EntreContos

Detox Literário.

Microcontos 2021 – Dexter Apaixonado (Elisabeth Lorena Alves)

[A1]

Na praça a coisa estava estranha. Todos os olhos aflitos olhavam para o mesmo lugar, sem acreditar no que viam. Dois homens, de times políticos diferentes, abraçados, choravam pela mesma mulher.

No chão, a mãe, morta.

[A2]

Na recepção, as jovens assustadas sofriam. Lá dentro, o pelotão pronto para o ataque. Assim que elas entrassem, voariam sobre elas, ansiosos por fotos, autógrafos ou, com muita sorte, por um beijo.

[B3]

O visitante olhava as fotos. “Pensei serem seus pais”. O casal jovem responde: “Estava na casa quando a compramos.” E o homem retruca: “E, nem poderiam ser, já que vocês são um casal.

A cumplicidade fez silêncio.

A sós, um disse ao outro: “quantas vezes respondemos isso neste século?

[B4]

O clarinetista tocava no parque depois que anoitecia. Ninguém entendia. Ele nunca explicou.

Era feliz assim. Esquecido de todos. Veio o isolamento. Agora, ao anoitecer o povo ouve aplausos.

Na casa limpa, invadida pelas autoridades, o homem toca indiferente aos morcegos, gatos negros e corvos.

[C1]

Era maravilhoso viver o amor.

“Eterno enquanto dure”, gemeu sarcástica, bebericando seu Porto Calem, enquanto no visor do celular do amante, a esposa o chamava inútil.

Do forno vinha o cheiro do assado que ela havia criado: “Namorado ao molho madeira”.

[C4]

Era uma vida embrulhada, cheia de altos e baixos. Nunca conhecera o amor.

Nascera sem depender dele. Vida morna, com apertos daqui e sossegos de lá, sempre desinquieta.

Não nascera do amor. Nem para ele, sabia.

Até aquele dia.

Abriu a porta e na varanda, no cesto de palha, um bebê lhe sorria.

[D1]

Em seu mundo, até as dores eram controláveis.

Mesmo para o choro, luto e pesadelo havia limites.

Ruas perfumadas. Sóis mansos como as ovelhas imaginárias.

Mesas postas com delícias. Meninos acordados com amor

Pais felizes. Ele sorria.

E então, o safanão.

A mãe lhe tira das mãos, o livro.

[D4]

A lua iluminava tímida o casal no Rossio. Entre sorrisos e juras de amor, despertaram os guardas. Esses, intuindo a invasão da propriedade pública, foram procurar os culpados.

Trabalho em vão.

Um deles, incrédulo, riu ao ver voar contra a lua o perfil de uma bruxa e seu gatinho.

[E1]

Nasceu de uma contabilidade de perdas alheias.

Na vida ela era a pessoa que ia ticando listas.

Negativando sentimentos. Somando tristezas. Multiplicando lágrimas. Dividindo lástimas.

Um dia percebeu como era cinza e duro viver.

Desistiu de tudo

Dispensou as listas.

Hoje se ama e isso lhe basta.

[E4]

Era tudo cinza e sem brilho. Vida bélica.

No espaço aberto, só a espera.

Longa e triste. Todos sabiam o final.

Meses sem fim e a notícia terrível.

O parto induzido salvará a vida da mãe.

Então, a terra parou.

E as promessas mudaram quando a voz grita, surpresa;

– Está vivo! O bebê vive!

70 comentários em “Microcontos 2021 – Dexter Apaixonado (Elisabeth Lorena Alves)

  1. Ana Carolina Machado
    10 de abril de 2021

    Oiiii. Abaixo falarei um pouco mais detalhadamente de cada texto:
    (A1)
    Um microconto que faz uma reflexão sobre a situação política do país.
    (A2)
    Um microconto sobre um pelotão de fãs prontos para conseguirem um autógrafo. Foi um uso criativo da palavra pelotão.
    (B3)
    Um microconto sobre um casal que é bem mais do que aparenta. Tenho a teoria que eles eram os idosos da foto que de alguma forma conseguiram encontrar uma forma de rejuvenescer e se manter jovem, talvez tenham achado a lendária fonte da juventude.
    (B4)
    Um microconto enigmático que abre margem para várias interpretações. O que exatamente seria o clarinetista? A menção dele está tocando na casa que tinha morcegos e corvos deu um ar sobrenatural para ele.

    (C1)
    Um microconto sobre uma moça que aparentemente cozinhou o namorado.

    (C4)
    Um microconto sensível e fofo sobre uma mulher que encontra o amor na forma de um bebê deixado na sua porta.

    (D1)
    Um microconto sobre um menino que se refugia nos livros. No final fica uma certa tristeza no ar quando a mãe tira o livro das mãos dele, pois é como se a realidade tivesse dado um tapa no seu mundo de fantasia.

    (D4)
    Um microconto sobre uma bruxa e seu gato que pelo que entendi se transformava em humano, pois no começo fala de casal.
    (E1)
    Um microconto sobre amar a si mesmo e sobre recomeços, pois foi como se ela tivesse começado a viver somente quando deixou as listas de tristezas no passado.

    (E4)
    Um microconto que começa com um clima de tristeza, mas encerra com uma reviravolta feliz quando vemos que o bebê nasceu vivo.

    Parabéns pelos textos e boa sorte no desafio.

  2. anamartorelli
    10 de abril de 2021

    Olá Dexter!

    Aqui encontrei uma coleção diversificada, demonstra a flexibilidade do autor sem necessariamente tirar a unidade do mesmo. Como micros alguns finais ficaram um pouco soltos. Em B3 precisei ler mais de uma vez para talvez entender o que ocorria na cena, ainda não sei se captei, mas a única solução que me veio a cabeça foi uma relação de incesto, mas ainda tem a ponta solta do século, vampiros será? Minha imaginação não atingiu, talvez seja um limite meu e tudo bem!

    Meu destaque é E1, que apesar da estrutura ter me causado certo incomodo, gostei da narrativa, da personagem e do tempo passando na frente dos meus olhos em 300 caracteres. E4 segue a mesma linha, gostei também!

    Boa sorte no desafio.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      olá, anamartorelli,
      Tudo bem?
      Grata por sua leitura. B3 tem diversas possibilidades, mas incesto não, justo pelo passar dos séculos, pois quando eles marcam o século com o pronome demonstrativo “neste”, abre espaço para que tenha acontecido isso antes. Vampiros pode ser até.
      Abraços,
      Elisabeth

  3. Amana
    10 de abril de 2021

    Olá, Dexter, seus micros são bem diversos e tive uma sensação diferente com a leitura de cada um. No caso do B3, confesso que não entendi, olha que fiz um grande esforço. Quero acreditar que tem alguma coisa fantástica ou sobrenatural, quem sabe? Mas não posso arriscar dizer que estou segura na minha compreensão. Do que mais gostei foi o D1. Chegou a doer, de tão triste aquela situação. Gostei de E4 também, apesar de me sentir incomodada um pouco com a mudança de tempo do verbo e a oração “O Bebê vive!”, que achei que nem era necessária.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, Amana. Adoro seu cabelo azul No meu niver de 60 vou pintar assim. hehehe . Agora sobre seu comentário. Gosto dessa ideia de que o leitor chega a cada um de meus textos com uma sensação diferente. Isso é um elogio e tanto. Obrigada. D1 é autobiográfico. Na primeira infância fui muito incentivada a ler e comecei com os clássicos, mas na segunda infância e adolescência vivi essa cena milhares de vezes. Hoje não sói mais, entretanto pensei escrever sobre o tema e confesso que tive receio de ser rejeitada. O tempo verbal, em grita foi um erro de digitação. Já a repetição final, acrescida do substantivo foi proposital. Vou pensar se deixo ou não, quando republicar.
      “Gradicida” pela leitura.
      Abraços, Elisabeth

  4. Felipe Lomar
    9 de abril de 2021

    Olá,
    Eu percebi que você quis causar alguma surpresa e reviravolta com os contos. Infelizmente, acho que não funcionou tão bem, pelo menos para mim, quanto outros autores que optaram pela mesma abordagem. Apesar disso, os contos não estão ruins, e as narrativas até são bem elaboradas. Acho que outros leitores irão gostar mais do que eu gostei. Para mim o destaque é o B3, que tem uma certa dose de humor e surrealismo.
    Boa sorte.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, Felipe.
      Uma pena justo o cerne do que é um conto – causar alguma surpresa e reviravolta – não ter sido forte o suficiente para você apreender minhas histórias. Vou ler seu conto para ver como você trabalhou isso. Obrigada pela avaliação e retorno, uma pena que nem tão positivo como eu esperava.
      Elisabeth

  5. Ana Maria Monteiro
    9 de abril de 2021

    Olá, Dexter Apaixonado.

    Os seus micros têm mais o toque de abandonado, do que de apaixonado, embora os dois conceitos não sejam incompatíveis. Nos conjuntos de A a C, achei que teria feito bem melhor em optar por enviar apenas um deles (por estranho que pareça, tenho sentido isso sempre em todos os que enviaram 10). Na série A, gostei mais do primeiro – sentimental, que do segundo – humorístico, não pelos géneros, mas pelo resultado mesmo; Da série B gostei muito do B3, ao contrário do B4 que, talvez por incompetência minha, nem sequer percebi; Na série C, o primeiro, de um humor sardónico, ganhou claramente ao segundo, sentimentaloide; Na série D, não destaco nenhum deles como melhor que o outro, mas talvez prefira o D4; Na série E, o E1 pareceu mais uma reflexão que um conto e E4, foi um último conto a apontar o caminho do otimismo, preferi esse. Largamente, o favorito foi B3. No geral, apreciei um certo lirismo e bom-humor.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Querida Ana Maria Monteiro.
      Que bom que gostou de alguns. Obrigada por me colocar em sua lista.
      B3 também gosto do resultado. B4 acho que quase ninguém associou os animais às figuras fantásticas. Achei que o adjetivo limpo daria o tom necessário para a apreensão de sentidos, mas teve colega que até reclamou dele. O que é uma pena. Acreditava muito nesse micro.
      E que bom que encontrou bom humor e lirismo na minha escrita.
      Abraços,
      Elisabeth

  6. Klotz
    9 de abril de 2021

    Imagino que Dexter seja alguém que maratonou a série cinco vezes.
    A1- Sinistro! Evite”coisa” – procure palavra mais precisa (cenário, situação, palco) A2 – li , reli e treli. Não entendi. B3 – Ótimo. B4 – música devia ser bem melancólica. C1 – meeeeeeedo , mas se convidar para um cálice de Porto Calem… quem sabe? – C4 – depois da tempestade, a calmaria. D1 – Esse conto é do tempo em que não havia internet nos celulares. D4 – O conto não se fecha. Começa com um casal e fecha com uma bruxa e um gato que não formam casal. E1 – Uma lição para a vida. E4 – Que bonito! Eu que imaginava que só leria terrores em Dexter.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, Klotz.
      Palavra imediatamente limada do texto. Grata. A2 era algum tipo de celebridade chegando à uma coletiva com fãs. “Bora” para uma taça de Porto Calem, dizem que é ótimo, nunca tive coragem de comprar com o salariozinho de professora social. E era para ter medo mesmo, hehehe. O gato é um ser metamorfo. D1, sim, não tinha internet, só onze irmãos para alimentar, mas passa batido. Sobre sua ilusão, eu disse que o Dexter estava apaixonado.
      Abraços

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Em tempo.
      Não assisti Dexter. Li, umas 5 vezes.

  7. Luciana Merley
    9 de abril de 2021

    Olá, caro autor.

    Para minha avaliação, utilizarei dois critérios principais: se o microtexto é uma HISTÓRIA e o IMPACTO que ela provocou.

    Textos muito belos e sensíveis você nos trouxe aqui. Em alguns, encontrei trechos sobrando, desnecessários, na minha visão. Um enxugamento tornaria tais textos mais impactantes. Mas, no geral, ótimos micros.

    [A1] Um texto bastante impactante, pela crítica e pelo final trágico. Só achei que essa parte do meio, das pessoas olhando incrédulas, poderia ser dispensada do texto que não faria falta.

    [A2] Pelotão de fãs, seria? Divertida essa transgressão do sentido do estímulo.

    [B3] Consegui imaginar várias situações aí. Um desses casais de vampiros ou coisa assim e que tem que disfarçar a eterna juventude. Contudo, pareceu-me muito vago. E a parte do “já que vocês são um casal”…realmente ficou vago.
    Uma ótima ideia, a princípio, mas que poderia ter sido executada com mais clareza.

    [B4] Achei a forma como construiu a utilização do estímulo muito interessante. Um músico que apreciava a solidão da noite e que foi impedido de ficar na rua por causa do isolamento. Só achei que você inseriu elementos demais para um texto tão curto, o que provocou certa confusão de interpretação. E essa “casa limpa” mas cheia de morcegos e outros bichos? Não pareceu verossímil. Limpa de vazia, seria?

    [C1] Ai que horror! E que bom texto, não? Mistura de indignação pela traição e de satisfação pela bragançano. Que triste essa nossa natureza sempre ávida por uma vingança.

    [C4] “O correr da vida embrulha tudo” foi adaptado de modo magnífico aqui nesse conto super terno. Uma bela história. Só achei essa repetição do “não ter nascido do amor” que você inseriu no meio, desnecessária ao entendimento.

    [D1] “Meninos acordados com amor”, que trecho espantoso de simples e bonito. Sempre acordo meu menino com amor, após tê-lo feito dormir ao cheiro e ao som de um livro na noite anterior. Que belo e triste conto o seu.

    [D4] Belo exemplo de utilização independente do estímulo. Muito bacana o conto.

    [E1] Que final terno para uma vida louca. Gostei muito.

    [E4] Entendi, como é suposto, que a mãe também viveu. Então, é um final muito renovador e belo para a sua coleção.

    Parabéns.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Luciana Marley.
      No B3 antes era um jornalista, ando com raiva deles e acabo me vingando com os textos, mas mexia na contagem dos caracteres e mudei. Acho que deveria realmente ter reorganizado a frase: “E, nem poderiam ser, já que vocês são um casal”. Mas queria deixar claro que eles são um casal. No E4 a mãe viveu. Os sentimentos de solidão e desespero representados na representação das frases “tudo cinza”, “sem brilho”, “vida bélica”, “espaço aberto” e “meses sem fim” referem-se aos seus próprios momentos da gravidez de alto risco. Uma de minhas cunhadas sofreu uma gravidez assim, teve que segurar até os sete meses para depois tirar e, infelizmente o final não foi como o do conto.
      Grata por sua linda leitura.
      Abraços
      Elisabeth

  8. Catarina Cunha
    9 de abril de 2021

    Micro: O estilo, mais descritivo do que prosa, não me agradou. Senti falta de nexo causal em alguns, ou pode ser um problema da leitora aqui. Mas estão bem escritos.

    Conto: A1 sequinho e chocante. A2 faltou intensidade no sofrimento das moças. O B3 eu não entendi porque sendo eles um casal o casal não poderia ser pais deles? Não de ambos por não serem irmãos? Seria um casal gay? Ou seriam eles mesmos que rejuvenesceram? Boiei. No B4 o povo ouve aplausos de quem? Ou o povo aplaude? Os morcegos, gatos e corvos deram um charme na cena. C4 e D1 tem uma melancolia traumática, gostei. Senti falta de uma ação no meio do D4. E1 e E4 são histórias sensíveis, mas não me senti muito impactada.

    Destaque: Humor negro na veia:
    [C1]
    Era maravilhoso viver o amor.
    “Eterno enquanto dure”, gemeu sarcástica, bebericando seu Porto Calem, enquanto no visor do celular do amante, a esposa o chamava inútil.
    Do forno vinha o cheiro do assado que ela havia criado: “Namorado ao molho madeira”.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Catarina, sua linda!
      Você não gostou de D4, mas foi a que mais o entendeu. Quis impregnar um tom passivo em um conto cujos os elementos eram agressivos – bruxa, gato preto, lua, guardas. C1 e B3 são meus prediletos. Fiquei com receio de C1 ter ficado leve, mas depois gostei. O casal da foto e o real são as mesmas pessoas. O jornalista que vê a fotografia ao dizer que ” “E, nem poderiam ser, já que vocês são um casal.” sugere que se fosse os pais deles, eles seriam irmãos, logo seria uma relação incestuosa. Talvez eu amplie esse texto, por agora vale pensar que eles se rejuvenescem.
      Abraços,
      Elisabeth

  9. Anorkinda Neide
    8 de abril de 2021

    Olá, Dexter
    Gostei de seus textos, bem escritos e bonitos.
    A1 e A2 utilizaram muito bem as palavras propostas nos ofertando historias inteligentes, principalmente a segunda.
    adorei o B3, achei uma ideia original a partir desta imagem..quem pensaria nisto?! rsrs
    já o B4 eu não entendi… 😦 reli tanto e me sinto altamente frustrada!!
    adorei o C1 kkkk que assado precioso hein!! morri rindo!
    C4 faz jus à inspiração proposta, muto bonito.
    o D1 é bem bacana a ideia e tal..mas a leitura me soou tão truncada..não fluiu.
    o D4 ficou tão dificil de eu entender, não sei se é eu que sou lesa…mas depois de entendido, achei bem legal kkkkk essa é bruxa de verdade, representa bem a classe.
    E1 , muito bonito!! Parabéns!
    E4 tb ficou truncado, gostaria de ver uma narrativa contando o que passou esta mãe de forma mais fluida e clara.
    No geral os textos estão belos embora alguns um tanto complicados.. rsrs
    Abraços

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, Anorkinda.
      Vamos ao que você não entendeu.
      O clarinetista tocava na praça e só os seres fantásticos o admiravam. Veio a Pandemia e ele não foi mais ao encontro desses seres e então eles vieram até ele, assistiam e os aplaudiam. Quando a Polícia chegou, levada pela denúncia dos vizinhos, os animais se “metamorfosearam” nos animais que os representam e ficaram lá, assim o homem não foi multado-preso-agredido.
      Abraços, Elisabeth

  10. Fernando Dias Cyrino
    8 de abril de 2021

    Olá, Dexter Apaixonado. Cá vou seguindo na leitura e encantamento com as histórias narradas pelos participantes e chego até a sua obra. Conto-lhe que tostei muito do que li. Seus contos se mostraram bem bonitos e profundos para mim. Gostei de todos, mas principalmente a ironia pesada, cáustica de C1 e o encanto da vida que chega e ilumina tudo de C4 me encantaram ainda mais. Parabéns. Foi uma visita muito bacana essa que eu lhe fiz. Fica com o meu abraço.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Fernando Cyrino, que doçura!
      Grata por seu comentário lírico, só não sai dançando porque em minhas condições isso seria impossível.
      Aceito e retribuo o abraço.
      Elisabeth

  11. davenirviganon
    8 de abril de 2021

    [Dexter Apaixonado]
    [A1] O romance Esáu e Jacó, de Machado de Assis, já abordava a divisãi política de seu tempo, sem contar o conto da bíblia em que os dois nomes foram tirados. Então é interessante ver a forma simples e direta que você conseguiu me fazer lembrar aqui. Você já leu “Solução de dois Estados” do Michel Laub? Infelizmente não há diálogo, tampouco perdão e menos espaço ainda para não decidir.
    [A2] Seria uma saída do hotel de Anavitória? Desculpe foi a única coisa que lembrei com seu conto.
    [B3] Gostei da inserção do fantástico aqui, mas faltou algo de dúbio neste micro. Trata-se de um casal imortal por algum motivo.
    [B4] Aqui o sentido me escapou, desculpe. Li algumas vezes e não entendi.
    [C1] Matou o amante, provavelmente porque descobriu que era casado. Pode ser outra coisa, o micro deixou o resto da história rolar na mente. Parabéns, melhor da coleção!
    [C4] Resta saber que história havia por trás do abandono. As pistas dão informações suficientes para nos deixar intrigado. Isso que eu acho que faz um bom micro.
    [D1] A virada foi triste mas bem feita. Outro efeito que eu curto nos micros.
    [D4] Parece uma cena de Sabrina, aquela bruxa loirinha da Netflix.
    [E1] Um momento de libertação de alguém que viveu preso nos problemas alheios e resolveu mudar para que a vida ficasse suportável.
    [E4] Uma trajetória dramática de uma mãe, que fica aberta para o publico imaginar como isso aconteceu. Sabemos apenas o final, que ela morreu e o bebe está vivo.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, davenirviganon.
      Acredita que não li essa obra? Meu irmão me envio o PDF na semana do Desafio, depois de achar que esse era meu. Mas depois as coisas complicaram por aqui e não li ainda.
      Vou anotar sua dica de leitura. Interessante pelo que você aponta. Sobre B4 é um conto fantástico, Como expliquei à colega Anorkinda, quando o clarinetista tocava na praça, só os seres fantásticos o admiravam. Com o advento da Pandemia esses vieram até ele para assistir e os aplaudir. A pandemia que tirou a liberdade de todos, deu aos seres fantásticos a oportunidade de curtirem o artista como ele merecia. Só que com a chegada da Polícia, os seres se “metamorfosearam” nos animais que os representam e ficaram lá, assim o homem não foi multado-preso-agredido. A palavra que adjetiva a sala e os aplausos ouvidos pela vizinhança dedo-duro é o que informa que antes da batida policial ali tinha bruxas, mitos celtas, licântropos, vampiros e outros mitos mais.
      Que bom que gostou da virada em D1, sinal que consegui ficcionar bem a realidade.
      Abraços, Elisabeth

  12. danielreis1973
    7 de abril de 2021

    Prezado(a) Dexter Apaixonado:
    O resultado geral do conjunto ficou um pouco díspar, alternando bons momentos e sacadas (como o ódio surdo em C1 e a reviravolta e a revolta em D1) com alguns pontos de inflexão e raciocínio, como E1 e D4. Agora, de todos, o que eu menos entendi foi o B3 – eles estavam mortos? Eram irmãos em incesto? De qualquer forma, parabéns por participar.

    • Dexter Apaixonado
      8 de abril de 2021

      Fala, danielreis1973
      A única coisa que é certa é que não eram irmãos. Observe que eles dizem que já foram indagados por muitas outras vezes no século em que estão, logo, são o casal da foto. O que não se pode saber é como estão rejuvenescidos.
      Obrigadão pela leitura.
      Dexter

  13. Elisa Ribeiro
    7 de abril de 2021

    Uma coleção heterogénea em que se alternam textos que me agradam com outros que nem tanto. Penso que se o autor tivesse optado por enviar apenas 1 micro de maior impacto por estímulo, o conjunto se fortaleceria. Em A1 a proximidade dos vocábulos olhos e olhavam não caiu bem, embora o micro funcione. Não compreendi B4. Meu preferido foi C4. Em uma palavra: fofo! Também gostei bem de E1 e E4.

    Parabéns pela participação. Sucesso no desafio.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, Elisa Ribeiro.
      A ideia dos olhos foi mesmo brincar com a ideia de ver e olhar, por isso a ideia de repetição que na verdade não há, mas era a ideia que eu esperava criar, entretanto, acho que esperei demais que os colegas fizessem a associação de significados distintos.
      Abraços. Elisabeth

  14. jeff A Silva
    7 de abril de 2021

    Olá caro autor ou autor.

    Uma seleção bem diversificada aqui, com certeza. Há um quê de suspense enigmático que permeia a estrutura de alguns dos textos de uma maneira gostosa de se perseguir. Os dois primeiros (A1 e A2) não me chamaram tanto a atenção, porém o terceiro conta A história para mim! É de uma pluralidade de caminhos e finais tão amplas quanto criativas e até charmosas vindas de um pequeno fragmento de história fantástica! Eles poderiam ser tanta coisa em tantos universos fantásticos que parece bobeira de minha parte a tentativa de tentar numerar as possibilidades (kk). Parabéns mesmo. Esse com certeza é o favorito dessa coleção. Como menção honrosa cito também o B4 com sua poesia urbana e atual. Os demais mesmo não fazendo meu estilo também são bons.

    Parabéns pelo trabalho e sorte no certame.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      uau, jeff A Silva
      Amei seu comentário!
      B3 tem memso muitas possibilidades.
      Valeu por ler meus textos.
      Abraços.

  15. Fil Felix
    6 de abril de 2021

    Olá, Dexter!

    Uma coleção de micros bastante diversificada, pautada na poética e no amor, mas ainda assim trazendo em si um pouco de dor e realismo. Talvez por ter feito o limite proposto, sinto que alguns dos micros acabaram sobrando. Gostei bastante de 3, sendo o primeiro A1: foi interessante ter trazido esse contraste que vem acontecendo no país, principalmente o político, e nesse caso apimentando a situação com a morte em comum, com o que nos une (que geralmente não é vida, mas a morte; talvez infelizmente). Então acho que criou um cenário muito bom e rico nas interpretações. Só estranhei algumas palavras que parecem se repetir, como em “olhavam” e depois “viam”.

    Também senti essa escolha de palavras um pouco truncada em B3, mas que não prejudicou a leitura. Foi o segundo que gostei, principalmente porque você cria todo um contexto que pode ser utilizado até numa trama maior, além de deixar o final em aberto, podendo ser um casal imortal, que não envelhece ou até mesmo dois irmãos. Então ganha pontos pela diversidade de interpretações, algo que prezo muito. Por último, gostei também de D1, sobre todo esse universo gerado pela leitura de um livro, como os livros podem funcionar como um refúgio para nossa própria realidade e um bálsamo para as crianças. Como comentei no início, de maneira geral só achei que faltou um pouco de curadoria, para tirar alguns dos micros que não funcionam tanto.

    • Dexter Apaixonado
      7 de abril de 2021

      Fala, Fil.
      Foi uma brincadeira de desornamento sintático. Você não olha de fato quando vê. Para que o texto estivesse na sintaxe social perfeita o verbo ver deveria anteceder o olhar, mas a construção “Todos os olhos aflitos viam o mesmo lugar, sem acreditar no que olhavam” seria clara em sentido. O que o autor, no caso eu, quis foi, mesmo com o espaço pequeno, brincar com a ideia de coisa íntima, para deixar claro que a mãe ali é o maternar humano e não cívico.
      O B3 se você reler vai entender que é um casal comum, a ambiguidade fica no campo de como eles são ainda tão jovens e aí sim, abre espaço para outras possibilidades. E obrigada pela ideia. Nunca pensei em ampliá-lo.
      Dexter

    • Dexter Apaixonado
      7 de abril de 2021

      desordenamento, digo.

  16. Fernanda Caleffi Barbetta
    6 de abril de 2021

    [A1]
    Adorei o desfecho do seu microconto, pois você nos dá uma ideia diferente do que realmente se revela no final. Só não gostei da inclusão da informação “de times políticos diferentes”, não acho que tenha acrescentado e, na minha opinião, ficou perdida. No início já mostra que algo aconteceu e logo depois aparece “abraçados”, o que já faz a quebra de entendimento. A força do micro está “choravam pela mesma mulher” e a mulher ser a mãe.

    [A2]
    Muito bom, gostei, Divertido, nos leva a acreditar em uma situação completamente diferente.
    “por (tiraria este por) um beijo”

    [B3]
    Achei este um pouco confuso. Li e reli muitas vezes, mas acho que faltou algum elemento para que ficasse mais claro. A frase final deixou ainda mais enigmático, não apenas pela palavra século mas porque não pareceu se encaixar na narrativa, não pareceu o tipo de frase que diriam após o que foi relatado acima. Bom, talvez eu é que não tenha entendido nada mesmo.

    [B4]
    Mais um texto que ficou confuso para mim, desculpe. Primeiro, não entendi porque o fato dele tocar quando anoitecia ser algo a ser explicado e entendido, ainda mais pelo fato dele ser esquecido de todos. Também não consegui ver relação entre isolamento, casa invadida, os morcegos, gatos e corvos… fiquei curiosa.

    C1]
    Gostei da revelação ao final, criativa. Um bom toque de humor sarcástico.
    Interessante a sua criação a partir da frase de Oscar Wilde.
    a esposa o chamava inútil (, inutilmente).

    [C4]
    Achei sem sentido você dizer que a vida dela era cheia de altos e baixos e morna ao mesmo tempo, já que são coisas completamente opostas.
    Bonito o final. Inesperado.

    [D1]
    Gostei da sua ideia neste microconto. A ignorância para nos garantir o controle e a falsa sensação de que está tudo bem.

    [D4]
    Gostei do enredo, criativo, prendeu a minha atenção. Só achei estranha a reação do guarda, que riu ao ver uma cena completamente inusitada. Pensei talvez que ele poderia já estar habituado a vê-los voando, mas aí a palavra “incrédulo” não caberia.

    [E1]
    Um microconto com uma bela mensagem. Não entendi porque alguns são escritos de forma quebrada, como poemas, mas não acredito que seja um problema.

    [E4]
    “Vida bélica” é estranho e nada acrescenta ao texto. O mesmo com “no espaço aberto” – os microcontos pedem apenas o necessário, na minha opinião.
    Gostei da forma como colocou o “Então, a terra parou”, foi uma boa escolha.
    Que bonito o final.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, Campeã!
      Bem, a ideia em vida bélica é a situação que algumas mulheres que não “seguram” gravidez passam por crises existenciais muito fortes e algumas sofrem as acusações dos familiares até. para uma gravidez comum ir bem é preciso de paz e, essa, grave que era, não foi suave. Já espaço aberto era a ideia de solidão, achei tão certa ela e depois repensei nela, talvez reconstrua essa frase. O conto quebrado eu ia trabalhar como se fosse duas ideias, “a lista” e a proposta que usei, mas depois não via como ‘lincar’ com Oswaldo e desisti, mas terminei como estava, listando. D4 não consegui construir um guarda que não acredita em seus olhos, pena. C4 estava pensando em contradição, que você percebeu, mas não gostou. Pena de novo. E uau! Você entendeu exatamente a proposta: inutilmente, afinal, mortos não respondem chamadas.
      Amei sua leitura.
      Abraços, Elisabeth

  17. cgls9
    6 de abril de 2021

    Você não foi o único aqui, que trouxe essa escrita… enigmática? Me parece que alguns autores desejam se comunicarem com seus leitores outros são mais difíceis e isso gera um distanciamento que não sei, nem me cabe julgar, se é bom ou ruim. Gostei e destaco B3 e C1, provavelmente, porque foram os que conversaram comigo. Boa sorte.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Oi, cgls9.
      Valeu a leitura.
      Realmente, não consegui me comunicar com os leitores. Mas ao emenos você gostou de 2 de meus 3 preferidos.
      Abraços,
      Elisabeth

  18. Nilo Paraná
    5 de abril de 2021

    ola Dexter. você trouxe um grande número de micros de variadas características. até difícil dizer que são do mesmo autor(a). o mais obvio, que chega a destoar é D1. E1 poético, C1 e A1 tétricos, B3 também me pareceu incestuoso (casal de irmão?). característica comum, todos muito bem escritos, com ótimos finais. Parabéns, boa sorte.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, Nilo Paraná.
      Legal sua leitura. D1 destoa porque é biográfico. B3 não é incestuoso, menino! São pessoas que envelhecem e rejuvenescem em sua eternidade.
      Gostei de você, não deixarei Dexter lhe fazer mal.
      Abraços, Elisabeth

  19. Fabio D'Oliveira
    5 de abril de 2021

    Dexter Apaixonado, só pensei na série e na animação do Cartoon Network, hahaha. Boas lembranças.

    Você escreve bem, tem uma licença poética forte e deixa muitas coisas nas entrelinhas. Admito que no final da leitura estava um pouco cansado, gosto mais de textos ágeis e bem delineados. Mas admiro sua identidade como escritor. Fica claro em cada conto que seu estilo é bem definido, com histórias mais pessimistas e realistas, sem muito otimismo. Gosto desse tom, pra falar a verdade.

    Meu micro favorito é C4. Gostei desse pela simplicidade, pela beleza, pela mensagem. É um texto que fala muito sobre onde reside o amor.

    Parabéns pelo ótimo trabalho!

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, Fabio D’Oliveira.
      Laboratório de Dexter. Hehehe. Assistia aquele pestinha com minha segunda geração de sobrinhos. A terceira gostava de Shrek.
      Amei seu comentário. Você também analisa e escreve bem sua análise. Vou prestar mais atenção em suas leituras de meu texto. Quando li aqui, gostei tanto que fiquei com receio de abrir mão do pseudônimo se o respondesse.
      Abraços, Elisabeth

  20. angst447
    5 de abril de 2021

    O micro [A1] trouxe tons do momento atual no Brasil, a polaridade de posições políticas. E todos acabam perdendo mais do que alcançando vitórias. Uma frase me incomodou : “Todos os olhos aflitos olhavam para o mesmo lugar” Olhos olhavam? Aflitos, todos olhavam para o mesmo lugar.
    Já o [B3] pareceu-me mais um enigma a decifrar. Não entendi quem era o casal.
    O [B4] também me pareceu misterioso. Quem eram os abutres, morcegos? Eram animais ou metáforas?
    Meu preferido foi o [C4] que traz uma pitada de esperança no final. Assim como aconteceu com o [E4] – o nascimento da criança sem que haja a morte da mãe.
    Parabéns pela participação e boa sorte.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Oi, minha linda!
      Com você, pelo carinho que tenho por sua leitura, também temi responder e avacalhar com meu pseudônimo.
      A fala de olhar e ver foi uma brincadeira proposital com a ideia de que não olhamos de fato quando nossos olhos alcançam algo. Primeiro vemos e depois olhamos. São campos semânticos iguais, mas sentidos reais diferentes, como o ouvir e escutar. B3 era esposos eternos que se permitem envelhecer e remoçar. B4 eram figuras reais que se metamorfosearam em animais com a chegada da polícia.
      Amei seu comentário e até suas dúvidas.
      Abraços, Elisabeth

  21. Elisabeth Lorena Alves
    4 de abril de 2021

    Olá, Dexter.

    [A1] é a realidade nua e crua. As diferenças se desfazem quando perdemos quem amamos. Deve ser por isso que algumas famílias só se encontram nos velórios e casamentos. Nessa ordem de importância. O conto atende ao tema, oferece toda estrutura, o clímax e desfecho é satisfatório. [A2] A escolha pelo significado não bélico foi bem acertada. O susto, o sofrimento e o ataque dão conta do que virá, mas rompe-se com a descoberta do que se imagina ser um fã clube.

    [B3] traz o sinistro. A escolha da qualidade (cumplicidade) no lugar do substantivo plural (cúmplices) dá o tom do suspense e desfecho, identificando-os. Em [B4], a mescla do fantástico representado pelo notívago instrumentista e o encantamento representado pelos animais trazem o mundo irreal para o ambiente pandêmico. A ideia de casa limpa dá o tom que diferencia os animais que compõem a plateia e os seres humanos que denunciam a ocorrência estranha na casa. Texto completo.Tema. Subtema. Estrutura. Desenvolvimento. Clímax e desfecho. Conto eficiente.

    Em [C1], enfim, a psicopatia prometida pelo pseudônimo. Já estava achando ser uma promessa inconclusa. Aproveitando o tema sugerido, o terror se desenha sem se mostrar. O verbo ser flexionado no Pretérito Imperfeito do Indicativo cria o clima sem deixar ver as intenções. O sarcasmo do uso de Vinícius e o vinho dão mostras do que vem. A chamada da esposa do namorado aponta a ruptura com o uso do adjetivo inútil. Clímax falsamente doméstico do forno e seu assado que denunciam o fim do namoro. Prendam essa louca!

    Já [C4] quebra o clima de terror. O conto bem levado dá conta da oportunidade impensada, a descoberta do amor.

    [D1] tem um um uso de linguagem bem interessante. Destaque para “Ruas perfumadas. Sóis mansos como as ovelhas imaginárias. /Mesas postas com delícias. Meninos acordados com amor.” A ruptura acontece com a violência doméstica, primeiro física, com o safanão, depois psicológica com o afastamento do objeto de prazer. Conto triste, mas real. [D4] é um conto sucinto, mas bem equilibrado entre ideia, estrutura, uso da linguagem e o desfecho. Gostei desse casal estranho. Uma bruxa e um metamorfo?

    [E1] brinca com a lista e a Matemática. A transmutação se dá pelo abandono das dores. O autoconhecimento acontece. O desistiu de tudo me enganou. [E4] Uma gravidez de alto risco com um diagnóstico incorreto, muda o cenário. A descrição da antecipação do luto com a frase “No espaço aberto, só a espera.” dá o toque da definição conto. Aqui, ruptura, clímax e desfecho surgem nas palavras “ Está vivo! O bebê vive!” gostei. Mas, você, Dexter, me iludiu!

    Boa sorte.

  22. Luis Fernando Amancio
    3 de abril de 2021

    Olá, Dexter Apaixonado,
    Parabéns pela peculiar coleção de microcontos que nos apresenta. Sua escrita é potente, poética e você mostra certa familiaridade com o gênero. Controla bem as expectativas, lança surpresas e constrói mistérios. Alguns desses, infelizmente, acabam dominando a história, ocultam tanto a ideia do autor que o leitor precisa se dar por satisfeito com “meia” compreensão do conto.
    O A1, por exemplo. Tem a tragédia familiar, a oposição política e os possíveis significados da mãe morta. Um bom micro, mas discordo da ideia de polarização como mera divisão em “times políticos”.
    O B3 e o B4, então, deixam a gente bastante curiosos com suas histórias ocultas.
    Curioso como a ideia de nascimento domina alguns dos seus textos. O renascimento, inclusive, em vida.
    O C1, ainda que um pouco clichê, é meu predileto. Mas, na média, gosto de todos.
    Ah, acho que o uso das vírgulas foi um pouco equivocado em algumas histórias. Nada que prejudique, mas gosto de fazer essa observação em função do bom nível na maioria dos concorrentes.
    Boa sorte no desafio!

    • Dexter Apaixonado
      7 de abril de 2021

      Fala, Luis Fernando Amancio.
      C1 clichê? Deu medo de você e olha que sou considerado um psicopata, isso por quem não me compreende, claro.
      Valeu pela leitura.
      Depois que abrir essa coisa de anonimato, vou ler os seus.
      E gostei dessa coisa de você a vida – nascer e renascer – nos meus contos.
      Quanto a polarização, a ideia de que política no Brasil é igual opção/guerra por time oposto, não é nova, não me pertence e você pode até discordar, mas para efeito de redes sociais vivemos como se fossem dois principais – sabes quais entram aqui – e um sobrando – isentões. Ficam de fora os verdadeiros republicanos, monarquistas, liberais, socialistas moderados – do qual o PSDB não faz parte. Mas voltemos ao conto.
      B3, não são irmãos, mas você me deu a ideia de ampliar, não vou quebrar a sua ideia.
      E B4 refere-se a figuras fantásticas. Gatos Pretos são seres de Poe e bruxas; corvos e morcegos seres vampíricos e outros metamorfos. Eram eles que ouviam e apreciavam o músico noturno.
      Dexter
      Dexter

  23. j2bohn
    2 de abril de 2021

    MICROCONTOS 2021 – DEXTER APAIXONADO

    A1: Gostei do conto sucinto com um final conciso.

    A2: Não convencional, mas boa solução para o estímulo. Gostei.

    B3: Conto fascinante sobre um casal estranho, mesmo que isso me deixe um pouco intrigado com a interpretação pretendida.

    B4: Outro conto pouco convencional que deixa uma impressão agridoce, de felicidade e tristeza profunda ao mesmo tempo.

    C1: Uma história um tanto cínica, mas eficaz e bem elaborada, com uma conclusão adequada.

    C4: Conto poético e lindo, embora triste. Com um fim que é um começo. Muito bom.

    D1: O micro menos expressivo da coleção, com ideia interessante mas conclusão um pouco fraca, na minha humilde opinião.

    D4: Um belo microconto, com boa proposta, mas não muito memorável.

    E1: Linguagem poética, expressiva, final inesperado que me fez pensar. Gostei muito.

    E4: Interpretação não convencional da música, com boa execução. Poderia ter sido um pouco mais curto e mais conciso.

    No geral, uma coleção atraente de contos, com seu próprio estilo de escrita bastante poético. Para mim um dos destaques neste concurso.

    Parabéns pelo ótimo trabalho e boa sorte no desafio!

    • Dexter Apaixonado
      7 de abril de 2021

      Fala, j2bohn
      Maravilha que entendeu C1. Obviamente sua inteligência o faz digno de viver. Lembre-me disso se descobrir que está na minha lista de ***, sua perspicácia o livrará do destino fatal.
      Talvez não tenha gostado do D1 porque ele é biográfico e muito corrente em determinados ambientes. Optei por inseri-lo porque está na hora da Sociedade gritar pelos verdadeiros oprimidos que nem minoria mais são de tanto que ninguém se importa com eles. A intensão em E4 foi reproduzir o conto em frases médias e curtas para lembrar uma lista de afazeres, por isso o tamanho do jovem.
      Dexter

  24. Sandra Daher
    1 de abril de 2021

    Dexter Apaixonado, gostei mais de C4 e E1. Os contos são bem escritos, mas não marcam, pra mim, não causam muito impacto. Acho que é o estilo um pouco prolixo que faz perder um pouco a melhor resolução. Por isso acho melhores os que permitem um final aberto, aqui, no caso, com surpresa, com esperança.
    Boa sorte!

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Sandra Daher, acho que quem deveria lhe responder era o Dexter. hehehe. Prolixo me adoece, lembra meu professor de Prosa que dizia que não existia essa palavra e sim “pro lixo”.
      Sobre final, não sei se gosto de finais abertos, mas se você gosta e elogiou os meu. vida que segue.
      Abraços cordiais, Elisabeth

  25. Evelyn Postali
    31 de março de 2021

    Caro(a) autor(a),
    Eu não consegui gostar de algumas estruturas que você desenhou – B4, D1, E1. Creio que faltou um pouco de ousadia, talvez, ou talvez seja a minha inexperiência em ler micronarrativas e analisá-las. Apesar da boa escrita, faltou algo no todo.
    Boa sorte no desafio.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, Evelyn.
      Confesso que depois que reli o comentário que fiz no seu texto fiquei torcendo para que não gostasse dos meus microcontos. ainda bem que não gostou. Sinto menos peso na consciência por não ter entendido os seus.
      Agora, acho que não vai gostar de meus textos no site, escrevo sempre assim. Ou ao menos acredito que assim seja.
      Abraços,
      Elisabeth

  26. Marlo Romulo Werka
    31 de março de 2021

    Dexter Apaixonado, sensacional.
    A1 é brilhante e B3 é capcioso. Ah não, todos são bons, vai… Muito bons.
    Não achei um “meia boca”. O estilo é bonito, as mensagens subliminares, o final é redondo.
    Parabéns! Boa sorte.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Marlo Romulo Werka, olá.
      Nossa, que comentário espetacular, Adoro ser capciosa e se meu narrador conseguiu isso, me sinto feliz.
      espero ter mais de suas leituras em meus textos.
      Abraços, Elisabeth

  27. Fheluany Nogueira
    31 de março de 2021

    Microcontos com estrutura de poema e que trazem um pouco de poesia, de humor, de cumplicidade, de conotação política e muito de tragédia. Todos bem escritos.

    Mas como sou mais otimista, meu preferido é “Era tudo cinza e sem brilho. (…) E as promessas mudaram quando a voz grita, surpresa: – Está vivo! O bebê vive!”

    Ah! só para complementar: vi a série todinha e já escrevi fanfic — amo o Dexter.

    Parabéns e boa sorte! Abraço.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, Fheluany Nogueira.
      Leitura linda a sua de meus contos. Agora vamos ao que interessa. Quero ver a Fanfic do Dexter!
      Abraços ansiosos,
      Elisabeth

  28. Bruno Raposa
    31 de março de 2021

    Olá, Dexter Apaixonado.

    Assim como fiz em outro post, quebro a estrutura de comentar cada micro para admitir: entendi muito pouco do que você escreveu. 😦

    No outro caso, meu problema foi com a linguagem poética. Aqui, nem sei dizer. A maior parte das narrativas foi confusa pra mim, não entendi o que você quis dizer com o enredo.

    Outras pareceram mais claras, mas ainda assim não apreendi bem a intenção. Terminei todas as leituras sem ter muito claramente o que comentar.

    Você desenha boas imagens, como a do homem tocando entre morcegos, gatos pretos e corvos. Mas o que essa imagem quer dizer exatamente, não sei.

    Talvez sua intenção fosse deixar em aberto mesmo, trabalhar mais com os sentimentos do que com a racionalidade do leitor. Mas aí esbarra na minha ogrice, rs.

    Sou um leitor muito racional, pouco dado ao lirismo, talvez seja o leitor errado para a linha que você adotou nos seus micros.

    Não vou dizer que a falha partiu de você ou de mim, apenas digo que não houve comunicação, infelizmente.

    É isso. Foi mal pela decepção, rs.

    De toda forma, desejo sorte no certame.

    Abraço.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Bruno!
      Mano, como uma pessoa escreve como com você escreve e vem e me lê com tanta ogrice!
      Guri, B3 e B4 são contos fantásticos. Um trabalha com muitas possibilidades de existência além da atual e o outro os seres que assistem o clarinetista são seres fantásticos que se “transformaram” em bichos para não serem reconhecidos e não ferrarem o artista.
      E sim, você me decepcionou!

  29. antoniosbatista
    29 de março de 2021

    A 1- Micro conto bem emotivo, impactante.
    A 2- As fãs enlouquecidas pelo ídolo. Nesse caso o pelotão (grupo de pessoas civis) é sentido figurado, mas tá valendo.
    B 3- Acho que ficou faltando a palavra “jovem” na frase: “E nem poderiam já que vocês são um casal”. Na foto há um casal idoso. O certo seria: “ Estava na casa quando a compramos”. E o homem retruca: “ E nem poderiam ser ( o casal da foto), já que vocês são jovens”. Na verdade, o casal não envelhecia como todo mundo, eles permaneciam sempre jovens, enquanto na foto, ficavam velhos. Como no romance de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray.
    B 4- Surreal!
    C 1- Canibal!
    C 4- Emocional!
    D 1- Acho que era pornográfico.
    D 4- O namorado se transformou em gato. Boa sacada.
    E 1- Outros micros seguiram o mesmo caminho sequencial.
    E 4- Acho que o tema entrou meio forçado no texto.
    De qualquer forma, são micro contos de alta qualidade, bem escrito, boas ideias.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, antoniosbatista.
      Grata por sua leitura. Amei sua listinha de resumo. D1 não era pornográfico. D4 você pegou literalmente o pulo do gato.
      Valeu a leitura.
      Elisabeth

  30. Kelly Hatanaka
    27 de março de 2021

    Oi Dexter Apaixonado.

    Seus microcontos estão tão cheios de lirismo, que eu diria estarem mais para micropoesias. Alguns me deixaram meio confusa, o B3 e o B4, confesso que não entendi muito bem.

    Já o A1 foi meu favorito. Gostei muito da ideia de antagonistas ferrenhos partilhando de um afeto e origem comum.

    Parabéns e boa sorte!

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Oi, Kelly.
      O lirismo faltou no B3 e B4 e como eles eram contos fantásticos, não consegui fazer com que sua leitura fosse agradável. Peninha.
      Também gostei de ter os antagonistas de A1 como familiares. quem sabe o luto os humanize.
      abraços, Elisabeth

  31. mariasantino1
    27 de março de 2021

    Olá, Dexter Apaixonado!
    Esse é um pseudônimo interessante quando lembramos da série. Ah! Aqui em Manaus havia uma banda que se chamava DEXTER CHAPADO. Rsrs. Só para constar mesmo.

    Então, tenho críticas, mas acho melhor começar ressaltando os contos que gostei. [A1], [C4], [E4], sendo este último o que me foi mais impactante, pois vc preparou bem o terreno para a tragédia que quando veio a resolução eu até me vi rindo aliviada. Já o primeiro texto, é bem impactante e clara a ideia para atentarmos para aquilo que realmente importa e que não damos importância como devemos, quando devemos. E o C4 é todo bonito, pois o conto da forma que está abre margem para muitos motivos para a vida da personagem ser como é e no fim ela recebe um presente que pode mudar tudo. Para o bem. Está bem exposto e escrito. Parabéns!

    Agora as críticas. Embora tenha gostado do [A1], a estrutura me incomodou, pois senti algumas sobras ou estranheza seja pela repetição de termos de sonoridades parecidas, ou mesmo porque alguns termos podiam ser limados ou melhores condensados. Tipo: olhos, olhavam, viam… O [A2] os paparazzis acossando as moças ficou claro e é uma noção diferente para pelotão além do conto possuir tom diferente para a atenção, pois tudo o que é demais sempre é prejudicial, né? No entanto, o conto não tem muita força, pois não causa tanto impacto. O [B3] me deixou em dúvida se se tratava de desconforto por ser um casal homoafetivo, se o termo “século” esconde algo a mais. E essa dúvida prejudicou a compreensão. O mesmo aconteceu com o texto seguinte [B4] onde li e reli e não compreendi. Não mesmo. O ar vingativo do [C1] agrada, mas algo falta para elevar de fato o texto. Desculpe por não saber aqui demonstrar o que falta de fato. O [D1] também é bom ao se imaginar a relação mãe e filha, mas da forma que está não causa tanto impacto. Já o que foi baseado na bruxa é igualmente bacana, só que não ousa, um mistério que poderia render mais, mas da forma que está me parece um tanto infantil.

    No mais, desejo sorte neste desafio e parabenizo pelo trabalho.

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      Olá, quase conterrânea mariasantino1.
      Dexter Chapado! Aff.
      Não!
      Que bom que gostou de alguns.
      B3 releia pensando que eles são eternos ou algo do gênero.
      B4 releia sabendo de verdade que são seres fantásticos, mitos celtas (corvos), licântropos (morcegos) bruxas e seus auxiliares (gatos negros). A informação sobre a metamorfose está em sala limpa e aplausos.
      Abraços, de longe porque está calor aqui.
      Elisabeth

  32. Regina Ruth Rincon Caires
    27 de março de 2021

    Microcontos 2021 – Dexter Apaixonado

    [A1] – Palavra: PRAÇA

    O texto traz reflexão profunda sobre a cultura do ódio presente nos nossos dias. Posições políticas antagônicas, cheias de farpas, lancinantes. No final, há valores superiores, muito além do concreto, além deste mundo caótico. A família, base de tudo. Circunspecto.

    [A2] – Palavra: PELOTÃO

    O microconto ronda o universo da expectativa. Trabalha a ansiedade, a espera de algo, a hora do coração acelerado. Lembrou-me: “o melhor da festa é esperar por ela”. Sutil.

    [B3] – Fotografia do casal idoso

    Será que o texto trata de seres de outro mundo, de pessoas que não morrem, que possuem o dom da perenidade? Bebem da fonte da juventude? O texto oferece um leque de interpretação. Pode ser que os atuais donos da casa sejam assassinos! Ardiloso.

    [B4] – Fotografia: Clarinetista

    Virgem Maria, estamos diante de um autor eclético! O conto tem a abertura da boca de jacaré, enquanto ele toma sol. Entendi como sendo o trabalho informal do clarinetista, antes liberado nas ruas, agora, em tempos de quarentena, proibido e passa a ser feito em casa. E as autoridades (abutres, corvos) tentam calar o ruído. Viajei?! Kkkkkkkkkk Difícil.

    [C1] – “Há coisas que são preciosas por não durarem.”

    Texto feito à sombra da obra. O autor compõe a ideia usando o escárnio, usando aquele mesmo propósito de incitar a sensibilidade moral do leitor. Trabalha a luxúria e outros vícios mantendo a aparência, mas não deixa de fazer um “churrasquinho” de desafeto. Aterrador.

    [C4] – “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

    Bonita a figura da vida embrulhada com o bebê no cesto. É vida, É A VIDA! Se o personagem, que diz nunca ter sentido o amor, nem mesmo ao ser feito, o milagre dos dias irá apagar toda essa tristeza. Ainda bem. Doçura.

    [D1] – Ilustração do livro aberto

    Acho que, de todos os textos deste autor-participante, este é o mais significativo. Lida com a dor da criança, que mergulhada no mundo dos sonhos, tentando fugir da realidade sofrida em que vive, é retirada bruscamente da fantasia. Sem pedir licença, apenas por maldade. Triste.

    [D4] – Ilustração da lua e a bruxa

    Olhe! Microconto ambientando em Lisboa! O autor surpreende o leitor com a narrativa da bruxa com seu gatinho. A imaginação viaja na velocidade da vassoura. Muito bem escrito. Capcioso.

    [E1] – Música: A Lista (Oswaldo Montenegro)

    “Nasceu de uma contabilidade de perdas alheias.
    Na vida, ela era a pessoa que ia ticando listas.”
    Escrita densa, as palavras carregam o peso de muita reflexão. Ainda bem que se libertou. Valente.

    [E4] – Música: O dia em que a terra parou (Raul Seixas)

    O texto mostra o renascimento, quando o cinza ganha cores. A crença, a fé. O milagre acontece, sempre haverá o dia seguinte. E a esperança é de que seja melhor. E será… Venturoso.

    Dexter Apaixonado, que ainda não sei se é o Dexter da série, parabéns pelo trabalho!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

    • Elisabeth Lorena
      19 de abril de 2021

      olá, dona Regina.
      É o Dexter da série, mas no livro.
      Nunca consegui assistir a série, mas leio os livros.
      Dexter já foi dica de sonífero em conto meu. Agora sobre seu comentário. Bem, vontade de imprimir e expor por aqui não me falta!
      Ultimamente acho que está ampliando seus comentários e não só nos meus textos. agora me pego procurando seus comentários nos textos alheios.
      Compreendeu todos os meus textos. Sobre o conto de Portugal, meu avô chamava assim as praças e tive uma colega de trabalho que se chama Mario do Rossio.
      E sua visão do clarinetista, embora equivocada, é perfeita.
      gostei de sua leveza em relação ao B2. E sobre B3 e a possibilidade de os donos da casa serem assassinos foi legal, mas não é isso, embora a ideia seja tentadora.
      Em D1 sua interpretação foi brilhante e real. Maravilha.
      Fico feliz quando o escritor que admiro consegue captar meu texto.
      Abraços, Elisabeth

  33. thiagocastrosouza
    26 de março de 2021

    Dexter Apaixonado, como vai?

    Gostei dos micros, achei que tomou um caminho poético, principalmente na estrutura, pois boa parte das histórias dividem-se como se fossem versos. Vamos pulando, linha por linha, até o desfecho de cada um dos contos. Há humor, como em C1 e A2, assim como melancolias, segredos, enfim, um passeio geral no cotidiano desses personagens.

    Não sei o primeiro conto [A1] foi uma tentativa de fazer uma micro alegoria política sobre o país, mas se sim, por discordar veemente dessa ideia de que os extremos são iguais e são os extremos que estão “matando” a mãe gentil, pois o erro está em colocar espectros políticos que se antagonizam exatamente pelo fato de não serem parecidos, de não defenderem os mesmos interesses e visões de país, enfim, tenho óbices a “teoria da ferradura”, senti certa antipatia pelo micro, além de achar a metáfora fácil.

    Se não foi isso, a tragédia familiar é sempre um bom disparador para a ficção, independente do formato, e há valor no conto.

    Acho que tem muita coisa vaga no meio do trajeto (B4 e E1) que o autor poderia ter limado do texto final. Falando em final, o fechamento é bom, esperançoso, um dos que mais gostei criado a partir desse estímulo.

    Destaque:

    “Era tudo cinza e sem brilho. Vida bélica.
    No espaço aberto, só a espera.
    Longa e triste. Todos sabiam o final.
    Meses sem fim e a notícia terrível.
    O parto induzido salvará a vida da mãe.
    Então, a terra parou.
    E as promessas mudaram quando a voz grita, surpresa;
    – Está vivo! O bebê vive!”

    Gostei muito de A2 e B3, apesar de me demorar um pouco neste segundo para captar o incestuoso segredo. Porém, E4 fecha tão bem os textos, com vivas à vida no meio do pandemônio, que é o meu favorito da sua seleção.

    Boa sorte no desafio!

    • mariasantino1
      27 de março de 2021

      Eita, comoassim? [B3] ter sentidoincestuoso. Carai! Será? Vou ficar pensando nisso. Faz sentido (acho).

      • Dexter Apaixonado
        7 de abril de 2021

        Fala, mariasantino1.
        O carinha que mora logo acima fez o comentário sobre incesto para causar. Não há incesto. É um conto fantasia, que trabalha com ideias possíveis, de imortalidade, outras vidas, vampirismo e fonte da juventude. Incesto, não. Está na frase sobre cumplicidade. Eu sou um homem melhor que isso, embora muitos não me vejam assim. Azar deles.
        Dexter

    • Dexter Apaixonado
      7 de abril de 2021

      Fala, thiagocastrosouza.
      Cuidado com a raiz do mal!
      Comentou primeiro para criar efeito manada e confundir meus amigos leitores?
      E não, não é a mãe gentil desvalida e desgastada. É a mãe real, a que os gerou e os suportou a vida toda. Não pensei em símbolo, pensei no que iguala aqueles dois filhos, como são os velórios, obrigando pessoas diferentes ao convívio do luto perto de quem amam e partiu.
      Gostei de suas viagens.
      Dexter

      • thiagocastrosouza
        20 de abril de 2021

        Que isso Elizabeth, não escrevi um comentário nesse desafio tentando gerar o efeito manada, basta ver o que escrevi nos demais contos. Se gosto, gosto, e vice-versa, tanto que fui extremamente honesto e claro na avaliação que fiz do seu conto no desafio passado, que tinha comentários fechados. O fato de ser o primeiro conto da lista me fez torcer o nariz, assim como a justificativa para comentá-lo antes dos demais. Vivemos um momento delicado politicamente, inclusive de posicionamentos, por isso a contundência no comentário. Estou me sentindo, além de azarado, chateado por ser o segundo texto seu que gero uma má impressão. São coisas do desafio, faz parte. Sobre o possível incesto, agora relampejou a questão dos séculos, interpretei como uma figura de linguagem e, se incesto fosse, não avaliei como um problema (literário, que fique claro, e não moral), pois conheço bons contos que tratam sobre o assunto e nada dizem sobre a índole de quem os escreve.

        Quem sabe na próxima, Elisabeth, não tenhamos, nas letras, um encontro menos conturbado.

        Grande abraço e fique bem!

    • Elisabeth Lorena
      20 de abril de 2021

      Thiago, desencana.
      Seu comentário é sempre respeitoso e gosto de suas leituras, mesmo que equivocadas em algum caso. No outro texto você falou algo sobre gospel e como vejo isso mais como mercado, sinto-me incomodada, não com você.
      Abraços

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Informação

Publicado às 26 de março de 2021 por em Microcontos 2021 e marcado .