EntreContos

Detox Literário.

Geraldine (Victor Viegas, Thales Soares e Kelly Hatanaka)

Ocês num vão acreditá, mas eu tive um causo aqui no sítio que num dá pra esquecê não. Menino, vou contá logo prucês antes que o galo Bento comece as cantoria na madrugada. Prestem bem atenção. Era uma noite de domingo, e eu tava lá, apanhando leite da vaquinha Mimosa. De repente, um barulho esquisito e muito alto veio de dentro do paiol, fazendo com que eu parasse o que estava fazendo e prestasse atenção. Parecia uma explosão, um objeto grande caindo, sei lá o que era aquilo.

Nunca tinha ouvido um estrondo tão grande assim por essas banda. Num sabia se ia ver o que era, se ficava e me escondia embaixo da Mimosa, ou se fingia de morto. Podia ser tanta coisa que deu até umas embananada na cabeça. Num sou de assustá fácil, num vô mentir não, mas aquele trem me deixou um tiquinho cismado. Pensa num cabra cas perna bamba. Era eu naquele momento. Rapaz, tremia tanto que a mente deu um branco e já nem lembrava o que tava fazendo ali.

De repente, mais um daqueles estôro alto aparece vindo do paiol. “Ah, mas que diacho de barulho é esse, meu Deus do céu?” reclamei pra mim mesmo. Num tô certo? Óia, pensa comigo, tava ali sozinho, só eu com a Mimosa do lado e os grilo tudo cantando, e de repente essa zoeira tarde da noite… o coração chega a tá batendo na garganta, parece até que vai saltar pra fora. “Será que é um bicho?” pensei. Podia ser alguma onça faminta ou, sei lá, um lobisomem daqueles que a nossa vozinha contava quando a gente era menino. Um fantasma, talvez. Vixe, Nossa Senhora, nunca fui de acreditar nessas coisa, mas vai saber, né?

Mas meu pai sempre falou que homem tem que ser corajoso, um macho de verdade, que num pode ter medo de nada não, somente de Deus. Mas cadê essa coragem numa hora daquelas? Tava é me faltando, isso sim. Ô trem difícil. Dava até vergonha de pensar em correr de volta pra casa, mas ói… e se for alguma coisa perigosa mesmo? Não podia arriscar, tinha que resolver isso, afinal sou homem ou não sou? Então engoli meus pensamentos, peguei minha lanterna cas luzinha piscando e fui chegando pé ante pé com aquele pressentimento que algo muito estranho tava acontecendo.

Lembro de ficar gritando ‘Coragem, home, coragem’ por todo o caminho, enquanto a lua alta lançava sombras pavorosa pelo chão de terra batida. O paiol, cas tábuas de madeira desgastada e cheia de musgo, parecia mais distante. O barulho, tava mais forte, ecoava no ar frio da madrugada, fazendo meu coração errar as batida. Senti um arrepio subir pela espinha, enquanto o vento gelado balançava as folhas das árvores ao redor. A luz fraquinha da lanterna mal iluminava meus pé e a escuridão parecia engolir tudo à minha volta.

“É agora ou nunca”. Ia provar pra um total de zero pessoas quem era homem de verdade, ninguém realmente tava ali pra apreciar minha proeza de macho, mas o mais importante era eu acreditar na bravura que nem sabia que tinha, num é mesmo? Tava abrindo a porta bem devagarinho e a porta começou a rangir num barulho muito esquisito, nessa hora meu coração quase pula pra fora do peito. Susto foi tanto que deixei a pobre da lanterna cair no chão. Tava lá, com a cara e a coragem, no completo escuro e uma criatura medonha vindo em minha direção. A gente não pode pensar o pior, rapaz, mas na minha cabeça era um trem assombroso correndo pra me devorar. Não queria não. Sou muito novo pra virá zumbi, num quero parecê um daqueles ualquim dédi.

Respirei fundo e andei com cuidado naquele breu. Menino, te contá que tava tudo preto mesmo, num dava pra ver nadica de nada, nem forçando as vista. Mas eu, corajoso que sou, segui em frente com as mãos tocando nas parede daquele paiol. Felizmente não teve o barulhão igual das outras vez, mas conseguia sentir a presença de um bicho estranho ali. Bateu um medo que num consigo nem explicá. Tava lá eu andando devagarinho, a cada passo ouvia a respiração do bicho. Menino, era dos grande.

Mesmo assim fui, sempre me orientando pelo som do animal. Em alguns passos, o que antes era madeira e lataria enferrujada, comecei a tocar em uma pele dura, molhada, e até um pouco gosmenta. Fui sentindo a dimensão daquele bicho, confesso que deu uns dez palmo tranquilo, e rapidinho eu já tava na cabeça. Achei muito estranho não ter se assustado de mim, nem fugiu. Sorte minha que também não me atacou. Mas cê sabe que o pai aqui tá forte. Bicho não ia ousar me atacar, ia se dar mal, vice.

Tu num sabe o que aconteceu depois. Quando finalmente agarrei a cabeça daquele bicho, senti uma baforada quente na minha cara, tão forte que parecia uma tempestade de vapor. O paiol cheirava a palha úmida e madeira véia, e o vento da respiração do bicho espalhava umas aguinha pelo ar que grudava na pele. Ali, no meio daquela escuridão, minhas mãos tremiam enquanto eu apertava a cabeça do animal, meus ói tava bem fechado e o coração batendo numa força, rapaz. Podia ouvir o som da minha própria respiração, enquanto o tempo parecia parar. Tava congelado ali, envolto pelo cheiro e pela presença do bicho, sem coragem de abrir os ói.

Na hora que eu ia enfrentar o animal e mostrar quem era o dono daquele pedaço, o galo Bento decidiu começar a cantoria da manhã e o sol passou a dar às graça. Eu, não sabendo se a coragem tinha me abandonado na hora, finalmente abri os ói. Pra minha surpresa, tava segurando um porco, mas num era qualquer porco. Era um porco rosa, um tanto gordito, mas com jeito de não oferecer perigo a ninguém. Vixe Maria, quanta bobagem eu pensei. Num dava pra acreditar no que tava vendo, a risada veio rapidim. Segurava aquele bichinho rosado e bonachão, que tava mais assustado do que eu!

“Ô seu danado! Ocê que tava fazendo todo esse estardalhaço?” falei rindo, a tensão tava escorrendo pelo corpo igual manteiga no pão quente. O porquinho parou, oiou pra mim com aqueles oinhos pretinhos brilhantes e soltou um grunhido que mais parecia uma risada também. “Mas que trem engraçado, achei que era um monstro e cê é só um porquinho sapeca!”A sensação de alívio foi tamanha que comecei a gargalhá sozinho ali no paiol, com a cara suja de medo e as mão ainda tremendo. “Num acredito que passei essa vergonha por causa de ocê”, continuei falando, mais pra mim mesmo que pro bichinho.

Num deu outra: peguei o porquinho e levei pra cozinha. “Vai virá linguiça se continuar aprontando”, falei, mas já com um carinho danado pelo bicho. Coloquei ele num cantinho, dei um tiquinho de leite e deixei se ajeitar. A partir daquele dia, o porquinho virou o xodó do sítio. O nome? Uai, batizei de Geraldine. Adorava correr pela roça e fazer arte no paiol. Mas ocê acha que a história acaba aí? Que nada! Ele começou a mostrar uns talentos que eu nunca vi em bicho nenhum. Certa manhã, fui despertado por um som diferente. Não era aquela respiração assustadora, mas uma melodia suave vindo lá dos fundão do estábulo.

Levantei-me rapidamente, a curiosidade tava me deixando doidim. À medida que me aproximava, o som ficava mais claro, misturando-se com o canto dos passarinhos. Chegando ao estábulo, vi a cena que me fez parar e sorrir: Geraldine tinha encontrado um violão velho que eu deixei no galpão e, de alguma maneira, tava fazendo um som que, juro pra ocê, parecia música. Ele batia as patinhas nas cordas, todo animado com aquilo, e parecia que até dançava. “Mas num é que o Geraldine é artista?!”, exclamei, me divertindo com a cena. Chamei a patroa, as criança, e todo mundo ficou de boca aberta com o show do porquinho.

Desde aquele dia, o Geraldine virou atração principal nas festinhas do sítio. E ele adorava participar, parecia que quanto mais gente tivesse rindo e aplaudindo, mais ficava animado. Nunca vi um porquinho se enturmá tanto assim, era uma gracinha. Faziam fila para segurar no bichinho. Mas eu, ciumento que sou, num deixava não. Ficavam na vontade. Por isso, continuo reforçando a saúde do Geraldine com uma porrada de espinafre e vitamina, para que em duas rodadas ninguém mate o bichinho. Não sob meu controle, jamais.

Rapaz, falá que num demorou muito pra fama do Geraldine se espaiá pela vizinhança. Logo, tinha gente vindo de longe pra ver o porquinho músico. A roça nunca tinha sido tão movimentada. E, num desses encontros, apareceu um jornalista desses de cidade grande, querendo fazer uma matéria. O homem chegou com uma câmera gigantona, gravador, tudo que cê pode imaginar. Passou um tempão filmando, fazendo perguntas e anotando. Eu, todo bobo, respondia tudo, contando as aventuras.

— Senhor Antônio, o senhor poderia nos contar como descobriu o talento do porco Geraldine para a música?

— Num carece de me chamá de Antônio, não. E senhor tá no céu. Eu sou Tonico, vosso criado.

Eu num tô acostumado com essa cerimônia toda da gente da cidade. Gente mais esquisita, não gosto de comentá, mas óia… Tudo vestido igualzinho, feito uns par de vaso. O reporti e o moço da câmera usavam a mesma rôpa. Um terno preto, com gravata também preta, camisa branca. Será que rôpa com menos cor sai mais barato? Deve de ser. Ou então é moda da cidade.

— Neste caso, Tonico, quando foi que você descobriu o talento do porco Geraldine?

Cocei minha cabeça pra ajudar as ideia a se aprumá.

— Foi um tiquinho depois dele aparecê. Foi só botá as patinha no violão e pronto, saiu tocando que é uma belezura! Quer ver? Dinorá, traz o Geraldine.

— Tô procurano, mas num encontro o dito cujo.

— Oxi, onde é que esse bicho foi si metê? Tava aqui agorinha mesmo. E logo ele que adora visita, é todo amostradinho.

O reporti limpou a garganta e continuou cas pergunta.

— Tonico, você disse que o Geraldine apareceu. Então, ele não nasceu aqui no sítio?

— Que nada, sô! Ele apareceu me pregando o maior susto. Um cabra um pouquinho menos valente que eu teria se borrado tudinho.

O reporti e o moço da câmera se olharam rápido. Deviam de estar admirados com minha bravura! Pois contei tudinho, tin-tin por tin-tin tudo o que aconteceu na noite em que encontrei Geraldine. Enfeitei a história um tiquinho mais, mas num inventei nada, nadica.

— Então, Tonico, você estava ordenhando a vaca.

— Mimosa. Isso mesmo.

— E a que horas?

— À noitinha, umas sete.

— Certeza?

— Certeza. Ordenho a Mimosa todo dia às sete da manhã e às sete da noite. Devia de ser mais cedo, mas esse é o horário que ela gosta mais. Aqui, os bicho são tudo da família. Eles que mandam.

— Então, às sete da noite o senhor ouviu um estrondo.

— Um baita dum estrondo.

— Como um trovão?

— Num era trovão porque o céu tava aberto, cheinho de estrelas, a lua bonitona. E nem parecia trovão, também. Era um barulho alto, que nunca que ouvi na vida e que vinha do paiol.

— O senhor viu alguma luz?

— Luz? Só da lua mesmo.

— Daí o senhor foi até o paiol.

— Fui, com toda minha coragem. Abri a porta e senti que tinha um bichão lá dentro.

— Um bichão?

— Um bichão. Dava pra ouvi a respiração, o ar do paiol parecia mais quente. Pensei numa onça, ou lobisomi, vai sabê, mas o bicho parecia ainda maior. Fui tocando a parede até que senti uma pele dura, gosmenta. Fui apalpando o bicho até agarrá a cabeça dele pra mostrar quem é que manda aqui. E era o Geraldine, me pregando uma peça. Danadinho.

— E aí o galo cantou, não foi?

— Bento? Sim cantou assim que o sol saiu.

— Mas, se tudo começou às sete da noite, o senhor passou a madrugada inteira no paiol?

— Oxi, que agora pensando assim, é verdade. Acho que a coragem faz o tempo passa mais rápido, não é? — Cocei a cabeça.

O reporti e o moço da câmera se olharam de novo.

— Será que poderíamos ver o Geraldine? Gostaríamos de tirar umas fotos.

— Fotos? Vai aparecer nos jornal tudinho, é?

— Sim, claro.

— Ô Dinorá, cadê o Geraldine?

— Num tô achando, homi!

— Vou procurá esse bicho. Já trago ele aqui. Serve aqui uns biscoitinho pros moço, Dinorá.

Saí pro terreiro procurando por Geraldine. Estranhei. Nunca tive que procurar por ele, ainda mais se tivesse visita. Ele num saía de perto, adorava ficar junto das pessoa, ouvindo os causo.

— Geraldine! Geraldine! Cadê ocê? Apareça ou tu vai virar torresmo!

Foi quando passava do lado da plantação de milho, que alguma coisa me puxou pelos pé e eu caí de cara no chão, enquanto era arrastado rápido pra dentro do milharal. Cubri minha cabeça com os braço e me encolhi bem encolhidinho, pronto para dar uma voadora, um soco e dois pontapé no fio de uma égua que tava me puxando. Quando abri os olhos, quem eu vejo? Geraldine.

— Tonico, não deixe aqueles homens me acharem.

Dei um grito, não tenho vergonha de dizer. Um grito muito macho mas, mesmo assim, um grito. Ele tapou minha boca cas patinha.

— Shhh! Assim eles vão nos encontrar.

De dentro do milharal deu pra ver Dinorá saindo de casa correndo, seguida pelos homi.

— Oceis ouviram esse grito? Valha me Deus!

— Ouvimos sim. Claramente um grito de mulher. Ou de menina.

— De menina, com certeza. — Ajuntou o homi da câmera.

— Será que foi a Marinalva, filha dos vizinhos? Marinalva! É tu, minha fia?

Esperaram por resposta, que num veio, claro. Dinorá pediu ajuda pros moço pra ir até a casa dos vizinhos e ver se estava tudo bem. Assim que eles passaram da porteira, Geraldine destapou minha boca. Olhei pra ele. Era o mesmo porquito de sempre, rosa, gorducho, bonachão. Só que tinha um ar preocupado. E falava.

— Ocê fala, Geraldine! Ocê toca violão e fala! Diacho de porco esperto!

— Tonico, perdão, meu amigo. Abusei de sua hospitalidade e não fui honesto como você merecia.

Num vô menti. Aquele porco falava e falava e eu perdi a voz. Só fazia ficá olhando, de boca aberta. Ele continuou.

— Eu deveria passar despercebido, coletar algumas amostras, observar vocês por algum tempo e depois ir embora. Era esta minha missão. Mas eu não pude partir. Eu me apaixonei pela vida aqui na roça. Pela sua família, pelas demais pessoas. Pelo espinafre. Adoro espinafre! E eu descobri a música. De onde eu venho não há música.

— Oxi. Do que ocê tá falando, homi? Quero dizer, porco?

— Meu amigo, não sou porco. Eu só adotei esta forma por ser amigável e inofensiva.

— Ocê num é porco?

— Na noite em que cheguei no paiol, você viu minha forma verdadeira e desmaiou de medo. Depois que limpei suas memórias, achei melhor mudar para uma forma menor e mais amigável.

— Por isso que passei a madrugada no paiol e num alembro desse tempo todo? Ocê tava limpando minhas memória.

— Na verdade este processo é muito rápido. O que demorou foi pra você acordar do desmaio.

— Por isso ando confuso e falando bobage? Ocê bagunçou minha cabeça?

— Não, eu só limpei parte da sua memória naquela noite. Bobagens você sempre falou.

— Mas, se ocê num é porco, o que é?

— Sou de outro planeta, bem longe daqui. Aqueles homens de terno sabem disso e querem me capturar. Não deixe, por favor. Se eles puserem as mãos em mim, vão fazer pior do que me transformar em linguiça.

— Ocê tá falando que é ET, Geraldine?

— Sim, Tonico, sou extraterrestre. E agora, mais do que nunca, preciso da sua ajuda.

Tava ali, no meio do milharal, com o coração acelerado e um porco alienígena me pedindo ajuda. As coisa tava mesmo de cabeça pra baixo. Mas a sinceridade nos olhos daquele bichinho me fez senti uma responsabilidade que num podia ignorá.

— Ocê gosta mesmo da gente, né, Geraldine?

— Sim, gosto muito de todos aqui no sítio. Tudo o que eu mais queria era viver em paz com vocês, fazendo música e sendo feliz.

— Pois então vamo dá um jeito de livrá ocê dessa enrascada!

Corri com Geraldine pelo milharal. A noite tava escura, só o brilho da minha lanterna cas luzinha piscando iluminava o caminho. Quando chegamo no celeiro, escondi ele num canto escuro atrás duns fardo de feno.

— Fica quietinho aqui. Vô enrolá os homi lá fora.

Voltei pro terreiro e encontrei Dinorá e os homi de terno voltando da casa dos vizinho.

— Num encontraram nada, né? — Perguntei, tentando parecer calmo.

— Não, mas ouvimos um grito estranho. Precisamos verificar o que é — disse o reporti.

Nessa hora tive que fazer iguarzinho na história do piróquio. Contei uma mentira das braba.

— Ah, aquilo foi só o gato do vizinho! Ele anda meio lelé da cuca ultimamente, gritando por tudo.

Os homi trocaram olhares desconfiados.

— Vô conta prucês uma coisa — falei, tentando despistar as suspeitas —, o Geraldine num é ET. Ele é um porco gordo e bem bonzinho!

— Mas ninguém mencionou nada sobre ele ser extraterrestre.

— Êta lasqueira!

— Senhor, parece que ele já sabe a verdade.

Esses agente do governo são muito esperto memo. Conseguiram me pegar no pulo! Eles começaram a se aproximar e eu sabia que tinha que agir rápido. Corri de volta pro celeiro, co coração disparando de novo.

— Geraldine, precisamo fugi!

Peguei minha velha bicicleta encostada no canto da parede e tentei colocar o porquito na cestinha da frente, pra gente sair voando, com a lua bem grande brilhando no fundo, iguarzinho no filme do ET. Mas num deu muito certo não. Geraldine era gordo demais pra caber no cestinho. Fiquei tentando ter outra grande ideia, mas quando me dei conta, já era tarde demais. Os homi já tinha tudo chegado até a gente.

— Senhor Antônio, somos agentes federais. Pare de tentar colocar o porco no cesto dessa bicicleta e levante as mãos.

Os homi finarmente revelaram suas verdadeira identidade, mostrando um distintivo todo chique e brilhante. Naquela hora até fiquei imaginando que, se algum dia eu resolvesse completá meus estudo e fizesse faculdade, talvez eu ganhasse um distintivo bonitão daqueles também. Com certeza as muié iam cair matando em cima de mim. Minha patroa ia ficar cheia de ciúme. Mas então, com um grunhido agudo que quase me arrancou os tímpano pra fora, Geraldine interrompeu meus pensamento de grandeza e começou a fazê uns movimentos esquisito.

Essa parte da história eu num vô consegui contá direito procês, porque por mais macho que um cabra possa ser, tudo tem limite. E o meu foi ver aquele porco rosado e fofinho, que tocava violão pra entreter as visita e comia vitamina com espinafre igual um anjinho, se abrindo no meio, rasgando as costa e voando sangue pra tudo qué lado, pra se transformá num bichão de três metro de altura, cheio de tentáculo, igual daqueles desenho safados de hentão — não que eu assista essas coisa, sou um homi de família. — De qualqué forma, num aguentei aquela visão do meu porquinho matando os homi do governo. Desmaiei na hora.

Quando acordei, vi Geraldine todo agitado, de volta à sua forma de porco gordinho. Ele tava mexendo num troço estranho e todo tecnológico, parecia até aqueles negócio da série do istar tréco. Fiquei ali observando, encucado. O som que vinha daquele apareio parecia uma mistura de estática com sino tocando. Geraldine começou a falá uma língua que eu nunca tinha ouvido antes, mais complicada que ingrês. Fiquei em silêncio total, tentando entender alguma coisa. Não vô saber explicá o porquê, já que não sou cientista e nem um gênio com mais de 100 de QI, mas do nada comecei a entender tudinho que o porco tava falando, mesmo num entendendo nadica de nada da língua dos aliens. Gosto de pensar que isso aconteceu por conta da forte conexão emocional que eu tinha com o Geraldine até aquele momento. Naquela hora, inclusive, fiquei muito feliz, pensando que aquele meu vínculo com o bichinho era uma bênção vinda do céu. Mas então ouvi ele dizer algo que me fez gelá a espinha.

— Sim, consegui todos os dados que precisamos. O sistema de criptografia da Terra é bastante arcaico, todo baseado em números primos. Eles ainda não têm conhecimento sobre matemática cósmica. Foi bem fácil conseguir os documentos de defesa dos governos do planeta inteiro. Podemos dar início à etapa da invasão.

Num acreditei no que tava ouvindo. Aquele porquinho que parecia tão bonzinho, que eu pensava ser meu amigo, tava na verdade enganando a gente o tempo inteiro. Fiquei ali mais um tempo, fingindo que tava dormindo, tentando entender melhor o causo. Geraldine continuava falando com seus confrades ETs sobre as coisas horríveis que faria com meu planeta. Inté que num aguentei. Levantei-me com um impulso e apontei o dedo na cara daquele desgraçado.

— Geraldine, num pensei que ocê fosse um porco tão fia da puta! — minha voz até tremeu, de tanta raiva e decepção.

O porco traíra se virou, assustado. Ele sabia que eu tinha ouvido tudinho. Nunca vô me esquecer dos seus oinhos naquele momento. Eles perderam toda a fofura e inocência e ficaram apertado e vermeios, com uma fúria que eu nunca tinha visto.

— Tonico, você estragou tudo! Eu pretendia transformar você no meu pet depois que meu povo conquistasse seu mundo, e você ia ser feliz, igual seus animais da fazenda. Mas agora que a situação tomou esse rumo, vou ser obrigado a te eliminar.

O porquinho que eu conhecia começou a crescer e mudar, virando outra vez aquele bicho com os tentáculo de hentão. Mesmo já tendo visto antes, quase me engasguei de tanto medo!

— Crem dos padre!

Geraldine atacou com uma velocidade incrível, os tentáculos se estendia e chicoteava o ar. Consegui desviá do primeiro ataque, mas o segundo me pegou de surpresa e me jogou contra uma árvore. A dor explodiu nas minhas costa. Eu precisava lutar, porque eu era o único, naquele momento, que podia defender o planeta Terra — ou pelo menos é assim que eu gosto de pensar, pras coisas ficarem mais emocionantes.

Peguei um pedaço de madeira do chão e avancei contra aquele bichão. “Mas se nem mesmo os homis profissionais, com faculdade e distintivo, conseguiram impedi Geraldine de fazê suas maldade, que chance tenho eu?”, pensei. Foi então que tive a brilhante ideia de agir igual meu herói favorito dos quadrinhos: fiz uma piadinha que nem o miranha, pra esconder meu nervosismo e aliviá um pouco a tensão.

— Geraldine, puxa meu dedo!

Com um puxão daqueles bem dado, o porco monstro arrancou meus dedo fora, fazendo voar sangue pra tudo qué lado, e eu urrei de dor igual um maricas, isso eu admito. Eu pretendia fazê uma brincadeira e soltar um peidinho na hora que ele puxasse meus dedo, mas a dor foi tão profunda que acabei me cagando nas carças.

Minha visão começou a ficar estranha e eu rezei pro papai do céu me acolhê, porque eu tava com uma sensação de que daquela enrascada eu num escapava. Mas então um milagre aconteceu! Sei que é difícil acreditá, mas num quero que ninguém pense que sô mentiroso — como ocês bem sabem, às vezes aumento um pouquinho a verdade, mas nunca invento nada —, pois num é que tinha outro ET no sítio, bem debaixo do meu nariz?

Na hora que Geraldine contraiu seus tentáculo e em seguida os esticou pra me macetá, Mimosa surgiu voando e me protegeu como uma verdadeira heroína.

— Mimosa?! Virge Maria!

Me assustei mesmo, sô. É que ela num tava igual a vaquinha que eu costumava tirá leite. Ela parecia uma mistura de vaca com urso, toda gigante e maromba, como se tivesse feito muita academia. Com uns braço forte igual tronco de árvore, ela sentô a porrada na cara do Geraldine. Fiquei torcendo pela Mimosa, gritando o nome dela e dando mór incentivo. Mas perdi tanto sangue pelos dedo que caíram que acabei ficando com soninho, até que tudo escureceu.

Fui acordá uns três dias depois, com a mão enfaixada, numa cama de hospital. Dinorá tava ali do meu lado na hora que levantei.

— Tonico! O que houve com ocê? — perguntô ela, toda preocupada.

Pra num preocupá a véia, tive que, mais uma vez, seguir o exemplo do piróquio.

— Oxi… o gato do vizinho tava doidinho da silva! Tentei dá comida pra ele, mas o zé roela mordeu meus dedo!

Nessa hora, meu galo Bento me deu uma piscadela da janela. Ele também é um ET, mas isso é história pra outra hora.

Sobre Fabio Baptista

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24 comentários em “Geraldine (Victor Viegas, Thales Soares e Kelly Hatanaka)

  1. Fabio D'Oliveira
    30 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas!

    Dessa vez farei uma avaliação mais pessoal, apontando o impacto do conto em mim.

    Aqui está um conto divertido. Foi uma leitura interessante e divertida. Parecia estar vendo um cartoon. Gosto dessa pegada nonsense. Mas admito que a escrita me distanciou um pouco do texto. Achei-a superficial demais. Não sei, fiquei com a sensação de estar lendo algo muito bem escrito, mas sem personalidade. Essa mistura regionalista com um caipira que flutua entre a ignorância e a sabedoria. Como acontece num desenho animado comum, depois que terminei de ler, de certa forma, deixei-o para trás. Não causou nenhum impacto, digamos. Poderia ser uma Hora da Aventura, que apesar de divertido, volta e meia trabalha com questões mais profundas. Mas não foi.

    Mas é um conto muito bem escrito e que certamente vai merecer estar entre os melhores, o que certamente vai acontecer!

  2. Renato Puliafico da Silva
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Renato Puliafico da Silva

    Um “causo” que mistura ET, Homens de Preto, Marte Ataca e um tanto de Lovecraft. Muito bem escrito, com um narrador-personagem bastante carismático e divertido. Os diálogos são dinâmicos, engraçados e cheio de tiradas bem bacanas.
    Para quem morou um terço da vida no interior de Minas Gerais, conhece muito bem esses contadores lorotas. Não são mentirosos, longe disso, só aumentam um pouco um fato realmente verídico, hahaha.
    Os três autores estão de parabéns. E manter esse linguagem “caipira” nas três partes também não deve ter sido fácil.
    Eu trocaria o nome Geraldine (pensei que era feminino) por Gerardim.

  3. Sílvio Vinhal
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Sílvio Vinhal

    Creio que Geraldine deve levar um prêmio pela original coragem dos três autores em contar uma história tão engraçada, improvável e divertida.
    Nada funciona corretamente. O regionalismo das falas é caricato e sequer é igual na continuidade entre as partes.  O tempo todo a gente se pergunta se seria uma história “real” ou apenas um surto do sr. Antônio.
    O fato é que o conto consegue manter o leitor conectado e, entre divertido e improvável, conseguiu chegar ao final mantendo-se como um texto relativamente coeso e genuíno.
    Parabéns pela participação no desafio. Desejo sorte!

  4. Victor Viegas
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Frankensteiners!

    Este é um daqueles contos que leria em uma tarde tranquila para passar o tempo. Não é fácil continuar um texto com regionalismo e, embora o segundo autor tenha colocado diálogos para sobrepor um sotaque característico, não atrapalhou muito o andamento da estória. Dei boas risadas e foi muito agradável. Tonico, um narrador caipira e nem um pouco confiável, ouve um barulho no paiol. Ele demora para descobrir o que seria, mas toma coragem e vai. Descobre um porco rosado e leva pra casa. Depois de um tempo o animal vira um xodó da família e da vizinhança e tem mais uma coisa: o porco toca violão. Aparece uns jornalistas, o animal some, descobrimos que ele fala e que é um et do bem. Mais tarde descobrimos que é um et do mal. Mas Tonico é protegido por Mimosa, que também é um et (Que??). Galo Beto também é um et. Ainda tem muita coisa para uma segunda parte da estória. Parabéns pelo Frankenstein! Boa sorte!

  5. Givago Domingues Thimoti
    20 de setembro de 2024
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Boa tarde aos autores!

    Geraldine é aquele conto divertido, engraçado, que talvez não conquiste o título, mas conquista o povo! É um conto divertido, engraçado, com um regionalismo típico, que usa e abusa daquele estereótipo do caipira humilde e não letrado.
    A escrita regionalista, junto com o bom humor do conto, é o desafio para continuar esse conto. Talvez ali no desenvolvimento, o regionalismo se perde um pouco, mas ele retorna, não tão triunfal, mas bem característico.
    Parabéns aos autores!

  6. Fabiano Dexter
    18 de setembro de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Mais um conto interessante e surpreendente aqui do desafio, sem falar que extremamente difícil de se continuar pelo modo como é escrito. Tanto que podemos ver as mudanças durante o desenvolver do texto, mas mais em função de sabermos se tratar de um conto com mais de um autor. Certeza que se eu pegasse o texto sem essa informação não teria percebido. Há pequenas mudanças na forma de escrever (mais diálogos) e no ritmo, mas sem nenhum prejuízo ao resultado final.

    No mais temos uma história simples e extremamente divertida, onde os ganchos deixados por um autor são muito bem aproveitados pelos demais e o texto leve e divertido segue a narrativa inteira. Mesmo as mudanças mais bruscas na linha principal ajudam o conto como um todo e a leitura é fácil, algo complicado, pelo menos para mim, quando o texto é escrito com gírias e regionalismo. O humor é simples e presente durante todo o texto, mérito para quem deu continuidade e conseguiu manter a essência do conto.

    As referências ao filme MIB são descarados e propositais, trazendo para o conto algo que para nós é obvio mas que não o é para o protagonista, de uma forma que encaixa muito bem no todo.

    Certamente é um dos contos que ficará na minha memória nesse desafio. Parabéns aos envolvidos!

    (menção honrosa pros “desenhos safados de hentão”)

  7. vlaferrari
    17 de setembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    Penso sinceramente em não ler os demais, após esse espetacular exercício criativo. Até os erros estão sensacionais. Quem quase borrou as calças fui eu, na passagem do “miranha”. Estou comentando e rindo aqui. Se fosse usar só regionalismo, talvez ficasse incompreensível e até chato de ler. No final, a mistura ficou “bão dimais da conta”. “Como ocês bem sabem, às vezes aumento um pouco a verdade” foi talvez a melhor frase do “certame” (na minha mudesta upinião, uai).
    Os três autores/autoras mantiveram o pique (e o absurdo do causo) e fizeram uma estória muito gostosa de ler e guardar, para reler em um momento de tristeza, só para rir de novo.
    Em resumo: adorei. Puxa meu dedo!

  8. Priscila Pereira
    16 de setembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, autores! Tudo bem com vocês?

    Começo: Não gosto de regionalismo, então já torci o nariz, desculpe! E quando começou a misturar o regionalismo com a escrita normal então foi difícil de aguentar… Claro que isso é só chatice dessa leitura aqui. Bem, o autor nos apresenta o narrador que acha que é cabra macho, mas no fundo é um baita covarde e o personagem principal, que dá nome ao conto, o porco Geraldine. Já começa completamente nonsense com o cara apalpando um bichão no conpleto escuro… Como assim??? Quem faria uma coisa dessas? 🤦🏻‍♀️🤦🏻‍♀️🤦🏻‍♀️

    Meio: fez do porco um artista, mandou a MIB brasileira atrás dele, fez o porquinho parecer muito bonzinho e inocente. Gostei dos diálogos, deu uma agilizada nas coisas.

    Final: plot twist, o porco era o vilão, e a vaquinha a heroína. Doidera purinha. Nonsense na veia.

    Coesão: pra mim o conto ficou perfeitamente doido e nada a ver do começo ao fim, então a coesão foi um ponto forte aqui!

    Visão geral: então… Não é o tipo de leitura que eu gosto. É ruim? Não, longe disso, mas é doido demais pro meu gosto, mistura de comédia com nonsense, com terror…. Sei lá.. bem, não gostei muito. Mas de novo, levando em consideração que isso saiu da mente de três pessoas diferentes, o resultado ficou muito bom.

    Parabéns aos autores!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  9. claudiaangst
    16 de setembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Meus cumprimentos e vamos ao que interessa.

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ FEITO ◊ para avaliação de cada conto.

    ◊ Título = GERALDINE – Pensei logo na filha do Charles Chaplin.

    ◊ Amálgama = Há uma leve diferença no tom dos narradores, mas algo muito sutil. Boa junção de textos!

    ◊ Fim = Os fins justificam os meios? Talvez… E a ordem dos fatores altera o produto? Permita-me começar pelo fim, observando o impacto causado na leitura.

    O desfecho do conto é a parte mais doida do conto, ficou divertida a miscelânia de informações bizarras. O(A) autor(a) soltou o freio de mão e atropelou tudo pelo caminho, mas dando muita gargalhada. Gostei!

    ◊ Entremeio = O(A) autor(a) 2 soube trazer elementos de fantasia a um conto que parecia estar fadado ao terror. A ideia de trazer o foco para o porquinho foi fofa. Não é um javali, mas um porquinho já serve. O talento musical de Geraldine me fez lembrar do conto dos Irmãos Grimm – Os músicos de Bremen.

    ◊ Início = O narrador começa a história sem grandes pretensões, parecendo vir dali um causo acontecido em uma fazenda. O gancho que deixou possibilitou várias continuações. Achei generoso.

    ◊ Técnica e revisão = O conto é narrado em primeira pessoa, tom de comédia e empregando o regionalismo como linguagem. Por essa razão, não me atentei a possíveis falhas de revisão. No entanto, há sim alguns lapsos no quesito pontuação. Nada grave. Vamos fingir que ninguém viu nada e tudo bem.

    ◊ O que ficou = Não cheguei a gargalhar, mas a leitura do conto me fez bem. Divertido!

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  10. bdomanoski
    16 de setembro de 2024
    Avatar de bdomanoski

    Quesitos avaliados: Entretenimento, Originalidade, Pontos Fracos

    Entretenimento nao sei se fui só eu que ao começar a ler o conto, foi com una voz imaginária pouquissimo agradavel ala Bob esponja na minha cabeça . 1ª parte: Achei interessante como os 3 primeiros paragrafos inteiros falam apenas sobre o personagem ouvindo um barulho no paiol. São dezenas de palavras utilizadas apenas para descrever este único acontecimento. Um pouco enrolado, mas, após passar por 5 paragrafos descritivos que poderiam ser reduzidos para talvez uns 2 paragrafos e meio, o conto aparenta querer ficar mais entretivo, com eu me divertindo com algumas frases e piadas. Confesso q não fosse o desafio, talvez eu não tivesse vencido esses 5 paragrafos. Porém, mesmo gostando de algumas partes isoladas, não fui capturada para dentro da história. Talvez ela tenha sido mentalizada para um público mais infantil. E tamBém tem o fato de que realmente não simpatizei com o narrador. ELe parece ser exatamente um tipo de pessoa que eu não tenho afinidade. 3ª parte: achei que o conto foi salvo pelo terceiro autor. A parte final foi, para mim, a menos cansativa de ler, mais entretiva e ponto forte da história.

    Originalidade C o passar do conto, o narrador me lembrou um pouco o Chico Bento. Depois essa impressão sumiu um pouco. O que mais gostei no conto foi justamente o plot, o porco ser um et e fingir fazer amizade e etc. Achei original sim.

    Pontos Fracos Defitinivamente deu pra reparar a mudança de autor (do primeiro ao segundo). De repente, as frases ficaram mais “normais”, com bem menos “sotaque”. “Foi quando passava do lado da plantação de milho, que alguma coisa me puxou pelos pé e eu caí de cara no chão” essa frase por ex, já da pra perceber que é o segundo autor. Está formal demais. Já o terceiro autor conseguiu resgatar o mesmo estilo narrativo do primeiro, pegando o espírito da coisa. No geral, confesso, achei um pouco cansativo ler este conto, talvez devido ao artifício de narração com sotaque empregado. Embora em diversas partes esteja bem divertido e o plot seja muito bom.

  11. Luis Guilherme Banzi Florido
    16 de setembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Olá, autores! Tudo bem? Primeiramente, parabéns pela participação num desafio tão dificil e maluco quanto esse!

    Início: o conto começa, num regionalismo muito bem vindo e num tom de humor bem gostoso, a contar a historia do protagonista, que é um personagem muito bom. As contradições dele e a necessidade de mostrar a macheza dão um toque muito legal ao relato do homem. Acredito que ainda aqui é revelado que a criatura no celeiro é o porco. Logo, ele começa a tocar violão. Senhores, antes vocês tinham minha curiosidade, agora vocês têm minha atenção.

    Meio: o meio, se fundindo perfeitamente ao início (ainda que a escrita mude um pouquinho, mas quem se importa?), e dá continuidade à loucura proposta no início. Agora, sabemos que Geraldine é o nome do porco, e o bichinho começa a chamar atenção de toda a vizinhança, é claro. Em algum momento essa história descamba (no bom sentido) pra uma maluquice com extraterrestes e polícia secreta. Foi aqui ou na parte 3? O fato de eu não saber diz muito sobre a coesão do texto.

    Fim: o fim é um espetáculo! Bizarrices e maluquices se sucedem, referências pra todo lado, humor inteligente e funcional, tudo que eu gosto. Mas somente isso não seria o suficiente se não fosse por um elemento essencial: a parte final tem um enredo brilhante. Se fosse só maluquice e bizarrice acontecendo, talvez o final não tivesse brilho e fosse anticlimático, mas não foi o que aconteceu. A maluquice de algum modo é conduzida, de maneira magistral, pelo autor, e o enredo funciona a avança até um ótimo desfecho. Parabéns, autor 3, você pegou um texto que já era muito bom e transformou numa maluquice funcional.

    Coesão entre os autores: o autor 1 tateou no escuro e se segurou pra não borrar as calças, o autor 2, salvo pelo canto do galo, descobriu um porquinho artista e virou pai de pet, o autor 3 percebeu que o porco tava cheirando mal, e quando viu, tava envolto num jogo interdimensional de polícia e ladrão. Em outras palavras: coesão perfeita, e um contaço.

    Nota final: excelente.

  12. Jorge Santos
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, trio.

    Fizeram um brilhante trabalho com este Geraldine. Nada como as lutas de um porco intergalático na roça para nos deixar bem-dispostos. A história é criativa, só ligeiramente parecida com um episódio da série The Boys, onde as ovelhas voavam e matavam pessoas. Aqui no seu conto, a narrativa é bem explorada, levada ao limite, com um bom humor bastante forte. Não fosse o excesso de regionalismos ou maneirismos na linguagem, que dificultam a leitura e o fato de Geraldine ser um nome feminino e não masculino (pelo menos nos Estados Unidos) e estaria perante um texto perfeito, passível de ser lido em qualquer sessão de stand-up comedy sem causar vergonha de alguma forma. Quanto à coerência e articulação das três partes, é impossível, pelo menos para mim, identificar as diversas partes (quanto aos autores, tenho algumas ideias). De qualquer forma, parabéns.

    Nota final: Não vejo grande problema em que os porcos tomem o poder, porque já vimos o caos que os burros provocaram.

  13. Gustavo Araujo
    12 de setembro de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    Não tenho muitas dúvidas de que este será um dos contos mais bem avaliados do desafio. A história é engraçada, fácil de ler, tornando a leitura agradável e prazerosa. No fim, é uma fuga, como todo texto literário pretende ser, não é mesmo? Particularmente, prefiro narrações mais reflexivas, mas não dá para dizer que a comédia escrachada não tenha o seu valor. Ri em vários pontos e isso é sempre bem vindo.

    Outro fator positivo é que o tom se mantém da primeira à última linha. Os três autores fizeram um trabalho excelente em termos de coesão. Claro que dá para perceber as mudanças, especialmente no que se refere aos diálogos, mas, de todo modo, acredito que nenhum outro conto do desafio tenha conseguido manter o fluxo como este. Fico pensando aqui na reação do primeiro autor ao ver como a história se desdobrou…

    De uma premissa de mistério (o barulho), o conto deságua em uma história de bichos-ET: o porco alienígena Geraldine, que consegue enganar nosso protagonista narrador para conquistar a Terra, só é detido quando a vaca Mimosa, também ela um ET, aparece para salvar o dia.

    Bem criativo e bem trabalhado. Não curti muito, porém, o uso de diálogos num conto narrado em primeira pessoa, ainda mais em caipirês. Quando as conversas surgem num tom formalmente correto há uma quebra de ritmo. Não é nada que prejudique a experiência final, mas de qualquer maneira, acho que é um ponto fraco na narração.

    Outra coisa que percebi foi o crescimento do escracho. Da primeira parte em direção à última, a estupidez e a burrice de Tonico se agravam. Provavelmente a intenção foi deixar o conto mais engraçado, mas dada a extensão da história, acho que passou do ponto. Se o Selga estivesse aqui, vocês, autores, certamente receberiam um enorme puxão de orelha…

    Em suma, é um conto ótimo, resultado de um bom trabalho a três. Talvez seja o melhor do desafio. Parabéns a todos os autores e boa sorte no certame.

  14. Thales Soares
    11 de setembro de 2024
    Avatar de Thales Soares

    Este até agora foi, disparado, o conto mais divertido que li neste desafio. Senti aqui uma inspiração em Baby o Porquinho, A Menina e o Porco, ET e Chico Bento.

    A história começa com um fazendeiro chamado Tonico, que está ordenhando sua vaca, Mimosa, e de repente ouve um estrondo vindo do paiol. Quando ele vai investigar, vemos que o cara é um covarde que se taxa de machão. Ao abrir a porta do paiol, ele sente a presença de um “bichão”, cuja pele é descrita como dura, molhada e gosmenta (parecendo criatura de hentai, como o próprio protagonista nos descreve). Então ele encontra Geraldine, que é um porquinho camarada.

    O porquinho logo se torna o xodó do sítio, e daí em diante a história ganha uma pegada mais voltada pra fantasia. O porquinho se mostra como sendo gente boa, e também revela que possui talento musical, conseguindo tocar instrumentos de cordas com suas patinhas (um porco tocando violão kkkkkkkkk).

    A fama de Geraldine se espalha, e então chegam jornalistas. Os três autores conseguem manter muito bem o estilo, e eu não consegui identificar muito bem onde ocorre a passagem de um pro outro, mas eu imagino que aqui seja onde entra o autor 2. Para se esquivar um pouco da linguagem regional e difícil de executar, o autor 2 opta por fazer sua parte com muitos diálogos. Tal decisão é bem vinda, pois deixa essa passagem bem fluida.

    Os repórteres então pedem para ver Geraldine, mas o porco desaparece. Quando Tonico vai procurá-lo, ele surge e é revelado que o porco sabe falar! É aqui que ele conta para o fazendeiro que ele é um alienígena, que assumiu forma de porquinho para se parecer fofo aos olhos humanos. Ele diz que veio pra Terra para coletar dados, mas não especifica quais tipos de dados, mas ele diz que adorou sua nova vida no sítio, e gostou muito também do espinafre no qual Tonico sempre o alimenta. Ele então pede ajuda para o fazendeiro, pois ele diz que os repórteres são agentes do governo disfarçados, e Tonico precisa ajudar a escondê-lo.

    Tonico deixa o porquinho escondido ali no celeiro, e vai conversar com os repórteres… mas ele dá com a língua entre os dentes, e os agentes do governo descobrem que Tonico já sabe a verdade. Aqui me parece que entra o autor 3, pois a história começa a ficar mais louca. O interessante deste conto é que ele vem com um estilo crescente, e aqui, na terceira parte, entra o clímax da história… e ele vem com uma voadora na cara do leitor (no bom sentido).

    O porco se transforma e revela sua verdadeira aparência, que é um monstro de hentai (pera…. quê?!) !!!! Então ele derrota os agentes do governo e Tonico desmaia. Ao acordar, Tonico vê o porco alienígena conversando com sua nave mãe, dizendo que a invasão já pode se dar início. Aqui o fazendeiro descobre que o porco é um verdadeiro filho duma puta (de acordo com as palavras do próprio personagem), e o porquinho revela que seu plano, desde o início, era transformar Tonico em seu animal de estimação, cuidando dele como se ele fosse um dos bichos do curral! Os dois então começam a lutar!

    Na luta, Tonico toma o maior cacete do porco, mas, no maior estilo Super Vaca, daquele desenho A Vaca e o Frango, do Cartoon Network, Mimosa, a vaquinha do início, surge e salva o fazendeiro. Tonico então desmaia, e acorda uns dias depois na cama, com Dinorá ao seu lado. Pra não revelar a verdade, o conto termina com Tonico dando uma de Piróquio, dizendo que ele se machucou por conta do gato. E aqui descobrimos que o galo, Bento, também é um alienígena! (quê?!! Kkkkkk).

    Nessa parte do Piróquio eu me lembrei de um episódio de Hermes e Renato, onde o Geputo cria o seu menino Piróquio, que toda vez que mente, o pinto cresce. Uma história de aventura, fantasia, e um pouco de sacanagem. Era muito bom kkkkkkk. Para quem não se lembra, aqui está o video:

    http://www.youtube.com/watch?v=BOpI1oavSKY

    Ao final da história, ficamos com alguns questionamentos… o que aconteceu, de fato, com Geraldine? A invasão alienígena foi interrompida? Qual a relação de Bento com tudo isso que está acontecendo? E os agentes do governo? O conto parece olhar para todas essas nossas perguntas, e apenas nos responde: “KKKKKKKKK”. Acho essa uma resposta bastante justa, pois afinal, a história parece focar 100% na diversão, como num bom e velho desenho animado, e não necessariamente tenta justificar e nos convencer de tudo o que nos é mostrado. Um grande trunfo dos autores, para essa questão da verossimilhança, é o fato de a história ser todinha contada em primeira pessoa… e o nosso narrador personagem nos parece ser biruta, mentiroso, e pouco confiável, igual aquele personagem do Alto da Comparecida, no estilo “Não sei… só sei que foi assim”.

    No geral, achei este um conto bastante interessante. É muito difícil, principalmente nos dias de hoje, nos depararmos com uma boa comédia. E aqui, realmente, eu dei boas risadas… como na parte que Tonico diz pro porco “Seu fela da puta!!”, ou na parte em que ele diz “Puxa meu dedo!”, e o porco arranca a mão dele, e ele começa a se cagar na calça de tanta dor kkkkkkkkk.

    Enfim… quero parabenizar os três autores. Este, me parece um dos poucos contos do desafio em que todos os escritores ficaram satisfeitos e felizes com o resultado da obra e com os rumos que ela tomou.

  15. rubem cabral
    11 de setembro de 2024
    Avatar de rubem cabral
    • Enredo. Geraldine é um porquinho talentoso que toca violão e fala. Depois descobrimos que ele é um alienígena bonzinho, e depois, que é malvado. Enfim, o deus-ex-vaca da Mimosa dá um jeito no falsiane. A história, contada em caipirês, é muito simpática e divertida. Mesmo os 2o e 3o autores terem dado guinadas fortes no timão, ainda assim resultou consistente. Apenas notei flutuação no caipirês fluente do 1o autor e mais “duro” dos outros 2 autores, mas isso não tirou o brilho do conto.
    • Personagens. Tonico é divertido, com jeito de Jeca Tatu. Geraldine é uma gracinha que vira um vilão, e funciona bem também. Os outros personagens acessórios funcionam a contento.
    • Escrita. O caipirês do conto flutua um pouco entre os autores. Como o conto é narrado em 1a pessoa, causa um pouco de estranhamento quando o português normativo aparece.
    • Coesão. Muito boa. Fora o pouco menos de caipirês nas partes 2 e 3, não dá para se notar as costuras. Parabéns aos escritores!
  16. Fernando Cyrino
    10 de setembro de 2024
    Avatar de Fernando Cyrino

    Olá, amigos e/ou amigas de desafio. Cá estou eu a caminhar rumo ao paiol, morrendo de medo, ao mesmo tempo em que finjo coragem gritando que sou homem macho!!! Caramba, vocês me fizeram rir muito com a história do Geraldine. Que tanto de surpresas a começar pelo título. Achava que fosse uma mulher e é um porco e macho. Aliás, não é um porco, é um monstro do Hental daqueles maiores que tem por lá. E souberam conduzir a narrativa com maestria. Não reparei a mudança de bastão. Pareceu-me que se tratava sempre do mesmo autor. Um conto gostoso de ler, fluído e que me fez rir. Preciso lhes contar meus amigos (ou amigas) que o Tonico me fez lembrar de Guimarães Rosa e o Grande Sertão: veredas com o medo desmesurado dele muito semelhante ao medo do nosso Riobaldo Tatarana. Bravíssimo. Vocês são ótimos, parabéns!!! Acho que nem preciso dizer muito sucesso no desafio, né?

  17. Fabio Baptista
    8 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    X Sensação após a leitura: kkkkkkkk

    X Citações pro bem e pro mal:
    Ualquin déd
    Piróquio
    hentão
    porco fdp

    Altas pérolas! kkkkkk

    X Conclusões:
    Contrariando a tendência do desafio, esse conto foi melhorando a cada etapa. Não sei se o(a) primeiro(a) autor(a) tinha em mente que a história seguiria esse rumo, a impressão que tenho é de que a intenção era caminhar para algo mais infantil, mas tenho quase certeza de que todos envolvidos aqui ficaram satisfeitos com o resultado.

    Não faz muito sentido comentar parte técnica em conto escrito com regionalismo, mas só para não passar batido: sei que é bem difícil manter o ritmo regionalista o tempo todo. E, fazendo isso, corre-se o risco de sobrecarregar. Mas, ao mesmo tempo, também é um pouco estranho ter trechos escritos da maneira “correta” intercalados com os trechos do sotaque. Ora o “s” é comido no plural, ora não. A mistura de algumas características do sotaque nordestino também destoaram um pouco no meio do sotaque caipira.

    Mas, isso em nada atrapalha a diversão, que é o mais importante aqui. Contos assim fazem falta aos desafios, geralmente vamos numa tendência mais “adulta” (não no sentido de hentão!), reflexiva… quando às vezes tudo o que os leitores precisam é dar umas boas risadas.

    ÓTIMO

  18. opedropaulo
    8 de setembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Conto excelente! A princípio, achei que o conto se demorou um pouco demais em estabelecer o seu estilo, prolongando a conferência do barulho pelo protagonista como se estivesse preocupado em familiarizar o leitor com a linguagem do conto. Mas quando, enfim, protagonista encontra criatura, o texto engrena e a ocasião intrigante de um porco altamente talentoso sugere um conto infanto-juvenil que nos conte das aventuras de Tonico e Geraldine. A reviravolta no final me lembrou uma antiga discussão que tive com uma grande amiga minha. No filme “Rua Cloverfield, 10”, toda a trama sugere um thriller psicológico para os últimos vinte minutos somarem esse enredo a uma trama paralela de ficção científica, envolvendo uma invasão alienígena em alta escala. Minha amiga desaprovou totalmente essa virada, enquanto eu a comprei como mais um ponto positivo da trama. Aqui, tenho a mesma opinião favorável quanto às reviravoltas no final. Aliás, é quando Geraldine revela a sua identidade que eu comecei a achar graça e vários trechos me fizeram rir, o que não é fácil com a literatura. Então a terceira autoria me apareceu com uma saída criativa para o texto e uma boa técnica em determinar o tempo das piadas e manter a linguagem do conto – aspecto que ao qual todas as três autorias foram fidedignas, em minha opinião. 

    Enfim, as três autorias combinaram bem a forma enquanto, em conteúdo, um início algo prosaico com uma continuação mais encaminhada receberam uma conclusão mais ousada e bem-humorada, com grande peso investido às reviravoltas.

  19. JP Felix da Costa
    7 de setembro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Até hoje a minha experiência com linguagem regional brasileira, ou sotaque, na forma escrita, limitava-se às histórias do Chico Bento, devo dizer. Lembro-me que, na BD, por vezes, chateava-me um bocado, mas aqui o uso foi equilibrado e acabou por enriquecer a leitura. O perfil do personagem principal, tecido pelo/a primeiro/a autor/a foi perfeito, dando-lhe uma dimensão muito humana e cómica, ao mesmo tempo. Tanto o autor/a 2 e o 3 souberam pegar na bandeira e levá-la a bom porto. A história dá uma voltas loucas, mas nunca sai fora do trilho, e ainda bem. No final ficamos com um conto alucinado cheio de bons apontamentos de humor que me fizeram soltar algumas gargalhadas.

    Algo que não afeta em nada a minha avaliação, mas seria uma ideia interessante para o conto ficar perfeito, era o primeiro autor/a fazer uma revisão do texto da terceira parte, em termos de sotaque, porque se nota que quem o escreveu não está tão à-vontade nesses domínios como o/as anteriores (e louvo-o/a pelo esforço).

    Fico a aguardar as aventuras do galo Bento.

  20. Leandro B.
    1 de setembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    *Todo e qualquer crítica refletem mais um ponto subjetivo meu do que qualquer outra coisa. Outro leitor pode achar o oposto.

    Nem em um milhão de anos eu iria imaginar que essa história foi escrita por três pessoas diferentes.

    Achei que o regionalismo talvez fosse deixar a história um pouco cansativa, mas já o primeiro autor sequestrou minha atenção em poucos parágrafos e me provou errado.

    O tom e o estilo foram mantidos e tivemos tantas reviravoltas quanto possível sem descambar para um exagero desenfreado. Geraldine é um alien. Mas Geraldine é um alien inocente. Na verdade Geraldine é um alien do mal. Mas felizmente mimosa também é um.

    De uma maneira muito estranha tudo parece se encaixar perfeitamente. Gostei das piadas em todos os segmentos do conto e não acho que em momento algum o narrador perdeu ou trocou de personalidade.

    Enfim, um grande trabalho.

  21. Antonio Stegues Batista
    1 de setembro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Achei a introdução um pouco longa, demorando-se em detalhes sem interesse relevante. Para o final, a linguagem muda visivelmente na sua totalidade regional, mas isso também não importa já que não muda a essência, que a comédia é o mote do conto. Um conto com temas de comédia, ficção científica e terror. As ações bem construídas baseadas na realidade dos temas citados. também personagens e ambientação tudo coordenado e de bom gosto para uma história engraçada..

  22. Leo Jardim
    29 de agosto de 2024
    Avatar de Leo Jardim

    🗒 Resumo: Tonico conta quando recebeu a visita de Geraldine, seu porco rosado, que na verdade era um alienígena terrível. Mimosa, a vaca, que também é uma ET, o ajudou a vencer o Geraldine. Bento, o galo, deve ser um espião, porque não fez nada. 

    📜 Trama (⭐⭐⭐⭐▫): muito boa a história de MIB com mistura de causo do interior do Brasil. Teve reviravolta e até um deus ex vaquinha 🤣. Gostei que usou os elementos do início, do lapso temporal no paiol e deixou tudo bem encaixadinho, com o humor de um narrador nada confiável, que deixou tudo mais leve. 

    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): o texto é muito gostoso de ler, com sotaque, mas que não incomoda. O único incômodo na verdade é quando eu via algo escrito de forma normal e pensava “aqui ele falaria com sotaque”. Um trabalho muito bom, apesar disso. 

    ▪ parecê um daqueles ualquim dédi 🤣

    🧵 Coesão (⭐⭐): juro que até tentei ver onde estavam as ligações, mas foi tão bem costurado que não achei. Dá pra ver que são meio que três partes do texto, mas se não estivesse nesse desafio, eu não saberia que foi escrito por três autores diferentes. 

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): se analisar fundo, a história em si não é tão criativa, mas ganha pontos pela forma de contar, com humor e leveza. 

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐⭐▫): muito gostoso de ler, acho que ser tivesse mais cinco mil palavras nessa mesma pegada, eu ainda leria com sorriso no rosto. Não é de gargalhar, nem se de surpreender, mas é um conto muito bom de ler. 

  23. Kelly Hatanaka
    29 de agosto de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá, caros colegas entrecontistas!

    Primeiramente, parabéns pela participação corajosa e desapegada.

    Vou avaliar e comentar de acordo com meu gosto, não tem muito jeito, afinal não tenho conhecimento nem competência para avaliar de forma mais “técnica”. Ou seja, vou avaliar como leitora mesmo. Primeiro, cada parte separadamente, valendo 1 ponto cada. Depois, a integridade do resultado, valendo 3 e, por último, o impacto da leitura, valendo 4.

    Começo

    Amei o começo. Um causo bem humorado, narrado por um personagem covarde e atrapalhado, mas bem intencionado. Um porco(?) talentoso e é isso. Este conto poderia ir para muitos lugares, estava tudo em aberto e, o que tinha que ser definido, que era o personagem, estava bem definido. Chamou minha atenção o gap de tempo durante a aparição do Geraldine. Fiquei pensando se isso foi um erro ou se foi de propósito. Aliás, continuo com esta curiosidade.

    Meio

    Sendo o gap de tempo entre a ordenha noturna da Mimosa e o canto do galo Bento um erro ou um elemento proposital da narrativa, o autor 2 pegou o limão e fez uma limonada. Geraldine era um ser extraterrestre, o gap foi causado por artefatos alienígenas usados para limpar a memória de Tonico e é isso. O autor manteve o estilo e o tom. Achei difícil notar a mudança de autor, ficou bem coeso.

    Fim

    Aqui eu achei que o autor 3 ia simplesmente tocar a bola pro gol e comemorar. Geraldine escaparia dos homens de terno que se convencem de que ele era um porco e pronto. Mas não! O autor 3 imprimiu um tom ligeiramente diferente, mais pastelão, um humor mais físico e direto, uma comédia mais absurda e descarada. Acho que perdeu-se um pouco da coesão aqui, mas ganhou-se em dinâmica e personalidade. Não acho que o fim tenha destoado do resto, acho que ele ressaltou o bom começo e o digno meio. E terminou de forma surpreendente e não-forçada. Ou semiforçado, mas de uma forma que fez sentido.

    Coesão

    Apesar da mudança de tom no final, não sei se considero isso uma perda de coesão. O resultado final não ficou parecendo uma colcha de retalhos, e sim, um texto que foi caminhando num crescendo.

    Impacto

    Alto. Gosto de comédias e acho difícil fazer humor bem feito. Esta história foi divertida e está bem contada. Gostei muito!

  24. André Lima dos Santos
    27 de agosto de 2024
    Avatar de André Lima dos Santos

    É um conto divertido, de bom fluxo. Os 3 autores conseguiram manter uma boa sinergia na linguagem executada, mas nos rumos do conto, não mesmo! haha A impressão que passa é que o primeiro autor pensava num terrir, o segundo numa ficção científica bem humorada e o terceiro descambou para o non-sense e uma comédia mais pastelão.

    Essa dinâmica e mudança de tom do conto é um ponto forte, em minha opinião. Ficou a sensação de estar lendo sabe-se lá o que, totalmente sem rumo e sem saber o que esperar.

    Gosto de leituras assim.

    Esse conto é um macaco segurando uma metralhadora e atirando para todos os lados.

    É um elogio.

    Parabéns pelo bom trabalho dos 3 autores!

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Informação

Publicado às 1 de julho de 2024 por em Começo, meio e fim e marcado , , .