EntreContos

Detox Literário.

Retorno (Marcelo Kassab)

Depois de muito tempo, voltou à casa. Não encontrou a chave. Mesmo assim, entrou sem dificuldade, recebido pela mesma mobília de quando se foi. O relógio na parede não lhe esclarecia as horas. O calendário omitia os anos.

Pela janela da sala avistou a esposa, de costas, genuflexa e com as mãos fincadas sobre a terra.

Ela nada dizia, mas ele podia escutá-la.

“Ainda colho flores nos jardins subterrâneos que enfeitam a sua ausência”.

76 comentários em “Retorno (Marcelo Kassab)

  1. Sidney Muniz
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Sidney Muniz

    Um texto forte!

    Há melancolia, arrependimento, saudades, um punhado de sentimentos e ressentimentos expresso nas palavras e até mesmo na casa.

    A ausência, o abandono, tudo bem explícito!

    Parabéns pelo trabalho e boa sorte!

  2. Roberta Andrade
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Roberta Andrade

    Essa imagem da volta pra casa e da estagnação do tempo corroboraram a melancolia do texto, que foi reforçada pela ultima frase. Achei a escrita bem poética.

    Boa sorte.

  3. Pedro Paulo
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: O texto sucede em transmitir a melancolia do retorno, levantando uma expectativa quanto ao destino do qual o personagem está voltando e as razões de sua saída. Entretanto, no ponto em que a esposa ajoelhada na terra é apresentada, entende-se tudo de uma vez e o impacto que se queria guardar até a última linha se esvai. Há considerável qualidade técnica em estabelecer a atmosfera em poucas linhas, mas perde em termos de enredo e arremate, elementos preponderantes neste desafio de microcontos, a considerar o meu julgamento e os demais textos.

  4. Diego Gama
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Diego Gama

    gostei da temática que remete até mesmo a filmes sobre espíritos e tudo mais, achei muito bem escrito! Parabens

  5. Raphael S. Pedro
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Raphael S. Pedro

    O texto é muito bem pensado, traz fortes elementos de quem estuda(ou) a Doutrina Espírita. Sinto que ficou um vazio no desfecho, tendo em vista que a última frase se referia à esposa. No mais, um bom conto, bem pensado. Parabéns!

  6. André Lima
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de André Lima

    O conto é interessante e possui uma poética que o permeia, embora as palavras em si não sejam poéticas, a ideia o é.

    Achei estranho o “fincadas sobre”, pois “fincado” é dentro e “sobre” é fora.

    Gosto de como o conto aborda o tema da ausência sem nos dizer exatamente o que houve. Fica em aberto, em nossa imaginação, pois o importante é a cena narrada.

    Uma boa narrativa. Parabéns!

  7. Renato Silva
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Renato Silva

    Olá, tudo bem?

    História de um homem falecido que retorna em espírito para a casa onde vivia. Percebeu que tudo estava do mesmo jeito, mas não conseguia perceber a passagem de tempo, pois no plano espiritual a percepção é diferente. Viu a esposa genuflexa (gostei do termo, deu outro sentido à frase) sobre a terra cuidando do jardim, talvez como uma terapia para superar a morte do marido. O amor e o sofrimento pela perda estão claros no texto.

    Boa sorte.

  8. Luis Fernando Amancio
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, Ockham,

    Como leitor, agradeço por compartilhar conosco seu texto. Participar de um desafio exige coragem, expor-se de forma cega ao julgamento dos pares. O seu miniconto aborda o tema da ausência e do luto com uma escrita poética e carregada de simbolismo. A narrativa descreve um retorno misterioso à casa, onde o tempo parece suspenso e os objetos permanecem imóveis, refletindo a sensação de estagnação. Em princípio, podemos pensar que se trata de um retorno “em vida”, mas a cena final confirma que quem está retornando é um homem morto.

    O texto me lembrou aquele filme “Os outros”. Lá, é o pai da família que volta nessas circunstâncias… pelo menos é o que a gente pensa.

    Sua linguagem é delicada e evocativa, transmitindo emoção. A metáfora dos “jardins subterrâneos” é particularmente poderosa. O luto é um tema que invariavelmente atinge a todos nós.

    Desejo sucesso no desafio e o parabenizo pelo conto.

    • Ockham
      31 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, Luis!

      Grato pela leitura e por sua sensibilidade ao analisar de forma perfeita o que tentei passar. Fico feliz que você tenha absorvia os significados.

      Mais uma vez, agradeço.

  9. THAIS LEMES PEREIRA
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de THAIS LEMES PEREIRA

    Olá, Ockham.

    Contexto pessoal

    Esse conto me lembrou muito o meu conto no desafio passado, um homem entrando em uma casa cheia de lembranças.

    Análise do conto

    Bonito. Muito bonito mesmo. A última cena e a última frase, porra. Que bonito foi imaginar apesar da situação. Mas aí observei o conto como um todo e fiquei um pouco perdida. O relógio não contava as horas e o calendário omitia os anos. Logo vi o cenário de uma casa abandonada, com um relógio parado e um calendário que nunca foi substituído. Quando a mulher aparece, penso que ela se trata de um fantasma ou de uma lembrança, porém a frase indica que ela sempre o esperou ali. Fantasma? Real? Ela? Ou ele? Mas se ela é real e ele fantasma, por que o relógio e calendário parados no tempo?

    Conclusão

    Como disse, porra, que cenário, que condução… conto bonito demais. Mas queria entender um pouco melhor tudo que expliquei acima.

    Desejo um bom desafio!

    • Ockham
      31 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, Thaís!

      Caramba! Que comentário generoso. Mais do que isso, talvez tenhamos estilos parecidos, já que este conto lembrou o seu texto do último desafio. É olha que é a primeira vez que participo.

      Quanto ao relógio e o calendário, a ideia é passar a sensação de um tempo que morreu/estagnou, desde a partida do homem. É como se a casa morresse também. E como o tempo é uma convenção humana, a ausência de alguém querido pode fazer os nossos relógios e calendários estagnarem. Aquela sensação de alienação.

      É por aí.

      Agradeço muito!

    • Ockham
      31 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Ah….Thaís….faltou falar sobre a mulher.

      Ela como o relógio e o calendário.

      A mulher está lá de corpo.

      E o homem, de alma.

  10. leandrobarreiros
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Chamo de “técnica” a facilidade com que o autor carrega o leitor pela narrativa, e/ou transmite subtexto, e/ou faz (bom) uso de figuras de linguagem que tornam a leitura agradável.

    Chamo de “interesse” o quanto o texto me fisgou enquanto leitor, o quanto de impacto senti pela leitura.

    Chamo de “objetivo do autor” um palpite do que o autor queria com o texto. É mais um esforço criativo e uma tentativa de fazer leituras mais enquanto escritor do que leitor.

    Uma boa história de fantasma, não sobre terror, mas sobre saudade. Temos a saudade do fantasma que o fez voltar para a casa, e de sua esposa que ainda presta homenagem para ele.

    Técnica: Alta. Descrições bonitas e criação de um subtexto sem ser muito didático. Imagens bonitas e leitura fluida, mesmo com “genuflexa”.

    Interesse: Acima da média. Não é uma história de terror, mas algo que usa fantasmas como alegoria me chama sempre a atenção. Além disso a linguagem bonita permite uma releitura agradável.

    Objetivo do autor: Discutir o tema da falta através de um uso criativo de uma figura geralmente usada para outra coisa.

    • Ockham
      31 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, Leandro!

      É muito bom ter um texto analisado por um escritor. As suas observações ajudam muito a direcionar a escrita. E a sua percepção em relação ao que tentei transmitir é cirúrgica.

      No mais, agradeço pela sensibilidade e pelss palavras.

  11. Felipe Lomar
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Felipe Lomar

    o protagonista volta pra casa depois de muito tempo e encontra um cenário melancólico. Não entendi muito bem a mensagem final. Pra mim, não teve muito impacto. Mas achei a descrição bem feita.

    Boa sorte.

  12. jowilton
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de jowilton

    O conto narra a história de um homem que volta pra casa depois de muito tempo e encontra a esposa numa posição de oração. Bem, entendi que o cara retornou como um fantasma. Seria isso mesmo? É uma boa sacada. A técnica é boa, o impacto foi médio.

    Boa sorte no desafio.

  13. Victor Viegas
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Ockham!

    Alguém volta depois de muito tempo ausente. Após o retorno, percebe que tudo parou, não temos distinção das horas, as folhas do calendário não foram destacadas. Estamos em um caos, um completo estado de abandono, uma tristeza que a esposa continua sentindo após a partida de seu grande amor. É bom texto, bem escrito. Boa sorte!

  14. claudiaangst
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Fantasma de um homem visita a antiga casa e depara com a mulher “genuflexa e com as mãos fincadas sobre a terra”. Se ele entrou na residência mesmo sem ter achado a chave, suponho que seja o espírito do homem enterrado no quintal.

    No geral, o conto apresenta linguagem fácil de ser assimilada com exceção do genuflexa, mas é só um detalhe logo contornável. A expressão “mãos fincadas” dá a ideia de algo cravado, encravado, enterrado, firmemente apoiado, enraizado. Logo, seria preferível usar “mãos fincadas na terra”.

    A última frase pode ser considerada um verso, pois há muita poesia despreendendo das palavras.

    Parabéns pela participação e boa sorte na classificação.

  15. Fabiano Dexter
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Achei o conto muito bonito, poético eu diria, agradável de se ler.

    Temos um marido voltando para casa para encontrar a sua esposa, mas de alguma forma ele não pertence mais ali, como se fosse um fantasma que não precisa da chave para entrar.

    O encontro com a esposa, o ouvir sem elaa precisar falar, ficou tudo muito bonito e muito coeso.

    Parabéns!

    • Ockham
      28 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Fabiano, agradeço por sua análise e comentário.
      É importante sabe como o que escrevemos chega ao colega escritor e, como todos nós, também leitor.
      Grande abraço.

  16. Fernando Cyrino
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Fernando Cyrino

    Olá, Ockham, um conto bonito… Alguém, um marido, um marido que vai embora e retorna muito tempo depois. Encontra a mulher de joelhos e consegue escutar aquilo que não fala, mas ele sente que ela está a dizer no coração. Que nos jardins escondidos ela ainda nutria a esperança da sua volta. Puxa, foi isto que entendi do seu conto bonito. Será que é isto mesmo? Abraços e sucesso no desafio.

    • Ockham
      28 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, Fernando.

      Muito obrigado pela leitura e por seu comentário.

      A ideia é essa e culmina na última frase como a manifestação de um sentimento.

      Mais uma vez, agradeço.

  17. Gustavo Araujo
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Acredito que para funcionar bem um microconto precisa de camadas diferentes. Para além da história literal que é contada pelas palavras, é preciso haver tramas subjacentes, dilemas e dramas escondidos nas entrelinhas, algo que se revele somente ao fim da leitura, ou até mesmo em uma segunda ou terceira leitura.

    Aqui temos uma história muito bem montada, muito bem contada, ainda que carente de subtexto ou subtramas. Um espírito torna a casa para observar a esposa, alheia a sua presença, lamentando-se por sua partida.

    O conto me fez lembrar do ótimo filme “A Ghost Story” – “Sombras da Vida”, em que o fantasma do marido morto volta para testemunhar a vida que a esposa levaria dali por diante. Assim como no filme, não há terror na acepção clássica do gênero, tratando-se ao contrário de uma ode à solidão, à maneira como nos relacionamos com as pessoas, tão próximos e tão distantes.

    Há poesia impregnada nas entrelinhas, o que me agrada. Para ir para o dez só faltou uma subtrama mais instigante. De todo modo é um ótimo trabalho.

  18. Thiago Amaral Oliveira
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    Olá Ockham, tudo bem?

    Seu conto me traz sentimentos conflitantes.

    Gostei da linguagem (menos da palavra que todos reclamaram), bastante poética e deixando coisas nas entrelinhas. Apenas depois que li os comentários vi que “entrar com facilidade” poderia significar que ele é um espírito. Pensei que ele poderia saber algum truque da casa, demonstrando familiaridade. Ou que ele fosse um ladrão especialista em arrombamentos rs A explicação mais correta deve ser essa do espírito, que explica tudo de forma simples e elegante como Guilherme de Ockham (você) gostaria. Gostei da sutileza dessa pista!

    Também gostei de como o calendario e o relogio são colocados na história. Novamente, com bastante poesia. Mostra como o tempo não passou naquela casa. Imaginei que seria porque a casa estivesse vazio todo o tempo em que ele esteve ausente, mas, surpreendentemente, não é o caso. Sua esposa estava lá, talvez vazia por dentro. Interessante.

    Quanto à frase final, é bonita por um lado, sim. Por outro, podemos interpretar que foi uma frase criada para parecer poética, mas que mais dificulta do que expressa, para manter ares de mistério. Quero acreditar que você tinha intenções de realmente expressar um sentimento, e que não apenas selecionou umas palavras que pareciam belas.

    Assim, o resultado ficou bacana.

    Obrigado e boa sorte no desafio.

    • Ockham
      28 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, Thiago!

      Grato por sua análise, Assim se faz o aprendizado. E, realmente, a frase final é um sentimento a partir da ação da esposa…que remete ao chão…ou ao que está abaixo dele. É algo para além da fala e do pensamento.

      Mais uma vez, muito grato.

  19. Elisa Ribeiro
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Elisa Ribeiro

    O conto me fala da dor perda de um amor eterno. O fantasma do amor perdido retorna à casa onde sua mulher segue sentindo sua falta. Os poucos elementos imagéticos  foram muito bem escolhidos: a eternidade como um relógio que não marca as horas; de joelhos, a mulher é uma imagem sóbria da dor. A frase final é poética e belíssima mas, se o autor me permite a sugestão, creio que ficaria muito mais interessante, não na voz/pensamento da personagem, mas em terceira pessoa, na voz do narrador. 

    Acrescento também que, como alguns comentaristas já apontaram, a palavra genuflexa causa um sobressalto, prejudicando um pouco a fluidez da leitura. Se essa é a intenção, ok, caso contrário poderia ser substituída  por um “de joelhos” mais singelo. 

    Com essas pequenas alterações seu conto seria para mim o mais comovente até então do desafio. Parabéns! 

    • Ockham
      28 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, Elisa.

      Grato pelo comentário e pelas observações.

      O ”genuflexa” teve a intenção de quebrar a fluidez mesmo. Chamar a atenção. Havia escrito, inicialmente ”de joelhos”, mas mudei pelo motivo que escrevi.

      Falando da frase final, a ideia foi transmitir um sentimento, para além de qualquer fala ou pensamento.

      Mais uma vez…agradeço muito. Seu comentário foi de grande valia.

  20. Marco Saraiva
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Neste conto, um homem retorna à casa após uma ausência prolongada. A cena é muito bem descrita: o abandono, o tempo que não pareceu avançar, tudo no mesmo lugar. A intimidade com o lar é também demonstrada pelo fato de ele não encontrar a chave, mas saber como entrar mesmo assim.

    O momento final está em aberto, e para mim, um tanto confuso. A esposa parece uma miragem. A frase final, em uma primeira leitura, parece impactante mas, quanto mais penso nela, menos ela faz sentido.

    Se ela não está ali, é apenas uma lembrança ou um fantasma, quer dizer que faleceu? Ou foi embora e o abandonou? Se ela ainda colhe flores da sua ausência, quer dizer que ela ainda sente algo por ele? Ainda lembra dele? Mesmo em morte? E os jardins são subterrâneos mas… por que? Por que ela está sob a terra? E ainda colhe flores?

    A escolha de palavras é poética, e talvez eu esteja sendo literal demais na minha leitura… mas realmente não vi muito sentido na frase!

    A imagética do conto é muito boa, porém. Uma leitura interessante.

    • Ockham
      28 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, Marco!

      Agradeço muito pelo comentário. Sobre a frase final, trata-se de um sentimento. talvez agora faça sentido, não sei.

      E seus questionamentos são típicos de um escritor/leitor que se apropriou do texto e agradeço mais uma vez por isso também,

  21. Bia Machado
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Plot: O Espírito de um homem retorna à casa e encontra a esposa.

    Desenvolvimento: O texto evidencia quase no final a certeza de que o homem não está mais vivo. Antes disso, boa descrição do ambiente, fazendo uso de construções interessantes, como “o calendário omitia os anos”. O trecho “com as mãos fincadas sobre a terra” ficou estranho. O termo “fincadas” me dá um sentido estranho, de estar presa. E a última frase não consegui decifrar bem, será uma metáfora? Se sim, não vi sentido no que ela diz.

    Destaque: Para o primeiro parágrafo. Foi uma boa introdução, com construções interessantes, como já coloquei no desenvolvimento. 

    Impressões da leitura: Foi uma leitura ok. Eu gostei, mas não foi nada que me despertasse maiores sensações.

  22. danielreis1973
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    O conto inteiro parece só um intróito para a frase mais bonita deste Desafio: “Ainda colho flores nos jardins subterrâneos que enfeitam a sua ausência”. Porém, senti falta de um porquê nessa ausência toda. E de um motivo para o retorno, bem como de um aprofundamento no sentimento dele (no dela, pela frase, é muito bem explicado). Boa sorte no desafio!

    • Ockham
      27 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, Daniel!
      Muito grato pelo comentário e pela sensibilidade.
      Para além de pensamento, a ideia da frase final é transmitir um sentimento. Por esse motivo, você foi cirúrgico ao detectar a questão do introdução. Mais uma vez, agradeço.

  23. JP Felix da Costa
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de JP Felix da Costa

    Deste conto retirei várias ilações. Curiosamente, o começo, levou-me a um conto do desafio anterior que também começa com um regresso, um pouco no tom deste, embora muito diferente. Isso não impediu a apreciação deste texto.

    A forma indireta como vai sendo revelada a verdade, de que é o espirito do marido que regressa a casa, está muito subtil, o que enquadra perfeitamente no texto e dá-lhe uma leveza que o torna bastante belo, apesar de retratar uma situação triste.

    Só ainda não consegui compreender a última frase. Deve-me faltar alguma referência. Mas isso não me impede de apreciar o texto.

    Num todo, um ótimo conto.

    • Ockham
      27 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, JP.

      Gostaria de agradecer pela leitura e pelo comentário. Mais ainda pela sua percepção com relação ao texto.

      A última frase não se trata de uma fala ou pensamento, mas sim de um sentimento. E é nesse “sentir” que ela se conecta com o restante do texto.

      agradeço imensamente.

  24. toniluismc
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Esse é um daqueles contos que dá vontade de voltar e reler várias vezes, daqueles que faz a gente ficar pensando sobre um monte de coisas, especialmente na complexidade das relações humanas. Parabéns pelo texto!

    A história de um retorno que vem banhado de mistério e melancolia é construída através de elementos como o tempo indeterminado, a casa imutável e a figura da esposa, que parece ter envelhecido emocionalmente, mas ainda assim guarda hábitos de alguém que não se desligou.

    Se alguém esperava que esse retorno trouxesse algum ar de felicidade, isso não aconteceu, e a ausência de diálogos torna a sensação de estranhamento ainda mais forte.

    Enquanto o protagonista é um homem marcado pela ausência e pelo tempo, a esposa é uma figura enigmática (o que é reforçado pela posição em que se encontra) que parece ter se conformado com a ausência do marido.

    Confesso que não aprecio histórias que remetam ao sentimento de nostalgia, pois é algo que ainda tenho pouca familiaridade, mas eu não senti isso forçado na sua narrativa. É uma melancolia suave.

    Desejo-lhe boa sorte!

    • Ockham
      27 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá!! Quando submetemos nosso texto às análises de colegas, devemos nos preparar para o entendimento que cada um tem. Faz parte.

      É muito gratificante ler um comentário de um escritor que intruiu todo o significado daquilo que tentei passar. Agradeço muito por sua sensibilidade na leitura e comentário com precisão cirúrgica.

  25. Mariana
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de Mariana

    Um homem morto retorna para casa e vê a sua esposa, que sofre o luto. Esse conto me lembrou um filme chamado A ghost story e é tão triste quanto. A imagem toda é muito bonita e a frase final também, apesar de, confesso, não tê-la entendido. Talvez seja um segredo entre marido e mulher e não cabe aos leitores tal intimidade. Enfim, é para poucos escrever algo romântico sem soar piegas. Parabéns e boa sorte no desafio.

  26. Sabrina Dalbelo
    26 de janeiro de 2025
    Avatar de Sabrina Dalbelo

    Olá Entrecontista,

    Em relação à escrita, tá ótimo, achei bem escrito, sem reparos.

    Um caso clássico de retorno, que aqui se entende como post mortem, de um homem à casa dele e da esposa. As pistas estão no que ele não pode tocar ou compreender “fora do corpo”.

    Para mim, não interessa nem qual frase a esposa está fixada quando ele a vê da janela, porque o mais importante do teu texto é a gente se dar conta de que ela não fala, mas ele a escuta.

    Então, ótimo. Obrigada pelo texto.

  27. Andre Brizola
    26 de janeiro de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Ockham!

    Conto muito bem construído, utilizando de maneira inteligente frases e palavras para dar informações nas entrelinhas. A escolha de termos e as construções são elegantes e poéticas, e dão um aspecto de esmero e cuidado para com a composição do texto. Percebe-se que se trata de algo feito de forma meticulosa.

    O enredo aborda o retorno de um homem, falecido, à sua casa, onde encontra a esposa, ainda triste pelo falecimento. Horas e dias já não contam para ele, a porta não é obstáculo. A mulher, ajoelhada no jardim, pensativa. Há uma postura religiosa na posição da mulher. A frase final, embora bastante poética, dificilmente seria a da mulher, de fato, pois não temos no texto nada que indicasse que se trata de uma poetisa, ou autora. Mas, deixando isso de lado, e acreditando que ela pensasse isso de fato, acredito que ela se refira a recordações e lembranças, sendo a sua mente, o conjunto de memória e imaginação, os seus jardins subterrâneos.

    O conto é bom. Dito isso, acho que há uma ruptura enorme entre o que está fora e o que está dentro das aspas, ou seja, a frase final. Tudo antes da frase final parece coerente e coeso, flui de forma perfeita e parece ter sido feito num fluxo de pensamento único, em que tudo se encaixa. A frase final parece, até, ter sido encaixada por outro autor. Há um excesso, uma quebra de parâmetros, e deixa o conto desequilibrado. É um problema muito grande? Não, não é. Mas é um problema. O conto poderia ter terminado antes sem prejuízo, por exemplo. É a minha opinião, apenas, mas acredito que isso será a sensação de outros leitores também.

    É isso. Boa sorte no desafio!

    • Ockham
      27 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, André!

      Agradeço pela leitura e pelo comentário que muito agrega.

      É importante receber tais considerações.

      Sobre a frase que encerra o conto:

      A última frase não se trata de uma fala ou pensamento, mas sim de um sentimento. E é nesse “sentir” que ela se conecta com o restante do texto.

      Se considerarmos como fala ou pensamento, concordo com a quebra citada por você.

  28. Evelyn Postali
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Evelyn Postali

    Esse micro é muito poético. Poético e melancólico porque combina imagens poderosas com uma narrativa que me leva da realidade ao imaginário. Fala de ausência, memória, luto, devoção, vazio de uma forma tão dolorida… é muito poético já disse.  A casa, imóvel no tempo, a imagem da esposa ajoelhada e em silêncio no jardim… A frase final… MEUDEUSO!!! Essa frase é linda. Profundamente lírica. Esse jeito de colocar as palavras, como elas foram sendo traçadas, e as próprias palavras (bem escolhidas) isso me remeteu a sonhos- aquele lugar nublado, atemporal, onde as coisas parecem suspensas. Gostei demais do micro.

    • Ockham
      25 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, Evelyn.

      Que lindo ler as suas impressões. Nesses dias em que a poesia é violentada pelo pragmatismo que só enxerga o que está escrito, encontrar tamanha sensibilidade e entendimento para além das palavras é raridade. Que bom existirem escritoras como você.

  29. Juliano Gadêlha
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Juliano Gadêlha

    Já posso dizer que aprendi uma palavra nova hoje: genuflexa haha

    Uma boa história sobre perda, ausência e sofrimento. Acho que o autor consegue deixar elementos abertos para interpretação sem deixar o enredo confuso ou com lacunas, algo bem difícil de equilibrar, especialmente em um microconto. Parabéns!

  30. Juliana Calafange
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Juliana Calafange

    Gostei do modo como você construiu as camadas da história, para entendermos que ele morreu (talvez cedo demais) e agora seu espírito veio visitar a antiga casa, onde encontrou sua mulher já idosa no jardim. Você criou um clima afetuoso do espírito em relação à mulher e vice versa, faz a gente flutuar pelas imagens criadas no texto.

    Mas para mim, a última frase ficou soando falsa, talvez pela linguagem rebuscada, que não é a linguagem que normalmente usamos em nossos pensamentos. E claramente se trata do pensamento dela, que o espírito consegue ouvir.

    Ainda, sinto falta de mais profundidade nesse conto, qual a reflexão/efeito você quis provocar no leitor? Acho que isso pode ser resolvido com outra última frase que não essa.

    Boa sorte e parabéns.

  31. Antonio Stegues Batista
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Esse conto tem a mesma introdução de dois contos de desafios passado. Claro, com final diferente, homem que retorna, a mesma casa, os mesmos moveis, relógio e calendário. Vou analisar o conto da seguinte forma: o homem retorna depois de muitos anos, talvez estivesse preso, talvez foi comprar pão, como aquele cara que foi comprar pão e não voltou. Ele entra sem dificuldade pela porta da frente ou porta dos fundos? Ele vê a mulher no jardim pela janela dos fundos ou da frente? Ou a sala tem uma janela que dá para outra sala? A mulher está de joelhos com as mãos fincadas sobre a terra, então ela está fora da casa, ele entrou pela porta da frente, foi até a cozinha e viu a mulher através da janela da cozinha. Talvez ela esteja plantando batatas, ou escavando a terra em busca de minhocas para pescar. Ou talvez ela esteja desenterrando os pertences que ele deixou quando partiu. O homem imagina os pensamentos poéticos dela, mas na verdade não são flores o que ela vai desenterrar, né. Parece que ela sabia que ele seria solto naquele dia. Claro, essa é uma interpretação bizarra, mas é a única que tenho.

  32. Mauro Dillmann
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Os dois estão mortos? Esse retorno é espiritual? Ou seria um sonho?

    “Genefluxa” ? Teria palavra melhor? Outra coisa: “jardins subterrâneos”, que imagem é essa? Essas imagens soaram forçadas no texto.

    O conto está bem escrito.

    Parabéns!

  33. Ockham
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Ockham

    Ah… você entendeu um pouquinho

    …bem pouquinho.rs

    A intenção não foi passar “esquisitisse” na postura da mulher. Aí …realmente você não entendeu nada. Há um simbolismo por trás disso. Vou tentar melhorar para deixar um pouco mais claro numa próxima.

    Agradeço muito pelo comentário e pelas observações.

  34. Kelly Hatanaka
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Um microconto misterioso.

    Segundo a teoria da lâmina de Ockham, a alternativa simples é preferível a complexa. Realmente, não entendi como isso poderia se relacionar ao seu conto, onde nada é simples. Então, vou desencanar do seu pseudônimo e focar no conto.

    Entendi alguma coisa? Nada. Tentei? Muito.

    Uma pessoa regressa a uma casa, que estava aberta e onde tudo permanecia como antes. Pela janela, vê a esposa em uma postura esquisita e ouve seus pensamentos que falam de sua ausência.

    Minha interpretação é que ele morreu e, de certa forma, voltou ao lugar onde viveu.

    Acertei?

    Parabéns pela participação e boa sorte.

    Kelly

  35. Rodrigo Ortiz Vinholo
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Gostei! Gosto da ideia do fantasma (ou seria ele uma lembrança?) que volta para casa e encontra o mundo em uma versão parcial e fantasmagórica, refletindo a própria existência. A relação com a esposa, e a saudade trazida por sua ausência, se refletem também nela, o único elemento vivo da cena (apesar de todos ganharem vida de algum modo através da mudança).

    Isso dito, a linguagem e abordagem não me pegaram tão bem. O estilo poético é interessante, mas acho que o caminho acaba ficando onírico demais, sacrificando um tanto de clareza um pouco à toa. O experimento com linguagem e lirismo acaba não compensando o que “custam” à história.

  36. Afonso Luiz Pereira
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Esse é um daqueles textos que deixam mais perguntas do que respostas, o que, para alguns, tem seu charme. O retorno do homem à casa cria uma atmosfera de mistério e melancolia, com elementos que nos levam a supor que se trata um fantasma.

    O ponto mais impactante, sem dúvida, é a cena da esposa ajoelhada, que parece ainda presa a um luto de longo tempo. A frase final é bonita, mas talvez, pelo menos para mim, soe um pouco forçada em poesia. O texto está bem escrito, embora o termo “ajoelhada” pudesse ocasionar menos estranhamento.

  37. Vítor de Lerbo
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Vítor de Lerbo

    Seguindo a filosofia baseada no próprio pseudônimo da pessoa que escreveu, a Navalha de Ockham, quanto menos elementos narrativos que não auxiliam a história, melhor.

    Penso que essa lógica foi utilizada aqui. O conto é sucinto, o que não torna menos compreensível. A pessoa que escreveu respeita a inteligência dos leitores e nos leva por um caminho de dor e saudade. Muito bem estruturado e sem excessos.

    Boa sorte!

    • Ockham
      22 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Vítor, a citação sobre a navalha. é brilhante!!! Assim imagino e tento escrever os minicontos. Muito feliz com a sua associação e agradeço pela análise do texto.

  38. Nelson
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Nelson

    Conto de perda. A última frase torna o texto gótico, a mulher que ainda está ligada ao ente perdido, homenageando-o de maneira delicada. Achei interessante e construção e a forma como se revela que trata-se de um espectro, pois ele não tinha chave, mas entrou. Só achei que poderia ter carregado mais na obscuridade, na tristeza, já que se trata de um fantasma e um deprimido.

    • Ockham
      22 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Nelson, muito grato pela análise e pelas sugestões. Um grande abraço!

  39. Rogério Germani
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Rogério Germani

    As despedidas mais difíceis são aquelas que a mente nega.

    Dito isto, o espírito romântico de ambos é palpável e consegue espaço na crença dos amores eternos.

    Boa sorte!

    Rogério Germani

  40. Priscila Pereira
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Ockham! Tudo bem?

    Interessante seu conto! Eu tenho uma interpretação meio diferente dos demais… Claro que posso estar viajando completamente na maionese, mas…

    Pra mim, a esposa matou o cara. Ela está no quintal, de joelhos, com as mãos na terra e pensando nas flores que enfeitam a ausência… Não sei pq, mas pra mim parecia que ela estava grata pela ausência. Que as flores que ela colhia eram belos frutos que a ausência dele lhe causava. Não tenho ideia do pq eu vi isso, mas vi e gostei mais da minha interpretação do que da dos outros. 😁

    Parabéns e boa sorte no desafio!

    Até mais!

    • Ockham
      22 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, como está?

      Posso falar uma coisa? Também gostei mais da sua interpretação. rs

      Agradeço pelo comentário.

  41. Rangel
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Rangel

    Ockham,

    Acredito que soube explorar bem a ambientação, construindo um lugar marcado pela ausência de cuidados, onde o tempo corrói o espaço que só tem vida, quando o casal está juntos. Pelo menos para a esposa parece ser assim.Fiquei pensando se essa ausência não se refere de alguma forma ao luto. Vejo isso em algumas pistas habilmente deixadas ao longo da história: primeiro, claro, o tempo parado; depois a facilidade de entrar em casa sem as chaves; a esposa genuflexa como se tivesse em oração, sendo assim uma forma de entrar em contato com ele; o elemento das flores, que na nossa cultura guarda relação com o luto; e, por fim, a própria ideia do subterrâneo. Talvez até mesmo vejo a possibilidade de ela o ter invocado através de algum ritual místico.

    Enfim, essa foi a minha leitura da história. Posso dizer que gostei, pois tudo nessa minha interpretação, contribui para o tom da história, do vocabulário à ambientação. Parabéns!

    • Ockham
      22 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá, Rangel! Agradeço pelo comentário e por sua sensibilidade ao captar as nuances do texto. Realmente, acredito que o texto chegou a você na forma e da forma que concebi.

      Grande abraço

  42. José Leonardo
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Ockham.
    É um desafio repleto de contos sobre perda explorada em aspectos de sentimento e nostalgia. Ainda que seu conto me pareça bem escrito e crie um clima para a atmosfera final, creio que me perdi tentando entender melhor a última frase e, nisso, o encanto da estória se esvaiu…
    De qualquer modo, parabenizo a forma como os elementos anteriores estão bem acentuados de modo retratar um extremo pesar e tristeza.
    Boa sorte neste desafio.

  43. andersondopradosilva
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Retorno é um microconto sobre perda e saudade. O protagonista, cujo nome não é revelado, retorna à sua antiga casa. Abre a porta sem dificuldade. Parece não compreender sua nova situação. Tudo lhe soa estranho, o relógio, o calendário. Mais surpreendente de tudo é encontrar a esposa prostrada, rezando. É neste momento que a verdade se revela inteira. Ela sente saudade do falecido marido, e expressa essa saudade com lirismo e paixão.

  44. fcaleffibarbetta
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de fcaleffibarbetta

    Olá, Ockham

    Seu texto tem um quê poético, principalmente no final. Tem também um certo suspense, vamos seguindo este narrador, aguardando o que será visto naquela casa fechada há tanto tempo. Gostei disso. O final tb é muito bom.

    Gostei da escolha de algumas palavras, como “fincadas”, “mobília”, no lugar de móveis, “avistou”, no lugar que viu. A palavra genuflexa, ainda não sei se foi uma boa escolha. Em um primeiro momento, achei afetação, depois, pensando melhor, acho que pode ser justificada, mas não sei se vale o risco. Explico: acredito que para você esta seja a palavra exata, a que mostra melhor a posição da mulher, em uma situação que lembre o ato de rezar, talvez tenha sido essa a sua intenção, mas acho que foi um risco que você assumiu de dar muito destaque a esta palavra estranha e de afastar alguns leitores. O fato de ela estar genuflexa e não ajoelhada é um ponto crucial na sua trama?, ajoelhada não chegaria à imagem que quis passar?, você quer chmar a atenção para esta genuflexão? É sempre um risco.

    “fincadas sobre a terra” – fincadas na terra

    Parabéns pelo texto.

    • Ockham
      21 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Olá. agradeço muito pelo comentário. “Genuflexo” ficou polêmico. Não foi intenção mostrar vocabulário rebuscado….muito pelo contrário. Bom…só respondi o seu comentário, pois, finalmente alguém acertou na interpretação dessa famigerada “genuflexão”. rs

      Agradeço por sua sensibilidade.

    • Ockham
      22 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Só para complementar….o “fincar….sobre a terra” tem uma conotação simbólica e não literal.
      O usual, e agradeço por destacar, realmente é “fincar ….na terra”

  45. bdomanoski
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de bdomanoski

    O que eu gostei no conto é que o autor dá dicas bem funcionais acerca da condição de espírito desencarnado do protagonista. “Ela nada dizia, mas ele podia escutá-la.”, “Não encontrou a chave. Mesmo assim, entrou sem dificuldade”. Há muitos micros que carecem dessas pequenas dicas que fazem a gente compreender e entrar na história. O que senti falta foi de um pouco mais de emoção. O homem ficou feliz ou triste ao ver a esposa? Mas o conto diz outras coisas, sobre como a mulher nunca conseguiu superar sua partida. Mas não se têm a reação do fantasma perante tal cena. A bem da verdade, parece que ele não percebeu sua condição de espírito, e pensa ainda estar vivo. Sendo assim, acho que o micro foi satisfatório, embora ficasse ainda melhor num formato maior.

    • Ockham
      21 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Boa noite!

      Grato pelo comentário e pela interpretação perfeita.

  46. Amanda Gomez
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Um homem em forma de espírito, por algum motivo, retorna ao lar. Nao se sabe o tempo que levou pra isso e nem como ele morreu.

    Achei o conto bom, mas não me senti fisgada por ela, e não sei explicar exatamente o porquê. A cena da mulher é um pouco esquisita. A palavra “genuflexa”, eu sinceramente nunca ouvi falar. Tropecei nela, caí, levantei e, quando voltei ao conto, me senti um tanto desconectada.

    Parece que houve uma morte trágica, o que dá para perceber pela sutileza e pelo peso emocional que permeia o ambiente. Isso foi bem passado. Porém, a frase da mulher, embora poética, soou um pouco deslocada. Acho que ela não harmoniza tão bem com o restante do texto. Se todo o texto tivesse um tom mais poético também, talvez funcionasse melhor.

    É um bom texto.

    Parabéns pelo trabalho, boa sorte no desafio.

    • Ockham
      22 de janeiro de 2025
      Avatar de Ockham

      Agradeço pela análise e sugestões.

  47. Luis Guilherme Banzi Florido
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia/boa tarde/boa noite e um bom ano pra nós, amigo entrecontista. Bora começar um novo ano arrasando na escrita! Parabéns pela participação nesse primeiro desafio no ano,! Pra mim, escrever micro conto é um macro desafio kkkkkk. Bora pra sua avaliação, mas, por favor, não leve minhas palavras a sério demais, afinal, micro conto é algo muito fora da curva e é difícil até analisar. Pra ajudar, criei um micro sistema que espero que ajude a ser justo com todos os amigos. Bora lá!

    Micro resumo: o fantasma de um homem volta para casa para encontrar a amada ainda em luto.

    Microsensações: sendo totalmente sincero, não consegui me conectar com esse conto. Achei a leitura um pouco confusa, o que se resolveu com releituras, mas senti que isso trava um pouco a leitura e deixa a experiência menos cativante e muito menos impactante. Achei que a escolha de palavras também não foi legal, genuflexa, por exemplo, é uma palavra que não me parece necessária. Tive que ir procurar o significado no google, o que travou ainda mais a leitura. Tipo, não sou contra um vocabulário mais elaborado, mas essa palavra me pareceu o caso de alguém que procura sinônimos no google e usa o mais diferente e menos usual, sabe? Enfim, pode ter gente que goste, mas eu acho que esse tipo de vocabulário atrapalha a fluidez. Também achei a última frase complexa demais, o que tira o impacto. Não parece real, uma vez que não parece uma frase que uma viúva de luto pensaria, sabe? Enfim, o conto funciona dentro do proposto e a história é contada, mas eu meio que não embarquei na jornada, e a falta de impacto me impediu de sentir a emoção que o conto pretendia trasmitir, infelizmente.

    Impacto:

    Micro –> conforme já explicado acima, achei que o impacto sofre muito pelos aspectos já listados.

    Médio

    Macro

    Uso das pouquíssimas palavras permitidas: bom. Você utiliza bem o pouco espaço de que dispõe, e conta muito com poucas palavras. NEsse quesito foi muito bem.

    Conclusão de um leitor micro-capacitado a opinar sobre micro contos: me senti acompanhando um drama que pretendia ser impactante, mas me distraí demais tentando entender o que tava rolando e quando me dei conta, o clímax tinha passado e eu tinha ficado perdido nas horas e nas datas.

    Parabéns e boa sorte no desafio!

  48. Nilo
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Nilo

    Boa noite Ockham. Gostei, bem escrito, desvenda lentamente a historia. Gostei especialmente do final: “Ainda colho flores nos jardins subterrâneos que enfeitam a sua ausência”. Parabéns. sucesso no desafio.

  49. Leo Jardim
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 Conteúdo (⭐⭐▫): numa primeira leitura fiquei com muitas dúvidas, o conto tem algumas contradições (entrar em casa sem chaves, ouvir algo que não foi dito). Até que entendi que ele era um fantasma vendo o luto de sua esposa por sua morte. Interessante essa visão.

    📝 Técnica (⭐⭐▫): boa, com destaque para a palavra “genuflexa”, que tive que pesquisar (gosto de aprender palavras novas rs)

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): não é um tema novo, mas ganha pela forma que foi apresentado

    🎭 Impacto (⭐▫▫): a confusão me deixou um pouco frustado no início, mas a compreensão ajudou. Apesar disso, não senti tanto a dor da perda como um conto desse tema deveria trazer.

  50. geraldo trombin
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de geraldo trombin

    Apesar do tema recorrente, o conto foi bem pensado. Eu, particularmente, gosto do substantivo “genuflexão” e suas variações, porém, não é bom usar a torto e a direito. Tem hora que é bom evitar, como nesse caso, em que você desenvolveu um texto mais simples, e que acabou destoando do restante.

    A frase de fechamento trouxe à minha memória a música do IRA: Flores em você! No geral, o seu conto está (bem) bom. Parabéns. E boa sorte!

  51. antoniosodre
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Antonio Sodre

    A ideia de trabalhar com um espírito, com o tempo que parou ou não mais faz sentido, a mulher que lamenta a ausência – tudo está muito bem encaixado em uma narrativa concisa, o que é o grande mérito do conto.

  52. cyro fernandes
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de cyro fernandes

    O conto está bem escrito e explora aspectos do além, assunto explorado frequentemente através da religiosidade.

    Confesso que prende a atenção, tem um final singelo, mas que carece um pouco de originalidade.

    Cyro Fernandes

    cyroef@gmail.com

  53. Givago Thimoti
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Givago Thimoti

    Retorno (Ockham)

    Bom dia, boa tarde, boa noite autor(a)! Espero que esteja bem! Meus critérios de avaliação foram escolhidos baseando-se em conceitos que encontrei sobre o gênero microconto na internet. São eles: utilização do espaço permitido, subtexto, impacto, escrita. Nesse desafio em específico, não soltarei minhas notas no comentário. E, por fim, mas não menos importante, gostaria que você tivesse em mente que microcontos são difíceis de escrever e difíceis de avaliar; logo, não leve tanto para o lado pessoal se o meu comentário não estiver bom o suficiente, por qualquer motivo que seja. Garanto que li com o cuidado e a atenção que seu conto merece, dando o meu melhor para tanto contribuir com a minha opinião quanto para avaliar de uma forma justa você e os demais colegas.

    É isso! Chega de enrolação e vamos para o meu comentário:

    Ø  Breve resumo:

    Um fantasma volta para casa, para o seio de sua amada.

    Ø  Utilização do espaço permitido:

    Bom, creio eu que o conto poderia ter usado um pouco melhor o espaço disponível. Claro que o espaço é limitadíssimo, e exige um jogo de cintura e uma expertise do autor/ da autora para acertar o momento exato do retorno do falecido para sua amada.

    Pessoalmente, eu acho que faltou um pouco de mais interação entre eles, sabe? Ficou um gostinho de quero mais. Do jeito que está, ficou fechadinho demais, muito encaixado e com pouco espaço para o leitor imaginar.

    Ø  Subtexto:

    Hum, eu senti falta de um subtexto. Como o conto não tem imagem, resta ao pseudônimo e ao texto mesmo a missão de introduzir algo nas entrelinhas. Talvez nem tenha essas entrelinhas.

    Não posso negar que foi um tanto estimulante tentar compreender como o pseudônimo se relaciona com o conto. Ockham pode ser uma referência a um filósofo que antecessor do racionalismo, Guilherme de Ockham. Busquei e busquei e busquei o subtexto, mas não consegui encontrar.

    Então, segundo o próprio Ockham, é preciso escolher as explicações mais simples para qualquer fenômeno que observamos.

    E a história é isso mesmo: assistimos o retorno do além de um homem para sua amada.

    Ø  Escrita:

    A escrita do conto é simples, de linguagem bem acessível. Claro, meteu do nada um genuflexa??? Sim. Achei estranho? Sim. Acho que foi uma opção segura para conduzir a história.

    Ø  Impacto:

    O impacto foi médio-médio. Talvez esse conto tenha uma nuance que eu não fui capaz de perceber.

    Boa sorte nesse desafio com os demais comentaristas!  

  54. Thales Soares
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Não entendi direito este conto…

    Vamos por partes. Primeiramente, o protagonista retorna à sua antiga casa, depois de muito tempo. Ele entrou sem as chaves… então devo supor que ele seja um fantasma, eu acho. A mobília ainda é a mesma, mas ele não consegue olhar a hora no relógio da parede, e nem o ano no calendário… tipo como se fosse um pesadelo bizarro. Aí ele vê pela janela a esposa, ajoelhada com as mãos na terra. Ela não diz nada, mas ele pode ler seus pensamentos, pois o protagonista parece ser uma espécie de fantasma telepata… e os pensamentos dela são:

    “Ainda colho flores nos jardins subterrâneos que enfeitam a sua ausência”

    Essa frase em específico que eu não entendi. E é justamente esse o desfecho da obra… então sem compreender ela, eu acabo não entendendo merda nenhuma do que se passa aqui.

    Bom, mas de qualquer forma, mesmo se eu tivesse entendido tudo de forma primorosa, esse conto não estaria na minha lista de favoritos. Ele é muito bem escrito, denso, charmoso, e tudo mais. Mas não é o estilo que costuma me agradar. Ele me lembrou bastante, inclusive, a avalanche de contos de nostalgia que tivemos no desafio passado.

    Boa sorte no desafio!

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Publicado às 19 de janeiro de 2025 por em Microcontos 2025 e marcado .