EntreContos

Detox Literário.

Não Desistas (Jorge Santos)

O velho sobe penosamente as escadas até à porta do igualmente velho apartamento. Manca da perna direita. A cada passo que dá, sente a dor que conhece há muito e que se torna especialmente irritante nas mudanças do tempo. Os comprimidos que a mitigariam permanecem dentro dos frascos, com o prazo expirado. Para ele, a dor é a sua única companheira, a única forma que tem de saber que continua vivo.

Abre a porta. Lembra-se de quando o fazia com ânsia de rever o sorriso de Paola. Agora, é só uma porta que chia de protesto e que fecha com estrondo. O prédio estremece. Os vizinhos reclamam.

Que se fodam os vizinhos, pensa.

O interior do apartamento é como ele, vazio de vida mas cheio de lixo e fedendo. O velho arrasta-se por um trilho de garrafas vazias e roupa suja. Por todo o lado existem livros que deixou de conseguir ler. De qualquer forma, também não tem vontade de os ler. Há muito que o mundo deixara de lhe interessar.

Deixa-se cair na poltrona de couro gasto. Estica a mão para a única garrafa com líquido que consegue agarrar. Abre-a e bebe de um trago. O whisky queima-lhe a garganta. É mais um gesto maquinal do que outra coisa: o álcool só consegue limpar feridas superficiais, não cura a ferida que lhe corrompe a alma.

O fantasma do rapaz aparece. O velho não estranha. Não tem medo dos espíritos, só a realidade o assusta.

Quem és tu?, pergunta.

Já tivemos esta conversa ontem, papá, diz-lhe o fantasma.

Não me lembro. E não tenho filhos.

Não desistas, diz-lhe o rapaz, segundos antes de desaparecer.

O velho abana a cabeça. Guardava muito pouco das conversas que tinha com o fantasma do rapaz. Assim que desaparecia, a memória desvanecia-se, ficando apenas o essencial.

Não desistas.

Muda de posição na poltrona. Grita pela súbita dor que sente na perna.

Não desistas.

Levanta o dedo e desenha um retângulo no ar. Os outros, se o vissem, chamá-lo-iam de louco. A ele, pouco importava o que o chamavam. Quem lhe importava já tinha morrido, por isso a dor era a sua única companhia. A dor e o seu fantasma ocasional.

Não desistas.

Derrotado, o velho suspirou e enterrou-se na poltrona. Sentia-se especialmente nostálgico. Tinha a vaga ideia de ser o aniversário do pai. Sentia falta deles.

A mãe, que vivera para o Presente, como todas as mães, enchia a casa de aromas e os dias de afetos vários. Desde que ela desaparecera que o agora velho deixara de sentir prazer em comer o que quer que fosse. O sabor dos assados da mãe estava-lhe gravado na alma e tudo o resto se tornara insípido.

Se a mãe vivera para o Presente, já o pai vivera no Passado. Costuma-se dizer isto no sentido figurado de uma pessoa saudosista, mas não era este o caso deste homem, único em todos os sentidos e que carregava consigo o segredo da família.

O velho devia ter cinco ou seis anos quando o seu pai o levou a ver os avós, há muito desaparecidos, através de um portal que abriu à sua frente. O então menino assistiu a tudo com um misto de espanto e incredulidade, e não escondeu a emoção de rever os entes queridos. 

O pai explicou-lhe então que os homens da família eram seres quadrimensionais, capazes de viajar para o passado. As mulheres da família teriam os seus poderes, ainda mais misteriosos, mas os homens tinham o poder de viajar para as suas recordações. Ocasionalmente, podiam até viajar para as recordações de quem tinham ligações afetivas.

O pai explicara-lhe tudo, mesmo os perigos que poderia correr dessa prática, mas o velho nunca o conseguira fazer, mesmo tendo tentado desesperadamente nas últimas décadas.

O que não daria para estar mais uma vez com Paola?

Tudo naquela casa estava na mesma desde que ela partira, há quase quarenta anos. A vida do velho entrara em pausa, como se fosse um filme no leitor de cassetes VHS onde passava as gravações antigas que mostravam uma Paola sorridente. Ao lado dela, era impossível ser-se infeliz.

Agora que se sentia doente e sem forças, tinha apenas um fantasma a dar-lhe alento.

Levantou-se lentamente, a face desfigurada por um esgar de dor. Olhou pela janela. A cidade transformara-se num monstro de violência, povoado por pessoas que se tinham transformado em poços de futilidade.

Hello darkness, my old friend…, cantou o velho, numa voz transformada num ténue sopro. Faltava-lhe Paola, com quem costumava cantar em dueto, naquela mesma sala. Calou-se e deixou-se inundar pelo silêncio, só quebrado pela música dos vizinhos, se se podia chamar de música àquela merda que ouviam o dia todo.

Concentrou-se numa recordação. Sabia exatamente o dia e a hora.

O pai dera-lhe todas as dicas.

Não penses em ir. Imagina que já estás lá.

Sim, kemosabe. Mais simples dizer do que fazer. O velho imaginou que estava no momento que escolhera, naquela mesma sala. Uma noite na vida de duas pessoas. 

Sentiu-se anormalmente quente. Com o dedo indicador desenhou lentamente um retângulo no ar, do tamanho de uma porta. O dedo deixava um rasto de luz, infinitamente mais fraco do que os portais que o pai costumava abrir e o deixavam louco de inveja. Terminada a tarefa, sentiu-se orgulhoso da sua obra, mesmo sendo o portal mais torto que alguma vez vira, com uma relativa parecença fálica. 

Sem perder tempo, entrou pelo portal. Viu-se naquela mesma sala, completamente arrumada. A um canto, uma mulher jovem, grávida, falava animadamente ao telefone. O coração do velho começou a bater descontroladamente. Sentia-se cada vez mais fraco. Ela não dera pela sua presença. A um canto da sala estava montada a árvore de natal que nunca mais saíra da caixa.

O Gonçalo foi buscar o carro. Sempre vamos ao concerto. Sim, eu sei que está mau tempo, mãe. É uma viagem curta, não vai acontecer nada.

Mentira, pensou o velho. Vai ser uma viagem demasiado longa, e, depois, o vazio vai tomar conta das nossas vidas.

Paola desligou. Quando se virou viu o velho e assustou-se.

Sou eu, Paola. O Gonçalo.

O que é isto, uma brincadeira, Gonçalo? O carnaval já passou. Temos de ir.

A facilidade com que Paola o aceitou, mostrou ao velho a força da mulher que amara e perdera demasiado cedo. Não havia tempo para explicações. O passado era imutável. O pai explicara-lhe tudo. Sabia das implicações daquilo que tinha em mente. 

Não desistas, dissera-lhe o seu fantasma pessoal. As peças do puzzle encaixavam-se agora. O que era o sacrifício de uma vida vazia para a felicidade de duas pessoas?

Pegou na mão de Paola, que lhe sorriu de uma forma quase infantil. Um sorriso que lhe encheu a alma e lhe deu força para dar o passo seguinte: puxou com mais força a mão dela. E à medida que ela vinha na sua direção, uma segunda Paola separava-se da Paola original num rasto de luz. Quando terminou, a nova Paola olhava para a Paola original com incredulidade.

Exausto, o velho não largou a mão dela e puxou-a para o portal, que não era mais do que um fio de luz, prestes a fechar-se. Assim que se fechasse, a Paola original iria perder a memória do que tinha acontecido. Tal como o velho perdia a memória das conversas que tinha com o fantasma. O passado era imutável.  

Atravessaram o portal no último instante. O fio de luz desvaneceu-se de seguida. Vendo-se na sala cheia de garrafas e fedendo a lixo, a cópia da Paola explodiu.

O que é que aconteceu? Podes explicar-me, Gonçalo?

O velho deixou-se cair na poltrona. Estava física e espiritualmente esgotado.

Nunca chegámos ao concerto, Paola. Batemos de frente contra um carro que se despistou por causa do mau tempo. Eu fiquei com fraturas múltiplas. Tu e o nosso filho…

Perturbada pela notícia, Paola, olhou pela janela. As mudanças de quarenta anos tinham deixado a cidade quase irreconhecível. O velho apontou para a mesa, onde estava um diário. Ela aproximou-se.  Ao abrir a capa leu “Memórias de um ser quadrimensional”. Tinha sido escrito pelo pai do velho. Paola não teve dificuldade em perceber o que tinha acontecido. Gonçalo sempre tinha sido um homem cheio de segredos, e essa tinha sido uma das razões que a tinham levado a apaixonar-se por ele. Só se deu conta do sacrifício de Gonçalo, quando lhe ouviu o último suspiro.

Quando se virou para o marido, viu a expressão de paz no seu rosto. Não estavam sós. Um rapaz de rosto entristecido pegava na mão de Gonçalo. Acenou para Paola, ainda com uma lágrima a escorrer-lhe pela cara, e desapareceu através de um pequeno portal de luz quase ofuscante.

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27 comentários em “Não Desistas (Jorge Santos)

  1. Felipe Lomar
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Felipe Lomar

    olá,

    o conto é bem escrito, tem uma história meio fantástica interessante. Mas poderia contar mais sobre esse mundo e sobre o protagonista. Cabe espaço para aumentar esse universo. Deixa o leitor querendo mais. O final também não empolgou muito, poderia ter mais impacto.

    boa sorte.

  2. Pedro Paulo
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Um texto curto que, apesar desse tamanho, alonga-se em seu começo, esmiuçando em demasia a sensação de melancolia do luto de Gonçalo, para tornar-se interessante mais próximo ao final. Nesse ponto o texto consegue ser catártico, mas em um ponto no qual a leitura já vinha um pouco cansativa pelo aspecto repetitivo com o qual quis nos passar o estado emocional do personagem. Algumas referências também me pareceram aleatórias, como o verso clássico de “hello darkness my old friend”, algo piegas em um momento no qual os parágrafos anteriores já tinham incutido esse sentimento melancólico em quem lê. Tive o ímpeto de dizer que “já entendi!”. Por isso, e considerando que a escrita é madura e casa bem com o tom almejado pela autoria, a surpresa de uma abordagem puxada à ficção científica me fez pensar que um cuidado maior ao equilibrar o desenvolvimento da história entre a sua introdução e desfecho teria dado um texto esplêndido, trabalhando melhor o clichê do enlutado irredimível que faz o último sacrifício pela única vida que lhe importa. 

    P.S.: No meu segundo desafio do EntreContos, escrevi um texto similar para o tema “superpoderes”, chamado “Última Ilusão”. Resultou na minha primeira publicação, pela antologia do EC!

  3. Victor Viegas
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Gonçalo! 

    A primeira frase me causou certa estranheza, fiquei pensando se realmente a crase era necessária e, depois de muitas pesquisas e uma ajudinha do Google, percebi que a escrita está em português europeu, o que me permite ter um leque menor de possibilidades para chutar a autoria rs. Foi uma experiência interessante, ainda mais para mim que estou começando a explorar o mundo pantanoso do EntreContos. Sempre que via alguma “passagem estranha”, me perguntava se era erro gramatical ou apenas a minha completa ignorância com o português e, após ler a última linha deste conto, confirmo que saio dessa experiência como um total ignorante, nenhuma dúvida a respeito disso rs.

    Agora sem enrolação, vamos para o texto. O conto inicia com uma pegada um pouco mais lenta, escrevendo bastante detalhes, explorando a dor física do personagem como a perna direita mancando e a alteração dessa dor com a mudança da temperatura, algo que é muito palpável e pode causar certa identificação com o leitor, pois sabemos exatamente o que ele está passando. Esse primeiro parágrafo foi um grande acerto, na minha opinião. Excelente começo, meu rapaz.

    Gostaria que o parágrafo posterior seguisse esse mesmo ritmo, mas, aparentemente, houve uma alteração e a apresentação da Paola acabou sendo muito abrupta e em poucas linhas. Antes você estava alimentando a minha imaginação aos poucos, deixando visualizar o ambiente em que o personagem está inserido e no momento seguinte colocou uma nova informação sem muita explicação naquele mesmo parágrafo e me pareceu um pouco desconexo. Além disso, não querendo tirar o mérito do texto que realmente tem muitas qualidades, acredito que a abertura da porta possa não ser a melhor ação para trazer esse sentimento de nostalgia. Talvez um vestido jogado em um cômodo, um restaurante que os dois costumavam frequentar ou até mesmo a chegada de uma data importante seriam momentos mais especiais que a corriqueira, e até mesmo banal, abertura da porta. Entendo que seria uma forma de juntar os dois temas do desafio, mas o conto perdeu um pouco da inspiração de ter um gancho para um desenvolvimento ainda mais significativo e o leitor acabou não conhecendo muito como são esses personagens.

    “Que se fodam os vizinhos”, esse trecho, assim como a descrição do velhinho ranzinza me fez lembrar do filme “Up! Altas Aventuras” e, involuntariamente me trouxe um sentimento de nostalgia que, eu sei, não era o foco do conto. Mas achei esse palavrão tão fofinho rs. Agradeço porque é um dos meus filmes preferidos.

    Nos parágrafos seguintes, você volta a ter esse ritmo mais devagar e rico em detalhes, porém não apresenta a Paola. Tadinha, ela ficou presa no começo da história e, mesmo depois de muitos parágrafos, a personagem ainda não foi retomada. Cadê a Paola, Gonçalo? Cadê ela? Hein! Também nesses trechos, próximos da cena do encontro com o fantasma, umas frases me deixaram um pouco desconfortável, não que estejam ruins, mas faltou um complemento que pudessem sair do clichê. Frases como “O interior do apartamento é como ele, vazio de vida mas cheio de lixo e fedendo”, “o álcool só consegue limpar feridas superficiais, não cura a ferida que lhe corrompe a alma” e “Não tem medo dos espíritos, só a realidade o assusta” ficaram bonitas, realmente, mas para a sequência de um conto, estão completamente soltas. 

    Agora falando especificamente do encontro com o fantasma, algumas coisas me incomodaram, parece que eu estou sendo muito crítico mas juro que o texto está bem escrito. A repetição de “o fantasma do rapaz” poderia ser substituída por algum sinônimo. Em uma sequência curta de diálogos, não há necessidade de fazer referência a quem está falando o tempo todo, por isso não precisaria das frases “diz-lhe o fantasma” e “diz-lhe o rapaz”, também destaco essa repetição do “diz-lhe”, procure outros termos para não usar essas palavras com tanta proximidade.

    Acredito que a conversa com o fantasma poderia ter sido mais aproveitada, pois é a primeira vez que o leitor tem contato com outro personagem. Essa breve interação ficou muito curta e superficial e quando fala “não desistas” eu me pergunto “não desistas do que, senhor amado?”. O autor não deu pistas suficientes sobre o que está acontecendo e eu repito, a Paola não foi devidamente apresentada na história. Entendo que talvez o autor queira narrar com alguns elementos desconexos para o leitor montar o quebra-cabeça, mas se essa for a intenção, deveria colocar mais pistas para guiar o pensamento, o que não está acontecendo. Admito que minha inteligência é discreta e a interpretação deficitária, mas eu realmente não entendi o sentido dessa frase “Levanta o dedo e desenha um retângulo no ar” e qual a contribuição para o texto. Mas, depois de muito percorrer o conto, percebo a função desse “retângulo”. Essas respostas deveriam estar logo na apresentação do novo elemento.

    Faltou explicação em “Sentia-se especialmente nostálgico”, como assim nostálgico? Sobre qual assunto? Paola? O “não desistas” foi o suficiente para fazer o velhinho ranzinza lembrar da amada (acredito que seja a esposa dele, mas até o momento não tenho nenhuma pista)? Está tudo muito rápido e está fugindo de uma sequência lógica, essa tem sido a minha percepção. E como se três personagens não fossem o suficiente, meu querido Gonçalo, você traz mais dois: os pais. Não tenho problema com a frase “Tinha a vaga ideia de ser o aniversário do pai. Sentia falta deles”, mas é a mesma questão com a Paola, a de eu não conseguir entender o desenvolvimento com a entrada desses personagens. Pareceu que o autor perdeu um pouco do foco para uma história que deve ter até 3.000 palavras.

    “como todas as mães”, talvez eu esteja sendo chato demais, mas eu não sou fã de generalismos. 

    “enchia a casa de aromas e os dias de afetos vários”, se o começo está bem escrito, com detalhes, o restante do conto se mostra apressado, com frases vazias que não transmitem uma imagem clara ao leitor. Procure explorar esses aromas e o que passa para os personagens, e como são esses afetos. Coloque esses mesmos detalhes que estavam no começo.

    Realmente, eu não consigo entender as cenas seguintes. Desculpe. “Deixara de sentir prazer em comer o que quer que fosse”, está muito ampla e vazia, assim como “tudo o resto se tornara insípido”, dê um exemplo e brevemente justifique para que o texto tenha mais significado. Não precisa escrever algo prolixo, mas algo que deixe a história única.

    Cuidado com o excesso do termo “viajar” no parágrafo que o pai explica os poderes dos homens. Pesquise os sinônimos, Gonçalo, pesquise os sinônimos!

    Hello darkness, my old friend…, cantou o velho”, essa parte além de inverossímil, me fez rir. Desculpa, mas nunca um idoso que, presumo eu, tenha mais de 75 anos iria cantar uma música em inglês de uma moda de Tik Tok. Não existe. Talvez um Elvis Presley com “Always on my mind” seria mais apropriado. Entendo que a música “The Sound of Silence” foi lançada originalmente na década de 60, porém o alcance foi limitado para países lusófonos e recentemente viralizou em redes sociais por meio de memes. Essa coincidência deixaria essa passagem inverossímil ao avaliar toda a capacidade motora e até mesmo o interesse do idoso ao compreender a rede social. Não devemos esquecer que, possivelmente, estamos lidando com uma depressão geriátrica, o que torna tudo isso ainda mais impossível. A referência de letra deveria ser em uma memória afetiva da esposa, não em algo que possa estar relacionado com a situação atual do personagem como em “olá escuridão, minha velha amiga…”.

    “se podia chamar de música àquela merda que ouviam o dia todo”, o texto tem variado de tom com certa frequência, desde o “que se fodam os vizinhos” até o “eu não tenho filhos”, as resposta têm sido distintas. Ele é ranzinza? Responde normalmente? Pela braveza podemos associar a um quadro demencial? Porém ele respondeu normalmente a um estímulo inicialmente estranho, como o encontro do fantasma. Isso acaba confundindo o leitor sobre a personalidade do velhinho e do narrador. Tome cuidado. Procure uma mesma abordagem nas interações, sejam elas diretas por meio de diálogos ou indiretas com as descrições. Se é ranzinza, seja assim nas respostas. Xingue esse fantasma cretino. Se responde normalmente, continue.

    “Concentrou-se numa recordação. Sabia exatamente o dia e a hora”, agora sim, no final do texto vou descobrir o porquê a Paola é tão importante. Isso deveria estar logo nas primeiras linhas.

    “com uma relativa parecença fálica”, desculpa, mas qual é a função dessa frase? Ela destoou de tudo o que foi escrito. Agora o texto está com teor humorístico? Antes era poético, em outros momentos com linguajar explícito. Essas discrepâncias têm deixado a narrativa sem personalidade. Não há problema em colocar isso, mas é preciso contribuir para a unidade da história como um todo. Faltou preparar o leitor.

    “A um canto, uma mulher…  A um canto da sala”, nos próximos textos, procure evitar essas repetições.

    “puxou-a para o portal, que não era mais do que um fio de luz, prestes a fechar-se”, o portal diminui? Rapaz, essas informações estão muito corridas.

    “Tal como o velho perdia a memória das conversas que tinha com o fantasma”, calma, na cena do encontro com o suposto filho, você descreve dessa forma “Guardava muito pouco das conversas que tinha com o fantasma do rapaz”. Afinal, o velhinho guarda pouco ou perde a memória? Essa parte bugou a minha cabeça.

    “Tu e o nosso filho…” ele tem filho? Não tem? Não reconheceu o fantasma? Reconheceu, mas não quis falar nada? O que está acontecendo?

    De um modo geral, é uma história que tem bastante potencial, mas no final eu fiquei pensando, quem é Paola? Quem é o filho? Quem são os pais? Muita coisa me parece corrida, superficial e um tanto confusa, pelo menos na minha opinião. Acredito que você trouxe muitos personagens, mas sem aquele desenvolvimento que arrematasse o leitor. É uma boa leitura, não nego, mas eu fiquei sem conhecer os personagens. Gostaria muito de ler outros textos seus. Desejo tudo de bom e boa sorte no concurso!

  4. Thais Lemes Pereira
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Thais Lemes Pereira

    Tem algumas frases que me incomodaram bastante ao ler o conto. Tipo: “deixou de conseguir ler. De qualquer forma, também não tem vontade de os ler. “

    Eu estava gostando do conto, mas acho que faltou mais explicações sobre a viagem no tempo. Não me incomodou os homens da família serem capazes de voltar no tempo, mas quando ele faz, gera uma anorme confusão no conto.

    Por exemplo nessa passagem: “E à medida que ela vinha na sua direção, uma segunda Paola separava-se da Paola original num rasto de luz. Quando terminou, a nova Paola olhava para a Paola original com incredulidade”. Por quê? O que houve aqui? Viagens no tempo não separam pessoas em duas…

    Outra coisa é que não ficou claro para mim se o fantasma era o filho dele, ou um viajante no tempo, que nesse último caso não poderia ser o filho dele, já que no passado o filho dele não nasceu.

    Outra pergunta que me fiz: ele já havia visitado a Paola no passado alguma outra vez? Afinal, ele podia viajar no tempo, por que só fez agora?

    Não sei quantas palavras temos aqui, mas acho que faltou desenvolver melhor essa ideia de viagem no tempo.

  5. leandrobarreiros
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    Um conto compacto e efetivo, embora o impacto não seja dos maiores.

    Como toda história de viagem no tempo fica difícil de amarrar as pontas de paradoxo temporal (como o filho aparecia antes dele salvar a esposa), mas isso sinceramente não importa muito.

    Minha distância não se deu pelo paradoxo, ou mesmo por conta da prosa, que é bastante compentente, tão poucou pela história que é bastante criativa. O problema geral para mim foi o pouco tempo que passei com Gonçalo. Por não conhecê-lo tão bem não consegui me conectar a ele e o impacto emocional pelo seu sacrifício simplesmente não veio.

    Eu sinto que o autor poderia ter investido mais algumas centenas de palavras para evitar isso. Embora, claro, seja perfeitamente normal criar uma história mais focada nos eventos. É só que se o golpe final vai se dar pela empatia, acho meio arriscado abrir mão de ancorar o leitor ao personagem.

  6. André Lima
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de André Lima

    Que conto! Eu adorei todos os elementos aqui descritos, mas só fui verdadeiramente apreciar após uma segunda leitura. É muito criativo e bem escrito. Toda a atmosfera criada é avassaladora e nos carrega do início ao fim. O final é a cereja do bolo.

    A técnica é impecável (Há alguns pequenos erros de revisão, algumas crases mal colocadas, mas nada que comprometa o conto) e o texto tem exatamente o tamanho que deveria ter, nem mais, nem menos. O drama comovente é belissimamente construído de palavra em palavra.

    Sinceramente, não tenho coisas negativas a dizer desta história. É o bom exemplo de como uma ótima ideia pode ser executada de maneira precisa, sem firulas e exageros.

    Parabéns ao autor ou autora!

  7. Thiago Amaral Oliveira
    12 de dezembro de 2024
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    Gonçalo, tudo bem?

    Seu conto começa com o protagonista rabugento e deprimido, como outro aqui no desafio. A princípio, pensamos que será uma história puramente drama, e somos surpreendidos por superpoderes, do nada! Sim, você havia mencionado a criação do portal antes, mas o leitor apenas estranha e ignora o fato.

    Acho que essa combinação entre fantasia e drama foi interessante. Eu particularmente gosto da mistura de gêneros. No entanto, a explicação dos poderes foi confusa para mim no começo. Não desceu redondo. Tive que reler algumas vezes até entender a mudança, que foi escrita de forma blasé, como um fato corriqueiro.

    Além dessa surpresa quanto ao gênero, há surpresa quanto à moral e significado da história. Pensamos que se trata de uma história onde o personagem aprende a aceitar sua condição e a realidade da morte, quando é justamente o contrário! Ele aprende a não desistir de impedir a morte! Não é uma lição errada, mas como leitor, sinto que o conto abandonou uma reflexão mais profunda para alcançar uma resolução feliz. No fim, há espaço para todas as morais da história, mas fiquei com a sensação de que faltou algo.

    O resgate de Paola também me pareceu um pouco fácil, deixando o clímax leve e, por isso, pouco emocionante.

    De qualquer forma, gostei da ousadia e da mistura de estilos. Obrigado pela participação, e boa sorte no desafio.

  8. Fabiano Dexter
    12 de dezembro de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Um conto interessante e diferente, com altos e baixos durante o seu desenvolvimento e que, ao final, entrega uma boa experiência.

    Seu início me deixou com uma expectativa baixa, o que foi bom pois o decorrer do conto mostrou uma boa história, ainda que lenta em alguns momentos, sem prejuízos.

    O texto ficou um pouco confuso e, em certos momentos, a escolha das palavras não foi ideal, como quando ele traz Paola para o seu presente e relata que ela “explodiu”. Como estamos falando de viagem no tempo e portais para mim isso tinha sido literal e o protagonista teria um trabalho daqueles de faxina para fazer.

    Como um todo eu gostei bastante da história. Trabalhar com viagens no tempo não é fácil e o autor (autora) o fez muito bem.

  9. danielreis1973
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de danielreis1973

    Não Desistas (Gonçalo)

    Prezado(a) autor(a):

    Para este certame, como os temas são bastante díspares, dificultando quaisquer comparações, vou concentrar mais minha avaliação em três aspectos, e restritos à MINHA PERCEPÇÃO durante a leitura: a) premissa; b) técnica; c) efeito. Mais do que crítica ou elogio, espero que minha opinião, minhas sensações como leitor, possam ajudá-lo a aprimorar a sua escrita e incentivá-lo a continuar.
    Obrigado e boa sorte no desafio!

    DR

    A) PREMISSA: uma história sobre um homem atormentado, já velho, que revive seus fantasmas e o acidente que teve com a esposa Paola a o filho, sendo que ele está sujeito à natureza quadridimensional (!) e sua maldição, ao abrir o portal e reviver o passado.

    B) TÉCNICA: o conto começa tenso, angustiante, e depois fica confuso, com o mundo fantástico “implantado” na história, e o autor tendo que se explicar bastante. Tá certo, colocou o portal, colocou nostalgia (inclusive VHS), mas o resultado final ficou um pouco frouxo, parecendo improvisado.

    C) EFEITO: o efeito, conforme acima, me deu impressão daquelas peças de teatro em que o diretor joga os personagens em cena e grita “interajam!”. Daí eles fazem o que quiserem, dizem o que acham que precisa e o público, sem entender, só aplaude. Mas eu não. Sinto muito, boa sorte no desafio!

  10. MARIANA CAROLO SENANDES
    4 de dezembro de 2024
    Avatar de MARIANA CAROLO SENANDES

    História – Um homem lembra da mulher que morreu em um acidente. Ele vêm de uma família na qual homens viajam para o passado. Entra no tema nostalgia – 2,5/4

    Escrita – Acredito que não precisava repetir e enfatizar o quanto ele estava triste, depressivo (cantar hello darkness, por exemplo). O leitor já havia entendido no começo. Contudo, a parte do filho e do jovem viajante ficou confusa. Era ele ou ou o filho? – 3,5 /5

    Título e imagem – Adequados 1/1

  11. Elisa Ribeiro
    26 de novembro de 2024
    Avatar de Elisa Ribeiro

    Com um portal e muita nostalgia, seu conto tem total adequação ao tema. Com relação a narrativa, há um momento de flashback no seu texto (O velho devia ter 5 ou 6 anos…) que me causou uma desconexão imediata. Felizmente durou pouco. Outro problema foi certa aceleração no final, como uma grande concentração de informação e tal. A história é mirabolante, ok, questão de estilo e testemunho de criatividade. O que importa é que está bem amarrada. Texto bem revisado.

  12. Fabio Baptista
    26 de novembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    Eu estava gostando mais do conto até entrar parte fantástica dos seres quadrimensionais. Não que tenha ficado ruim, a ideia é bem interessante, mas em um conto tão curto não deixa de parecer algo corrido. Acabei lendo e relendo, mas não percebi muito bem o que houve no final, qual foi o sacrifício de Gonçalo… salvou o filho? Qual foi a participação do avô?

    Provavelmente as pistas e respostas estão claras para o autor (ou talvez a intenção tenha sido deixar o mistério mesmo), mas para mim ficou um pouco obscuro esse desenrolar da trama.

    Dentro do tema e com uma escrita excelente. Eu só tiraria esse “com uma relativa parecença fálica” que destoou da seriedade do conto.

    BOM

  13. Mauro Dillmann
    23 de novembro de 2024
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um conto que conjuga portal e nostalgia, num misto de narrativa do ‘real’ e do ‘fantástico’.

    O ‘portal’ surge de repente e a trama dá uma virada.

    Desse modo, o início e o fim parecem diversos, como se desencontrados.

    A opção pela descrição dos sentimentos (exemplo: ‘rosto entristecido’) também fragiliza um pouco. No lugar de descrever o sentimento, poderia colocar uma cena ou algum subentendido.

    “O interior do apartamento é como ele, vazio de vida mas cheio de lixo e fedendo” [Veja, o gerúndio está deslocado. Seria “cheio de lixo e fedor”?]

    Existem repetições: “A mãe, que vivera para o Presente”, depois diz, “Se a mãe vivera para o Presente”.

    “era impossível ser-se infeliz” [O que seria ‘ser-se’?]

    anormalmente e lentamente… dois advérbios próximos, soou mal. O mesmo acontece com ‘animadamente’  e ‘descontroladamente’.

    ‘chegámos’, assim com acento?

    Acho que faltou revisão.

  14. Gustavo Araujo
    20 de novembro de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    A qualidade deste conto é a manipulação das expectativas do leitor. Isso porque num primeiro momento a impressão que se tem é de (mais uma) história de um homem velho que passa os dias a ruminar o passado, com a presença de um fantasma em meio a sua casa também decrépita.

    Aí vem a surpresa, um plot twist muito bem costurado: o velho homem descende de uma linhagem que dominou a arte de viajar no tempo e que pode, assim, regressar aos momentos mais marcantes de sua vida, inclusive àqueles de grande valor afetivo.

    Ao ouvir o fantasma (que depois saberemos tratar-se de seu filho) dizer “não desistas”, ele resolve retornar ao episódio mais dramático de sua existência — a morte da esposa, quarenta anos antes. E eis que ele consegue resgatá-la de seu trágico destino, trazendo-a para o presente, mesmo que isso signifique seu próprio sacrifício.

    A trama é interessante, mas desenvolve-se de modo muito acelerado depois que Gonçalo retorna para a noite fatídica. Tudo se desenrola facilmente, num átimo, desde o convencimento da mulher até as explicações finais, acerca da perda de memória de quem ficaria para trás.

    Creio que a história de Gonçalo e Paola poderia ser mais bem desenvolvida, até para facilitar a identificação do leitor para com eles. Seria, ademais, uma maneira de gerar conexão, fazer com que nos afeiçoássemos a eles. Curto como está não há tempo de se criar essa afinidade. No fim, entendemos o drama do homem, mas não nos importamos muito se ele vai ou não conseguir mudar o destino.

    Claro, a curiosidade quanto a isso está lá e, no fim, basta para prender o leitor ao enredo, mas a ausência de empatia com os personagens acaba tornando o que poderia ser uma excelente história em um texto de simples entretenimento.

    De qualquer forma, parabenizo o autor e desejo boa sorte no desafio.

  15. Priscila Pereira
    19 de novembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, autor! Tudo bem?

    Gostei bastante do seu conto, história curta mas sem nenhuma ponta solta! Escrito de forma correta, segura e clara.

    Na segunda leitura que percebi que o “fantasma” do filho era o filho que viajava no tempo para incentivar o pai a fazer o que precisava ser feito para que ele existisse.

    Gostei da forma como abordou os dois temas, achei que combinou demais! O conto é muito bom de ler e tem camadas de profundidade, que em uma leitura menos atenta se perde.

    O conto tem uma aura desesperançosa que se mantém até o fim, mesmo que o protagonista tenha salvado a esposa e filho, ele não conseguiu ser feliz, não viveu realmente desde que a perdeu, e não conseguiu viver depois que a recuperou. Fiquei pensando nela, no que ela sentiu, no luto que viveu, mas não podia dar-se ao luxo de fazer como ele, ela teria que se recuperar querendo ou não, pois tinha um filho pra criar. Talvez o poder das mulheres da família (como o de todas as mulheres) seja a resiliência.

    Parabéns!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  16. Kelly Hatanaka
    18 de novembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá Gonçalo.

    Uma história muito interessante e que conta com um elemento fantástico. Gonçalo sofre uma perda imensa e tenta repará-la voltando ao passado. Por fim, consegue, a custo de sacrifício. Fico pensando no que terá permitido que Gonçalo finalmente tivesse sucesso em abrir o portal. Afinal, ele deve ter tentado incessantemente, sem sucesso. Fiquei também pensando no que teria sucedido à Paola original. Morreu quando um pedaço dela foi para outro tempo?

    Estes meus questionamentos vieram de uma sensação de que a história, por vezes, correu um pouco e que alguns elementos poderiam ter sido melhor mostrados. Especialmente por esta leitura ter sido tão agradável.

    Gonçalo é um velho sofrido, solitário e triste, cujas alegrias ficaram todas no passado. Sabe que pode abrir um portal para o passado e desfazer a tragédia de sua vida, mas não consegue.

    Paola é a amada de Gonçalo, que esperava um filho seu quando morreu em um acidente. Gonçalo fala muito sobre ela, mas a vemos pouco. O que sabemos sobre ela vem das reminiscências apaixonadas de Gonçalo, o que faz supor um grande bocado de idealização.

    O Fantasma é um visitante de outro tempo que impele Gonçalo a continuar tentando abrir o portal. De cara, fica claro que é o filho de Gonçalo, afinal, teria que ser alguém de sua linhagem e que tivesse vindo depois dele, com conhecimento do futuro. Se, por um lado o mistério foi resolvido cedo, por outro, isso não atrapalhou a boa história.

    Um conto muito bom, bem escrito, interessante, com um final bonito. Um tiquinho piegas? Talvez. Mas quem não gosta de uma pitada de pieguice morreu por dentro.

    Minha pitada de achismo: seria bom se houvesse algo específico que justificasse o sucesso da última tentativa de Gonçalo. A situação ficou meio aleatória. Ele tentou inúmeras vezes, sem sucesso e, por fim, sem mais nem menos, conseguiu.

    Gostei ou não gostei: gostei. Uma boa história de viagem no tempo sempre me ganha.

  17. claudiaangst
    12 de novembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ DITO ◊ para avaliação de cada conto.

    ◊ Título = NÃO DESISTAS – Lembrou frase motivacional de livro de autoajuda. Por que não?

    ◊ Adequação ao Tema = Temas propostos abordados com sucesso.

    ◊ Desenvolvimento = O enredo se desenvolve com fluidez, não apresentando entraves que dificultem o entendimento. O autor prima pela clareza na abordagem do tema nostalgia e acrescenta um quê de FC ao trazer o tema Portal.

    ◊ Índice de Coerência = Não encontrei pontos incoerentes na trama construída. Tudo converge ao entendimento imediato, sem prejuízo da história contada.

    ◊ Técnica e Revisão = Pequenas falhas de revisão, mas deve-se levar em conta que se trata de um texto com sotaque lusitano. Algumas regras ortográficas de países lusófonos podem divergir entre si.

    […] até à porta = […] até já é uma preposição, portanto o uso de crase é dispensável.
    […] é como ele, vazio de vida mas cheio > […] é como ele, vazio de vida, mas
    […] pouco importava o que o chamavam. > […] pouco importava do que o chamavam.
    […] era impossível ser-se infeliz > […] era impossível ser infeliz
    Nunca chegámos > Nunca chegamos (mas acho que em Portugal, o acento é correto)
    • Repetição do verbo TER muito próxima: Gonçalo sempre tinha sido um homem cheio de segredos, e essa tinha sido uma das razões que a tinham levado a apaixonar-se por ele.

    ◊ O que ficou = Embora a narrativa não apresente grandes surpresas, nem originalidade ímpar, conseguiu satisfazer como agradável entretenimento, pelo menos a esta leitora aqui.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  18. Thales Soares
    7 de novembro de 2024
    Avatar de Thales Soares

    O que achei deste conto: MAIS OU MENOS… MAIS OU MENOS…

    O começo aqui é o mais clichê possível. Quando pensamos em uma história sobre nostalgia, a primeira coisa que nos vem a cabeça é justamente o plot inicial deste conto: um véio pensando no passado. Tem até um fantasma no meio, de forma que eu pensei que o conto seguiria uma linha no estilo Fantasma do Natal Passado. No entanto… o conto subverte nossas expectativas, e apresenta um conceito que até chega a ser interessante sobre portais e viagem no tempo. O único problema é que esse conceito me parece que foi meio jogado, e pouco trabalhado… digo… creio que havia maneiras melhores de apresentar tudo isso para o leitor, desenvolvendo um pouco mais a ideia e apresentando com um pouco mais de calma esse conceito “mágico”. Achei muito repentino… como se o autor tivesse esquecido de falar sobre isso no começo da história… ou como se a história ia seguir por uma linha mais clichê, e então, do nada, o autor teve essa ideia de ficção científica, e decidiu inserir na trama.

    A história nos conta sobre Gonçalo, um véio solitário, que a princípio me lembrou daquele velhinho do Up, Altas Aventuras. Ele perdeu sua esposa e seu filho não nascido em um acidente há muitos anos. Ele vive num apartamento bagunçado e sujo, sem qualquer gosto pela vida. Sua única companheira, na verdade, é uma dor e um fantasma que fica lhe dizendo para não desistir. Não desistir do que? Não sei… eu li a história inteira, e até agora não sei do que o véio não pode desistir.

    E aí, do nada (do nada mesmo, pois achei que esse elemento poderia ter sido melhor introduzido…) entra a questão da viagem no tempo. O véio é membro de uma linhagem que possui esse poder overpower de voltar no passado. Algo como no filme Efeito Borboleta, mas com umas regras um pouco diferentes, como o fato de que não pode modificar nada do passado. Só que o véio nunca conseguiu dominar esse poder. Ele ficou durante uns 40 anos tentando voltar no tempo, e nunca conseguiu… mas….. DO NADA…. agora ele conseguiu (acho que é porque agora tem gente lendo, né?). Não é explicado o motivo pelo qual ele não conseguiu desbloquear essa habilidade nesses 40 anos, e somente agora deu certo… a informação é simplesmente largada, e parece que a história nos responde com um “Porque sim!”. Tudo bem que é aniversário do seu falecido pai, e ele quer muito rever Paola… mas nos anos anteriores não tinha aniversário do pai?

    Enfim… Ele volta no momento exato antes do acidente, e vê Paola grávida. Essa cena, para mim, foi mal desenvolvida… a mulher vê ele todo véio, e solta uma “Nossa… você tá diferente, ein?”, só faltou ela dizer “Não sei dizer o que é… você cortou o cabelo?”. Ela não percebeu que…… agora Gonçalo é um VELHO?

    Aí as coisas ficam ainda mais estranha, e ainda mais sem explicações. Gonçalo faz uma cópia de sua esposa (sim… como se ele desse um ctr + c e um ctr + v nela), e a leva de volta para o presente. De volta ao presente, Paola não se lembra que ela morreu (é que… ela está viva, né?), mas entende o que Gonçalo fez quando lê o diário do pai do véio. Gonçalo tá cansado, aí ele morre em paz… e o fantasma, que pelo que eu entendi é o filho, aparece, levando-o embora. Fim.

    Ué??? Pera…… quê?

    O final é muito repentino, e mais causa dúvidas do que dá respostas. Uma história de ficção científica tenta, a medida do possível, explicar ao leitor o que está acontecendo. Mas aqui, as coisas são tão jogadas que não me pareceu ficção científica… mas sim fantasia. Olhando sob a ótica da fantasia, a história é ok. Não é ruim, mas também não empolga. O tamanho um pouco reduzido dela ajudou a não torná-la cansativa, e a escrita foi boa o suficiente para prender a atenção na hora de leitura. O principal ponto negativo, para mim, foi a narrativa um pouco nebulosa e aleatória demais, que não dá muita satisfação para o leitor.

    O tema Nostalgia é bem abordado aqui. O título… não desita! Não desista do quê? O que esse véio fez de tão importante na história? Ele fez uma cópia de sua esposa… e viu seu filho fantasma… mas quais são as implicações de tudo isso? As regras deste universo foram tão mal explicadas que eu não consigo nem sequer elaborar minhas próprias teorias. Uma pena, pois a obra parecia ter um bom potencial.

    De qualquer forma… boa sorte no desafio!

  19. Marco Saraiva
    4 de novembro de 2024
    Avatar de Marco Saraiva

    O conto aborda os dois temas. A parte da nostalgia explora o passado a partir dos olhos depressivos de quem nunca superou um trauma. Uma vida jogada fora após um evento catastrófico. O portão é a pitada de sobrenatural no conto, o fato de o homem ter poderes para viajar para o passado. Esta parte da trama me lembra muito o filme “Questão de Tempo”. Na verdade, a premissa é exatamente a mesma, mas o desenvolvimento é bem diferente.

    Foi uma leitura boa, cheguei até o final sem notar o tempo passar. Achei o conto bem escrito, deu para notar a atenção do autor à forma, e a sua dedicação ao escrever. A voz está um pouco crua, muito cinematográfica, mais preocupada com detalhes visuais.

    No final Gonçalo se redime, traz a amada de volta enquanto ele mesmo morre. Entra uma questão filosófica, aquela pergunta básica de toda história de viagem no tempo: afinal, agora temos duas Paolas, uma que morreu e uma que viveu no futuro, ou só uma, salva pelo marido do futuro?

    Algumas correções (parte delas são apenas opiniões pessoai):

    “…ainda com uma lágrima a escorrer-lhe pela cara…” – Acho que “rosto” aqui soa melhor do que “cara”. Rosto condiz com o momento delicado da narrativa, enquanto “cara” é chulo demais, faria mais sentido em uma narrativa mais informal.

    “As peças do puzzle” – quebra-cabeça funciona melhor aqui, já que você não faz uso a este tipo de estrangeirismo em nenhum outro momento do conto.

    “Cassete VHS” – não seriam “fitas VHS”? Cassetes eram “fitas k7”, que eram outra forma de mídia.

    “…rasto de luz…” – rastro*

  20. Givago Thimoti
    3 de novembro de 2024
    Avatar de Givago Thimoti

    NÃO DESISTAS – GONÇALO

    Resumo + Comentários gerais:

    “Não desistas” é um conto que fala sobre Gonçalo, um idoso que realiza um pulo temporal para resgatar sua esposa e filho antes do acidente fatal que iria acontecer.

    Sucintamente, é um conto com uma premissa maravilhosa (me lembrou bastante o filme Questão de Tempo, um dos meus filmes românticos favoritos) que, se tivesse uma escrita proporcional à essa fumaça de boa narrativa por trás, seria um daqueles contos que lutaria pelo pódio.

    Frase de impacto: O coração do velho começou a bater descontroladamente. Sentia-se cada vez mais fraco. Ela não dera pela sua presença. => Awnt

    Adequação ao tema (0 a 3) – Avalio se o conto aborda o tema proposto de forma coerente, aprofundada e relevante para o Desafio: 3

    Nostalgia e portal estão bem delimitados explicitamente no conto. Menção máxima aqui.

    Construção de Mundo e personagens (0 a 2) – Avalio a profundidade dos personagens e a ambientação, incluindo o cenário e como tudo interage para fortalecer a narrativa: 1

    Esse é um conto com uma premissa interessante, a qual me agradou bastante. Acho que essa premissa surge a partir do momento que surge essa habilidade do protagonista de viajar no tempo.

    Como pincelei anteriormente, creio que faltou uma maior profundidade da história, em determinados pontos. Claro, é preciso sempre ter em mente o limite de palavras imposto pelo certame. Ainda assim, para mim ficou forte essa sensação que a narrativa resvala na narrativa, sem se demorar tanto nos pontos da história. É quase como se fosse um resumo de algum livro.

    Então, por mais que o autor/ a autora tenha conseguido fazer me inserir na cena de Gonçalo caminhando pela casa, em meio às dores físicas e emocionais, comparando a um filme, é como se eu tivesse assistido um trailer, desses que resume o filme, cativando a gente num primeiro minuto e nos demais entregando o desenvolvimento e o desfecho da história apressadamente.

    Embora a história me parecesse toda redonda, eu percebi um furo no enredo. OK, o Gonçalo pode viajar no tempo a partir de suas recordações afetivas e, inclusive, trazer consigo uma pessoa para o seu tempo. Se ele pode fazer isso, por que ele esperou 40 anos para o fazer?

    Enfim, um furo no roteiro que mostrou uma falta de cuidado na revisão do conto.

    Uso da linguagem (0 a 2) – Avalio a qualidade da escrita, incluindo o estilo, clareza, gramática e fluidez dos diálogos: 1

    Eu acho que a escrita está boa, mas a sensação que tive, durante a leitura, foi a que faltou refinamento e profundidade. No geral, é uma escrita correta, que deslizou por algumas vezes nas questões das vírgulas. Agora, por algum motivo, é um conto um tanto raso, que não se comprometeu muito em aprofundar aspectos da história.

    Acho que o grande calcanhar de Aquiles nesse aspecto talvez seja essa repetição de algumas palavras (ler trecho que as Paolas se dividem, note quantas vezes se repetiu) e algumas construções de frases que me soaram estranhas e creio que poderiam ser reescritas. Por exemplo:

    o   O interior do apartamento é como ele, vazio de vida mas cheio de lixo e fedendo. = faltou uma vírgula antes de “mas”. Contudo, note como a ideia é um tanto estranha: o interior do apartamento é velho (o adjetivo foi suprimido), mas cheio de lixo e fedendo… O velho, personagem principal, não é cheio de lixo, é cheio de luto, dor… E o próprio apartamento é um reflexo desse estado mental do personagem principal, memórias que Gonçalo viveu com Paola e os filhos e aquelas “memórias” que nunca ocorreram. Não sei se a ideia seria aqui de contradição, mas sim de consequência. E aqui, acho que seria interessante reconstruir, adicionar mais narrativa.

    Estrutura Narrativa (0 a 1,5) – Examino o fluxo do enredo, a clareza da introdução, desenvolvimento e conclusão, e se o ritmo é adequado: 1

    Achei uma narrativa clara, que não necessariamente entrega tudo ao leitor de mão beijada, o que é interessante. Ao mesmo tempo, é uma história com muito pano para manga, por assim dizer. Entretanto, talvez, a história não tão tenha sido tão bem construída nos detalhes. O enredo é rápido demais para a história.

    Impacto Emocional (0 a 1,5) – O quanto a história conseguiu me envolver emocionalmente, provocar reflexão ou cativar: 1

    É uma boa história, que conseguiu me envolver um pouco. Acho que com uma escrita mais cuidadosa, mais lapidada e focada, eu teria sido bem mais cativado. Contudo, confesso que depois que percebi o furo narrativo do conto, ficou um pouco decepcionante. Forte a sensação de que o conto poderia ter sido bem melhor.

    Nota final: 7

  21. Antonio Stegues Batista
    29 de outubro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    O protagonista é nos apresentado como sendo um homem idoso que entra numa casa com lixo pelo chão, senta-se numa poltrona e começa a recordar sua vida e das pessoas que amava. Uma mistura de fantasia, mundo paralelo, fantasmas, viagens entre dimensões, pessoas especiais capazes de abrir portais com um simples gesto. É necessário bastante atenção para saber o que é real, o que é fantasia, quem sonha com quem, quem morreu, quem ficou vivo.. A escrita é boa, mas o enredo é meio obscuro em algumas partes como no caso da duplicidade de Paola, que ficou surreal e sem explicação logica.. O tema é portal para outra dimensão incluindo um enredo surreal. Parabéns e boa sorte.

  22. Regina Ruth Rincon Caires
    28 de outubro de 2024
    Avatar de Regina Ruth Rincon Caires

    Não Desistas  (Gonçalo)

    Começando bem o desafio, um belo conto. Escrito em português “de gala”, traz um toque narrativo de “paciência curta” e, somado ao uso imponente e ajustado de mesóclise, o texto transparece autoria além-mar. É só um pressentimento.

    O autor mesclou os temas de maneira primorosa. O teor nostálgico é pulsante em toda a narrativa, envolve o leitor. E o portal foi um recurso muito inteligente. Há um ligamento do real e do imaginário, do concreto e do intangível. Muito bom. Chega a emocionar…

    Gosto de descrições que despertam a sensibilidade, descrições que fogem da rudeza do real, e, neste texto, tudo é narrado na direção de levar os fatos à nossa intimidade. A solidão, as dores, a falta, a fatalidade. Interessante a técnica da inserção do filho no enredo, muito bem elaborada.

    Gonçalo, que presente! Seu texto deixou o meu sábado bem mais agradável.

    Parabéns pelo trabalho!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  23. JP Felix da Costa
    27 de outubro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    E agora percebi.

    O jovem não é um fantasma, é o filho que vem do futuro, pois também consegue abrir os portais. O filho que só existe porque o velho vai ao passado e trás uma cópia da mulher, cópia essa que também está grávida, dando assim possibilidade a que a mulher continue a viver e que venha a ter o filho. O filho no fim aparece para lhe agradecer e despedir-se dele, já que o velho morre por efeito do cansaço do esforço de ir ao passado. O velho dá a vida para salvar a mulher e o filho, provavelmente indo contra todos os ensinamentos do pai dele.

    Não estava a entender o final. Agora sim. Mesmo assim, parece-me que a história tem algumas falhas, como referi antes, mas isso não impede que a ideia, no seu todo, não seja muito boa. Agora ainda gostei mais.

  24. JP Felix da Costa
    27 de outubro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Confesso que não entendi muito bem esta história. Não consegui compreender o final. Qual a conclusão de tudo. Mistura sobrenatural com viagens no tempo que mais parecem interdimensionais.

    O texto em si está muito bem escrito, e o conto começa muito bem. Temos um velho desiludido com a vida que se limita a existir. Percebemos que se encontra só e um desgosto do passado retirou-lhe a vontade de viver. Temos um fantasma de um rapaz, que se apresenta como o filho que ele nunca teve, que lhe aparece por diversas vezes. Ele recorda os pais (recorda a comida da mãe, não parece saber cozinhar, e não recorda nada da mulher, o que é estranho) e o facto do pai ser um ser quadrimensional que consegue viajar no tempo, mas não consegue alterá-lo. Ele nunca o conseguiu fazer e agora consegue, encontra a mulher, que não o estranha, apesar de estar 40 anos mais velho (esta parte pareceu-me forçada para encaixar o enredo no limite de palavras) e ele separa a mulher em dois e leva a copia de volta para o tempo dele, apenas para morrer e ser levado pelo fantasma, abandonando a cópia da mulher, 40 anos depois, num mundo onde não existe. Não percebi. Gostei, mas não percebi. É estranho.

  25. vlaferrari
    26 de outubro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    Outra premissa bem interessante. Acho um tanto falha a perspectiva, no entanto. Se o filho que não veio, recolheu o protagonista no final da estória, haveríamos de considerar a dimensão “do que não foi”, ou seja, um “agora” diferente, onde não houve acidente e Paola e o filho tivessem sobrevivido. Ou não? Se ela e o filho sucumbiram no acidente, há mais do que 4 dimensões, não? O texto em si, é bom. Se a batuta por trás das palavras fosse minha, a dor seria um grande personagem. Talvez porque a atmosfera criada no início me lembrou um pouco de Bukowski. Explorar a dor como um personagem, todos os fatos ao redor dos momentos de dor física e inquebrantável. Poderosa a nos mostrar o quanto somos frágeis e ridículos. Isso me enche de ideias. Creio que em termos de atingir o leitor com algum impacto que o mova a pensar, o conto foi correto. A premissa de nostalgia associada a essa “mágica” do portal, também ficou bem legal.

  26. andersondopradosilva
    26 de outubro de 2024
    Avatar de andersondopradosilva

    Não Desistas (Gonçalo)

    Resumo:

    Velho viaja no tempo para salvar as vidas da esposa e do filho.

    Comentários:

    “O velho sobe penosamente as escadas até à porta do igualmente velho apartamento.” – A crase está errada.

    “Que se fodam os vizinhos, pensa.” – Confie na inteligência do leitor. Nem tudo precisa ser explicitado. Pelo contexto, dava para depreender que se tratava de um pensamento. O “pensa” é dispensável. Há outras hipóteses de palavras e expressões dispensáveis no conto. Releia e elimine.

    “Por todo o lado existem livros que deixou de conseguir ler.” – A frase soou confusa. Leu ou não leu? Deixou de ler me parece diferente de “deixou de conseguir ler”. No mínimo, a forma de expressão criou uma confusão desnecessária. É claro que entendi que o velho não leu os tais livros, mas, ainda assim, a frase confusa saltou aos olhos.

    “A ele, pouco importava o que o chamavam.” – O certo seria “do que”.

    “O velho devia ter cinco ou seis anos quando o seu pai o levou a ver os avós” – Releia o conto e elimine pronomes (especialmente os possessivos) desnecessários. Destaquei um possessivo que, se eliminado, não faria nenhuma falta.

    “através de um portal que abriu à sua frente” – O conto estava me interessando mais quando estava parecendo ser realista, sobre um velho e suas dores, seus traumas, suas memórias. Foi a partir do aparecimento do “portal” que o conto começou e me perder. Pensei que seria um conto sobre o cotidiano, mas se tornou um realismo mágico (talvez nem isso, talvez apenas fantasia mesmo).

    “A facilidade com que Paola o aceitou, mostrou ao velho a força da mulher que amara” – Não se separa o sujeito de seu predicado com uma vírgula.

    Paola, olhou pela janela” – Não se separa o sujeito de seu predicado com uma vírgula.

    “Só se deu conta do sacrifício de Gonçalo, quando lhe ouviu o último suspiro.” – Essa vírgula me parece errada. Não me pergunte o porquê.

    Gostei bastante do conteúdo da frase “A mãe, que vivera para o Presente, como todas as mães, enchia a casa de aromas e os dias de afetos vários.” Bonito. Poético.

    No geral, achei o conto cheio de potencial, mas carecendo de melhor revisão e maturidade literária.

  27. Luis Guilherme Banzi Florido
    26 de outubro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia, amigo(a) escritor(a) do(a) Encontrecontos(as), tudo(a) bem(ena)?

    Primeiramente, parabéns por superar a nostalgia do desafio de trios e entrar no portal do novo certame! Boa sorte e boa pra sua avaliação(çã):

    Tema escolhido: nostalgia e portal. Legal, sabia que teria temas duplos, mas não esperava ler isso logo no primeiro.

    Abordagem do tema: 100%

    Comentários gerais: um conto bem legal, pra começar as leituras! O conto me surpreendeu bastante conforme lia, pois de início dá a impressão de se tratar de uma coisa, mas conforme a coisa avança, o enredo vai enveredando por caminhos inesperados e me surpreendeu constantemente, de uma boa maneira. No começo, estava preocupado que fosse uma história exageradamente triste sobre um homem que perde a esposa e não quer mais viver. Não há nada de errado nisso, claro, mas me preocupava que tudo ficasse monótono e descambasse pra um dramalhão. Não foi o que aconteceu! Quando aparece o filho, a curiosidade aumenta: é realmente um fantasma, ou apenas uma memória? Ou outra coisa? Será que “não desistas” é um pedido para ele continuar tentando algo, ou um pedido para não desistir da vida? E onde está, ou o que aconteceu, com o filho? Então, temos a revelação do dom dos homens da família. Interessante! Nesse momento, já imaginei que o fantasma era o filho, ainda vivo, que estava usando o dom da família para voltar no tempo e incentivar o pai moribundo. Matei a charada, certo? Errado! O filho está morto, então aquele me parece tipo um fantasma de como o filho teria sido se não tivesse morrido na barriga. Seguindo o incentivo do filho, o homem não desiste, e consegue, ainda que de forma meio patética, abrir o portal (um portal fraquinho em forma de piroca, talvez uma referência à piroca de Gonçalo, que já não tem muita potência? kkkkkkkk). E então temos o desfecho, que é muito bom! O homem decide sacrificar a própria vida para dar uma nova vida à esposa e ao filho. Claro, ele separa uma nova linha do tempo onde a esposa e filho sobrevivem, ainda que num tempo que não é o deles. Quanto à esposa e filho do passado, esses já estão perdidos, pois não é possível mudar o passado (só o futuro, presumo). Enfim, um conto muito bom para iniciar as leituras. Leitura fluida e divertida, um conto bem criativo escrito por alguém que sabe o que está fazendo e usa muito bem os elementos do enredo para te deixar curioso e conduzir até um desfecho bem sucedido.

    Sensação final: entrei num portal de piroca meio caído, e gostei muito da sensação (hehehe). Parabéns e boa sorte no desafio!

E Então? O que achou?

Informação

Publicado às 26 de outubro de 2024 por em Nostalgia e marcado .