EntreContos

Detox Literário.

Playstation (Felipe Lomar)

— Então, vou poder contar com você hoje à noite, Fábio?

— Não sei, Daniel. Preciso ver.

— Precisa ver o que? Vamos, vai ser um bom happy-hour. Aquelas gatinhas da contabilidade estarão lá. Não vai me deixar na mão com elas, vai?

Assim começava o dia o dia de Fábio: um convite inesperado e, de certa forma, inconveniente de seu intempestivo vizinho de cubículo, já na primeira ida ao cafezinho. Realmente, seria bom desafogar do trabalho monótono do escritório, e colocar a libido em dia parecia ser uma ótima forma. Porém, o bar cafona da Rua Augusta em que os colegas de departamento faziam suas noites de happy-hour já ficara repetitivo, e relacionamentos dentro da empresa eram proibidos, tinha que ser na encolha. Havia muita coisa em jogo.

— Tudo bem. Me espere lá — Balbuciou com toda a hesitação possível;

— É assim que eu gosto, amigo! Vê se não vai furar de novo, vou ficar chateado. — A resposta foi seguida de um tapa bastante incômodo na espádua de Fábio.

Assim era a vida naquele arranha-céu na Avenida Paulista. Entre paletós, camisas sociais e coletes “puffer”, Amizades líquidas, que evaporavam quando os interesses eram atendidos. Daniel, apesar da tradicional inconveniência, parecia ser uma exceção, até certo ponto. Formavam-se relacionamentos amorosos escondidos a todo momento, que serviam como trocas de favores e relações de poder no sentido mais foucaultiano do termo. A hierarquia e o poder aquisitivo determinavam quem mandava mais nesse aspecto, e Fábio, com sua bicicleta, seu “studio”, nada mais que uma quitinete com nome mais chamativo que consumia quase metade de seu salário com o aluguel e seu cargo baixo não tinha muito a oferecer. Havia também o risco de ficar com o rabo preso por ir contra o código de ética da empresa, e as redes de fofoca nos corredores e na máquina de café podiam ser implacáveis. E no fim das contas, tudo era emparedado atrás de uma fachada de discursos motivacionais enlatados, do tipo “somos uma família”.

Fábio já estava farto de tudo aquilo. Já não era tão novato e suas habilidades de puxa-saco não eram suficientes para uma promoção. Assombrava-lhe a ideia de ficar empacado naquela mesma função, naquele mesmo escritório, até se aposentar. Nem mesmo a loira da contabilidade que o observava de canto de olho no elevador a semana toda o animava. Decidiu que faria jejum aquele dia. Em vez de almoçar, pôs-se a flanar pelas ruas transversais da Paulista, à procura de alguma distração. Andou até que o ambiente mudasse, os prédios ficaram mais baixos, as ruas mais arborizadas, o trânsito menos buzinado. E ali encontrou uma pequena loja. Um antiquário com umas cadeiras de balanço com forro de palha e uns moveis de madeira no interior. Lembrou-se de quando visitava sua avó aos domingos, almoçava uma macarronada e passava as tardes tomando banho de mangueira com os primos no quintal pavimentado com caquinhos de cerâmica vermelhos, ouvindo broncas que misturavam o português e o italiano. Entrou e passou a explorar aquele cantinho da cidade, mais aconchegante mas não menos caótico. O cheiro de poeira queimava suas narinas. Não poderia permanecer por muito tempo ou sua rinite atacaria. Mas, por trás dos discos de vinil e dos vasos de porcelana, uma prateleira lá no fundo chamou sua atenção.

Aqueles tijolos de plástico cinza, amarelados pelo tempo, descansados sobre a prateleira, eram bem conhecidos: antigos consoles de videogame. Seus olhos brilharam, uma criança no auge dos seus trinta anos. Imaginou-se entrando em um portal para um passado mais leve e divertido, em que as disputas com primos e colegas de escola não transbordavam para fora da tela. Sua mente convenceu-lhe de que seria melhor investir suas economias em um daqueles aparelhos do que em cerveja e noitada. Mas qual? Havia muitas opções: dreamcast, mega drive, master system…

Fábio observou aquela prateleira por longos minutos. Deveria escolher sabiamente: os preços eram um tanto salgados. A ponto de desistir da ideia, ameaçou virar as costas e ir embora, mas, por sobre uma escrivaninha de jacarandá ali ao lado, seu santo graal repousava. Um Playstation 2, verdadeira maravilha tecnológica que revolucionara sua infância e pré-adolescência, criador de memórias mágicas, indutor de verdadeiros êxtases. Aquele paralelepípedo preto seria seu portal.

Levou o console até o escritório, e o guardou discreta e cuidadosamente em sua mochila, onde aguardaria o final do expediente. Fábio passou o resto do dia avoado, pensando nas possibilidades para mais tarde.  Às cinco, desceu o elevador, e na porta do prédio se deparou com o último desafio do dia, o chefão de tal fase. Daniel o encarava com um sorriso malicioso.

— E aí, pronto para as gatas?

— Desculpa, amigo, hoje não vai dar — Brotou no rosto de Fábio um semblante esmorecido, vindo de sabe-se lá onde — é que… então… minha mãe passou mal e vou ter que levá-la ao hospital.

— Mas logo hoje? Não tem ninguém pra fazer isso no seu lugar? — O sorriso de Daniel desapareceu bruscamente.

— Vou ficar te devendo essa.

Fábio ficou surpreso com sua facilidade para passar por Daniel. Talvez fosse a empolgação com o novo brinquedo. “Deveria entrar em algum curso de teatro”, pensou. A pedalada de volta era até menos árdua, apesar do peso extra na mochila. As cores do céu e a brisa fresca ganhavam um contorno especial, bastante positivo. O mundo parecia mais leve.

Chegou em casa e correu para instalar o Playstation na televisão e gravar algum jogo em um DVD virgem no computador. Inebriava-se com a lembrança das tardes passadas jogando God of War, Need for speed e Grand Theft auto. Mas entre todos os títulos possíveis, escolheu estrear a máquina com uma edição de Winning Eleven, aquele jogo de futebol formidável. Lembrava-se agora dos grandes campeonatos que fizera com seus amigos, grandes momentos.

Ligou finalmente o console e emocionou-se com aquela familiar tela de inicialização. Sua jornada de volta ao passado estava começando. Carregado o jogo, programou rapidamente uma partida entre Barcelona e Milan, seus times favoritos. Seu coração palpitava como se fosse entrar em campo junto com Kaká e Ronaldinho Gaúcho.

O juiz virtual apitou e o jogo começou. Ainda era divertido de se jogar. Fábio achou engraçado aqueles jogadores com texturas borradas, movimentos robóticos e corpos poligonais. “Na minha memória os gráficos eram mais bonitos”. Com o passar dos minutos, outros detalhes passaram a causar dissonância entre a memória e a realidade. Pensou que gostaria de contar para os antigos colegas sobre a experiência e a saudade que sentia, mas há muito tempo já não tinha nenhum contato. Seus primos também já não moravam mais na cidade, não daria para passar uma tarde jogando com eles, como nos velhos tempos. O entusiasmo foi morrendo. Seu portal mágico estaria com defeito? Lembrou-se que na próxima segunda-feira teria que encarar o escritório novamente e seria recebido com antipatia por Daniel. O controle foi ficando pesado em suas mãos. A brincadeira foi perdendo a graça…

Não chegou a terminar o primeiro tempo. Desligou o Playstation e foi dormir. O videogame ele possuía novamente. Faltava todo o resto.

Sobre Fabio Baptista

Avatar de Desconhecido

26 comentários em “Playstation (Felipe Lomar)

  1. Rangel
    15 de dezembro de 2024
    Avatar de Rangel

    Player 1, eu também amo Playstation, mas ao contrário da personagem, eu ainda jogo e gosto muito. Talvez o erro do protagonista tenha sido começar com o chatérrimo winning eleven. Brincadeira, é só pra dizer que games dão mesmo nostalgia, saudades de poder brincar, das molecagens, das ausências (ou quase) de responsabilidades. Sua escolha por essa via foi bastante acertada.

    Quanto à história e o desenvolvimento da mesma, eu achei regular. Está tudo ali direitinho, as frases bem construídas, os parágrafos certinhos, a história progride de modo satisfatório, mas só. Senti falta de poesia ou de algum elemento novo na história. No final, tudo para o protagonista parece tão chato, o trabalho, o bar, os amigos e aí, a novidade que poderia acender uma chama nele, não consegue, ele deixa de lado rapidamente.

    É isso, enquanto escrevo o comentário descubro que o que mais me pegou no conto foi o protagonista. Falta motivação, ele parece meio indiferente a tudo, e mesmo a nostalgia do game, acende nele uma chama que rapidamente apaga.Eu até gosto de personagens sorumbáticos, mas é preciso que eles tenham algum contraste. Entendo que o colega de trabalho, Daniel, poderia ter essa função, mas ele é tão superficial, quase bobalhão, que eu também inventaria qualquer desculpa para não sair com ele.

    Não há nada de errado com seus diálogos, mas eles também não ajudam a deixar a narrativa interessante. Eles poderiam ser menos pá-pum, menos explícito, contribuindo para alguma virada, alguma informação inesperada, do que jeito que está, só ficam ok.

    Quanto ao final, me pareceu apressado, como se não tivesse muito o que pensar, ou por falta de tempo, e o autor quisesse acabar logo. Perde-se a chance de explorar esse protagonista, pois ele acaba do mesmo modo que começou. Aí me pergunto, o que houve de especial nesse dia de Fábio, que valesse a pena um conto? Ele continua com a mesma percepção da vida, com a mesma aversão ao trabalho etc. Mesmo a ideia de que ele teria se dado conto da chatura da rotina, não fica bem explorada.

    Dito isso, repito, é um conto que tem uma escrita satisfatória, o tema está ali, causa mesmo nostalgia, mas falta um bocadinho de tempeiro, um conflitozinho, uma mudança, algo que valesse a pena nos interessar pelo dia do protagonista. Se eu fosse dar uma nota, seria um 6,5, talvez 7. Boa sorte!

  2. Victor Viegas
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Player 1!

    Gostei do seu conto, mas parece que eu tenho gostado de todos aqui. realmente estão muito bons. Sua escrita tem bastante detalhes, seja na ambientação da empresa como em “Assim era a vida naquele arranha-céu na Avenida Paulista. Entre paletós, camisas sociais e coletes “puffer”” e os próprios pensamento do personagem sobre o convite do happy-hour “Fábio já estava farto de tudo aquilo. Já não era tão novato e suas habilidades de puxa-saco não eram suficientes para uma promoção”. Você usa de ironia ao falar dos colegas de profissão, descritos como “Amizades líquidas, que evaporavam quando os interesses eram atendidos”, fazendo referência a um conceito filosófico moderno (a liquidez das relações humanas) para criticar a superficialidade das interações sociais e profissionais.

    Além disso, também consegue transmitir com eficácia as escolhas do personagem e a introdução do nostálgico Playstation. Peço desculpas pelo tamanho do comentário. De modo geral, você escreve bem. Gostaria muito de ler outros textos seus. Desejo tudo de bom e boa sorte no concurso!

  3. JP Felix da Costa
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Muito bom. Gostei. Quase que me sentia dentro do conto, já que, todos os dias de trabalho, estou na contabilidade da empresa, mas gatas não temos, apenas o Oscar, que é um gato que vive no escritório.

    Gostei muito da forma como foi explorada a nostalgia, nesta história. Aqui o personagem colocava as suas saudades do passado associadas a uma máquina de jogos, centrando as suas memórias à volta dela, apenas para perceber que o que verdadeiramente lhe faltava não era a emoção dos jogos, mas sim a emoção da partilha desses mesmos jogos com outros. Que, afinal, do que sentia falta, era da amizade sincera e desinteressada, em contraste com o mundo artificial de falsidade em que se movia nos dias de trabalho.

  4. leandrobarreiros
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    Atire a primeira pedra quem nunca esteve nessa situação.

    Eu gostei do conto e confesso que agora vivo um conflito por conta dele: em poucas palavras o autor capturou minha atenção e criou personagens quase que arquétipos, os quais consiguimos nos relacionar se já trabalhamos em uma firma.

    A história ainda encapsula bem aquele desejo de retorno à infância através do vídeo-game. Claro, o winning eleven aqui pode ser qualquer coisa: counter strike, diablo, pokemon red… Fato é que esses jogos nos lembram de dias mais simples e acabamos idealizando neles a falta de preocupação ou, ao menos, de preocupações adultas que tínhamos na época.

    Algumas horas se passam e logo percebemos que o jogo não traz de volta aquilo que passou.

    O texto se encerra assim, com uma porrada. Tal qual é o sentimento e, por isso, não sinto que a abruptidão seja criticavel. Mas o personagem principal me cativou, provavelmente por projeção, a narrativa é suave e gostosa de ler e, por isso, gostaria de ter tido mais. De um final feliz pro pobre sujeito. Mas acho que é a vida. Enfim, sem criticas negativas, ótimo trabalho.

  5. Fabiano Dexter
    12 de dezembro de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Gostei bastante do conto, uma história simples que soube usar a Nostalgia de uma forma um pouco diferente, mostrando que uma volta ao passado é muito mais complicada que simplesmente possuir um objeto, no caso o PS2.

    O conto é veloz e direto, sabendo explorar bem alguns conceitos como o trabalho enfadonho, colegas chatos e uma vida que acaba se parecendo solitária mesmo com o contato com um grande número de pessoas.

    A história em si é simples, mas muito bem contada. Sem desvios ou descrições ou cenas desnecessárias, acaba virando uma experiência muito pessoal e consegue apresentar isso para o leitor.

  6. claudiaangst
    11 de dezembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ DITO ◊ para avaliação de cada conto.

    ◊ Título = Playstation > Título curto e que remete logo à lembrança dos joguinhos que tanto sucesso fizeram.

    ◊ Adequação ao Tema = Tema proposto abordado com sucesso, já que o protagonista vive um episódio de pura nostalgia.

    ◊ Desenvolvimento = O texto apresenta desenvolvimento seguindo uma linearidade básica, com algum diálogo e focando no objeto de desejo do protagonista: Playstation. Dentro da proposta, o conto segue sem entraves até a sua finalização.

    ◊ Índice de Coerência = Não encontrei nada que ferisse a linha de raciocínio apresentada pelo texto. Se bem que não entendo muito desse universo de videogames.

    ◊ Técnica e Revisão = A linguagem empregada é simples, clara, voltada a um público jovem, eu suponho.
    Aponto algumas falhas no quesito revisão:
    […] happy-hour > […] happy hour
    […] possível; > […] possível.
    […] mais aconchegante mas não menos caótico > […] mais aconchegante, mas não menos caótico

    ◊ O que ficou = Peninha do protagonista, que se deu conta que o principal ainda faltava: a companhia dos amigos e primos, além da sua própria energia e inocência da época.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  7. Priscila Pereira
    10 de dezembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Autor! Tudo bem?

    Seu conto fala sobre como a nostalgia deixa tudo melhor em nossa lembrança, e que mesmo que possamos fazer, ir, rever, reler, jogar, nunca será o mesmo porque nós não somos os mesmos, nem nada mais é igual. Por isso o presente é tão importante, é a única coisa que temos de verdade.

    Lembro que amava um livro que li na adolescência e depois quando li novamente não tinha a mesma graça… É triste 😢

    O conto está bem escrito, mas os personagens são meio genéricos, os sentimentos e as interações sociais são meio genéricas também.

    O enredo não é muito original ou criativo, mas me fez lembrar de coisas importantes. Talvez seja essa a beleza do conto, o que ele evoca, o que faz pensar, mesmo sendo um conto simples e despretensioso.

    Gostei do conto!

    Parabéns e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  8. Jorge Santos
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, player1. Identifico-me perfeitamente com este seu conto. Primeiro, com a ética laboral dos relacionamentos acondicionados, de aparência. Depois, com a nostalgia dos jogos antigos. Não entendi a facilidade com que gravava o dvd e jogava na Playstation, isso só funcionaria se o equipamento fosse alterado (não pergunte como sei…). Como esse facto não foi mencionado no texto, estranhei. O final poderia ser mais impactante, alguma transformação que mudasse a vida deste homem, condenado a uma existência sem sentido, igual à existência de tanta gente desta geração. Em termos de linguagem, pareceu-me bem. O conto ficou fluído, cumpriu o requisito da ligação ao tema, mas soube a pouco.

  9. Mauro Dillmann
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Mauro Dillmann

    Homem adulto, nítido representante da última geração recém saída da estendida adolescência, compra um play num antiquário num movimento nostálgico de um passado não tão distante.

    É um conto curto, bem escrito, realista, verossímil. Simboliza e narra a nostalgia. Talvez pudesse apenas simbolizar, não dizer. Apenas mostrar e não contar.

    Fora isso, não tem subtextos, nem outra qualquer camada.

    O narrador opta por escrever “Amizades líquidas” com maiúscula, numa clara referência a Bauman. Opta também por falar em relações de poder “foucaultianas”. Escolhas que me parecem demonstração de erudição desnecessária.

     Numa passagem diz: “relacionamentos dentro da empresa eram proibidos, tinha que ser na encolha”. O que é ‘encolha’?

    Parabéns pelo conto !

  10. Elisa Ribeiro
    8 de dezembro de 2024
    Avatar de Elisa Ribeiro

    Gostei muito do seu conto. Vai ganhar um ponto extra no aproveitamento do tema. O melhor nas minhas leituras até agora, e faltam apenas seis. O conto está muito bem escrito e revisado. O protagonista tem alma. Só não gostei muito do final. Acho, sei lá, que falou demais. Segue minha sugestão mais econômica, embora com as mesmas palavras e a mesma pegada anticlimática.
    “O controle foi ficando pesado em suas mãos. Não chegou a terminar o primeiro tempo. Desligou o Playstation e foi dormir. O videogame ele possuía novamente, faltava a graça.”

  11. danielreis1973
    7 de dezembro de 2024
    Avatar de danielreis1973

    Playstation (Player 1)

    Prezado(a) autor(a):

    Para este certame, como os temas são bastante díspares, dificultando quaisquer comparações, vou concentrar mais minha avaliação em três aspectos, e restritos à MINHA PERCEPÇÃO durante a leitura: a) premissa; b) técnica; c) efeito. Mais do que crítica ou elogio, espero que minha opinião, minhas sensações como leitor, possam ajudá-lo a aprimorar a sua escrita e incentivá-lo a continuar.
    Obrigado e boa sorte no desafio!

    DR

    A) PREMISSA: outro que, com certeza, e da minha geração – videogame e, agora, empregos líquidos… a nostalgia inegável é parte não só da história, mas dá a ela uma dimensão trágica, por não mais corresponder a memória à tentativa de resgate.

    B) TÉCNICA: o texto, bastante curto e objetivo, é quase uma crônica – e com isso, não quero subestimar a narrativa, ao contrário. É nesses pequenos recortes do cotidiano que eu acredito que estão as boas histórias. Impossível não lembrar de “Dias Perfeitos” e a vida levada como rotina, tendo a nostalgia das fitas e livros como momento de fuga e escape. No aspecto narrativo, algumas vezes senti um excesso de análise do narrador sobre a condição do protagonista, quase se confundindo com ele – talvez se justificasse se o texto fosse narrado na primeira pessoa. E senti uma falta de aprofundamento na construção dos personagens, principalmente os secundários – que, com o protagonismo, a gente imediatamente se conecta. Mas Daniel, por exemplo, é um pouquinho estereotipado, como Faria Limer clássico…

    C) EFEITO: o efeito geral foi bom, ainda que não excepcional ou surpreendente. É uma história que conecta, mas não exacerba a paixão do leitor. De qualquer forma, boa sorte!

  12. Kelly Hatanaka
    2 de dezembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi Player 1.

    Aleluia! Um conto no tema Nostalgia que se refestelou no tema.

    Fabio está entediado e sem perspectiva e compra um Playstation, pensando nas alegrias de tempos passados. Mas, por fim, vê que é preciso mais do que um console para levá-lo de volta a um período mais despreocupado e feliz da vida.

    Os pensamentos de Fabio estão sempre oscilando entre a aridez do presente e a doçura do passado. Quando ele falou da macarronada dos domingos, pensei que ele diria que, enquanto comia, assistia a Domingo no Parque. Daí pensei, ah, não, essa sou eu kkkkkk.

    O efeito do jogo sobre Fabio é algo com o qual é fácil se relacionar. As memórias são sempre muito melhores do que a realidade. Ao reencontrar algo que nos causava uma forte nostalgia, é comum a decepção. O passado fica melhor mesmo na memória, acho. Meio triste, mas, por outro lado, o hoje parecerá, um dia, muito mais doce do que de fato é. Talvez o melhor seja viver os perrengues presentes da forma mais intensa que for possível, para poder lembrar com saudade idealizada no futuro.

    Minha pitada de achismo: acho que o conto foi curto. É bem escrito e gostoso de ler e eu fiquei querendo ler mais. Mas, se tivesse mais, eu ia achar que se alongou mais do que o necessário. Então, é isso, o ser humano nunca está feliz.

    Gostei ou não gostei: gostei muito! Um conto que fez pensar, me botou reflexiva e filosófica, não sei se deu pra notar, pelo meu comentário…

  13. Marco Saraiva
    29 de novembro de 2024
    Avatar de Marco Saraiva

    DEPRIMENTE… por que me identifiquei. Hahaha! Este conto aborda a nostalgia com maestria: este poderoso sentimento de que podemos voltar ao passado mas, quando tentamos, notamos que não somos os mesmos, e o mundo todo mudou. Argh, a sensação é horrível, e você a trouxe de volta à tona no meu peito. Aquela sensação de que o tempo agora passa mais rápido, as preocupações agora são muitas para gastar o dia todo jogando videogame, e os seus amigos são raros e estão todos longe. Por isto, repito: este conto é DEPRIMENTE! … e um tanto realista.

    Gostei do tom cômico. Trouxe uma alívio a esta sensação de baixo astral que ele deixa no final.

    A escrita está muito boa da metade adiante, mas o conto parece que demora para “engatar”. No inicio notei algumas frases confusas e grandes blocos de texto sem pontuação, que tornavam a leitura exaustiva. Mas a segunda metade do conto é fluida e me carregou até o final.

    Enfim, parabéns por ter capturado perfeitamente esta sensação merda de tentar concretizar um sentimento nostálgico. Estou ao mesmo tempo muito irritado com o seu conto, e também muito feliz de ter lido!

  14. Fabio Baptista
    27 de novembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    Acho que identifiquei até demais com o personagem, meu xará kkkk

    Toda essa ambientação da Paulista, escritório, amizades superficiais, happy hours e tal, ficou muito boa. A premissa é simples, com uma “mensagem” parecida com a que coloquei no meu conto e algumas outras abordagens de nostalgia também: as coisas têm a época certa para funcionar, trazer um elemento de forma isolada para uma época diferente não vai trazer o mesmo resultado.

    A duração do conto ficou no limite… o término é abrupto, mas, passada a surpresa (e até indignação num primeiro momento), vem o efeito da pancada.

    MUITO BOM

  15. Luis Guilherme Banzi Florido
    20 de novembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia, amigo(a) escritor(a) do(a) Encontrecontos, tudo bem?

    Primeiramente, parabéns por superar a nostalgia do desafio de trios e entrar no portal do novo certame! Boa sorte e bora pra sua avaliação:

    Tema escolhido: nostalgia.

    Abordagem do tema: 100%. Nostalgia pura. Saudades daqueles tempos simples e maravilhosos.

    Comentários gerais: um conto curto, direto ao ponto. O personagem é construído rapidamente e de forma muito competente: um homem de trinta anos, frustrado com a vida de escritório, com paqueras vazias e bebedeiras insosas. Dá pra perceber rapidamente que Fábio não gosta de sua vida e se sente meio perdido. Os 30 são foda, bicho. E então ele encontra um tesouro perdido nos labirintos da memória: um ps2, portal para uma vida que não existe mais, uma vida mais simples, sem preocupações, boletos, escritório. Uma vida feliz. Acredito que isso represente perfeitamente a nostalgia, esse sentimento que todos nós temos de como a infância era simples e gostosa. Acho que todos nós procuramos esses portais que nos levem direto para aquela época, não é? Uma música (pagodjin anos 90), um video game, brincadeiras. Essas lembranças nos trazem essa esperança de nos transportar de volta praquela epoca. Mas não é assim, como Fábio descobriu da pior forma. Não era o PS2, era todo o resto. O PS2 era só um pretexto pra conectar amigos, primos, vizinhos. Todos se reuniam e viviam momentos inesquecíveis. Fábio nunca mais vai ter isso. Um final triste e muito palpável. Os bons tempos do passado são apenas boas memórias e nostalgia. Se não construir bons momentos agora, vai ficar correndo atrás do passado como um cachorro correndo atrás das rodas de um carro. Triste e muito realista. Uma leitura rápida, leve, gostosa, nostálgica, com boa construção de personagem e desfecho simbólico. Bom trabalho, parabéns!

    Sensação final: me sentei ao lado de Fábio, como criança de 34 anos, ansioso pela tela de inicialização do PS2. Ele ligou, Fábio sentiu o peso do tempo, e eu me solidarizei por ele. Quantas lembranças perdidas nos labirintos da memória. Fiquei pensativo.

  16. Thales Soares
    19 de novembro de 2024
    Avatar de Thales Soares

    O que achei deste conto: A nostalgia me pegou, mas…….

    Fábio (Batista?) é o personagem principal aqui, e ele trabalha num emprego merda, daquele jeito igual quase todo adulto. Seu amigo tenta convencer ele a ir numa festa com as gostosas da contabilidade, mas Fábio anda meio com o pinto murcho, e não tá muito afim.

    Aí ele tá dando um rolê pela rua e, do nada, encontra uma lojinha, e nela tem uma prateleira com video games antigos. Entre as opções, ele escolhe um Playstation 2, porque ele sabe que tem bastante jogo ultra foda, como God of War, Metal Gear Solid 3, Resident Evil 4, GTA Vice City, Viewtiful Joe, Okami, Guitar Hero 3, Final Fantasy 12, Devil May Cry, etc (caralho, quanta nostalgia!!). Sem perder tempo, ele compra o video game e corre pra casa pra instalar. Ele até nega ir à festa com as gostosas da contabilidade, pois agora o seu escudo da virgindade está ligado na potência máxima.

    E então, com todas as opções boas que eu citei de jogos, Fábio liga o video game e começa a jogar…….. Wining Eleven?! Porra Fàbio, você é burro??? Todo mundo sabe que jogar Wining Eleven sozinho é uma merda!!!

    “Não chegou a terminar o primeiro tempo. Desligou o Playstation e foi dormir. O videogame ele possuía novamente. Faltava todo o resto.”

    Também né….. caralho!! Ele possuia o videogame novamente, só não possuia a inteligência pra se jogar. Jogo de futebol tem que se jogar no multuplayer ou no online. Jogar futebol no single player…. cai fora…… desse jeito seria melhor sair com as gostosas da contabilidade.

    Enfim… o conto me decepcionou um pouco, porque vendo a imagem de capa e o título (e também o pseudônimo), pensei que esse conto seria aquele escolhido do desafio que me arrancaria uma lágrima. Mas não…. ele foi simples até demais, e do nada acabou. Não explorou a era de ouro dos videogames, e apenas transcorreu sobre o assunto de forma bastante superficial. Uma pena…

    Mas só pela tentativa de criar algo nessa vertente dos videogames (que é a minha vida… é sério… é meu hobbie, meu trabalho, e minha paixão), já ganhou uns pontinhos comigo, por mais que tenha pecado um pouco na execução. Boa sorte no desafio.

  17. Antonio Stegues Batista
    19 de novembro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Um escriturário recebe convite dos colegas de repartição para sair e se divertir após o trabalho. Ele fica em dúvida, já não tem mais o entusiasmo de outrora. Caminhando peala cidade, encontra num bazar, um Playstation 2, que ele compra e leva pra casa para jogar. Pressuponho que Fábio é um homem de meia idade, na beira da aposentadoria. Nostálgico, percebe que está velho e sozinho, que a juventude passou, mesmo fazendo o happy hour de outrora. Conseguiu comprar algo de quando era adolescente, mas ele não é o mesmo, o entusiasmo não é o mesmo, a juventude passou. O conto está bem escrito, diálogo correto, a história é simples, sem grandes pretensões de arte literária, sem reviravoltas e final impactante, mas isso não é necessário, se tivesse outros elementos interessantes e originais. Cada autor tem seu estilo, suas ideias que ás vezes não agradam, principalmente num desafio literário em que os leitores exigem o melhor de nós, ou melhor que eles. Parabéns e boa sorte.

  18. MARIANA CAROLO SENANDES
    18 de novembro de 2024
    Avatar de MARIANA CAROLO SENANDES

    História: Um homem (casa dos 30?) encontra um play2 e leva ele para casa. É engraçado, ver jogos como GTA com nostalgia, mas isso é culpa da minha idade 3.8/4

    Escrita: A ideia é boa, mas esse conto também pecou pela finalização. Toda a parte da empresa é mega detalhada e, quando chega no momento do jogo, é muito apressado. Trocaria a quantidade de parágrafos para cada ato 3.5/5

    Imagem e título: adeaquados 1/1

  19. vlaferrari
    18 de novembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    Me propus nesse desafio a não dar atenção demasiada para os erros, pois todo mundo erra um pouco e o que seria dos revisores se ninguém o fizesse. Mas não sei se é impressão ou se é proposital escrever parágrafos longos. Não sei também se é certo usar mais vezes o ponto final, as frases curtas. Sei lá, acho que fica mais claro você conectar-se a mente do seu leitor, criar o clima da história e conseguir os tão desejados “ecos”. Se você consegue provocar ecos na cabeça do seu leitor, na minha opinião, sua história atingiu o ponto. Balbuciar, segundo o dicionário, é “pronunciar com hesitação” e essa observação de frases curtas, fica “apontada” para o parágrafo seguinte ao “balbuciar”. Mas vamos à narrativa:
    O protagonista está bem perdido. Trabalha onde não gosta e convive com pessoas que não lhe trazem alegria. Pareceu, ao menos. Apesar de resvalar na nostalgia, é evidente a postura “de saco cheio do mundo”, ou mais intimista e retraída. Nada parece funcionar no recorte de tempo e a sensação transmitida pela história é a postura depressiva do protagonista. Nisso, o conto foi muito bem. Nada espetacular e talvez, fatores pessoais tenham influenciado a avaliação do tema. Fica a imagem semelhante a atirar uma pedra no lago. Contamos com uma avaliação errada da força certa e da precisão para quatro toques antes de afundar, mas, algo no caminho, fez a pedra afundar assim que tocou a água. Boa sorte no desafio.

  20. Thiago Amaral Oliveira
    16 de novembro de 2024
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    Hi, Player One! Como vai?

    Seu conto toca em um assunto que eu gosto, videogame, mas justamente de jogos de esportes eu não gostava hehehe…. mas tudo bem.

    O conto está bem escrito. Acredito que o brilho mesmo esteja no final. “O videogame ele possuía novamente. Faltava todo o resto.” Foi impactante para mim, e me fez refletir sobre quais eram as coisas que ele realmente queria, e quais deveriam mudar para que ele tivesse a vida que almejava, além da monotonia do trabalho de escritório. Algo para todos nós, escravos do capital, pensarmos sobre.

    Fora isso, o restante do conto está bem escrito. Acho apenas que alguns parágrafos muito grandes poderiam ter sido quebrados para evitar cansaço do leitor. Aquele em que ele vai andando pela Paulista poderia ser quebrado no momento em que ele encontra o antiquário. O penúltimo também poderia quebrar seu encantamento com o jogo e seus subsequentes pensamentos sobre como sua vida não seria melhor com o videogame dali pra frente.

    Achei o escritório um pouco clichê pra representar o lado insatisfeito de sua rotina, apesar de você ter inserido elementos curiosos e divertidos, como os detalhes sobre seu colega, Fábio.

    Por fim, fiquei surpreso pelo final que ocorreu de repente. Esperava mais momentos de diversão, ou pelo menos parecia que mais história iria rolar. De qualquer forma, o recado é dado efetivamente, e sua crítica à nostalgia é cumprida. Fica a reflexão, agora, do que realmente podemos colocar em seu lugar.

    Obrigado pelo conto e boa sorte no desafio!

  21. Thata Pereira
    16 de novembro de 2024
    Avatar de Thata Pereira

    Ideia boa, ideia para o final sensacional. Mas sinto que aqui faltou desenvolvimento, uma escrita que pudesse me sentir o que Fabio estava sentindo… como o conto é bem curtinho e os acontecimentos bem diretos, eu terminei o final sem a carga de emoção que ele pede para que eu finalize o conto falando: que final sensacional.

    Por exemplo, quando você escreve: “Ligou finalmente o console e emocionou-se com aquela familiar tela de inicialização”, o pronome oblíquo por si só já carrega a frase demais para que leia de uma forma mais racional, do que emocional. Segundo, quando você fala que ele fica emocionado, eu leio que ele está emocionado, mas não sinto.

    Esse final para mim pedida uma construção maior de emoção. De me fazer sentir o que o personagem estava sentindo, sem me dizer diretamente.

  22. Gustavo Araujo
    12 de novembro de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    O problema de escrever sobre nostalgia é que nem sempre o motivo dela será percebido por quem lê conforme a intenção do autor. Aqui acontece isso em relação a mim. Tenho consciência de que o console Play Station é indutor de saudades em boa parte da galera que tem entre 30 e 40 anos. Mas eu, como sou de uma geração mais longínqua, sou meio que imune a isso. Para entrar no clima do conto tive que trocar mentalmente o Play Station pelo console do Atari 2600, este sim o marco de quem nasceu no início dos anos 1970. Além, claro, de trocar também mentalmente os nomes dos jogos: River Raid, Pac Man, Pitfall… Enfim, consegui fazer o link e entrar no clima, ainda que a fórceps.

    O conto prometia bastante, mas foi um mero vislumbre. Parecia mais um trailer de um bom filme que nunca chegou a ser rodado. Morreu na casca, como se diz por aí. Fábio desiste do happy hour e, de repente, de uma noite de luxúria, para mergulhar no seu passatempo favorito da adolescência. Enquanto joga, porém, percebe que não conseguirá resgatar outros símbolos da sua vida pregressa. É um bom mote, mas, como disse, que não chega a acontecer. Talvez um fluxo de consciência mais elaborado desse conta desse embate psicológico, ou de repente o surgimento de outros fatores que reforçassem a saudade, como o encontro com alguma garota que, como ele, estivesse mais interessada em jogar do que em transar.

    O motivo da minha divagação, como se vê, decorre de certa frustração a que o conto me conduziu. Um primeiro ato interessante, mas que jamais chega a algum lugar. Uma pena que o autor não tenha ousado mais, pois cacife para isso parece ter de sobra.

    De qualquer maneira, desejo boa sorte no desafio.

  23. bdomanoski
    12 de novembro de 2024
    Avatar de bdomanoski

    Pude sentir toda a experiência deprimente de Fábio em primeira mão. Esse é um dos motivos pelo qual eu, por exemplo, me recuso a ver um filme duas vezes. Ou revisitar coisas do passado. Prefiro deixar onde estão, num lugar que foi mágico e dar lugar a novas experiências. Sei que poderia manchar as memórias tentar revivê-las. Ótimo enredo!

  24. Givago Thimoti
    12 de novembro de 2024
    Avatar de Givago Thimoti

    Playstation – Player 1

    Resumo + Comentários gerais:

    PlayStation é um conto que fala sobre Fábio e sua tentativa de retornar ao mundo infantil, depois que comprou um PlayStation 2 (faltou o 2 ali no título) e acabou, por fim, se decepcionando sem conseguir retornar à infância.

    A sensação geral que tive foi a que li uma DLC, um rascunho de teste. Faltou desenvolver. Trabalhar melhor esse conto e todos os aspectos em termos de histórias dos contos.

    Frase/Trecho de impacto: O juiz virtual apitou e o jogo começou. Ainda era divertido de se jogar. Fábio achou engraçado aqueles jogadores com texturas borradas, movimentos robóticos e corpos poligonais. “Na minha memória os gráficos eram mais bonitos”. Com o passar dos minutos, outros detalhes passaram a causar dissonância entre a memória e a realidade. => pena que essa parte não foi desenvolvida.

    Adequação ao tema (0 a 3) – Avalio se o conto aborda o tema proposto de forma coerente, aprofundada e relevante para o Desafio: 3

    A nostalgia está bem delimitada no conto. O autor/ a autora até tentou adicionar o portão, mas nem foi preciso.

    Construção de Mundo e personagens (0 a 2) – Avalio a profundidade dos personagens e a ambientação, incluindo o cenário e como tudo interage para fortalecer a narrativa: 0,5

    Por mais que o leitor consiga perceber, de certa medida, a profundidade do protagonista, isso se dá muito mais, pelo menos para mim, porque o autor/a autora se utiliza de uma imagem clichê bem conhecida. E a partir daí, eu senti que faltou um desenvolvimento para além do arquétipo literário homem nerd e introvertido. Ou para além do trabalho maçante numa grande empresa do centro de São Paulo.

    Repetindo um pouco os comentários gerais, a sensação que tive foi a que li uma DLC , (para quem não é do meio, uma amostra de um jogo que o jogador experimenta).

    Por exemplo, embora seja interessante aquele choque entre o ludismo infantil e o pragmatismo adulto, ele só é pincelado pela conclusão. Então, aquele parágrafo enorme na conclusão poderia ter sido quebrado em diversos parágrafos para esmiuçar melhor esse choque entre os adultos. Esmiuçar quais detalhes passaram a evidenciar a dissonância entre a memória e realidade.

    Uso da linguagem (0 a 2) – Avalio a qualidade da escrita, incluindo o estilo, clareza, gramática e fluidez dos diálogos: 0,5

    Eu achei que esse é um grande ponto fraco do conto. É um conto que está escrito de forma bem simples. Acho que faltou maturidade, se debruçar mais sobre os aspectos psicológicos do personagem. Ou até mais desenvolver um pouco. Sempre lembro do conselho de um dos melhores comentaristas de contos, o Rafael Sollberg: show, don’t tell! (Mostre, não conte!). Por exemplo,

    Faltou uma boa revisão gramatical. Percebi alguns erros gramaticais bobos e algumas frases que não estão muito claras e coesas:

    ·      “Entre paletós, camisas sociais e coletes “puffer”, Amizades líquidas, que evaporavam quando os interesses eram atendidos” => amizades

    ·      Palavras em línguas estrangeiras devem ser escritas em itálico.

    ·      Repetições de palavras

    ·      Erros de pontuação: “os prédios ficaram mais baixos, as ruas mais arborizadas, o trânsito menos buzinado.”
    A vírgula deveria anteceder a última expressão para concluir a lista.
    Correção: “…os prédios ficaram mais baixos, as ruas mais arborizadas, e o trânsito menos buzinado.”

    Enfim, algo a se trabalhar para contos futuros.

    Estrutura Narrativa (0 a 1,5) – Examino o fluxo do enredo, a clareza da introdução, desenvolvimento e conclusão, e se o ritmo é adequado: 0,5

    A estrutura está clara, entretanto, ela está crua. A narrativa não se desenvolve, ela é rasa. E por ser rasa, ela é bem rápida, sem abordar pontos importantes da história.

    Impacto Emocional (0 a 1,5) – O quanto a história conseguiu me envolver emocionalmente, provocar reflexão ou cativar: 1

    Eu achei que esse conto tinha mais potencial para essa nota. Eu gostei, mas poderia ter gostado bem demais. Achei uma sacada boa, especialmente o trecho que suscitei como uma frase de impacto, considerando o contexto temático do desafio. No final, infelizmente, foi um pouco decepcionante, já que foi um conto pouco explorado de uma forma geral.

    Nota final: 5,5

  25. André Lima
    12 de novembro de 2024
    Avatar de André Lima

    É um conto rápido. Muito rápido. Quando estamos começando a entrar na história, ele se encerra de modo pouco impactante.

    Acho que mais palavras seriam necessárias para ambientar e nos trazer sentimento nostálgico.

    A “introdução” é longa demais. Fica um aspecto de que o conto se encerra na introdução. É uma espécie de anti-clímax acidental.

    A escrita é boa. Jovem, moderna. O uso de gírias na narrativa não me incomodaram.

    Mas a tentativa de impactar foi comprometida pela falta de melhor elaboração… E isso prejudica o conto.

  26. andersondopradosilva
    11 de novembro de 2024
    Avatar de andersondopradosilva

    Playstation (Player 1)

    Resumo:

    Homem revisita a infância ao comprar um videogame.

    Comentários:

    Não é fácil levar a Bola de Ouro pra casa. A competição é ferrenha. E se dá não apenas entre atletas adversários, mas também entre companheiros de time. A competição chega a ser injusta. Quando se é um goleiro, quiçá um zagueiro, como competir com os dribles e armações do meio-campista? Como competir com os gols do atacante embalando a torcida?

    Às vezes, o caminho é nem tentar competir. É entrar em campo, pegar umas bolas e impedir uns gols, se goleiro. É se interpor aos atacantes e meio-campistas adversários, se zagueiro. Este conto faz isso: entra em campo, cumpre seu papel, e volta pro vestiário. Sem brilho? Jamais! Apenas comparativamente ofuscado por sua posição em campo.

    O conto cumpre sua função: claro, objetivo, curto. Apresenta seu enredo, seus personagens e seu fecho por nocaute. Também aborda o tema do desafio.

    Infelizmente, não leva a Bola de Ouro. Entrou em campo, jogou bem. Cumpriu sua função. Mas chega a ser injusto ter de vencer o brilho do meio-campista driblador e do atacante certeiro. Mas uma coisa é certa: o resultado da partida não seria o mesmo se goleiro e zagueiros não tivessem entrado em campo.

    Parabéns pelo jogo, jogador! Só não se chateie se não levar pra casa a Bola de Ouro.

Deixar mensagem para vlaferrari Cancelar resposta

Informação

Publicado às 10 de novembro de 2024 por em Nostalgia e marcado .