EntreContos

Detox Literário.

Possessor (Pedro Paulo, André Lima e Leo Jardim)

A investigação policial e os jornais publicariam a conclusão inegável de que por volta das dezenove horas de uma quarta Luís Henrique de Souza teria deixado a esposa e os dois filhos à mesa de jantar e ido ao quarto, tendo retornado com um revólver. Cada um dos três primeiros disparos encontrou seu alvo nas cabeças de sua família. A perícia foi capaz de identificar que a primeira vítima foi a mãe, atingida por detrás, enquanto os dois meninos foram baleados lateralmente. A versão preferida por todos foi que nenhum dos três o viu chegar. Depois, atirou em si mesmo, cano dentro da boca, miolos espalhados pela parede.

O que os policiais e jornalistas não conseguiam identificar era o motivo. As semanas seguintes em que obtiveram mais informações acerca de Luís Henrique e sua família não revelaram as motivações clássicas, como adultério ou falência. Poucos sabiam, mas a cena do crime permitia apreender que, após os disparos, o filicida não se suicidou de imediato. As posições dos corpos, de objetos à mesa e mobília, bem como sinais de estresse e lágrimas em seu rosto, indicavam que Luís havia passado pelo menos alguns minutos inspecionando a sala de jantar, como se procurasse por alguma coisa, só depois decidindo pelo último disparo. Um único investigador sugerira arrependimento, mas nem os demais policiais e muito menos a imprensa deram muito espaço a essa teoria. O homem que sabia a verdade não era conhecido por ninguém e, para que tudo corresse bem, só poderia ser assim.

Minutos antes dos assassinatos, Ofélio Cordicélio havia estacionado o seu carro na rua atrás da casa de Luís Henrique, via à qual já se acostumara depois de tantas vezes passando por ali na sua vigília do marido leal e pai dedicado em sua rotina. Encostou o carro em frente a um terreno baldio, reclinou seu banco, respirou profundamente, fechou os olhos e, nesse momento, na outra rua, na sala de jantar da casa, Luís Henrique de Souza sentiu uma vontade inexplicável de ir ao banheiro. Não de usar o banheiro, mas sim de ir até aquele cômodo. Seus lábios se moveram formando as palavras que se ouviu dizer em sua mente, mas não disse em voz alta: vou ao banheiro.

Luís obedeceu o comando. Já no banheiro de seu quarto, sentia aquela estranha sensação de quando se esquece do motivo pelo qual se vai a algum lugar. Murmurou que se sentaria e se acomodou sobre a tampa da privada. A cabeça se inclinou levemente para a direita, as pálpebras tremeram até deixar os olhos semiabertos como os lábios, um pouco distantes e úmidos. O longo intervalo entre subida e descida do diafragma sugeria que quase não respirava. Então o corpo se agitou com três sacudidelas espasmódicas que por pouco não o derrubaram de seu assento. Um impulso de seu pé o projetou contra a parede, sustentando-o sentado, mas troncho, com um joelho despontando para o lado, a outra perna esticada, um dos ombros tocando a orelha, sua cabeça curvada até o queixo tocar o peito, o outro braço retorcido ao lado do corpo.

Primeiro, os dedos das mãos e dos pés se dobraram e esticaram e depois o mesmo movimento se repetiu com seus membros, até, de pouco em pouco, recuperar uma posição mais cômoda em cima da privada. Destacar algumas folhas de papel higiênico foi um suplício de imprecisão e tremores. O movimento também foi errático ao levar o papel, que por pouco não deixou cair, até o seu nariz, de onde uma gota de sangue crescia para fora de uma das narinas. Conteve a hemorragia e capengou para fora do banheiro para pegar o revólver.

Um pouco mais tarde, dentro do seu carro, Ofélio Cordicélio repetiria a mesma dança de marionete mal manipulada. Essas eram as horas mais perigosas de seu serviço, quando voltava ao seu corpo e precisava reconquistar suas funções motoras. Por isso tinha que guardar alguma distância e se colocar em um lugar seguro. Tanto o corpo era vulnerável durante a possessão, como também precisava de algum tempo para se recompor. E nem sempre dava certo. Constatou que sua mão direita se entortara como se simulasse uma garra e o mesmo braço estava algo rijo. Mas conseguiria passar a marcha. Só precisou usar a mão esquerda, à qual retornara a articulação, para enxugar o filete de sangue que escapava pelo seu ouvido.

Depois disso, dirigiu para longe, enviou uma mensagem pelo celular e antes mesmo que pudesse bloquear a tela, sorriu para a notificação que chegou, confirmando a transferência bancária. Ofélio ficaria sabendo do suicídio de Luís Henrique apenas mais tarde, também olhando um feed do celular. Poderia ter controlado o corpo de Luís para aquilo, mas sabia que se destruísse o seu cérebro enquanto o assumia, os dois morreriam juntos, e outras formas mais demoradas de suicídio também eram arriscadas demais para o valor que acordara pelo serviço.

O que lhe foi solicitado havia sido as vidas dos dois filhos e da esposa de Luís Henrique, ceifadas pelas mãos dele mesmo – a especialidade de Ofélio – o que eliminava rastros dos mandantes. Quanto ao homem em si, não foi informado se deveria findar vivo ou morto. Ofélio Cordicélio achava que o suicídio havia sido a melhor escolha de Luís após recobrar o controle do corpo, mas não pensou muito nisso. Na verdade, não se demorou mais na notícia do homicídio-suicídio do que na notificação do pix que recebeu pelo trabalho. Rolou o feed para cima, entretendo-se com as amenidades da rede social.

***

O filho querido era sempre bem recebido naquela ala hospitalar, conhecido de toda a equipe médica. A caminho do quarto do pai, Cordicélio saudou todos os conhecidos e conhecidas. Trazia consigo apenas um exemplar de Johnny vai à Guerra, marcado na metade. Para a enfermeira crente, disse que se tratava da história sobre um soldado na guerra em um dilema com sua fé, para a enfermeira militante explicou que falava a respeito de um combatente pacifista confuso entre o posicionamento político e a sobrevivência. Em seus encontros fora do hospital, sondou a mente das duas. E fodeu com as duas.

No quarto do seu pai, encontrou-o, como só podia ser, sobre a maca. Retorcido e inchado, atravessado por um tubo alimentar e cercado por um maquinário de suporte. Mesmo assim, aproximava-se dele com cautela. Sentou-se ao seu lado, cumprimentou-o. Sondou a sua mente e o sentiu lá dentro. Distinguiu o medo do doente ao ouvir sua voz, o que lhe causou arrepios de excitação e, embora não admitisse para ninguém, também de alívio. Depois do que Ofélio fizera com a cabeça dele anos atrás, o velho não podia mais machucá-lo. O jogo estava invertido. Todos aqueles trabalhos que vinha fazendo o permitiam pagar por aquele hospital para mantê-lo vivo depois dos derrames.

Reclinou-se na poltrona. Ofélio nunca havia invadido o corpo moribundo do pai. Seus poderes só funcionavam amplamente se estivesse em seu próprio cérebro, temia que ficasse preso. Fechou a mão esquerda em torno da direita, ainda um pouco rígida, trêmula… a sequela do seu último serviço. Era perigoso ficar tempo demais em outro corpo. Havia passado seis meses lutando com o hábito sujo do cigarro após se demorar num corpo de um tabagista. Além de ter precisado reprimir a consciência do sujeito após algumas horas de possessão.

Mas não eram limites que evidenciava em seu portifólio. Aliás, o tabagista havia sido o único a desafiar o seu controle. Fazia um serviço profissional. Nunca havia encontrado nenhuma de suas vítimas após possui-las. Entretanto, isso também o inquietava. A mente de alguém é uma entidade particular, identificável. Nunca soube se qualquer uma das pessoas que subjugara havia conseguido distinguir quem ele era… e se conseguiriam reconhece-lo. Luís Henrique eliminara essa opção por completo, mas Ofélio ainda imaginava se, diante dos cadáveres de sua família, arma na mão, Luís não pensava nele. Não o reconhecia, ainda que não estivesse mais em sua cabeça.

Uma vibração de seu celular de trabalho interrompeu seu devaneio. Pediu licença ao pai e desbloqueou a tela do display, imaginando para o que o contratariam dessa vez. Já cometera outros assassinatos usando outros corpos, mas também já havia esvaziado contas bancárias, passado por sistemas de segurança, atendido a eventos sociais, dado entrevistas…

Clicou na sinalização verde de nova mensagem.

“Você quer me encontrar, não quer?”. A mensagem de número oculto o intrigou. Ao mesmo tempo em que pensava nas possibilidades sobre a identidade do remetente, em como ocultara seu número em total anonimato, pensou também que gostaria, sim, de encontrá-lo, embora não soubesse bem de onde vinha este sentimento.

A curiosidade fermentou dentro de si, agitando seus pensamentos. Quem seria? Por que motivo o remetente escondeu uma afirmativa dentro da pergunta? Ficou imerso em seus pensamentos, por alguns momentos, enquanto olhava para a tela do celular. Foi despertado com mais uma vibração.

Nova mensagem.

“O que é a consciência, afinal?”. Mais um texto anônimo que impossibilitava uma resposta. Neste ponto, Ofélio sentia raiva por não poder dialogar. Este tipo de conversa unilateral causou ansiedade e ele nem mesmo conseguia identificar o porquê. Que importa que alguém mandou mensagens enigmáticas? Por que se sentia dessa maneira?

“Você quer me encontrar por conta do enigma? Quer descobrir minha identidade?”. Nova vibração.

“Eu o instiguei a isso. O sentimento de querer me encontrar veio de mim ou de você? Eu te manipulei?”.

Sim, desgraçado, você me manipulou. Pensou. E agora?

“Eu estou aqui”.

Não acreditou no que viu. Olhou para a porta do quarto onde seu pai estava. O remetente da última mensagem foi diferente. Não era mais uma mensagem anônima, era um remetente que estava inscrito em sua agenda. Pai.

Correu para o quarto. Entrou batendo a porta e chamando a atenção da enfermeira que lá estava, organizando qualquer coisa em uma mesa. Ali pairava seu pai, tal como o havia deixado minutos antes: deitado sobre a cama, inofensivo, envolto numa morbidez angustiante. Ao lado dele, na escrivaninha, seu celular. Não estava lá antes ou, pelo menos, Ofélio não havia reparado.

Tentou acessar a mente do pai, à procura de algum vestígio. Nada diferente de antes. Mas como poderia ter sido ele? Pensou. Era óbvio que não. Talvez, a enfermeira? Quando olhou para os lados, ela já havia saído do quarto. Neste ínterim da conferência da mente do pai até se dar conta da única possibilidade lógica, perdeu a chance de confrontá-la.

Mas iria. Estava pronto para sair do quarto e agarrá-la pelo braço para iniciar um interrogatório, quando o telefone do pai vibrou todos os objetos que repousavam na escrivaninha.

Número privado.

Atendeu, relutante. Mas como que por uma força interior mais forte que a própria curiosidade.

— Olá, Ofélio – a voz masculina veio do celular. – Ansioso para me encontrar?

— Como fez isso, desgraçado? Como teve acesso ao celular do meu pai?

— Digamos que eu seja um hacker ou que, de alguma maneira, a enfermeira tenha sido minha cúmplice – o homem respondeu. – Como você mesmo supôs, presumo.

Ofélio se concentrou. Ele nunca havia tentado este artifício antes, mas talvez funcionasse. Mentalizou a voz que ouvia pelo aparelho celular a fim de rastreá-la de alguma maneira. Como se sua mente fosse capaz de percorrer os sinais elétricos a fim de encontrar, do outro lado da cidade, que fosse, seu interlocutor.

— Isso não vai funcionar, Ofélio.

O homem tremeu. Congelou. Nunca havia se visto naquela situação. Era sempre ele no controle, sempre quem sabia as emoções e as intenções de seu alvo. De algum jeito, se via agora como um rato num laboratório, sob o olhar curioso e ameaçador do cientista.

— Você pode me chamar de Professor, afinal. Eu ansiava por este momento. Foram anos até ter a possibilidade de te encontrar.

— E quem é você, Professor? – perguntou, tentando esconder o tom de súplica.

A voz cessou por alguns segundos.

— Não saberia te dizer com exatidão, Ofélio. Não sei quem sou no momento, se sou apenas resultado da minha consciência com minhas memórias ou se sou uma miscelânea de memórias e consciências, se é que isso é possível.

— Por que diabos está sendo tão enigmático?

— Porque há um enigma, Ofélio. E você me ajudará a decifrar.

Ofélio, com a voz trêmula de raiva e frustração, perguntou:

— Qual é o enigma?

Mas o telefone desligou antes que pudesse obter uma resposta. O silêncio que se seguiu foi interrompido pelo som agudo e insistente do aparelho que mantinha seu pai vivo, começando a apitar. Uma nova mensagem apareceu em seu celular, contendo apenas o texto: “30 minutos”.

Desesperado, Ofélio gritou por ajuda, chamando as enfermeiras, mas parecia que algum incidente havia ocorrido no hospital, pois todas estavam ocupadas em outro local. O tempo estava contra ele, e ele sabia que precisava agir rápido.

Tentou entender o aparelho que insistia com seus sons agudos, mas não sabia como operá-lo. Começou a vasculhar o quarto onde seu pai jazia doente, analisando todo canto, cada objeto, em busca de alguma pista. Nada. O tempo passava e a urgência aumentava.

Foi então que uma terrível compreensão o atingiu: ele teria que possuir a consciência de seu pai. Era arriscado, sabia que tinha que sair antes que o pai morresse, mas era o único jeito.

— Maldito! — murmurou Ofélio.

Com um suspiro profundo, Ofélio se apoiou confortavelmente no sofá ao lado da cama. Fechou os olhos e concentrou-se, sentindo sua mente invadir a do seu moribundo genitor. A sensação era diferente de todas as outras possessões que já havia realizado. A mente de seu pai era um labirinto de dor e confusão, mas Ofélio avançou, determinado a encontrar o que precisava.

Dentro da mente de seu pai, Ofélio sentiu um misto de ansiedade e raiva. Ele tinha que ser rápido. Vasculhou as memórias e pensamentos, procurando qualquer coisa que pudesse ser útil.

Os sons do aparelho apitando constantemente pareciam mais altos e abafados ali dentro. Mas nenhum movimento era possível, nem mesmo o incômodo dos cabos e tubos ele conseguia sentir. Que horrível viver assim.

O aparelho apitava com uma frequência maior, indicando que o tempo se esgotava. Ele precisava descobrir o enigma e sair dali antes que seu pai morresse.

Quando pensou nisso, algo na mente de seu pai se agitou. Morrer? Era esse o enigma? Uma memória surgiu. Uma sala de aula, uma escola? Um homem escrevia no quadro. O professor moveu-se em direção ao local onde estariam os alunos, mas agora tudo era branco. Estava em um hospital? Não, num laboratório. Uma criança descansava em uma maca com muitos eletrodos na cabeça. Era ele: Ofélio com seis anos de idade.

— Droga! O professor é o homem do laboratório — murmurou Ofélio.

Aquele que ele agora reconhecia como o “Professor” estava ajustando os equipamentos e anotando dados em um caderno.

— Isso é pro seu bem — murmurou o cientista, embora o pequeno Ofélio não pudesse entender completamente.

Sentiu uma dor intensa e queria pedir que ele parasse, mas estava imóvel. Se esforçou, tentou gritar, mas não conseguiu. O homem começou a se retorcer de dor, segurando a cabeça. A primeira possessão. Uma experiência traumática para ambos. Uma memória que ele havia escondido. Mas como seu pai sabia dela?

O local tranformou-se abruptamente em uma sala de estar. Ele se viu agora adulto, em pé, gesticulando com raiva enquanto seu pai, sentado em uma poltrona, o observava com uma expressão de desaprovação.

— Você não entende! — gritou Ofélio. — Eu posso usar esses poderes para ganhar dinheiro, nos tirar dessa miséria!

— Não, Ofélio! — retrucou o pai. — Isso não está certo. Você está brincando com fogo!

A discussão esquentou, e Ofélio, em um acesso de raiva, usou seus poderes com a intenção de controlar o pai, de mudar sua opinião, ou ao menos conseguir as chaves do carro que o pai havia escondido. Ele sentiu a mente do pai resistir, mas a força de sua própria vontade era esmagadora. O pai de Ofélio gritou, segurando a cabeça, e então caiu no chão, vomitando e retorcendo. Um derrame. Ofélio ficou paralisado, o remorso e o horror tomando conta de seu ser.

A cena mudou novamente, desta vez para um hospital. Ofélio estava ao lado da cama do pai, observando os aparelhos que o mantinham vivo. Ele sentia uma mistura de culpa e responsabilidade. Sabia que, de certa forma, era ele que colocou o pai ali, preso em um corpo que não respondia mais.

— Eu sinto muito, pai — murmurou Ofélio, segurando a mão do velho. — Eu nunca quis que isso acontecesse.

O pai, incapaz de responder, apenas olhava o teto, seus olhos vazios refletindo a luz fria do hospital. Ofélio sentia o peso de suas ações, o remorso corroendo sua alma. Seu pai nunca o perdoou.

O rosto do seu pai então começou a mudar. Ele não era mais seu velho pai numa cama de hospital, mas nesse momento era igual ao do Professor. O que isso significa?

— Agora tá tudo explicado! — o homem que era seu pai disse. — Uma mente em dois corpos — sorriu. — Quando me atacou, você misturou a consciência dele com a minha. Por isso eu consigo sentir e ser ele ao mesmo tempo que estou nessa cama.

Ofélio estava novamente vendo pelos olhos do pai no leito. Viu seu corpo levantar, mas não era ele que o movia.

— Meu filho, fiquei anos nessa cama por sua causa. — Viu seu próprio rosto sorrindo. — Sua mente se misturou à nossa.

Ele queria gritar, reagir, levantar, mas nada se movia. Na porta, o Professor sorria, macabro.

— Pode ficar tranquilo que, assim como cuidou de mim, vou cuidar de você. Vou garantir que você tenha uma longa vida… — disse o pai, em seu corpo, enquanto ajustava os fios do aparelho de suporte à vida, que finalmente não apitava mais.

Ofélio estava preso, impotente. Agora ele era o possuído e não mais o possesor.

Sobre Fabio Baptista

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23 comentários em “Possessor (Pedro Paulo, André Lima e Leo Jardim)

  1. Fabio D'Oliveira
    30 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas!
    Dessa vez farei uma avaliação mais pessoal, apontando o impacto do conto em mim.
    Esse conto me agradou bastante.
    Sua abertura é sensacional. 
    Somos apresentados a um homem com habilidades de possessão e leitura mental. Ele ganha dinheiro com isso. Mercenário. E, nas primeiras linhas, vemos um de seus serviços, que é assassinar uma família possuindo um de seus membros. É tudo explicado: o ato, como a possessão funciona e suas consequências. Com isso, o leitor está pronto para mergulhar na trama, que, por não ser tão complexa, é muito bem trabalhada no limite do desafio e pelos três autores. O final me surpreendeu e não tive a menor pena do protagonista. Ele merecia.
    O conto é coeso, bem executado e trabalha com questões interessantes. A única coisa que vi, que tenha quebrado um pouco a coesão, foi a forma como o protagonista trata o pai entre as partes. Primeiramente, ele se sente satisfeito por tê-lo deixado naquele estado, mas depois, em outra parte, ele demonstra remorso. Essa é a única parte que me causou estranhamento, mas posso ter perdido algo no caminho.
    Enfim, o conto capturou minha atenção, do início ao fim!

  2. Renato Puliafico da Silva
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Renato Puliafico da Silva

    Gostei do conto, me lembrou as histórias do Stephen King.

    Começa com um assassinato de uma família, bem ao estilo “Terror em Amityville”, mas somos apresentados a um sujeito chamado Ofélio, que é o manipulador de mentes.

    Os três autores deram seu toque à história, mas mantendo a coesão e coerência. E o final, não poderia ser mais apropriado. É quando o caçador acaba sendo caçado. Apesar de angustiante, foi mais do que merecido.

  3. Thales Soares
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Thales Soares

    Este conto começa de uma forma extremamente empolgante. Talvez, um dos melhores inícios do desafio! O primeiro autor conta uma história quase fechada, colocando na mesa os personagens e toda a base e estrutura que os demais autores devem seguir.
    Começamos com um caso de assassinato pesado onde Luis, sob o efeito de uma possessão demoníaca, assassina sua esposa, dois filhos, e depois se mata. Pesadão!!! Gostei. Os policias investigam a cena do crime, e a forma como o escritor conduz o leitor é muito boa!
    Então somos apresentados a um lazarento chamado Ofélio, e descobrimos que ele foi o verdadeiro responsável por toda essa chacina. Ele está com a mente bem tranquila, como um psicopata sem coração, enquanto tá todo felizinho com o Pix que acabou de receber. Gostei bastante da apresentação desse que, a princípio parece que vai ser o vilão da história, mas que os autores seguintes o transformam no protagonista. Não tenho nada contra essa mudança, até achei que enriqueceu ainda mais o conto!
    O autor 1 finaliza sua parte descrevendo os efeitos colaterais da possessão, e explicando um pouco de como funciona esse esquema interessante. Apesar de não ser uma ideia totalmente original, eu achei bem da hora a forma como foi utilizado, e o conto começou já ganhando muitos pontos comigo.
    Na hora que o autor 2 assume, estamos no hospital, acompanhando Ofélio numa visita ao seu pai, que está internado ali, em coma. Mais tarde, descobrimos que ele mesmo provocou esse coma, porque o cara é fela da puta mesmo. Apesar de ser um cuzão, parece que Ofélio tem um lado um pouco mais humano, e o sentimento de culpa pesa às vezes, principalmente pela cagada que ele fez com o pai. Achei bastante interessante nessa humanização que temos desse nosso vilão, aprofundando em sua psique. Ele próprio paga as contas do hospital, mantendo as máquinas ligadas através do dinheiro adquirido pelo seu trabalho sujo.
    Aí do nada Ofélio começa a receber uma mensagens sinistras e misteriosas no celular, sobre um tal enigma. O cara que enviou as mensagens parece que sabe sobre seus poderes, então Ofélio fica com cagaço na hora que lê aquilo. O responsável pelas mensagens se auto intitula de Professor. Achei isso bem legal!!! Afinal, nosso protagonista é o Possessor, e o antagonista é o Professor. Ótima sacada!!!!
    O embate entre Professor vs Possessor continua, e o Professor joga uma armadilha na qual o Possessor cai como um patinho, obrigando ele a entrar na mente de seu pai. No momento em que ele faz isso, é meio que Game Over pra ele, mas demora para descobrirmos isso. Essa parte é legal porque somos apresentados a alguns flashbacks que explicam mais sobre a trajetória do personagem, sobre a origem de seus poderes, sobre a pilantragem com seu pai, e sobre seu arqui inimigo, Professor.
    Ofélio está agora preso dentro da mente de seu pai moribundo, com uma fusão de consciências bizarra que acabou por acontecer, onde o Possessor, o Professor e o Pai se tornam uma única entidade. Ofélio, que estava tão acostumado a manipular corpos e mentes, agora está preso num inferno mental, de forma a ser impossível de escapar.
    O conto termina com Ofélio preso e sem esperança, e o Professor e o Pai dele (que agora está no corpo de Ofélio, pois houve esse body change entre os dois), e os dois estão dando observando Ofélio ali, todo fodido, dando risada como se estivessem pensando “Otário!! Nós somos os malvadões agora, e você vai ficar preso aí dentro por muito tempo, porque você é um merda, e nós vamos ficar pagando as contas do hospital pra que demore bastante pra vc morrer. Seu lixo!!”
    Ótimo desfecho. E achei também admirável a sinergia que os três autores tiveram, conseguindo manter não somente o estilo, mas também a linha narrativa. Parabéns, e boa sorte no desafio.

  4. Victor Viegas
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Frankensteiners!

    Muito boa a escrita. O autor 01 transmitiu com clareza sobre a vida de Ofélio, que possuía a mente de pessoas para cometer homicídios. Eu consegui entender as suas motivações, digamos, sobrenaturais. O personagem tentou entrar na cabeça do pai após uma discussão e não deu muito certo, deixando o senhor internado no hospital e Ofélio com arrependimento de seu feito. Seria o menino uma pessoa ruim ou apenas impulsiva? Os crimes justificam seu objetivo? Entraram na minha mente para eu escrever elogios ao conto? 

    A coesão foi mantida nos dois primeiros autores e a estória teve uma linearidade. Não saberia dizer exatamente onde houve a mudança de autoria, o que é um ponto muito positivo. O terceiro autor escreveu bem, mas acredito que o desenvolvimento dessa história seria melhor explorado se não houvesse o limite de palavras. Gostaria de ler uma versão estendida deste conto. Parabéns pelo Frankenstein! Boa sorte!

  5. rubem cabral
    21 de setembro de 2024
    Avatar de rubem cabral

    Enredo: Bom. Ofélio é um homem que tem o poder de invadir mentes alheias e controlá-las. Em função de suas necessidades monetárias, comete crimes que parecem crimes passionais cometidos por outros. Descobrimos com o andar da história que Ofélio precisa do dinheiro para custear o caro tratamento de seu pai e que ele foi o responsável pela condição do velho. Enfim, o Professor aparece na história e Ofélio descobre que o homem era alguém que o testara quando criança, ao invadir a mente de seu pai. Ofélio se descobre aprisionado no corpo do velho, enquanto seu pai/professor tomam controle de seu corpo. Achei que o final correu um pouco, mas não sei se o limete de 1500 foi o responsável por isso.
    Escrita. Boa. O início do conto passou-me a ideia de que o autor fosse português, mas a impressão foi se desvaindo. A escrita é correta e os diálogos são bons.
    Personagens. Bom. Ofélio é um personagem interessante, não tem lá muitas camadas, mas funciona muito bem na história.
    Coesão. Boa. O ritmo acelerou um pouco na parte final,mas a história se desenvolveu bem nas partes 1 e 2.

  6. Sílvio Vinhal
    20 de setembro de 2024
    Avatar de Sílvio Vinhal

    O conto inicia com uma escrita potente e um estilo interessante, como se fosse uma notícia de jornal ou um relatório policial. Os detalhes descritivos criam uma atmosfera densa, que envolve o leitor num cenário vívido e realista.
    Desperta interesse, consegue ser instigante e impulsionar a continuidade da leitura. No entanto, pouco a pouco a história se desvia da cena inicial e o motivo dos crimes permanece sem ser revelado. Segue o drama, então, incluindo dois outros personagens que acabam sendo meio caricatos e sem nenhum ineditismo. 
    Há certa depreciação do conto nos dois terços seguintes. Numa tentativa não tão bem sucedida de explicar o vilão/protagonista e, ao mesmo tempo, achar um outro rumo para a história.  O resultado acaba decepcionando, pois, repentinamente o vilão cruel e calculista se torna uma vítima ingênua e sem poder de reação.
    Ou seja…o conto desandou como “a dança de uma marionete mal manipulada”.
    Parabéns aos autores pela participação no desafio, desejo sucesso!

  7. bdomanoski
    17 de setembro de 2024
    Avatar de bdomanoski

    Quesitos avaliados: Entretenimento, Originalidade, Pontos Fracos

    Entretenimento Bom, Achei bem entretivo a história.

    Originalidade Bem, eu já havia visto na Netflix uma série exatamente sobre esse tema, onde um homem esta dominando a mente da protagonista da historia. Não lenmbro o nome agora, mas é uma série pra lá de boa. Recomendo. Mesmo eu já tendo visto essa mesma tematica, acho que fez um bom trabalho, já q ela é pouco usada e é bem interessante e cheia de possibilidades. Como essa de matar ou possuir por dinheiro, fazer do “dom” um negócio. Achei criativo.

    Pontos Fracos O CONTO DESANDA QND UM novo personagem é inserido (talvez porque as pessoas ficaram comentando que liam Professor ao invés de Possessor, vai saber) e o autor quis brincar com isso e colocou um professor na historia. Porém não ficou claro todas as cens finais, como quem estava mandando mensagem e como fez isso, e onde estava agora esse tao professor. ENfim, ficou ultra mega confuso de um jeito negativo, pois parece que a história foi feita pra nada. Pois no fim fica enrolado e parece q tem personagem faltando ou sobrando. Mas gostei da maior parte do conto. Talvez uns 80% do conto tenham me agradado.

  8. Pedro Paulo
    16 de setembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: É um conto que se inicia com o que parece já ser um pequeno conto fechado, no trabalho de Ofélio no assassinato da família, mas depois continua para uma trama totalmente diferente quando a segunda autoria insere o drama do pai, reforçando a natureza sociopática do protagonista… entretanto, acho que é também aí que a inserção de ainda um terceiro personagem faz tudo ficar confuso, com o tal do Professor ocupando um pedaço oculto do passado de Ofélio e, de alguma forma, misturando-se com a história do pai que, aliás, já em terreno da terceira autoria, tem sua relação com o filho reformulada quando, de algoz o protagonista passa a ter remorso, o que é talvez a segunda manifestação de emoção pelo protagonista que até a frustração com o celular não vinha demonstrando ter alguma. Estilisticamente, o início é jornalístico, demorando um pouco a apresentar seu personagem, que então passa a ocupar o restante do texto, mas essa transição deriva em um dos problemas que já citei que é a sua descaracterização. Então justamente devido às segunda e terceira parte do conto ficarem no personagem, a leitura se desencaminha porque ele começa a aparentar ingenuidade e sentimentalismo, contrariando totalmente o que foi estabelecido antes. Dito isso, a resolução, amarrando de forma confusa os três personagens – em que dois parecem ser um só – perde impacto e assinala a falta de coesão entre as três autorias.

  9. Fabio Baptista
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    X Sensação após a (segunda) leitura: não foi ruim, mas me pareceu ter faltado alguma coisa

    X Citações pro bem e pro mal:

    x O homem que sabia a verdade não era conhecido por ninguém e, para que tudo corresse bem, só poderia ser assim.
    x via à qual já se acostumara depois de tantas vezes passando por ali na sua vigília do marido leal e pai dedicado em sua rotina
    Algumas frases na primeira parte me soaram estranhas, truncadas… não estão erradas, mas passam a impressão de que estão incompletas, ou redundantes

    x dança de marionete mal manipulada
    essa ficou boa

    x Luís Henrique de Souza
    Acho que esse nomes completos não combinam muito com contos.

    X Conclusões:
    Gostei da premissa: alguém com o dom de invadir mentes é contratado para cometer assassinatos acima de qualquer suspeita e usa o dinheiro para bancar o tratamento do pai. É o background perfeito para um vilão de histórias em quadrinhos. A escrita nessa primeira parte me incomodou um pouco. Ficou algo mais próximo do jornalístico do que do literário. Acredito que tenha sido proposital, estávamos falando de uma história de crimes e investigação policial, afinal… mas o resultado não me agradou muito.

    Só um comentário off: essa parte dos assassinatos seguidos de suicídio causados por um tipo de possessão me lembraram o filme “Longlegs” com Nicholas Cage, que assisti recentemente e me arrependi… o filme não é ruim, mas é um tipo de terror que não gosto.

    O desenvolvimento da história acabou restrito ao cenário do hospital e a flashbacks, de como foram adquiridos os poderes. Essa parte me remeteu a The Boys e aos testes com o Homelander. Nesse ponto senti que o conto deu uma desandada, ficando um pouco confuso.

    O desfecho tenta amarrar as pontas soltas e “cumprir as promessas”. Não ficou ruim, a ideia de aprisionar o possessor no corpo moribundo foi ótima, mas confesso que mesmo após a segunda leitura não tenho muita certeza do que ocorreu ali para que essa troca fosse realizada. E não foi instigante o suficiente para uma terceira leitura tentando amarrar todas as pontas.

    BOM

  10. Jorge Santos
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá trio.

    O que começou como um policial bem narrado resvalou para uma história de terror sobrenatural (terror ou suspense). Fico sem saber qual era a ideia do autor inicial, mas gostei da história como um todo, se bem que ficou algo confusa na última parte. A introdução do professor foi irrelevante, mas percebi a necessidade de explicar a autoria da chamada de telemóvel. No entanto, é uma personagem difusa, que pode ou não existir. A troca de consciência com o pai fecha o conto de forma brilhante, e deveria ter sido explorada de forma mais elegante, sem fazer com que o leitor se perca desnecessariamente. Em termos de linguagem notei alguns problemas gramaticais que poderiam ter sido evitados com uma revisão mais apurada.

    Uma side-note: Ofélio Cordicélio? Really? Onde é que vocês vão buscar estes nomes? Genial.

  11. Luis Guilherme Banzi Florido
    14 de setembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Olá, autores! Tudo bem? Primeiramente, parabéns pela participação num desafio tão dificil e maluco quanto esse!

    Início: Muito bom! Criativo, cativante e bastante misterioso. Ofélio é capaz de possuir pessoas, e parece ser um tipo de criminoso sob encomenda que ataca os alvos de acordo com o pedido do cliente. Na parte 1, vemos uma demonstração de seus poderes sobre o pobre Luís Henrique e sua família. A parte 1 é muito promissora, e me deixou pendurado no conto, ansioso para ver para onde iria. Gostaria de ter pego esse conto para continuar!

    Meio: no meio, as coisas se perdem um pouco e o conto segue um caminho bem distinto. Por mais que o estilo e a escrita sejam bem similares à primeira parte, a história toma rumos bem distintos com o surgimento do Professor. Aliás, achei engraçado que todo mundo tenha lido “professor” ao invés de “possessor” no título desse conto, e o autor 2 incluiu um professor. Será que foi de propósito, ou o autor 2 realmente leu errado o nome do conto? Acho que jamais saberemos huahuahuau. Enfim, mesmo com o redirecionamento do enredo, ainda tinha possibilidade de dar em algo bom. Vamos ver o que mais vem pela frente.

    Fim: infelizmente o final não foi muito bom, a meu ver. Não me refiro ao desfecho em si, mas à confusão que se instaura na história, que parece querer contar coisas demais em um espaço muito curto (o que é curioso, pois esse conto me pareceu não ter usado o limite total de palavras). Pelo que entendi, o pai junto do professor fizeram experimentos no Ofélio quando ele era criança, ele adquiriu os poderes, e num ataque de fúria causou um derrame acidental no pai (isso me causou certo estranhamento, pois em algum lugar na transição entre autor 1 e 2 fica claro que Ofélio atacou o pai de propósito, e que agora sente prazer em vê-lo sofrer, mas o autor 3 fala em arrependimento, isso soou bem destoante). Agora, o professor parecer ter armado para ajudar o pai a trocar de corpo com o filho. Particularmente, ao ler a parte 1, eu imaginei que teria algo de mais superficial, ao invés de experimento científico. Isso me frustrou um pouco, mas é claro que isso é opinião pessoal. Vale dizer que, apesar das críticas que fiz, o desfecho em si foi interessante, com essa troca de corpo meio Corra/Chave Mestra.

    Coesão entre os autores: o autor 1 possuiu minha cabeça e me causou curiosidade, o autor 2 perdeu um pouco o controle e eu desafiei seu domínio, e o autor 3 acabou sendo ludibriado pelo professor e ficou preso no meu corpo moribundo. Em outras palavras: o autor 1 criou um mistério excelente e me deixou preso à leitura, o autor 2 conseguiu emular bem sua escrita, mas seguiu um rumo na história que me perdeu um pouco, mas ainda deixou possibilidades de um desfecho interessante, mas infelizmente o autor 3, que manteve o nível técnico e copiou bem a escrita, se perdeu um pouco na história e acabou entregando um desfecho confuso e pouco inspirado.

    Nota final: bom.

  12. vlaferrari
    12 de setembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    O fluxo narrativo parece ser orquestrado por um só autor. Mas um pouco de atenção sobre as ações dos personagens, acaba por “dar uma luz”, e se percebe a troca da autoria. Uma premissa que foge um pouco da minha aprovação. Se o possessor O.C. da primeira parte se penaliza por ser o responsável pelo pai inválido, não deveria ser descrito (ao menos entendi-o assim) como um psicopata. Há de se destacar a crueldade do primeiro autor, em relação aos nomes dos personagens. O segundo e o terceiro poderiam ter arranjado um nome para o “pai”. Eliminariam as repetições da palavra “pai” na parte final.
    O enredo ficou confuso, pois não houve uma alusão ao possível “monitoramento” de O.C. pelo Professor, na primeira parte. Ele agia sozinho e essa introdução na trama, na minha opinião, poderia ser mais bem “costurada”. O terceiro autor tentou isso, com a introdução da enfermeira na ação (ou foi o segundo), mas ainda assim, a confusão se manteve. É um conto que merece uma revisão com os elementos apresentados pelos três autores, para uma estória muitíssimo boa de terror.

  13. givago99dthimoti
    12 de setembro de 2024
    Avatar de givago99dthimoti

    Possessor

    Bom dia aos autores!

    Esse conto foi difícil de comentar! Acho que o início do conto é bom e promete uma história instigante. A premissa é fantástica e traz muitas possibilidades: um telepata que consegue dominar a mente (e consequentemente o corpo) de uma pessoa a distância. 

    Entretanto, talvez diante dessa profusão de possibilidades, o desenvolvimento e a conclusão ficaram um tanto confusas, o que demandou uma leitura mais atenta. O desenrolar do aparecimento do Professor, um personagem do passado do protagonista, é repentino, apressado e, portanto, pouco explicitado, talvez pelo limite de palavras. Foi bem, digamos, amargo e difícil de engolir esse momento por dois pontos: (i) estranhei o surgimento do antagonista, a partir de mensagens aleatórias e ameaçadoras que prontamente preocuparam o personagem principal e (ii) as entrelinhas da história que poderiam ser melhor explicitadas, como por exemplo, o treinamento rígido do professor em relação ao personagem

    Ainda assim, o desfecho, amargo e com o triunfo do vilão, mostra-se como uma escolha feliz do autor, condizente com o encerramento que o próprio desenrolou, sem aquele milagre marvelesco que salva o herói na última hora.

    Um conto com premissas boas, desenvolvimento e conclusão não tão bem lapidados, mas que demonstram que há uma narrativa muito boa por trás para se explorar. 

  14. Leandro B.
    11 de setembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    *Toda e qualquer crítica refletem mais um ponto subjetivo meu do que qualquer outra coisa. Outro leitor pode achar o oposto.

    Achei a história interessante. Sinto, também, que todos os autores conseguiram pegar bem a essência da coisa, embora o final tenha se tornado um pouco… confuso e explicativo demais ao mesmo tempo.

    Tive a impressão de que o pai de Ofélio abusava dele, possivelmente controlando seu corpo, talvez de maneira literal, ou talvez de forma mais metafórica, como em um relacionamento abusivo familiar, o que fez com que Ofélio executasse vingança.

    Mas ao final, parece que Ofélio o feriu “acidentalmente”, após uma tentativa marota de controlar o velho.

    “Sabia que, de certa forma, era ele que colocou o pai ali, preso em um corpo que não respondia mais.”

    Achei essa passagem engraçada. Não, Ofélio, não foi de certa forma culpa sua. Foi completamente culpa sua.

    Mais importante do que esse detalhe foi a crescente superficialização do personagem. No início, tive a impressão de que o autor tomou cuidado para construir camadas mais… não sei se “profundas” é a palavra certa. O autor tentou sugerir o que era Ofélio de maneira mais sutil, quando no fim vemos uma coisa um pouco mais direta, tipo “quero usar os poderes pra ficar rico!”, na discussão com o pai.

    As vezes menos é mais e acho que era o caso aqui.

    Tanto o autor dois quanto o três encontraram boas ideias de como conduzir a narrativa e mantê-la interessante, mas a preocupação em explicar tudo o que estava acontecendo, ao invés de fazer sugestões, como o primeiro autor, acabou diminuindo um pouco o impacto final para mim.

    De todo modo, parabenizo os autores e desejo boa sorte no desafio.

  15. Fernando Cyrino
    10 de setembro de 2024
    Avatar de Fernando Cyrino

    Olá, pessoal. E eis que estou hoje aqui às voltas com a história que me trouxeram. Um homem, um matador que tem grandes poderes. Ele entra nas mentes daqueles que está incumbido de eliminar. E faz isto com o Henrique de Souza que mata mulher e filhos e se suicida por uma estranha compaixão… Mais ou menos assim: Depois do que fez sob meu comando ficou muito pesada a sua vida. Caramba, o possessor é terrível. Caras, gostei da história. Conto-lhes que curti mais o primeiro autor. Achei que ele começou muito bem, de forma bem bacana mesmo a história. O primeiro parágrafo que, apesar de longo só carrega uma vírgula em seu final, ficou estupendo, bravíssimo! Gostei também da maneira como o segundo e terceiro autor continuaram a narrativa. Fica sutil a troca de comando no texto e isto é um ponto a favor de vocês, claro. O final com o pai no hospital (por culpa do filho) trocando de lugar com ele e a vinda de um novo personagem, chamado de professor, achei que não funcionou tão bem. Mas relevem, que isto se deve muito mais ao gosto de um leitor chato como eu. Bem, daqui lhes mando o meu abraço e os votos de muito sucesso no desafio.

  16. claudiaangst
    8 de setembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem? Sem mais delongas, vamos ao que interessa.

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ FEITO ◊ para avaliação de cada conto.

    ◊ Título = POSSESSOR. Apesar dos olhos confundirem as letras e lerem Professor, logo se dão conta que o título traz a ideia de posse e não de educação. Possessor do quê?

    ◊ Amálgama = A transição de autoria foi realizada de forma sutil, o que contribuiu para a coesão do texto por inteiro.

    ◊ Fim = Os fins justificam os meios? Talvez… E a ordem dos fatores altera o produto? Permita-me começar pelo fim, observando o impacto causado na leitura. O desfecho foi bem amarrado trazendo um destino cruel ao tal do Possessor, no entanto… essa amarração apresentou um nó: anteriormente, Ofélio havia sido apresentado como vítima do pai e por isso o mantinha vivo em sofrimento; já no final, o jogo vira e o possessor se torna o grande vilão (não que isso fosse mentira) a ser castigado. Ficou confuso nesse ponto. Autores 1,2 e 3, cheguem a um acordo, por favor.

    ◊ Entremeio = O(A) segundo(a) autor(a) trouxe um novo elemento à trama – o tal Professor (creio que baseado na confusão que muitos fizeram ao ler o título). Talvez o(a) autor(a) 2 tenha perdido um pouco a mão ao distribuir os acontecimentos na trama, tornando a leitura menos fluida e um tanto confusa.

    ◊ Início = O(A) autor(a) 1 apresenta um perfeito cenário de cena de crime. Triplo homicídio seguido de suicídio. Coisa leve e básica! A construção do primeiro parágrafo foi clara e precisa, despertando de imediato o interesse do leitor. O que aconteceu ali? A escolha do nome do protagonista me pareceu bem intrigante. Que tipo de pai registra um filho com o nome Ofélio Cordicélio? Só tendo muito ódio pela cria. Talvez daí tenha vindo a sede de vingança? Nota-se incrível habilidade na condução da trama e manejo de palavras. É a parte que apresenta a escrita mais segura e fluida.

    ◊ Técnica e revisão = O conto é narrado em terceira pessoa do singular, mantendo uma distância dos acontecimentos. Optou-se pelo uso de linguagem clara, objetiva, que combina com o tom de conto policial/FC.

    Poucas falhas no quesito revisão (ou as que percebi durante a leitura):

    – reconhece-lo > reconhecê-lo

    – tranformou-se > transformou-se

    – Sabia que, de certa forma, era ele que colocou o pai ali > Sabia que, de certa forma, havia sido ele que colocara o pai ali.

    – possesor > possessor

    – Há um excesso de repetição da palavra “pai”, principalmente na parte final do conto.

    ◊ O que ficou = Um leve incômodo quanto à resolução da trama, devido à confusão gerada sobre a identidade do verdadeiro vilão da história: o pai ou o filho?

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  17. Kelly Hatanaka
    6 de setembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá, caros colegas entrecontistas!

    Primeiramente, parabéns pela participação corajosa e desapegada.

    Vou avaliar e comentar de acordo com meu gosto, não tem muito jeito, afinal não tenho conhecimento nem competência para avaliar de forma mais “técnica”. Ou seja, vou avaliar como leitora mesmo. Primeiro, cada parte separadamente, valendo 1 ponto cada. Depois, a integridade do resultado, valendo 3 e, por último, o impacto da leitura, valendo 4.

    Começo

    Um começo impactante e interessante. Um criminoso que é capaz de possuir uma pessoa e controlar suas ações. Ele tem algumas fragilidades. Imagina que morreria se o possuído morrer durante a possessão. Guarda resquícios das possessões. Já encontrou alguém que o desafiasse. No mais, age sem remorso nenhum. Gostei da ideia de que Ofélio teria aprisionado seu pai dentro da própria mente.

    Meio

    Surge uma figura misteriosa que contata Ofélio propondo um enigma. A transição de autor ficou boa em termos de estilo. Mas a trama se torna mais confusa, um tanto rocambolesca.

    Fim

    Ofélio entra na mente do próprio pai e é aprisionado. Novamente, a transição de autor ficou boa em termos de estilo. Tanto que não soube dizer ao certo onde começou o autor 3. Mas a trama se perdeu, em minha opinião, apesar do final trágico.

    Coesão

    O começo sugeriu um relacionamento difícil entre pai e filho, sugeriu mesmo que Ofélio tivesse sofrido abusos. O começo também mostrou um Ofélio sem empatia nenhuma, sem remorsos. E aqui, no final, o pai parecia se preocupar com ele no passado, os derrames foram um acidente, Ofélio sentia culpa. Parece que os personagens do começo foram substituídos por outros. E daí veio o “Agora tá tudo explicado” e explicou mesmo e fim. Cabô. É isso.

    Impacto

    Um começo de impacto que se perdeu no caminho. Um conto que começou policial, virou suspense e descambou pro melodrama. O pior é que, se o autor 1 usou 1500 palavras, os autores 2 e 3 usaram, em média 729 palavras cada. Havia espaço para fechar melhor esta história.

  18. André Lima
    5 de setembro de 2024
    Avatar de André Lima

    Na primeira vez que li o título e vi a imagem do conto, pensei que veria uma história de terror. Não é essa a pegada imprimida aqui. O primeiro autor nos dá uma história de investigação, um suspense.

    O conto é bem escrito pelos 3 autores que mantiveram o mesmíssimo estilo. Acho que foi o conto que menos senti diferença, quase me esqueci que era uma obra a 3 mentes.

    Mas, como está sendo comum neste desafio, há um redirecionamento no meio do conto. Alguns, nesse desafio, funcionaram; outros, nem tanto. Aqui, fico em dúvida. Achei arriscado demais a tentativa do segundo autor de transformar uma história de suspense, investigação, etc, numa pegada mais filosófica e questionadora. Não havia indícios desse tema nas primeiras linhas… De certo modo, esse redirecionamento limitou bastante o terceiro autor.

    Que, por sinal, se saiu bem. Fechou a história. Amarrou-a.

    O conto tem alguns problemas de revisão, nada grave. Mas, faltaram palavras para dar mais robustez à história.

    No fim das contas, é um conto divertido! Bom trabalho!

  19. Gustavo Araujo
    3 de setembro de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    No geral é um conto bastante competente e que consegue manter a atenção do leitor, a despeito da sucessão de autores. Embora seja perceptível, ao menos para mim, uma maior intimidade com as letras por parte do primeiro, os demais tiveram êxito em manter o fluxo narrativo. Na primeira parte vê-se algo mais próximo do policialesco, afinal somos apresentados a um assassino de aluguel com a peculiar habilidade de invadir corpos alheios para dar cabo de outras pessoas. O segundo autor optou, porém, por enveredar pelo lado familiar, trazendo à tona um drama com o pai. Foi uma escolha arriscada, mas que ganha pontos por não seguir a linha traçada pelo primeiro. A relação entre pai e filho é bem explorada, evitando a armadilha da pieguice, mormente por conta da situação moribunda do velho. O ponto extra vem com a figura do “professor”, o tal cientista. que desde a meninice do protagonista vinha realizando experiências com ele. No fim, o terceiro autor tenta um duplo twist carpado fazendo com que pai e filho troquem de lugar — ou ao menos de corpos. Ficou um pouco confuso, confesso, mas isso se deve mais ao limite de palavras do que a qualquer outro fator, pelo menos é assim que enxergo. A história, como um todo, é interessante, mas senti falta de uma escrita mais elaborada, com metáforas mais inteligentes, algo que provocasse um enlevo maior. Não veio, mas isso não é necessariamente um demérito. Stephen King escreve dessa forma plana e não deixa de ser um sucesso. Mas leitor exigente que sou, fico à espera de algo diferente na maneira de escrever, principalmente num desafio onde os estilos narrativos se parecem tanto. De todo modo, é um trabalho ótimo, de coesão incomum neste certame, em que os três autores buscaram, de fato, criar uma história bacana. Esse respeito de um pelo outro é algo que merece elogios. Parabéns e boa sorte no desafio.

  20. JP Felix da Costa
    3 de setembro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Este conto insere-se numa temática que é bastante do meu agrado. Isto, estou consciente, pesa na minha avaliação.

    O conto está muito bem escrito, com uma ligação perfeita entre os três autores. Se não fossem as pequenas falhas diria que fora escrito por uma pessoa apenas. Gostei do ritmo da história, que nos mantém agarrados na procura da resolução do mistério, da forma como mantém o suspense, e da conclusão. No entanto, pequenos detalhes, como a relação com o pai, que oscila, e alguma falta de claridade na reta final parecem-me reflexo de um incompleto estudo das partes anteriores por parte do terceiro autor.

    Creio que uma revisão final, retificando as pequenas falhas, poderia torná-lo num conto excelente. Mesmo assim, um dos melhores contos que já li aqui no certame.

  21. Antonio Stegues Batista
    1 de setembro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Homem capaz de se apossar da mente das pessoas, usa seus poderes para cometer crimes.

    Ofélio ganhou poderes depois de uma experiencia de laboratório praticado por um homem chamado de Professor. Depois na idade adulta, o pai descobre seus crimes, os dois discutem, o pai sofre um AVC e fica em coma no hospital. O filho vai visitá-lo e recebe uma mensagem no celular do Professor que diz que há um enigma para ele decifrar.

    Me pareceu que a história tomou um rumo inesperado, saindo da ideia inicial. Tudo leva a crer que O Professor é o pai de Ofélio. A introdução mostra o mote do conto e o caráter do personagem, mas há alguns pontos nebulosos que eu não entendi como no caso do professor. O enredo é bom, mas nem sempre as conexões que ligam os autores e suas ideias são completadas com sucesso, mas, no entanto, porém, apesar disso o trabalho não ficou de todo ruim.

  22. Priscila Pereira
    30 de agosto de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, autores! Tudo bem com vocês?

    Começo: Muito interessante! Nunca tinha ouvido falar em uma possessão onde uma pessoa possui a outra. A descrição da possessão em si foi muito boa também.

    Meio: O pai no hospital e a aparição do Professor foram elementos bem inseridos para impulsionar a trama.

    Final: a armadilha em que o Possessor caiu me pareceu um tanto confusa e o final ficou um pouco corrido. E não entendi direito a questão de quem era quem no corpo de quem.

    Coesão: Em questão de estilo, não deu pra notar a mudança de autoria! Parabéns! Mas, porém, todavia, entretanto… 😅 O autor final deixou passar uma questão importante de motivação. Porque eu entendi que o pai era uma pessoa horrível e que o filho o mantinha vivo como vingança. E no final parece que foi um “acidente” e que o filho se sentia culpado.

    Visão geral: Gostei do conto! Achei original e criativo, tirando os lapsos que já comentei. No geral um conto muito bom!

    Parabéns aos autores!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  23. Fabiano Dexter
    29 de agosto de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Mais um conto bem interessante, e com as ligações entre as partes muito bem feitas, deixando para o leitor apenas indícios de onde um autor passou o bastão para o outro. Além disso, não sei se esse era o final pensado por quem começou o conto, mas ficou bem dentro das premissas embora eu tenha tido a impressão, pelo menos na primeira leitura, de que o protagonista deixava o pai vivo como uma punição a ele e não por culpa (mas pode ser coisa da minha cabeça)
    O fato de não termos mais explicações sobre o poder, como quais os limites, funciona bem no conto que é uma história curta, assim como é mantida por grande parte do texto a iteração com o celular, que parece ser o meio de comunicação preferido de Ofélio.
    O conto mantém os cenários simples e a narração em primeira pesseoa ajuda a dar um maior impacto no final do conto, que talvez pudesse se um pouco menos corrido e mais descritivo, mas não comprometeu a história.

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Publicado às 15 de julho de 2024 por em Começo, meio e fim e marcado , , .