EntreContos

Detox Literário.

Última Sessão (Gustavo Araujo)

Uma semana agora. Iria ao cinema. Era a opção que restava.

Abotoou a camisa e mirou-se no espelho. A barba por fazer, as bolsas sob os olhos, os vincos profundos no rosto. A ausência dela lhe dilacerava a alma, fazendo-o parecer muito mais velho do que realmente era. Prendeu os lábios e deixou o ar escapar num longo suspiro.

Caminhando, chegou ao shopping center. Estava exausto. Não demorou até ver-se envolto pela onipresente horda de passantes, jovens na maior parte, em busca de distração fugaz e comida ruim. Não, não gostava dali, daquela atmosfera circense e forçadamente alegre. Como um Natal constante metido goela abaixo.

Seguiu diretamente para o segundo piso, dominado pelos cinemas. A angústia, de início insidiosa, imobilizou-o por completo ao perceber o local apinhado. Doze salas, cada qual com um filme diferente e inúmeras opções de horários. Escolhas demais, possibilidades demais. E por causa disso, filas intermináveis para adquirir ingressos.

Uma garota, funcionária do estabelecimento, ofereceu-se para comprar-lhe o bilhete no totem automático. Nem tudo rescendia a exasperação por ali.

À entrada, contemplou o longo corredor que levava às salas de exibição. Nas laterais, insípidos cartazes elaborados por Inteligência Artificial anunciavam as próximas atrações. Ignorou-os solenemente, assim como ignorou as pessoas que ali transitavam, equilibrando sacos de pipoca e refrigerante. Gente falando alto, gente com crianças. Namorados. Ninguém sozinho, ninguém demolido como ele.

Entrou em sua sala, por fim, detendo-se por um instante. De onde estava, notou a patética decoração carmim nas paredes, imitando a de cinemas antigos. Salas modernas pareciam ter predileção pela aparência decadente. Um ambiente tão pretensioso que chegava a ser ridículo, considerando as dimensões acanhadas, onde reinava uma tela diminuta.

Num átimo, lembrou-se do Cine Lumière, fechado há quase trinta anos. Fatalmente, outras recordações se insinuaram, mas ele preferiu reprimi-las.

Subiu os degraus até encontrar sua poltrona. Sentou-se para aguardar o início da projeção, o coração acelerado. O pior de tudo era o assento vazio ao lado do seu. Vazio para a eternidade. Respirou fundo. Mas não o suficiente para aplacar a agonia.

***

Era a terceira vez que tentava entrar. Nas primeiras, os ingressos haviam se esgotado e ele fora obrigado a voltar para casa, frustrado. Mas daquela vez não tinha erro. Com duas horas de antecedência, estava no primeiro terço daquela fila que se estendia pelas calçadas até dobrar a esquina, o fim invisível.

Chamava-se Bruno. Tinha onze anos.

Desde que fora ao cinema pela primeira vez, com o pai, alguns anos antes, encantara-se com a experiência. Na ocasião, assistiram a “Guerra nas Estrelas”, um filme eletrizante sobre um homem chamado Luke Skywalker, destinado a salvar uma galáxia muito, muito distante, da tirania do mal, de Darth Vader.

Depois disso, viram outros filmes igualmente incríveis – “Os Caçadores da Arca Perdida”, “Superman 2”, “O Cristal Encantado” –, que só fizeram reforçar a ideia de que ir ao cinema era como fugir para outra dimensão. Histórias envolventes, música arrebatadora – no que Superman era imbatível – e personagens cativantes.

Isso sem falar no próprio local de exibição. A atmosfera solene, quase palaciana, do saguão principal e suas escadarias, as portas revestidas de capitonê que davam acesso à plateia e a seu oceano de cadeiras possíveis… E a tela, aquela espécie de janela gigante que permitia o vislumbre para o improvável… Como não deixar-se enfeitiçar?

Há alguns meses vencera o receio inerente às crianças que já se acham grandes demais e fora sozinho assistir a “Rocky 3”. Sim, sozinho. So-zi-nho. Decorara o caminho de casa até o cinema, percebendo que não era assim tão longe. Bastava ter confiança. E para isso bastava ter entusiasmo. Nada disso lhe faltava.

A partir de então, aproveitava os trocados da mesada para assistir a todo filme que lhe interessasse. Dizia aos pais que iria jogar bola na casa de um amigo qualquer, para que não ficassem muito preocupados, e tomava o caminho do centro da cidade, onde se erguia seu local favorito no mundo. Cine Lumière.

Agora, na fila, observava o cartaz do filme a que, pela terceira vez, tentava assistir. Era um painel enorme, com a altura de uns três andares. Nele, a silhueta de um menino andando de bicicleta sobreposta a uma imensa lua brilhante. Ele voava.

E.T. o Extraterrestre. Um filme de Steven Spielberg.

Ao chegar à bilheteria, subiu na ponta dos pés e resgatou do fundo do bolso as notas amassadas e as moedas que trouxera, entregando tudo à moça atrás do vidro. Ela conferiu e deu-lhe o bilhete. Então ele entrou.

Sentou-se defronte ao centro da tela. O melhor lugar que existia. Tinha certeza de que aquele filme seria muito bom. Spielberg era um gênio, disso todo mundo sabia. Aguardou até que as demais pessoas se ajeitassem, torcendo para que ninguém alto demais se sentasse à sua frente – o que felizmente não aconteceu.

Logo, a claridade sucumbiu à escuridão e um manto de silêncio calou todos os sussurros. O projetor rasgou o breu com sua luz branca e horizontal. Por um segundo, Bruno analisou o feixe luminoso, povoado por pequenos grãos de poeira soprados na direção da tela. O sopro que dava ao filme a vida.

***

― É o melhor filme do mundo mesmo! ― disse ele. Estava na escola com um amigo chamado Ricardo.

― Falei para você!

― Vou te contar uma coisa, mas você não pode espalhar para ninguém ― disse Bruno, como um mágico prestes a revelar um segredo. ― Já fui assistir seis vezes!

― Seis?

― Sim, seis, ou meia-dúzia se você preferir.

― Duvido… Seis é demais… Se fosse “O Império Contra-Ataca”…

― É porque você é fã de Guerra nas Estrelas. Eu também gosto, mas E.T. é bem melhor. É de verdade, não é como essa coisa de criança, naves no espaço lançando raios…

― Coisa de criança? Um alien que faz amizade com um menino é o quê? Você tá louco…

Bruno encolheu os ombros.

― Não adianta discutir esse assu…

― Lembrei agora que tem uma menina no 4º C que já assistiu onze vezes ― interrompeu Ricardo.

― Ah, pare… Você tá inventando. Tá com inveja.

― Foi o Robertinho que disse.

― Desde quando o Robertinho sabe de alguma coisa? Ele não conhece menina nenhuma…

― Se você duvida pergunta para ela, então. Ela tá vindo ali.

― Quem?

― A menina. Olha ela ali…

Bruno virou-se e percebeu um grupo de garotas se aproximando. Sentiu-se acuado por um momento.

― Qual delas? ― sussurrou, tentando ignorar a taquicardia repentina

― A ruiva, fivela azul no cabelo. Não sei o nome…

Foi quando entendeu a provocação do amigo. Era o tipo de garota que fazia qualquer um perder o raciocínio. Cabelos crespos, olhos verdes, sardas no nariz.

Não se permitiu pensar. Afogou o nervosismo ali mesmo e caminhou na direção do grupo. Pediu licença à menina e perguntou-lhe se o que diziam era verdade. Ela estranhou a abordagem repentina e ainda mais a pergunta, mas respondeu que sim, ele estava certo, ela havia assistido E.T. onze vezes.

― Caramba, se eu vi seis e já…

― Ah, seis não é nada ― atalhou ela. ― Onze não é nada… Quero assistir mais. Muitas mais! E.T. é o melhor filme de todos os tempos e merece ser visto, sei lá, umas trinta vezes!

No fundo concordava com ela, mas ainda assim custava a acreditar.

― Mas como você foi? Seus pais te levaram onze vezes no cinema?

― Fui sozinha ― ela respondeu fazendo pouco caso. ― O Cine Lumière é perto da minha casa.

Cine Lumière.

― Mas você só tem onze anos…

― Você também, ué.

Percebeu que Ricardo assistia à cena a alguns metros de distância, estudando a conversa para depois curtir com a cara dele.

― Então na próxima vamos juntos ― propôs Bruno, tentando reverter situação e sair por cima.

― Claro ― respondeu ela, com um ar de segurança enervante. ― Amanhã é sábado. Pode ser às 14h?

― Claro ― repetiu, a boca involuntariamente seca. ― Cine Lumière?

― Sim, Cine Lumière ― ela confirmou, voltando-se para junto das amigas.

Ela já se afastava, mas ele lembrou-se de perguntar:

― Como é o seu nome?

― É Clarice.

― O meu é Bruno!

― Eu sei.

***

Na tela, o professor está deixando a sala de aula enquanto seus ex-alunos assistem à classe de poesia com o diretor do educandário. O constrangimento é evidente. De repente, um dos rapazes se levanta e o chama – “professor, nos desculpe…” –, sendo imediatamente repreendido pelo diretor: “Sente-se, Sr. Anderson!” Irresignado, com lágrimas nos olhos, o rapaz liberta os versos de Walt Whitman, “Oh, capitão, meu capitão…”, e em seguida usa a carteira como escada, pondo-se em pé sobre a mesa. A audácia detém o professor. Furioso, o diretor exige que o aluno desça dali, mas suas ordens são ignoradas. O ato de rebeldia, de insatisfação, de coragem, é irresistível. “Oh, capitão, meu capitão…” Outros alunos repetem o gesto, levantando-se e subindo em suas mesas. O questionamento, a insatisfação, a angústia, tudo ali, tudo concentrado em versos silenciosos, libertários e irrefreáveis que lhes rasgam o peito. Naquele breve momento, sentem-se capazes de qualquer coisa. De sonhar, de crescer, de serem eles mesmos. Por causa dele.

Observou Clarice sentada no sofá, a cena dos alunos leais ao professor Keating em pé, como sentinelas de uma irmandade invencível, refletida em sua retina esverdeada, úmida e brilhante. Por um segundo viu-a pouco mais que uma adolescente, enxugando os olhos enquanto assistiram àquele filme pela primeira vez.

― Estou cansada ― disse ela, desligando a TV quando os créditos começaram a subir.

― Você precisa descansar, Clarinha. Está muito fraca… Venha, vou te ajudar.

Dava para sentir suas costelas sob a roupa. Devia pesar menos de quarenta quilos, frágil como um brinquedo antigo. Não tinha sequer cinquenta anos e estava prestes a encarar a viagem definitiva. Haviam-lhe estimado cerca de doze meses a contar do diagnóstico, mas apenas quatro tinham se transcorrido e ela já se encontrava péssima. A progressão fora muito mais rápida do que o imaginado e os remédios já não faziam efeito. Agora só lhe restavam cuidados paliativos.

Ajudou-a a escovar os dentes e a pentear os cabelos. Fez com que tomasse um comprimido e deitou-a na cama. Cobriu-a com um edredom e diminuiu a luz.

― Descanse… ― disse baixinho, beijando-a na testa.

― Leia para mim, Bruno… Fiquei com vontade de ouvir alguma coisa do Thoreau.

Claro, sempre.

Apanhou o “Walden” junto à pequena estante e sentou-se na poltrona ao lado da cama. Ligou o abajur e começou a leitura. A voz que deixava escapar era monocórdia. Isso a ajudaria a relaxar, pensava. Mas, talvez, fosse reflexo de seu próprio esgotamento.

Quando fechou o livro quinze minutos depois, Clarice já ressonava. Deitada de lado, não parecia de forma alguma doente. À luz cálida, seu perfil ainda lembrava o daquela menina por quem se encantara há quase quarenta anos. A testa alongada, o nariz reto e polvilhado por sardas, os lábios finos e o queixo levemente pronunciado.

Quis acreditar que pela manhã acordariam felizes, como se nada pudesse feri-los. Que a vida seria perfeita, como haviam planejado tantas e tantas vezes. Que continuariam indo ao parque, aos cafés de que tanto gostavam. Que veriam ainda tantos filmes quanto desejassem. E que depois os assistiriam muitas outras vezes para se lembrarem dos dias em que se conheceram, em que se apaixonaram, em que decidiram construir tudo aquilo juntos, com avanços e tropeços, abraçando-se, entendendo-se, perdoando-se.

***

― Li aqui que o “Central do Brasil” voltou à exibição ― disse Bruno, levantando os olhos do caderno de cultura do jornal.

Tomavam o desjejum. Era um sábado qualquer, desses que dão a ilusão de que tudo é infinito.

― Acho que voltaram a passar em protesto ― disse Clarice. Ela comia um pedaço de bolo de cenoura que a deixara com manchas de brigadeiro na boca.

― Também, depois daquela palhaçada do Oscar… ― comentou ele, em seguida indicando à esposa o doce que lhe maculava o rosto.

― Até agora estou indignada ― ela disse, apanhando um guardanapo. ― Gwyneth Paltrow levar melhor atriz foi o fim…

― Sim, a Fernanda arrasou no nosso filme. No NOSSO filme ― ele falou, dobrando as páginas do jornal e golpeando a mesa. ― Merecia todas as estatuetas do mundo. Em vez disso, coitada, ficou lá aplaudindo a premiação com cara de pastel. Deprimente!

― Você sempre fica furioso quando fala disso… ― disse ela, sorrindo. ― Meio que desperta teu ufanismo.

― Ah, mas é que não dá para ser diferente, Clarinha. Central do Brasil era infinitamente melhor do que esse “Shakespeare Apaixonado”, filminho de sessão da tarde.

― Sou obrigada a concordar com você… ― disse ela, cortando outro pedaço de bolo. ― Pior é que ganhou quase tudo. Até melhor filme.

― E em cima de “O Resgate do Soldado Ryan”. Inconcebível isso. A velha politicagem hollywoodiana, só pode… É urna eletrônica? Quem audita esses votos?

Clarice riu.

― Sou de opinião de que devemos aderir a esse protesto da nossa indústria e assistir ao “Central do Brasil” de novo. Até porque já faz dois meses que a gente não vai ao cinema. O que você acha?

― Querida, é por isso que eu te amo. Você tem o dom de ler meus pensamentos.

Ao cair da noite, seguiram caminhando pelas ruas do centro, repetindo o hábito forjado há pelo menos duas décadas. Caía uma garoa leve e ela se agarrava a ele em busca de calor. Encolhidos sob o guarda-chuva, desviavam das poças d’água que refletiam o neon das lojas e o amarelo dos postes de luz.

Vivenciando os pequenos e secretos prazeres da vida, acompanhavam o som repetitivo de seus sapatos sobre a calçada molhada. Somado ao do deslizar dos veículos nas ruas, compunham um ritmo só deles, o que só era possível com aquele clima.

Quando viraram a esquina, esperavam ver o luminoso característico do Cine Lumière, com suas lâmpadas piscantes anunciando o filme em exibição. No entanto, nada havia ali. Nada de pessoas. Nada de lâmpadas, nada de cartazes, nada indicando a exibição de “Central do Brasil” ou qualquer outro filme.

Tapumes cobriam por completo o local.

Bruno adiantou-se, tentando olhar por uma fresta. Estava escuro demais, porém. A sensação era de completo abandono.

― Você não leu no jornal que o filme tava passando aqui? ― perguntou Clarice, agora sozinha sob o guarda-chuva.

― Li, mas acho que alguém errou a programação. Nosso cinema parece que tá fechado há algum tempo…

Tinham ouvido falar da crise dos cinemas de rua, asfixiados pelos modernos multiplex dos shopping centers, mas nunca imaginaram que isso poderia acontecer ali, com aquele cinema em especial. Era o cinema deles, a sala de exibição que tinha testemunhado sua história. Ali se apaixonaram, ali cresceram. AIi assistiram aos filmes mais marcantes (e outros nem tanto) dos últimos vinte anos. Nada mais do que lembranças agora, dessas impossíveis de se reconstruir.

Difícil aceitar a realidade, o progresso.

Balançando a cabeça, Clarice percebeu que havia um papel colado em um dos tapumes.

“Em breve, mais uma loja Pague-Bem Calçados.”

O passado se fora, pisoteado pelo futuro.

***

A brigada de socorristas o encontrou inconsciente ao fim da projeção, o corpo sentado, pendendo para o lado na sala vazia. Exames preliminares indicaram uma pulsação tênue demais, obrigando-os a chamar a ambulância.

No hospital, foi levado à emergência e internado de plano. Enfermeiros e médicos o intubaram, receando pelo pior. Tentaram acionar os familiares, mas aparentemente não havia ninguém com quem pudessem conversar. Nem pai, nem mãe. Nem esposa, nem filhos.

Quem quer que passasse pela UTI, veria um homem sozinho, so-zi-nho, deitado sobre um leito qualquer, enredado por mil tubos e monitores, como um inseto preso a uma teia.

“Bruno Eduardo Romero”, murmurou a auxiliar de enfermagem, analisando a ficha do homem solitário, a expressão grave. Pela medicação prescrita, não havia motivos para otimismo. “Acho que não tem volta”, ela disse para ninguém em especial.

***

Assistira à cena mil vezes.

Os meninos, com suas bicicletas tipo BMX, ajudando Elliott a escapar da polícia. Ele usa um casaco vermelho, o capuz sobre a cabeça. Envolto em um cobertor branco, o E.T. se equilibra sobre a cestinha do guidão. Os garotos pedalam insanamente, os carros da polícia derrapando e se multiplicando atrás deles. Tyler, Greg, Michael, Steve e o próprio Elliott serpenteiam pelas ruas estreitas e colinas ao redor da cidade, acossados pelas sirenes.

De repente, há algo diferente. Uma garota. Uma garota ruiva pedalando com eles. Ela tem os cabelos vermelhos e usa fivelinha azul. Sem aviso ela se detém e o chama.

― Vem, Bruno! ― ela diz, com urgência, segurando o guidão de outra bicicleta.

Ele não entende direito. Ela insiste: ― Venha!

Ele se levanta de sua poltrona e caminha na direção da tela. O cinema está cheio, e os demais espectadores parecem incentivá-lo.

A menina lhe estende a mão e em um segundo ele está ali, menino outra vez, montando na bicicleta e misturando-se aos outros garotos, ajudando-os a confundir os policiais. Pedale, pedale, ela diz. O esforço súbito e urgente faz as pernas arderem, o coração bater a mil. As correias rangem, os pedais protestam. Bruno acompanha Clarice com os olhos. Ela tem o rosto sério, as mãos crispadas no guidão.

De repente, uma barreira parece se fechar adiante. Um policial surge com uma escopeta. A tensão cresce com a música de John Williams, os acordes de flauta, trompa e clarinete cada vez mais acelerados em compassos circulares. Elliott fecha os olhos em desespero. É o fim, é o fim…

E nesse instante o E.T. faz aquela mágica. Aquela mágica que alça em voo os fugitivos. Que os faz deslizar pelo céu infinito ao som transbordante de violinos invisíveis. Todos eles, inclusive Bruno e Clarice, em suas bicicletas tipo BMX, riscando o horizonte rumo ao entardecer alaranjado.

Bruno olha novamente para a menina ruiva. Ela sorri para ele.

Foi um passeio inesquecível.

Sobre Fabio Baptista

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26 comentários em “Última Sessão (Gustavo Araujo)

  1. Rangel
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Rangel

    Acho que esse é conto mais regular do desafio. Não chega a ser morno e nem insosso, porque algumas passagens e memórias dão uma aquecidinha no coração e um temperinho na curiosidade. Isso se dá especialmente pela escolha dos filmes, todos sucessos do passado, que deixam o conto com um certo charme de novela das 6, daquelas de época, que nem fazem muito sucesso, mas que a gente adora assistir tomando chá (não café) no final da tarde. Ok, falei de novela, mas como a temática é filme, troquemos novela das 6 por um clássico da Sessão da Tarde como “Meu primeiro amor”.

    Sobre o protagonista, achei a construção dele e sua relação com a amada bastante satisfatória. Muito bonito o encanto que ele e Clarice tem pelo cinema. Essa paixão dos dois pela arte, os une de imediato. Embora eu ache que E.T não seja realmente um filme que despertaria tamanho fascínio em dois jovens a ponto de assistirem 12 vezes o filme, ainda mais tendo de pagar, essa conexão entre eles está bem construída.

    As elipses na passagem de tempo estão bem construídas. Cada bloco se fecha bonitinho, sem se alongar para além do necessário. As perguntas que se encerram em um bloco são respondidas no seguinte. Me parece uma autora, ou autor, com certa experiência, pois sabe dosar esses elementos. Há muitos contos no desafio excessivamente explicativos, o que os torna, não diga a eles, chato, chatíssimo, chatérrimo rsrsrs.

    Há elementos poéticos bem explorados. Especialmente no bloco final. Ali, a ideia de repetição, de ciclo, de retorno etc deixa tudo melancólico e, ao mesmo tempo, lindo. Parabéns pelo final.

    A escrita também está tranquila, parece ter sido revisado e algumas escolhas de palavras e construções mostram que houve uma preocupação com detalhes. “Hábito forjado”, eu já li isso em um conto anterior, o que me faz suspeitar de quem seja o autor. Se estiver certo, é já uma assinatura de estilo intenressante.

    No final, é um conto gostoso, mas com um risco de não se destacar por não ter um grande impacto. Assim, pode ser que fique meio esquecido no jogo. Mas, particularmente, é preferível essa maturidade, do que lançar uma dezena de elementos fantasiosos, que ficam mal explorados. Espero que tenha sorte.

    Se fosse dar uma nota seria um 8.

  2. Victor Viegas
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Lumière!

    Gostei do seu conto. A escrita apresenta uma atmosfera melancólica e nostálgica, permeada por um forte senso de perda e introspecção. A narrativa tem um ritmo delicado que reflete o estado emocional das personagens. A transição entre momentos passados e presentes é sutil, mas eficaz, como na passagem em que Bruno recorda a experiência de sua infância no cinema. Gostei bastante da descrição do Cine Lumière “A atmosfera solene, quase palaciana, do saguão principal e suas escadarias, as portas revestidas de capitonê que davam acesso à plateia e a seu oceano de cadeiras possíveis… E a tela, aquela espécie de janela gigante que permitia o vislumbre para o improvável.” O texto exibe bastante domínio na construção de ambientes. De modo geral, você escreve muitíssimo bem. Gostaria muito de ler outros textos seus. Desejo tudo de bom e boa sorte no concurso!

  3. Pedro Paulo
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Memórias cinematográficas tecem o luto de um homem solitário. Este é um conto bonito que sabe bem articular as referências à outra mídia para tecer sua narrativa e desenvolver seus personagens, bem como a relação entre eles. Mas faço uma ressalva! Eu não gostei da abordagem temática deste conto. Tentarei argumentar pela minha posição. Durante as minhas leituras deste desafio, estabeleci que uma obrigatoriedade ao tema da nostalgia é abordá-lo, de alguma forma, pela via da memória. Neste conto, suas seções nos levam de volta ao passado para momentos específicos da vida do casal, consolidando a relação deles entre si e com o cinema, fazendo entender como eles conformam uma união na qual essa arte é elemento indispensável. Pode ser argumentado que, sim, esses trechos representam as lembranças que ele tem dela, mas eu só conseguiria aceitar dessa forma se tivéssemos mais chances de estar com o personagem em seu tempo presente e entendê-lo para além de Clarice e Cinema. Com isso, achei uma abordagem tangencial e esse sentimento de que a organização da narrativa se perdeu fez da leitura um pouco arrastada. Não pelo conto em si, que está bem escrito e se estrutura bem, mas pela arbitrariedade de lê-lo dentro da avaliação do que pede o desafio. Um bom conto, mas que não acho que se sairá bem neste contexto.

  4. JP Felix da Costa
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Este conto tocou-me bem fundo. A minha infância e juventude foi marcada por duas salas de cinema de rua às quais eu tinha acesso gratuíto. Vi filmes uma e outra vez. Acho que o máximo foram sete vezes o 007 Octopussy, com o Roger Moore.

    Esta história faz todo um arco de vida, tanto do personagem, como da magia do cinema de rua. Todas as falhas a apontar estão perdoadas. Vi quase todos os filmes referidos. Revi-me em parte. Compreendo a alegria e a tristeza que estão de mãos dadas neste conto.

    Pode não ser o melhor em termos de escrita (é boa), mas, para mim, é o que mais mexeu comigo.

    10

  5. Fabio Baptista
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    Primeiramente gostaria de parabenizar o autor pela imagem que ilustra o conto, ficou muito legal o casal assistindo ao filme do ET (um pouco desfocadinho além da conta, vá lá…), feito sob medida para o conto e não uma imagem genérica de IA.

    O conto é daqueles difíceis de não gostar, os elementos estão aí: uma bela história de amor, escrita madura, a inocência de uma outra época, as referências aos filmes que, além de trazerem a nostalgia que se adequa perfeitamente ao tema como parte indissociável da história e não meras citações, também realmente nos despertam o sentimento nostálgico. Eu sou de uma época um pouquinho depois do protagonista, mas também vivi a magia dos grandes cinemas do centro da cidade e acompanhei com certa tristeza a migração das salas para os shoppings.

    Meu “porém” sobre o conto é em relação aos diálogos, em alguns momentos me soaram mecânicos ou didáticos demais. Por exemplo, eu sei que foi só pra encurtar a conversa, mas nunca que uma criança de 11 anos diria algo do tipo “nos encontramos às 14h” como se estivesse agendando uma reunião de negócios. O diálogo do casal falando sobre Central do Brasil soou bem teatral e pouco orgânico… eu sei que os casais costumam se repetir, mas com certeza eles já deveriam ter falado daquilo antes e o leitor sente o autor pesando a mão para expor um argumento, se perdendo de vez na referência anacrônica ao voto auditado da urna eletrônica (sim, entendi a referência).

    A história simples (e isso não é elogio nem crítica) é bem amarrada e termina de um jeito muito bonito.

    MUITO BOM

  6. André Lima
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de André Lima

    É um conto muito interessante, redondinho, de boa técnica. Mas falta um brilho, uma poética maior, umas construções mais elaboradas e ousadas.

    É um conto com poucos defeitos, talvez o único seria o ritmo arrastado no início. Mas também é um conto que não nos arranca suspiros ou instaura um fato novo, que nos surpreenda.

    Os diálogos são informais demais, mas casam bem com o estilo de narrativa mais “cru” do autor.

    Para ter a carga dramática que o conto exige, talvez fosse necessário um uso mais elaborado de metáforas e elementos poéticos, jogos de palavras que surpreendessem o leitor.

    Dito isso, o conto está amarradinho e demonstra uma inclinação muito boa do autor para o drama e até mesmo para o insólito. É, por fim, um trabalho justíssimo e que tem muitas coisas boas a nos oferecer.

    Mas sinto que o autor tem capacidade para mais.

  7. leandrobarreiros
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    O texto está muito bem escrito e busca fomentar a nostalgia não só de Bruno, mas também do leitor ao mencionar os cinemas de rua e os filmes clássicos do cinema, ou da sessão da tarde. No caso do personagem, o autor reforça o sentimento de saudade da infância e de quando a esposa estava viva, de um modo geral.

    A falta da esposa é expressa também pela falta do cinema de rua, assim a mudança que vem com o “progresso” marca o fim da sua vida romântica. Essa pegada é legal, mas, de um modo geral, a história não funcionou tão bem comigo.

    Me parece que o objetivo do autor era o de criar empatia por ambos os personagens, de modo a nos fazer sofrer por Bruno e dar o arremate final com a última cena, especialmente a última frase. Ambas, aliás, estão perfeitas. O problema é que não construí empatia grande pelos personagens. Acho que faltou espaço para explorar mais a relação dos dois e, isso, acredito, só poderia ser resolvido com um uso maior de palavras que extrapolassem o limite do desafio.

    Enfim, um belo texto que, na minha opinião, seria mais efetivo com o dobro de limite. 

  8. Fabiano Dexter
    13 de dezembro de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Gostei do conto, uma bela história de amor que tem como pano (ou tela) de fundo os filmes e o velho cinema.

    A forma como a história é contada é bem interessante, com presente e passado se alternando e se complementando para dar continuidade à história, mas acho que poderia ser um pouco mais curto. A passagem sobre Central do Brasil, por exemplo, ficou um pouco solta e achei que o fechamento do cinema poderia ser melhor explorado.

    As referências aos filmes foram muito bem feitas e interessantes, me pegaram pois eu assisti a todos os filmes listados. Certamente não causarão o mesmo efeito em quem não conhece ou não assistiu.

    Um conto muito interessante e criativo. Gostei!

  9. claudiaangst
    12 de dezembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ DITO ◊ para avaliação de cada conto.

    Título = ÚLTIMA SESSÃO – Última sessão de cinema? Título curto e que já apela para a nostalgia com o adjetivo “última”.

    Adequação ao Tema = Tema proposto abordado com sucesso e filmes.

    Desenvolvimento =   Tinha muito o que contar, hein, autor(a)? A narrativa desenrola-se bem, mas em alguns momentos, pareceu-me haver informação demais. Não precisava de tanta nostalgia, acredito.

    Índice de Coerência = Tudo verossímil, mas estranhei Bruno chamar Clarice de Clarinha. Não sabia que Clarinha era apelido/diminutivo de Clarice. É?

    Técnica e Revisão = Linguagem bem empregada, narração bem construída com boa apresentação dos personagens e encaixe pontual dos filmes.

    […] fechado há quase trinta anos > […] fechado havia quase trinta anos

    Como não deixar-se enfeitiçar? Como não se deixar enfeitiçar? (o “não” funciona como partícula atrativa do pronome “se”.

    […] ela havia assistido E.T. > […] ela havia assistido a E.T. (assistido ao filme ET)

    O que ficou = Vontade de ir ao cinema com meu melhor amigo e compadre. Desde jovens éramos companheiros cinéfilos. Boas lembranças.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  10. Givago Thimoti
    12 de dezembro de 2024
    Avatar de Givago Thimoti

    Última Sessão – (Lumíere)

    Resumo + Comentários gerais:

    Última Sessão é um lindo conto que narra história de Bruno e Clarice, um amor desses de filme (tipo UP Altas Aventuras), desde o nascimento de um vínculo baseado nos filmes e no cinema Lumiere até a partida de Clarice e Bruno se tornando amargo e, morrendo, enfim, na última sessão de cinema de sua vida.

    Embora o conto seja bem feito, bem escrito e bem pensado (haja vista o título) ele tem seus defeitos, especialmente no que tange a construção do conto. Um pecado não dar 10!

    Frase/Trecho de impacto:

    “Dava para sentir suas costelas sob a roupa. Devia pesar menos de quarenta quilos, frágil como um brinquedo antigo. Não tinha sequer cinquenta anos e estava prestes a encarar a viagem definitiva. Haviam-lhe estimado cerca de doze meses a contar do diagnóstico, mas apenas quatro tinham se transcorrido e ela já se encontrava péssima. A progressão fora muito mais rápida do que o imaginado e os remédios já não faziam efeito. Agora só lhe restavam cuidados paliativos.”

    Adequação ao tema (0 a 3) – Avalio se o conto aborda o tema proposto de forma coerente, aprofundada e relevante para o Desafio: 3

    Ah, o tema nostalgia apareceu aqui de forma linda! Parabéns ao autor!

    Construção de Mundo e personagens (0 a 2) – Avalio a profundidade dos personagens e a ambientação, incluindo o cenário e como tudo interage para fortalecer a narrativa: 1,25

    O que afastou esse conto do 10 está nesse aspecto.  A dedução de 0,5? Chatice minha com chatice e rabugência alheia, mas eu realmente detestei tanto o tom da escrita no início quanto o velhinho rabugento. Não julgo, inclusive acho que vou ser velhinho chato. Mas penso que é tão clichê essa construção (tanto que eu não consegui desassociar a história de UP – Altas Aventuras), que eu gostaria de ter lido algo diferente, que não partisse de uma premissa básica e muito contada e recontada por aí.

    Feita a crítica, é preciso parabenizar o autor/ a autora. A relação de amor de Bruno e Clarice foi lindamente construída e demonstrada e conseguiu desfazer o impacto negativo inicial. Não só isso. A ida ao cinema, a ansiedade em entrar na sala escura, defender o filme brasileiro Central do Brasil e se revoltar com a politicagem de Hollywood… Tudo está competentemente construído.

    Por fim, achei que ficou corrido o final do conto, os devaneios de Bruno voltando aos filmes que amava quando era criança com Clarice destoa do restante do conto. Fora do espaço do desafio, acho que poderia ser melhor desenvolvido, com mais cuidado e um pouco mais lúdico, talvez menos referencial ao filme, evitando os nomes dos personagens e talvez os descrevendo. Enfim, um cuidado maior na construção seria fundamental para o 10!

    Uso da linguagem (0 a 2) – Avalio a qualidade da escrita, incluindo o estilo, clareza, gramática e fluidez dos diálogos:  1,75

    Eu não encontrei erros gramaticais. Irretocável nesse ponto. Já em termos de estilo, eu queria elogiar o autor/ a autora; até mesmo o ponto de crítica que eu citei anteriormente, o início chato com o personagem rabugento conseguiu passar para mim.

    Acho que faltou, em alguns momentos do conto, uma escrita um pouco mais cuidadosa com a ideia que estava sendo construída. Por exemplo:

    ·      Quando fechou o livro quinze minutos depois, Clarice já ressonava. Deitada de lado, não parecia de forma alguma doente. À luz cálida, seu perfil ainda lembrava o daquela menina por quem se encantara há quase quarenta anos. A testa alongada, o nariz reto e polvilhado por sardas, os lábios finos e o queixo levemente pronunciado. => Esse trecho veio logo depois de falar sobre como a doença tinha progredido e afetado a aparência dela. Aí você desfaz aquilo… Não é muito legal

    ·      Balançando a cabeça, Clarice percebeu que havia um papel colado em um dos tapumes. “Em breve, mais uma loja Pague-Bem Calçados.O passado se fora, pisoteado pelo futuro. => Aqui sobraram esses trechos…

    ·      (…) veria um homem sozinho, so-zi-nho, deitado sobre um leito qualquer (…) => preciso falar mais alguma coisa?   

    Bom, para finalizar; por mais que eu tenha criticado esses trechos, a minha sensação é a que tenho bem mais que aprender do que “apedrejar”. Parabéns!  

    Estrutura Narrativa (0 a 1,5) – Examino o fluxo do enredo, a clareza da introdução, desenvolvimento e conclusão, e se o ritmo é adequado: 1,5

    1,5! Não achei defeitos nesse ponto.

    Impacto Emocional (0 a 1,5) – O quanto a história conseguiu me envolver emocionalmente, provocar reflexão ou cativar: 1,5

    Como eu disse no quesito de construção de mundo, eu acho que foi um dos contos que eu mais entrei na história. Para o bem e para o mal. Para o mal, realmente detestei tanto o tom da escrita no início quanto o velhinho rabugento. Não julgo, inclusive acho que vou ser velhinho chato. Mas penso que é tão clichê essa construção (tanto que eu não consegui desassociar a história de UP – Altas Aventuras), que eu gostaria de ter lido algo diferente, que não partisse de uma premissa básica e muito contada e recontada por aí.

    Para o bem, quem não gosta de uma história de amor, dessas que nasce na ingenuidade na infância e perdura pela crueza da vida adulta? Quem não gosta de cinema, que se isola do mundo e fica ali, preso por 2 horas naquele universo do filme? Quem não se comove pela doença de uma pessoa? Quando bem escrito, tudo isso toca.

    Amém que o tom inicial do conto não se esticou para o restante do conto.

    Parabéns pelo trabalho!

    NOTA FINAL: 9

  11. Mauro Dillmann
    10 de dezembro de 2024
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um homem que vai ao cinema e relembra a infância. Depois de bom tempo, o narrador revela o nome do personagem: Bruno.

    O conto está bem escrito, mas se arrasta em frases e palavras desnecessárias, que não acrescentam nada ao enredo. Exemplo: “a claridade sucumbiu à escuridão e um manto de silêncio calou todos os sussurros”. Uma descrição que não agrega.

    Quando já lemos mais da metade do conto, surgem novas personagens. Então, o leitor não ganha proximidade.

     A opção pela interrupção do fluxo para quebra de cena ou de tempo deixou o conto um pouco confuso. Penso que prejudicou o ritmo.

    O texto está bem escrito. E tem um ar nostálgico.

    Parabéns pelo conto !

  12. Jorge Santos
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, Lumiere. Antes de comentar, devo fazer duas confissões:

    (1) Adoro cinema

    (2) O ET foi o primeiro filme que realmente me impressionou.

    Dito isto, continuemos. O seu conto narra a história de um homem, entre idas ao cinema. No fim da vida, viúvo de Clarisse, que faleceu de doença prolongada, Bruno tem um ataque no sítio que sempre amou, numa cadeira do cinema. A nostalgia é evidente em todo o texto, que é narrado de uma forma elegante. Notei alguma confusão no final, mas creio que a minha conclusão é correcta. Também não é importante. A verdade é secundária no cinema, o que realmente importa é a emoção que é transmitida ao outro, quer seja leitor ou espectador. Senti isso ao ler o seu texto.

  13. Priscila Pereira
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Autor! Tudo bem?

    Gostei bastante do seu conto! Tem uma dose certeira de nostalgia que vai pegar muito mais os fãs de cinema e principalmente dos cinemas físicos.

    Eu só fui em um cinema quando era criança ver O rei leão e pra ser sincera, não vi grande diferença em assistir os VHS em casa, até preferia…

    De qualquer forma sempre preferi os livros e as séries aos filmes, acho que prefiro histórias longas e por ironia do destino acabei escrevendo contos… 😅

    Mas sobre o seu conto, está muito bem escrito, gostei da forma como começou no final e depois foi mostrando aos poucos o começo e o meio. Gosto de histórias de amor, daqueles sinceros e duradouros e o conto está perfeito nesse sentido!

    O final com o prota morrendo enquanto assistia ao filme preferido e encontrando sua amada, ambos voltando à infância e enfim protagonizando o filme juntos, foi perfeito! Gostei demais! Parabéns!

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  14. Felipe Lomar
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Felipe Lomar

    olá,

    bem, é uma história bastante emotiva e apaixonada, além de dramática. Percebe-se um autor fã de cinema, inclusive fui checar as datas de lançamento dos filmes citados e estava tudo impecável. A história de amor e reencontro post mortem é clichê, mas é bem desenvolvida. A nostalgia é mais implícita do que citada diretamente, principalmente no que diz respeito ao filme favorito do casal. Lembra um pouco cinema paradiso, que tenho certeza que o autor deve conhecer, um filme nostálgico.

    boa sorte!

  15. Elisa Ribeiro
    8 de dezembro de 2024
    Avatar de Elisa Ribeiro

    Que história mais bacana você nos trouxe! A ideia de misturar a nostalgia dos personagens com a transformação do costume de ir ao cinema, e a nostalgia que daí decorre, foi muito boa. A morte do Bruno me deu um pequeno desgosto mas o twist na última parte do conto salvou a experiência. Tema cumprido, revisão ok. Sugestão: por que “átimo” ao invés de “instante”? Tipo de palavra que faz o leitor tropeçar sem necessidade, a menos que o tom do texto peça, o que aqui não foi o caso.

  16. danielreis1973
    7 de dezembro de 2024
    Avatar de danielreis1973

    Última Sessão (Lumière)

    Prezado(a) autor(a):

    Para este certame, como os temas são bastante díspares, dificultando quaisquer comparações, vou concentrar mais minha avaliação em três aspectos, e restritos à MINHA PERCEPÇÃO durante a leitura: a) premissa; b) técnica; c) efeito. Mais do que crítica ou elogio, espero que minha opinião, minhas sensações como leitor, possam ajudá-lo a aprimorar a sua escrita e incentivá-lo a continuar.
    Obrigado e boa sorte no desafio!

    DR

    A) PREMISSA: a premissa da nostalgia perfeita – quem não se fascinou com cinema, e não sente falta “daquele” cinema que existia antigamente? Contar a história de amor, seja entre dois colegas de colégio, ou entre eles e a sétima arte, é quase receita de emoção e encantamento.

    B) TÉCNICA: com certeza, é um autor mais ou menos da minha geração, pelas referências fílmicas e suas consequências na vida da gente. Como eu, também, deve estar naquela fase de mais querer rever que ver. E a forma como conduziu as cenas, seja da descoberta infantil da paixão comum, até os momentos em que cinema representa mais um elo entre os amantes, é excepcional. Escrita leve e direta, sem escolher o caminho dos floreios, mas recheado de emoção.

    C) EFEITO: um conto muito bom, que deixa um perfume na memória da gente – de pipoca, de ar condicionado, de gente esperando na fila pra comprar ingresso e assistir, várias e várias vezes, as histórias que nos encantam. Parabéns, está entre meus favoritos!

  17. Kelly Hatanaka
    3 de dezembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi Lumière.

    Nostalgia na veia. Aí sim! O clima é nostálgico, o assunto é nostálgico. 100% no tema.

    Bruno, triste pela morte de Clarice, vai para o cinema para morrer.

    Uma coisa que me deixou um tanto confusa foi a linha do tempo. No começo, o narrador diz que fazia uma semana. Do que? Penso que seria da morte de Clarice.  Mas, Clarice morreu perto dos cinquenta anos. Como ela e Bruno estudaram na mesma época, deviam ter idades próximas. Então, Bruno morreu tão cedo de que? E, como sabia que ia morrer? Ou ele se matou? Acontece que seu conto é tão bom e gostoso de ler que essa minha confusão nem atrapalha.

    A história é muito boa e está contada de forma não-linear e muito hábil. A nostalgia é palpável, nos filmes e nos pensamentos dos personagens. O final é surpreendentemente doce.

    Um lindo conto, emotivo na medida certa.

    Minha pitada de achismo: tem uma parte em que Bruno e Clarice estão falando sobre Central do Brasil e, na minha cabeça, eles estavam na década de 90. Mas daí, Bruno tasca uma referência a “urna eletrônica” e pronto, me perdi no tempo e deu uma quebrada na nostalgia. Parei pra pensar se urna eletrônica já existia na época de Central do Brasil, parei pra pensar se eles estariam nos anos 2000, fiquei pensando que a desconfiança das urnas é um evento recente, e pronto, saí da vibe do conto.

    Gostei ou não gostei: gostei muito.

  18. Marco Saraiva
    30 de novembro de 2024
    Avatar de Marco Saraiva

    Ah para, a galera dos dramalhões quis enviar os contos mais para o final do desafio e agora estou chorando a cada leitura. Assim não dá!

    Foi um conto muito bonito de ler, que explora a nostalgia através dos filmes antigos e deste sentimento de que a infância era sempre tão mais bela. O Cine Lumiére marca a passagem do tempo. Tudo se desfaz com o tempo, tanto cinemas, quanto pessoas. É uma história que, parando para pensar, é um tanto simples: ele conhece a mulher da sua vida ainda na escola, eles vivem juntos até que a morte os separa, então ele mesmo também se vai, ironicamente em uma sala de cinema. Aqui você, autor(a), roda o dimmer do drama para o máximo, faz ele morrer sozinho, sem filhos, e ainda reencontrando a sua Clarice no fim. Fica difícil não se sentir tocado na cena final.

    A escrita é muito bela. Apresenta uma ou outra falha de revisão, mas nada muito chamativo. Conto de excelente qualidade.

    Parabéns!

  19. Luis Guilherme Banzi Florido
    23 de novembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia, amigo(a) escritor(a) do(a) Encontrecontos, tudo bem?

    Primeiramente, parabéns por superar a nostalgia do desafio de trios e entrar no portal do novo certame! Boa sorte e bora pra sua avaliação:

    Tema escolhido: nostalgia.

    Abordagem do tema: 100%. O homem relemnbra o passado com nostalgia enquanto morre, se juntando à amada.

    Comentários gerais: esse é um bom conto, apesar de para mim não ser tão bom quanto ouvi falar no grupo. Vou explicar em detalhes. Primeiro, a escrita é excelente! Padrão Spielberg. Você domina totalmente a escrita, sua técnica é ótima, a estrutura funciona, com as quebras temporais funcionando bem sem necessidade de marcações de tempo. Tecnicamente o conto é um dos melhores que li. Parabéns.

    Na questão enredo, você tem uma boa construção aqui também, como já mencionado acima, as mudanças de tempo são claras e bem marcadas, algo que eu mesmo acabo tendo dificuldade pra fazer nos meus contos. Você não precisa ficar dizendo quando as coisas acontecem, pois escreveu de forma eficaz a ponto de percebermos as mudanças de época. Pontos para ambientação e uma linguagem clara e precisa.

    Por outro lado, a história em si não me pegou tanto. Esse é um drama, o que fica claro desde o começo, e acho que no quesito drama não me pegou, sabe? Imagino que muita gente vá se emocionar com a história e até chorar, e inclusive esse conto deve abocanhar as primeiras posições, mas para mim foi um pouco água com açúcar, pra ser sincero. Tá na cara que você é um escritor experiente, então vou ser sincero sem medo de te chatear! Desculpe! kkkkkkk

    O enredo parece determinado a me emocionar com a morte da esposa, e isso fica claro desde o início. O uso da nostalgia também é bem arquitetado pra me levar de volta no tempo, mas eu meio que fui prevendo todos os acontecimentos e até mesmo previ os momentos em que coisas emocionantes aconteceriam. Assim, o conto não teve muito impacto para mim, e foi um pouco monótono.

    O final é bonito, sem dúvida, mas como eu já não tinha embarcado na jornada, acabei não sentindo tanto o impacto da cena final. Terminei com uma sensação de ter lido uma história bonita, mas que observei ao longe, sem me envolver, sabe? Provavelmente isso se deve muito mais à minha percepção pessoal como leitor do que à sua capacidade como escritor. Eu gosto de drama, mas acho que precisa ser mais sutil pra mim conquistar, quando eu percebo que o autor quer me tocar com algo como a morte de um familiar ou algo do tipo, acabo meio que saindo do clima, não sei. Ainda assim, vou dar 8,0, o que mostra quem é um conto muito bom, e que, para aqueles que sentiram a emoção, vai chegar facilmente no 10. Prevejo vocÊ no topo.

    Sensação final: fui ao meu cinema preferido, animado com o novo filme de drama que acabara de estrear. Me sentei, animado para a experiência, mas no final não chorei e acabei sentindo que aquele filme não era pra mim. Saí satisfeito, mas não impressionado.

  20. Antonio Stegues Batista
    21 de novembro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    A história de Bruno e Clarice, desde a época do colégio, o casamento na fase adulta e a morte dela por câncer. O conto tem portas, nostalgia, o subtema é o Cinema. Depois da morte de Clarisse, Bruno perdeu a alegria de viver, tornou-se solitário e soturno, triste. Meses depois, para recordar as vezes em que ele e a esposa iam ao cinema, ele vai assistir o mesmo filme e durante a sessão, sofre um AVC. É hospitalizado e o coma é como a morte. A descrição do filme como metáfora para o acidente cerebral e o coma como decorrência, ficou legal. Não precisamente uma metáfora, mas as impressões de Bruno, revivendo, criando uma fantasia com sua amada. Gostei também o uso do Cinema para a estrutura, por causa e onde as coisas acontecem. O cinema Lumiére como marco da Nostalgia foi uma boa ideia. também. A escrita como sempre, é ótima. Parabéns e boa sorte.

  21. Thales Soares
    19 de novembro de 2024
    Avatar de universodecontos

    O que achei deste conto: É aquele típico drama água de salsicha

    Bom… não achei ruim o conto. Muito pelo contrário. Seu aspecto técnico é primoroso, e nota-se que o autor possui uma habilidade de escrita incomparável. No entanto… achei um pouco sem sal. Parece que é um conto feito a toque de caixa, com uma fórmula pronta, e com alguns truques para tentar emocionar o leitor. O problema, para mim, é que esses truques soaram um pouco artificiais… aí acabou sendo como um truque de mágica em que o espectador vê o segredo do truque enquanto o mágico executa a apresentação.

    Outro problema do conto é que ele conta muita coisa, mas não conta nada. As descrições, por demais extensas, parece não nos levar a lugar algum, e a trama fica durante um bom tempo estacionada.

    O conto começa com um véio indo no cinema. No início não sabemos o nome dele, mas depois, pelos flashbacks, nos é revelado que o idoso se chama Bruno. Ele adora cinema, e ele começa a se lembrar que na época da escola, quando ele começou a ir no cinema, ele assistiu o filme do ET umas 6 vezes… só que uma menina de sua sala assistiu 11 vezes. Ai eles decidiram ir assistir juntos, e assim se tornarão um casal. A garota se chamava Clarice, e ela morreu relativamente cedo, com uns 40 ou 50 anos. Aí o véio ficou triste e sozinho, igual aquele velhinho do filme do Up… e isso parece ser algo que toca profundamente o coração das pessoas, tanto no desenho da Pixar quanto neste conto. E aqui está um dos truques de mágica que, para mim, não funcionaram… o véio que perdeu sua companheira da vida. Não senti conexão alguma… não que o autor tenha falhado na execução… mas é que meu coração é meio de pedra, é muito difícil mexer com ele (só os contos da Kelly conseguem, devido a um fato de criatividade muito alto).

    Na realidade… sinto que o “tcham” que faltou neste conto, para mim, foi criatividade. Porque a história em si não acontece nada demais. É só um cara que vai no cinema, conhece uma menina, eles ficam juntos, o tempo passa, o cinema que eles gostavam fecha, a garota morre, e então ele continua indo no cinema, e no final ele morre. Por isso disse que, para mim, foi bem água de salsicha. O autor tem um poder muito grande de transmitir sensações ao leitor, e segue à risca aquela regra de “Não conte, mostre”, e TUDO é mostrado ao leitor… mas acho que em certo ponto acaba ficando um pouco cansativo, porque tudo é mostrado, e nada acontece… e as coisas começam a se arrastar. Eu me peguei frequentemente descendo a página para ver se faltava muito para eu acabar de ler… e eu sempre fazia uma expressão de tristeza ao ver que tinha muito pela frente ainda. Quando terminei a leitura, me senti aliviado… e nem reli o conto, e já vim logo fazer o comentário, para eu não me esquecer de nada.

    Apesar de eu não ter gostado, por motivos pessoais, o conto possui alguns pontos interessantes. Os diálogos são divertidos, e eles dão um ritmo bom ao conto nos momentos em que eles aparecem. A parte em que Bruno conhece Clarice, na escola, aos 11 anos, é a parte mais legal da história… e se o conto fosse todo focado nessa época do Ensino Fundamental, acho que eu ia me empolgar bastante, porque eu estava sentindo um leve gostinho de nostalgia. Achei interessante também as diversas referências a filmes clássicos que o conto faz, apesar de eu não ter reconhecido todas. Tem um momento que o autor elogia bastante a trilha sonora do Superman 2… e realmente, é incrível! Mas se eu não me engano, o compositor é o mesmo dos outros filmes citados naquele mesmo parágrafo, como Star Wars e Indiana Jones.

    Enfim… o conto acaba terminando quando Bruno vai assistir ET novamente. Inclusive, esse filme foi relançado recentemente na vida real… mas eles REMOVERAM as armas dos policiais, e colocaram walktalks no lugar. E eu digitei com letras maiúsculas não para criticar o autor deste conto, mas para mostrar minha completa indignação com os tempos modernos e este maldito politicamente correto, que cresce cada vez mais no mundo, como se fosse um câncer! Aí Bruno tem uma alucinação, e sente-se como se estivesse dentro do filme, com Clarice… e depois disso ele aparece no hospital, mostrando que ele é um coitado solitário. E no fim acho que ele morre.

    Não gostei do conto, pois senti que faltou alguma coisa para me prender mais à história… algo mais criativo, ou sei lá. Mas reconheço que este conto é extremamente bem escrito, e funciona bem. Está dentro do tema, e tenho certeza de que muita gente vai gostar. Boa sorte no desafio!

  22. vlaferrari
    18 de novembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    “Se…”. Mas o “se” não entra em campo, dizem os aficionados por futebol. Eu digo para o autor/autora: “se”. A sequência “Em breve, mais uma loja…” e “…pisoteado pelo futuro” é na minha humilde opinião, o final perfeito. O restante poderia muito bem ficar de fora no momento da revisão para a montagem da coletânea de contos do dono/dona do pseudônimo. O Lumière cancelado, “se” fosse o final, seria bom também. Outro conto onde a história real é revisitada e a história fictícia de um romance “de cinema” é costurada com desenvoltura. Percebi uma voz narrativa bem diferente, onde há um “enrosco” bem legal entre o narrador e o protagonista. O leitor em mim foi conduzido pela narrativa nesse decurso “cinematográfico” bem interessante. A nostalgia está evidente e o contraponto entre sonho e realidade ficou atrativo e bem-composto. Mas essas 2 partes além do “bater com a cara na porta” (que também atende ao tema do desafio), me incomodam como um ponto de ferrugem na poltrona, que geme a cada movimento mais abrupto em busca do “assistir confortável”. E conforme você se enrosca com a história e puxa pela própria memória tentando lembrar dos filmes citados, deixa a “gemeção” da ferrugem de lado. Há algumas repetições de palavras, mas nada gritante que represente um distúrbio. Contudo, a história de Bruno e Clarisse ficou um pouco comum, no meu modo de ver. Na montagem da coletânea, que citei acima, não seria o conto principal do autor/autora, mas estaria ali, engrossando o volume. Um texto que merece estar, mas é mais “Domingo Maior” do que “Supercine”. Segunda tem de pular cedo e a música do Fantástico já desanima, sabe como é. Boa sorte no certame.

  23. Thiago Amaral Oliveira
    16 de novembro de 2024
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    Olá Lumière, parabéns pelo conto!

    De início, não estava gostando muito. Estava achando o protagonista meio chato, não gostava de nada do tempo presente… o ritmo lento também não ajudava. Mas sim, já se havia dado pistas de que o cara tinha motivos para pensar as coisas que pensava. Relevei. E, na seção seguinte do conto, as coisas começam a melhorar bastante.

    E acho que o que melhora é a paixão contagiosa de Bruno pelo cinema, algo com o qual me identifico. É aí, somado com a boa a velha paixonite jovem ao surgir Clarice, que o leitor é fisgado na história. Apesar de eu não ser exatamente dessa época, é fácil se conectar com o fascínio de Bruno por filmes. Mesmo que eu mesmo nunca tenha visto ET, e só tenha assistido Star Wars depois de velho.

    Tudo a partir dali funciona bem, e sentimos com Bruno o peso e a tristeza das mudanças que vêm com a idade. As coisas maravilhosas que se vão, e que nunca poderemos experienciar novamente. A morte da esposa espelha a falência do cinema, e vemos o próprio Bruno abandonando a vida, demolido. Não é fim dos mais felizes, mas acaba sendo tocante: a viagem foi inesquecível.

    Fico feliz que, no fim, Bruno tenha gostado, e ao escrever essas palavras aqui me emociono. Final perfeito.

    Obrigado pelo conto e boa sorte no desafio!

  24. Thata Pereira
    12 de novembro de 2024
    Avatar de Thata Pereira

    Adorei o conto. Gosto de contos assim. É bem escrito, a história é simpesl, mas envolve. Apesar dos momentos diferentes na linha do tempo é de fácil compreensão. A fase da infância cativa, a morte dos personagens emociona e o final me fez lembrar Titanic, dando a entender que ambos se encontraram no céu.

    Amei, parabéns!

  25. Mariana
    12 de novembro de 2024
    Avatar de Mariana

    História – A vida de um homem a partir da saudades e do amor por filmes, compartilhado com a esposa morta. É um clichê, mas funciona. Todos gostamos de filmes, todos compartilhamos sonhos e gostos com alguém especial. 3/4

    Escrita – São muitas referências que não funcionaram tão organicamente. A do ET funciona bem, por exemplo. Talvez tirar algumas menções seria uma boa. Algumas passagens me causaram estranheza – o sozinho em sílabas, em um momento triste. Quando fala sobre ele vencer o medo e ir ver o filme também ficou confuso. Enfim, cabe uma revisão. 2,5/5

    Imagem e título – Adequados 1/1

  26. andersondopradosilva
    11 de novembro de 2024
    Avatar de andersondopradosilva

    Última sessão 

    Resumo:

    Velho morre (literalmente e de saudade) em sala de cinema.

    Comentários:

    Autor, você escreve sempre assim? Esse é seu estilo? Se sim, não há problema algum. Estilo, cada um tem o seu. E ninguém tem de gostar do estilo do outro.

    Mas é importante que eu pergunte: esse é seu estilo? Você já pensou sobre isso?

    A pergunta é importante porque tem escritor que ainda não a enfrentou. Escreve, simplesmente. De maneira intuitiva, às vezes. Sem a pretensão ou consciência de um estilo.

    Pergunto porque, me perdoe a sinceridade, achei seu estilo muito formal. Minha impressão era de estar lendo um texto do início do século XX. Moderno, portanto. Mas não contemporâneo.

    Você lê escritores nacionais contemporâneos? Recomendo. Fortemente. Porque são bons, esses autores. E porque sua escrita precisa. Não sabe quem ler? Busque ajuda da crítica especializada, busque os referendados pela crítica. Em resumo, leia os finalistas e campeões de concursos como São Paulo, Cepe, Sesc e Jabuti (tem também o Manaus, mas não gosto muito). Procure saber como os seus contemporâneos escrevem e sobre o que eles escrevem.

    Sua escolhas de colocação pronominal contribuem, em muito, para o formalismo do seu estilo. Você usa ênclise demais. Prefira a próclise, mesmo que viole regras gramaticais. Lembrem-se: regras gramaticais sucumbem ao estilo.

    Seu vocabulário também é muito solene. Procure sinônimos de uso mais corrente. Seja econômico nos adjetivos.

    Um exemplo. Na frase “Uma garota, funcionária do estabelecimento, ofereceu-se para comprar-lhe o bilhete no totem automático.”, você tergiversa apresentando “uma garota” pra depois ter de explicar se tratar de uma “funcionária do estabelecimento”. Por que não afirmar logo “Uma funcionária do estabelecimento”, deixando o “uma garota” implícito, subentendido? De qualquer maneira, que forma é essa de se referir a cinema como “estabelecimento”? Estabelecimento parece ter vindo dos recônditos de uma aula mal dada e mal aprendida de Direito Comercial. Diga “Uma funcionária do cinema”. E essas ênclises todas (“ofereceu-se”, “comprar-lhe”)? São mesmo necessárias? Não seria possível eliminá-las? “Uma funcionária do cinema se ofereceu para lhe comprar o bilhete no auto atendimento”. Talvez até o “lhe” possa ser eliminado, deixando que o contexto esclareça ao leitor que a funcionária não comprou o bilhete para si mesma e, sim, para o cliente. Enfim, neste caso específico, a emenda pode até sair pior do que o soneto, mas quis destacar apenas um exemplo, sendo que seu texto está recheado de ênclises e de palavras de uso pouco corrente (que podem caracterizar o vício de linguagem eruditismo)

    Até os diálogos são formais: “Se você duvida pergunta para ela, então. Ela tá vindo ali.” Qualquer pessoa normal não diria um “para” nesse contexto, diria “pra”.

    O leitor vai tropeçando de ênclise em ênclise:

    “Fez com que tomasse um comprimido e deitou-a na cama. Cobriu-a com um edredom e diminuiu a luz.

    ― Descanse… ― disse baixinho, beijando-a na testa.”

    Em literatura, silêncio importa. Se algo não pode ser melhor dito, então é melhor não dizer. Tente substituir ênclise e palavras de uso pouco corrente e, não sendo possível, elimine o trecho, repense suas escolhas, não diga até. 

    O uso de ênclise é tão abusivo que chega a ser errado: “Como não deixar-se enfeitiçar?” O “não” (palavra negativa) atrai o pronome: “Como não se deixar enfeitiçar?”

    Pequeno apanhado de palavras de uso pouco corrente ou de tom solene/formal: vincos, onipresente, orda, fugaz, insidiosa, estabelecimento, exasperação, carmim, átimo etc.

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Publicado às 10 de novembro de 2024 por em Nostalgia e marcado .