de sons desconhecidos, como que pertencentes a uma língua há muito extinta. Sons de pesar e dor.

O menino se levantou num pulo, afastando-se da avó, apavorado. Olhou ao redor, procurando pela única companhia segura naquela casa. Então o viu: do outro lado do cômodo, Miguel olhava petrificado para a velha. Seus olhos, arregalados, revelavam um pavor que Eduardo nunca tinha testemunhado. O rapaz apontava o indicador da mão esquerda para ela, enquanto tapava a boca com a direita.

Eduardo então se desvencilhou da mão da avó, que tentava agarrá-lo pelo pijama. Na outra, percebeu o brilho dourado de uma lâmina. Ela notou seu olhar.

– Não, você entendeu errado. Não é pra te ferir, é pra te proteger…

No entanto, sem esperar mais justificativas, Eduardo gritou por Miguel e saiu correndo, trancando a porta por fora enquanto a avó permaneceu imóvel, perdida em seu recital de loucura. Desembestou pelo corredor que dava nas escadas, e saltando de três em três degraus, chegou à sala de estar. Já conseguia ver a porta de entrada. Poderia fugir e buscar ajuda. Olhou para trás, no entanto, e não viu Miguel. Engoliu seco, e tomou uma decisão. Não poderia abandonar o amigo. Respirou fundo, procurando recuperar o fôlego e a calma. Então olhou para trás, e viu sua mãe apontando um punhal em direção ao seu pescoço.

A porta da frente se abre com violência. Dois policiais entram, armas em punho, verificando o perímetro. Marisa finalmente desvia os olhos do pequeno corpo inerte lavado de vermelho. Ergue as mãos.

– Por favor, não atirem. Não é o que parece…

– Puta merda! – o primeiro policial a entrar se abaixa, apoiando as mãos nos joelhos, e vomita no chão da sala. Não se via um crime tão bárbaro naquela pacata cidade há uns 50 anos, naquela mesma casa.

O oficial nem tinha nascido, mas numa cidadezinha onde os policiais se entediam resolvendo crimes de trânsito ou brigas de vizinhos, esse tipo de história se torna lenda. Diversas versões dela seriam contadas com o passar dos anos, mas os elementos principais não variavam muito: família rica, obsessão por relíquias e misticismo, criança de 10 anos morre de doença incurável, criados denunciam mal cheiro no sótão do casarão, corpo é encontrado desmembrado e com sinais de ritual, esposa enlouquece, marido se suicida, tentaram de tudo para recuperar o filho amado, condenaram sua alma. Mulher grávida de segunda filha é deixada sozinha naquela mansão que toda a vizinhança considera amaldiçoada.

O policial lembra que poucos meses atrás outro corpo foi encontrado nesta casa. A causa da morte não pôde ser definida. A mulher, agora adulta e com um filho pequeno, morreu na mesma casa em que seu pai morrera tanto tempo atrás, quando ela ainda estava na barriga da mãe.

Estarrecido, o segundo policial pega o rádio.

– Central, aqui Cabo Guilherme. Código 121 com agravante. Criança encontrada sem vida no casarão no final da Rua da Fiação, sem número. O hall de entrada está vazio, sem contato visual com suspeitos. Solicito reforço imediato para busca completa na casa. Câmbio.

Os policiais então são surpreendidos por gritos no andar de cima. Um grito furioso de uma criança, outro grito feminino aterrorizado. Em seguida, um baque surdo no quintal. Uma senhora idosa tinha despencado do segundo andar. Marisa, a poucos passos, grita e cobre os ouvidos. Os policiais não parecem ouvi-la, nem vê-la.

No meio da sala, duas silhuetas pequenas se encontram e dão as mãos. Um deles olha para a mãe, o outro lamenta: “achei que conseguiria te proteger, Edu”. A mãe estica as mãos, suplicante, mas a criança não a agarra. “Na minha vida toda, você foi o único que fez isso”. Viram as costas para a mulher e juntos saem andando em direção ao jardim. Duas almas, separadas pelo tempo, ligadas pela tragédia, estão livres. A mulher urra de dor. O som de seu desespero ecoa no sótão. Algo lá parece caçoar da patética figura. Duas almas, perdidas para sempre na mansão Pereira, vão pagar o preço da barganha que fizeram.

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20 comentários em “Herança (Luis Guilherme)

  1. Fabio D'Oliveira
    29 de março de 2025
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas, Moáo.

    Outro conto injustiçado… Acompanhei os comentários do pessoal no grupo de WhatsApp e estava esperando um texto confuso, desconexo. Mas não foi isso que encontrei. É um texto mais denso? Sim. Mais complexo? Sim. Ele não subestima o leitor. Muito pelo contrário, ele aproveita técnicas que exigem um pouco mais de atenção do leitor, como a troca não anunciada do foco narrativo, por exemplo.

    Fico um pouco triste, pois bastava ler com mais atenção que, sem sombra de dúvidas, a maioria capturaria a essência do conto e veria o belo terror que ele é.

    Mas pode esperar uma ótima nota da minha parte, rs.

    Apesar de possuir uma trama mais comum no meio do terror, o conto possui uma construção diferenciada, misturando pontos de vistas e não declarando qual a verdade de tudo. Miguel realmente protegia Edu? Ou apenas o manipulava, da mesma forma que a mãe e a avó foram manipuladas? Todos parecem vítimas da suposta maldição, no final. Mas o conto trabalha muito bem com a motivação de cada lado. Gostei bastante disso, pois existe uma surrealidade disfarçada na trama, o absurdo é trabalhado de forma espetacular.

    Parabéns! E abração.

  2. Bia Machado
    29 de março de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Enredo/Plot: 1/1 – Uma história que parece misturar o filme “Hereditário” com o caso real da mãe que assassina seu filho e é encontrada em seguida pelos policiais. Se sim ou não, achei o enredo bom, capaz de prender a atenção.

    Criatividade: 1/1 – Penso que criou uma boa história de terror, usando elementos que se conectaram bem. E nem poupou as criancinhas, rssss…

    Fluidez narrativa: 1/1 – Escrita fluente, que fez com que eu lesse de uma vez, interessada em como tudo se daria.

    Gramática: 1/1 – Não identifiquei nada de mais fora das normas.

    Gosto/Emoção: 1/1 – Gostei bastante do conto, se fosse um filme não sei se assistiria rs. Com terror escrito não costumo ter sensação de medo, terror, com esse também não foi diferente, mas pra mim é um bom terror.

  3. Andre Brizola
    29 de março de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Moáo!

    Um bom conto de terror que tem um enredo focado no plot twist. Percebe-se que o autor optou por enveredar pelo tema clássico do terror, reunindo espíritos, rituais, casas solitárias, assassinatos, ou seja, todo elemento que poderia ser chamado de clichê de um bom conto do gênero.

    Mas, cara, como ficou complexa essa leitura. Entendo que depois, ao final, é possível destrinchar os fios e ver uma linha de enredo lógica, que faz sentido. Mas só ao final. Durante a leitura o conto é muito confuso. Principalmente por causa da repetição incessante da palavra “mãe”, às vezes se referindo a uma personagem, e às vezes se referindo à outra. Lógico, pois isso muda dependendo do ponto de vista de quem está sendo focado em cada parágrafo, mas penso que o autor poderia ter encontrado um meio de desembaraçar isso. Para o bem de seu próprio conto.

    Há também o problema de muitas repetições de termos dentro do mesmo parágrafo, o que deixaram a leitura bastante incômoda. A palavra “filho”, por exemplo, surge duas vezes no mesmo parágrafo, em duas oportunidades (numa delas meio colada à palavra “filha”). Então, tecnicamente, o texto poderia ter tido um refinamento maior.

    Eu não vejo problemas em recorrer aos clichês, que são bons, para se contar uma boa história. Sobretudo se a história realmente for boa. E eu vi potencial aqui. Só que ele se perdeu na confusão textual.

     Bom, é isso. Boa sorte no desafio!

  4. claudiaangst
    28 de março de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Um conto de terror intrigante! Não sei se entendi bem o final, mas este é um texto que deve fazer o(a) seu(sua) autor(a) figurar entre os eleitos para continuar na série A.

    A repetição de “tinha” incomodou um pouco.

    pêlo > pelo>

    jóias > joias

    ela tinha > cacofonia > (la)tinha

    Parabéns pelo conto!

  5. Raphael S. Pedro
    28 de março de 2025
    Avatar de Raphael S. Pedro

    O conto soube prender muito bem a atenção do leitor, trazendo um suspense muito agradável ao terror. A técnica é elevada.

             O tema do “amigo imaginário”, apesar de comum, foi muito bem abordado, com um desfecho muito bom.

             Reli o último parágrafo para tentar compreender melhor a intenção do(a) autor(a) e fiquei satisfeito.          Parabéns!

  6. Thiago Lopes
    27 de março de 2025
    Avatar de Thiago Lopes

    O ponto forte desse conto, para mim, são as passagens panorâmicas, feitas em uma sintaxe limpa e um tanto econômica. O ponto fraco, por outro lado, são as cenas, que não saíram muito convincentes, talvez devido à gravidade do assunto – exemplo da cena inicial entre mãe e filho. Essa cena ficou artificial e apática. 

    O flashback foi bem realizado e serviu mesmo para explicar a cena inicial e instigar o leitor. 

  7. Leo Jardim
    27 de março de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐⭐▫▫): achei confusa e confesso que não entendi tão bem assim a reviravolta no fim (li várias vezes essa parte). Me perdi em quem estava vivo e quem estava morto no fim. Parece que o menino via os mortos, a mãe morreu, mas ela conseguiu de alguma forma matar o filho. Não entendi muito a avó caindo da janela.

    Achei a ideia boa, mas acho que faltou mais cuidado com a parte hierárquica (com trocadilho) para não ficar muito confuso.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐▫▫▫): acredito que a técnica nesse caso infelizmente prejudicou a trama. A história é boa, mas a forma de contar, a escolha das palavras, usar a mesma palavra (“mãe”, “pai”) para designar pessoas diferentes, tudo isso fez com que a minha apreciação não fosse completa.

    ▪ A mãe, no andar de cima, deve ter chamado a polícia. (a mãe do menino ou a mãe da mãe do menino? Ficou confusa essa parte)

    ▪ seu pai morrera tanto tempo atrás, quando ela ainda estava na barriga da mãe (outro trecho que confunde de quem está falando: do pai ou do avô do Eduardo?)

    🎯 TEMA (⭐⭐): está adequada como terror.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐▫): dentro da média do desafio.

    🎭 IMPACTO (⭐⭐▫▫▫): infelizmente queria ter gostado mais do conto. É um tema que me interessa, mas a confusão e ter que ler várias vezes para entender o que de fato aconteceu me deixou frustrado e atrapalhou o resultado final pra mim.

  8. rubem cabral
    25 de março de 2025
    Avatar de rubem cabral

    Olá, Moáo.

    Um bom conto de horror, com atmosfera bem construída e boa dose de elementos clássicos: maldições, amigos imaginários, livros antigos, rituais, loucura. Lembrou-me Edgar Allan Poe, essa coisa de decadência burguesa…

    Gostei dos personagens, achei o texto bem escrito e correto. A trama também foi muito interessante, com boa surpresa no final. Bons diálogos também, bem verossímeis.

    Abraços e boa sorte no desafio!

  9. bdomanoski
    23 de março de 2025
    Avatar de bdomanoski

    O conto apresenta uma salada de conexões parentais, as quais, confesso, não fiquei muito interessada em estudar para desvendar melhor. As informações são apresentadas, mas para fazerem sentido é necessário fazer quase um CSI no conto. É o segundo conto que leio em sequência que apresenta um personagem que é um fantasma que as outras pessoas não conseguem ver. Logo, acaba sendo algo um tanto quanto batido, e creio que não houve a apresentação de algo interessante ou inovador para que a história se destacasse em meio a outras histórias de fantasmas, envolvendo justamente crianças da família que morreram há um tempo atrás (a história anterior que li era EXATAMENTE a mesma coisa, o fantasma era uma criança da família também com história trágica, aparecendo para um menino, com a mãe incomodada com a relação dos 2). Gostei, porém, sim, de algumas passagens mostrando a loucura crescente da mãe, e de como a criança, o menino, era inocente e apenas queria brincar e se divertir com seu amigo invisível. Houve, sim, coisas bacanas na história e descrições interessantes. No todo, porém, acabou não se destacando.

  10. Kelly Hatanaka
    21 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    O conto parte de uma boa premissa, mas resulta confuso. Acho que o velorio do começo era de Marisa pois, ao final, ela era um fantasma. Mas então, como Eduardo morreu? Esfaqueado por uma fantasma? Quem foi a criança que gritou? Voltei a leitura várias vezes para tentar entender, mas acho que faltou desenvolver com mais clareza essa tal maldição e quem morreu como. Talvez dar nomes aos personagens, ao inves de serem pai, mãe, ajudasse, não sei.

  11. Jorge Santos
    20 de março de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, autor ou autora. Acabei a segunda leitura do seu texto. Depois de um início bem conseguido, o texto perdeu-se, ficou incoerente. Parece que o autor ou autora quis complicar a história, ou torná-la não linear, mas a única coisa que ficou foi a incoerência. Demasiadas perguntas sem resposta. Aquilo que começou de forma poderosa poderia ter sido descrito de forma não linear, dando apenas algumas pistas ao leitor. Estas pistas não podem ser contraditórias. O leitor não pode chegar ao final sem conseguir dizer quem estava vivo ou morto, quem era louco, quem escapou. No meu entendimento, Marisa e Miguel são fantasmas. No início, Marisa mata o filho, Eduardo. Mas ela não era fantasma? E o punhal na mão da avó, não estava na mão de Marisa? O avolumar de interrogações sem resposta deitam por terra um texto que tinham um potencial tremendo.

  12. paulo damin
    20 de março de 2025
    Avatar de paulo damin

    Título bem apropriado. A herança, numa família desestruturada, acaba sendo a literatura, no caso da mãe leitora, e a invenção de um personagem, no caso do filho, que se torna assim autor. É dando a mão para a própria criação que o menino se liberta. Um conto interessante porque possibilita essa leitura metafórica, metaliterária, pra além do que diz explicitamente.

  13. Rodrigo Ortiz Vinholo
    19 de março de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Gostei bastante! A história parece que vai por um caminho que, em si, já seria bem interessante, mas surpreende com reviravoltas contínuas. O final me pareceu um pouco corrido: uma volta em cima da outra, um detalhe em cima do outro e ainda que seja interessante, algumas melhorias em clareza ajudariam. De resto, porém, ótima experiência e montagem! Gosto bastante da subversão de alguns clichês e do modo como outros são abraçados com qualidade.

  14. Cyro Fernandes
    19 de março de 2025
    Avatar de Cyro Fernandes

    Conto descreve o sofrimento de uma família por diferentes gerações, pontuando mortes trágicas e loucura.

    Apresenta uma boa técnica e explora o fantástico, sem ter contudo proporcionado um terror muito impactante.

  15. Thiago Amaral
    18 de março de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Talvez o melhor do conto seja sua estrutura, que começa numa cena de impacto para pegar a atenção do leitor de início. Mas esse começo não faz apenas isso: ele tem uma virada interessante, pois apresenta o ponto de vista da mãe, sendo que o resto da história nos mostra a visão do filho.

    Essa confusão e consequente contradição de fatos é o que ajuda o conto a ter um quê a mais. Não sabemos quem é o malvado da história, afinal: o filho está possuído? Ou a mãe está louca? Quem é o amigo imaginário? Essa pequena tensão é o que nos sustenta para descobrir o desfecho de tudo.

    O problema é que pra mim a trama não acabou sendo tão interessante. O conto foi por um caminho mais tradicional, e não trouxe nada de inovador, infelizmente. Mesmo se tentarmos parar para compreender tudo o que aconteceu, não há tanto ganho. As surpresas não tiveram tanto impacto, no fim.

    Foi bacana perceber algumas coisas na segunda leitura, após os esclarecicmentos finais. Eu havia me perguntado de quem era o enterro no início, e havia pensado que o autor simplesmente ignorou isso. Mas não, é algo muito importante. É sempre divertido depois encontrar as pistas que estavam lá o tempo todo. Mas nesse caso, realmente não trouxe muita consequência para a trama, nem impacto pra leitura.

    No fim, é uma história ok. Tecnicamente, tem todos os elementos que devem estar lá, mas faltou algum tipo de envolvimento a mais, alguma emoção, para apimentar e conquistar o leitor.

  16. toniluismc
    17 de março de 2025
    Avatar de toniluismc

    O conto se destaca por apresentar elementos do terror psicológico com eficiência e coerência interna. Consegue equilibrar desenvolvimento de personagens, trama coerente e uma atmosfera que envolve o leitor emocionalmente. A profundidade dos conflitos pessoais e familiares é palpável, tornando o terror realista e mais impactante. A narrativa direta, clara e sem floreios desnecessários potencializa a conexão emocional.

    Por tudo isso, só posso dar os parabéns pelo belo texto!

  17. Afonso Luiz Pereira
    13 de março de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    “Herança” traz aquela vibe clássica de casa mal-assombrada, onde a família Pereira sofre tragédias consecutivas, com mortes precoces e eventos sobrenaturais que parecem estar ligados ao patriarca, um caçador de relíquias misteriosas e antigas.

    O conto utiliza elementos tradicionais do gênero como, por exemplo, a criança que vê gente morta (o amigo imaginário), a mãe que enlouquece ao perceber conspirações sobrenaturais e a avó que esconde segredos da casa. A escrita é bem executada e a estrutura corre bem, especialmente com a cena de impacto inicial, onde a mãe mata o filho, seguida de um flashback que revela gradualmente os motivos por trás do ato extremo.

    No entanto, algumas passagens levantam dúvidas: Miguel era um espírito maligno ou um protetor? O final também deixa algumas questões em aberto. A presença dos dois policiais e a forma como eles não percebem Marisa sugerem que ela pode já estar morta ou condenada a permanecer na casa como um espírito.

    Além disso, não explícito quem é a entidade maligna do sótão, o que deixa a resolução um pouco vaga. Apesar disso, o conto tem uma boa imersão e prende a atenção, criando um ambiente de mistério e tensão que me manteve “ligado” até o final.

  18. José Leonardo
    13 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Moáo.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: Um amigo imaginário maligno que faz companhia a Eduardo, menino nascido numa família de “amaldiçoados” (dadas as tragédias numerosas que acometem os Pereiras). Também trata sobre paranoia e como uma obsessão pode tornar irracional uma mãe para com o filho.

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: O conto nos antecipa seu clímax no primeiro bloco de texto. Em seguida, retoma os acontecimentos que embasam o ato, os enterros, Miguel (o imaginário) apresentando-se a Eduardo e virando seu único amigo. Após flagrar Eduardo falando coisas que davam a impressão de querer matá-la, a mãe se torna ainda mais desleixada para com o filho e paranoica também, planejando a morte do filho conforme os livros antigos que passara a ler. 

    Há um esforço do narrador de imprimir agonia e dramaticidade às cenas principais (de mortes), creio que nesse sentido se saiu muito bem. Não costumo comentar imagens ilustrativas de contos, mas a imagem criada/escolhida por você, Clara, deve ser a mais pungente dos contos de terror deste desafio.

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Adequado por conta da participação do amigo imaginário na história, bem como no enlouquecimento da mãe.

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: Há elementos que podem proporcionar o calafrio na espinha. Isso dependerá de como o leitor estará receptivo a esta história. Creio que o impacto maior dar-se–á tentando se colocar no papel da mãe e da avó de Eduardo, tentar entender a ameaça representada por Miguel, por exemplo.

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto, inclusive sobre a nota?

    R.: Seu conto não me atraiu grandemente, Moáo, embora reconheça que sua prosa é muito boa. Gostaria bastante de ler outras histórias de sua autoria nessa toada de terror. Nota: 3,6.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

  19. Leandro Vasconcelos
    13 de março de 2025
    Avatar de Leandro Vasconcelos

    Olá! Trata-se de um conto que trilha a senda do terror cármico, envolvendo pragas que perpassam gerações. Daí o título. O enredo é bem arquitetado. O autor situa o leitor na zona de conflito, para depois explicar, em retrospectiva, como chegamos até ali. A revelação final destrincha o mistério do amigo imaginário de Eduardo, na verdade um espírito preso ao casarão por conta de um ritual feito cinquenta anos antes. O menino Eduardo quase sofre a mesma sina, mas é libertado por Miguel.

    Ao menos, foi isso que entendi.

    O final foi um tanto apressado. Concorre muita informação. Eu havia compreendido que a casa era da família de Marisa. Então, o cara que se suicida cinquenta anos antes, quem era? O avô dela? Porque o pai havia padecido subitamente, como descrito no início. Ou então o primeiro não tinha relação com o restante da família? É isso? Imagino que a mulher grávida deixada sozinha era a avó de Marisa, certo? Logo, de quem era o corpo encontrado na mesma casa? E a mulher que “morreu na mesma casa em que seu pai morrera tanto tempo atrás”? Desculpe-me pela falta de compreensão, mas tudo ficou muito confuso nesse desfecho.

    A progressão de mistério é boa. Como dito, mostra-se o conflito para depois explicá-lo. Esse suspense é acrescido de outros recursos: o menino imaginário; a avó estranha; a mãe abalada e que toma contato com antiguidades amaldiçoadas. No fim, concorrem duas forças: o espírito de Miguel e a bruxaria dos livros. Essa polaridade poderia ser melhor explorada. No entanto, ela morreu em meio à confusão narrativa. O apego de Marisa aos livros é incompreensível. Ela capta as intenções do filho e começa a ler os grimórios, ou seja lá o que forem aqueles escritos, simplesmente do nada. Algo que foi colocado lá para o enredo avançar. Não foi natural. Muitas mortes sem explicação também, conforme mencionado, embaçaram o sentido de tudo. A velha estranha, então, avó de Eduardo e mãe de Marisa. Ela se relacionou a alguns dos acontecimentos passados? Ficou obscuro.

    Quanto à forma: muitas repetições de palavras. Mãe, vinte vezes. Avó, dezesseis. Algumas ambiguidades. Por exemplo: “O brilho de seu olhar tinha desaparecido, ela não falava coisa com coisa, e não saía mais de casa” – a quem se refere? À avó ou à mãe? Ademais, achei tudo muito expositivo. As descrições não são orgânicas. Aquela velha história do “mostrar e não contar”. Se houvesse uma síntese de informações, a coerência e a clareza iriam aumentar.

    Enfim, eu gostei da ideia do conto, mas poderia ter sido melhor executado, na minha modesta opinião.

  20. Fabiano Dexter
    11 de março de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Estou organizando os meus comentários conforme irei organizar as minhas notas, buscando levar para o autor a visão de um Leitor regular e assim tentar agregar algum valor. Assim a avaliação é dividida em História (O que achei da história como um todo, maior peso), Tema (o quanto o conto está aderente ao tema), Construção (Sou de exatas, então aqui vai a minha opinião geral sobre a leitura como um todo) e Impacto (o quanto o produto final me impactou)

    História (1,5)

    Aqui temos uma excelente história de terror clássica. Morte, espíritos maldições… Sendo que tudo isso está muito bem contado e estruturado. O início pela conclusão nos dá uma ideia do que vai acontecer e ajuda a nos manter no caminho que a autora (ou autor, mas acho que é autora mesmo) quero para dar a sensação que pretende no final.

    Ainda que a história tenha alguns pulos e quebras perceptíveis em uma segunda leitura, não é nada que impacte na experiência ou tire o mérito do texto.

    Tema (1,0)

    Terror em sua forma mais pura. Não tem como ficar mais dentro do tema do que isso.

    Construção (1,5)

    O início pela conclusão é algo difícil e arriscado, mas aqui foi feito de forma a dar ainda mais força para o final do Conto.

    Alguns pulos que ocorrem, como o nome do Eduardo aparecer antes dele ser efetivamente apresentado como filho da Marisa são fáceis de concluir, mas a avó indo morar com o neto após a morte da filha é algo que fica subentendido e só percebi na segunda leitura, quando elas não se falam e o filho apenas acompanha a mãe como um vulto do que já foi, vagando pela casa.

    Impacto (1,0)

    Um conto de terror que me faz lembrar porque sou fã do tema.

    Parabéns pelo excelente conto!

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1A, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .