EntreContos

Detox Literário.

Luzes (Gustavo Araujo)

Na mesa de cirurgia, notou sua imagem aprisionada nos refletores acima: uma mulher de cinquenta anos, os traços contorcidos em muda aflição.

Ali viu os castelos há muito concebidos esfarelando-se outra vez.

A dor.

Não. De novo não…

Uma brisa fugidia lhe afagou o rosto qual presságio de tempestade.

O silêncio calou seus sentidos.

Seja valente, disse o médico, mas ela ouvia apenas os batimentos cardíacos.

O coração.

O coração.

A angústia dos sonhos inalcançáveis.

Súbito, o choro dos bebês arrebentou a eternidade anunciando o triunfo da coragem.

Da esperança. Da vitória.

Diante deles, o mundo.

Dela, a redenção.

55 comentários em “Luzes (Gustavo Araujo)

  1. Guaxinim Poético
    2 de fevereiro de 2025
    Avatar de Guaxinim Poético

    UAU! Um conto quebrador de expectativas. Ao estabelecer a idade da protagonista, nos afasta automaticamente do desfecho ofertado. Uma grande jogada para surpreender o leitor. Parabéns, parabéns, parabéns!!! ☆☆☆☆☆.

  2. Sidney Muniz
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Sidney Muniz

    Belo conto!

    A vida por um fio nos trás perspectivas, imagens, memórias.

    Tudo é mais intenso e aqui sentimos isso.

    Parabéns e boa sorte!

  3. Diego Gama
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Diego Gama

    que pesado e mesmo assim lindo esse conto! Parabens! Muito bem escrito e passa muito sentimentos nas palavras

  4. Raphael S. Pedro
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Raphael S. Pedro

    Bebê arco-íris? Imaginei a dor dessa mãe ao ouvir o desespero dos médicos e senti sua felicidade com o choro da criança. Tema bastante sensível e muito bem trazido pelo(a) autor(a). Parabéns!

  5. Pedro Paulo
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: A autoria optou por enfocar individualmente cada sensação e pensamento da personagem em torno do que está acontecendo, ao invés de dizer diretamente do que se trata o texto. Então não se fala em “parto”, mas se investiga a angústia da expectativa da grávida até que ouvimos o choro do bebê e as palavras finais engrandecem o mundo externo aos recém-nascidos enquanto aquecem o mundo interno da mãe, redimida. Usar a poética como forma de estabelecer cenário e personagens é uma habilidade admirável, confere elegância à narrativa. Parabéns!

  6. André Lima
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de André Lima

    Achei muito boa a abordagem desse conto. A técnica é excelente.

    Numa primeira leitura, achei o final aberto, ambíguo. Agora, na segunda leitura para comentar, a frase “o choro dos bebês arrebentou a eternidade” me diz que a mãe faleceu no parto (Claro, gêmeos e numa idade avançada). Essa é a minha interpretação.

    O conto está redondinho.

    Parabéns pelo trabalho!

  7. Roberta Andrade
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Roberta Andrade

    Se bem entendi, esse texto trata sobre o sentimento feminino de obrigação pela reprodução. Entendi que foi uma mãe, que após muitos partos que não vingaram, conseguiu finalmente cumprir o seu destino.

    Achei um tema delicado e complicado. Não sei se compreendi bem, mas achei o texto bem elaborado e com boa técnica.

    Parabéns pela participação. Boa sorte.

  8. Felipe Lomar
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Felipe Lomar

    o texto é ambiguo, pode ser uma tragédia ou ter um desfecho positivo, dependendo de como se lê. A escrita é um pouco piegas, se baseando em frases de efeito construídas com vocabulário rebuscado. Se torna um pouco cansativo de ler mesmo sendo um microconto. Enfim, acho que essa falta de definição na narrativa e a escolha em relação a escrita mataram o conto pra mim, infelizmente.

    boa sorte.

  9. leandrobarreiros
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Chamo de “técnica” a facilidade com que o autor carrega o leitor pela narrativa, e/ou transmite subtexto, e/ou faz (bom) uso de figuras de linguagem que tornam a leitura agradável.

    Chamo de “interesse” o quanto o texto me fisgou enquanto leitor, o quanto de impacto senti pela leitura.

    Chamo de “objetivo do autor” um palpite do que o autor queria com o texto. É mais um esforço criativo e uma tentativa de fazer leituras mais enquanto escritor do que leitor.

    Para mim a maior força desse texto no está nem na técnica (que é muito boa), nem na reviravolta, mas na criatividade. É um drama que nunca vi, pra ser sincero.

    Pelos castelos esfarelados imagino que ela abortou espontâneamente outros fetos e agora teve a sua… Redenção? Talvez tenha desistido de filhos por muito tempo e resolveu tentar uma última vez.

    Técnica: muito boa. Texto criativo, fluido, com linguagem poética e reviravolta ao final.

    Interesse: baixo. Apesar da criatividade, é muito difícil um texto com a mão pesada no lirismo me pegar. Aqui não funcionou, algumas partes soaram excessivas pro meu gosto pessoal.

    Objetivo do autor: agradar o leitor pela estética e conquista-lo pela surpresa ao final

  10. THAIS LEMES PEREIRA
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de THAIS LEMES PEREIRA

    Olá, Helena.

    Contexto pessoal

    Acho que minha atual maratona de Grey’s Anatomy afetou a minha compreensão do conto. Lá o setor onde ficam os bebês é bastante mostrado e logo eu levei a história para outro lado. Felizmente, acabei lendo os comentários e vi se tratar de uma mulher grávida aos 50 anos. Queria ter entendido sozinha, é um conto bonito e muito especial.

    Análise do conto

    O que eu estava entendendo é que ela estava em uma maca, com os médicos apavorados, enquanto ela passa pela parte do hospital onde ficam os bebês, ouvindo-os chorar, acaba falecendo, com sonhos inacabados. Agora que entendi o conto, após ler os comentários, a repetição de “O coração” ganha um bonito sentido.

    Conclusão

    Queria ter compreendido o conto sozinha, queria mesmo. Mas mesmo assim não posso deixar de querer tê-lo na minha lista de indicados, ainda mais com o presente do final feliz, muito contrário do que acredito que muitos optariam ou que eu mesma pensei.

    Desejo um bom desafio!

  11. fcaleffibarbetta
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de fcaleffibarbetta

    Olá,

    Helena

    Seu texto acertou no plot twist, eu realmente não imaginava esta virada.

    A palavra redenção ali no desfecho não é a mais óbvia. Achei enigmática esta sua escolha.

    Gosto de textos meio abertos que me fazem pensar, mas confesso que gosto mesmo quando encontro na releitura alguma coisa mais escondida que fortaleça uma das hipóteses… no caso do seu microcotno, seria algo que justificasse ela ter falado de redenção no final. Pode ter, eu não vi.

    Algumas frases não ajudam o texto, apenas tornam a leitura menos fluida e menos direta. Por exemplo, “anunciando o triunfo da coragem” é um pouco piegas.

    “castelos há muito concebidos esfarelando-se outra vez” – castelos concebidos?

    Parabéns pelo conto.

  12. Luis Fernando Amancio
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Oi, Helena,

    Como leitor, agradeço por compartilhar conosco seu texto. Participar de um desafio exige coragem, expor-se de forma cega ao julgamento dos pares. Você nos compartilha uma história inusitada, de uma mulher madura em sua “boa hora”. Um texto que nos surpreende, pois a descrição inicial da personagem nos leva a esperar outros motivos para estar na mesa de cirurgia.

    Preconceitos nossos, felicidade da sua protagonista.

    O texto é bem construído, sua escrita possui estilo e requinte. O tema é sensível. Sabemos como é difícil para as mulheres que não podem ter filhos naturalmente. A ciência pode ajudar, mas não é um caminho com sucesso garantido e imune a dores. De fato, é uma redenção.

    Também é interessante notar que não encontramos menções ao pai das crianças. Talvez seja um triunfo para a mulher até nesse sentido.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

  13. Elisa Ribeiro
    30 de janeiro de 2025
    Avatar de Elisa Ribeiro

    Um tema bastante contemporâneo num conto muito bem narrado. Na construção do suspense, na história sugerida da luta dessa mulher para ser mãe, nas pausas que aumentam a voltagem emocional do conto podemos perceber o engenho de um escritor com bom domínio da pena. Parabéns!! 

  14. Fabiano Dexter
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Aqui temos a história de uma mulher de 50 anos em uma mesa de cirurgia, explicitando o seu medo e pedindo que dê tudo certo. Até aí nada demais.

    Mas o final do conto nos leva a uma sala de parto onde a mulher espera que, dessa vez, dê certo. E dá.

    Uma boa história, que soube aproveitar o limite de palavras e criou um suspense para entregar alívio e esperança no final.

    Gostei bastante do conto!

  15. Thiago Amaral Oliveira
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    No início, até pela imagem, acreditei que se tratava de cirurgia estética. Preconceito meu. Trata-se do parto de múltiplos bebês, a mãe tendo cinquenta anos de idade.

    Várias dicas do passado da mulher, suas aflições e esperanças enriquecem a história. No entanto, alguns momentos poéticos foram escritos de forma a embelezar, mas para mim a mão pesou demais, e soou artificial, infelizmente.

    No geral, resultou em uma história muito bem escrita, redondinha. Talvez a que melhor use um clímax no desafio.

  16. JP Felix da Costa
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de JP Felix da Costa

    A história de uma mulher de meia idade que está grávida e que, após uma vida de tentativas, consegue, finalmente, ser mãe, e de gémeos. O conto tem uma cadência muito própria, que se enquadra bem no estado mental da personagem. O estado de ansiedade, o receio de tudo se repetir, a atenção aos sinais, como se os pensamentos fossem intercalados com a respiração.

    O ritmo da narração prendeu-me, pelo que disse acima, e, para um texto de 99 palavras, conseguiu criar um ambiente muito próprio que nos carrega em tensão até ao resultado final, e à satisfação de um final feliz.

  17. claudiaangst
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Uma mulher madura consegue gerar e parir gêmeos, provavelmente após longos e difíceis tratamentos. O momento mais feliz da sua vida também pode surgir como um abismo ecoando perigos e perdas já vividos anteriormente. Mas não! Ela é bem-sucedida e alcança a redenção.

    Não encontrei falhas de revisão. O recurso de repetir “o coração” passou a ideia de serem dois bebês, um nascendo após o outro.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  18. Fernando Cyrino
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Fernando Cyrino

    Olá, Helena, que bacana o seu conto. Toda vez que uma criança nasce o mundo se regenera um pouquinho, eis que o ato de confiança daquela mãe faz com que a esperança renasça mais uma vez… Ainda mais uma mulher aos 50 anos, que tudo me indica tenha feito um trabalho médico para engravidar, talvez congelado óvulos… e vieram em dose dupla. Esperança dobrada. O conto mostra muito bem ela se olhando nos holofotes e vendo o passar do tempo no seu rosto, o grande medo que estava possuída e, enfim, a chegada das crianças. Tudo bem colocado, tudo bonito. Parabéns e boa sorte no desafio.

  19. Priscila Pereira
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Helena! Tudo bem?

    Esse conto fala muito em pouquíssimas palavras!

    A mulher de 50 anos, sabe-se lá quantas tentativas, quantos abortos, quantas fertilizações frustradas, quanto sofrimento. O maior desejo dessa mulher era ser mãe, a maior realização, a missão de uma vida. Pq só assim para passar por tudo isso.

    E quando ela está lá, prestes a ver o fruto de tanto empenho vem o medo, o desespero, a dúvida.

    Mas logo que escuta o choro dos bebês (fertilizações costumam gerar mais de um bebê) tudo se transforma e ela sente que valeu a pena tudo o que passou, enfim a redenção!

    Com tão poucas palavras deu para visualizar tudo isso! Coisa muito difícil de fazer!

    Uma história interessante: a primeira frase que eu falei como mãe foi “por que ela não está chorando?” Então o médico teve que dar uma palmadinha nela pra ela chorar e foi o som mais incrível do universo!

    Parabéns e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  20. Antonio Stegues Batista
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Mulher no hospital preparando-se para  o parto, reflete sobre sua vida. Um conto com uma boa estrutura estética, mas a estória não me impressionou, há poucos elementos no conto curto que permita maior imersão na leitura e na vida da personagem, então achei um conto simples e sem grandes mistérios. Não há muito o que falar, achei simples demais.

  21. Bia Machado
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Plot: As sensações de uma mulher de 50 anos na hora do parto.

    Desenvolvimento: Bom desenvolvimento, sem muitos rodeios, porém sem entregar tudo ao leitor logo no início. Só compreendi que era um parto na segunda leitura, provavelmente porque na primeira leitura acho que meu ritmo de leitura estava muito rápido, o que não é ideal para um texto desse. Um conto que mostra apenas aquele momento, com suas sensações, totalmente o contrário do anterior que li, sobre os banhos, em que aparece mais de uma época da vida. Ainda assim, o autor/autora mostra bem o quanto aquele momento é importante pra ela. Muita segurança na escrita! A repetição de “O coração” é por se referir aos dois bebês e achei muito bom esse recurso.

    Destaque: Para o início do conto, que já dá uma dimensão da personagem e do que ela vê. Mas será que está vendo mesmo, ou é ilusão? Isso deixa um suspense inicial bom para fazer com que a gente continue, sem pensar duas vezes. Mesmo sendo texto curto, o início dá o tom e o ânimo para ler naquele momento, ou não.

    Impressões da leitura: eu gostei, um tanto descritivo para o meu gosto, mas ficou no limite, até por ser um micro. Achei bom ser uma gestação fora do que costumamos ver, digamos, mas perfeitamente possível. Um bom conto. Boa sorte no desafio!

  22. Nelson
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de Nelson

    Mais um texto que trabalha na dualidade. A velhice morosa que se instala no ser a conceber duas crianças, símbolos da esperança e da pureza. A reflexão etária dos castelos desmoronando no espelho é adequada, contrasta com a violência do nascimento, a sede de vida e o grito de quem chega pra tentar um lugar neste mundo.

  23. danielreis1973
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Apesar da gravidez tardia (e portanto com baixa verossimilhança, ainda que não impossível), a história do conto se desenvolve de maneira direta e com riqueza vocabular, incluindo momentos de brilho: “…o choro dos bebês arrebentou a eternidade…”, alternados com outros nem tanto: “…anunciando o triunfo da coragem” – parece aqueles textos de documentários antigos. De qualquer forma, boa sorte no desafio.

  24. toniluismc
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Por meio de poesia e palavras intensas, o conto nos coloca em contato com os sentimentos de uma mulher durante uma cirurgia de parto, utilizando a metáfora da luz para representar a esperança e a vida.

    Ao transformar uma experiência dolorosa e íntima em um momento de reflexão e esperança, a autora nos faz encarar uma personagem complexa, frágil e forte ao mesmo tempo.

    A descrição da luz e do som nos levam a um ambiente repleto de mistério e transcendência. No fim das contas, a história da mulher pode ser interpretada como uma metáfora para a jornada da vida e a busca por significado.

    Parabéns pelo texto e boa sorte no Desafio!

  25. Juliano Gadêlha
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de Juliano Gadêlha

    Belo texto. A autora demonstra muita habilidade ao descrever a situação e levar a expectativa do leitor para um lugar diferente do que é revelado ao final. Essa virtude fica muito latente quando o texto gera a sensação de que tem bem mais de 99 palavras. Parabéns!

  26. Luis Guilherme Banzi Florido
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia/boa tarde/boa noite e um bom ano pra nós, amigo entrecontista. Bora começar um novo ano arrasando na escrita! Parabéns pela participação nesse primeiro desafio no ano,! Pra mim, escrever micro conto é um macro desafio kkkkkk. Bora pra sua avaliação, mas, por favor, não leve minhas palavras a sério demais, afinal, micro conto é algo muito fora da curva e é difícil até analisar. Pra ajudar, criei um micro sistema que espero que ajude a ser justo com todos os amigos. Bora lá!

    Micro resumo: mulher de 50 anos passa por parto difícil de gemeos, repensa os fracassos de sua vida e vê nos dois uma oportunidade de recomeço.

    Microsensações: um conto interessante, em que cada releitura traz novas possibilidades e significados. Na primeira leitura, peguei pouco, mas a cada vez que relia novas possibilidades me vinham à mente. Fui percebendo o uso inteligente da linguagem. A repetição de “o coração”, por se tratarem literalmente de dois coraçõezinhos. As frustrações do passado refletidas no vidro espelhado do teto da sala de cirurgia, o que indica que talvez ela tenha visto o proprio rosto, as marcas de idade, as rugas, e questionado como a vida passou e ela nao realizou tudo que queria, os castelos se desfizeram. As crianças, nova chance. Um conto sobre frustração e esperança. Bonito.

    Impacto:

    Micro

    Médio –> quando as peças vao se encaixando, o impacto cresce e o conto ganha camadas de subtexto que aumentaram meu apreço pela mulher e as crianças.

    Macro

    Uso das pouquíssimas palavras permitidas: excelente. Parece que cada palavra foi escolhida com uma função, e conta uma historia diferente. Essas historias vao se abrindo habilmente enquanto o texto se desenrola

    Conclusão de um leitor micro-capacitado a opinar sobre micro contos: estava colocando minhas luvas para auxiliar o medico num parto dificil. A senhora parecia muito nervosa e mesmo desesperançosa. O choro duplo levou ao choro de emoção, alívio e esperança. A equipe médica chorou junto.

    Parabéns e boa sorte no desafio!

  27. Gustavo Araujo
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Acredito que para funcionar bem um microconto precisa de camadas diferentes. Para além da história literal que é contada pelas palavras, é preciso haver tramas subjacentes, dilemas e dramas escondidos nas entrelinhas, algo que se revele somente ao fim da leitura, ou até mesmo em uma segunda ou terceira leitura.

    Aqui temos a história de uma mulher de 50 anos em uma mesa de cirurgia. Parece estar doente, sofrendo uma operação. Está tensa e pessimista, pelo jeito é uma intervenção que já ocorreu antes. Mas ao fim percebemos que ela está ali para dar à luz. São gêmeos.

    Vejo muito subtexto aí. A idade da mulher e o fato de virem gêmeos faz pressupor que ela passou por um tratamento de fertilidade, que talvez se trate da segunda ou da terceira tentativa. Sim, pode ser isso, mas pode não ser. Cabe ao leitor decidir e enxergar o que quer enxergar.

    A redenção final, depois que tudo parecia desmoronar (daí a alusão aos castelos) confere à narração um final feliz, isso é bem claro.

    Noto a intenção do(a) autor(a) em encaixar cada palavra, de modo a buscar seu sentido mais contundente. Há metáforas, há poesia, há busca pelo enlevo do leitor com a utilização pouco usual de determinadas expressões e palavras. É uma aposta arriscada já que isso demanda atenção, tempo e dedicação, algo raro num desafio com tantos concorrentes.

    Enfim, um bom conto, um conto sobre a vida, que deve agradar a alguns e nem tanto a outros.

  28. Renato Silva
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de Renato Silva

    Olá, tudo bem?

    Tenho pavor de hospital e a descrição da cirurgia estava me deixando angustiando, pois me parecia algo grave. Mas era apenas o parto de gêmeos (trigêmeos???) e, aparentemente, de uma gravidez não desejada. Como uma mulher consegue engravidar aos 50 anos “sem querer”? Essa gente não aprende. O bom é que estes bebês poderão ser a redenção desta mulher com o passado sombrio.

    Microconto bem objetivo, não precisei reler duzentas vezes e funcionou bem. Em poucas palavras, conseguiu criar uma tensão e um final que me fez sorrir.

    Boa sorte.

  29. Marco Saraiva
    26 de janeiro de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Putz. Que texto bem escrito. Tudo é pensado nos mínimos detalhes. Esta é a beleza de quem sabe escrever um microconto: poucas palavras, muito conteúdo. Que texto denso!

    “Não. De novo não…”. Uma frase simples, mas que impacto! Primeiro, vê-se a mulher de 50 anos, olhando de volta para si mesma. Refletindo sobre ela, lembrando-se do passado. Imaginei uma cirurgia no coração – já que depois, o conto fala de batimentos cardíacos. Mas então entendemos: ela deu a luz a gêmeos! Tudo leva a isso: desde o título muito bem escolhido no plural, até o delicado detalhe da repetição de “o coração”. E ainda sabemos que ela perdeu outras chances no passado, graças à impecável frase: “Não. De novo não…”

    No final, um milagre e uma vitória para a personagem, para o leitor, e para o(a) autor(a). Incrível conto, parabéns pela execução.

  30. Mariana
    26 de janeiro de 2025
    Avatar de Mariana

    Uma mulher mais velha se torna mãe? Ela foi uma péssima mãe antes e, agora, pretende fazer tudo diferente? É mm conto que possui interpretações variadas… Mas sim, partos são doloridos e a maternidade exige coragem.

    É uma escrita bonita, mas a organização das frases me lembrou mais poesia do que história. Não é muito o meu estilo, mas reconheço os méritos e o fato de ter um começo e um final bem amarrados… Me lembrou uma novela do Manoel Carlos, até pelo pseudônimo de quem escreveu. Parabéns e boa sorte no desafio.

  31. Afonso Luiz Pereira
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    LUZES” é um conto tecnicamente bem escrito. A narrativa é cheia de emoção, com o jogo entre dor e esperança costurando cada linha. A escolha das palavras é precisa, quase poética, conduzindo o leitor da angústia (talvez um diagnóstico ruim) à redenção (o nascimento dos bebês, que sempre causa empatia, na maioria das vezes). É um texto linear e com um crescendo muito bem construído. A força aqui está na transição: de uma mulher em sofrimento, encarando suas fragilidades e sonhos esfarelados, para o instante em que a vida, simbolizada pelo choro dos bebês, explode em esperança e vitória. Um conto bonito, com uma prosa poética bem delineada.

    O que mais me chamou a atenção, e registro aqui como algo bem pessoal, foi o uso da palavra “coração” repetida duas vezes, uma embaixo da outra. Achei esse recurso muito bom, de verdade. Alguns comentaristas atribuíram essa repetição ao batimento cardíaco dos gêmeos (dois corações), mas, para mim, soou como a sonoridade rítmica do batimento cardíaco da própria mãe. Coisas da subjetividade, claro. Gostei muito.

  32. Sabrina Dalbelo
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Sabrina Dalbelo

    Olá Entrecontista,

    Não é apenas um conto sensorial sobre maternidade, é sobre o medo, a angústia, a tensão, que é dar à luz aos 50 anos!

    Eu disse – ou melhor, o texto disse : 50 anos!

    Fora o rebuscamento de algumas palavras (nem sempre poéticas, mas apenas rebuscadas, na minha opinião), o texto transmite muita sensibilidade.

    Ponto para a virada, já que o início nos leva a crer que a cinquentona está na mesa de cirurgia por algum motivo médico e não para dar à luz.

    Obrigada pelo texto.

  33. Juliana Calafange
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Juliana Calafange

    Realmente, o título e a imagem remetem a outra história, de uma mulher com mais de 50 inclusive. Mas gostei do rumo que a história seguiu, a vida tomando o lugar da morte na cabeça do leitor.

    Dar à luz aos 50 anos realmente exige coragem, ainda mais gêmeos, e nem falo só pelo parto arriscado, mas também pelo que a espera pela frente, criar dois bebês aos 50 deve ser uma lenha.

    Gostei de alguns artifícios que você usa, por exemplo, repetir “o coração” duas vezes, uma pista para o fato de serem os corações dos gêmeos. Mas em outros momentos a linguagem escapole do foco da narrativa, como “Uma brisa fugidia lhe afagou o rosto qual presságio de tempestade” e “arrebentou a eternidade anunciando o triunfo da coragem”, que me pareceram frases rebuscadas demais, sem necessidade, que não acrescentam ao propósito do conto. Acabam quebrando o ritmo da leitura, o que compromete a experiência de quem lê.

    Também há no conto duas frases, que para mim não fazem sentido algum na história. Se é uma tentativa de cifrar a história oculta, peço perdão, mas não alcancei: “Ali viu os castelos há muito concebidos esfarelando-se outra vez” e “A angústia dos sonhos inalcançáveis.” Me pareceram estar ali sem serventia alguma. Talvez você pudesse reescrevê-las, usando esse número de palavras de outra forma que acrescente mais tensão à história, o que ajudaria muito a construir a surpresa que se revela no final, que o narrador considera a redenção da mulher.

    Um bom conto, parabéns.

  34. Victor Viegas
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Helena!

    Um conto bonito e com bom uso de elementos poéticos. Embora a escrita seja boa, não conseguiu me prender. Em minha opinião, ficou muito aberto sendo apenas o começo e o fim com uma compreensão mais clara. O micro demonstra um espaço de tempo sem um final exato. Acredito que poderia ser um fragmento para uma história muito maior e melhor aproveitada.

  35. Givago Domingues Thimoti
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    LUZES (HELENA)

    Bom dia, boa tarde, boa noite autor(a)! Espero que esteja bem! Meus critérios de avaliação foram escolhidos baseando-se em conceitos que encontrei sobre o gênero microconto na internet. São eles: utilização do espaço permitido, subtexto, impacto, escrita. Nesse desafio em específico, não soltarei minhas notas no comentário. E, por fim, mas não menos importante, gostaria que você tivesse em mente que microcontos são difíceis de escrever e difíceis de avaliar; logo, não leve tanto para o lado pessoal se o meu comentário não estiver bom o suficiente, por qualquer motivo que seja. Garanto que li com o cuidado e a atenção que seu conto merece, dando o meu melhor para tanto contribuir com a minha opinião quanto para avaliar de uma forma justa você e os demais colegas.

    É isso! Chega de enrolação e vamos para o meu comentário:

    Ø  Breve resumo:

    Helena, aos 50 anos e após tentativas de engravidar, deu a luz à Manoel e Carlos. Parabéns a nova mamãe!!

    Ø  Utilização do espaço permitido:

    Huuum, diria que foi bem utilizado o espaço. A narrativa está ali, clara, com uma dosagem legal de história aberta.

    Ø  Subtexto:

    A história solta alguns trechos do que Helena (amo esse nome) passou até ali. Dificuldades para engravidar (ou para manter a gestação), talvez culpa por ter abortado (seja sem ou com intenção). A ansiedade diante do parto complicado. Produção solo, por assim dizer. Gostei bastante dessa narrativa e todas as nuances presentes.

    Muito bom!

    Ø  Escrita:

    Eu acho que é nesse aspecto que o conto desliza. A escrita está (quase) correta (faltou uma vírgula antes de anunciando), sem dúvidas. É poética. Ou, pelo menos é o que busca. É uma escrita que por vezes exagerou em “poetizar”, por assim dizer. Por exemplo:

    1.    “Uma brisa fugidia lhe afagou o rosto qual presságio de tempestade.(…)”. Embora seja uma forma criativa de metaforizar a sensação que a pressão baixa/ suor frio causam, achei meio cafona, não nego (desculpa pelo termo). Fugidia, um termo em pleno desuso…

    2.    “O silêncio calou seus sentidos. Seja valente, disse o médico, mas ela ouvia apenas os batimentos cardíacos”. Uma hora os sentidos estão calados, na outra ela escuta o médico… Acho que é importante manter o paralelismo das ideias nesse sentido.

    Enfim, acho que essa escrita poética poderia ter sido um pouco mais simplificada, cuidando um pouco melhor das ideias e prestando atenção em como estão montadas.

    No mais, há pontos positivos; a repetição dos termos “o coração” para metaforizar os gêmeos, os choros dos bebês anunciando o triunfo da coragem de Helena (a parte do arrebentando a eternidade não porque, bom, a morte se aproxima assim que a vida começa. Até entendi que a ideia era que Helena jamais esqueceria desse momento, mas não sei se foi a melhor escolha de palavras nesse caso)

    Ø  Impacto:

    Infelizmente, eu não gostei muito do resultado final. Acho que a escrita mais prejudicou a narrativa do que abrilhantou, infelizmente. Claro, deve funcionar com outros leitores.

    Parabéns pela narrativa (pouco abordada) e Boa sorte no Desafio!

  36. Leo Jardim
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 Conteúdo (⭐⭐▫): o conto joga com o etarismo dos leitores (Thales?) e vai levando a crer que a mulher está próximo da morte numa mesa de cirurgia, mas está parindo gêmeos. Uma boa reviravolta.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐): imprime um ritmo, uma tensão, com frases curtas, conduz muito bem em direção ao desfecho que quebra as expectativas de forma positiva nesse caso.

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): na média do desafio

    🎭 Impacto (⭐⭐▫): uma boa reviravolta, daquelas que funcionam mesmo lendo e relendo o conto. Uma satisfação de ter sido positivamente enganado.

  37. Marcelo
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Marcelo

    Um conto muito bem escrito e com originalidade. descrição também muito boa, bem como a ambientação.

    Parabéns

  38. Vítor de Lerbo
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Vítor de Lerbo

    A imagem, o título e o início do conto nos levam para um lugar totalmente distinto de sua resolução, o que é um grande mérito da pessoa que escreveu.

    Jamais esperaríamos que o motivo de uma mulher de 50 anos estar numa mesa cirúrgica seria para conceber filhos (ainda mais, no plural). Não haveria melhor motivo para ela estar ali, e o final feliz, de alguma forma, também surpreende e nos deixa com um momento de esperança.

    Boa sorte!

  39. jowilton
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de jowilton

    Bom conto. A condução é feita com boa técnica, gerando aflição no leitor, e nos remetendo para um outro lado, um sofrimento por alguma doença, que poderia terminar em morte, no entanto, era a vida que a cinquentona gerava, duas vidas.

    Boa sorte no desafio

  40. Mauro Dillmann
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    A mulher de 50 anos que tem filhos, é isso? Nasceram gêmeos? Estava feliz e com dor, com medo? Gêmeos percebidos na referência aos bebês e também na repetição proposital da palavra ‘coração’.

    Algumas palavras desgastadas pelo uso: fugidia, presságio. Me pareceu pouco criativo.

    Um bom conto. Parabéns!

  41. Rogério Germani
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Rogério Germani

    A resiliência desenvolvida neste micro vai além da hora do parto. Retratam as dores, angústias e a busca em superar os ditos “impossíveis” vividos pela humanidade.

    Em tempo, parabéns pelos gêmeos. A jornada se torna mais fácil quando se tem parceiros.

    Boa sorte!

    Rogério Germani

  42. Amanda Gomez
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Esse conto merece um UAU. Tem uma sutileza, mas é carregado de complexidade.

    É inesperado lidar com essa cena: uma mulher de 50 anos, grávida de gêmeos. O que me espantou foi imaginar que ela estaria em parto normal, mas acho que não.

    Gostei bastante da estrutura que você montou no conto. As duas palavras repetidas – coração, coração – dão referência aos dois corações, e os dois estão batendo. Algumas partes deixam claro que essa não é a primeira vez que ela esteve nessa situação. Na última, que parece carregar um trauma, houve uma tempestade. Não houve coração batendo.

    O texto aborda a maternidade tardia, a coragem de uma mulher nos tempos atuais, enfrentando todas as dificuldades e, com certeza, muito preconceito da própria família. Ela persiste e consegue realizar o sonho de ser mãe. O fato de serem gêmeos deixa implícito que foi por meio de inseminação artificial.

    A ausência de uma mão ali, segurando a dela – apenas a voz do médico, demonstra que é uma gestação solo.

    É um conto com diversas camadas, que fala sobre muita coisa. Mesmo com poucas palavras, dá uma visão muito clara sobre a vida dessa mulher, antes e depois de ser mãe.

    Parabéns pelo texto!

    Boa sorte no desafio.

  43. Nilo
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Nilo

    Historia interessante. O pensamento da gestante na hora do parto. Algumas dúvidas: pela dor repetida supõe-se que seja um parto e não uma cesariana, logo ela estaria numa mesa de parto e não de cirurgia. E por que a redenção? talvez por ela ter tido filhos em idade avançada, até correndo certo risco? Creio que seja isso. Gostei da repetição de coração para os gêmeos. Boa sorte no desafio

  44. antoniosodre
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Antonio Sodre

    Trata-se de um microconto bem poético. Com algumas mudanças, poderia virar poesia. A repetição de “O coração” indicando duas crianças é um exemplo do estilo elegante do autor/a.

  45. bdomanoski
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de bdomanoski

    Parabenizo ao autor(a) deste conto, por ter criado um drama, de certa forma, inovador, pois nunca antes tinha lido nada do tipo. A conquista de uma mulher que tinha o sonho de engravidar, aos 50 anos, com medo de não conseguir, mas felizmente – Ufa! – deu tudo certo! Farejo um pódio para este conto. Diálogos naturais, descrições assertivas e suficientes, e uma boa história por trás.

  46. José Leonardo
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Helena.

    Muito bom. Em poucas palavras, você conseguiu traduzir poucos segundos de vida dos mais preciosos. A persistência diante da percepção de que tudo vai por água abaixo. O poético para a agonia e o êxtase. A gloriosa redenção para o seu mundo. Ainda que algumas palavras pareçam se repetir, creio que não seja isso. Aliás, são dois corações,

    Parabéns pelo texto e boa sorte neste desafio.

  47. andersondopradosilva
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Luzes retrata a conturbada relação da mulher com a maternidade. Parir é uma necessidade interna e externa. Talvez não devesse ser, mas é comum que acabe sendo. A protagonista é uma mulher velha para a maternidade, cinquenta anos. Teve outras gestações fracassadas. Sente-se vencida, oprimida por suas sucessivas derrotas. Mas insiste, apesar do medo, ela teima, segue edificando seus castelos de areia. Após procedimento de inseminação artificial, e após longa e delicada gestação, finalmente está na mesa de cirurgia ao embalo das batidas do coração. A equipe médica tenta ser profissional. Todos estão cientes de sua condição. Os cabelos grisalhos não enganam ninguém. Mas a equipe tenta acalmá-la. E o choro das crianças irrompe pela sala, gritando seus perdões e sacralizando essa mãe.

  48. geraldo trombin
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de geraldo trombin

    Uma cinquentona na mesa de cirurgia, em aflição, pensa na dor: – De novo, não!

    Um pressentimento, a tensão (bem representada pela repetição – O coração. O coração.). E, finalmente, a revelação – o alívio, a redenção, o nascimento dos filhos. Conto bem desenvolvido e interessante. Parabéns e boa sorte!

  49. Kelly Hatanaka
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Afff, mãe de gêmeos aos 50? Agora sim, ela vai ter que ser valente.

    Um miniconto de verdade, que conta uma história completa. A escolha de palavras é perfeita e, dentro do curto limite, ficamos sabendo que é uma gestação tardia, após uma longa sequencia de insucessos e que teve gêmeos, o que sugere um procedimento de fertilização. Nenhum acompanhante, que é de praxe durante uma cesárea, é mencionado. Ela está só? Tive esta impressão. É uma produção independente e ninguém a apoia? E, por fim, a redenção. Esta palavrinha revela muito dos sentimentos da protagonista. Ela sentia-se culpada por não levar a termo sus gestações.

    Excelente.

    Parabéns pela participação e boa sorte.

    Kelly

  50. Rodrigo Ortiz Vinholo
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Gostei da situação incomum da personagem e sua reviravolta, isso já é um mérito em si. Por outro lado, a linguagem em si não me pegou. Os caminhos mais líricos, que às vezes parecem flertar com a prosa poética, para mim não se encaixam tão bem para microcontos.

  51. Andre Brizola
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Helena!

    Eu admito que sou bastante insensível com contos sobre a maternidade. Nunca consigo fazer a ligação que o autor busca com o leitor e, talvez, isso venha de minha falta de experiência, pois foi decisão minha e de minha esposa não sermos pais. Desta forma, toda análise de contos sobre a maternidade que faço é sempre um tanto quanto fria, e os autores sempre me criticam por causa disso. Eu não sou conquistado pela carga emotiva embutida no texto. Não sou público alvo e, se o autor publica esperando isso, devo pedir desculpas, mas nunca ocorre.

    Dito isso, até agora esse é o conto com o melhor desenvolvimento que peguei para ler, pois há muita informação em cada palavra, em cada frase, e a habilidade do autor em desenvolver o texto é absurdamente avançada, a ponto de conseguir encaixar passagens poéticas para abrandar o texto duro sobre uma mulher já em idade de risco para ter filhos, gêmeos, inclusive (provavelmente derivados de algum procedimento de indução de gravidez), com histórico de perda de gravidez anterior. Tecnicamente perfeito. Ficarei assustado se este texto não estiver no top5.

    Parabéns, desejo sorte no desafio!

  52. Rangel
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Rangel

    Gostei da escrita, parece tanta coisa que cheguei a duvidar da quantidade de caracteres, mas não, tem realmente 99.

    A maternidade é um desses temas fortes, que sempre que explorados ganha o leitor. Aqui estamos na sala de parto, uma mulher dá a luz a gêmeos, ou gêmeas? Esperança e Vitória. Tanta coisa isso não lhe trará agora? A imagem de mulher adulta, agora renovada com essa nova responsabilidade.

    A frase final é forte. Peguei-me pensando sobre o motivo de ela ter se redimido. Seria porque finalmente se tornou mãe? É, de fato, comum que se dê a maternidade como responsabilidade e finalidade da mulher. Não concordo, mas é o que dizem.

    De qualquer modo, a escrita soube explorar o momento. A princípio parecia uma cirurgia delicada, alguma questão de saúde, mas a autora ou autor não faz a virada de perspectiva artificial, fica convincente.
    Gostei do resultado.

  53. Evelyn Postali
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Evelyn Postali

    Ô, mulher corajosa, essa!

    Denso e simbólico, o micro capta muito bem a tensão entre o desespero e a possibilidade de renovação. É uma reflexão sobre o peso da vida, nossas escolhas, os desvios, as frustrações e as segundas chances. O choro dos bebês é o contraste – um novo ciclo se inicia. É a esperança, a vitória pessoal. O recomeço.

    Muito bem escrito e transmite muito bem essa jornada emocional profunda de uma mulher de 50 anos que se sente vulnerável nesse momento – quase em desespero pelas perdas, falhas, dores – e que não quer sucumbir. Não outra vez.

  54. cyro fernandes
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de cyro fernandes

    Conto caprichado na descrição dos sentidos.

    Bem desenvolvido e pungente.

    Cyro Fernandes

    cyroef@gmail.com

  55. Thales Soares
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Acho que não entendi este conto muito bem. O conto nos apresenta uma véia numa mesa de cirurgia. Aí temos uma linguagem poética que me deixou um pouco confuso, falando sobre castelos, ou algo assim. Depois temos a frase “O coração”, que é repetida duas vezes… não sei se de propósito, ou por erro de revisão (quero pensar que tenha sido de propósito mesmo). De repente, uns bebês começam a chorar. A véia então estava… grávida? Aos 50 anos? De gêmeos? Ok… creio que seja possível.

    O tema da história, no geral, não me agradou. Mas ela foi muito bem escrita. A imagem de capa combinou bem com o conto.

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Publicado às 19 de janeiro de 2025 por em Microcontos 2025 e marcado .