Nos últimos momentos, fantasiou o que veria do outro lado. Todo aquele tempo, e nunca havia considerado que poderia haver nada. Parecia entediante, pensar em nada. No vazio.
Achou peculiar que, próximo ao fim, sentisse curiosidade. E pressa. Todas as despedidas feitas, o caminho traçado. Mas o tempo se arrastava.
Soube que era a hora quando a dor foi embora. Abriu os olhos, e viu. Era magnífico. Fez todos os sacrifícios valerem a pena.
Foi o que gostou de imaginar o filho, vendo o ínfimo sorriso brotar no rosto do pai, enquanto a máquina exibia uma linha reta.
COMENTÁRIO: Precisei reler o final para compreender, mas entendi que foi uma reviravolta de realocar a perspectiva do pai moribundo para o filho em luto, ansiando para que as questões do pai fossem respondidas satisfatoriamente no momento derradeiro. Singelo!
O conto narra os últimos momentos de enfermo pelo olhar do filho.
A condução é bem feita e a todo momento pensamos que quem nos conta a história é o doente, no entanto, era o filho. Foi uma boa reviravolta, sutil e bem feita. Boa técnica e bom impacto.
Boa sorte no desafio
Olá, Filho!
A perda de uma pessoa querida é uma experiência traumática e, nesse conto, você nos apresenta essa história, porém sem o sofrimento. Não é trágico, melancólico ou extremamente dramático. Mesmo assim, conseguiu imprimir com eficácia a imagem das emoções e as cenas dos personagens, sem exageros e pautadas na realidade. Muito bem escrito. Parabéns! Boa sorte no concurso.
Olá, tudo bem?
Apaguei um textão desnecessário e vou ao ponto.
Textinho bem escrito, tocante. Mesmo antes de perder a minha mãe, eu entendia o quanto este momento é difícil e doloroso. Como a esperança de que haja a vida após a morte do corpo físico é o que nos conforta pela perda e faz a vida ter algum sentido. Você conseguiu passar bem esse sentimento. Parabéns e boa sorte no desafio.
Belíssimo conto! Tratou de forma original um tema corriqueiro. Não abordou o sofrimento do filho que perdeu o pai, ou as expectativas de um indivíduo à beira da morte. Esse tema normalmente causa angústia, tristeza, saudade… mas neste conto eu senti um tipo estranho de felicidade, satisfação talvez. Quem dera todos os lutos fossem esperançosos e conformados como o deste filho. Achei muito bonito esse olhar para o fim da vida!
Parabéns! Boa sorte.
Olá, Filho!
A morte, como tema na literatura, foi explorada de inúmeras maneiras. Incontáveis. Aqui, neste desafio, surpreendentemente, andou desaparecida. Entre pais, mães, filho, filhas, avôs e avós, poucos morreram.
Aqui temos como protagonista o filho que se força a imaginar o pai, em seus últimos momentos, encontrando a curiosidade como parceira em seus últimos momentos, facilitadora da passagem para o outro lado. Um enredo simples, mas que funciona da forma como foi proposto.
Da forma como foi construído, temos a impressão de estarmos presenciando, de fato, os pensamentos do pai e, no final, descobrimos que não, que o filho, diante de um breve sorriso, imagina tudo que foi descrito. E somos apresentados a esse texto em construções bonitas, melancólicas, mas com um quê de esperança, como em “fez todos os sacrifícios valerem a pena”.
Mas, devo admitir, tive muitos problemas com a frase “foi o que gostou de imaginar o filho”, que me parece toda torta, embora correta. No arremate do conto, quando recebemos a explicação, a conclusão, se deparar com uma frase de significado tortuoso como essa, é um balde de água fria. Ficou bastante esquisito, sobretudo por ter inúmeras formas de dar essa informação sem prejudicar o ritmo do conto.
Bom, é isso. Boa sorte no desafio!
Como leitor, agradeço por compartilhar conosco seu texto. Participar de um desafio exige coragem, expor-se de forma cega ao julgamento dos pares. Seu texto é sensível e nos traz um tema que afeta a todos nós. A morte, o mistério do que vem depois e, sobretudo, a dor de perder alguém.
Sua narrativa é bem desenvolvida. As frases se encaixam com harmonia. O impacto do fim é que nos vemos diante da imaginação do filho diante do sorriso derradeiro de seu pai. Não é um fim surpreendente, mas nem tudo em microcontos precisa ser assim.
Parabéns pelo microconto e boa sorte no desafio!
Bom dia/boa tarde/boa noite e um bom ano pra nós, amigo entrecontista. Bora começar um novo ano arrasando na escrita! Parabéns pela participação nesse primeiro desafio no ano,! Pra mim, escrever micro conto é um macro desafio kkkkkk. Bora pra sua avaliação, mas, por favor, não leve minhas palavras a sério demais, afinal, micro conto é algo muito fora da curva e é difícil até analisar. Pra ajudar, criei um micro sistema que espero que ajude a ser justo com todos os amigos. Bora lá!
Micro resumo: os ultimos momentos de um pai testemunhados pelo filho, que espera que ele seja feliz do outro lado.
Microsensações:essa tematica vida x morte é sempre muito interessante. Isso vem atraindo a curiosidade da humanidade desde os primordios, e continua eficaz na literatura. Aqui, pensamos estar vendo os momentos finais do pais pela perspectiva dele, mas na ultima frase descobrimos que voce nos enganou, e a historia acontece pela perspectiva do filho. Quer dizer, o conto é narrado da perspectiva do pai, mas no final descobrimos que é na verdade a forma como o filho espera que seja essa perspectiva. É um recurso narrativo interessante e que funciona bem aqui. Por outro lado, senti que o conto carece de impacto, clímax ou algo que cause um arrebatamento maior. Ainda que surpreendente, o final foi um pouco anticlimatico pra mim, e nao me despertou nenhum sentimento. Acho que isso acaba diminuindo um pouco o impacto do conto pra mim, já que nao me traz nada que vá me marcar por mais tempo.
Impacto:
Micro –> conforme falei acima, a ideia tem potencial, mas do jeito que foi entregue me marcou muito pouco.
Médio
Macro
Uso das pouquíssimas palavras permitidas: bom. Você foi eficaz em me enganar sobre quem “narra” o conto, e fez isso em pouco espaço.
Conclusão de um leitor micro-capacitado a opinar sobre micro contos: estava no leitor de morte de meu tio Edgar e vi meu primo, emocionado, viajando ao olhar no fundo dos olhos de seu pai. Algo de profundo estava acontecendo ali, mas não consegui sentir o peso do momento.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Oi, tudo bem?
Um conto sobre a despedida de um filho que, tomado pela dor, tenta imaginar que depois daquele último sorriso do pai ainda existe algo de bom.
É um conto bonito. Na primeira leitura, a troca de perspectiva do narrador pode confundir, mas faz sentido, porque no fim a única coisa que podemos saber é aquilo que imaginamos. Queremos muito acreditar que será para melhor. O conforto era para ele, não para o pai.
Fala-se muito sobre isso, né? O sofrimento da perda é mais sobre a nossa incapacidade de nos despedirmos. Sofremos porque perdemos, não pelo que foi perdido. Sei lá… viajei agora. Fiquei pensativa.
É um bom texto, com uma sutil surpresa no final, no tom que o conto pede.
Parabéns pelo trabalho!Boa sorte no desafio.
Acredito que para funcionar bem um microconto precisa de camadas diferentes. Para além da história literal que é contada pelas palavras, é preciso haver tramas subjacentes, dilemas e dramas escondidos nas entrelinhas, algo que se revele somente ao fim da leitura, ou até mesmo em uma segunda ou terceira leitura.
Há muito disso neste conto. Em especial há uma trama que é subvertida ao fim da história. Pelo andar da carruagem, imagina-se de início que o texto reflete as impressões do moribundo, daquele que está na cama aguardando e até mesmo ansiando pelo momento derradeiro. Mas, ao cabo, percebe-se que não, que essas impressões, ou melhor, que essas divagações passavam pela cabeça do filho que assistia ao pai que expirava enfim.
Nesse momento o conto ganha contornos e cores mais intensas, pois torna-se mais verossímil, mais cru, mais honesto. Não podemos saber, ao certo, o que vai pela cabeça de quem está à beira do abismo definitivo ou, como diria Chandler – Raymond, não o Bing – daquele que está prestes a entrar no sono eterno. Sabemos, ao contrário, do que se passa na cabeça de quem testemunha esse momento, algo como o que aqui se descreve.
Por isso, mais do que surpreender, o conto assusta. E assusta porque vemos nele um reflexo da nossa covardia, daquilo que muitas vezes não confessamos mas que, de todo modo, povoam nossas ideias.
Este é o típico drama água com salsicha. O Fabio Oliveira costuma chamar de Conto Cebola, pois é do tipo que você esfrega na cara da pessoa e ela chora, pois possui um tipo de artifício que serve unicamente para isso: fazer drama.
O ser humano é muito previsível. Com um texto curto, é possível deixar qualquer um excitado, com um conto erótico… mas sendo apelativo. Da mesma forma, com um texto curto, é possível fazer qualquer um sentir tristeza, mas também sendo apelativo. Eu não apreio nada que seja apelativo, pois acho que isso mata a criatividade. Esse tipo de ficção não é capaz de me entreter.
Entretanto, o conto foi muitíssimo bem construído, e isso é um mérito do autor, que conseguiu criar uma boa linha narrativa, utilizando um recurso muito bacana ao alterar a perspectiva do pai para o filho.
Não estará na minha lista de favoritos, mas ainda assim é um bom conto.
Ser apelativo é questão de ponto de vista. Este conto vem do coração, especialmente do medo que eu tenho do que vai acontecer quando eu mesmo estiver no leito de morte. Veio de uma curiosidade, de uma estranheza ao imaginar o que pensa o homem que sabe que o fim está próximo, e o filho, que tenta apaziguar o próprio luto (coisa pela qual ainda não passei). Nem todo conto que toca em questões tristes ou que faz os olhos lacrimejarem é apelativo.
Mas entendo que a tal da “fórmula EC” trabalha com a repetida apelação barata aos sentimentos do leitor, então faz sentido que você ache que o conto tenha nascido desta premissa. Me entristece que a leitura o tenha feito torcer o nariz, mas me alegra saber que algumas pessoas por aqui estão começando a superar a tal da “fórmula”.
Obrigado pela leitura e pelo comentário!
Cara… eu poderia falar aqui sobre como perdi meu pai ano passado e me conectei com esse texto por isso mas eu estaria mentindo sobre a conexão ser por esse motivo (meu pai morreu mesmo, isso é verdade!).
Eu me conectei com esse texto porque ele é muito bom, e porque eu acho que ele trabalha essas questões metafísicas de uma maneira excelente. A virada consegue surpreender muito positivamente, mantendo o mistério eterno desse tipo de questão.
Esse é o tipo de história que me dá um pouco de raiva porque eu queria ter pensado nisso. Excelente!
Olá, Entrecontista,
Um conto interessante que nos leva a crer que a pessoa a imaginar a sensação de morte é quem morre, mas o micro revela que é o filho.
Dica podre, se me permite, antes de revelar que é o filho que pensa, deixar todas as frases prontas para isso, quero dizer, quando a gente reler o texto, para ver se a solução final poderia ser prevista, nada nos escapou e de fato tudo que está lá “combina com o pensamento do filho”. Do jeito que está, algumas frases podem ser entendidas como próprias de quem está morrendo, por exemplo, “a dor passou”.
É apenas uma sugestão, que me veio agora.
Valeu pelo texto.
Mais um conto envolvendo relação entre pais e filhos. Aqui, um filho imagina que o pai está feliz no momento de falecer. É um assunto triste e apelativo, no sentido de que todos nós já entendemos ou vamos entender o que é perder alguém que amamos. Não é o meu gênero favorito, mas o conto é bem escrito e a história está amarrada com começo e final. Parabéns e boa sorte no desafio.
Caramba, que conto mais intenso. A linha da máquina comprovando a morte do pai é muito diferente do impacto que a sua história me trouxe. Gostei dela. O filho que vai vendo o pai ir embora e consegue ver um “ínfimo sorriso em seus lábios”. Sorriso esse de encontrar a vida plena do outro lado, no qual ele abriu os olhos e viu: era magnífico”. Gostei bastante. Parabéns.
Plot: Reflexões sobre o além vida, na derradeira hora, por pai e filho.
Desenvolvimento: O texto tem um desenvolvimento interessante, por trocar de narrador, mostrando a percepção do pai e do filho a respeito do “além-vida”. Só o último parágrafo achei que não acompanhou a força narrativa dos que vieram antes.
Destaque: Para a troca de narradores que acontece no texto, sem quebrar a fluência da leitura. Fugiu do lugar comum.
Impressões da leitura: Eu gostei, foi um conto tranquilo de ler e com essa surpresa (adoro surpresas) de trazer a narração do pai e do filho. Muito bom!
Gostei já, desde o título de duplo sentido… quando cheguei no fim do conto, me impactou demais a discussão metafísica sobre se a realidade da morte é o que se experimenta ou sobre o que achamos que os outros experimentam, e se fazemos isso para nosso próprio conforto. Parabéns!
Chamo de “técnica” a facilidade com que o autor carrega o leitor pela narrativa, e/ou transmite subtexto, e/ou faz (bom) uso de figuras de linguagem que tornam a leitura agradável.
Chamo de “interesse” o quanto o texto me fisgou enquanto leitor, o quanto de impacto senti pela leitura.
Chamo de “objetivo do autor” um palpite do que o autor queria com o texto. É mais um esforço criativo e uma tentativa de fazer leituras mais enquanto escritor do que leitor.
Por questões pessoais, é um texto difícil de comentar. Como deveria ser, vou tentar me ater especificamente à qualidade enquanto texto: de um modo geral, achei o resultado positivo. Se entendi bem temos umas perspectiva não do que alguém próximo da morte está sentindo, mas o que alguém que vê outra pessoa próxima da morte gostaria que ela sentisse.
Técnica: Boa. Se a minha leitura está correta eu sinto que o texto enfatiza demais o pov do moribundo, com palavras que não deixam dúvidas sobre a origem do pensamento. Talvez palavras um pouco menos fortes e que em um primeiro momento não levantassem suspeitas da surpresa, mas que funcionassem melhor em uma segunda leitura fossem um caminho mais interessante. Se errei a interpretação e apenas o penúltimo parágrafo diz respeito ao pensamento do filho, esquece isso.
Interesse: Acima da média. O tema da morte é quase sempre chamativo e a subversão do final entrega um pouco mais de camada ao texto, valendo mais algumas releituras.
Objetivo do autor: Explorar ideias comuns e não comuns sobre os últimos minutos de vida, causando subversão e dúvida ao final da história, mudando mesmo o tema de morte, para relações humanas.
Este conto é extremamente bem escrito, com uma temática que adoro e costumo também abordar.
O pai ter morrido com um sorriso no rosto me incomodou. Caiu no clichê, caiu na dramaturgia e foi na contramão do que o conto apresentava, ainda mais dentro desse tema.
A técnica é boa, a história é bem abordada. O impacto é interessante.
Mesmo com a ressalva do clichê, gostei do conto.
À MORTE, UM SORRISO! (FILHO)
Bom dia, boa tarde, boa noite autor(a)! Espero que esteja bem! Meus critérios de avaliação foram escolhidos baseando-se em conceitos que encontrei sobre o gênero microconto na internet. São eles: utilização do espaço permitido, subtexto, impacto, escrita. Nesse desafio em específico, não soltarei minhas notas no comentário. E, por fim, mas não menos importante, gostaria que você tivesse em mente que microcontos são difíceis de escrever e difíceis de avaliar; logo, não leve tanto para o lado pessoal se o meu comentário não estiver bom o suficiente, por qualquer motivo que seja. Garanto que li com o cuidado e a atenção que seu conto merece, dando o meu melhor para tanto contribuir com a minha opinião quanto para avaliar de uma forma justa você e os demais colegas.
É isso! Chega de enrolação e vamos para o meu comentário:
Ø Breve resumo:
A visão do filho sobre os últimos momentos do pai.
Ø Utilização do espaço permitido:
Muito bom!
Ø Subtexto:
Esse é um conto para ser sentido. É uma cena. Os últimos momentos de alguém. Tudo que se passou, que se viveu, as mágoas e as felicidades, o que foi dito e não dito ficam para os vivos. Para o pai morto, o mistério do que é a morte é um sorriso no rosto de quem vai saber um segredo muito disputado e não pode contar para ninguém.
Bom demais!
Ø Escrita:
Irretocável. Brilhante. Muito bem executada. Esconde o grande desfecho do conto.
Ø Impacto:
Alto!
Esse foi um conto que pegou em mim de um jeito diferente. Acho que a mistura de uma escrita sensível e técnica com uma abordagem diferente dos últimos instantes é aquela boa dose de pessoalidade do leitor colocou esse conto no meu TOP 15 e com lugar no meu coração.
Que bom seria se pudéssemos partir desse mundo com sorriso e serenidade. Sortudos são aqueles que se foram desse jeito.
Parabéns ao autor! Beijo, vô! Um dos poucos agraciados com esse sorriso final.
Este texto surpreendeu-me pela forma como termina. A forma tão simples e tão eficaz como remata o texto, como passa do pai para o filho, sem uma quebra, fazendo com que o texto, que, numa ótica literal, é confuso, porque temos a narrativa de uma pessoa, que afinal são duas, torna-se claro como a água quando termina. Gostei deste diluir do pensamento do pai no pensamento do filho, da forma como nos engana a pensar que nos está a revelar o outro lado, quando apenas nos revela o pensamento de conforto que o filho guarda para si como última imagem do pai.
Um texto muito forte escrito de uma forma simples e genial.
Parte da narrativa é feita pelo moribundo, que pensa no que há do outro lado. Parte é feita pelo filho, que quis imaginar um destino feliz para o pai.
A mudança de narrador é feita com muita habilidade e graça.
O conto fala da aceitação da morte e de quem fica.
Achei belo e rico em significados.
Parabéns pela participação e boa sorte.
Kelly
Temos aqui um conto com inversão de foco narrativo. Tanto que a inversão da ordem natural dos termos de uma frase (sujeito-verbo-complemento) aparece já no título.
A princípio, o leitor é enganado, pois acha que é o paciente terminal que está refletindo sobre o pós-morte. No entanto, a seguir, percebe que a reflexão vem do filho, desejando ao pai uma passagem cheia de esperança e paz.
Não percebi falhas importantes de revisão. A ideia é transmitida com clareza e sem rodeios que poderiam travar a leitura.
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.
Olá, Filho.
Contexto pessoal
Eu sou a pessoa mais defensora de spoiler que você vai conhecer. Eu AMO saber toda a história, inclusive o final, antes de ler. Mas no caso de um microconto, que a experiência de se imaginar a construção da história até a sua conclusão é tão curtinha, a imagem escolhida acabou impactando na minha experiência. Só para você ter uma ideia de como foi: eu estou lendo os contos em voz alta hoje, para meu namorado escutar. Ele amou o seu conto, porque não viu a imagem antes. Perguntou se eu gostei, mostrei a imagem dele e falei: já sabia do que se tratava o final.
Análise do conto
Mesmo assim o conto é muito bem escrito e muito bonito. Mescla alguns sentimentos que sustentaram a história até que o final fosse revelado em palavras: a curiosidade, o vazio, a dor e a felicidade. A presença do filho no leito de morte é uma surpresa que me confortou.
Conclusão
Um belíssimo conto. Por que a escolha de nos entregar o final antes mesmo de começarmos a ler?
Não tira seu mérito como escritor(a), mas interferiu na minha experiência de leitura.
Desejo um bom desafio!
Oi Thais, obrigado pela leitura! E pelos elogios também.
Engraçado: a morte aqui nunca foi segredo! Está até no título! Então não entendi muito bem a imagem ter sido um spoiler. Mas que atrapalhou a sua leitura, isto definitivamente aconteceu, já que é você quem me diz. Uma pena!
A suavidade na hora da partida, com certeza, é o ponto forte deste conto.
Pode parecer estranho mas, na infância, também tinha estes pensamentos quando ia no velório de pessoas conhecidas.
Hoje, não me arrisco a pisar em cemitérios já que, pela bagagem de mundo adquirida, nem todos os pensares são tão suaves como antigamente.
Boa sorte!
Rogério Germani
Conto descreve muito bem os últimos momentos de vida de uma pessoa e a esperança do filho de que o pai siga bem devido a um ínfimo sorriso. Gostei muito da fluidez do texto.
Cyro Fernandes
cyroef@gmail.com
Conto bem escrito, inteligente.
Trata da vida e da morte, daquele momento em que a morte chega num hospital.
Muito significativo e com imagens que permitem a reflexão.
Parabéns!
o texto faz uma inversão de perspectiva, faz parecer que a imaginação do filho fosse originalmente o pensamento de quem estava falecendo. Um alento em um momento difícil. O texto trata de um tema interessante, a apreensão e a curiosidade pela morte. Achei que teve um bom impacto.
boa sorte.
📜 Conteúdo (⭐⭐▫): com o pai à beira da morte, o filho imagina como é a pós-vida, imaginando que tenha sido boa, dado o sorriso final. Um tema sempre emocionante e com diversas interpretações.
📝 Técnica (⭐⭐▫): boa, conduz o conto com eficiência
💡 Criatividade (⭐⭐▫): na média do desafio
🎭 Impacto (⭐⭐▫): a frase final deixa o conto melhor, pois o conto trata-se de um desejo do filho de ver o pai bem mesmo após a morte, satisfeito com a vida realizada (ou seria só alívio de não sentir mais dor?). Consegue ser comovente mesmo num microconto, mas não necessariamente emocionante.
Esse micro é poderoso e reflexivo. Ele é tenso no começo. Convida a pensar sobre o que existe ‘do outro lado’ e sobre a inevitabilidade do fim. O micro equilibra com maestria o peso da despedida e a leveza da esperança imaginada. O último parágrafo me confundiu um pouco, mas creio que seja porque a ‘visão magnífica’ descrita não é algo que o pai realmente experimentou após a morte, mas, sim, o que o filho imaginou que ele viu em seus últimos momentos. O sorriso do pai, mesmo enquanto a máquina indicava a morte, foi interpretado pelo filho como um sinal de paz ou realização. Talvez isso tenha sido para justificar o sofrimento e os sacrifícios. Isso deu ao filho algum conforto e significado em um momento tão difícil – o fim da vida de alguém que amamos.
A pontuação causa um estranhamento desde o título. Nesse, a inversão me agrada. Já em outros momentos fiquei imaginando outras hipóteses de pontuar enquanto lia.
Agora vamos ao que interessa. Seu micro me nocauteou. O tema em si – as fantasias que construímos sobre a morte dos nossos entes queridos – a forma como você deslocou-nos, leitores, para a carne do personagem e o twist do último parágrafo, tudo perfeito. Ao fim e ao cabo, acho que a estranheza da pontuação, em lentificar a leitura, contribuiu para esse efeito. Muitos parabéns! 👏
Olá, Filho! (Estranho chamar alguém assim)
Gostei do conto. O título é ótimo, e trouxe expectativo sobre o que viria.
Não decepcionou. Ao contrário do que ocorre em 99% das histórias, temos uma visão otimista da morte. Original e, por que não dizer, inspiradora. Quase caiu numa visão religiosa demais, mas o twist de que era imaginação do filho salvou o conto do tropeço.
Fico pensando na possibilidade de manter o conto apenas como percepções do falecido, sem ser um twist, e sem revelar o que ele via do outro lado. Seria que teria ficado mais impactante? Não sei. É que o último parágrafo força a narrativa a fazer uma curva, o que me parece que tira um pouco da força.
Apesar disso, achei ótimo. Também gostei das suas respostas aos comentários, sinceras e divertidas. Valeu pela entrega.
Obrigado pelo conto e boa sorte no desafio.
Obrigado pela leitura, Thiago! Que bom que curtiu.
Engraçado, você não é o primeiro que fala que talvez fosse melhor não ter revelado o que o homem viu do outro lado… quando não foi revelado! Só foi falado que era bonito, e que fazia todos os sacrifícios valerem a pena. Pode ter sido muita coisa. Será que essa breve descrição foi o suficiente para que a mente de alguns leitores preenchesse com a imagem que acharam melhor, talvez uma tão forte que foi como se eu a tivesse revelado?
Mas eu acho que entendo o que você quis dizer. Talvez fosse melhor não ter falado nada, apenas dito que o véu foi afastado e que ele o atravessou. Mas neste caso, como aquela era a imaginação do filho, ele preencheu o momento com os próprios desejos. Para ele, o que o pai viu foi o que ele gostaria que ele visse. Ao menos, foi o que pareceu, para mim.
A morte nunca foi tão bela como você conseguiu fazer através deste conto, parabéns!
A inversão da expectativa comum sobre a morte, associada à dor e sofrimento, gerou um conto poético e reflexivo. Além disso, a jornada do protagonista, da angústia inicial à paz final, causou em mim uma boa experiência.
O uso das palavras foi muito bem conduzido também, reforçando uma sensação de mistério e transcendência.
O conto poderia ser mais ambíguo e deixar o leitor tirar suas próprias conclusões sobre o que o protagonista vê ao abrir os olhos? Sim! Porém, respeito sua escolha e ainda considero seu texto no nível excelente. Boa sorte!
Até o finalzinho fiquei esperando que se tratava de uma narrativa sobre nascimento, e não sobre morte. A descrição é muito competente, e ao final o autor não cai na tentação de apresentar respostas definitivas, já que se trata do ponto de vista do filho. Afinal, tudo o que sabemos sobre a morte é pelo olhar de quem fica, e não de quem se vai. Parabéns!
Gostei da temática, tudo que abrange o fim me cativa um pouco. Achei bacana a passagem de sentimentos do pai pra filho, a todo momento achei que era o pai quem assim pensava. Achei muito bom
Olá, Filho! Tudo bem?
Eu amei esse conto, com certeza um dos meus preferidos e estará no top 5 da minha lista! ❤️
E sabe o porquê de eu ter gostado tanto? Porque é um conto que eu poderia ter escrito. A certeza de não haver o nada, a curiosidade e principalmente a pressa, e depois a constatação de o quão maravilhoso é e de que como todos os sacrifícios valeram a pena!
É uma imagem de paz e esperança na morte!
Está muito bem escrito, cada palavra escolhida perfeitamente! E eu amei o título, mesmo antes de ler o conto!
Parabéns e muito boa sorte no desafio!
Até mais!
Uau! Fico lisonjeado! Obrigado pela leitura!
Um belo e triste conto, sobre a dor da perda. Uma execução primorosa na forma como é feita a troca, ou melhor, a identificação do narrador.
Ela estava ali na cara mas apenas no final passa a fazer sentido, mostrando a importância da escolha do nome do autor no conto.
Excelente!
Nos últimos momentos, fantasiou o que veria do outro lado. Todo aquele tempo, e nunca havia considerado que poderia haver nada. Parecia entediante, pensar em nada. No vazio.
Início muito bem escrito. Gosto disso, desse modo de escrever, é meio que poético, mas não é. É realista, mas é fantasioso. Há a esperança e a mais possível realidade. Eu penso muito nesse conceito de “vazio”, já pensei em ser ateu, já pensei em renegar a possibilidade “Deus”. E respeito quem não crê, mas sem isso, sem essa força iminente que está ao nosso redor, sem esse empurrãozinho para significar, não sei se teria forças, talvez sim, talvez. Então, prefiro renunciar ao vazio e acreditar pelo menor um pouco na presença de algo maior.
Achou peculiar que, próximo ao fim, sentisse curiosidade. E pressa. Todas as despedidas feitas, o caminho traçado. Mas o tempo se arrastava.
É, já tive duas experiências de quase morte. Nelas, próximo ao que acho que fosse o fim, tudo passou lento, tipo, titãs, eu levava um tiro que saia pela culatra… o tem era arrastado! Segundos eram minutos e isso faz muita diferença.
Soube que era a hora quando a dor foi embora. Abriu os olhos, e viu. Era magnífico. Fez todos os sacrifícios valerem a pena.
Bem, quando a dor vai embora… Ah, como pensamos isso? Como acreditamos que é melhor libertar, deixar ir… permitir a escolha, mesmo que a pessoa esteja lutando para viver. Meu sogro teve malária 3 vezes, ao fim lutou conta cancêr de próstata e teve parkinson, e nunca vi, sinceramente alguém como ele, que lutasse tanto e desejasse tanto viver, mesmo que com as enfermidades. Carreguei ele nos braços, magro, fraco, mas sorrindo, um pouco assustado com a situação. Ele fez sim, todos sacrifícios valerem a pena. Esse trecho me trouxe saudades!
Foi o que gostou de imaginar o filho, vendo o ínfimo sorriso brotar no rosto do pai, enquanto a máquina exibia uma linha reta.
É aqui que o texto me toma, e explica que a aceitação é nossa, voltando ao meu sogro, ele viveu, mas não o tanto que queria, na minha opinião ele queria mais. Nós aceitamos que ele tenha vivido o suficiente e bem, na medida do possível, assim é uma linha reta, é o coração, é o sorriso, o último risco, o último respirar. A nós só resta sorrir, ou morrer. A vida é sobre persistir!
Obrigado e meus mais sinceros parabéns!
boa sorte!
Caramba, não esperava um comentário como este. Que bonito. Jamais imaginaria que você tivesse experiências como as que você descreveu. Não faço ideia de como é encarar a morte de frente como você encarou, nem de ajudar uma pessoa a atravessar as coisas que o seu sogro passou.
Você falou que o trecho te trouxe saudades, espero que sejam aquelas saudades boas, que acalentam o coração. E que você esteja bem. Obrigado por ter lido e por ter comentado!
Olá, Filho.
É o que imaginamos para todos os entes queridos diante da iminência da morte. Seu texto é delicado e respeitoso a esse momento difícil, bem escrito, leve (apesar do tema). Dentro do limite curto de palavras, creio que se saiu muito bem.
Parabéns e boa sorte neste desafio.
Temos aqui um conto das ultimas horas na UTI. O conto mostra os pensamentos do filho e não do pai moribundo. O filho que imagina o que o pai vê do Outro Lado. Uma perspectiva diferente, que, apesar da poesia do título, não traz nenhuma novidade. Os momentos da dor poética não foi transmitida ao texto. Reconheço que é difícil, ou mesmo, impossível colocar em 99 palavras as lembranças de toda uma vida. Faltou essência poética, mas é um bom conto.
Uma boa prosa acerca de um momento tão delicado e brutal. A pessoa que escreveu teve sucesso ao transmitir a união destes dois elementos, o que nunca é fácil, principalmente com um limite de palavras tão baixo – limite, este, bem utilizado no conto.
Na minha leitura, infelizmente a narrativa perde um pouco de potência na última frase. Pulamos da experiência da pessoa que está morrendo para a de uma pessoa que está imaginando o que o pai está pensando.
Por mais que a morte de um ente querido seja fortíssima, a própria morte é, obviamente, algo muito mais específico, com sentimentos trazidos à tona que podemos apenas cogitar. Vivenciar, como leitor, apenas a experiência da própria pessoa moribunda, para mim, seria ainda mais denso do que lê-la pelas lentes do filho.
Entendo que a citação ao filho, neste momento, também gera comoção. Mas esta comoção também poderia ter sido gerada pelos pensamentos do próprio pai, que poderiam já conter a saudade que sentiria dos entes queridos ao partir.
Mas no geral, é uma boa história, com potencial.
Boa sorte!
Conto sensível sobre um tema tão delicado. No primeiro parágrafo, eu atentaria para a repetição da palavra “nada”. O segundo parágrafo me pareceu quase desnecessário. O que ele acrescenta à história? No conto, ainda mais no miniconto, tudo tem que ser relevante para a história. Esse parágrafo não me parece imaginado pelo filho, e sim pelo narrador.
Também sinto falta da história profunda desse conto. Ele termina onde tem que terminar, é bonita a ideia do filho que imagina um final “feliz” para o pai, mas sinto que poderia impactar mais o leitor.
Mas no geral é um bom conto. Parabéns.
Olá Juliana, obrigado pelo comentário. Pena não ter curtido tanto.
Engraçado: o segundo parágrafo, para mim, foi o mais interessante de escrever. Esta ideia de que a pessoa, na beira da morte, de todas as coisas que poderia sentir, sente justamente curiosidade e pressa. Curiosidade, e pressa. Não dor, tristeza, alívio, arrependimentos. Apenas uma curiosidade pelo que vem depois, e pressa para chegar logo lá. Na verdade, foi o parágrafo que inspirou a coisa toda! Então, achei interessante você não ter curtido justamente este! Penso que nem tudo escrito em um conto (ou microconto, que seja) deva ter o intuito de acrescentar à historia. Ocasionalmente, um parágrafo pode ser apenas uma observação. Ou uma reflexão. Ou um comentário.
Sobre a repetição da palavra “nada”, ela foi repetida apenas uma vez! E a repetição foi proposital, para enfatizar justamente a palavra (que, se formos exigentes, admito que é mesmo repetida outras vezes em significado, já que está cercada por paralelos como “vazio” e “nunca”).
Sobre o texto ser imaginado pelo filho, deixei isto em aberto de forma proposital. Tenho a minha forma de interpretá-lo, que guardarei para mim, mas entendo que um leitor pode achar que todo o texto foi imaginado pelo filho, ou apenas o penúltimo parágrafo.
Oi, filho!
Sobre o segundo parágrafo, os grandes autores usam muito as reflexões e observações do narrador, sempre ligadas ao tema do conto. Talvez pelo limite de palavras você não tenha conseguido, a meu ver, provocar essa compreensão no leitor. Eu estranhei especialmente porque quem pensa tudo isso é o filho, em sua imaginação, então me pareceu um afastamento do narrador nesse momento. Mas isso sou eu, veja os comentários dos outros nobres autores do desafio.
O conto é bom!!!!!
Ah, e sobre a repetição ter sido proposital, quando for assim, minha sugestão é que fosse repetida mais vezes, 3 vezes, para dar ênfase m esmo e para que fique clara a sua intenção. Essa é uma convenção que funciona bastante na escrita, os autores que eu mais gosto usam muito, mas quando é assim a palavra é repetida mais vezes. Preste atenção quando vir alguma coisa assim num livro. Quando se repete só uma vez, pode parecer ao leitor, como foi o meu caso, que foi apenas uma desatenção do revisor.
Conto muito bem amarrado, de tema triste porém contado de forma suave. Gostei bastante.
“À Morte, um Sorriso” apresenta uma estrutura coesa e se propõe a emocionar o leitor, especialmente pela construção gradual do desfecho. Eu gostei. A ideia de explorar os últimos momentos de vida e a transição entre dor e paz é interessante, sim, e possui grande potencial para causar impacto emocional, já que todos nós estamos inevitavelmente inseridos no ciclo da vida e da morte.
A perspectiva do filho, interpretando o sorriso do pai recém-falecido, é válida, embora o número espartano de 99 palavras limite o desenvolvimento necessário para intensificar a carga emocional. De qualquer forma, o miniconto apresenta boa fluidez e cumpre sua intenção de provocar reflexão sobre o fim da vida e as percepções dos envolvidos nesse momento inevitável e doloroso. Parabéns ao autor.
“O número espartano de 99 palavras” foi uma excelente forma de descrever este desafio.
Coisa dificíl essa: escrever com menos de cem palavras!
Obrigado pelo comentário e pela leitura!
Muito bem traçado, condução perfeita até o ínfimo sorriso que levaria a linha da vida à reta final… Parabéns!
Um conto que narra o fim como recomeço. Bem escrito e com um final esperado.
Mesmo curto, há belas passagens descritas de modo lírico.
À Morte, Um Sorriso trata do triste momento da despedida, do fascínio e da incompreensão diante da morte. Frente à dor absurda, o filho prefere imaginar um futuro ao pai agonizante. Quando o pai, num estertor, esboça o que pode ser um leve sorriso, o filho supõe uma vida após a morte. A estrutura do conto induz o leitor a pensar em uma despedida da vida em primeira pessoa, mas o desfecho do último parágrafo acaba por revelar uma narrativa em terceira pessoa e por explicar o título (este que é, aliás, excelente). Nenhum reparo quanto à técnica ou ao conteúdo.
Adorei seu conto, Filho. A descrição da chegada da morte e o plot twist foram magníficos. Parabéns e boa sorte.
Preciso confessar que achei seu conto um pouquinho apelativo. Tipo, ficou um pouco nítido a intenção do autor de tentar emocionar o leitor, de tenta coagi-lo a uma emoção direcionada. Acabou não tendo enredo suficiente pra me levar a desenvolver qualquer tipo de emoção mais profunda, provavelmente pela limitação de palavras. E terminei como comecei. Sentindo nada. A pegada foi descobrir que as cenas do começo da história eram na verdade imaginadas pelo filho que dormia ao lado do moribundo, e não do finado. Ele se auto confortou acerca da partida de seu pai através de todo um imaginário baseado num último sorriso. Achei esse “plot twist” , se é que podemos chamar assim, bastante original. Mesmo não tendo sentido nada, o enredo em si possui valor, e acaba nos conectando ao personagem do filho, que poderia representar qualquer filho existente por aí agora mesmo numa sala de hospital. Há definitivamente um possível paralelo com o mundo real, e isso é o diferencial do seu conto, que me levou a apreciar ele sim, afinal.
Concordo bastante com a sua constatação, especialmente devido à falta de espaço para desenvolver emoções mais profundas. Admito que o conto tem sim esta forma de ser interpretado: como uma tentativa barata de trazer à tona uma emoção forte do leitor. Eu mesmo senti isso ao ler o meu texto. Mas, no fim, sei que o desenvolvimento de qualquer ligação emocional em 99 palavras é algo extremamente difícil de realizar, então vejo este texto mais como uma reflexão. Uma pausa para pensar no que são os últimos momentos de alguém, e no que acalenta o filho ao passar por momento tão difícil.
Não entendi a sua ideia de que o filho estava dormindo ao lado do pai moribundo. Eu o imaginei de pé ao seu lado, observando-o no momento da sua morte. Mas a imaginação é uma coisa louca, então tudo é válido!
A máquina exibindo uma linha reta. Que engraçado, mas incrível como essa imagem não precisa de muito tempo para ser processada na nossa mente e indicar que é a morte. Tantos filmes com essa imagem. O microconto baseia-se todo nessa imagem final e esse é o mérito dele.
Olá, Filho
O micro é bom, bem escrito.
Gosto do final inesperado, gosto da ideia de ser o filho a pensar tudo aquilo. Com o narrador em terceira pessoa, podemos ler como sendo o pai ou o filho. Boa sacada.
Senti um pouco forçado ele saber quando a dor para de ser sentida. Talvez dar um indicativo disso.
“Parecia entediante, pensar em nada” – Li e reli várias vezes esta parte para chegar a uma conclusão. Parecia entediante pensar em nada ou parecia entediante não haver nada?, achei essa construção confusa.
Parabéns pelo texto.
É, pensando bem, lendo desta forma, este trecho parece confuso mesmo. A ideia era dizer que ele estava curioso sobre o que viria a seguir, após a morte, e era entendiante pensar em “nada”, então ele estava imaginando o que veria depois… que não fosse nada.
Ficou mais confuso? Talvez. Hahaha!
Obrigado pela leitura!
Um belo conto no eixo temático morte vs. vida. A construção é boa, com o plot twist no final. Tudo se encaixa muito bem no microconto. A imagética da linha reta é bem legal, que não para, sempre continua.