EntreContos

Detox Literário.

Jantar Insano (Thales Soares, Fabio D’Oliveira e Leandro Barreiros)

As coisas na cozinha estavam bastante agitadas. O som suave do molho borbulhando no fogo se misturava ao tilintar das panelas e utensílios culinários, enquanto Oliver ajustava os temperos e provava o molho verificar se estava no caminho certo. Na sala de jantar, arrumou a mesa colocando pratos, talheres e copos em dois lugares. Ajustou a luz de forma a ficar com uma intensidade suave e organizou uma playlist contendo apenas rock dos anos 70 e 80 para tocar em sua smart tv e, assim, criar uma atmosfera acolhedora.

De volta à cozinha, concentrou-se para realizar a etapa final da preparação do jantar. Interrompeu seu estado de transe culinário por um curto momento para pegar o celular e verificar a hora. Aproveitou para enviar uma mensagem a um contato nomeado como “Elena”, seguido de um emoji de coração. Sua forma de digitar era bastante ágil:

– E aí, tudo certo pra hoje?

Uma fotografia pendurada com ímãs na geladeira mostrava um momento de riso compartilhado com uma linda garota. Uma época boa, porém, um pouco conturbada, mas que merecia uma continuação.

O celular nas mãos de Oliver vibrou, a tela se iluminou com a resposta:

– Sim. Já estou me arrumando.

– Tá ansiosa? – Oliver perguntou, sorrindo com o canto do lábio.

A garota respondeu com um emoji de carinha feliz. Um ato bastante simples, mas carregado de nuances. Talvez significasse “Mal vejo a hora de te rever. Durante todo esse tempo, nunca consegui te esquecer”, ou “Nosso lance foi muito bom, mas não estávamos prontos naquela época. Quem sabe agora, não?”, ou “Estou sem muitas expectativas. Mas espero que você me surpreenda”. Havia muitas teorias do significado daquele emoji, mas Oliver não tinha tempo para explorar isso agora, pois sua mente estava questionando se o macarrão preparado para o jantar seria capaz de ocultar a complexidade dos sentimentos que aquela noite reservava.

Percebeu que a refeição por si só não seria o suficiente para que seu plano obtivesse êxito. Parecia que estava faltando alguma coisa. Sim, era tão óbvio, como não havia pensado nisso antes? Estava faltando a sobremesa. Sua avó, Clotilde, costumava preparar um doce inigualável! Era uma espécie de mini pudim, sem calda, com formato cônico e uvas-passas próximas à base. Essa receita peculiar se chamava “Creminho”, e não havia quem não gostasse.

Os segredos para fazer essa sobremesa deliciosa estavam escondidos no livro de receitas da vovó. Nele havia uma variedade de delícias feitas pela sua habilidosa avó, que era mestre na cozinha. O local mais provável para encontrá-lo era no porão, onde ficavam guardadas diversos objetos e artigos antigos de sua família. Se Oliver quisesse surpreender Elena, teria que se apressar, pois o tempo agora estava contra ele.

***

O porão, cheio de poeira e teias de aranha, esperava Oliver com diversas bugigangas guardadas em caixas empilhadas umas sobre as outras, e prateleiras cheias de tralhas. A luz fraca de uma lâmpada pendurada precariamente mal conseguia iluminar a penumbra que cobria o lugar. O ar estava impregnado com um odor de mofo, e pequenos buracos na parte inferior da parede denotavam a presença de roedores.

Depois de revirar todas aquelas tralhas até sua alergia atacar, Oliver percebeu que o livro de receitas da vovó não estava em lugar algum. Talvez sua mãe tivesse levado embora, ou havia simplesmente se perdido durante a mudança. Antes de desistir por completo da busca, reparou que havia uma prateleira mais alta que até então não havia visto. Pegou um banquinho para alcançá-la e esticou o braço. Suas mãos tocaram em algo com uma textura estranha, fazendo cócegas nas pontas de seus dedos. Não era o que procurava, mas tinha um aspecto misterioso e perturbador. Hesitou por um momento, mas resolveu pegar para conferir mais de perto. Sua capa era feita de um material repugnante, meio quente e viscoso, e não possuía título. As sombras do porão pareciam estar ficando mais densas, e o ar estava frio e sinistro. Havia algo profundamente perturbador naquele livro.

Apesar de o porão guardar apenas objetos antigos de sua família, Oliver nunca havia visto aquilo em sua vida, e esse fato o intrigava. Como aquele livro, cuja capa grosseira lembrava pele humana, havia parado ali?

Movido por uma mistura de curiosidade e uma necessidade de compartilhar sua estranha descoberta, Oliver tirou uma foto da capa do livro e a enviou para um grupo de amigos, no celular. Esse grupo, formado por amigos da época escola, era um antro de piadas internas, teorias absurdas e uma infinidade de comentários esdrúxulos e de extremo mal gosto. Era o tipo de espaço virtual sem regras e que a zoeira reinava. Não demorou até uma resposta surgir. Um de seus amigos, cujo interesse pelo oculto e pelo proibido sempre foi mais do que um simples passatempo, reconheceu imediatamente o livro:

– Cara, acho que isso aí é o Necronomicon!

Oliver, confuso, digitou de volta:

– O que é um Necronomicon?

Seu amigo se empolgou na explicação e mandou uma enxurrada de mensagens, descrevendo aquilo como uma coletânea de textos antigos, rituais esquecidos e verdades tão profundas e terríveis que poderiam despedaçar a mente de quem os compreendesse completamente.

– Basicamente, esse livro contém conhecimentos proibidos – continuou o amigo com sua palestra –, que vão além da compreensão humana, e que revelam coisas tão sombrias que, se você ler, seus miolos vão explodir. Sacou?

Para Oliver, naquele momento, três possibilidades eram válidas: primeira, o livro seria uma farsa, sendo apenas uma lorota inventada para assustar as pessoas; segunda, seu amigo lhe passou informação incorreta, seja por ter se confundido ou por simples malandragem; terceiro, o livro era real, com todo aquele potencial avassalador, e surgiu do nada ali no porão, e agora escondia os maiores segredos do universo em suas páginas. Como todo bom homem da ciência, Oliver não podia pressupor qual das três possibilidades era a correta antes de uma investigação mais minuciosa. Assim, abriu o Necronomicon, e as páginas se desdobraram diante dele, cada palavra, cada símbolo, o puxando mais fundo para um abismo de conhecimento. O livro estava escrito numa linguagem estranha, mas de alguma forma inexplicável, ele conseguia compreender.

Conforme ia folheando e lendo aquelas páginas amareladas, um calafrio inexplicável tomava conta de seu corpo, acompanhado daquela sensação que os cientistas e pesquisadores têm quando se deparam com uma nova descoberta. No entanto, à medida que os segredos do universo se revelavam diante de seus olhos, uma transformação sinistra começou a ocorrer em sua mente. De início foi algo sutil, mas que logo tomou proporções avassaladoras.

De repente, Oliver se viu no mais absoluto vazio… não havia mais nada… tudo sumiu, sua casa, seu jantar, seus amigos no celular mandando fotos íntimas como forma de zoeira, suas lembranças, seus sentimentos. Agora só havia o vazio. Ele nem sequer se lembrava de seu nome. O tempo também desapareceu, então não era possível saber se haviam se passado minutos ou séculos. Sua existência se esvaiu. Seus sonhos, seus planos grandiosos para o futuro, o amor que ele queria reconquistar… tudo sumiu. Seu amor… como era mesmo o nome dela? Era algo que possuía uma boa sonoridade. Um nome comum, parecia nome grego… Era? Não. Mas começava com a letra E. Elen? Não, quase lá. Será que era… Elena? Sim! Elena… o nome ecoava em sua mente como um farol distante. A garota que ele amava se chamava Elena! Como isso não havia desaparecido? A lembrança de seu amor era a única coisa que parecia resistir à aniquilação total. Seu amor… existia um fio condutor, bem fino, mas que dava para seguir e chegar a algum lugar que não fosse o mais completo vazio. Seu amor se chamava Elena, e ela também o amava… será que ela o amava? Então por que ela terminou o relacionamento? Não, ela amava sim… Elena amava Oliver! Sim, seu nome era Oliver! Seu objetivo agora era reatar com Elena. Um jantar perfeito precisava ser feito para reconquistá-la, porque Elena era o amor de sua vida. Sim, o jantar! Agora só restava descobrir o que era aquele som… era um som irritante e estridente. Ficava tocando, e tocando… parecia o toque do celular. Sim, era isso mesmo! O celular de Oliver estava tocando, sem parar.

– Alô?! – atendeu, ainda desorientado.

– Isso é algum tipo de piada? Você acha que eu sou idiota?! – a voz de Elena soava irritada e preocupada ao mesmo tempo. –  Estou te esperando aqui fora, tocando a campainha feito tonta, e já te telefonei umas dez vezes!

– Elena! – exclamou Oliver com uma alegria. Ouvir sua voz era um alivio.

Sua mente estava de volta ao porão, com o Necronomicon ainda em mãos. Ao desligar a ligação, olhou a hora. Já era noite. O tempo havia se passado sem que ele se desse conta. Subiu as escadas a passos largos e correu para atender a porta, com o livro ainda sob o braço.

Sempre entendeu que o mundo virtual era terra de ilusões.

Por muito tempo, acompanhou Elena pelas redes sociais, admirando-a em segredo, relembrando aquilo que nunca foi. Ainda estava surpreso por ela ter retornado seu contato. Aquele “oi” saiu sem querer, resultado de algumas latinhas de cerveja compartilhadas com a solidão.

Elena era muito mais bonita pessoalmente. Mesmo brava.

Seus cabelos ondulados balançavam violentamente enquanto ela caminhava na sua direção. Olhos de mel em fúria. Seus lábios, pequenos e rosados, representavam um imã para Oliver.

Como sentira falta dela…

— Começou bem, hein — ralhou ela, visivelmente transtornada.

Oliver sorriu, desajeitado, sem encontrar palavras para explicar o que havia acontecido.

— Acho que dormi? — falou mais para si do que para Elena.

— Sério?

Estava incrédula.

— Desculpa, aconteceu algo estranho, só isso — Oliver abriu espaço para Elena entrar.

Ela entrou com tudo, irritada.

— Ainda usa o mesmo perfume — comentou Oliver, tentando aliviar a tensão. — Doce, com tons amadeirados.

— Agora é sommelier de perfume?

Afiada, como sempre. Oliver riu de nervoso e continuou:

— Só me desculpa, Elena. Não sei o que aconteceu, realmente. É a mais pura verdade. Estava procurando o livro de receitas da minha avó, queria preparar uma sobremesa especial para ti, mas acabei encontrando isso aqui — indicou o livro, pousando-o sobre uma mesinha. — Acho que adormeci enquanto o lia.

— Que coisa horrível… — comentou ela, fazendo cara de nojo. — Que isso? Parece pele humana…

— Esquece isso… Vamos, vou preparar a mesa.

Enquanto Oliver retocava a comida, terminando de temperar a salada e requentando o molho do macarrão, Elena sentou-se à mesa, mexendo no celular. Ficou quieta. A noite não começou bem, mas não tinha problema.

“O importante é ter confiança… Ela está aqui, na minha casa, mesmo depois de tudo, do passado, de agora, ela ainda está aqui”, pensou o jovem, animando-se.

Aprendera as artimanhas da cozinha com sua falecida avó. Colocou o macarrão num pirex de vidro e jogou o molho por cima, aos poucos, misturando bem. Observou satisfeito sua obra de arte. Mas tinha algo de estranho.. A massa se mexia levemente, como se fosse viva. Aproximou-se. Eram vermes, dezenas de vermes. Num impulso, Oliver jogou o corpo para trás, batendo contra a mesa, assustando Elena, que soltou um gritinho.

— Que foi? Você está bem?

— O macarrão…

Elena se aproximou, observou a refeição e balançou a cabeça.

— O que tem? Está bonito. E cheirando bem.

Oliver respirou fundo, aproximou-se e viu que ela estava certa. Era só macarrão.

— Não foi nada…

Riu de nervoso. Não conseguiu olhar para Elena.

— Vou ao banheiro rapidinho.

Lavou o rosto, deu alguns tapinhas na bochecha e disse pra si:

— O que está acontecendo comigo?

— Eu não sei… — seu reflexo respondeu.

Prendeu a respiração.

— Mas sei o que vai acontecer a partir de agora.

E, num estalar de dedos, Oliver não estava mais no banheiro. Estava mais uma vez no vazio. Flutuando, Sentindo tudo ao redor. Era um misto de medo e alívio. Poderia continuar naquele estado para sempre. Mas não durou muito.

Outro estalo.

Ele estava num carro. Era menino. Sete anos. Gostava do sacolejo causado pela estrada de terra. Noite. Do seu lado, uma pessoa que há muito não via. Sua amada avó.

Que saudades…”, pensou ele. Olhos marejados.

— Sabe por que seu nome é Oliver? — reconheceu aquele sorriso gentil.

— Por quê?

— Porque era o nome da pessoa mais gentil desse mundo.

Tinha orgulho do nome. Era um presente precioso. Depois de Elena,

— Chegamos — anunciou ela, estacionando perto duma colina. — Ela está te esperando.

— Quem?

Apenas apontou na direção do monte. Oliver saiu do carro, voltou-se para se despedir, mas encontrou apenas uma estrada de terra vazia. Suspiro profundo. Conforme subia, com dificuldade, deixava de ser menino. Quando chegou no pico, já era homem, novamente.

Plenilúnio.

O descampado adiante parecia infinito. A brisa noturna tentava bagunçar suas emoções. Em pleno ar: uma bela jovem.

— Elena?

Desceu em degraus invisíveis. Pertinho. Olho no olho. Ficou arrepiado. Apaixonado mais uma vez.

— Não precisa mais ter medo de ficar sozinho — abraçou Oliver.

— Não entendo…

— Mas vai entender. Em breve.

Lábios rosados. Beijo. Gosto de morango. Seu coração batia tão forte. E foi empurrado. Para longe. Não queria, mas foi. Estava novamente no banheiro. Em lágrimas.

O que diabos estava acontecendo?

Três batidas fizeram a porta do banheiro tremer.

–Tudo bem aí? -Elena perguntou

Olhou assustado para seu reflexo mais uma vez. “Tudo bem aí?”, perguntou, mas o espelho era apenas um espelho e, dessa vez, seu reflexo era só um reflexo.

–Um minuto –implorou.

–Oliver, eu vou embora.

–O quê?

–Você tá aí dentro há meia hora e…

Ele saltou para fora.

–Por favor. Eu só to meio nervoso com você aqui.

Elena finalmente mostrou um sorriso.

–Você? Nervoso? Tá aí uma novidade.

–É, você é a única coisa que me deixa assim.

–Brega.

Conduziu Elena de volta à sala. Notou que a mesa já estava posta.

–Eu tava com fome –ela admitiu.

–Que bom, assim você vai achar que tá gostoso.

Sentaram-se e Oliver decidiu evitar o macarrão. Serviu-se apenas um pouco de salada. Então, notou algo próximo ao vinho.

–Não precisava trazer nada –disse.

–Como assim?

–Isso aqui, não precisava. É polvo ou lula?

–Ô seu doido, tava na cozinha. Você quem fez.

–Na cozinha?

–Aham.

Oliver mordeu os lábios e encarou Elena. O sorriso dela se desmanchou em preocupação.

–Oliver, tá tudo bem?

Ele balançou a cabeça.

–Tô brincando contigo, pô! Era a minha surpresa.

–Muito engraçado. Então, é polvo ou lula?

Ele pensou.

–Sim.

Elena torceu o nariz e experimentou o prato. Enquanto mastigava, emitiu um som de aprovação.

–Você realmente se superou.

–É. Acho que sim.

–Onde você aprendeu a fazer isso?

Deu de ombros.

–Clotilde cozinhava muito bem. Depois de um tempo, você acaba aprendendo.

–Quem?

–Quem o que?

–Quem é Clotilde?

–Clotilde?

–Você disse que aprendeu olhando a Clotilde.

Oliver coçou a cabeça.

–Minha avó… Minha avó se chamava Clotilde.

–Ah. E você passava muito tempo com…

Elena levantou-se com um pulo.

–Que porra foi essa? –perguntou, apontando para a cozinha.

Oliver levantou do mesmo jeito.

–O que?

–Alguém… alguma coisa… passou ali.

A porta da cozinha estava aberta, mas pouco podia ver pelo umbral. Oliver sabia que precisaria ir até lá. Que tipo de homem Elena pensaria que ele era se não fosse?

Pegou uma faca sobre a mesa. Sentia o coração pulsar. Um passo. Olhos atentos para qualquer movimento. Dois passos. Ouvidos sintonizados ao ambiente. Cinco passos. A mão apertando a faca, pronta para uma corajosa loucura. Dez passos. Deslizava os pés sobre o chão para não fazer barulho. Vinte passos. Controlava a respiração, como um predador. Cinquenta passos e… e… por que ainda não havia alcançado a cozinha?

Olhou em volta e entendeu o motivo. A lua cheia iluminava o caminho. A sala estava na descida do pico e, em uma clareira distante, percebeu que a cozinha estava dentro das ruínas do templo de Shub-Niggurath. Templo de quem?, pensou. A certeza cercando-o, mas intocável, como neblina.

Ao lado da estrada, cabras mortas se amontoavam. Aqui e ali, havia também pessoas ajoelhadas, nuas. A pele levemente amarelada pelo brilho do Astro Mãe. Enquanto suas testas tocavam o chão, as mãos mantinham-se erguidas, palmas para cima. Sussurravam palavras estranhas em ritmo fúnebre. Rezando. Estão rezando. Para quem?

–Para Shub-Niggurath, querido.

Sua avó o aguardava na porta do templo.

–Você esqueceu?

Também estava nua, mostrando o corpo flácido e velho.

–Não –respondeu. –Eu me lembro, Clotilde.

Mas não lembrava. Ainda assim tirou a roupa na porta do templo, como sabia que deveria ser feito. O ar gelado do pico abraçou seu corpo. Dentro do templo fazia ainda mais frio.

Blocos de pedra branca eram iluminados por tochas bruxuleantes. Havia mais pessoas ali. Testas no chão, palmas erguidas, ecoando o cântico da passagem. Falta pouco agora, pensou. Então, viu a coisa no centro do templo.

A carne era pálida e mole. O corpo não existia para além de filamentos. Centenas deles. Suportavam senão dois olhos de proporções grotescas, que varriam a tudo e a todos. Havia outras, é claro. Podia vê-las quando a luz das tochas se tornava particularmente forte, torturando sua mente com o conhecimento. Mas era o demônio branco quem realmente importava, ele sabia.
–Estou pronto –Oliver disse.

–Por favor, não –Oliver implorou.

E então mordeu mais um pedaço do tentáculo. Elena já havia terminado o prato e limpava a boca com o guardanapo. Havia sonhado, de novo. Não, não sonhado. Era como se… escorregasse para algum lugar, e cada vez era mais dificil de voltar. Mas quando? Chegou a ir à cozinha? Elena sequer levantou da cadeira?

–Tá, eu admito.

–O que?

–Você me surpreendeu. Valeu a pena esperar.

Oliver sorriu.

–Eu acho, sei lá. De repente a gente podia… Oliver?

O dedo dele deslizava sobre o celular.

–Aham?

–O que você tá fazendo?

–Ah, um amigo tá com uns problemas de depressão e fica mandando mensagem direto, pode ir falando.

–Certo…

O celular estava no silencioso, mas a mensagem gritava:

“QUE É UM SHUB-NIGURATH?”

–Então, como tava te falando, eu acabei indo pra Grécia…

Oliver balançava a cabeça e sorria. Um olho em Elena, outro no aparelho.

“Cara guarda esse livro, essa porra é macabra”

–Mas, sei lá. Sempre senti que faltava alguma coisa, sabe?

–Que interessante.

“QUE CARALHO É UM SHUB-NIGURATH?”

“Uooou calma, mano!”

–Mas essas experiências me fizeram crescer, sabe?

–Uhum…

Não ouvia metade.

“É uma deidade antiga, tem relatos de cultos pré-históricos no Iraque…”

De vez em quando oferecia um comentário genérico a Elena. Precisava saber mais. Queria a resposta do amigo. Precisava da resposta do amigo. E ela veio.

Em um áudio de seis minutos.

“ESCREVE SEU FILHO DA PUTA!”

“Eeee preguiça. Então…”

–E aí eu fiz com duas garotas ao mesmo tempo. Vou te falar, não era bem o que eu esperava, mas eu gostei muito e queria fazer de novo.

“PERA AÍ, PRECISO PRESTAR ATENÇÃO NUM NEGÓCIO AQUI”.

–Desculpa, você fez o que?

–A sessão de fotos na viagem. Você tá prestando atenção?

–Claro, continua.

“DEIXA NÃO ERA NADA. CONTINUA!”

“Basicamente é uma deidade antiga, ligada à família e uma ideia bizarra de vida eterna.”

“BIZARRA?”

“É difícil explicar. Eles tem um cântico: ‘a vida continua no sangue do sangue, é longa a lança. Quando Shub-Nigurath permite, a cabra velha continua eternamente a dança’”.

“MAS QUE PORRA É ESSA”

“Estranho, né? Será que rimava na língua pre-mesopotâmica também?”

Estava pronto para digitar mais um xingamento, mas sentiu algo se movendo. Quando levantou a cabeça, viu a coisa de filamentos e olhos grotescos. Estava bem ao lado da mesa, mas Elena continuava sua história.

–Foi quando eu vi a sua mensagem e…

–Elena… Elena…

–Que foi?

–Você não tá vendo? –perguntou, incerto se ele mesmo via.

–O que?

–Essa coisa, aqui.

Viu as outras também, arrastando-se por trás dos móveis, espalhando-se pelas paredes.

–Ah! –ela disse, sorrindo–Você tá falando do Duque de Diffanor?

–O que?

–O Duque de Diffanor, seu bobo. Ele é o sacerdote mais importante de Shub-Nigurath. É claro que eu to vendo ele.

–Elena do que você…

–O Oliver me falou sobre ele.

–Eu?

–Não, bobo. O outro Oliver, que tá vindo. O amante da sua avó.

–Do que você…

–Ele é um homem incrível, sabia? Super gentil… Eu acabei de conhecer ele e vou te falar, fiquei encantada.

Sentiu-se fraco.

–Quando você vai, ele vêm. Ele disse que você vai viver pra sempre dentro dele, um pedacinho da consciência dele, sabe?

–Não…

–Sim. Você vai ter um monte de gente lá, também.

-Não, não…

-E vai poder adorar nossa senhora Shub-Nigurath pra sempre!

As criaturas se aproximaram, cantando suas rezas obscuras em línguas que estavam mortas antes mesmo dos homens começarem a falar.

–E ele disse que eu vou tá com você também!

–Eu não quero…

–A gente meio que concordou quando comeu a oferenda –ela deu de ombros. –Mas vamos tá juntos! Shub-Nigurath aceita a última cabra quando ela se rebata! Como a sua avó.

–Elena, por favor…

O ritmo das rezas mudou para um crescente ensurdecedor. Elena agora entoava o cântico, até que pegou a faca sobre a mesa, levantou-se e disse:

–A vida continua no sangue do sangue, é longa a lança. Quando Shub-Nigurath permite, a cabra velha continua eternamente a dança.

Pressionou a lâmina contra o próprio pescoço e, pela última vez, lançou um questionamento:

–Será que também rimava na língua original?

A faca pintou um sorriso vermelho em seu pescoço e ela caiu, sem vida, no tapete. Oliver desfaleceu em seguida, escorregando, ardendo em febre, medo e arrependimento.

E Oliver se levantou, aliviado.

Era grato, como sempre, aos que cediam seu corpo de volta. De volta, pensou. Afinal, a semente original era sempre sua e era seu direito requisitar o fruto.

As criaturas começavam a se mover. Deslocavam-se para as sombras, onde deslizariam para ângulos impossíveis e voltariam aos seus reinos. Mas havia ainda tanta comida e Oliver não gostava de ficar sozinho. Nunca gostou.

–Tem certeza que já vão? Fiquem um pouco. Há comida. E vinho. E a carne da menina também está fresca, se quiserem.

As criaturas trocaram olhares indecisos.

–Além disso tem bastante alho no macarrão.

Foi o argumento definitivo.

Elas abandoram as sombras e cercaram a mesa.

Sobre Fabio Baptista

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27 comentários em “Jantar Insano (Thales Soares, Fabio D’Oliveira e Leandro Barreiros)

  1. Thiago Amaral Oliveira
    18 de dezembro de 2024
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    Olá!

    Vim ler esse conto por dois autores: O Thales, que é meu amigo de longa data, e o Leandro, cujo último conto no desafio “Porta” me chamou foi dos meus preferidos. (Desculpa, Fabio D’ Oliveira, mas não te conheço direito ainda kkk)

    Posso dizer que gostei bastante da história.

    Na parte do Thales, diferente de um dos comentários que li acima, achei bacana ele descrever os pratos que Oliver preparava e me pareceu que ele preparou bem o terreno e o cenário para os próximos autores. Pra mim, ele fez uma imagem vívida e com uma escrita redondinha, agradável, assim como no último conto dele, do Sítio.

    Achei curiosa e engraçada a menção ao prato “creminho”, algo bem a cara do Thales, misturando uma coisa nada a ver e meio vulgar no resto da história. Não percebi se aproveitaram o “creminho” no resto da história. Se não, os autores perderam uma grande chance de melhorá-la tornando o prato alguma criatura nojenta.

    De qualquer forma, o Fabio fez um ótimo meio de campo ali. Dentro do que pude detectar, ele não adicionou muita coisa, mas segurou a barra e adicionou alguns mistérios ali, fortalecendo o papel da avó na história. Estou supondo que a parte do banheiro era dele.

    Então, no fim, Leandro mata a pau. No começo do jantar, quando coisas estranhas começam a acontecer, eu fiquei um pouco decepcionado, pois achei que a insanidade ficaria só ali mesmo. Mas não. A cozinha é transportada para um templo de outra dimensão, e pessoas rezam para aquele bicho lá, seja lá qual for seu nome. Comecei a me animar muito! O pessoal peladão, com a avó inclusa, também me animaram, mas não de um jeito sexual, tá.

    Todo esse significado maior da história puxou muito para o filme Hereditário, o que não senti que é uma coisa ruim, como uma cópia. Talvez porque eu goste desse tema, e ele ainda não tenha sido usado à exaustão, acho que funciona muito bem aqui. Esse Oliver novo (ou velho, dependendo do sentido que você olha) soou bastante sinistro, e o sentimento de macabro fica ao final da história.

    Por fim, destaque para o momento onde Oliver tenta ouvir Elena e ler o celular ao mesmo tempo. Esse pra mim é o highlight do conto, magistralmente escrito, onde todas as informações se misturam e de fato o leitor fica confuso em relação ao quê é o quê. Inclusive com a fala de Elena ter gostado de fazer menage, dando um tom vulgar/macabro/alucinatório à cena. Não sabemos o que é verdade e o que é imaginação, o que é ótimo. Melhor cena ever. Aliás, ela fazer parte da conspiração também ajudou a dar um toque trágico e pesado à história e a terminá-la bem. Afinal, imagine se ela fosse uma vítima. O que fazer com ela no final da história?

    Excelente trabalho em equipe. Com certeza, se eu tivesse participado do Desafio, teria dado um 7. Brinks, seria uns 9,5 ou até 10!

    Obrigado pela contribuição, até a próxima!

    • Thiago Amaral Oliveira
      18 de dezembro de 2024
      Avatar de Thiago Amaral Oliveira

      Tem um errinho lá no começo. Ia dizer que o conto me chamou a atenção, mas na verdade foi dos meus preferidos.

  2. Fabio D'Oliveira
    30 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Boa noite, pessoal!

    Um comentário sobre minha participação: esse é um dos meus temas favoritos. O horror cósmico é um subgênero do terror riquíssimo em abordagens. Mas é um tema que pode ser um tanto complexo para alguns leitores que não estão acostumados com contos dessa natureza. Então não me surpreende que alguns tenham achado o conto meio nonsense. Mas acreditem, ele tem bastante sentido dentro do espectro do horror cósmico. Foi o único conto que realmente me animou pra continuar e por isso acabou saindo uma participação um pouco melhor, rs.

  3. Renato Puliafico da Silva
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Renato Puliafico da Silva

    O conto me lembrou “Cinema Paradiso” e “Central do Brasil”. Gosto dessas histórias onde o protagonista volta à terra natal e revive sua juventude, seus amores. E ter como ponto de partida a morte de alguém importante, como a mãe, é ainda mais impactante.

    O texto ficou bem amarrado e um final satisfatório.

  4. Pedro Paulo
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Em um movimento contrário ao que senti no restante do certame, achei este um texto que iniciou mal e melhorou. Mas nisto me refiro à escrita. Achei o início demasiado expositivo, cuidando de caracterizar vários aspectos de uma maneira que nesse começo da leitura soou artificIal, prejudicando o ritmo em um momento importantíssimo que é a introdução. Apesar disso, teria sido pior se as exposições não explicassem os elementos mais importantes, o que não é o caso. Ficam conhecidos o protagonista, seu objetivo e os principais pontos de conflito, estabelecendo uma premissa tanto inusitada como envolvente. Daí, o longo parágrafo da primeira viagem ao vazio entrega tudo que deveria e o texto flui bem, as segundas e terceira autorias conseguindo desenrolar num ritmo que equilibra com sucesso o horror cósmico e o humor, com três recursos, que usados a um só tempo, demonstram habilidade das autorias: viagens interdimensionais; a narrativa em tempo presente no diálogo; e mensagens de texto. Então, no decorrer do conto, limpa-se o estilo, desenvolve-se a premissa, media-se dois gêneros e encerra o enredo dando conta de todas as pontas soltas. Um texto que salta.

  5. Victor Viegas
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Frankensteiners!

    Não apenas o jantar foi insano, como também o conto foi insano. Oliver tenta impressionar Elena com suas habilidades culinárias e descobre um livro com pele humana e que o leva para um transe. Oliver começa a ver coisas como o susto que teve com o macarrão se mexendo. Gostei bastante da ambientação, embora surreal ainda manteve um pezinho na verossimilhança. A questão é que tudo é inexplicável rs. Algumas palavras muito próximas ficaram repetidas e acredito que o vocabulário poderia ser mais explorado como em “mas de alguma forma inexplicável, ele conseguia compreender” e logo no começo do parágrafo seguinte temos “um calafrio inexplicável tomava conta de seu corpo”. Com mais uma revisão essas repetições são eliminadas.

    Gostei do tom humorístico do conto como em “Cinquenta passos e… e… por que ainda não havia alcançado a cozinha?” e “[a avó] Também estava nua, mostrando o corpo flácido e velho”. Essa última é uma cena que eu não gostaria de ver rs. As falas estão boas, o texto parece rir do próprio absurdo e o tom levemente de comédia é um toque de chef. Tu é piadista, hein! Parabéns pelo Frankenstein! Boa sorte!

  6. Sílvio Vinhal
    20 de setembro de 2024
    Avatar de Sílvio Vinhal

    O conto é instigante, consegue entreter. Há alguma coerência entre os três autores, porém, o primeiro é bem mais tímido, que o último. Há de fato uma insanidade crescente que, do meu ponto de vista, acabou se avolumando muito e resultou num final apressado e um tanto frustrante.
    A escrita é fluída, porém, há alguns “pecadinhos”. Nada que um pouco mais de tempo e revisão, não consigam corrigir, como: “desligou a ligação”.
    A comunicação com os amigos no celular, também, não ajuda. Acabou deixando o texto mais confuso, com a utilização da caixa alta e a indefinição dos personagens.
    O protagonista não chega a lugar algum, não alcança seus propósitos, a amada se mata na sua frente e a única reação dele é oferecer a carne fresca dela às criaturas.
    Ponto positivo: as referências aos elementos clássicos da literatura de horror, e a H.P. Lovecraft, porém, sem comprometer a história para públicos de outros gêneros.
    Ponto negativo: a personagem Elena é pouco desenvolvida e vai perdendo a importância à medida que mudam os autores.
    Parabéns pela participação no desafio, desejo sorte!

  7. Fabiano Dexter
    20 de setembro de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Primeiramente parabéns aos envolvidos no desenvolvimento desse conto. Ficou muito bom! A forma como conseguiram misturar o Terror com o cotidiano, de uma forma leve e sem grandes quebras entre os autores ficou realmente muito boa. Ainda chega a ser perceptível que é trabalho de mais de uma pessoa para quem conhece a origem do desafio mas creio que, em situações normais, eu não perceberia as diferentes nuances dos autores.
    O primeiro autor desenhou um típico inicio de conto de terror, sem grandes novidades e como única ponta um pouco fora do clichê seriam o jantar em si (e a convidada) e o título, que levava para uma coisa mais leve do que um “Jantar Macabro”. A narrativa é leve e fluida, chegando a ser descontraída. O segundo pegou o fio e fez um excelente trabalho continuando a história e mantendo o clima. Aqui vemos uma maior utilização de diálogos, que para mim pelo menos quebraram um pouco o ritmo, e a inclusão de Shub-Niggurath. Essa sim uma grande contribuição, muito bem aproveitada pelo terceiro autor que, embora tenha quebrado demais o texto com falas e frases curtas, manteve a história interessante e divertida, com algumas boas reviravoltas e um final que não apenas conversa com o inicio do conto mas também com o título.
    Realmente me diverti lendo a história (talvez porque esteja bem no centro do tipo de coisa que gosto de ler) e é mais um dos Contos que realmente me marcou nesse desafio.
    Menção honrosa ao momento em que Oliver se divide entre o amigo no celular e Elena e ela diz que fez “com duas garotas” e o foco dele muda.

  8. rubem cabral
    20 de setembro de 2024
    Avatar de rubem cabral

    Enredo: Bom. Oliver vai receber Elena, sua namorada, para jantar em sua casa. No porão, à procura do livro de receitas da vovó, encontra o Necronomicon! Daí, Oliver começa a ter uns apagões e a ver um templo antigo de uma dinvindade esquecida. Enfim, Oliver e Elena acabam por participar de um ritual arcano, Oliver descobre que sua avó era do balacobaco lovrecraftiano e ele termina dividindo o próprio corpo com outros “eus”.
    Escrita: Boa. O 1o autor cometeu mais erros e teve a pontuação um pouco falha às vezes. Pareceu-me que o 2o e o 3o tiveram mais sucesso nesse departamento.
    Personagens. Bom. O Oliver parece um pouco tonto e imaturo, enquanto Elena parece mais madura e dona de si.
    Coesão. Boa. O 1o autor distoa um tanto dos outros 2, mas em geral parece ser texto de um autor só.

  9. Givago Domingues Thimoti
    18 de setembro de 2024
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Boa tarde aos autores!

    O terror gore não é um daqueles gêneros que me apetecem. Então, naturalmente, tive mais dificuldade de me conectar com a história e entrar na onda. Tem uma hora que o non sense reina soberano na história, com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. É preciso muita atenção nessa parte e, se o leitor vacilar, fica totalmente por fora do conto.

    Ao contrário do que aconteceu em outros contos que li, eu senti que os três autores conseguiram dialogar de uma forma satisfatória com suas partes. Seja por serem fãs do Lovecraft e seu estilo de escrita (e aqui, eu confesso que nada sei sobre), seja por terem optado pela história para continuar pelo desafio psicodélico de continuar essa história, acho que foi um trabalho para lá de satisfatório dentro do que esse desafio propõe. Muito seguro dizer que gostei muito mais do trabalho em conjunto, que está redondinho em termos de escrita (embora o terceiro autor tenha cometido alguns deslizes gramaticais que os dois primeiros), do que pelo conteúdo em si.

    Parabéns aos autores!

  10. Fabio Baptista
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    X Sensação após a (segunda) leitura: agooooora sim caiu a ficha

    X Citações pro bem e pro mal:

    x provava o molho verificar se estava no caminho
    para

    x Uma época boa, porém, um pouco conturbada, mas que merecia uma continuação.
    evitaria esse porém e mas seguidos.

    x inexplicável, ele conseguia compreender. Conforme ia folheando e lendo aquelas páginas amareladas, um calafrio inexplicável
    evitar esse uso próximo do mesmo adjetivo

    xEstou pronto –Oliver disse.
    xPor favor, não –Oliver implorou.
    Por que esses diálogos foram quebrados?

    X Conclusões:
    Na minha primeira leitura de reconhecimento, o conto tinha me soado bastante confuso, sobretudo os diálogos da última parte. Agora, lendo com mais calma e já conhecendo a trama, pude aproveitar bem melhor, aproveitar certas nuances que havia deixado para trás da primeira vez.

    A história é divertida e os 3 autores trabalharam muito bem, todos em sintonia construindo uma história bem criativa. Um dos melhores do desafio.

    ÓTIMO

  11. Leo Jardim
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Leo Jardim

    🗒 Resumo: Oliver prepara um jantar de reconciliação com Elena. Ao tentar buscar um livro de receitas da sua vó, descobre o Necronomicon e começa a “sonhar” com coisas estranhas. Vai tudo escalando até que ele descobre que a vó era cultista e um amante dela assume seu corpo pouco depois de Elena se matar em um ritual. 

    📜 Trama (⭐⭐⭐⭐▫): achei muito boa, divertida e amarradinha. A parte culinária se manteve até o fim, a ideia da vó que era boa com comida e também uma cultista, o nome, o monstro da imagem de capa de episódio… Só não é perfeita (e isso é uma implicância que só faço com o modo crítico ativado) porque o início é muito descritivo e há uma perda da importância de Elena no fim. 

    📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): muito boa, conduz bem a trama, mas dá algumas engasgadas de vez em quando, nada grave. 

    ▪ ajustava os temperos e provava o molho * verificar se estava no caminho certo (para)

    ▪ Uma época boa, porém, um pouco conturbada (acho que a intenção era “uma época boa, porém um pouco conturbada)”

    ▪ inexplicável (…) inexplicável (repetição de palavras marcantes muito próximas)

    ▪ Sempre entendeu que o mundo virtual era terra de ilusões (achei essa frase meio desconexa com o parágrafo anterior)

    ▪ Depois de Elena, (era um ponto?)

    ▪ Plenilúnio (Google pesquisar; parabéns pelo vocabulário)

    ▪ A sessão de fotos na viagem. Você tá prestando atenção? (melhor parte 🤣🤣🤣🤣)

    🧵 Coesão (⭐⭐): mesmo já tendo lido a primeira parte, não lembrei onde terminava. Acho que foi um ótimo jogo onde o primeiro selecionou ótimos ingredientes, o segundo misturou e preparou a receita, acrescentando um tempero extra e o terceiro arrematou, entregando um prato delicioso e insano. Um ótimo trabalho de equipe. 

    💡 Criatividade (⭐⭐⭐): um conto lovecrafitiano, com alguns clichês do gênero, mas muito criativo na execução e conclusão.

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐⭐▫): gostei muito do conto. Me fez rir e deu aquela satisfação gostosa quando vemos as pontas do roteiro sendo amarradas de forma eficiente. Parabéns ao trio. 

  12. Jorge Santos
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, trio.
    Este é o primeiro texto que comento neste desafio e se os outros me derem a mesma dor de cabeça, estou tramado. Não é uma daquelas dores de cabeça com que ficamos quando lemos um mau texto, mas este texto é complexo. A temática sobrenatural, baseada em obras de Lovecraft, agrada-me e aparece aqui de forma gradual, se bem que o final ficou algo confuso – mesmo assim, os três autores conseguiram manter a coerência do texto (seria interessante saber qual era a ideia inicial do primeiro autor, e se o mesmo ficou satisfeito com o resultado final).
    Como pontos negativos, destaco alguns problemas que poderiam ter sido resolvidos com uma revisão mais apurada.

  13. Luis Guilherme Banzi Florido
    14 de setembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Olá, autores! Tudo bem? Primeiramente, parabéns pela participação num desafio tão dificil e maluco quanto esse!
    Início: excelente, exatamente o tipo de história que eu adoro, e fico feliz de ter começado por ela. Bem humorada, um personagem cativante e vívido, horror cósmico, Necronomicon, piadas bem colocadas e que funcionam? Tô totalmente dentro! (Uma pena que não peguei esse pra continuar!)
    Meio: encaixa perfeitamente, conduz a história e mantem o ritmo, mantem o grau de insanidade e, ao meu ver, faz exatamente o que se esperava dos autores do meio nesse desafio: desenvolve o enredo e deixa mastigado e na cara do gol pro desfecho. Excelente!
    Fim: Magnífico! Eu tava bem preocupado com o final, pq tava amando a história, mas não é fácil concluir uma insanidade dessa a contento. O autor 3 pegou uma pérola, poliu, e transformou num colar ritualístico perfeito. Parabéns! Amei o desfecho, amei as piadas. Ri alto no trecho:
    “–E aí eu fiz com duas garotas ao mesmo tempo. Vou te falar, não era bem o que eu esperava, mas eu gostei muito e queria fazer de novo.
    “PERA AÍ, PRECISO PRESTAR ATENÇÃO NUM NEGÓCIO AQUI”.
    –Desculpa, você fez o que?
    –A sessão de fotos na viagem. Você tá prestando atenção?
    –Claro, continua.
    “DEIXA NÃO ERA NADA. CONTINUA!””
    HAHAHAHAHAH maravilhoso
    Coesão entre os autores: o autor um preparou uma macarronada de tentáculos lovecraftianos, o autor dois regou o prato a molho de sangue humano, e o autor 3 cobriu de queijo ralado de polvo. Resultado: um delicioso jantar ancestral, insanamente temperado.
    Nota final: excelente!

    • Luis Guilherme Banzi Florido
      14 de setembro de 2024
      Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

      Esqueci de comentar na parte da coesão: não notei oo ponto de mudança entre os autores. Parabéns!

  14. Kelly Hatanaka
    13 de setembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá, caros colegas entrecontistas!

    Primeiramente, parabéns pela participação corajosa e desapegada.

    Vou avaliar e comentar de acordo com meu gosto, não tem muito jeito, afinal não tenho conhecimento nem competência para avaliar de forma mais “técnica”. Ou seja, vou avaliar como leitora mesmo. Primeiro, cada parte separadamente, valendo 1 ponto cada. Depois, a integridade do resultado, valendo 3 e, por último, o impacto da leitura, valendo 4.

    Começo

    Oliver prepara um jantar para Elena e encontra um livro mágico no porão. Ele começa a ter alucinações. Na verdade, não se sabe se são alucinações ou se ele está se dividindo em múltiplas realidades. O Começo está muito bem escrito e tem um ritmo excelente. Prendeu a atenção imediatamente.

    Meio

    A mudança de autor ficou imperceptível, tanto no estilo quanto na narrativa. O autor 2 manteve a mesma proposta do autor 1 e acrescentou profundidade às “alucinações”. Muito bom.

    Fim

    No Fim também o estilo e a narrativa se mantiveram de forma muito coerente. O autor 3 optou por um final tragicômico, amarrou elementos da avó e do tal Oliver gentil mencionado no começo e mandou muito bem.

    Coesão

    Excelente! Uma história maluca que ficou muito bem amarrada e nem parece ter sido escrita por três pessoas.

    Impacto

    Um bom conto, bem desenvolvido e divertido. É dramático, flerta com o terror, mas tem pitadas de humor muito bem vindas e a história é coerente. Não sei se amei a história, mas gostei bastante e foi uma leitura agradável. Parabéns!

  15. Leandro B.
    13 de setembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    *Toda e qualquer crítica refletem mais um ponto subjetivo meu do que qualquer outra coisa. Outro leitor pode achar o oposto.

    Acho que o conto faz três promessas ao leitor. É uma história que deve trazer alguma leveza divertida, deve ser também uma história de terror/horror e deve, ainda, ser um romance. Ele cumpre bem duas das três propostas.

    Apesar do uso do necromicon, sinto que o primeiro autor propôs algo mais no estilo de Evil Dead 2 do que propriamente algo lovecraftiano. Ora, vemos que Oliver esbarrou acidentalmente com o livro misterioso e, sem querer, deu início a uma espécie de maldição. O primeiro autor começa a história com uma certa leveza, introduz os personagens, da uma personalidade forte para Helena e começa a inserir os elementos de terror.

    Então passamos para o segundo autor que muda um pouco o estilo da história. Ela ainda apresenta elementos divertidos, mas agora damos um passo um pouco mais profundo nos elementos lovecraftianos. A narrativa se torna um pouco mais trágica e profunda, outros personagens são inseridos/mencionados de maneira mais firme. A avó de Oliver surge e menciona que, antes dele, houvera um outro Oliver e que ele não ficará mais sozinho. Isso pode parecer positivo em um primeiro momento, mas toda a atmosfera criada pelo segundo autor é que vai dar ruim. Muito bem escrita essa parte, devo ressaltar, especialmente a subida durante a lua cheia.

    E finalmente a terceira parte entrega o jantar insano. Tive a impressão de que o autor tentou equilibrar os elementos de Evil Dead 2 com a pegada mais lovecraftiana, fechando as pontas sugeridas pelo autor 1 (o que diabos o necromicon fazia na casa) e o autor 2 (A avó e a origem do nome de Oliver) e entregado o tal do jantar insano. Perdeu o brilho, contudo, a personalidade da Helena, que vinha se mostrando uma personagem interessante.

    Achei o somatório geral positivo.

    Boa sorte aos autores!

  16. Fernando Cyrino
    10 de setembro de 2024
    Avatar de Fernando Cyrino

    Olá, pessoal, cá estou eu curtindo esse jantar insano. Obrigado por me apresentar a um conteúdo assim interessante. Gostei do enredo. O conto começa com um encaminhamento, diria que um tanto lógico e, de repente, vem o segundo autor e muda a estrada por onde seguia a história e funcionou legal, até que chegou o terceiro trazendo a revolução. Gostei dela, pois aumentou o ritmo e fez com que o terror que já se apresentava antes adquirisse mais poder e dominasse toda a trama. Achei legal que, mesmo dando para se perceber claramente as mudanças entre os autores um, dois e três, notei uma clara vontade (que se concretizou) de manter a coesão narrativa. Uma história criativa que me envolveu. Não chegou a me encantar, mas me fez, como disse acima, curtir a narrativa criada por vocês. Estão de parabéns!!! Fiquem com o meu abraço e meus votos de muito sucesso no desafio.

  17. Fil Felix
    10 de setembro de 2024
    Avatar de Fil Felix

    Uma leitura de quem não está no desafio!

    Gostei de algumas perspectivas e imagens gerada pelo conto, mas confesso que algumas partes nem tanto. Questão de opinião, também não sou muito fã quando entra numa coisa Lovecraftiana, pois é fácil cair nos clichês de seitas e tentáculos.

    A primeira parte tem muita explicação, descrevendo cada ação do protagonista, acredito que poderia editar um pouco e aplicar mais aquela máxima do “mostre, não conte”. Mas gostei de toda a metáfora que surgiu a partir do emoji, da coisa do “não dito”, as inúmeras interpretações que um símbolo pode gerar. Apesar de descrever algumas dessas interpretações, leva o leitor para um campo que não seja só o de ler as ações, mas de imaginar também! Gostei.

    Sinto que o conto muda um pouco quando vamos para a segunda parte, indo mais para o terror e trazendo as referências de Lovecraft com o Necronomicon. Nesse ponto, devido às referências, fica um pouco difícil de fugir dos clichês envolvendo as releituras desse universo. Como o amigo já descrever na hora o nome do livro, assim na lata só com uma foto, fica pouco verídico. Os parágrafos estão melhor construídos, criando uma boa ambientação e trabalhando bem, mesmo com o cenário limitado da casa, indo da cozinha para o banheiro.

    Na terceira parte temos uma outra mudança, com a história indo para o lado mais do “terrir”, o terror com comédia. Tudo continua ainda muito autoexplicativo, com o amigo Wikipedia, acredito que a ponte do conto com esse personagem tenha sido o calcanhar de Aquiles da história, pois tira do leitor a chance de ter sua interpretação com os eventos, entregando tudo de mão beijada. A reviravolta da Elena também não me convenceu, assim como a piada de rima (que fez o conto ir para o terrir).

    De maneira geral, gostei bastante da troca de perspectivas, de como trabalharam os planos “reais” e “ilusórios”, a sequência da montanha se destaca no conto, a descrição da criatura e a cena em que fala com o espelho estão entre as mais interessantes da narrativa. Mas os clichês e a quantidade de explicação pra cada detalhe acabou prejudicando um pouco a leitura.

  18. vlaferrari
    9 de setembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    Apesar de não agradar ao meu paladar — como as macarronadas de domingo com salada de alface e tomate e um franguinho assado da padaria —, obedeceu a um fluxo narrativo meio absurdo (como um bom Lovecraft), mas eficiente para o que três cabeças quiseram contar. Não falarei de erros, pois, como diria Renato Russo, “eu erro também”. Confesso que me incomoda a quase necessidade de relacionar Lovecraft (ou spin-offs de sua obra) ao tal “NECRONOMICON” como a “fagulha” para o terror. Tudo o que já li com o “selo” H.P.L., sempre cita o tal livro. Acho que o universo dele não carece se sustentar em um único pilar (ao menos no que li). Bem, gosto não se discute e o meu gosto não tem m* nenhuma a ver com o objeto da análise. Vi outros caminhos, enfim. O romance no início, com o final tendo a convidada como sobremesa, me sugeriu Hannibal Lecter. O porão “descuidado” na minha opinião, soa incoerente com pessoas que sabem cozinhar e seguem a dinastia culinária familiar. Infelizmente, não consigo me livrar disso — essa crítica do “deveria ser assim”. Em termos de linguagem, acho que a costura promovida pelos autores 2 e 3 ao texto 1, ficou boa e parece que tudo veio de um só criador. Que o resultado da votação e a revelação dos trios seja breve.

  19. claudiaangst
    7 de setembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem? Sem mais delongas, vamos ao que interessa.

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ FEITO ◊ para avaliação de cada conto.

    ◊ Título =   JANTAR INSANO – O título já sugere que haverá um jantar e insanidade. Loucura estará presente como aperitivo, prato principal ou sobremesa?

    ◊ Amálgama = Como não havia lido o conto antes da sua finalização, posso dizer com segurança que não encontrei discrepâncias entre as partes.

    ◊ Fins = Os fins justificam os meios? Talvez… E a ordem dos fatores altera o produto? Permita-me começar pelo fim, observando o impacto causado na leitura.  Aparece a divindade SHUB-NIGURATH, que desconheço completamente, então não sei se foi criação do(a) autor(a) ou já havia sido citado em outra obra de FC/terror. Acabei de jogar no Google e o resultado foi: ShubNiggurath é uma divindade fictícia criada pelo escritor H. P. Lovecraft. Nunca li nada desse autor, então, perdoe minha ignorância.

    Entremeio = O(A) segundo(a) autor(a) esforçou-se para desenvolver a ideia anteriormente apresentada e creio que foi bem sucedido na sua missão. Trouxe novos elementos para o texto, passando o bastão ao terceiro(a) autor(a) para uma finalização impactante.

    ◊ Início = Tudo começa com a possibilidade de um jantar romântico, o moço se esforçando para criar o cenário ideal a fim de conquistar a amada. Para isso, resolve lançar mão de uma sobremesa especial, receita de sua vovó Clotilde. E a procura pelo livro de receitas da avó desencadeia o desenvolvimento da trama. A partir daí, o enredo segue uma trilha de suspense, terror místico, sei lá…

    ◊ Técnica e revisão = O conto conta com duas personagens principais: o protagonista Oliver e Elena. A linguagem empregada é clara, objetiva e sem floreios.

    Algumas falhas no quesito revisão:

    […] provava o molho verificar > […] provava o molho PARA verificar

    Repetição havia/havia muito próxima

    Mente/completamente/basicamente (mesma sonoridade próxima)

    mal gosto > mau gosto

    alivio > alívio

    Imã > ímã

    Acho que dormi? > Acho que dormi.

    Flutuando, Sentindo tudo > Flutuando, sentindo tudo

    Eu só to meio nervoso > Eu só tô meio nervoso

    O que? > O quê?

    Dificil > difícil

    […] você fez o que? > […] você fez o quê?

    Eles tem > Eles têm

    pre-mesopotâmica > pré-mesopotâmica

    eu to vendo ele > eu tô vendo ele

    ele vêm > ele vem

    Elas abandoram > Elas abandonaram

    ◊ O que ficou = Fiquei com a sensação de que houve um certo acúmulo de informação e certa mudança de tom nos parágrafos finais, mas acabei não captando o que o(a) terceiro(a) autor(a) quis apresentar como desfecho (Terror? Drama? Comédia?). Não sei se consegui acompanhar bem a linha de raciocínio, acho que falhei enormemente nesse quesito. Fico grata por ter aprendido que “plenilúnio” significa lua cheia.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  20. Priscila Pereira
    2 de setembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, autores! Tudo bem com vocês?

    Começo: Parecia ser um draminha romântico, aí aparece um livro mágico e o negócio começa a ficar sinistro. Notei duas coisas que passaram na revisão: “provava o molho verificar se estava” acho que tá faltando uma palavra aí, né. E “mal gosto” , mal é contrário de bem e mau de bom, então o certo seria mau gosto.

    Meio: Colocou um estilo próprio e mais poético, filosófico, o que destoou um pouco do começo objetivo e direto, mas particularmente gostei mais do meio em diante. Aquele “plenilúnio” entregou a autoria, heim 😏

    Final: Completamente doido e divertido, absurdo e nada a ver com nada, mas de um jeito bom. Achei muito legal!

    Coesão: Da pra perceber claramente que foi escrito por três autores diferentes, mas os estilos combinaram muito entre si. Foram complementares.

    Visão geral: Gostei bastante do conto! É bem criativo e original, meio nonsense. Gostoso de ler. A prova de que mesmo cada autor colocando seu próprio estilo, a mistura pode dar certo. Nem sempre dá, é claro, mas nesse caso, deu!

    Parabéns aos autores!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  21. jpfelixdacosta
    31 de agosto de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Gostei do conto, embora, a princípio, me pareceu que iria noutro sentido.
    A ligação entre autores funde bem e não é percetível onde acaba uma parte e começa outra. No entanto, parece-me que o foco e personalidade das personagens muda ao longo da história. Oliver perde a paixão por Elena, Elena perde a irritação e, de repente, já está “embarcada” e ao corrente de toda a situação de forma descontraída. Acho que, neste ponto, a história forçou um pouco. Aponto o dedo ao número limitado de palavras, o que não pode ser desculpa.
    A primeira vez que li este conto, talvez demasiado rápido, perdi-me nos diálogos finais. Foi preciso ler com calma para perceber quem dizia o quê. Isto, para mim, afetou a fluidez do texto. O tom de humor é bastante suave, mas a história nunca chega muito bem a definir se é esse o caminho que quer trilhar.
    Bastante a favor é o final, quando o velho Oliver procura não desperdiçar a comida. O tom de humor negro está bem colocado e a ideia que transmite é que todo aquele aparato cerimonioso não é mais do que banal para ele, algo até habitual que já fez tantas vezes que perdeu a conta.
    No geral gostei, estão bem articuladas as “3 mãos”, mas há alguns pontos no desenvolvimento da história que deixam a desejar.

  22. bdomanoski
    28 de agosto de 2024
    Avatar de bdomanoski

    Quesitos avaliados: Entretenimento, Originalidade, Pontos Fracos

    Entretenimento Corri ler esse conto após ver pessoas comentando que ele era ultra divertido e tal.. Porém descobri que meu senso de humor não é similar ao dessas pessoas. Infelizmente, não me entreteu. Até teve partes divertidas (como quando Elena contava coisas à mesa e Oliver entendia apenas metade), mas no geral, pra mim, faltou fluidez. A trama era bacana, a reconquista, o jantar, o livro, mas a execução foi “quase” – pro meu gosto.

    Originalidade Achei bem original e atual. Porém, a paixão de Oliver pela Elena que parecia a coisa mais forte no começo, foi ficando super fraca e em seguindo plano no restante da história, ao ponto de ele ignorar ela completamente pra ler mensagens do amigo.

    Pontos Fracos Esse é daqueles contos que eu fico muito frustrada quando termino. Que diabos a tal Elena era? ‘Enfim, acho que quis surpreender, mas eu, como leitora e escritora, não gosto quando coisas são jogadas aleatoriamente e sem nenhum nexo especialmente no final. Achei criativo, sim. Mas fiquei frustrada igualmente.

  23. André Lima dos Santos
    26 de agosto de 2024
    Avatar de André Lima dos Santos

    Achei uma experiência extremamente divertida.

    A repentina mudança de tom me incomodou, num primeiro momento, mas tentei abstrair e encarar a obra como um fluxo único e consegui ressignificar. A mudança de tom abrupta se transformou numa valência.

    O conto nos prepara para uma narrativa de escritura pós-moderna, quase como uma literatura juvenil, mas é possível notar as sementes do que viria a ser o terceiro ato. A história acabou por ter uma pegada Stephen King, com suas referências a Lovecraft e essa mistura de uma escrita moderna e um terror misturado ao cotidiano.

    Os toques de humor são precisos, incisivos e tornam a leitura agradável. Esse contraste dinâmico a cada parágrafo (Humor vs terror vs romance) empresta uma originalidade interessantíssima.

    Há alguns errinhos de revisão, mas nada que atrapalhe de fato a leitura.

    Por fim, sinto que os 3 autores uniram bem suas habilidades para criarem uma ótima obra. Parabéns.

  24. Gustavo Araujo
    25 de agosto de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    Achei o conto bastante divertido, com uma pegada adolescente tendendo a um terror gore, com uma leve pitada de erotismo a certa altura. Creio que os três autores conseguiram manter a fluidez e a coerência, essenciais para um conto longo como este. A ideia do primeiro foi bem aproveitada pelo segundo, que soube dar continuidade e, ao que me parece, lançar as raízes mitológicas para o terceiro autor arrematar à altura. Percebi — ou acho que percebi — na terceira parte, algo mais elaborado, no momento que se trouxe a lume a divindade SHUB-NIGURATH, que não havia figurado na primeira parte. Foi uma manobra arriscada, já que o tínhamos era apenas um livro encapado com pele humana, mas o resultado ficou bom. Um final mais próximo do terror talvez ficasse melhor, no entanto, em vez da comédia utilizada. Mas isso é opção de quem escreveu e certamente haverá quem goste. Boa a sacada do tio “xará”, mas não tão bom o baixo aproveitamento de Elena no conto, que ao final não disse muito a que veio. De todo modo, parabéns a todos pelo bom trabalho e boa sorte no desafio.

  25. Antonio Stegues Batista
    23 de agosto de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Resumo da história; Oliver combina um jantar com a namorada. Enquanto ela não chega, ele desce ao porão para pegar um livro de receitas e encontra um livro que o leva a abrir um portal para o mundo de Shub-Nigurath. Oliver desce a esse mundo subterrâneo e encontra a criatura. Depois tudo acaba se misturando, as visões se tornando realidade.

    O monstro, (deusa do subterrâneo) foi criada por H.P Lovecraft, que aparece em seus livros, que outros autores também usaram modificando sua aparência. Parece que Lovecraft se inspirou nas deidades sumerianas para criar essa criatura.

    Achei o conto bem escrito, a narrativa ficou coerente, meio chata em alguns pontos mais para o final, mas gostei do enredo. Me pareceu que a irritação de Elena no início, levaria o enredo por outra linha narrativa. Provavelmente os outros dois autores se basearam na imagem que ilustra o texto para dar continuidade à ideia inicial e deu tudo certo.

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Publicado às 19 de julho de 2024 por em Começo, meio e fim e marcado , , .