EntreContos

Detox Literário.

Liberdade (Fernando Cyrino)

Como em toda manhã, lá estavam as duas grudadas no portão. Só que aquele dia era diferente: esqueceram-no aberto. Foi enfiar o focinho e ele deslizou. Estavam livres. Sem esperar pela amiga, ela disparou ladeira abaixo. Até tentou ir atrás, mas a dor nas pernas exigia que escapasse devagar.  Lá embaixo, sozinha e perdida na sua inconsciência, desconsiderou a avenida em rápida procissão. O primeiro desviou, mas o que vinha atrás a jogou para o alto. Na poça vermelha os cabelos brancos pareciam cortina rala tentando proteger o rosto enrugado. Nunca mais ficaria presa.

82 comentários em “Liberdade (Fernando Cyrino)

  1. Guaxinim reflexivo
    2 de fevereiro de 2025
    Avatar de Guaxinim reflexivo

    Um texto que explica quem foi atropelada, no final. Meus gatos vivem este dilema. Querem a liberdade, mas temem a avenida que passa na frente de nosso lar. Gatos são espertos. Concedo uma liberdade vigiada, porque os amo. Guaxinins também têm seus dilemas.

  2. Renato Silva
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Renato Silva

    Olá, tudo bem?

    Pra mim ficou bem claro que se tratava de uma cadela (que se aproveitou do portão esquecido pelo morador sem trancar) escapando para a rua e uma velha senhora (também moradora da mesma casa) indo atrás dela. Mas por causa da idade e provável quadro de demência, ela se perdeu em uma avenida bastante movimentada (seria a da foto, a 23 de Maio?) e um dos carros não conseguiu desviar, acertando-a fatalmente. A última frase soou pra mim que a morte a libertaria não só da “prisão” física, por conta da idade e da doença, mas da prisão de sua mente por causa do quadro de demência.

    Não é um tema novo, na verdade, é um dos mais explorados pelo que andei lendo. Não levo tanto em consideração a originalidade, pois até os mais habilidosos e experientes escritos encontram dificuldades de explorar algo que ninguém ousou fazer. Essa coisa de animalzinho, criança e velhinho sempre mexem comigo. A cena da vovó estirada numa poça de sangue no meio da avenida é bem impactante pra mim. Também me coloco no lugar de quem tem a infelicidade de atropelar alguém, ainda que não tenha culpa, como se livrar disso? Fica a reflexão.

    Boa sorte.

  3. Pedro Paulo
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Um incidente narrado na perspectiva do cachorro (de modo que o emprego da palavra “inconsciência” me pareceu equivocado), em que os seus últimos instantes reduzem a tragédia diante de uma celebração da própria liberdade. Achei o final um pouco melodramático, com o detalhamento dos pelos brancos no sangue vermelho me parecendo destoar do tom anterior do texto (além de achar também que “cabelos” deveriam ser “pelos”), o que reduziu o impacto. Não há muita surpresa exceto pelo resquício do apreço de liberdade sobrepor a noção da própria morte, mas com tantos micros que procuram surpreender, até a surpresa não surpreende mais. Faz sentido?

  4. Raphael S. Pedro
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Raphael S. Pedro

    Então, apesar das informações nos levarem ao entendimento de que se tratam de personagens caninas, o contraponto de que poderiam ser humanas deixou uma confusão, ainda que pouca.

    O trecho “Sem esperar pela amiga, ela disparou ladeira abaixo. Até tentou ir atrás, mas a dor nas pernas exigia que escapasse devagar.” também ficou um pouco dúbio.

    No fim, diria que o início e final foram bem realizados, porém com um desenvolvimento levemente confuso. Boa sorte no desafio!

  5. jowilton
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de jowilton

    O conto narra a história de idosa e sua cadela que escapam de onde estavam presas, provavelmente em um asilo.

    A técnica narrativa falha um pouco porque confunde o leitor na identificação das personagens, a cadela e a idosa. A escrita é boa a ideia também, poderia ser um pouco melhor executado. O final com a idosa morrendo e encontrando finalmente a liberdade, me soou um tantinho forçado, só mesmo para nos pegar pelo drama. O impacto foi baixo.

    Boa sorte no desafio.

  6. Victor Viegas
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Alois!

    Alguns animais domésticos, principalmente aqueles arteiros que insistem em fugir, podem dar bastante trabalho quando descuidamos, na menor distração eles saem do nosso alcance. Este conto fala sobre isso. Embora não cite a cidade, eu acredito que pela foto e o título, seja São Paulo, a terra da garoa. Gostei do conto. A escrita é simples, sem surpresas e o final trágico. Tadinho do bichinho. Senti a falta de um maior desenvolvimento. Pareceu que se essa história seria um fragmento de algo maior que foi impossibilitado pelo limite de palavras. Boa sorte no concurso.

  7. Luis Guilherme Banzi Florido
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia/boa tarde/boa noite e um bom ano pra nós, amigo entrecontista. Bora começar um novo ano arrasando na escrita! Parabéns pela participação nesse primeiro desafio no ano,! Pra mim, escrever micro conto é um macro desafio kkkkkk. Bora pra sua avaliação, mas, por favor, não leve minhas palavras a sério demais, afinal, micro conto é algo muito fora da curva e é difícil até analisar. Pra ajudar, criei um micro sistema que espero que ajude a ser justo com todos os amigos. Bora lá!
    Micro resumo: uma idosa e uma cadela fogem. A idosa é atropelada.
    Microsensações: esse conto foi bastante confuso pra mim, e eu precisei de varias leituras pra entender (eu acho kkkkk). Primeiro, eu achei que fossem duas cachorras, por causa do focinho, mas dai tem a cena que fala dos cabeços brancos, e eu fiquei confusíssimo. Minha primeira interpretação foi: será que elas fugiram de uma clinica clandestina que faz experimentos em humanos e animais, e essas senhoras são dois experimentos humano-cão? Adorei essa interpretação kkkkk. Acho que isso mostra muito sobre como a escrita é viva e depende do leitor. Interessante.
    Conforme fui relendo, entendi que era uma senhora e uma cadela. A senhor corre atrás da cadela que fugiu e acaba sendo atropelada.A ultima frase dá a entender que ela se sentia enclausurada, o que diz muito sobre o que muitos idosos sentem: após viver uma vida livres, ficam presos dentro do proprio corpo e as vezes presos pela familia, que nao os deixa mais sair ou os coloca numa clinica e os esquece la. Legal que o conto trouxe esse subtexto de forma muito sutil.
    Porém, acho que o conto ficou complexto demais e isso tira um pouco da fluidez e do impacto. A mesma historia (que é muito interessante e criativa, diga-se de passagerm) poderia ser contada de modo mais organizado para melhorar o ritmo e a fluidez. Eu entendo que voce quis nos despistar para o plot twist, mas achei que pesou a mao e nos despistou ao ponto de criar estranheza. Ainda assim, um bom conto, com bom subtexto.
    Obs: ainda gosto da minha interpretação, e pra mim ela será canonica! kkkkkk
    Impacto:
    Micro
    Médio –> conforme falei, a confusao gerada na leitura devido ao modo como o conto está escrito atrapalha um pouco o impacto. Essa mesma historia poderia estar no impacto macro, com um trabalho mais cuidadoso para deixar o conto mais claro.
    Macro
    Uso das pouquíssimas palavras permitidas: bom. O conto trabalha bem as palavras de modo a contar sobre tudo que a senhora viveu e sentiu em seu “carcere”, o alivio da fuga, o medo pela cachorrinha e o subtexto final.
    Conclusão de um leitor micro-capacitado a opinar sobre micro contos: vi uma senhora com focinho correndo no meio dos carros. Enquanto tentava entender se ela era um tipo de x-men, ouvi um baque surdo. Demorei pra entender oq tava rolando.
    Parabéns e boa sorte no desafio!

  8. Andre Brizola
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Alois!

    O conto aborda a fuga de uma cachorra que, percebendo o portão de sua casa aberto, foge para a rua, de forma inconsequente. Uma idosa, talvez com alguma doença degenerativa, tenta correr atrás.

    O enredo é bastante simples, embora tenha alguns significados escondidos, mas o desenvolvimento revela um pouco de falta de experiência do autor em intercalar personagens e eventos. Talvez, se houvesse uma divisão em parágrafos, a confusão tivesse sido desfeita, mas a opção por um bloco narrativo único deixou tudo amontoado e gerou muita confusão.

    Tomo como exemplo a menção às duas personagens. “Ela disparou ladeira abaixo” e “até tentou ir atrás” se referem a duas personagens diferentes, mas estão agrupadas, como se fossem frases complementares, o que não são. E, em seguida, voltamos à primeira personagem, que está “sozinha e perdida na sua inconsciência” para, em seguida, ser substituída no foco narrativo pelos carros na avenida, formando mais uma informação confusa.

    Suponho que o autor quis dar senso de urgência no despejo de informações. Mas não funcionou, absolutamente. Teria sido melhor formatar o texto de forma mais tradicional, separando cada personagem, dando as informações de forma mais organizada.

    Mas escrever é prática. Aqui no EntreContos recebemos dicas extremamente valiosas e, nunca, saímos de um desafio com menos do que entramos, por mais que nossos contos sejam criticados. A participação é sempre frutífera. Espero que você encontre aqui nos comentários algo que possa te ajudar a crescer.Bom, é isso. Boa sorte no desafio.

  9. Thales Soares
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Este conto não me divertiu. Parece que todo desafio de microcontos tem uma história que tenta chocar envolvendo morte de cachorros… mas isso nunca me agrada.

    O conto em si está bem construído e bem escrito, só achei que ele podia estar um pouco mais organizado, sendo escrito em mais do que uma única frase.

    No início, na parte do portão, tudo fazia referência a personagens caninas… mas depois a descrição parecia a der uma véia coroca. Não sei se foi proposital, mas achei um pouco estranha a transição.

    Enfim… boa sorte no desafio.

  10. Gustavo Araujo
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Acredito que para funcionar bem um microconto precisa de camadas diferentes. Para além da história literal que é contada pelas palavras, é preciso haver tramas subjacentes, dilemas e dramas escondidos nas entrelinhas, algo que se revele somente ao fim da leitura, ou até mesmo em uma segunda ou terceira leitura.

    Este é um dos contos que melhor trabalha esses aspectos. Demanda leitura e releituras atentas. Mexe com os sentidos e é pleno de subtexto. Melhor ainda, está impregnado de uma poesia incomum. Liberdade para quem? Eis a pergunta para a qual parece haver múltiplas respostas. Duas cachorras? Uma velha senhora e uma cachorra? Ambas presas?

    Bem, dependendo do momento ou da circunstância em que se lê o texto, as conclusões serão as mais variadas e, creio, todas serão legítimas. Evidente que o(a) autor(a) tem a sua versão, mas é inegável que cada leitor poderá extrair desta peça o que quiser, sem sentir-se um idiota por isso.

    O(A) autor(a) brinca com os nossos sentidos e brinca de maneira muito muito inteligente., sem jamais diminuir o leitor que, a meu ver, pode até encontrar prazer em ver-se manipulado e confuso.

    Mas a mim, pelo menos, parece que uma senhora e uma cachorra escapam do cativeiro. O animal dispara instintivamente, mas a mulher, coitada, morre atropelada. Voltou a ser livre por um momento e por isso deve ter partido feliz. Ótimo trabalho.

  11. Luis Fernando Amancio
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Oi, Alois,

    Como leitor, agradeço por compartilhar conosco seu texto. Participar de um desafio exige coragem, expor-se de forma cega ao julgamento dos pares. Seu microconto possui uma escrita bem elaborada e desenvolve uma narrativa interessante. Há um final impactante, a ideia de uma “punição” da liberdade (o atropelamento) que, na verdade, se torna a plena liberdade (a morte).

    Por algum motivo, lembrei do caso do “Tio Paulo”, que virou meme em 2024. Idosos sendo negligenciados. De fato, o fim de vida dos maduros, em um país em que a população envelhece e a desigualdade econômica é brutal, é um tema sensível e urgente. Parabéns por, além de escrever um texto bonito, trazer um assunto relevante.

    Boa sorte no desafio!

  12. Rodrigo Ortiz Vinholo
    30 de janeiro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Essa é daquelas que, frente à surpresa da frase final, a gente precisa ler duas vezes para pegar os detalhes, e aí ela entrega bem mais do que suspeitávamos no início.

    Boa técnica, boa estrutura e, ainda que alguns pontos poderiam ser amenizados para reduzir a confusão, gosto muito do enredo. A idosa e o cão, os dois fugindo, com a resolução trágica, é uma imagem fantástica, que cabe perfeitamente na proposta.

  13. Givago Domingues Thimoti
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    LIBERDADE (ALOIS)

    Bom dia, boa tarde, boa noite autor(a)! Espero que esteja bem! Meus critérios de avaliação foram escolhidos baseando-se em conceitos que encontrei sobre o gênero microconto na internet. São eles: utilização do espaço permitido, subtexto, impacto, escrita. Nesse desafio em específico, não soltarei minhas notas no comentário. E, por fim, mas não menos importante, gostaria que você tivesse em mente que microcontos são difíceis de escrever e difíceis de avaliar; logo, não leve tanto para o lado pessoal se o meu comentário não estiver bom o suficiente, por qualquer motivo que seja. Garanto que li com o cuidado e a atenção que seu conto merece, dando o meu melhor para tanto contribuir com a minha opinião quanto para avaliar de uma forma justa você e os demais colegas.

    É isso! Chega de enrolação e vamos para o meu comentário:

    Ø  Breve resumo:

    Uma cadela  foge do portão mal fechado e a idosa que lhe acompanha é atropelada.

    Ø  Utilização do espaço permitido:

    Muito bom. O micro é um quebra-cabeça. Bem (?) montado e consegue condensar a história e suas dicas dentro de 99 palavras. É um trabalho árduo, sem dúvidas.

    Ø  Subtexto:

    Esse é um conto aberto, dúbio (oi Kelly rs!). Ser dúbio não necessariamente é algo ruim, especialmente se for a intenção do autor. É o que me parece que acontece nesse micro.

    Bom, vamos abordar essa narrativa. Adianto; li e reli algumas vezes, e ainda apelei para alguns comentários já feitos, em especial da Amanda (odeio fazer isso, mas acho que nesse micro foi necessário para não ser injusto).

    “Minha” interpretação: começando com o pseudônimo, ALOIS = um remédio para Alzheimer. Logo, uma das personagens, a idosa possui essa doença degenerativa e a sua mente já não está em pleno funcionamento. O micro começa com as duas coladas no portão. A cachorrinha abriu o portão com focinho. Estavam livres. OK, seguindo. A cachorrinha dispara na frente, e a idosa vai atrás (Tentou ir atrás, mas a dor nas pernas exigia que escapasse devagar). Logo, ambas escapam. Digo isso porque minha primeira intuição foi a que a senhorinha tentou ir atrás da cachorrinha para resgatá-la. Mas, a literalidade da frase nos leva a concluir que ambas escapam.

    A senhora perde a cachorrinha de vista. Nesse momento, o micro aborda apenas a senhora. Assustada, desmemoriada (perdida na sua inconsciência), ela é atingida por um carro enquanto tenta atravessar a avenida. A narrativa finaliza afirmando que nunca mais ficaria presa.

    Como o microconto é aberto, permite algumas interpretações; por exemplo, a senhora está “presa”, devido a sua doença e a incapacidade/maldade daqueles responsáveis por lidarem com o seu cuidado. Contudo, pode ser isso ou não.

    Bom, resumidamente; é um conto bem montado em termos de trama-puzzle. Minha questão, entretanto, é que essa “confusão” acabou mais por prejudicar a aderência do leitor do que provocar/cativar a leitura.

    Ø  Escrita:

    A escrita é confusa, algo que me pareceu feito intencionalmente. A construção em um parágrafo único, as frases diretas sem pronomes… Tudo isso leva o leitor à confusão, ao ambíguo. Não há uma ordem certinha, um esquema para acertar a interpretação. É um micro aberto até certo ponto, cuja interpretação dependerá da leitura atenta do leitor e de sua capacidade de ater à história.

    Gostei disso? Não muito, confesso.

    Ø  Impacto:

    Baixo.

    A culpa talvez seja possa ser compartilhada entre o leitor e o autor/ a autora. Algumas releituras, ida aos comentários de outros colegas… Enfim, isso vai esvaziando o impacto.

    De positivo, destaco a tentativa de fazer um micro que obriga o leitor a pensar e refletir sobre o que está lendo. Gosto bastante disso e de contos que obrigam o leitor a parar, seja para reflexão, seja para contemplar, seja para sentir… Pessoalmente, acho que o autor/a autora perdeu a mão nessa questão de confusão e ambiguidade.

    Parabéns pelo microconto e o esforço por trás da história. Boa sorte no Desafio!

  14. Sabrina Dalbelo
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Sabrina Dalbelo

    Olá, Entrecontista,

    Um micro que abre possibilidade de mais de uma interpretação. Há quem leia como se fosse a histórias de cachorrinhas presas, há quem leia como se fossem velhinhas (eu não leio comentários antes de escrever o meu, então digo o que a leitura me trouxe).

    Sobre isso, a dupla interpretação, é um ponto positivo, transfere pro leitor a compreensão da história e a construção das imagens.

    Veja, não sei se foi proposital, mas nesse ponto não ficou claro que uma frase refere-se à personagem 1 e a outra à personagem 2, lido tudo junto: “Sem esperar pela amiga, ela disparou ladeira abaixo. Até tentou ir atrás, mas a dor nas pernas exigia que escapasse devagar.”

    Como o texto está em linha, num parágrafo só, pode causar dificuldade distinguir que uma dispara e a outra não vai atrás, sem pronomes ou nomes. Enfim, se achar razoável, dá uma olhada.

    Obrigada pelo texto.

  15. Amanda Gomez
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Acho que esse foi o primeiro conto que li antes de toda a confusão de interpretações e etc. Li e entendi bem o que o autor quis passar.

    Vamos ao texto. Uma idosa e a cachorra olhando a rua pelo portão. Achei muito interessante a forma como você mostrou isso. Demonstra como muitos idosos acabam ocupando o mesmo espaço que um animal dentro de casa, sem muita autonomia, falando sem firulas: acabam sendo vistos como seres sem vontade própria, que devem ficar em casa à disposição da boa vontade de seus “donos”. Sei que parece pesado e pode nem ter passado isso pela cabeça do autor, mas vejo muito dessa forma.

    Todo mundo conhece algum idoso que ficam…sentados ou dormindo o dia todo em casa a espera de quem alguém se prontifique para tira-los dessa rotina, leva-los para “passear”. Não temos tempo… a vida é corrida… sei lá. Então, quando li seu conto e entendi que, assim como a cachorra, a senhora – provavelmente sofrendo de alguma demência – sai correndo, em êxtase pela liberdade, achei impossível não fazer esse paralelo.

    O final trágico é até bem comum quando se trata de um cachorro. Já perdi um assim, que saiu correndo e foi atropelado. Mas o autor nos surpreende ao colocar a idosa como vítima dessa tragédia. Muito forte.

    Não há nada para retirar ou mudar. O texto é claro e direto. Basta uma leitura mais atenta e sensibilizada para captar toda a mensagem. Espero ter conseguido.

    Parabéns pelo trabalho.

    Boa sorte no desafio.

  16. Priscila Pereira
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Lois A! Tudo bem?

    Quando li a primeira vez, não entendi nada. Eram cachorrinhas, ou idosas? Aí depois eu imaginei que obviamente deveria ser uma cachorrinha e uma idosa.

    Mas você tentou enganar a gente fazendo parecer que eram duas personagens da mesma espécie. Até na frase “perdida na sua inconsciência desconsiderou a avenida” dá a entender que é um cão.

    Mas claro que quando chegamos ao final e vemos que era uma idosa, conseguimos imaginar que ela provavelmente tem senilidade ou outra doença da idade e também seria inconsciente diante da avenida.

    De qualquer forma acho que dá pra entender, mas o texto não flui como deveria fluir. Talvez uma troca de palavras ajudasse.

    No mais é um conto que faz a gente pensar, né… Por que a idosa estava presa? Por que achava que precisava escapar? A liberdade veio em forma de morte, então a vida era tão ruim assim? Como estamos tratando nossos idosos?

    Parabéns e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  17. Leo Jardim
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 Conteúdo (⭐⭐▫): à princípio pensei que eram duas cadelas em fuga, mas depois parece que uma delas é uma senhorinha, que acaba atropelada.

    📝 Técnica (⭐▫▫): simples e funcional, mas a tentativa de enganar deixou o texto confuso, precisando de releituras não pelo motivo bom

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): dentro da média do desafio

    🎭 Impacto (⭐▫▫): comecei lendo achando que seria um impacto forte, pois amo cachorros. Mas acabou se tornando previsível que uma morreria. O fato de descobrir que uma delas era uma senhora deveria aumentar o impacto, mas acabou gerando confusão como se fosse um erro de escrita. Enfim, uma boa tentativa, mas que precisa de alguns ajustes para funcionar melhor (pra mim)

  18. Bia Machado
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Plot: Uma senhora e sua cachorrinha escapam de um local, sentem o gosto da liberdade, infelizmente por pouco tempo, por causa de uma fatalidade… Acho que foi isso.

    Desenvolvimento: Que pena, Alois, eu confesso que me perdi na sua narrativa. Entendi que a cachorrinha escapou e depois a idosa também, certo? “Até tentou ir atrás”? Mas ela foi, não foi? E foi a velhinha que foi atropelada? A imagem não me sai da cabeça, mas fico pensando, será que foi a cachorrinha, e a velhinha se debruçou tentando proteger a cachorrinha? Confuso, uma pena, mas independente da imagem que se forme, é muito triste.

    Destaque: Para trecho até “esqueceram-no aberto.” Foi um começo promissor e despertou curiosidade.

    Impressões da leitura: Gostei, mas não tanto. Queria ter gostado mais, porém as questões que surgiram durante a leitura referente às dúvidas que tive sobre o que aconteceu com quem fizeram com que eu perdesse o ritmo da leitura. 

  19. danielreis1973
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Um microconto que flerta com a duplicidade mas cai na dubiedade (afinal, eram duas cachorras ou uma senhora senil e uma cachorra – uma delas abriu o portão com o focinho…). O drama está presente e, apesar de esperado o desfecho, foi bem consistente com o desenrolar da narrativa. Gostei.

  20. Roberta Andrade
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de Roberta Andrade

    Demorei para identificar que se tratava de uma cadela e uma senhora, mas quando li já fui comovida, sabendo que aquelas figuras poderiam significar muitas coisas. Apesar da grande melancolia, a última frase trouxe um tom de renovação que beirou a alegria.

    Fiquei extremamente satisfeita e comovida. Gostei muito do texto!

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  21. cyro fernandes
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de cyro fernandes

    A narrativa dramática é forte mas deixou lacunas, não sei se intencionais, que tornaram o conto um pouco travado.

    Cyro Fernandes

    cyroef@gmail.com

  22. Mauro Dillmann
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    A cachorrinha se liberta e morre atropelada, finalmente livre.

    Entendo que o limite de palavras do miniconto impõe cortes. Mas essa passagem ficou confusa: “Sem esperar pela amiga, ela disparou ladeira abaixo. Até tentou ir atrás,…”. Quem tentou ir atrás?

    O conto está bem escrito, mas faltou elementos para contemplar outros sentidos.

    Parabéns!

  23. Rogério Germani
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de Rogério Germani

    “Na poça vermelha os cabelos brancos pareciam cortina rala tentando proteger o rosto enrugado.” Esta é a cereja deste conto.

    O sangue contrastando com os cabelos brancos, a falsa proteção para a idade já frágil acentuam a ambiguidade espreitando o atalho entre a liberdade e o fim trágico.

    Boa sorte!

    Rogério Germani

  24. Kelly Hatanaka
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Um conto com muito potencial, mas que resultou um tanto confuso.

    Entendo que o autor não quis relevar quem é quem, mas tal cuidado deixou a compreensão difícil. Eram duas personagens em ação. O conto não explicita quem está fazendo o que. Uma abre o portão com o focinho. Outra correu. Ou era a mesma? Daí, a outra tentou ir atrás. Embaixo, perdida, foi atropelada. Mas quem? Quem abriu o portão? Quem correu atrás? Quem abriu o portão foi quem saiu primeiro?

    Acho, mas a esta altura, não tenho certeza de nada, pois ainda não li os outros comentários, que se trata de uma idosa e um cão.

    Parabéns pela participação e boa sorte.

    Kelly

  25. fcaleffibarbetta
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de fcaleffibarbetta

    Olá, Alois

    Gostei do seu conto. Fim bem trágico.

    Eu entendi que é uma senhora e sua cadela em uma casa onde a família mantém o portão fechado para que a idosa, já com alguma demência, se perca pelas ruas. De início, imaginei uma instituição, mas não imagino que uma instituição prenda pessoas e cachorros.

    Entendi a sua intenção de manter o plot twist, mas achei que ficou estranha esta passagem: “Sem esperar pela amiga, ela disparou ladeira abaixo. Até tentou ir atrás…” a gente fica pensando, quem tentou ir atrás? No meu entendimento, você quis nos manter confusos do início ao fim, imaginando se seria um cão, deixando a revelação para a parte dos cabelos brancos e do rosto enrugado… mas começar a outra oração com “Até tentou”, sem dizer quem, ficou estranho.

    “a dor nas pernas exigia que escapasse devagar” – gostei muito desta construção, escapar devagar.

    Parabéns pelo texto.

  26. JP Felix da Costa
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de JP Felix da Costa

    A primeira vez que li não compreendi. Voltei a ler, com mais calma, e já consegui perceber a história. Creio que peca pelas 99 palavras. Ao querer sintetizar o/a autor/a tornou o texto um pouco confuso.

    Esta história, quando analisada com atenção, nota-se que está aberta a várias interpretações. A conclusão a que chego é que estamos perante uma senhora de idade que sofre de demência, e que tem uma cadela. Vive numa instituição da qual não pode fugir. Sente-se presa. Naquele dia consegue escapar. É feliz no curto tempo de liberdade, mas a sua inequação ao mundo é o seu fim. Há aqui uma dualidade interessante. Mais vale uma vida longa presa ou uma vida curta em liberdade?

    Este é um daqueles textos que nos faz pensar. À superfície parece algo simples, mas, após uma análise mais detalhada, nota-se ser mais profundo.

    Peca pelo execução, já que o texto é ambíguo. Deveria ser mais explícito.

  27. Mariana
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Mariana

    Uma senhora e seu animal (possivelmente uma cachorrinha) fogem e, nessa fuga, a senhora acaba sendo atropelada e falecendo.

    A temática da velhice está aparecendo bastante no desafio, sendo trabalhada em micros bastante sensíveis. O conto é triste, mas bonito -acredito que a protagonista da história teve o seu final feliz. Logo, há o final, ponto importante e complicado para micros. Parabéns e boa sorte no desafio.

  28. Juliano Gadêlha
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Juliano Gadêlha

    Gostei da da ideia geral do conto, mas acho que a limitação de palavras pode ter prejudicado um pouco a narrativa. Alguns trechos ficaram ambíguos pela utilização de sujeitos indeterminados e pronomes pessoais (ela quem?), certamente adaptações que precisaram ser feitas para não ultrapassar as 99 palavras. Tirando esse aspecto, realmente o conto traz algumas reflexões interessantes e bem atuais. Parabéns!

  29. Diego Gama
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Diego Gama

    Li algumas vezes para entender e confesso que gostei muito. Até que ponto a liberdade nesse caso foi benéfica? Não sei, mas a prisão em nenhum momento é! Gostei muito do conto como um todo e ainda mais a ideia em um parágrafo! Boa sorte no desafio!

  30. cgls9
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de cgls9

    “Nunca mais ficaria presa”. Para mim, a frase que resume o conto e é genial e impactante, como devem ser os microcontos! Parabéns!

  31. Thata Pereira
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Thata Pereira

    Olá, Alois.

    Contexto pessoal:

    Quando li a palavra “focinho” comecei a ler o texto imaginando o que pensaria o meu namorado. Ele tem mais afinidades com cachorros do que eu, e imaginei ele lendo e falando “ah, que gracinha”. Daí pra mais fofo rs’. Quando percebi que viria um acidente, já imaginei ele abandonando a história, por mais que seja curta, porque desde do nosso primeiro ano de namoro nosso acordo é: não assistir filmes que animais sofrem. Aí surge a frase: “Na poça vermelha os cabelos brancos pareciam cortina rala tentando proteger o rosto enrugado.”

    Análise do conto:

    Nesse desafio estou fazendo esse contexto pessoal porque as nossas histórias interferem na forma como interpretamos o mundo, assim como a forma como interpretamos aquilo que lemos. Não acredito que seja possível separar isso e que essa separação nos torna frívolos demais. Aqui, por exemplo, ao ler a palavra focinho, lembrei do meu namorado por ele gostar mais de cachorros do que eu, buscando uma forma de me conectar com suas personagens. O balde de água fria ao saber que se trata de uma senhora seria muito bem-vindo, independente disso. Mas a palavra focinho é TÃO característica e TÃO marcante, usada no contexto humano apenas na frase “não meter o focinho onde não é chamado”, que apensar de contextualizar com o conto, ainda me faz pensar em duas cachorrinhas. Queria dizer que não, mas estaria mentindo.

    Conclusão:

    A minha experiência ao ler o micro conto foi atrapalhada única e exclusivamente pela focinho. Mas também entendo que não sei se haveria uma outra forma fazer o leitor pensar que se tratavam de duas cachorras e ter a surpresa no final. A partir disso, eu super compreendo a sua escolha. Mas ainda tenho dificuldades de aceitar que se trata de uma senhora. Espero que entenda!

    Desejo um bom desafio!

  32. Marco Saraiva
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Nota: perdao pela falta de acentos no texto, estou escrevendo em teclado gringo =)

    Achei interessante a ideia de que uma senhora “escapa”, talvez de um asilo, talvez da propria vida, e acaba confusa no meio de uma avenida. Entendo que aqui a mescla das imagens da senhora de idade e do cachorro foi intencional, mas o problema eh que a confusao resultante acabou diminuindo o impacto da revelacao no final. Por exemplo, no trecho abaixo:

    “Sem esperar pela amiga, ela disparou ladeira abaixo. Até tentou ir atrás, mas a dor nas pernas exigia que escapasse devagar.”

    Na primeira sentenca, “ela” parece ser a cadela. Mas na segunda sentenca, que em uma primeira leitura faz sentido continuar referindo-se a “ela”, o sujeito parece ser a senhora de idade, e nao a cadela. Quando li pela primeira vez, pensei “como pode ela nao esperar pela amiga e disparar pela ladeira, mas ao mesmo tempo sentir dor nas pernas e andar devagar?”.

    A confusao foi tanta, na verdade, que eu achei que a segunda personagem era uma cadela de idade avancada, e so fui notar que era uma pessoa quando li “rosto enrugado” na ultima sentenca.

    Mas no geral, uma ideia muito boa e um tanto perturbadora. Gosto de leituras perturbadoras.

  33. Fabiano Dexter
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Gostei do conto. Uma bela história em poucas palavras. Tive que reler o conto uma segunda e terceira vez para ter certeza de que não havia sido o cachorro/cadela a ser atropelado (e livre) e sim o idoso que, como o cão, estava preso no que provavelmente era a sua casa.

    Bom uso das poucas palavras para um texto impactante e bem descritivo. (Difícil se fazer os dois)

  34. Felipe Lomar
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Felipe Lomar

    Bem, o conto tem a ideia de criar uma narrativa. Acho que isso funcionou bem e dá pra visualizar o desenvolvimento da história. Mas a ocultação dos personagens acabou ficando confusa, e, contraditoriamente, ao buscar a surpresa que seria o impacto do conto, acaba diminuindo pela confusão. As omissões nos microcontos devem ser feitas com muito cuidado e precisão para alcançarem o efeito desejado.

    Boa sorte!

  35. Vítor de Lerbo
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Vítor de Lerbo

    Gostei da ideia do conto, e a revelação de que se tratava de uma senhora, ao fim da história, me arrancou um sorriso – por mais que já esperasse uma reviravolta.

    Infelizmente, minha experiência foi um pouco prejudicada pela sequência de sujeitos indeterminados e de ambiguidades não propositais.

    Cito alguns trechos como exemplo para a pessoa que escreveu:

    “Foi enfiar o focinho e ele deslizou.” Entendo que foi o portão que deslizou, mas esta palavra está duas frases “para trás”. No primeiro momento, parecia que era o focinho que tinha deslizado – ou esse era o objetivo?

    Numa história tão curta, cada palavra importa. Um atravancamento no meio da narrativa acaba complicando a fluidez.

    Boa sorte!

    • Alois A.
      20 de janeiro de 2025
      Avatar de Alois A.

      Meu caro Vitor, olha, achei muito legal seu comentário e arrancar um sorriso num rosto sisudo como esse da foto até me gera a expectativa de estar no seu top 15. Você diz que os sujeitos indeterminados e ambiguidades não foram propositais, mas lhe digo que se engana. Se não funcionaram como eu queria, aí são outros quinhentos, né. Cara, obrigado pelo seu comentário e pelos seus desejos de boa sorte.

  36. Juliana Calafange
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Juliana Calafange

    Uma história triste. A narrativa é muito boa, a gente consegue visualizar a história acontecendo. Me parece que ficou um pouco confuso a partir de “Sem esperar pela amiga, ela disparou ladeira abaixo.”, porque primeiro “ela” dispara ladeira abaixo e depois ela “Até tentou ir atrás, mas a dor nas pernas exigia que escapasse devagar”. Eu não consegui entender muito bem qual das duas o narrador está seguindo. Somente no final, quando vc menciona os cabelos brancos, consegui retomar o fio. Acho que vc pode rever esse entremeio aí.

    A última frase me incomoda um pouco, porque dá um desfecho desnecessário, podia terminar em “rosto enrugado”, que daria mais margem para o leitor refletir sobre os múltiplos significados desse conto (e desde já te digo que eu mesma estou sempre me policiando com esses desfechos nos meus textos… rsrs) Mas é um belo conto, parabéns.

    • Alois A.
      20 de janeiro de 2025
      Avatar de Alois A.

      Olá, Juliana, receber esse seu comentário me fez muito bem. Escutar de você que a narrativa é muito boa não tem preço, eis que você é para mim uma referência de boa literatura. Eu também agora acho que a última frase é desnecessária. Pensei muito num quebra cabeças na confecção dele. Quando tinha suas 250 palavras as peças estavam perfeitas e tudo muito óbvio e claro. Mas aí pela limitação do desafio e porque também menos é mais, fui sacando peças… Até que gerou essa confusão, mas se no final o fio da meada estava disponível para ser agarrado, sinto que cumpri o meu propósito. Obrigado pelas suas palavras.

  37. toniluismc
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Ainda acho que o conto está falando de cadelas rs mas quem sou eu pra entender de velhice? Pelo menos essa velhice frágil, nunca esteve presente na minha realidade, pois tenho um avô de 100 anos, que ocupou a posição de pai pra mim, e que esbanja energia, mas enfim…vamos ao texto…

    A premissa é simples, mas a forma como a fuga é descrita e as consequências dela dão um ar trágico e, de certa forma, até poético. Ao mesmo tempo que fala da finitude da vida, o conto aborda essa liberdade conquistada como algo definitivo, então parabéns pelo simbolismo construído.

    Minha única ressalva só fica nessa questão de saber quem é ou quem são essas personagens. Não sei se a imprecisão foi proposital ou ocorreu uma falha na escolha do vocabulário pra descrevê-las. Seja qual for, o ato de rebeldia contra as limitações impostas pela idade ficou marcado. Muito bom!

    • Lois A.
      20 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      Ei, Toni, primeiramente, meus parabéns pelo pai avô assim tão forte nos seus 100 anos. Cara, você é muito privilegiado! Que bom que viu poesia na minha narrativa. Queria deixá-la marcada. Esse quem é quem um tanto quanto ambíguo foi proposital, sabe? Literatura explícita acho que não vale muito. Há que se gerar a necessidade de pensar, de reler, de rever do leitor. Sei que isto se torna chato para muita gente, mas quando vejo pessoas estudando Machado, Rosa, Joyce… e tantos anos depois descobrindo coisas em seus textos acho fantástico. Esse seu muito bom me faz até sonhar em estar no seu Top 15, tá? Lois A.

  38. José Leonardo
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Alois.

    O que não tenho dúvidas é o fato de que a vítima experimentou um tipo de libertação. Entretanto, os períodos do meio do seu conto não me deixaram claro qual das duas personagens (humanas ou não) “experimentou essa liberdade” (um eufemismo). É como se faltasse alguma palavra, pronome ou outro conectivo entre o quinto e sexto período…

    Ainda assim, é um dos microcontos mais bem escritos na minha opinião, e sua mensagem foi transmitida sabiamente.

    Parabéns pelo texto e boa sorte neste desafio.

    • Alois A.
      20 de janeiro de 2025
      Avatar de Alois A.

      Olá, José Leonardo, puxa, receber seu comentário assim é muito legal. Confesso que a questão da ambiguidade foi proposital. Eu fui cortando e cortando até que pudesse deixar claro no final o que eu pretendia mostrar: a morte da velha senil. Não fui eufêmico. Pena que lhe passei essa impressão. Ler de você que é um dos contos mais bem escritos me deixa feliz e me faz sonhar em estar no seu top 15. Alois A.

  39. Thiago Amaral Oliveira
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    Oi, tudo bem?

    Confesso um pouco envergonhado que sou da turma que pensou se tratar de duas cadelas hehehe

    Engraçado notar como nossa mente vai construindo a história baseado em como as palavras foram colocadas no texto. “Duas amigas” para mim teriam que ser da mesma espécie… que bobagem.

    E, depois disso, as indicações de que era humana (cabelo, rugas) foram ignoradas como metáforas.

    Eu não diria que é demérito da autoria, é apenas interessante ver como nossas mentes funcionam.

    Acho que o interessante no conto é principalmente a noção de liberdade e como isso nem sempre traz resultados desejáveis (supondo que não era desejável).

    Mas também é interessante notar tanto a condição da cadela como da idosa de prisioneiras. Como se a idosa também estivesse na condição de animal doméstico, por seu estado mental.

    No fim, colegas de cela.

    Obrigado pela contribuição, boa sorte!

    • Alois A.
      20 de janeiro de 2025
      Avatar de Alois A.

      Ei, Thiago, eu estou bem, e você. Puxa, sem essa de se envergonhar. Eu fiquei feliz de ter te feito seguir por um caminho diferente. Claro que era a minha intenção a ambiguidade, causar um pouco de confusão, obrigando a uma leitura mais atenta nas dobras do conto. Apesar de pequeno, quis que fosse intenso. Pois é, no fim, colegas de cela. obrigado pelos votos de sorte no certame. Alois A.

  40. bdomanoski
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de bdomanoski

    Não gosto de ler contos que tem animais sofrendo. Por esse motivo, confesso que senti um leve alívio quando no fim, quem morreu foi a idosa. Numa primeira interpretação, pareceu que ela sofria de alguma decadência mental típica da idade, fugiu e foi atropelada. Embora eu não consigo associar isso a nenhuma doença da qual eu já tenha ouvido falar. Pois mesmo aqueles velhos que tem Alzeimer e demência não perdem o instinto de autopreservação (até onde ouvi falar), e creio que não se jogariam “sem querer” numa via movimentada. Presumo então que a véia fez isso de propósito. Ela não suportava mais seu cativeiro residencial, e propositalmente decide se libertar, jogando-se no meio dos carros. Só podia ter trancado a cadelinha antes de volta no quintal, né? Precisei ler mais de uma vez pra entender. Ficou confusa a narrativa. Obviamente deve ter sido proposital também. No meu gosto pessoal, gosto quando está mais organizado a quem se refere cada frase. Colocando por exemplo pronomes “uma” e “outra”.

    • Alois A.
      20 de janeiro de 2025
      Avatar de Alois A.

      ei, bdomanoski, pois é. Ver sofrimento causa desconforto, não é mesmo? Eu não gosto de ver, nem de bicho e nem de gente. Pois é. Vai que nos profundos da sua inconsciência ela tinha um lampejo de que a “saída” final dela era a pista. Sobre a confusão, que pena que haja te atrapalhado. Devo lhe contar que foi proposital, sabe? Era um quebra cabeças de 250 peças e, por conta do impedimento do desafio e também porque menos é mais, fui cortando, e cortando e cortando… até que cheguei ao conto com as suas noventa e poucas palavras. Eu me sinto realizado ao ler a sua confissão de que leu duas vezes. Puxa, desculpas, por pensar assim, mas para avaliar e dar nota é preciso pelo menos duas leituras, eu acho. Gostei muito das suas palavras e espero também que a sua história esteja bem legal. Alois A.

  41. Nilo
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Nilo

    Alois, como outros eu também na primeira leitura pensei em duas cadelas. Só depois pensei na dona idosa. talvez alzheimer, a deixasse perdida, ou apenas a idade ou a ansiedade pela perda. Gostei do desenrolar, apesar de já estar esperando um final semelhante ao proposto. bem escrito, claro; a confusão não foi pelo texto mas pela leitura rápida. parabéns pelo conto. boa sorte

    • Alois A.
      20 de janeiro de 2025
      Avatar de Alois A.

      ei, Nilo, que bom que houve uma segunda leitura. Assim, me salvei de uma avaliação de “duas cadelas”, não é mesmo? Escrevi para que o conto pudesse ser visto mais profundamente do que uma primeira leitura provoca. Cara, que legal que bem antes tenha sacado o final. Parabéns. Obrigado pelos parabéns e pelos votos de boa sorte. Alois A.

  42. Sílvio Vinhal
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Sílvio Vinhal

    Noventa e quatro palavras!

    Caracteres mais que suficientes para esse conto tão preciso e tocante. Uma fuga à busca da liberdade que tanto queremos (ainda que seja só uma ilusão, ou um pretexto para nos libertar das nossas verdadeiras prisões – o corpo, o tempo, o espaço, os parentes, nosso próprio cérebro que nos trai, às vezes)

    Poucas palavras, muito a dizer.

    Parabéns e sucesso no desafio!

    • Alois A.
      20 de janeiro de 2025
      Avatar de Alois A.

      Olá, Sílvio, cara, que legal ler seu comentário da minha história! Gostei muito, sabe? Era o que eu queria: poucas palavras, muito a dizer num texto mais aberto. Obrigado mesmo pelos parabéns e votos de sucesso. Alois A.

  43. Elisa Ribeiro
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Elisa Ribeiro

    Aqui gostei imenso da forma: a escolha das palavras, o não dito, as lacunas acrescentam interesse ao texto. O elemento trágico e o recurso às imagens conferiram impacto ao texto. Parabéns e boa sorte 🍀

    • Alois A.
      20 de janeiro de 2025
      Avatar de Alois A.

      Ei, Elisa, não imagina o quanto suas palavras me deixaram feliz. Ainda mais vindo de você, uma referência no Entrecontos. Obrigado demais pelas sua avaliação, votos de parabéns e sorte no certame. Alois A.

  44. Sidney Muniz
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Sidney Muniz

    Olá,

    boa tarde, Alois!

    Como em toda manhã, lá estavam as duas grudadas no portão. Só que aquele dia era diferente: esqueceram-no aberto.

    É uma introdução simples que revela muito. O conto tem uma narrativa rápida e a releitura nesse caso, deve ser ainda mais atenta, pois temos que dividir em partes, entender as nuances e adentrar na escrita e estória.

    Foi enfiar o focinho e ele deslizou. Estavam livres. Sem esperar pela amiga, ela disparou ladeira abaixo.

    Aqui os detalhes são reveladores, – o focinho – a amiga – ela disparou. Então são duas, no termo feminino. E pelo visto quem disparou foi a cadela.

    Até tentou ir atrás, mas a dor nas pernas exigia que escapasse devagar.  

    E aqui temos a idosa, sim, pois o detalhe – dor nas pernas – devagar, nos revelam o bastante.

    Lá embaixo, sozinha e perdida na sua inconsciência, desconsiderou a avenida em rápida procissão.

    Aqui a tragédia anunciada: A idade? A demência? O Alzheimer? O que seria? São tantas possibilidades, possibilidades tão reais, tão prováveis.

    O primeiro desviou, mas o que vinha atrás a jogou para o alto. Na poça vermelha os cabelos brancos pareciam cortina rala tentando proteger o rosto enrugado.

    O ato final – os cabelos brancos – rosto enrugado. O final trágico para a idosa, imagino a cadela, a espiando de longe, onde ela estava nesse momento? Seria ela apenas uma coadjuvante? Ou estaria ela ali, sofrendo, vendo sua amiga sem vida, também perdida na sua inconsiência?

    Nunca mais ficaria presa.

    Aqui minha dúvida sobre a idosa e sobre a cadela. Ou talvez minha certeza, por mais que a cadela voltaria para casa, eles são incríveis. Já a sra. creio que sua mente estava presa em algum lugar, seu corpo apenas contido por obstáculos e nada mais.

    Chega um ponto que estamos aqui sem estar, que estamos querendo ir , transcender, ascender. Creio que a liberdade aqui foi mais metafísica.

    Parabéns pelo texto enxuto e bom! Um bom microconto! Senti falta do final da cadelinha, que ficou um pouco de lado, mas ela está aí em cada ação, em cada reação, então a falta é mero contraste criado por minha percepção medíocre.

    Boa sorte!

    • Alois A.
      21 de janeiro de 2025
      Avatar de Alois A.

      Olá, Sidney, que legal essa sua avaliação. Gostei muito mesmo da sua análise recortando as cenas e as comentando. Pois é… houvesse mais possiblidades de palavras, eis que a cadelinha poderia ter surgido de novo. Ficou ótimo o seu olhar de que ela estava por lá… Obrigado pelos votos de boa sorte. Alois A.

  45. leandrobarreiros
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Chamo de “técnica” a facilidade com que o autor carrega o leitor pela narrativa, e/ou transmite subtexto, e/ou faz (bom) uso de figuras de linguagem que tornam a leitura agradável.

    Chamo de “interesse” o quanto o texto me fisgou enquanto leitor, o quanto de impacto senti pela leitura.

    Chamo de “objetivo do autor” um palpite do que o autor queria com o texto. É mais um esforço criativo e uma tentativa de fazer leituras mais enquanto escritor do que leitor.

    Uma história que exige um pouco mais de atenção do leitor, ou mesmo uma rápida espiada em comentários alheios (mais sobre isso depois). Na primeira leitura, e segunda, admito, achei o texto mediano, apesar de bem escrito, mas consegui curtir bem mais relendo depois dos comentários.

    Técnica: Excelente. O texto, um único parágrafo, segue um fluxo continuo mesclando ações e descrições que empurram o leitor.

    Interesse: Alto, especialmente após a leitura dos comentários. Reli mais duas vezes depois disso e curti bastante. Eu acho válida a primeira leitura sozinho, claro. Mas eu não acredito na leitura como um fenômeno hermético. Vejo a leitura como um fenômeno social e ela se desenrola não apenas entre autor e leitor, mas entre leitor e leitor (viva os comentários abertos!).

    Relendo o texto tive a sensação de “putz, é óbvio, como eu não peguei isso?” e não acho que isso seja uma coisa ruim ou que demonstre falta de capacidade do autor de apresentar a narrativa. Por exemplo, novelas policiais fazem uso de artifício a todo momento. É um mérito, não uma coisa ruim.

    Objetivo do autor: Tenho a impressão que a ideia era mesmo exigir um pouco mais do leitor, apresentando uma espécie de red herring no começo e martelando o leitor com as característica humanas nas descrições posteriores. Eu, na minha idiotice, cheguei a pensar “escolha estranha chamar pata de perna” kkk, mas aqui é culpa minha. Acho que o autor foi muito feliz no objetivo. E o legal é que a revelação não é apenas ela por ela mesma, da toda uma ressignificação ao conto.

    • Alois A.
      21 de janeiro de 2025
      Avatar de Alois A.

      meu caro Leandro, pois é… Realmente, quis fazer uma história que exigisse um pouco mais dos meus leitores. Conto para você que era uma narrativa linear, com 250 palavras quando me dei conta de que era impossível apresentar aquilo, eis que só tinha 99 para serem usadas. E aí, fui fazendo como num quebra cabeças que precisa ter mantido o sentido maior. Fui tirando as peças que percebia que não tirariam o sentido maior da busca da vida, que pode ser chamada também de liberdade, das duas amigas do portão. Fiquei feliz com a sua análise. Obrigado pelo cuidado em reler e “triler” a história. Com isto até passei a sonhar em estar no seu Top 15, nem que seja lá no final dele. Alois A.

  46. andersondopradosilva
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Liberdade apresenta a triste história de uma cadela velhinha que conquista a liberdade mas logo é atropelada e morta. A liberdade pela liberdade parece ser perigosa. Será que não tinham boa vida em seu lar? São cães, afinal. Acho que anseiam isso mesmo, uma liberdade gratuita, desmotivada, inconsequente. Deu no que deu. A cadela mais velhinha acabou atropelada e morta. Um conto sobre inocência, inconsequência, anseios, envelhecimento e morte.

    Sem reparos quanto à técnica ou ao conteúdo.

    P.S.: Autor, me permiti um post scriptum para falar diretamente com você. O comentário que fiz acima depois de ler seu texto esposa o que compreendi e senti. Após redigir o comentário, li os comentários dos demais leitores e percebi que minha interpretação pode estar errada, mas quis que você tivesse acesso ao que entendi e senti originalmente, sem a corrupção das opiniões e impressões alheias. Pensei se tratar de duas cadelinhas. Mas os colegas têm razão, “cabelos brancos” e “rosto” remetem a uma pessoa velha. Então a cadelinha abriu o portão e saiu correndo. A velha tentou acompanhar, mas não conseguiu. Acabou atropelada em sua fuga.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      ei, Anderson, puxa, lendo seu comentário, uma das pessoas que melhor escreve dentre as que conheço, fui ficando meio jururu, pombachorô, eis que constatei que não havia conseguido passar clareza na minha história e isto é falha minha. Mesmo colocando que uma tem focinho e a outra rosto e cabelos brancos, faltou mais alguma coisa, né? Mas aí vi que tinha um post scriptum conversando diretamente comigo e, claro, vim logo respondê-lo. Ainda mais que nele você captou bem, pelo menos, uma parte do que desejava passar nessas noventa e tantas palavras. Lois A.

  47. André Lima
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de André Lima

    Me parece aquelas fugas de idosos que têm Alzheimer. Muito interessante. Fez o paralelo com a fuga dos cães, nos dando uma espécie de plot twist no final.

    Para mim, funcionou muito bem.

    Escrita leve, fluida e, principalmente, sem exposições. Tudo é deixado como tem que ser, sem subestimar o leitor.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      Caro André, obrigado pela avaliação do conto. Fiquei feliz com ela. Lois.

  48. claudiaangst
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    O(A) autor(a) tenta (e consegue) enganar o(a) leitor(a). A princípio, acreditamos se tratar de uma dupla de cachorrinhas espreitando a liberdade. No entanto, com o desfecho da narrativa, revela-se que a vítima era uma idosa.

    Texto bem escrito, linguagem clara e objetiva, mas apresentando bom vocabulário. O que me pareceu um pouco forçado foi escolher a expressão “Foi enfiar o focinho” para apontar a curiosidade da anciã em relação à rua. Se focinho era nariz, onde a senhora o enfiou? Porque se fosse focinho de um cão, ele serviria para empurrar o portão, algo que a idosa faria com as mãos. Enfim, chatice da minha parte.

    Não encontrei falhas de revisão. O(A) autor(a) sabe manejar muito bem as palavras, pois, mesmo com o limite imposto, traz uma narrativa linear que prende a atenção.

    Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      Cara Cláudia, pena que não tive a capacidade de passar para você que o focinho não era da idosa, mas canino… Meu cachorro empurra o portão com o focinho, por isto usei a imagem que para mim era doméstica. Mas também, com essa limitação de 100 palavras, né? Obrigado. Fiquei feliz por ter passado pelo seu crivo, sempre tão exigente. Lois.

      • claudiaangst
        19 de janeiro de 2025
        Avatar de claudiaangst

        Foi falha minha de interpretação e talvez o condicionamento de ver uma dupla formada sempre por iguais. Agora com a explicação, faz total sentido o focinho. De qualquer forma,você conseguiu me enganar direitinho e o final foi surpreendente.

  49. delicatebravelycb0dd85e60
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de geraldo trombin

    Naquele dia, por vacilo ou propósito do destino, encontraram uma saída para a tão almejada liberdade. Mas a inconsciência e a ansiedade de estarem, finalmente, livres fez com uma fosse atropelada pela correria da própria vida. Enfim, no fim, a liberdade eterna.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      Pois é. Obrigado. Cachorro e idosa encontraram o portão aberto e partiram para a liberdade… Enfim, no fim, a liberdade eterna, né? Lois.

  50. Antonio Stegues Batista
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    ,No inicio do conto não se sabe quem está no portão. A terceira frase indica que são cães. O portão ficou aberto e elas fogem, uma corre mais que outra e chegando na avenida, é atropelada. É o que acontece com cães não acostumados com as ruas e o trânsito. O enredo é comum, a narrativa começou a terminou bem, contando a breve liberdade de um ser inocente. Um acontecimento comum nas grandes cidades, com cães abandonados pelas ruas. Uma estória que conta os fatos sem grandes mistérios. Não me abalou, mas dou o parabéns pelo trabalho.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      Puxa, Antonio, desculpas, mas você me passou a impressão que passou muito rapidamente pelo meu conto. Numa segunda leitura iria perceber que são duas, mas uma tem focinho (que empurra o portão) enquanto a outra tem cabelos brancos e rosto enrugado (que os cachorros não têm) Logo você, sempre tão cuidadoso… Lois A.

  51. Rangel
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Rangel

    Dos contos que li até o momento, este é o primeiro que “conta” uma história com começo, meio e fim. A velocidade é bem explorada.

    Duas observações me fizeram gostar um pouco menos do que eu poderia: precisão e virada.

    Esse último nem me pega tanto, mas de fato, desde a segunda frase, o final trágico já estava desenhado. Parece que preferiu-se a tragédia no lugar da virada.

    Agora o primeiro ponto, me pegou. A pouca precisão fica exigindo novas leituras, ok que é um texto bem curto, mas mesmo assim no final, não se é possível precisar se é uma senhora e uma cadela, ou duas cadelas, ou duas senhoras… “Ah, é óbvio que era uma cadela, afinal tem focinho, e uma senhora, posto que tem cabelos brancos e rosto enrugado”. Mas se assim, porque ela não teria consciência, Alzheimer? Mas como a senhora passou a cachorra? Como a cachorra não foi atropelada? Os carros não pararam para ela?

    Entendo que é esperar muito para um conto curtinho, mas é que com pouquinho de detalhe se revolveria, nem impactaria o limite de caracteres, já que tem apenas 94.

    Ao final, por mais contraditório que seja, eu gostei de alguns recursos: usar o focinho no lugar de cadela, procissão no lugar de trânsito, ‘nunca mais ficaria presa’ no lugar de morreu. O escritor tem as manhas.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      ei, Rangel, puxa, lamento demais que não tenha conseguido te passar clareza. Ponto pra você por sacar que a mulher tem rosto e a cadela tem focinho (afinal são duas, né?). Tenho dúvidas se precisava explicar mais gastando as 5 palavras que consegui economizar. Feliz em saber que me considera tendo as manhas. Lois A.

  52. Marcelo
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Marcelo

    A mim trouxe uma impressão sobre liberdade. Quando o portão se abriu, a primeira só tinha olhos para o mundo lá fora. A segunda, talvez, olhos para a primeira. Daí ao acidente. Mais uma vez, a questão liberdade. O desprendimento da carne.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      altas filosofias, né, Marcelo? Será que uma olhava para a outra? A que saiu antes corria feito doida. A que saiu depois olhava para a corredora… Esse desprendimento da carne me deixou com dúvidas, sabe? Lois A.

  53. Afonso Luiz Pereira
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Este miniconto constrói uma narrativa impactante, com um tom de liberdade e tragédia entrelaçados. A relação entre “as duas” e a situação no portão geram uma sensação inicial de cumplicidade e rotina, que é habilmente quebrada pelo acidente trágico. A frase final, “Nunca mais ficaria presa’”, tem força e permite diferentes interpretações. De fato, tive que ler duas vezes para entender o que se passava, justamente por causa das inconstâncias dos pronomes pessoais. No início era elas (duas figuras?), ele enfia o focinho no portão (provavelmente o cachorro, ou cadela), sem esperara pela “amiga” “ela” disparou (dois pronomes femininos novamente). Se não é um cão e o focinho é uma força de expressão, aí complica. Minicontos são usadas poucas palavras e elas devem ser precisas. De qualquer forma, o fim abrupto e violento da senhora (cabelos brancos) em não ficar mais presa impressiona como um fim trágico e real.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      Puxa, Afonso, que pena que não consegui dar clareza e ter usado palavras mais precisas, no meu motivo no conto (uma cadela e uma mulher). Quem sabe o conto estivesse lhe pedindo uma terceira leitura… Afinal, eram menos de 100 palavras. Legal que tenha sacado o meu intento de jogar com os pronomes. Que bom que o final trágico e real te impressionou. Lois A.

  54. Evelyn Postali
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Evelyn Postali

    Eu li duas vezes, mas isso não me fez desgostar do que escreveu, muito pelo contrário. Foi a ambiguidade que me permitiu fazer as interpretações. Creio que os detalhes nos deixam cientes de que se trata de uma idosa e de um cão, ambos presos, querendo a liberdade e, em determinado momento – sorte ou azar – encontram o portão aberto e lá se vão, ladeira abaixo, inconsequentes. O que entristece é a liberdade findar com a fatalidade tão de supetão. É até irônico, não é, mas me fez refletir sobre a busca pela liberdade e a possibilidade de ela estar, muitas vezes, ao lado da finitude.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      Ei, Evelyn, que legal que tenha sacado bem o motivo da minha história. E viva a ambiguidade, né? Mas a liberdade faz parte da vida e essa é frágil demais. O fim nos espreita em cada esquina… Gostei da sua leitura. Lois A.

  55. dantès
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de dantès

    No conto, a liberdade teve seu preço e, ao que parece, pouco importou. Gostei da analogia entre a liberdade animal e “humana”.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      ei, Dantès, para um microconto uma micro avaliação. Interessante essa analogia que enxergou. Não havia pensado nela. De repente, foi inconsciente da minha parte, né? Lois A.

  56. antoniosodre
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Antonio Sodre

    Eu gosto quando os eixos temáticos vida vs morte e opressão vs. liberdade encontram-se com a morte representando a liberdade (e vice-versa), o que não é o caminho usual de contos. O conto tem esse mérito.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      ei, Antonio, obrigado por ter visto esse mérito no meu conto. Espero que tenha visto algo mais também, sabe? Mas aí já seria querer muito, não é mesmo, amigo? Lois A.

      • antoniosodre
        19 de janeiro de 2025
        Avatar de Antonio Sodre

        Eu acho ficou texto muito bem estruturado – tem uma figura de linguagem muito bem construída “os cabelos brancos pareciam cortina rala tentando proteger o rosto enrugado”. O texto tem grandes méritos.

  57. Nelson
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Nelson

    Não consegui entender o que ocorreu por meio das descrições do autor/autora. Para mim, faltou mais clareza, pois o microconto já não nos possibilita o uso de muitas ferramentas descritivas para ações ou cenários. O final um pouco mais pesado destoa muito do começo e, como não consegui percorrer um caminho para que pudesse apreciá-lo, acabei não gostando do microconto como um todo.

    • Lois A.
      19 de janeiro de 2025
      Avatar de Lois A.

      Nelson, obrigado pelo seu comentário. Que pena que não consegui lhe passar clareza. apesar de que a clareza absoluta é equivalente a uma bula de remédio, né? De repente, para a avaliação seria necessária uma segunda – ou terceira – leitura. Espero, num outro desafio, construir algo que seja do seu entendimento. Lois A.

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Publicado às 19 de janeiro de 2025 por em Microcontos 2025 e marcado .