
Ulgar, um bárbaro corpulento e repleto de cicatrizes de batalha, caminhava por uma passagem estreita rumo ao cume da Montanha do Leão. O som das botas pesadas ressoava pelo terreno rochoso, enquanto o sol intenso do meio-dia aquecia suas costas descobertas. Chegando ao topo, avistou uma infinidade de tendas recém montadas e estandartes de todos os Quatro Reinos – Norte, Sul, Leste e Oeste –, cercados por diversos soldados, além de sábios, feiticeiros, reis e rainhas. Havia também muitos heróis cujos feitos extraordinários eram narrados em lendas e canções.
Em meio ao calor ardente, com um odor intenso de suor e couro se mesclando ao cheiro dos cavalos, Milo, um ladino astuto e de sorriso malicioso, abria caminho de forma ágil entre a multidão. Assim que viu o antigo colega de aventuras, apressou-se para ir ao seu encontro.
– Ulgar! Por todos os deuses, você também veio!
– Milo, há quanto tempo!
– Você viu quantos figurões Magnus, o Louco, convocou?
– Estou vendo. Mas o que será que ele está tramando? Não consigo confiar em magos…
– É impossível prever o que se passa na mente de um homem louco. Mas olha só o tipo de gente que está aqui!
Um anão excêntrico, usando grossos óculos de forja, atravessou o caminho diante deles. Seu pesado cinto de ferramentas balançava a cada passo que dava.
– Aquele é Althazar, o anão forjador – comentou Milo, discretamente. – Dizem que ele criou uma flecha encantada cuja ponta é tão afiada que é capaz de perfurar até mesmo o tempo. Ela tem potencial para matar aquilo que está no passado, e poderia atingir um coelho adulto quando ainda está na barriga da mãe.
Ulgar acompanhou o olhar do ladino, que já saltava para a próxima celebridade.
– E aquele com a camisa aberta, exibindo os músculos definidos, é Gandar, o Gostosão, rei das terras do Leste. Também conhecido como “Propagador de Cornos”. Dizem que se ele olhar para sua mulher, em pouco tempo seu elmo fica apertado.
O bárbaro suprimiu um riso involuntário, mantendo a pose de durão.
– E ao seu lado está Skaldor, o Imbatível – prosseguiu –, braço direito e porta voz do Propagador de Cornos. Há histórias que narram sobre como derrotou o dragão do Monte Escarlate com as mãos nuas e sem armadura!
– Você sabe que essas lendas sempre exageram, né?
– Até o rei Ergoth, o Piedoso, está aqui! Sua fama é tão grande quanto as terras do Norte, por onde se estende seu domínio. E aquele que ele está conversando é o rei das terras do Oeste, Zarkon, o Tirano. É tão rico que até seus tesouros têm tesouros.
Milo continuou apresentando as figuras de destaque daquela assembleia, tal como Osric, um feiticeiro considerado o homem mais inteligente dos Quatro Reinos, e também Henry IV, rei das terras do Sul, famoso por ter seis esposas de beleza inigualável, onde duas delas eram também suas irmãs. Mas as apresentações cessaram quando o anfitrião da conferência, Magnus, o Louco, ascendeu ao topo de uma pedra proeminente, elevando-se acima da multidão. Todos se acomodaram em silêncio, observando o mago limpar a garganta com um pigarro.
– Saudações. Agradeço a todos por atenderem ao meu chamado. Hoje farei o impensável, o inaudito! E com meu novo feitiço, mudarei o destino do mundo.
Os guerreiros trocaram olhares. Suas mãos instintivamente apertavam o cabo de suas armas. Os quatro reis e as oito rainhas – Zarckon, o Tirano, não era casado –, inclinaram-se ligeiramente para frente, enrijecidos em suas vestes ornamentadas.
– Após muitos anos de estudo – prosseguiu Magnus –, finalmente criei um feitiço de proporções magnânimas. E agora, bem diante de seus olhos, o utilizarei para roubar o bem mais precioso que vocês possuem.
– Espere… o que foi que disse? – indagou Henry IV, revoltado.
O mago louco ergueu os braços e pronunciou palavras indecifráveis. Duas longas rajadas de luz saíram de suas mãos, lançadas para o céu. O público, ainda que confuso, assistia àquele espetáculo apertando os olhos contra o brilho intenso emitido. Algo semelhante a uma aurora boreal começou a se formar acima da Montanha do Leão, e logo as rajadas desapareceram em direção à imensidão do espaço. Magnus baixou os braços e sentou-se casualmente na pedra, cruzando as pernas, com uma expressão de satisfação por baixo da barba grisalha.
– Está feito – disse, relaxando as mãos. – Eu os roubei.
Imediatamente a multidão se dissolveu em alvoroço. Preocupado, Althazar retirou uma pequena caixa de madeira finamente ornamentada de sua bolsa. Abriu-a e lançou um olhar rápido ao conteúdo, que emitia um brilho suave através da fenda semiaberta, sentindo alívio ao verificar que estava seguro.
– Minha venerável espada, que sempre me acompanha em batalha, continua sob minha posse – proclamou Skaldor, o imbatível, com sua voz rouca.
Ergoth, o Piedoso, olhou para sua esposa, uma mulher de beleza excepcional.
– E minha amada permanece ao meu lado – anunciou, com orgulho. Mas sua proclamação foi abafada quando Gandar, o Gostosão, ofereceu à dama um olhar insinuante seguido de uma piscadela, arrancando-lhe uma risadinha suprimida. Em resposta, Ergoth lançou-lhe um olhar fulminante.
Finalmente Magnus levantou-se, fazendo um gesto com suas mãos, sinalizando silêncio.
– Vocês se preocupam com joias, armas, artefatos e amantes. Mas o que roubei é muito mais importante do que tudo isso. Tomei de vocês a fonte de toda a vida em nosso mundo. Eu roubei o sol.
Olhares incrédulos foram trocados. Uns buscaram no céu por alguma pista, enquanto outros encararam Magnus, esperando uma explicação.
– O sol?! – gritou Skaldor. – Você roubou o sol? E por que eu ainda o vejo bem ali? – apontava com sua espada para o céu.
O mago louco apenas sorriu.
Os murmúrios se espalharam, repletos de teorias e conjecturas, até que um sábio, vestido com um manto bordado de mapas celestes, tomou a palavra.
– O sol está muito distante, bem além do que imaginamos. Seus raios de luz viajam por um espaço extenso até nos alcançar. Se o que Magnus diz for verdade, só daremos por sua falta dentro de alguns minutos, pois demoraria um tempo até que os últimos raios emitidos percorressem todo o trajeto até chegarem em nossas terras.
– Isso levaria aproximadamente dezesseis minutos – complementou Osric. – Oito minutos para a magia chegar ao sol e mais oito minutos para seus raios cessarem. Após esse tempo, se o feitiço realmente surtir efeito, seremos tomados pela mais absoluta escuridão.
A multidão, inicialmente curiosa e cética, agora estava dominada pelo terror da possibilidade de um mundo sem sol. Diante da crescente inquietude, Zarkon, o Tirano, ordenou:
– Não vou esperar dezesseis minutos para saber se esse canalha está zombando de nós. Tragam uma vidente, agora mesmo!
Uma mulher de olhos vidrados, segurando um orbe de cristal sob os braços, foi trazida às pressas para frente. Com mãos trêmulas, concentrou-se. Sua respiração se tornava superficial à medida que procurava vislumbres do porvir.
– N-não… Não há nada – sussurrou, com a voz sendo tomada por pânico. – N-nada além de… uma vastidão sem fim de escuridão e um inverno avassalador. Não importa o quão longe eu olhe no futuro, o mundo está mergulhado nas trevas profundas!
Aquelas revelações desestabilizaram os ouvintes. Seus rostos, banhados pelos resquícios finais da luz do dia, agora pareciam envelhecer anos em segundos devido à sombra do medo que se instaurava em suas almas.
– Isso… Isso é algum tipo de brincadeira, certo? – questionou Henry IV.
Skaldor, o Imbatível, que até então sustentava um ar de confiança inabalável, deixou o charme cair, demonstrando seu desconforto e incerteza enquanto buscava nos olhos dos outros qualquer sinal de esperança.
– Estamos fodidos – gritou, observando que todos sustentavam olhares tão vazios e pessimistas quanto os seus. – Estamos completamente fodidos! Como combatemos algo assim? – apesar de já ter enfrentado uma infinidade de desafios e monstros, sentiu pela primeira vez o desespero diante um adversário que não podia ser derrotado com força bruta.
Nisso, os dezesseis minutos se esgotaram. O pânico se consolidou quando, conforme prometido, a escuridão engoliu o céu. O sol foi apagado em um instante, como uma vela que é soprada, restando apenas as estrelas distantes, incapazes de proporcionar iluminação adequada.
– Magnus… o que você fez? – murmurou Henry IV, num sussurro que mal tinha forças para sair de seus lábios.
A histeria foi generalizada. Soldados desembainhavam suas espadas, sem inimigos visíveis para confrontar. Rainhas apertavam seus filhos contra o peito, assoviando canções de ninar em um tom de desespero. Homens antes indomáveis agora sucumbiam ao crescente terror da loucura.
– Acendam as tochas! – gritou Zarkon, com a voz dominante se perdendo na confusão à sua volta.
O tilintar metálico de armaduras ressoou enquanto soldados correram em todas as direções, procurando por alguma fonte de luz. O crepitar de uma fogueira começou tímido, mas logo cresceu até tornar-se uma labareda vigorosa que lançava luz e sombras trepidantes sobre rostos angustiados. Muitos também trouxeram tochas, como ordenado, para ajudar no combate contra a escuridão.
– Criaturas das trevas logo perceberão nosso medo e falta de defesa – alertou Althazar.
– Nossas terras estão desprotegidas! – exclamou Skaldor, com as mãos fortemente cerradas –, nossos lares estão à mercê da devastação!
Osric, cuja sabedoria era tão reverenciada quanto sua magia, acrescentou em tom sombrio:
– Sem a vida que o sol semeia, a fome reinará em nossas terras. As plantas, desprovidas de sua fonte de energia, perecerão, e logo perderemos todo nosso gado. Além disso, a ausência de calor fará com que um inverno eterno se estenda pelo mundo.
A agitação, que já era intensa, elevou-se ainda mais quando a magnitude do desastre se tornou evidente. Gritos de pânico ecoaram pelo ambiente, não partindo das mulheres, mas sim dos próprios guerreiros.
Zarkon, o Tirano, cuja voz costumava ser obedecida sem hesitação, agora lutava para ser ouvido.
– Silêncio… eu disse silêncio!
Uma breve calmaria se estendeu pelo cume enquanto todos aguardavam atentamente as palavras do rei do Oeste.
– O que deseja com isso, Magnus? Acredito que mesmo um lunático como você não reuniria as figuras mais importantes de todos os Quatro Reinos apenas para testemunharem o quão senil você se tornou. Diga-nos, qual o propósito de todo esse circo?
Mesmo com dificuldade para enxergar diante da escuridão, todos os olhos se voltaram para a figura solitária do mago louco. Magnus, que até então permanecia imóvel na penumbra, finalmente se manifestou, pigarreando antes de falar.
– Eu vivi por mais tempo do que podem imaginar, sempre buscando maneiras de prolongar minha vida. Mas mesmo magos poderosos como eu chegam ao crepúsculo de sua existência. E acreditem, eu ainda não estou pronto para perecer. Então que façamos um acordo! Eu devolvo o sol para vocês, colocando-o de volta em seu devido lugar, e em troca, exigirei um fornecimento contínuo de extrato de elixir, derivado da pedra filosofal. Isso assegurará que eu permaneça neste mundo por mais incontáveis anos.
A multidão se agitou, inquieta, mas Magnus prosseguiu com suas exigências.
– Além disso, desejo terras para chamar de minhas, com um castelo faraônico construído pelos melhores arquitetos de todos os Quatro Reinos, cercado por terras férteis. E, para garantir que meu tempo restante entre os vivos seja tão agradável quanto ilustre, quero um harém formado por jovens de beleza incomparável, tão belas quanto as esposas de Henry IV. Também faço questão de ter o direito da primeira noite com cada dama que for se casar…
– Ridículo! – interrompeu Zarkon, tomado por indignação. – Isso é a coisa mais ridícula que já ouvi na vida! Suas exigências são um insulto à nossa paciência!
– Precisamos ouvir todas as suas condições antes de reagir – interveio Ergoth, o Piedoso. – Ele detém o sol como refém. Nosso julgamento deve ser ponderado e coletivo.
Skaldor, o Imbatível, cujo ímpeto guerreiro fervia sob a pele, posicionou-se em nome de Gandar:
– Não negociamos com sequestradores! Acredito que a solução para nosso problema é bastante simples: se esse imbecil está tão preocupado com a própria morte, então que aceleremos o processo!
Magnus, antevendo a escalada da tensão, completou:
– Se eu tombar, o sol nunca mais nascerá para clarear o dia. E eu lhes asseguro que, por mais que eu o devolva ao seu lugar, no dia da minha morte um encantamento será automaticamente acionado, fazendo com que ele desapareça novamente… desta vez, para sempre! Em outras palavras, o destino do sol e o meu estão agora irreversivelmente entrelaçados.
Zarkon, insatisfeito, voltou-se para os feiticeiros, com a voz carregada de raiva e desespero.
– Há algum entre vocês capaz de trazer o sol de volta?
Osric, com seu vasto conhecimento, respondeu:
– O sol pode estar escondido em qualquer lugar entre as infinitas dimensões existentes. Seria impossível para qualquer um encontrá-lo. Somente Magnus sabe onde está.
– E se criarmos um novo sol? – o rei tirano continuou com suas sugestões. – Deve haver alguém capaz de tal feito. Afinal, qualquer jacu sabe fazer uma bola de fogo.
– Uma bola de fogo realmente pode ser feita por qualquer jacu – disse Althazar, o anão mestre de forja. – Mas um sol? Isso requer o toque de um deus. Nenhum ser vivo, por mais poderoso que seja, poderia aspirar a tal magnitude.
A tensão presente na Montanha do Leão, já exacerbada pelo medo de um futuro sombrio, intensificou-se quando Ergoth, o Piedoso, questionou:
– Alguém sabe onde está minha esposa? Não a encontrei em lugar algum desde que a escuridão chegou!
Ulgar, cujo senso de humor parecia inabalável mesmo diante do apocalipse, soltou um risinho mordaz.
– Essa escuridão me parece o terreno perfeito para o florescer de chifres.
– Desculpe, o que disse? – perguntou Ergoth, indignado.
– Você percebeu que o Gostosão também não está por aqui? – continuou Ulgar. – Quem sabe, se ficarmos quietinhos, talvez possamos ouvir os doces suspiros de sua rainha.
Esse foi o estopim para que a irritação de Ergoth, agora não tão piedoso quanto seu título lhe sugeria, explodisse.
– Guardas, ensinem esse bárbaro insolente a respeitar um rei!
A escuridão parecia curvar-se à presença de Ulgar. Seus olhos brilhavam como os de uma fera selvagem, e seus músculos protuberantes o faziam parecer um monstro. Obedecendo as ordens, um punhado de soldados esguios avançou em sua direção. Com uma sequência de golpes rápidos e brutais, o bárbaro destroçou cada um deles. Eram incapazes de rivalizar com sua fúria e habilidade. Quando o último adversário jazia ao chão, Ulgar se esticou com uma nítida satisfação em seu semblante.
– Agradeço pelo entretenimento. Estava começando a me entediar com todo esse falatório.
– Chega de palhaçada! – interveio Henry IV, enquanto algumas de suas esposas tentavam acalmá-lo. – Estamos com um grande abacaxi em mãos, e não temos tempo para barbáries. Alguém tire esse troglodita daqui!
– Não precisam se preocupar comigo – respondeu Ulgar, guardando seu machado enquanto se afastava dos demais. – Já estou de saída. Não gosto de ouvir homens chorando, e pelo visto é isso o que vocês vão fazer pelas próximas horas.
Enquanto o bárbaro caminhava em direção à escuridão, sem levar sequer uma tocha, Althazar o seguiu, tentando alcança-lo com urgência.
– Ulgar, espere! – chamou, baixando a voz para um tom confidencial, já distante dos outros. – Seus reflexos e destreza são inigualáveis. Suas habilidades podem nos ser úteis.
– O que você quer, anão?
– Você está certo. Todo esse debate com Magnus é um desperdício de tempo. Duvido que ele tenha a capacidade de fazer o sol ressurgir. Fazer algo desaparecer é fácil, o duro mesmo é trazer de volta.
Ulgar franziu a testa, considerando as palavras do anão.
– E o que sugere que façamos?
Althazar pegou sua pequena caixa de madeira ornamentada. Com cuidado, abriu-a, revelando uma flecha que emanava luz própria.
– Esta é a flecha que pode matar aquilo que está no passado – disse, com voz baixa. – Ela possui uma magia anciã capaz de reverter o curso dos eventos.
Enquanto o bárbaro observava, com olhos arregalados, Milo surgiu em meio à escuridão, aproximando-se dos dois, com o olhar malandro de quem acabou de aprontar.
– Ah, aí está você! – interrompeu a conversa. – Ulgar, você não vai acreditar em quem eu esfreguei o saco!
– Quieto, Milo! – balbuciou o bárbaro, irritado. – Estamos no meio de algo importante aqui.
A expressão do ladino se alterou instantaneamente de um sorriso bobo para um olhar de incredulidade ao avistar a flecha, reconhecendo imediatamente sua importância.
– É a flecha lendária de Althazar! Vocês estão planejando usá-la contra Magnus?
– Exatamente. Mas fale baixo! – alertou o anão, fechando a caixa de forma delicada. – Ulgar, me escute. Você deve atirar essa flecha em Magnus antes que ele conjure esse maldito feitiço.
– E se eu errar? Posso garantir que acertarei a posição correta de sua cabeça, mas não posso dizer o mesmo sobre acertar o momento exato.
Althazar tentou colocar a mão no ombro do bárbaro, mas sua baixa estatura não permitiu.
– Se errar – disse friamente –, todos estaremos condenados. Esta flecha é única, não haverá outra oportunidade.
– Esperem! – disse Milo, com o rosto iluminado não apenas pela luz de sua tocha, mas também por sua empolgação. – Tenho uma ideia muito melhor!
Ulgar e Althazar o encararam, céticos, mas curiosos.
– O que tem em mente, Milo? – questionou o bárbaro, com uma sobrancelha arqueada.
– Vamos amarrar um pergaminho nesta flecha. Nele escreverei uma mensagem para mim mesmo, no passado. Vou contar tudo o que vai acontecer e pedir para que eu alerte você, Ulgar, assim que o avistar chegando pela passagem do cume. Dessa forma, você só precisará mirar na posição correta, sem se preocupar em mirar no tempo exato.
Althazar ponderou por um momento, analisando a proposta.
– E onde você quer que Ulgar atire a flecha?
Com um olhar travesso e orgulhoso, o ladino apontou para uma tenda específica.
– É ali que eu estava… hm, digamos, me divertindo com a rainha, esposa de Ergoth.
A revelação arrancou de Ulgar uma gargalhada.
– Pensei que era Gundar quem estava cuidando desse assunto!
– Ah, o Gostosão deve estar ocupado com uma das rainhas de Henry IV – Milo respondeu, ainda se divertindo com a situação. – Deve ser difícil cuidar de seis esposas, né?
– Mas Milo – interrompeu Althazar, com uma tonalidade séria. – Você se deitou com a esposa de Ergoth depois que o sol desapareceu. Seria tarde demais para matar Magnus.
– Bem… na verdade, essa foi a segunda rodada. De manhã, na hora que ainda estavam montando os acampamentos, também tivemos nosso momento de depravação. Então, Ulgar, é só mirar naquela barraca logo ali. Está vendo? Não precisa ser tão preciso no tempo, pois eu fiquei lá durante a manhã inteira.
Com o plano ajustado e todos os detalhes combinados, o bárbaro se posicionou segurando a flecha com o pergaminho de Milo amarrado a ela. Althazar estava na tenda indicada pelo ladino, iluminando-a com uma tocha, clareando a visão. As mãos de Ulgar, tão habituadas ao manejo de armas pesadas e brutais, agora seguravam com cuidado um arco, ferramenta para uma tarefa de precisão e sutileza. Apesar do combate à distância não ser sua especialidade, o bárbaro possuía habilidades desenvolvidas em arquearia e manejava o instrumento com uma destreza surpreendente. A corda esticou-se sob sua força. O som que ela produzia ao atingir a máxima envergadura ressaltava o instante que decidiria o destino do mundo.
Então, com um movimento gracioso que contrariava seu tamanho e força, Ulgar liberou a flecha. Girando através do ar com elegância, sua ponta excepcionalmente afiada cortou não apenas o espaço, mas também o tecido do tempo.
A flecha atingiu seu destino na manhã daquele fatídico dia. Passou a um fio do traseiro de Milo, que no meio de um encontro clandestino com a rainha, saltou assustado, interrompendo abruptamente as carícias. Seu coração disparou, não tanto pelo susto da proximidade do golpe, mas pela surpresa ao reconhecer o pergaminho amarelado amarrado à flecha. Sabia que era seu, pois reconheceu sua própria marca incrustada no papiro. Rapidamente o desenrolou e seus olhos percorreram as linhas escritas por sua própria mão no futuro. Astuto como era, não tardou para compreender a situação, especialmente com os códigos secretos e mensagens pessoais que sua versão do futuro havia usado para convencê-lo da veracidade daquelas palavras.
Sem perder um segundo, ergueu as calças, despediu-se da esposa de Ergoth e correu para a entrada do cume. Lá, aguardou ansiosamente a chegada de Ulgar, ensaiando mentalmente discursos para explicar a bizarra situação e convencer o bárbaro a eliminar o mago antes mesmo de revelar a todos o motivo da convocação.
No fundo, Ulgar gostava de embarcar em loucuras, então, quando chegou, não foi difícil convencê-lo a executar sua inusitada tarefa. Sem pedir muitos detalhes, simplesmente disse “Traga-me um arco”.
No exato momento em que Magnus, o Louco, ergueu-se majestosamente sobre a pedra alta, atraindo a atenção de todos os presentes com a promessa de um anúncio que mudaria o destino do mundo, uma flecha cortou o ar e o atingiu bem no meio da cabeça. O mago caiu sem vida, antes que pudesse pronunciar uma única palavra de seu feitiço.
Nos anais da história não se encontram vestígios do audacioso plano de Magnus, o Louco, de usurpar o sol, pois sua conjuração jamais se concretizou. Tampouco há menções de como Ulgar, com um disparo preciso e corajoso, evitou uma tragédia sem precedentes. No entanto, graças à sua ação, ainda que não reconhecida, o mundo seguiu para um novo dia, sob a luz quente e brilhante do sol.
Não participei deste desafio, mas vou dar uns pitacos.
Não me surpreende que tenha ficado entre os primeiros colocados. Eu acho que a maior força do conto não está nem na comédia, nem no enredo (ambos são bons), mas no fato de que o mundo convence. É difícil estruturar uma fantasia em um conto pequeno de forma convincente, e você o fez aqui.
Narrativamente falando você também fechou um bom círculo com tudo que foi apresentado antes. A flecha, o guerreiro, o bardo. Nada foi óbvio, mas você colocou elementos que permitem aos leitores falarem ao fim : “eu sabia!”, ou a voltar na narrativa e ver que os fragmentos do desenrolar estavam todos lá.
Então a história é divertida, os personagens convencem, assim como o mundo e está tudo muito bem amarradinho.
Mas para ser um chato de galochas vou dizer que teve uma coisinha que eu não gostei muito: a descrição inicial de Ulgar.
“Ulgar, um bárbaro corpulento e repleto de cicatrizes de batalha, caminhava por uma passagem estreita rumo ao cume da Montanha do Leão.”
Achei ela direta demais, meio apressada. Eu tenho certeza que no seu repertório você poderia fazer a descrição de maneira diferente se quisesse, então não sei se foi por questão de estilo ou não. Muitas das outras descrições estão mais trabalhadas.
Mas de novo, o conto, em si, é excelente. O mundo é interessante e convincente. Leria fácil um livro de diferentes contos de passando nesse universo. Inclusive, fica aí a sugestão. Criar várias histórias pros personagens apresentados, inclusive pro rei corno, e publicar. Morreria fácil numa graninha pra ler.
Que conto legal, Thales. Tudo muito bem amarrado, com espingardas de Tchekov (arcos e flechas, na verdade) sendo muito bem apresentadas e disparadas na hora certa. Tenho certeza de que este figuraria entre meus preferidos do desafio.
Fiquei com vontade de rolar uns D20s.
Olá, tudo bem?
Conto de fantasia, mas cheio de referências contemporâneas boa dose de humor. Texto bem divertido, fluído, descompromissado. Eu achava que fosse uma “trolagem” do mago, mas pelo que vi, ele realmente conseguiu “esconder” o Sol ou sua magia criou alguma ilusão de ótica. Eu estava imaginando algum eclipse, pois há relatos de “bruxos” de séculos atrás que enganavam os aldeões mostrando seu poder de “esconder” o Sol, mas era apenas seu conhecimento sobre a ocorrência de um eclipse.
O grande herói deste conto, sem dúvidas, é o anão Althazar. Sem a forja da flexa espaço-temporal, tudo estaria perdido. Ele poderia ter conseguido outro arqueiro habilidoso, mas nenhum outro seria capaz de criar aquela flexa especial.
Boa sorte
Não sou um expert em fantasia, mas reconheço e gosto de uma história bem contada.
O autor/autora conseguiu criar uma saga crível, num formato relativamente curto. O texto denota experiência e domínio literário. O desfecho é engenhoso e sagaz.
Parabéns e boa sorte no desafio!
RESUMO: Um grupo de figuras lendárias forja uma lenda que nunca será escrita.
COMENTÁRIO: É sempre arriscado dar uma abordagem fantástica, pois é preciso apresentar o contexto para que a verossimilhança tenha coerência. Por isso, aplaudo que tenha conseguido ambientar o mundo dos Quatro Reinos em um espaço tão pequeno de texto. Isto é, a princípio, até parece que a profusão de nomes vai acabar atrapalhando a leitura, mas depois me surpreendi quando, pela leitura atenta, as interações pareceram verossímeis e coerentes com o preestabelecido. Quanto ao tema, é todo coerente que se passe em meio a um roubo que poderia ser fatal para todos os reinos e a solução é também muito criativa, mérito da autoria, que a estabeleceu logo no começo do texto de forma disfarçada, quando parecia apenas estar informando as potencialidades desse mundo. Os personagens não têm profundidade e agem dentro de estereótipos, o que evita um impacto maior, resultado do empréstimo de tantas referências de mundos fantasiosos. Entretanto, compreende-se que foi uma escolha da autoria em prol da ambientação. É uma ótima contribuição para este desafio.
História: Um mago, Magnus O Louco, rouba o Sol para chantagear e ter poder. Algo bem na pegada Dungeons & Dragons, atendendo ao tema do desafio. A ideia da flecha que pode furar o tempo de tão afiada é legal 2,5/4,0
Escrita: É Dungeons & Dragons, como já disse acima. Bastante decritiva, com personagens bem característicos. Não é o meu estilo, mas, para ser justa, pedi para o meu marido (fã de fantasia) ler e ele adorou. Achou tudo muito divertido. Ou seja, você atende ao público que procura. 3,5/5,0
Imagem e título: Adequados, aliás, a imagem é muito bonita. 1/1
Sem dúvidas, o conto mais divertido do desafio. Ri muito com a opção do autor em mandar à merda as convenções sobre histórias mitológicas e epopeias nórdicas e dar à narrativa um ritmo próprio, como se fizesse graça com esses gêneros tão batidos. As piadas são excelentes, os personagens são deliciosamente subversivos e as quebras de ritmo, bem vindas, pois acontecem exatamente quando a narrativa precisa de fôlego.
A história em si é simples, fácil de entender, o tipo de narrativa que consegue hipnotizar quem gosta de tramas diretas, sem muito compromisso com verossimilhança ou mesmo coerência.
Parêntese aqui: o tempo todo fiquei pensando que o autor poderia ser roteirista dos Jovens Titãs, dado esse pendor pela criatividade, já que lhe é fácil produzir algo inusitado e totalmente inesperado quando desenvolve a história. Na minha cabeça vieram imagens do longa que assisti no cinema, com o Robin e o Mutano repetindo à exaustão “SLLLLLLLade” kkk
Para não dizer que só falei de flores, achei equivocada a menção à pedra filosofal como instrumento para a longevidade, já que, até onde sei, ela na verdade é um amuleto que transforma coisas em ouro. Mas isso dá para passar – licença poética.
Não curti, na verdade, o arremate da trama. Não é por ser longa, mas porque tudo funciona conforme o planejado: o Anão atira a flecha com o bilhete, o cara que está comendo a mulher no passado fica sabendo do problema e avisa o irmão do Conan para ele matar o Magnus maluco. Acho que teria sido mais interessante que isso desse errado. Do jeito que ficou, não houve surpresa – experimentei, enquanto leitor, uma espécie de anticlímax. Estava esperando algo mais relacionado com um eclipse ou algo do tipo, o que faria o sol renascer de qualquer maneira…
Enfim, um conto muito bom, divertido, necessário até (considerando que contos dramáticos são maioria no desafio), mas que peca no fim pela ausência de surpresas, pela quebra do ritmo dessa diversão que domina sua maior parte. Uma chama que se apaga, um sol que é roubado do leitor. Da próxima vez, sugiro manter a subversão até o fim, que nem o Tarantino faz nos filmes dele – que faça a flecha matar o gostosão e que, sabendo disso, todos os demais se empolguem, já que o rival de todos não está mais ali, e a história termine com a maior suruba da história – afinal, está escuro.
Valeu pelo texto, SLLLLáááine.
Oi, Slaine.
o seu conto é excelente, realmente um dos melhores do desafio. História criativa, lembra bastante inúmeras sagas de fantasia. Tem momentos engraçados, que aliviam a tensão que antecede a batalha. Só tive dificuldade em me conectar à narrativa por causa dos diversos personagens, que me deixaram um pouco confuso, e a extensão do conto, próximo de uma novela. No mais, parabéns pela criação. Me senti transportado para o universo da história. Boa sorte!
Olá, Sláine. Tudo bem?
Que história sensacional! uma das minhas preferidas do desafio até aqui, e faltam umas 2 ou 3 apenas para ler e comentar. Eu amo fantasia, e raramente vemos alguma por aqui, especialmente com essa qualidade suprema da sua. Você parece um veterano do gênero, e sua história me lembrou muitas coisas que eu adoro, como Conan, o Bárbaro e outras referências d gênero. Além disso, a ideia da arma que mata o passado me lembra um dos meus jogos preferidos da vida, enter the gungeon, conhece? Nesse jogo, entramos numa caverna onde existe uma lenda de que podemos encontrar uma arma capaz de matar o passado. É um jogo maravilhoso, recomendo muito.
Também adoro o senso de humor da história, ri em vários momentos, e alguns são realmente memoráveis, como: “Também conhecido como “Propagador de Cornos”. Dizem que se ele olhar para sua mulher, em pouco tempo seu elmo fica apertado.” e “– Essa escuridão me parece o terreno perfeito para o florescer de chifres.”
São sacadas inteligentes e muito bem colocadas. O personagem do Milo se destaca muito, pois partem dele os melhores comentários, muito engraçados e bem humorados. Isso faz com que a leitura, que já possui uma história cativante e personagens sensacionais (aliás, ressalto novamente que discordo muito dos colegas que reclamar de muitos personagens numa história: seu conto é uma prova viva de que é possível haver uma dezena de personagens e ainda assim todos serem marcantes e bem construídos, dependendo unicamente do trabalho do autor), mas enfim retomando meu raciocínio, a história já é otimo, os personagens são brilhantes e o ritmo e técnica são impecáveis, e tudo isso é abrilhantado pelas pontadas geniais de humor durante a história, faznedo com que o que acredito que tenham sido em torno de 3500 palavras tenha passado numa velocidade impressionante. Eu continuaria lendo a história por horas sem problema nenhum. Parabéns!
Além disso, gostaria de destacar um outro ponto relevante do conto, que na minha opinião foi algo que falta em muitos contos e que você usou com maestria: todos os elementos que você introduz no conto, têm relevância em algum momento no futuro. Por exemplo, ao apresentar os personagens no começo, o fato de o anão ter criado a flecha que mata o passado parece ser apenas mais um detalhe na caracterização pitoresca dos personagens, porém, é aproveitado no final. Outro exemplo: quando o Milo aparece se gabando por ter feito sexo com a esposa do Piedoso, parece apenas uma piada sem importância para a história, mas você usa isso logo em seguida na construção do plano. Esse excelente uso dos elementos introduzidos na história faz com que tudo se encaixa e convença. Cada vez que um elemento anteriormente introduzido como algo irrelevante se revelava essencial para a história, eu dava uma risadinha e gostava mais ainda do conto. Que inveja, isso é algo que eu sempre tento fazer nos meus contos, mas é bastante difícil conseguir. Isso respeita o princípio de Anton Pavlovich Tchekhov que diz que “Se no primeiro ato você colocar uma pistola na parede, no seguinte ela deve ser disparada. Em outro caso não coloque ela lá”.
Enfim, pelo meu comentário entusasmado dá pra notar que eu amei o conto, e ele fica no meu top 3 do desafio sem dúvida. Parabéns!
Desenvolvimento de persoinagens: 10,0
Enredo: 10,0
Ritmo: 10,0
Técnica: 10,0 (escrita impecável, impressionante)
Desfecho: 10,0
Parabéns e boa sorte!
Oi, bem?
Conto criativo e divertido com elementos de historias fantásticas que particularmente aprecio bastante. Sou daquelas que decora os nomes dos 500 personagens em historias assim rs Não tive dificuldades com isso, embora o conto se apresse em vários níveis com as descrições e apresentações dos personagens, acho que o autor conseguiu dar voz a cada um deles.
A reunião e apresentação toma conta de uma boa parcela do texto, então imaginei que haveria uma correria no final, bom é algo grandioso abordado, fiquei imaginando como o autor resolveria isso de forma satisfatória. Me identifico com esse pequeno pecado, o de querer criar coisas grandes, em espaços pequenos.
Leria varias paginas dessa historia se tivesse, é fluida, interessante, bem humorada.
Pra conto peca um pouco nessa questão de uma solução genérica para um feito grande, mas achei que no geral o autor foi competente.
Parabens!
Olá Sláine, tudo bem?
Seu conto está muito bem escrito, com a leitura correndo facilmente pelos olhos! A apresentação de personagens, como o Thales disse, apesar de longa, distinguiu bem todos eles, evitando a monotonia. Me fez imaginar um conto nonsense que ficaria apresentando personagens e terminaria do nada, sem história!
A história é do tipo enigma (acabei de inventar esse nome de estilo), em que é apresentado um problema difícil que os personagens tentam resolver. Gosto de contos assim, e a sua apresentação da flecha no meio do conto não entregou o final, como deve ser.
No entanto, achei o final um pouco anticlimático. Esperava mais. Depois da grande ideia, o plano simplesmente funcionou, e aí a história terminou. Achei que teria alguma dificuldade, ou algum twist.
Quanto às expressões anacrônicas e ao humor, acho que tudo se encaixou muito bem, pois já se apresentava lá, desde o começo. Apesar de ter gostado da apreentação dele, as piadas com o Gostosão não me fizeram rir, e o protagonista ainda explicou uma delas! Mas elas pelo menos se encaixaram na trama e tiveram alguma função, o que achei ótimo! Também achei que a mistua com a ficção científica ficou bem-feita.
Só fiquei com aflição e medo porque não se sabia se o mago havia conectado a própria vida ao Sol no mesmo feitiço de roubo, ou se tinha feito isso antes. Se fosse a segunda opção, o plano teria ido por água abaixo! Ainda bem que deu tudo certo, como o narrador nos conta.
Obrigado pela contribuição, até mais!
Conto bem escrito, tem domínio da língua.
A voz do narrador não diferencia muito da voz dos personagens. Sobre esse aspecto, vale cuidado.
Por outro lado, algumas passagens parecem não condizer com o universo contextual do enredo. Por exemplo: “Estamos fodidos”. Outro exemplo, já clichê: “grande abacaxi em mãos”.
Existem muitos personagens. Cada um deles, em algum momento, ganha protagonismo. Fica confuso.
O conto se torna longo, cansativo, prolixo.
Um dos personagens diz: ‘o quão senil você se tornou…’. O etarismo com força.
Percebi algumas passagens com pretensão de humor, mas que, na minha leitura, estão deslocadas. Parece forçado.
O texto é extenso, porque bastante adjetivado. “O som das botas pesadas ressoava pelo terreno rochoso, enquanto o sol intenso do meio-dia”. Botas PESADAS, terreno ROCHOSO, sol INTENSO. Logo depois: calor ARDENTE, com um odor INTENSO, entre outros tantos exemplos que poderiam ser citados. Na minha leitura, um texto literário ganha em qualidade e fluidez quando tem uma dimensão mais direta. Evita-se, assim, o desnecessário e deixa-se um espaço para que o leitor preencha a partir da sua experiência de leitura.
O conto foi longo, mas a trama foi resolvida rapidamente, chegando ao desfecho quase abruptamente.
A escrita tem qualidade, mas o conto não me impactou. Desculpa.
Parabéns pela criatividade.
Olá, Slaine. Acabei de ler o seu conto de noite. Vou esperar algumas horas para ver se o mesmo não encerra algum tipo de profecia. Se o sol não nascer, saberei a verdade. Ou pode estar apenas escondido por trás de um manto de nuvens. De qualquer forma, o seu texto mistura fantasia com ciência e viagens no tempo e erotismo. Ou talvez não erotismo, porque as mulheres têm um papel secundário no seu conto. Quanto à ciência, achei estranho o mago saber: (1) a velocidade da luz (2) a distância exata do sol à terra (3) mesmo tendo este conhecimento todo, enganar-se no tempo que a luz demora a chegar à terra, que é de 8 minutos e não 16. Um pormenor irrelevante, mas tirou credibilidade a um conto de fantasia. Percebi a intenção de aumentar a carga dramática, mas creio que a mistura entre a mitologia e a ciência não foram bem explorados. Quanto à narrativa, achei alguma falta de ritmo e uma linguagem complexa. A quantidade de nomes dificulta também a leitura. Pareceu querer dar corpo à história, detalhando-a mais do que o necessário e perdendo o leitor no processo. O desfecho salvou o conto, mas mesmo esse tem o problema do paradoxo das viagens no tempo: se resolvo o problema no passado, como sei que ele existiu?
O Mago Que Roubou o Sol (Sláine, o Escritor)
Bom dia, boa tarde, boa noite!
Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor (ou a autora) por ter participado do Desafio Viagem/Roubo – 2024! É sempre necessária muita coragem e disposição expor nosso trabalho ao crivo de outras pessoas, em especial, de outros autores, que tem a tendência de serem bem mais rigorosos do que leitores “comuns”. Dito isso, peço desculpas antecipadamente caso minha crítica não lhe pareça construtiva. Creio que o objetivo seja sempre contribuir com o desenvolvimento dos participantes enquanto escritores e é pensando nisso que escrevo meu comentário.
No mais, inspirado pelo Marco Saraiva, também optei por adotar um estilo mais explícito de avaliação, deixando um pouco mais organizado quando comparado com o último desafio. E também peguei emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente digno de destaque.
Mesmo diante de tudo isso, as notas e os comentários podem desagradar, como percebi hoje, dia 29/04/24. Como já está no meio do desafio, e eu já avaliei alguns participantes, eu vou manter o estilo de avaliação, “anunciando” a nota e tecendo minha opinião do mesmo jeito. A diferença é que essa nota é provisória e sujeita a alterações. Obviamente isso se estende aos contos já avaliados.
Outra coisa que eu percebi que deu ruído até o momento também foram os critérios. Vamos lá, para tentar esclarecer: refleti bastante sobre o assunto e a minha conclusão é a seguinte: não consigo avaliar um texto literário como um conto, dentro desses critérios, sem considerá-los como um todo. Afinal, uma técnica apurada pode beneficiar a história do mesmo jeito que o contrário pode ocorrer; um conto com a escrita não tão boa pode afetar a história, seu desenvolvimento e seu impacto e assim por diante.
Por fim, é isso! Meu critério é esse e não sofrerá mais alteração. Creio que é o mais justo entre meu jeito de avaliar, a lisura do certame e o respeito e a consideração pelo autor/pela autora.
AVALIAÇÃO + IMPRESSÕES INICIAIS
+ Ora ora, um conto engraçadinho…
+ Poxa, que semelhança legal essa com Exú
+/- A Marvel realmente impôs/solidificou um estilo de contar história para a minha geração que fica difícil não enxergar alguns traços nas histórias de heróis.
HISTÓRIA (2,25/3)
“O Mago que Roubou o Sol” conta a história do roubo do Sol pelo Mago Magnus e como Ulgar e Althazar desfazem o feitiço, voltando no tempo com uma flecha tão afiada que corta o tempo.
Inclusive, a flecha tão afiada que corta o tempo me lembrou um ditado sobre Exú: Exú matou um pássaro ontem com uma pedra que lançou hoje. Achei sensacional isso, embora eu não sei se foi a intenção do autor/da autora essa referência.
É uma história muito boa, simples, de comédia, com bastante fantasia. Tem um quê de história Marvel, ao meu ver. Ação com humor. Tudo acaba bem quando termina bem. Aquela salvação já esperada…
Acho que o problema que eu senti em termos de história é uma leitura que se estica um tanto a mais do que o necessário. São muitos personagens que somente agregam em tamanho na história. Ficou meio longa no final das contas.
TÉCNICA (3/3)
Quanto ao estilo de escrita e a técnica, achei irretocável. Não percebi quaisquer erros gramaticais. É leve, é simples, é divertido, é uma leitura fluida.
TEMA (1 /1)
Conto adequado ao tema proposto pelo desafio. Roubo do Sol e viagem no tempo.
IMPACTO (1,5/2)
Gostei do conto. Achei diferente, uma fantasia bem-humorada com volta no tempo. Acho que o defeito do conto mesmo está em seu tamanho, que se deu uma alongada um tantozinho.
ORIGINALIDADE (1/1)
Muito bom nesse aspecto também. Soube usar bem os elementos do gênero de fantasia, sem necessariamente cair num clichêzão.
Trecho interessante: Então, com um movimento gracioso que contrariava seu tamanho e força, Ulgar liberou a flecha. Girando através do ar com elegância, sua ponta excepcionalmente afiada cortou não apenas o espaço, mas também o tecido do tempo.
A flecha atingiu seu destino na manhã daquele fatídico dia. Passou a um fio do traseiro de Milo, que no meio de um encontro clandestino com a rainha, saltou assustado, interrompendo abruptamente as carícias. Seu coração disparou, não tanto pelo susto da proximidade do golpe, mas pela surpresa ao reconhecer o pergaminho amarelado amarrado à flecha. Sabia que era seu, pois reconheceu sua própria marca incrustada no papiro. Rapidamente o desenrolou e seus olhos percorreram as linhas escritas por sua própria mão no futuro. Astuto como era, não tardou para compreender a situação, especialmente com os códigos secretos e mensagens pessoais que sua versão do futuro havia usado para convencê-lo da veracidade daquelas palavras.
Nota: 8,75 (como as regras do desafio não permitem notas com duas casas decimais, a nota será arredondada para 8,8)
Escrita:
A escrita aqui flui de forma bacana, com boas descrições e muitos diálogos (me senti quase como se eu estivesse lendo uma história em quadrinhos). Nota-se que a história possui vários personagens (10, se eu não me enganei na conta). Só que todos são muito bem apresentados, e possuem personalidade única! Normalmente, numa narração com tantos personagens, seria muito fácil de se perder ou de o conto se transformar numa verdadeira salada. No entanto, o autor demonstrou grande habilidade guiando o leitor de forma bastante agradável. Eu sou péssimo para decorar nomes de personagens, principalmente nomes medievais… mas vemos que cada um aqui possui um apelido, e isso facilita muito! Temos o Gostosão, o Imbatível, o bárbaro, o Piedoso, o Tirano. Isso é muito legal, pois decorar palavras que sintetizam a personalidade dos personagens é mais fácil do que decorar seus nomes. Apenas Magnus (que me lembrou do sorvete), possui um nome mais fácil de decorar, dando um aspecto… magnânimo… a ele. Muito bom!
Tema:
Interessante pois, logo de cara vemos que trata-se sobre roubo (está no título, né). O sol é roubado na caruda, no maior estilo Meu Malvado Favorito. Mas no desfecho, a história ainda apresenta elementos de viagem no tempo, através de uma solução bastante criativa e convincente para o difícil problema que eles estavam lidando. Achei bastante criativo, e aqui o autor conseguiu contemplar os dois temas do desafio (apesar de não ser algo obrigatório, bastava escolher um).
Enredo:
Este é o ponto em que esta história, para mim, se destacou. Tudo aqui ocorre de maneira muito divertida e descontraída. A história segue uma pegada forte de RPG, apresentando elementos consagrados como um bárbaro, um mago, um anão, um ladino. O verdadeiro brilho vai para o elenco de personagens, onde todos são divertidos, e é engraçado ver o debate inusitado deles, a respeito de um problema tão…. peculiar, por assim dizer. O humor que permeia toda a história é realmente divertido, e em alguns momentos me peguei com um risinho no canto do lábio (o autor me parece adorar piadas sobre… cornos?).
Outra coisa legal é que este desafio está apresentando diversos gêneros literários diferentes, e isso é uma variedade muito bem vinda para um desafio do Entre Contos. Ficção Científica, por incrível que pareça, parece que foi o gênero preferido dos autores desta vez. Mas fantasia medieval, nessa pegada Espada e Feitiçaria, este foi o único conto da vez a apresentar. Acho que tenho uma suspeita sobre quem é o autor deste conto.
Quero compartilhar com vocês, nobres leitores, uma imagem de Ulgar, o bárbaro deste conto. Tentei incluir a imagem diretamente no texto, mas Fábio, aquele velho espertalhão, não me deu permissão. No entanto, ele nada mencionou a respeito de postar a imagem nos comentários, então aqui está:
Ulgar, o Bárbaro
Sláine, o Escritor.
Um texto fantástico (literalmente!). Muito bem redigido, com fluidez e clareza. Bem construído. Personagens engraçados.
dentro do tema: quem ia imaginar o roubo do sol???
só achei longa… mas não havia muito o que fazer para encurtar… perderia detalhes preciosos.
Parabéns! E boa sorte!
Olá, querida Queli. Agradeço sinceramente pelos seus elogios. Estou feliz que tenha gostado dos meus personagens e da situação peculiar em que se encontraram. De fato, só um mago verdadeiramente excêntrico e louco pensaria em roubar o sol, uma decisão que causou enormes transtornos nos Quatro Reinos e quase levou à destruição do mundo como o conhecemos. E imagine, só um anão ainda mais audacioso pensaria em viajar no tempo para resolver essa periclitante situação! Quanto ao tamanho do texto, segui rigorosamente o limite de 3.500 palavras disponibilizado para cada autor, nem mais, nem menos.
Sláine, o Escritor.
Que mago tonto! Se teve a trabalheira de fazer um feitiço pra roubar o sol para daí chantagear os poderosos do mundo, por que catapimbas ele já não roubou os poderosos do mundo de uma vez, direto?
Devia fazer um feitiço pra deixar de ser mané, isso sim!
Que observação astuta, caro senhor ou senhora “Sem noção”. Permita-me compartilhar um pequeno segredo sobre os magos: além de não serem dignos de confiança, eles também têm seus lapsos de inteligência! De fato, Magnus provavelmente poderia ter roubado a fortuna de cada poderoso do mundo, e alcançado seu objetivo de forma mais simples. No entanto, preferiu se exibir. Optou por um espetáculo, expondo a todos sua megalomania. Essa foi sua ruína, e no fim, recebeu o que merecia. Pagou o preço com uma flecha bem no meio do bigode.
Quero agradecer-lhe pelo comentário, pois… catapimbas, seu raciocínio é muito bom! É uma honra receber por aqui a presença de um leitor como você.
Sláine, o Escritor.
Em primeiro lugar: durante este desafio eu não terei acesso a um teclado brasileiro, então os meus comentários serão desprovidos da maioria dos acentos. Perdão pela dor nos olhos!
Em segundo lugar: resolvi adotar um estilo mais explícito de avaliação, pegando emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente bela ou marcante.
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Avaliação
Estou gostando deste desafio, com tantos tipos de conto diferentes! Este conto foi uma comedia muito bem escrita. Inclusive, suspeito que o autor conheca D&D e RPG muito bem, ein!
A leitura foi divertida, com alguns momentos memoraveis, como o “propagador de cornos” e o mago explicando a velocidade da luz para o povo leigo, em um anacronismo digno de Monty Python.
TÉCNICA ●●● (3/3)
A escolha da narrativa abobalhada, com palavras simples e exageros nos adjetivos, foi acertada para o estilo do conto. Com a proposta de leitura leve, voce manteve o conto bem escrito e, ao mesmo tempo, facil o suficiente de ler para que o leitor seguisse adiante, curtindo mais a comedia do que a forma.
HISTÓRIA ●●◌ (2/3)
Achei a historia muito divertida! Porem, viagens no tempo, mesmo em comedias, nunca fazem sentido. Este conto tem um caso obvio do paradoxo do avo, coisa que sempre me faz arrancar os cabelos. Mesmo assim, curti muito!
TEMA ●● (2/2)
O conto encaixa-se perfeitamente no tema “Roubo”.
IMPACTO ◌ (0/1)
Eh raro um conto assim ter um efeito prolongado em mim. Eu li, ri, curti, mas no final nao eh tao impactante.
ORIGINALIDADE ● (1/1)
Historia muito original! Curti muito a abordagem e o desenvolvimento da trama, inclusive a solucao do problema no final.
Trecho inspirado
“E aquele com a camisa aberta, exibindo os músculos definidos, é Gandar, o Gostosão, rei das terras do Leste. Também conhecido como “Propagador de Cornos”. Dizem que se ele olhar para sua mulher, em pouco tempo seu elmo fica apertado.”
Excelente forma de aumentar a dose de comedia e estabelecer bem o clima divertido do conto!
Oi, Slaine, tudo bem?
O conto aborda de forma reluzente o tema proposto pelo desafio: o roubo do sol. Sabe que fiquei esperando que fosse um eclipse solar e o mago, já tendo conhecimento do fenônemo, resolveu tirar proveito da situação?
Além disso, há também a possibilidade de viagem no tempo – a tal da flecha de Althazar. Os dois temas foram abordados, portanto.
O conto está bem escrito, cheio de personagens bem caracterizados, o que não atrapalhou em nada a leitura. Achei divertido o tal de propagador de chifres… Deve haver um monte deles por aí. Imagino que o(a) autor(a) seja apreciador(a) de RPG ( jogo do qual ignoro completamente as regras e os conceitos). E, de repente, sei lá, pensei em uma autoria para esta obra… Será?
Uma única falha cresceu aos meus olhos:
[…] famoso por ter seis esposas de beleza inigualável, onde duas delas eram também suas irmãs.
Onde? Há, atualmente, propagado em todas as mídias esse vício de empregar “onde” para qualquer coisa. Isso me dói. Se você estivesse falando especificamente do Reino, poderia usar onde, mas não é o caso.
[…] seis esposas de beleza inigualável, sendo duas delas também suas irmãs.
De resto, está tudo a contento, creio eu. A leitura flui fácil, pois é criado um clima de suspense ligeiro, temperado com uma boa dose de humor. Além disso, a narrativa apresenta um desfecho feliz (menos para o Mago ladrão de raios solares). E pouparam todas as criancinhas.
Desejo-lhe sorte.
Claudia, minha rainha! Agradeço imensamente pelo seu belo comentário. Estou ansioso para saber quem você imagina ser o meu criador… será que sua percepção é tão precisa quanto a de uma vidente? E por falar em videntes, que tal trazermos uma aqui para nos revelar quais contos ficarão no pódio neste desafio? Isso nos pouparia tempo.
Obrigado também pela sugestão de usar “sendo” ao invés de “onde”; realmente, encaixa-se de forma mais harmoniosa. E mais uma vez, agradeço pelo seu comentário tão perspicaz e atencioso.
Sláine, o Escritor.
Nesse desafio temos vários gêneros, ou subgêneros da literatura; Cotidiano, Terror, Ficção Científica e Alta Fantasia, gostei. O recurso de um dos personagens apresentar o elenco, ficou bom. Também o apelido de cada um. Faltou dar apelido às rainhas, mas elas não tiveram relevância no enredo, acho que cortar alguma “gordura” para criar outras situações envolvendo as mulheres que, sempre tiveram destaque na Alta Fantasia. O enredo é interessante, mago rouba o Sol para fazer chantagem e permuta. Em ficção tudo é possível, alguns magos tem poder para fazer coisas difíceis, mas não para fazer certas coisas que são fáceis de fazer. Assim é o Mundo da Fantasia. Você colocou um pouco de humor em alguns pontos, ficou legal. Achei um bom conto, considerando a estrutura correspondente ao gênero. As frases bem elaboradas, só não entendi o “feitiço magnânimo”. Achei que faltou um pouco mais de ação, mais impacto e o final ficou sem graça. Ressalto a escrita excelente.
Olá, querido Antonio, o Magnífico. Espero que aprecie este apelido que lhe atribuí, inspirado pela pose admirável em sua foto de perfil. Fico muito contente que tenha apreciado minha obra. Quanto ao papel das rainhas ou um destaque maior para as mulheres na trama, como já mencionei à nobre dama Priscila, não encontrei espaço entre tantos reis gananciosos e guerreiros impetuosos. Prefiro não incluir personagens simplesmente para preencher cotas, mas sim utilizar o potencial máximo de cada um que é essencial para a história. Este conto, por uma coincidência do destino, acabou tendo menos presenças femininas. No entanto, já escrevi narrativas focadas exclusivamente em mulheres, bem como outras que contam apenas com robôs. Cada história é única, e não considero necessário impor uma cota de personagens em cada uma delas.
Mais uma vez, agradeço sinceramente pelo tempo dedicado a ler meu conto e por seu comentário tão valioso!
Sláine, o Escritor.
Olá, Sláine! Tudo bem?
Vou deixar minhas impressões sobre seu conto, lembrando que é a minha opinião e não a verdade absoluta. (Obviamente)
Uma típica fantasia medieval com muitos personagens, um grande conflito e a resolução de um problema. Gostei da ambientação, dos milhares de personagens (não me incomodou, pareceu necessário para a trama) do enredo com o mago doido roubando o sol e achei muito inteligente a solução com viagem no tempo que você deu ao conflito.
Os personagens são bem descritos e estão verossímeis e a escrita é correta, simples e objetiva. De modo geral eu gostei do conto.
Porém… uma coisa me incomodou bastante. O fato de em uma lista tão grande de personagens, as únicas mulheres que aparecem não tem nomes e são basicamente esposas infiéis e uma vidente apagada e patética. Enfim, não vou me alongar na questão, mas fez eu desgostar do conto. Uma pena.
Boa sorte no desafio!
Até mais!
Olá, cara Priscila. Quero lhe agradecer pela bênção do seu comentário! Aprecio bastante ver a visão dos meus leitores diante do mundo peculiar que criei. Sinto muito que você tenha se incomodado com a ausência de importância para as personagens femininas. O universo aqui retratado é um tanto arcaico e machista, onde somente homens com poder e prestígio, tal qual reis e seus representantes, têm o direito de se manifestar diante de situações como essa, devido a uma organização social bastante desigual e retrógrada, porém fictícia, onde músculos e gritos sobressaem à inteligência e formosura. Reconheço o brilho inerente das mulheres e sua importância no mundo real, e quero ressaltar que de forma alguma este conto tenta promover uma guerra de classes ou de gêneros, e nem sequer tenta rebaixar a figura feminina… ele apenas mostra uma realidade diferente e antiquada.
Por Crom, espero que minha história não a tenha ofendido! E mais uma vez, agradeço à sua colaboração com sua elegante crítica!
Sláine, o Escritor.
Costumo avaliar os contos com base nos seguintes quesitos: Tema, valendo 1 ponto, Escrita, valendo 2, Enredo, valendo 3 e Impacto, valendo 4. Abaixo, meus comentários.
Tema
Conto atende ao tema. Um mago rouba o sol e Ulgar, Milo e Althazar colocam em ação um plano para impedi-lo. Mandam um recado para o passado, para que Ulgar mate o mago antes que ele faça o feitiço.
Escrita
Muito boa, embora não saiba bem o que pensar sobre a quantidade de personagens. Claro que há uma intenção cômica, muito bem vinda, com alguns elementos, como o Propagador de Cornos. E esta é uma situação em que há muitos personagens envolvidos, seria esquisito não mencionar ninguém exceto Ulgar, Althazar, Milo e o mago. Mas, mesmo assim.
Enredo
Preciso dizer que essa ideia de roubar o sol enfiou na minha cabeça Meu Malvado Favorito e não consegui imaginar o mago de nenhum outro jeito senão como o Gru, apontando para o céu e dizendo “Vou roubar a lua!”. E todo o acampamento abaixo como minions vibrando, pulando.
Falando em Gru, outra lembrança que esta história me trouxe foi Groo, o bárbaro desmiolado criado por Aragonés. Ulgar não é, nem de longe, desmiolado, mas a ambientação, a “vibe” da história, me remeteu ao universo de Groo.
Eu gosto muito de histórias de viagem no tempo e essa, de certa forma, é uma delas. O fato da flecha ter aparecido logo no começo salva a situação toda de ser um Deus Ex-Machina? Não sei, foi mesmo bem conveniente. Mas gostei da ideia e da conclusão.
Gostei também do ambiente que se desenhou em minha mente enquanto lia a história. Além de Groo, minha mente também foi para Em Busca do Cálice Sagrado, do Monty Pithon.
Bom, pelo jeito, minha mente é que anda meio inquieta. Desculpe as referências todas, isso ficou uma confusão.
Impacto
Gostei da história, gostei do desfecho. Fico com a impressão de que foi tudo muito conveniente, mas ter apresentado a flecha logo no começo foi uma boa ideia. Fico na dúvida se tinha personagens demais, mas o fato é que gostei de ler sobre eles. Esta é uma história divertida e bem humorada, leve e interessante. Pode até não ser a minha favorita, mas foi uma leitura muito boa.
Olá, minha cara Kelly. Que honra ter a sua presença em meu mundo, e o seu comentário para abrilhantar minha obra. Meu coração se aquece em saber que você apreciou o que leu aqui. Não precisa se desculpar devido às suas referências, pois elas são de fato muito relevantes. Quem não se simpatiza com uma figura tão carismática como Groo, o Errante, não é mesmo? Monty Pithon é um universo genial, e apesar de eu não tê-lo usado como base para esta história, reconheço a semelhança, principalmente na questão bem humorada dos personagens e das situações inusitadas. Vou revelar-te algumas das obras que me inspiraram a construir esta trama: Conan, de Robert E. Howard; Sláine, meu xará, mas esse não é um escritor, e sim um guerreiro Celta criado por Pat Mills; The Witcher, e suas belas histórias cheias de diálogos muitíssimo interessantes, criado por Andrzej Sapkowski. Apreciei também a referência que você citou de Gru, roubando a Lua.
Mais uma vez, agradeço por seu comentário crítico em meu conto, nobre dama!
Sláine, o Escritor.
Ah, vou dar uma olhada nas suas referências. Me interessei.
“Propagador de Cornos” sem dúvida, é uma alcunha engraçada. Um conto aliás, cheio de alcunhas como ocorre na maioria das histórias de fantasia. A escrita é interessante e mostra uma voz narrativa que constrói frases de modo muito particular. Confesso que estranhei “E aquele que ele está conversando…”, “ascendeu ao topo de uma pedra proeminente, elevando-se acima da multidão” e como foi descrita a magia do mago louco com as “rajadas” e todos os outros adereços. Confesso que durante a leitura, pensei que o autor iria “jogar” com um eclipse total, sem prejuízos ou atos heroicos. É um conto de fantasia e consegue ativar a imaginação do leitor, na minha opinião. Há ligeiro exagero de personagens, mas fantasia — creio eu — tem dessas coisas. A aposta em um enredo clichê (na minha opinião) pareceu dar certo e rendeu uma bela história. O roubo foi bem caracterizado e atendeu ao tema do desafio.
Sucesso para você.
Olá, caro Vladimir. Vou te dar um conselho de amigo… caso seja casado, já sabe, né? Nunca convide esse Gostosão aí para o seu lar! Mas quanto à forma particular e um tanto inusitada que eu descrevo alguns eventos da história, talvez se deva à minha vivência narrando campanhas de RPGs, das quais atuei como mestre. Na hora da execução de improvisos para guiar o caminho dos heróis, acabamos adquirindo alguns costumes peculiares e vícios de narração.
De qualquer forma, fico bastante satisfeito e contente que tenha apreciado minha história, e agradeço por expor sua opinião crítica a respeito desta obra. Aceitaria compartilhar comigo uma garrafa de hidromel, meu bom homem?
Sláine, o Escritor.
Taí um troço que gostaria de provar. Fico vendo os episódios do Flow e babando de vontade. Pena que grana seja um negócio muito em falta no meu dia-a-dia. RPG é “muito doido”, qualificou um amigo daqui do interior de SP. Envolvente pra caramba. Sucesso meu caro. Beba por mim, enquanto a sorte não me ajuda.
Olá, Sláine, o Escritor.
Comentários:
Um conto muito bom. Tem um jeito de fábula, um tom dos textos de T.H. White (O Único e Eterno Rei, cinco volumes, W11 Editores Ltda).
Tem uma escrita muito boa, sem falhas de construção ou erros de gramática. Só tem um erro que o Word comete e você deixou escapar, como eu sempre deixo: alcança-lo, quando deveria ser alcançá-lo. O Word sempre corrige em direção ao erro.
Gostei muito de como o conto foi construído. Seu desenvolvimento manteve um ritmo que faz o leitor interessado esperar por uma conclusão, sem pressa, curioso pelo que virá. Como resolver o problema do desaparecimento do Sol sem o perecimento da vida?
A saída arranjada previamente com o discurso de que a flecha poderia matar um coelho adulto ainda no ventre de sua mãe, preparou de forma justa o futuro de uma solução que viria. Não deu outra. Muito bom.
Confesso que diante da informação de que alguém havia roubado o Sol, fiquei um pouco decepcionado por achar que logo viria aquela manjada história dos eclipses. Mas, não, não era um eclipse, era a mais pura magia do danado do Magnus que havia roubado o Sol pra valer.
Se posso pôr um óbice ao texto, diria que, sendo toda a construção textual tomada por uma linguagem elegante, a introdução de algumas palavras romperam esse vínculo, tais como ‘Chega de palhaçada!’ e ‘– Estamos completamente fodidos!’, por exemplo. Sem querer ser pudico, não são palavras necessárias ao texto, particularmente porque, parece-me atingem um determinado público. Há outras, que embora não desmereçam o texto, parecem pôr uma nódoa na gravata do galã.
Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.
Olá, caro Angelo. Você tem aparência de ser um grande sábio em seu mundo, e eu costumo não me enganar com essas coisas. Agradeço pelos elogios, e fico contente em saber que apreciou o desfecho da história. Fico grato também pelo conselho e pela observação a respeito do acento que o word furtou da palavra “alcançá-lo” (não sei como as pessoas de seu mundo aturam essa repugnante tecnologia, como os computadores, que mais parece magia proibida! Não consigo confiar em magos e nem em máquinas!).
Agradeço mais uma vez pelo seu comparecimento a este mundo que por um breve momento esteve sem sol, mas que graças uma flecha tudo se resolveu.
Sláine, o Escritor.
Ambientação física em tempos medievos e situacionalmente tão atual. Ou pode ser o contrário, não sei. Mas, sendo de lá pra cá ou de cá pra lá, o seu texto é encantador. Reflexivo. Enquanto lia, fui viajando no “meu” tempo. Eu vivi uma época em que a flecha rasgou o tempo. E vibrei. E durante a leitura eu fui capaz de ouvir Taiguara cantando: “Quem não soube a sombra, não sabe a luz…” Seu texto é emocionante, Sláine!
A escrita é deliciosa, e a construção dos personagens é magnífica. Conforme aparecia o personagem da sua história, eu analisava profundamente cada caracterização e com isso “quase” consegui nominar todos eles no mundo atual. Viajei muito?!
Seu conto eu li com pausas para vislumbrar cada significado contido na palavra SOL. E encontrei significados que me levaram desde a poesia, os sonhos, a esperança, indo até, quando ele é “supostamente” roubado, para realidades tristes como a carnificina hoje exposta aos nossos olhos. Ninguém pode alegar ignorância, todos enxergam. Os diálogos do conto passam mensagens que refletem exatamente as incertezas dos mais fracos e a ganância dos mais poderosos. Despertam reflexões nos leitores. Cada parágrafo do texto é essencial para que a mensagem seja integralmente absorvida. E, aguçando os sentidos, é preciso separar o literal e o figurado. Trabalho excelente.
Fico imaginando o cuidado e tempo que este texto exigiu do autor. A criação de cada personagem demanda, além do nome atinente à história, a caracterização dentro de um paralelo temporal (história/HISTÓRIA). E a personalidade de cada um? A construção das características psicológicas? “Mamma mia”! E o autor brilhou, esbanjou, ”humilhou”!
Sláine, caso não eu não tenha “pirado e viajado” no texto (faço sempre isso) vamos combinar uma coisa? Depois do desafio, vamos comparar as nossas listinhas dos personagens? Será que vou gabaritar?!
“O Mago Que Roubou o Sol”, é um título poético. Inspirador. E o desfecho do conto traduz a chama da luta contínua, chama que não pode se apagar. Um compromisso. Flor precisa ser cuidada.
“Nos anais da história não se encontram vestígios do audacioso plano de Magnus, o Louco, de usurpar o sol, pois sua conjuração jamais se concretizou. Tampouco há menções de como Ulgar, com um disparo preciso e corajoso, evitou uma tragédia sem precedentes. No entanto, graças à sua ação, ainda que não reconhecida, o mundo seguiu para um novo dia, sob a luz quente e brilhante do sol.”
Para algum louco, feito eu, no link abaixo está a música de Taiguara Chalar da Silva.
Parabéns pelo trabalho, Sláine, o escritor!
Boa sorte no desafio!
Abraço…
Regina Ruth Rincon, radiante rainha! Que palavras encantadoras você redigiu em seu comentário. Elas ressoam como a doçura de uma bela melodia! Estou profundamente agradecido por todos os seus elogios e imensamente satisfeito por ter despertado em você sensações tão agradáveis enquanto lia minha obra, evocando lembranças de seu glorioso passado. Você está absolutamente certa, nobre dama, sobre o tempo e o cuidado meticuloso que foram necessários para construir esta narrativa.
Quanto à sua proposta sobre comparar nossas listas de personagens, fico entusiasmado com a ideia e convido-a a proceder agora, se assim desejar. Observar sua perspectiva certamente enriquecerá ainda mais o universo que criei.
Mais uma vez, agradeço imensamente pelos elogios e pelo comentário tão poético que você me deixou.
Sláine, o Escritor.
Prezado Sláine, prefiro não comentar! Assim dizia Copélia (Arlete Salles). Obrigada pelas boas palavras! Abraço.
O conto é sobre um mago que roubou o sol e fez várias exigências. Os que ali estavam presentes tentaram pensar em algo para reverter a situação, mas nada. Até que alguém lançou uma flecha que cortou o espaço-tempo e matou o mago no passado, impedindo-o de fazer o sol desaparecer. Achei a história bem criativa, a ambientação bem descrita, com partes engraçadas. Os personagens, apesar de serem muitos, foram bem apresentados e o final foi surpreendente. Gostei.
Emanuel, meu amigo! Vejo que não esperaste sequer um convite e já estás com o copo de cerveja em mãos. Convida-me para uma rodada e vamos ver quem aguenta mais copos! Agradeço imensamente pelos elogios e estou muito feliz que minha história tenha lhe agradado. Seus resumos dos contos são sempre incrivelmente perspicazes; nada escapa ao seu olhar, e eu realmente admiro seu trabalho como comentarista. Que o sol sempre ilumine seu caminho!
Sláine, o Escritor.