EntreContos

Detox Literário.

Além do Silêncio (Victor Viegas)

Não sabia quem era, como havia chegado ali, tampouco por que estava descalço no meio da estrada de terra batida, vermelha como as manchas secas que brotaram em seu paletó. Andar, mesmo sem rumo, seria a sua única opção. Precisava sair dali. Estava em um momento em que os fracos, cansados de suas realidades pífias, confortavam-se em posição fetal, esperando o melhor que a morte teria a oferecer-lhes. Mas sabia que não seria o fim. Não deveria ser. Em meio ao desespero, quando a fome e a sede convergiam em uma fúria insaciável, uma força primitiva de sobrevivência invadia seu espírito.

Mas os primeiros passos revelaram a sua completa incapacidade de seguir em linha reta. Os movimentos eram curtos e desordenados. Por ironia, ninguém passava naquela maldita estrada para ajudá-lo. Não havia pessoas. Não havia carros. Não havia esperança. Ele, agora arrastando seu tronco contra as pontiagudas pedras, cedia em meio à poeira, a deixando impregnar no acinzentado da formalidade de sua roupa, que ainda não sabia o motivo de ter vestido. Havia sido jogado no caldeirão do inferno. Ali, o sol o agraciava a uma sensação térmica de insuportáveis cinquenta graus, suficiente para descolar a, já fragmentada, sola de seus pés, que agora respirava em carne viva.

Ao longe, um carro esportivo em alta velocidade rasgava o calor trêmulo do horizonte e, em segundos, o moribundo rapaz passava a sentir o frescor da freada brusca próxima de seu corpo. O carro parou, o vidro abaixado mostrava o olhar curioso do motorista ao presenciar aquela deplorável cena. O homem, com o pouco de força que ainda restava, observava as ofuscantes luzes contra seu rosto e sentia o calor do motor derreter ainda mais sua pele. Em um gesto rápido, o carro rugiu novamente, agora com mais intensidade e, com um piscar de olhos, avançou.

Os pneus gritaram contra a terra vermelha. O homem não teve tempo de reagir e escapar dos planos do destino. Deveria ter saído daquela cena brutal, mas o impacto veio como um trovão, esmagando seu corpo com a precisão de uma força implacável. O mundo ao redor se tornou um borrão vermelho. Sentia a poeira se misturar ao sangue sendo jorrado de seu corpo. Aos poucos, dava adeus à visão turva que pairava em seus olhos, sendo arrastado pela mesma estrada que por muito tempo tentou abandonar.

***

O soar do sino era o menor de seus problemas, João não se importava com o recreio. Ou pelo menos parecia não se importar. Era um tempo improdutivo. Fraco. Preferia ficar na sala. Lia o livro sobre a cultura nórdica que ganhou de presente de aniversário. Começou por causa da cor da capa. Era roxa, sua cor preferida. Ficava por vinte minutos sozinho, enquanto as crianças corriam feito carros de fórmula 1 pelo pátio.

Com o final da aula, se via obrigado a sair. Ir para casa. Não ia ler no caminho. O livro prendia sua atenção. Ficava concentrado com muita facilidade. Podia bater no poste. Não era bobo. Como rotina, era acompanhado de seus amigos, Júlia e Pedro. Os viam desde a infância. Na adolescência não seria diferente. Júlia parecia diferente. Não era pelo penteado novo. Não a imaginaria com seus longos fios de fogo enrolados em um coque, mas aceitava a mudança. Algo no seu olhar ditava o descompasso do silêncio que reinava no caminho de volta para casa. Estranho. Talvez seja estranho. Mas adolescente costumava ficar emburrado com qualquer coisinha.

━ Sabe, João. Tá ficando chato ver você preso aí nesse livro. Tu não tem saído mais com a gente. Não tem conversado no intervalo. É o tempo todo lendo, lendo e lendo ━ Pedro ficava observando. Não era de se intrometer em discussões acaloradas.

━ Ah, mas eu tenho falado com vocês. Talvez um pouco menos, mas não parei. É que a leitura tem sido muito curiosa para mim.

━ Sei.

━ É sério! Por exemplo, vocês acreditam que as pessoas morriam na época dos vikings? Eu… eu não consigo nem imaginar como seria sair dessa vida.

━ E nem precisa. Tá ligado que somos ricos, né? Temos uma vida boa, saúde, a imortalidade. Por que ver sofrimento? Isso só vai te fazer mal.

━ Que tal a gente mudar de assunto? Vamo… sei lá… tomar um sorvete. Aí podemos nos entender melhor, o que acham? Conheço um bom lugar pertinho daqui ━ Pedro interviu.

Júlia concordou. João foi voto vencido. Era sua vez de ficar emburrado. Realmente a sorveteria não estava muito longe. Pedro queria morango, Júlia, chocolate. João queria sair dali. Seu olhar vagava por uma portinha preta no final do corredor. Por que seria preta? Por que não seria preta? O que seria aquilo, afinal? Deveria estar pensando demais. Mas continuava curioso. Queria desvendar. Era um mistério. Não gostava de mistérios. Achava tolo. Ele não era tolo. Por não regular sua curiosidade, partiu. Foi investigar de perto. Muito perto.

No final do corredor, onde o gelo encontrava os sabores, João foi parado pelo funcionário. Alto, branco, não apenas branco, pálido, cabelos longos em uma cara ríspida. Apontou para uma placa de proibido ultrapassar. Era regra. Mas aquilo não o deteria. Não era carro, brincava em seus pensamentos. Ao homem, fez pequenos movimentos com a cabeça. Concordando. Não precisava falar nada. Não queria falar nada. Queria, mesmo, era entrar por aquela porta. Mas, pela segunda vez, teve sua vontade contrariada.

O tempo havia passado. Horas, dias, semanas. João voltou àquela sorveteria. Naquele momento, estava longe dos olhares cuidadosos dos funcionários. Foi rápido. Fácil até demais. Abriu a loja, na cidade não existia resistências, não tinha correntes, cadeados, não havia crime. Correu para a portinha e entrou. Foi engolido por uma luz vermelha, ofuscantemente brilhante, como um portal que atravessava aquele corredor gelado. Porém, para seu desencanto, foi puxado por uma força descomunal. Arrancado daquele submundo.

━ O que está fazendo, mocinho?

Tentou se justificar. Podia falar uma palavra em sua defesa. Uma palavra. Qualquer palavra. Qualquer… Não falou nada. Balbuciou sílabas sem sentido. Tentava entender a reação daquele rapaz. Alguma forma lógica de escapar daquela situação. Leitura corporal. Expressão facial. Fez o que pode, ou o que a cabeça conseguiu raciocinar em puro improviso. Mas o rapaz era indecifrável. Queria sumir dali. A casa nunca fora tão desejada. Passou pela porta, mas não sabia o que tinha visto. O que tinha visto não sabia o que era. Eram pessoas? Pareciam ser.

━ Deve manter essa porta fechada. É perigoso entrar ali ━ a voz estava estranhamente reconfortante.

━ Mas, o que era aquilo?

━ Você viu alguma coisa?

━ Eu… não sei dizer.

━ Eu não deveria contar isso, mas você não é de largar o osso tão fácil assim. Não é mesmo?

João esboçou um tímido sorriso. Mal esticou os lábios.

━ Vai querer sorvete? Ainda temos alguns sabores.

━ Hmm… aceito.

Numa caminhada devagar e arrastada, os dois jogavam conversa fora. Estavam, aos poucos, se acostumando com a presença, antes estranha. O rapaz parecia ser simpático, um alívio para quem achava que seria punido. Estava nas regras. Havia sido avisado. Mesmo assim, João fez questão de violar. Não aconteceu nada. Em determinado ponto, eles compartilhavam o mesmo cômodo que os gelados freezers. Podia escolher o queria: creme, limão, morango, chocolate. A sorveteria se orgulhava de ter muitos sabores.

━ Se eu não estiver enganado, seu nome é João. Acertei?

━ Sim. E você é o…?

━ Me chame por Número 73.230.267.005

━ Não entendi. Seu nome é um número? O que significa?

━ Significa que serei a 73.230.267.005ª pessoa a morrer.

━ Ah, cara! Não fala besteira. Ninguém morre nessa merda. Depois que inventaram a imortalidade, é impossível seu corpo ficar doente. Quem dirá morrer.

━ Isso, vocês tomam. A gente não tem imortalidade. A gente morre, e morrem muitos.

━ Como assim, a gente? A gente quem?

━ Você é rico. Pode viver para sempre. Mas eu, minha família e quem mora ali, atrás daquela porta, nós não temos essa escolha. Somos pobres.

João se mostrou intrigado, mas preferiu não interromper.

━ Antes de você nascer, antes mesmo dos seus pais, o mundo estava com mais de 20 bilhões de pessoas. Disputavam comida, água e terras para sobreviver. Depois que descobriram o milagre da imortalidade, uma parcela pequena teve acesso. Não iam deixar o mundo superpopuloso. Assim, quem não teve dinheiro foi condenado à servidão. Vocês têm a imortalidade, em décadas inventaram a máquina do tempo. Vocês têm o poder e, a gente… a gente, João, não tem para onde escapar.

━ Você tá inventando.

━ Com o tempo vão te ensinar. Os ricos passam a ser matadores profissionais, por diversão. Nós, pobres, somos a diversão de vocês.

━ E se vocês escaparem.

━ Voltam no tempo até nos capturar. Eu falei, não temos onde fugir. Essas portas estão em todos os lugares: bares, escolas, igrejas. Devem sempre ficar fechadas, pois vocês não querem ver o que passamos. Eu repito, somos a diversão de vocês.

***

Acordou em meio ao nada. Sentia-se vazio. Foi sugado pela rotina, como sempre. Porém, resistiu. Ir para escola seria uma experiência inusitada. Sabia a verdade. Não queria enfrentá-la. Tampouco viver. O tempo passou. Os amigos passaram. Pedro e Júlia não estavam mais ali para acompanhá-lo. Mudaram de cidade. Perderam o contato. João estava, particularmente, quieto. Havia largado os livros de vikings. Talvez tenha aceitado a dinâmica que o cercava. E se fosse tudo verdade? Seria João um matador em formação? Logo ele, que não batia em formigas, nem as expulsavam de seus donuts esquecidos na mochila.

Aula nova. Professor novo. Último semestre. Sairia dali um homem formado. Por algum motivo, era preciso ter aula de defesa pessoal. Estava no currículo. Entregaram um rifle a João. As mãos estavam trêmulas, mas a curiosidade havia voltado. Agora mais calmo, ele apontou para o alvo, um círculo vermelho preso a uma árvore longínqua, olhos fixados, mirou, apertou o gatilho e acertou. Algo raro para alunos iniciantes. Ele sorriu, sorriso largo, mostrou os dentes. Se sentia orgulhoso.

Na semana seguinte, João mal podia esperar para a sua aula preferida. Praticava em casa, havia comprado uma arma para treinar no quintal. Ele não se interessava pelo tiro. Gostava mesmo era de receber elogios. Saber que estava indo bem. O professor prometeu que agora seria mais difícil. Segunda-feira chegou. João se arrumou rápido e foi para a escola. Os alunos foram posicionados em fila indiana, cada um teria a sua vez de acertar o alvo. João era o primeiro a atirar. O professor contou uma longa história que o menino, simplesmente, não conseguiu prestar atenção. Em seus pensamentos repetia os mesmos comandos: apontar, apertar o gatilho e acertar o alvo.

O professor entrou com um convidado, alguém conhecido. Em sua frente estava o Número 73.230.267.005, o homem que havia conversado na sorveteria. Com ele, um total de 20 pessoas adentraram a escola. João era o primeiro da fila. O professor chamou alguém, uma menina de cinco anos, com vestido rosa de bolinhas brancas e o cabelo repartido com duas xuxinhas rosas. Ele chegou perto de João e sussurrou em seu ouvido “é nela que você deve atirar”. O menino arregalou os olhos, mas não podia desrespeitar as ordens do professor. Ergueu o rifle, apontou para a testa da criança, hesitou por uns segundos, mas apertou o gatilho e, em instantes, a ouviu agonizar no chão. Ninguém a socorreu. Ela batia os braços involuntariamente contra a cabeça até seus movimentos ficarem mais lentos e, no pátio gelado da escola, ela foi a primeira diversão do dia.

━ Qual o número dela? ━ perguntou o professor para a diretora.

━ 73.230.267.003.

━ Então chama o 73.230.267.004, está na vez dele.

João segurava o choro. Era certo matar alguém? Por que não resistiu? Não era seu feitio. Também não era desobediente. Abaixou a cabeça, sabia que veria o simpático rapaz pela última vez, poderiam até ser amigos, mas o destino já estava traçado. Embora os elogios o preenchessem, a sua obrigação o deixava com um vazio existencial inexplicável. Não era que o danado tinha falado a verdade. João estava se tornando um verdadeiro matador. Com o tempo, foi se acostumando pela nova vida. Não tinha o que fazer. Não iria resistir. Em seu currículo constavam 220 pobres aniquilados, outros ainda o serviam para cuidados no jardim e transporte. Era preciso, vivia muito ocupado, tinha entrado para a faculdade de administração, gostava desse mundo corporativo.

Era o último dia da faculdade. Ia pegar o diploma. A carreira estava decidida. Era um momento importante. Seus pensamentos atravessavam sua mente como um tufão, não sabia em que pensar, nem em que focar. Ansiedade. Nervosismo. Estresse. Um pouco de tudo. Precisava matar alguém. Precisava entrar por aquela porta preta, escolher uma mísera criatura e sair mais relaxado. A vítima da vez era uma senhora, de aparência amigável, daquelas que fazem bolo de cenoura e contam histórias do tempo de infância. Não teve chance. Foi executada a três metros de João.

Agora sim, podia ir à aula. No caminho encontrou um rapaz. Poderia ter uns vinte anos, mas sua condição o deixava muito mais velho. As roupas estavam encardidas. Tinham se aproveitado dele, mas ainda não era o momento para morrer. Estava sem o olho esquerdo, com cicatrizes de queimadura espalhadas pelos braços e um anzol perfurando as costas em carne viva. Não lembrava de ver essas coisas quando era criança, mas o mundo mudou e as diferenças se tornaram mais explícitas. João viu aquela cena do rapaz atravessando a rua, mancando em uma das pernas, mas passou reto. Estava atrasado para a aula.

O celular tocou. João relutou para atender, mas na segunda chamada colocou o aparelho no ouvido. Era da secretaria. Estavam o chamando. Com pressa para não perder os detalhes da formatura, foi correndo conversar com a secretária.

━ Você sabe o porquê foi chamado?

━ Não me informaram nada.

━ Entendo. Então, meu supervisor me informou que teu nome não consta nos registros de nascimento.

━ Eu não estou entendendo. Tenho diploma de ensino médio. Como meu nome não estaria nos registros.

━ É exatamente isso que eu preciso te informar. Aparentemente, a diretoria não soube analisar a sua certidão de nascimento. Os seus dados não aparecem para nós e o papel que o senhor entregou é falsificado ━ ela apontou para o canto inferior da certidão ━ repare que não aparece a impressão holográfica nessa parte.

━ Mas… o que isso quer dizer?

━ Infelizmente, o senhor foi registrado a uma classe inferior e, para tanto, deve se comportar como tal.

━ Não, minha senhora. Eu bebi a poção da imortalidade.

━ Exatamente. Pelo senhor ter tomado a poção da imortalidade, o que não é aconselhado aos pobres, receberá castigos contínuos. Mas isso vai variar de acordo com a vontade do seu mestre.

━ Eu… eu preciso ir ao banheiro.

Os oficiais estavam à espreita na esquina da universidade. João não tinha escapatória. A realidade de ser escravizado por infinitos anos o deixava desconfortável. Por que ele? Nunca tinha feito nada errado. Era uma vítima de um sistema corrompido. Um ambiente em que ninguém aceitava fazer a diferença. Se sentia na necessidade de voltar àquela sorveteria. Talvez nem todos o reconheceriam como pobre. Ele não se reconhecia assim. Não queria ter essa vida. Essa droga de imortalidade ferrou todos os seus planos. Era para ser um empresário de sucesso. Estava tudo metodicamente preparado.

Entrou na loja, não cumprimentou ninguém. Foi advertido a não abrir a porta, mas João já tinha histórico de desobediência. Não seria dessa vez que iria respeitar essa regra. Passou pelo corredor marchando em passos fortes, atravessou a sala dos freezers conforme tinha feito com o Número 73.230.267.005 e chegou na máquina do tempo. Ficou ali escondido em meio à poeira.

Passaram-se poucos minutos.

Os policiais chegaram na sorveteria.

João se encolheu atrás da máquina.

Eles atiraram pelo corredor, as balas ultrapassaram ferozmente as finas paredes daquele lugar.

Talvez a morte fosse a melhor escolha. Permanecia deitado em posição fetal, na espera de uma salvação, um milagre que o tirasse dali. Não tinha mais forças.

Correram pela porta preta, adentraram no clarão vermelho.

Em um momento de completo desespero, João entra na máquina do tempo. Queria fazer uma última vítima antes de se render.

Outros policiais entraram na salinha da máquina, mas o menino havia sumido.

***

Voltou ao tempo em que não tinha tomado a imortalidade. Começou a poucos anos, estava atrasado, mas, mesmo com a explicação da Júlia, não se viu na necessidade de beber. Já era imortal por ser rico. Era o que pensava. Agora, pobre, precisava reverter essa punição.

Com seu carro esportivo, o viu atravessar a esquina. Era a primeira aula da faculdade. João sabia exatamente o que estava fazendo. Com o rifle disposto no banco do passageiro, disparou contra o seu próprio eu. Eram duas pessoas, mas, ao mesmo tempo, era uma pessoa. O João do passado não morreu, a imprecisão de seu algoz o deixou apenas desacordado com um tiro que raspou sua cabeça. Não estava mais tão seguro como nas aulas de defesa.

Então, João correu para pegar a si mesmo desmaiado no asfalto. Rapidamente o colocou no carro, deixando os sapatos na cena do crime. Dirigiu por trinta quilômetros até uma estrada vermelha de terra batida, onde o despejou e disparou cinco tiros contra o peito. Tinha certeza que havia se matado. Os policiais não o transformariam em escravo. Fugiu, mas quis voltar para ver a obra prima na terra. Ficou surpreso ao ver que ainda resistia. Maldita força interior. Não teve outra opção. Atropelou aquele sujeito. Os olhos de João perderam a vida. Do paletó ensanguentado, caiu um livro roxo sobre a cultura viking, surrado de tanto folhear. O destino deu o último golpe em um mundo onde as aparências começaram com a inserção da porta e a permanência do silêncio.

Sobre Fabio Baptista

Avatar de Desconhecido

25 comentários em “Além do Silêncio (Victor Viegas)

  1. Victor Viegas
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Cacilda, este é o meu conto! 

    Muito bem escrito. Quer dizer… mais ou menos, mas a ideia é boa rs.

    Nota dez pelo esforço. 

    Continue assim.

  2. Pedro Paulo
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Uma porta que leva a um martírio cíclico entre as duas pontas de um mundo distópico. Entretanto, a porta não é abordada como um tema do desafio, mas me pareceu inserida apenas para contemplá-lo, até porque a própria explicação para a existência dessas passagens me pareceu algo inverossímil, ainda que em um mundo de fantasia e ficção científica, em que o controle da verossimilhança deveria pertencer à autoria. Para ser mais direto, pareceu-me que a autoria já havia escrito esse conto se passando nesse mundo em que classes predam umas às outras – um cenário que não inova em nada, mas que cativa por se relacionar com o nosso, radicalizando-o um pouco – mas incluiu o elemento das portas para fazer caber no desafio. Não acho que tenha funcionado. Para além dessa questão temática, o próprio texto não é tão cativante, com as relações entre os personagens parecendo artificiais e alguns detalhamentos não tendo tanto lugar na trama. A escrita é a acertada, mas não destaca o texto.

  3. leandrobarreiros
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    Um conto bem criativo. Infelizmente, criativo demais dada a limitação do certame.

    Eu sinto que o autor teve várias ideias diferentes e ao invés de tentar explorá-las em histórias diferentes, ou quiçá ter uma como principal e flertar com outra, decidiu falar sobre tudo ao mesmo e a história acabou ficando desconexa demais. Tem simplesmente muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.

    Imortalidade, viagem no tempo, distopia, um pouco de “eat the rich”… é coisa demais para apenas três mil palavras e a impressão final é de que nenhuma das ideias foi trabalhada ao seu máximo potencial.

    No que diz respeito à escrita, eu achei competente, embora, às vezes, um pouco… “forçada” demais, como no diálogo das crianças. Mas sinto que isso acontece justamente porque tem várias coisas acontecendo na história e o autor tem que dar um jeito de informar e mover o enredo.

    Enfim, um trabalho que eu gostaria de ver caso o autor tivesse (muita) mais calma para realizar.

  4. Felipe Lomar
    12 de dezembro de 2024
    Avatar de Felipe Lomar

    olá

    O conto tem bastante potencial. Tem um world building bem interessante, mas tem alguns problemas. Ele é contado de uma forma apressada, as frases curtas ao longo de todo o texto tornam a leitura frenética, e tira a tensão dos momentos chave. A história também é contada demais, sem muita ação. A questão das portas é máquinas do tempo também não parecem ser tão essenciais, estando ali aparentemente apenas para se adequar ao tema. Se acertar essas coisas, tem potencial pra ser uma história bastante proveitosa.

    boa sorte!

  5. Thales Soares
    11 de dezembro de 2024
    Avatar de Thales Soares

    O que eu achei deste conto: Um total desastre…

    Cara……. ok, vamos lá. Precisamos conversar bem sobre este conto, ein? Primeiramente, devo dizer que gostei da criatividade aqui investida. Nota-se que o autor possui bastante imaginação, e tentou-se fazer algo divertido e inventivo aqui. No entanto… o resultado deixou bastante a desejar. O que temos aqui é uma história sem verossimilhança alguma, e que tem mais buracos do que um queijo suíço. Vamos falar de todos os pontos, parte por parte:

    O início do conto é bem legal. Vemos um homem desorientado, sem lembrar como chegou ali, e uma estrada de terra vermelha. Toda a atmosfera criada envolve o leitor através da promessa de um bom suspense (promessa essa que não foi cumprida). O homem está ferido e ensanguentado. Ele está tentando sobreviver, quando de repente ele é atropelado por um carro esportivo, matando-o. Nessa parte da trama, eu estava bem curioso e empolgado. O narrador ganhou aqui a minha atenção.

    Depois disso somos apresentação à João, um adolescente riquinho que vive em um mundo estranho, aparentemente futurista e distópico, onde tudo é dividido entre ricos imortais e pobres mortais, e os pobres servem como escravos e sacrifícios… só que um dos problemas é que as bases dessa sociedade não são explicadas direito, deixando o leitor meio desnorteado e perdido durante a leitura. Uma boa prática de escrita é sempre explicar para o leitor quais são as regras do universo que você cria, para que o leitor possa torcer pelos personagens, ou até mesmo para que o leitor possa, em seu interior, fazer teorias sobre o que vai acontecer no enredo enquanto ele o lê. É sempre muito prazerosa aquela sensação de “Ah!!! Eu sabia!!!”, pois o leitor se sente inteligente, e sente que sua atenção na leitura foi recompensada. É assim que se cria um universo verossimel. Outra coisa bizarra e mal explicada durante o conto é essa parada da imortalidade dos ricos… foi algo tão jogado e inútil ao longo da trama, que tenho certeza que se você tirasse esse elemento, a narrativa só teria a ganhar com isso.

    Mas enfim… João é um estudante que gosta de ler sobre Vikings, e não gosta de se socializar muito na escola. Mas ele é descrito como uma pessoa muito boa, do tipo que não faz mal nem a uma formiga sequer, e tem dois grandes amigos, Julia e Peidro. Então eles voltam pra casa juntos e, no caminho, veem uma sorveteria. Lá, João percebe uma porta preta e misteriosa. Alias… pela imagem de capa, me pareceu ser uma porta vermelha. Inclusive, tenho uma grande reclamação sobre essa imagem… ela se parece demais com imagem de capa do conto Toc Toc, e isso é péssimo, pois este conto foi postado bem depois do conto que mencionei. Fica uma sensação de que o autor não respeitou o conto que foi publicado anteriormente por algum de seus colegas, e isso é sim deselegante.

    Voltando ao conto, João fica curioso com essa porta misteriosa, e ele tenta entrar nela, mas é impedido por um funcionário. Mais tarde ele volta e consegue dar uma espiadinha. O funcionário então aparece novamente e revela toda a verdade sórdida sobre a sociedade. Essa revelação me pareceu muito conveniente e repentina… não parece algo que aconteceria na vida real, e sim algo que aconteceu só porque estava no roteiro da história, para as coisas andarem, dando uma sensação falsa e artificial para a narrativa… afinal, por que o funcionário decidiu contar tudo para aquele garoto que ele nem conhecia? ALém disso, a existência dessa porta mágica não é explicada! Por que aquela porta está ali? O que exatamente é aquilo? É um portal ou mais uma máquina do tempo? E também… sobre essa questão de máquina do tempo… meu deus do céu!! Histórias que envolvem viagens no tempo precisam ser escritas com muita cautela, pois esse é um elemento perigoso, que pode cagar tudo!! E aqui, infelizmente, aconteceu de que esse conceito cagou na história inteira!! POR QUE há uma fucking MAQUINA DO TEMPO na sorveteria, ligada, carregada, e totalmente acessível para os pobres? Que absurdo, cara!!!! Não há preparação e nem coerência alguma na introdução de elemento. E o funcionário ainda diz que essa máquina do tempo foi construida pelos ricos… e para que ela serve? Essa é a parte mais engraçada! Afinal, uma máquina do tempo poderia servir para intuitos científicos, para estudar o passado, para a humanidade adquirir mais conhecimento. Certo? Errado… aqui ela serve apenas para que, caso algum pobre fuja durante a matança, o rico possa voltar no tempo e matar ele. O QUÊ?????

    Tá, mas vamos continuar… no colégio, João tem aulas de defesa pessoal. Ele é especialmente bom nas aulas de tiro ao alvo, e se sente orgulhoso disso. Mas certo dia, seu professor aparece na quadra com um monte de pobres na coleira, entre eles está o funcionário que conversou com João na sorveteria. Então o professor pede pra João dar um tiro bem no meio da cabeça de uma garotinha de uns 6 anos de idade, com vestido de bolinhas. Sem pensar duas vezes, João executa a criança. Ei, você aí, autor, vamos conversar….. seja sincero comigo…. que tipo de reação você gostaria causar no leitor aqui? Se era impacto, você falhou miseravelmente. Porque colocar uma morte tão aleatória e inverossímel como esta, de forma forçada, com o intuito de causar choque… tem justamente o efeito oposto do que você queria. No lugar de proporcionar repulsa, você acaba causando riso no leitor, pois é uma cena que parece absolutamente ridícula. Pois como pode um garoto que até ontem não machucava nem uma formiga, hoje estar dando tiro na cabeça de criança, só porque o professor pediu? Isso é um comportamento que não condiz com o ser humano. E olha que eu tenho conhecimento do Efeito Lúcifer… mas aqui foi extremamente mal aplicado, de forma a não fazer sentido algum!!!!!

    Enfim… é então que chegamos na pior parte da história! João descobre um problema com seus documentos, que dizem que na verdade ele não é rico, mas sim pobre. Porra…. como assim, cara? Não existe dinheiro nessa sua sociedade? Os ricos são aqueles que tem documentação adequada, e os pobres são os caras sem documento? Não entendi merda nenhuma aqui. Como alguém consegue fingir que é rico, sem nunca suspeitar que é pobre? Tipo… eu, na vida real, sei que sou pobre. Não consigo comprar video games com frequência, e não vou a restaurantes caros. Eu nunca tentei me enganar, pensando que sou rico. Não há formas de eu me passar por rico, a não ser que eu de fato me torne rico. Ao meu ver, se a documentação de João tá errada… de alguma forma, agora ele é rico, certo? Mas a história me diz que estou errado… porque agora João é caçado como um desses pobres fodidos!

    João então volta pra sorveteria, buscando uma solução. É aí que vem a história da máquina do tempo. Aliás, aqui entra uma parte engraçada da história… surge uma problemática com o fato de João ser imortal e pobre… e isso faria com que ele tivesse sofrimento eterno (eu já falei que a história ficaria mil vezes melhor sem esse negócio da imortalidade?). Mas esse problema é resolvido instantaneamente, pois João decide voltar no passado para cometer suicídio, indo para uma época antes de ele tomar a poção da imortalidade. E então a história termina com o pior uso de viagem no tempo que eu já vi numa história… com um loop totalmente confuso, encaixando o início da história com o fim. Mas… como João conseguiu o carro quando voltou no passado, agora que ele sabe que ele é pobre?

    Esta história é bem criativa, mas não funciona em nada do que se propõe. A maior falha aqui é que esse conto tenta se levar a sério. Se ele fosse feito de forma propositalmente tosco, abraçando o nonsene e só colocando uma loucura atrás da outra, sem explicação, como foi o caso do Geraldine no desafio passado, esse conto seria um dos meus favoritos neste desafio. Mas nota-se que o autor tentou fazer algo épico… mas falhou de forma sem precedentes, o que acabou deixando a história bastante fraca. Desejo boa sorte no desafio!

  6. André Lima
    11 de dezembro de 2024
    Avatar de André Lima

    É um conto que oscila. Há criatividade aqui, mas pouco lapidada e, em certos momentos, exagerada.

    Há história levanta diversas questões que não obtemos resposta, tampouco explora os temas ligados à viagem no tempo e imortalidade. Ficamos sem respostas para perguntas simples, como, por exemplo: “Por que há uma fila para a morte em que se mata um por um?”. Fora os diversos problemas e paradoxos que máquinas do tempo espalhadas pela cidade causariam.

    A técnica também oscila. Há um início mais rebuscado e formal, mas que, em certo momento, muda-se o tom para uma informalidade que causa estranhamento. Há algumas frases estranhas como:

    “Ali, o sol o agraciava a uma sensação térmica de insuportáveis cinquenta graus”. A ironia da palavra “agraciada” não ficou clara aqui, dando apenas a impressão de um descuido do autor.

    ” O homem, com o pouco de força que ainda restava, observava as ofuscantes luzes contra seu rosto”. Que luzes seriam essas? É narrado que o dia está ensolarado.

    A escrita rápida, fragmentada, em frases curtas, empresta até um senso de urgência interessante ao texto, mas nada aqui, em minha opinião, brilha de modo que possamos apontar a força do conto…

    … talvez esteja na criatividade do autor. Mas essa criatividade necessita ser lapidada. A história é imatura demais e conta muito com uma suspensão de descrença e ausência de questionamentos do leitor.

    Obs.: há alguns problemas de revisão também, como a ausência de alguns pontos de interrogação.

    Por fim, gosto da técnica do autor, mas não do enredo e da estrutura narrativa.

  7. Fabiano Dexter
    11 de dezembro de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Achei a história do conto muito interessante e com boas reviravoltas, nos mantendo interessados na leitura e querendo saber o que iria acontecer em seguida.

    Achei a escrita muito boa, porém muito truncada. Achei excessivo o uso dos pontos finais, não sei se foi ou não proposital.

    A utilização do tema foi muito boa, iniciando a trama após uma breve apresentação dos personagens.

    Em relação aos personagens, temos o João que é profundo e bem desenvolvido, mas os demais acabam sendo descartáveis.

    A ideia de Viagem no Tempo parece ter sido colocada apenas para o clímax, não fazendo muito sentido no contexto da história. Histórias de viagem no tempo são complexas e aqui ela ficou solta e, talvez, até desnecessária.

    A Sociedade na qual o conto foi inserido é pouco explicada, mas o suficiente para que o conto fizesse algum sentido. Um maior desenvolvimento seria interessante, mas poderia ficar chato, ficando maior que o enredo. Entendo que ficou do tamanho certo.

  8. claudiaangst
    10 de dezembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ DITO ◊ para avaliação de cada conto.

    ◊ Título = ALÉM DO SILÊNCIO – Há som?

    ◊ Adequação ao Tema = Tema proposto (porta) abordado de forma um tanto forçada, mas tudo bem.

    ◊ Desenvolvimento = O conto foi bem desenvolvido, trazendo novos elementos para esclarecer a trajetória do herói nessa distopia.

    ◊ Índice de Coerência = De maneira geral, tudo se encaixa no cenário distópico apresentado. Apenas uma passagem me soou estranha:
    […] não batia em formigas > Quem consegue bater em formigas? Talvez bater a mão sobre formigas ou a conhecida expressão “não mata nem mosca, nem formiga.”

    ◊ Técnica e Revisão = Linguagem clara e objetiva, mas que demonstra domínio de um amplo vocabulário. Boas descrições e imagens bem aproveitadas.
    Falhas no quesito revisão:
    […] carros de fórmula 1 > […] carros de Fórmula 1
    Fez o que pode > Fez o que pôde (acento diferencial para indicar que o verbo está no Pretérito Perfeito)
    […] não temos onde fugir > […] não temos para onde fugir
    […] não batia em formigas > […] não matava nem formigas
    […] o homem que havia conversado > […] o homem com quem havia conversado
    ━ E se vocês escaparem. > ━ E se vocês escaparem?
    obra prima > obra-prima

    ◊ O que ficou = Satisfação em ler um texto cujo gênero nem sempre me apetece. Dá um filme isso aí, hein?

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  9. Givago Thimoti
    10 de dezembro de 2024
    Avatar de Givago Thimoti

    Além do Silêncio – (Hugh Jazz)  

    Resumo + Comentários gerais:

    O conto apresenta uma narrativa densa e futurista, misturando temas de desigualdade social, imortalidade e a banalização da violência. Em um mundo onde a imortalidade é privilégio dos ricos, os pobres são relegados à servidão e tornados alvos de entretenimento macabro. João, inicialmente um jovem curioso e ingênuo, descobre essa cruel realidade após uma experiência intrigante em uma sorveteria. Posteriormente, ao descobrir que ele próprio pertence à classe desfavorecida, João se vê mergulhado em desespero e busca desesperadamente escapar do destino cruel que agora o aguarda.

    O desfecho, marcado pela resignação e pela força implacável do sistema, reforça o impacto psicológico e emocional de um ambiente onde humanidade e compaixão foram substituídas por exploração e sobrevivência cega.

    Frase/Trecho de impacto:

    Era o último dia da faculdade. Ia pegar o diploma. A carreira estava decidida. Era um momento importante. Seus pensamentos atravessavam sua mente como um tufão, não sabia em que pensar, nem em que focar. Ansiedade. Nervosismo. Estresse. Um pouco de tudo. Precisava matar alguém. Precisava entrar por aquela porta preta, escolher uma mísera criatura e sair mais relaxado. A vítima da vez era uma senhora, de aparência amigável, daquelas que fazem bolo de cenoura e contam histórias do tempo de infância. Não teve chance. Foi executada a três metros de João.

    Agora sim, podia ir à aula.

    Adequação ao tema (0 a 3) – Avalio se o conto aborda o tema proposto de forma coerente, aprofundada e relevante para o Desafio: 3

    Porta está aí abordada no conto. É o foco? Não. Mas está abordada e bem delimitada.

    Construção de Mundo e personagens (0 a 2) – Avalio a profundidade dos personagens e a ambientação, incluindo o cenário e como tudo interage para fortalecer a narrativa: 1

    Eu diria que, por mais que o conto esteja com algumas cenas bem construídas, como por exemplo as cenas no deserto, eu diria que a narrativa principal não está (pelo menos para mim). Por ser uma história com muitos detalhes, creio que o autor/ a autora sofreu um pouco para, de fato, colocar a história idealizada em sua cabeça no papel,  por assim dizer.

    Assim, o conto vai pulando abruptamente de ponto em ponto, né? Um parágrafo ele é uma criança, logo depois ele é adolescente, aí um jovem adulto prestes a se formar em Administração, quando então a burocracia percebe que ele não possuía o direito ao privilégio da imortalidade. Dentro desse conto, acho que esse artifício mais atrapalhou do que ajudou.

    Em decorrência disso, penso que a história não foi bem abordada, deixando alguns lapsos na narrativa. Por exemplo, o cara com nome de número na sorveteria… Talvez ele tenha algo a ver com a tal da confusão no futuro para João, roubando sua identidade. Não sei, isso não ficou nem um pouco claro no texto. Ou, talvez ele seja apenas um personagem acessório para apresentar o universo do conto.

    Nesse sentido, certos elementos, como a máquina do tempo e as implicações do sistema imortal, poderiam ser mais bem explicados. Isso ajudaria a evitar confusões e fortalecer o impacto do enredo.

    Uso da linguagem (0 a 2) – Avalio a qualidade da escrita, incluindo o estilo, clareza, gramática e fluidez dos diálogos:  1.5

    No geral, a escrita está boa, em termos de gramática e até mesmo em termos de estilo. Contudo, a escrita sofre com pequenos relapsos. Tem alguns errinhos bobos de revisão e algumas construções estranhas/ não muito naturais, os quais foram responsáveis por tirar um pouco da nota nesse aspecto. Por exemplo:

    ·      “— E se vocês escaparem.” => faltou o sinal de interrogação (?)

    ·      “Eu repito, somos a diversão de vocês.” = essa construção ficou estranha. Achei desnecessário esse trecho de “eu repito”. Um trecho mais similar às expressões jurídicas…

    ·      “Voltou ao tempo em que não tinha tomado a imortalidade. Começou a poucos anos, estava atrasado, mas, mesmo com a explicação da Júlia, não se viu na necessidade de beber. Já era imortal por ser rico. Era o que pensava. Agora, pobre, precisava reverter essa punição.” Essas ideias são contraditórias. O que havia começado a poucos anos?

    Estrutura Narrativa (0 a 1,5) – Examino o fluxo do enredo, a clareza da introdução, desenvolvimento e conclusão, e se o ritmo é adequado: 0,75

    Acho que o conto também pode melhorar um pouco nesse aspecto. Algumas passagens são muito longas, como a descrição inicial da estrada e da cena de tiro na escola. A economia de palavras pode ajudar a focar nos pontos essenciais da trama, mantendo o limite de 3.000 palavras. A transição entre alguns atos, como por exemplo a infância de João e sua formação como matador poderia ser mais fluida, para dar maior impacto à transformação do personagem. Minha sugestão seria reescrever trechos excessivamente descritivos e diálogos expositivos para melhorar o fluxo.

    Impacto Emocional (0 a 1,5) – O quanto a história conseguiu me envolver emocionalmente, provocar reflexão ou cativar: 0

    Particularmente, não gostei deste conto. É um conto extremamente descritivo que, pelo menos para mim, focou muito mais em elementos acessórios do que a história em si. A leitura não fluiu.

    A sensação, ao fim e ao cabo, de confusão no conto permeou toda a leitura, deixando uma grande interrogação na minha testa. E não foi aquela dúvida “boa” típica em contos de suspense e mistérios; a história tem muitos detalhes, os quais não foram bem trabalhados (pelo menos para mim), enfraquecendo completamente o impacto da leitura.

    NOTA FINAL: 6,75 (como as regras do desafio não permitem notas com duas casas decimais, a nota será arredondada para 6,8)

  10. Jorge Santos
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá autor. Depois de ter lido o seu conto, fiquei com algumas ideias contraditórias. Normalmente aprecio a ficção científica, sobretudo quando joga com conceitos como no caso do seu conto, a imortalidade de uma sociedade dividida em classes. Esta segunda parte já é muito vista, até eu escrevi um texto sobre isso, os Alfas e Betas. Deu-me um orgulhoso penúltimo lugar, espero que o seu texto se porte melhor.

    Em termos de narrativa, achei-a bastante arrastada e penosa de ler. Em termos de ortografia, só encontrei alguns problemas de concordância, mas como sou português não vou tecer comentários sobre esse aspecto. Em termos de lógica narrativa, creio ter caído no famoso paradoxo das viagens temporais: se João mata a sua própria versão mais nova, não existe mais João no futuro. Logo ele não poderia voltar ao passado. É este tipo de confusão que encontrei no seu texto.

  11. Priscila Pereira
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Autor! Tudo bem?

    Gostei do seu conto, é uma história muito grande para o limite de palavras, então ficou meio espremida.

    Me lembrou dois contos do desafio passado, Ensaio sobre a morte e Alfas e betas. Uma mistura dos dois, mas não estou dizendo que vc copiou nem nada, mas que se inspirou, de um jeito bom. (fico até lisonjeada pela parte que me toca)

    O conto precisa de uma maior atenção na revisão e na lapidação. Dá pra deixar o conto mais fluido e de melhor entendimento.

    Gostei de você ter começado pelo final(sempre gosto desse recurso) o que dá a sensação de looping ao conto, e também gostei do fato de não ter deixado claro se ele conseguiu se matar ou não.

    O mote do conto é bem terrível, ser um escravo eterno da depravação e crueldade humana é inimaginável.

    A parte onde descobrimos que o prota não era rico ficou muito corrida e não dá pra entender direito o porque nem como, então, sem a barreira do limite, aconselho a prolongar e explicar melhor essa parte.

    É um conto que vale a pena o autor gastar mais tempo e energia na lapidação e na extensão para aproveitar uma ideia tão boa.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  12. Fabio Baptista
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    Um mix de premissas batidas, conveniências de roteiro e uma escrita pouco inspirada.

    A primeira parte está muito adjetivada, truncada. É uma cena que só vamos entender ao juntar as peças lá no final, mas a escrita não ajudou muito.

    O trecho da escola é o melhor do conto, onde as coisas fluem mais naturalmente, de um jeito aparentemente mais… humano. Nessa parte está talvez o único trecho que brilha no texto: “Pedro queria morango, Júlia, chocolate. João queria sair dali.”

    Depois vem aquela coisa toda sobre ricos e pobres, acesso à imortalidade e o que me fez torcer o nariz de vez, as tais caçadas humanas, tipo… OK, até acho que rolariam maldades do tipo, mas não levando a galera na escola para ensinar os ricos a pegarem gosto pela coisa. Imagina a logística disso…

    E ainda temos viagem no tempo, assassinato de si mesmo. Teve de tudo, só quase não teve porta… tava ali só pra cumprir tabela.

    RUIM

  13. Elisa Ribeiro
    8 de dezembro de 2024
    Avatar de Elisa Ribeiro

    Fiquei um pouco tonta lendo seu conto. Chama atenção na primeira parte, a inversão da ordem natural substantivo- adjetivo (moribundo rapaz, deplorável cena, ofuscantes luzes), depois passa. Sua narrativa é muita imagética, ficamos entretidos com a visualização das cenas que você propõe, ponto pra você. Agora te confesso que li duas vezes e saio da conto sem compreender bem o enredo que você narra.

  14. Mauro Dillmann
    8 de dezembro de 2024
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um homem, um menino, que vive num mundo em que prevalece a imortalidade humana. Na verdade, depois é revelado tratar-se de uma ‘poção’. O enredo ganha ares inventivos, deslumbrados, de imaginação juvenil.

    O texto é prolixo, explicativo. O narrador é chato…rsrs. Desculpa a sinceridade, minha avaliação enquanto leitor.

    Bastante adjetivado, cansa o leitor: “carro esportivo”, “calor trêmulo”, “freada brusca”, “olhar curioso”, “deplorável cena”. Se eliminar um pouco dos adjetivos, o leitor pode participar mais. Por exemplo: “o olhar curioso do motorista” poderia ser apenas “o olhar do motorista”.

    Um conto que não me prendeu.

  15. danielreis1973
    7 de dezembro de 2024
    Avatar de danielreis1973

    Além do Silêncio (Hugh Jazz)

    Prezado(a) autor(a):

    Para este certame, como os temas são bastante díspares, dificultando quaisquer comparações, vou concentrar mais minha avaliação em três aspectos, e restritos à MINHA PERCEPÇÃO durante a leitura: a) premissa; b) técnica; c) efeito. Mais do que crítica ou elogio, espero que minha opinião, minhas sensações como leitor, possam ajudá-lo a aprimorar a sua escrita e incentivá-lo a continuar.
    Obrigado e boa sorte no desafio!

    DR

    A) PREMISSA: primeiramente, sei que não faz parte do desafio, mas deixa eu falar uma coisa – o título do seu conto não entrega nada sobre o que ele é. E isso é ruim? Não necessariamente… mas, eu especificamente, espero como leitor ser recompensado com alguma coerência. E fiquei imaginando o por quê… Mas vamos à premissa, em si: uma história bem Black Mirror/Além da Imaginação, que parte do mundo convencional para o mundo extraordinário, passando pelo portal. Em si, o que me desconectou um pouco foi a quantidade de explicações que a história teve que dar para o fato dos ricos matarem os pobres, as regras dessa atitude, etc. Toda história de ficção científica passa por isso, mas aqui acho que ficou difícil entender/atender a todas as regras estipuladas pelo autor.

    B) TÉCNICA: a escrita é boa, ainda que varie bastante de tom entre os trechos, sendo mais Stephen King no começo, mais Arthur C. Clark na mudança de plano, e em alguns momentos os diálogos mais parecem formulados para explicar o contexto do que para que os personagens interajam.

    C) EFEITO: o efeito foi bem inconstante, com trechos bem interessantes e outros, mais densos, obrigando a mais de uma leitura para entender o universo proposto pelo autor. De qualquer forma, boa sorte no desafio!

  16. JP Felix da Costa
    30 de novembro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Conto distópico que, infelizmente, não me convenceu. As distopias têm de se alicerçar em conceitos verosímeis, algo que aqui me parece falhar. Para além de ser confuso, tem inconsistências. O começo é o fim, mas no começo termina com “Aos poucos, dava adeus à visão turva que pairava em seus olhos, sendo arrastado pela mesma estrada que por muito tempo tentou abandonar.” No final percebemos que este “por muito tempo” não faz sentido.

    Achei a história algo confusa e a escrita tem altos e baixos. Se calhar o número de palavras não era suficiente para montar este mundo distópico, mas parece-me que quem a escreveu foi traído pela vontade de transmitir uma ideia e esqueceu-se de dar importância aos detalhes que rodeiam a ideia, forçando, assim, uma história inverosímil.

  17. Kelly Hatanaka
    29 de novembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi Hugh.

    Num mundo distópico, os ricos não morrem, os pobres são usados como caça, numa vibe meio Bacurau, vivem atrás de portas (?) e existe máquina do tempo para ajudar a caçar os pobres que fogem.

    No começo, a linguagem mais rebuscada parece revelar os pensamentos de um homem mais velho. Porém, com o decorrer da leitura, descobrimos que João, às vésperas de sua formatura, volta no tempo para se matar antes de tomar o soro da eternidade. O personagem que morre no começo é João mais jovem. Ou seja, criança. Estranho.

    Igualmente estranha é a ideia de que as pessoas pobres e mortais vivem atrás de portas em qualquer lugar, dentro da sorveteria, da igreja, etc. Hã? Por quê? Só posso pensar em uma resposta: para encaixar o conto no tema Porta.

    Há algumas incoerências. João se diz obediente poucas linhas depois de ignorar um aviso de proibido entrar. Descobrem que João não era rico. Mas, como assim? Cadê os pais dele? Eles mentiram? Ué?

    Minha pitada de achismo: achei a história um bocado confusa, especialmente o final, do João matando o João do passado, o que, obviamente não solucionou nada, já que o João do futuro continuava vivinho e ia ser caçado do mesmo jeito.

    Gostei ou não gostei: não gostei muito, achei o enredo meio rocambolesco.

  18. Mariana
    25 de novembro de 2024
    Avatar de Mariana

    História – uma ficção científica, viagens no tempo e crítica social. Bem legal, admito que só boiei se a cultura viking tem relação ou o autor só gosta mesmo e resolveu dar um tema para o livro . Ah, tem a porta. 3.5/4

    Escrita – o texto me pegou, é fluído e bem escrito. O final não é ruim, mas pelo compasso da coisa esperava algo mais apoteótico. 4/5

    Imagem e título – adequados 1/1

  19. Marco Saraiva
    25 de novembro de 2024
    Avatar de Marco Saraiva

    Achei a história um pouco confusa. Há brecha para interpretar que João estava, o tempo todo, falsificando a própria riqueza para obter a imortalidade que apenas os ricos tinham. Mas ele era rico desde criança, cresceu em escola de rico, com pessoas ricas, passou por todo o processo de crescer rico, mas na hora de se formar, descobriu que não era rico, e os seus documentos eram falsos? Ou ele falsificava a sua vida inteira desde que era uma criança na escola primária, ou tem alguma coisa que não entendi na história.
    A porta na sorveteria ficou bem confusa para mim, também. O que havia atrás dela, uma máquina do tempo? O homem fala que havia uma porta daquelas em cada loja da cidade – ou seja, havia uma máquina do tempo em cada loja da cidade?
    E as pessoas se chamavam pelos números? Imagina só. Olá, eu sou o Setenta-e-três-bilhões-duzentos-e-trinta-milhões-duzentos-e-sessenta-e-sete-mil-e-cinco. Ou então, “olá eu sou o sete três dois três zero dois seis sete zero zero cinco”. Está certo que aqui, talvez , o uso destes nomes no mínimo incomuns pode ser ligado a uma espécie de caricatura da realidade, quase como um comentário cômico com tons de crítica.

    O que entendi (apesar de discordar) é a crítica à sociedade, onde os ricos vivem às custas dos pobres. A história mergulha bem neste aspecto, mas talvez vá fundo demais, por que chega uma hora que a coisa toda fica muito caricata. João, que não maltratava uma formiga, um menino inteligente e questionador, mata uma criança de cinco anos a sangue frio com apenas um mero segundo de hesitação, e daí torna-se um assassino inveterado como o resto da sociedade. É o tipo de cenário que, de tão afastado do bom-senso, ultrapassa o limite da suspensão de descrença.

    No quesito técnica, a sua escrita é boa, apesar de eu achar que o storytelling tenha sofrido um pouco. Enfim, um conto relativamente bem escrito, mas com uma história confusa, como toda história de viagem no tempo deve ser.

  20. Luis Guilherme Banzi Florido
    24 de novembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia, amigo(a) escritor(a) do(a) Encontrecontos, tudo bem?

    Primeiramente, parabéns por superar a nostalgia do desafio de trios e entrar no portal do novo certame! Boa sorte e bora pra sua avaliação:

    Tema escolhido: porta.

    Abordagem do tema: 80%. A porta até está ali, e tem papel significativo na história. Mas não me parece que a porta é o tema da história, sabe? Quero dizer, pra eu analizar isso eu me pergunto: essa história funcionaria sem porta? Se sim, então o tema não está 100%, se não, o tema é 100%. No seu caso, mesmo que a gente tirasse a porta da história, pouco coisa mudaria, sabe? Ainda assim, como ela tem um papel bem relevante, vou deixar no 80%, e não mais baixo.

    Comentários gerais: olha, você tem um conto cheio de potencial aqui, mas do jeito que está, infelizmente tá muito confuso e cheio de furos, o que atrapalha bastante a leitura. Vamos lá, por partes:

    Pra começar, a parte técnica tá bom e competente. O texto ta muito bem escrito, e praticamente nao possui erros de revisao, pontuação, gramatica, ortografia, etc. A leitura flui bem, e, exceto por algumas confusões narrativas, nao trava (no que diz respeito à tecnica). Voce parece alguem muito experiente na escrita.

    O problema principal aqui está na história em si, no enredo. O enredo é bastante estranho e confuso. Quero dizer, ok, voce nos coloca num mundo futurista em que, ao atingir 20 bilhoes de pessoas, os ricos criam uma formula da imortalidade e começam a matar pobres para diminuir a população, alem de uma forma de diversao e sadismo. Ok, essa mensagem nao é nova e funciona, é a mesma mensagem de “uma noite de crime”, por exemplo. Mas aqui, ficou um pouco explicita e escancarada demais, o que reduz o impacto. Alem disso, os furos no roteiro enfraquecem essa mensagem. Então os ricos são todos sadicos, sem excessão (incluindo um menino que não matava nem barata, mas de repente, sem nenhum motivo e nenhum desenvolvimento de personagem, mata uma criança a sangue frio). Quero dizer, não é comum isso. Uma criança não vira assassina a sangue frio assim, a nao ser que ela ja seja psicopata, o que representa uma porcentagem infima da população. No caso do protagonista, isso nao convence nem um pouco. Ele aceita tudo facilmente e vida que segue. A historia corre ate eles estar se formando na faculdade. E então a faculdade descobre que ele nasceu na classe dos pobres e o doc é falso. Oi? Não entendi nada. Como isso aconteceu? Quem enganou o governo? E como? Ele viveu como rico esse tempo todo, mas de onde saiu o dinheiro? MEsmo que ele tenha falsificado o doc, o dinheiro nao sai do nada. Alem disso, ele passou por varios niveis escolares. Como ninguem descobriu isso antes?

    Depois, ele simplesmente foge e chega na sorveteria, sendo que estava cercado pela policia. Como? E pra piorar, na sorveteria existe uma maquina do tempo? Como assim? Por que os pobres nao usam essa maquina, que é deixada do lado de la da porta, onde eles moram? Por que nao voltar 100 anos no tempo e mudam tudo?

    Enfim, nao vou listar cada incongruencia ate o final, mas quando ele entra na maquina do tempo, as coisas seguem no mesmo ritmo. E tudo fica ainda mais confuso, dificil de entender.

    Vou parar por aqui. Minha intenção não é destruiu o conto nem nada, só fui muito especifico nas incongruencias pra mostrar como o conto nao se sustenta. Porem, volto a dizer: o conto tem muito potencial. A escrita é boa e segura, e a ideia é interessante e abre muitas possibilidades. Mas pareceu que na hora de passa-la pro papel, voce se perdeu um pouco e nao planejou bem os acontecimentos.

    Sensação final: fui tomar um sorvete, na hora de ir no banheiro entre na porta errada, entrei na maquina do tempo e acabei perdido no tempo espaço, sem entender nada.

  21. Thiago Amaral Oliveira
    23 de novembro de 2024
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    E aí Hugh, tudo bem?

    Seu conto começa muito bem. O prólogo, com a morte de um cara na estrada, está cheio de expressões impactantes que fazem o leitor sentir a ação extrema que presencia. Alguns adjetivos sobram ali, mas é um começo bem forte.

    Infelizmente, o que se segue não é tão poderoso. A ideia desse mundo criado até poderia ser interessante, mas a execução deixa a desejar. Me parece não estar tão bem planejada. Para quem lê, as situações simplesmente estão ali, jogadas à conveniência do autor.

    Por exemplo, por que tantas máquinas do tempo espalhadas por aí? Por que uma na sorveteria? Uma coisa tão perigosa quanto uma máquina do tempo, e o sorveteiro vai contando pro protagonista porque ele não “larga o osso”? Parece tudo simples demais, inverossímil demais.

    O mais inverossímil para mim, no entanto, é a transformação de nosso protagonista em máquina de matar. Apenas porque ele não sabia dizer “não”, porque gostava da aprovação dos professores. Parecem motivos fracos. Uma maior exploração do impacto psicológico no personagem ajudaria a sentirmos sua jornada como algo mais real.

    Falando nisso, por que todas as pessoas se tornavm assassinos ao crescerem? Por que isso não era incentivado desde crianças, se era tão normal nessa sociedade? Me parece que algo tão extremo requer uma sociedade radicalmente diferente da que conhecemos, mas não é assim. Talvez a crítica seja justamente essa, que nossa sociedade é uma na qual os ricos aprendem a eliminar os pobres para manter vantagem. É um ponto válido, mas a defesa dessa perspectiva não está fortemente sustentada no texto. Do jeito que está, apenas sentimos que existem muitos furos na história.

    Melhor seria se pudéssemos ver conexões metafóricas entre nossa sociedade e a do autor, mas não é o que ocorre aqui.

    O final não foi muito impactante. Parece que algo está tentando ser mostrado com o livro no final. Mas não fica claro o que é. A última frase, também, é confusa quando tenta dar tom poético ao conto. Infelizmente.

    Sinto muito pelo feedback negativo, mas é minha opinião sincera e com intuito de lhe ajudar no seu aprimoramento. Espero que continue escrevendo no futuro, e que cresça bastante como autor.

    Obrigado pela participação.

  22. Gustavo Araujo
    18 de novembro de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    O conto me fez recordar do Alfas e Betas, do desafio passado, tanto da versão em trio como da versão solo, do Jorge Santos. Tanto lá como aqui temos uma realidade distópica, dividida entre duas categorias de seres humanos — os que têm acesso a tudo (inclusive a imortalidade) e os que a quem isso é negado, uma classe inferior, portanto.

    Tanto lá como aqui fica subentendida a crítica social que lega a uns um futuro promissor e a outros o eterno sofrimento. Não se chega a desaguar numa luta de classes, como lá, preferindo-se focar no drama do indivíduo, no caso, de João. Por isso ganha pontos comigo.

    A narração, contudo, me pareceu um tanto vacilante, com pontos inspirados (especialmente o parágrafo inicial) e outros nem tanto (como o terço final da história). Isso se explica pelo tom adolescente que a trama adota, mais focado na ação e na diversão do que nos mergulhos psicológicos que o assunto oferece. Claro que o autor tem todo o direito de fazer essa opção, mas eu, como leitor, me senti um pouco frustrado.

    Eu poderia falar do incômodo em relação ao desaparecimento de personagens interessantes surgidos no início do conto, mas o que realmente ficou difícil de comprar foi a ideia de que os ricos deveriam assassinar os pobres, como exercício de superioridade. Bem, talvez na prática seja isso mesmo o que ocorra, mas na história me pareceu um tanto forçado que João jamais tivesse antecipado a agonia que esse tipo de tarefa lhe traria, que nunca tivesse ouvido falar dela. E que nem o sujeito da sorveteria o tivesse alertado a respeito.

    O fecho, com ele tentando dar cabo se si mesmo ao voltar no tempo também me pareceu um pouco confuso. Mas estranhamente casou bem com o início, já que dá para ver as mesmas cenas sob outro ângulo. Isso ficou bom.

    De qualquer forma, é um conto que precisa de revisão. Há diversos errinhos aqui e ali, tanto de ortografia como de gramática. Não me incomodariam se fossem isolados, mas seu número elevado acabou travando um tanto a leitura.

    Em suma, é um conto divertido mas que padece de alguns furos, merecendo uma segunda versão.

    Parabéns ao autor e boa sorte no desafio.

  23. Antonio Stegues Batista
    17 de novembro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    O conto é a história de João numa sociedade onde há dois mundos paralelos, pobres mortais que são escravizados e caçados, e ricos com acesso a uma poção que lhes dá imortalidade. João falsifica seu registro de nascimento para dizer que é rico e poder ser imortal? Como assim se ele não sabia da existência dos pobres? Com a descoberta de que ele é pobre, policiais o perseguem, mas ele entra numa máquina do tempo e viaja ao passado para matar a si mesmo antes de se tornar imortal. Esse paradoxo é polêmico. O conto tem alguns pontos confusos, ou parece confuso, não sei se entendi direito. João, menino, persegue pobres, dirigi carro. Achei que algumas frases foram elaboradas com palavras que não se combinam e tem sentido duvidoso, ideias diferentes convergindo por um sentido paralelo, como uma metáfora dentro da metáfora. Por exemplo, na frase: “Em meio ao desespero, quando a fome e a sede convergiam em uma fúria insaciável, uma força primitiva de sobrevivência invadia seu espírito”. Além disso, pressupõe-se que todo ser humano tem dentro de si o seu lado primitivo, portanto, não vem de fora, mas emerge da sua essência onde está encerrado, mas no caso, pode invadir de dentro, lógico. Os elementos são os mesmos de outros contos que li, como Ensaio Sobre a Morte. Nada contra, é como uma fanfic, mas o problema é a estrutura frágil e meio confusa. Parabéns e boa sorte.

  24. vlaferrari
    14 de novembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    Particularmente, não gosto de embeber histórias que se edificam sobre a premissa de viagem no tempo, em “calda” de terror. Não sei. Desde “O Som de Trovão” de Ray Bradbury que sinto um certo entrave, como o fecho em uma porta. Voltando a sua história, achei-a um tanto confusa, apesar de compreender as idas e vindas. Exige muito do leitor e pode significar um descontentamento. A arte de escrever, por vezes, é tão prazerosa que nossas ideias ficam tão “personalizadas” e difíceis de transmitir. Se transformam em outra arte, ou uma arte sobre a outra. Uma é transformar em palavras o que se tem em mente e a outra é fazer essas palavras abrangentes o suficiente para passar as mesmas imagens que nossa mente criou, para a mente do leitor. É nesse ponto que achei um tanto confusa a narrativa e creio que talvez, a pressa foi inimiga da perfeição, já que esse conto veio na “avalanche” do fim do prazo. Parece que não houve tempo de “madurar” o suficiente para que a história brilhasse de acordo. Um senão: poderia ser a morte nº 126, do mês de novembro, por exemplo. Entendi estranho esse número contínuo (prerrogativa minha, claro). Achei a escrita de modo geral boa, apesar de “sentia a poeira se misturar ao sangue sendo jorrado de seu corpo” e outras cenas assim. Boa sorte no certame.

  25. Anderson Prado
    12 de novembro de 2024
    Avatar de Anderson Prado

    Além do silêncio

    Resumo:

    Em um futuro distópico, em que os ricos conquistaram a imortalidade, garoto se descobre pobre e acaba matando a si mesmo após viajar no tempo.

    Comentários:

    O tema é abordado de maneira insuficiente. Com efeito, há a uma porta, mas ela não protagoniza o conto e sua existência soa absurda – sem qualquer motivo justo, fica no interior de uma sorveteria.

    O enredo é disparatado e reúne diversas ideias já exploradas em outras obras de ficção: futuro em que os ricos conquistaram a imortalidade, viagem no tempo, caçada de seres humanos.

    O conto está mal revisado.

    Este conto pode ter sido escrito por um escritor competente, mas que, por algum motivo, não teve tempo de sair do rascunho. Neste caso, terá sido um tremendo vacilo.

    Mas este conto também pode ter sido escrito por um escritor pouco experiente. Nesse caso, incentivo a seguir escrevendo e lendo bastante. Você já está bem encaminhado, tem muito a crescer. Insista. Permaneça no espaço. E parabéns pelo conto.

Deixar mensagem para André Lima Cancelar resposta

Informação

Publicado às 10 de novembro de 2024 por em Nostalgia e marcado .