EntreContos

Detox Literário.

Reviravoltas (Cácia Leal)

ellen

O destino nos surpreende com reviravoltas que nos deixam sem ação. E foi numa dessas armadilhas que caí, e meu mundo começou a desmoronar, sem possibilidades de reconstruí-lo após o tsunami que o assolou.

O que sinto não há descrição. Não deve haver, na história da humanidade, nada parecido com o que vivenciei. Explicação? Nenhuma conhecida. A raiva cresce exponencialmente a cada minuto que respiro. Cada vez que paro e reflito sobre aquela noite, a fúria toma conta do meu ser e me sufoca, me engole, me consome, até tornar-se dona de mim por completo.

Quero gritar e mostrar ao mundo a ferida aberta em meu peito.

Quase dois anos de relacionamento, devoção, dedicação! Juras de amor silenciosas, que só quem ama consegue decifrar. Seu olhar esverdeado, meigo, acariciando-me a alma. Sua boca em forma de um doce morango primaveril…

Sobre a penteadeira, perfumes e maquiagens displicentemente jogadas, colares, brincos e pulseiras pendurados em um suporte delicadamente enfeitado. Belos objetos que não tinham razão para me sorrirem como o faziam, não tinham o direito de perfumar, de enfeitar… de encantar.

Apertei a campainha, naquela noite de domingo, com uma desculpa qualquer. No fundo, só queria vê-lo, beijá-lo, abraçá-lo… e quem sabe fizéssemos amor, como sempre acabava uma noite assim.

No entanto, a imagem que surgiu por trás dele, quando a porta se abriu, destruiu aquela ilusão e o resto de minha vida. A sala, antes clean e decorada apenas com o essencial, estava repleta de móveis estranhos. Entrei mesmo sem compreender muito bem. Na sala ao lado, a ex-mulher, esparramada sobre o sofá, assistia à TV. Olhei interrogativa para ele diante de todo aquele cenário macabro.

– A Valdívia está se mudando aqui pra casa.

O que?! Como é que é?! Eu quis berrar, mas o som se recusava a sair de minha boca. Nem articular qualquer monossílabo eu estava sendo capaz.

Ele me tirou da sala rapidamente, ante o possível barraco que se pré-anunciava. E no corredor, em frente ao elevador, querendo me fazer sair logo daquele prédio, ele explicou, como a maior naturalidade:

– Ela está passando por problemas financeiros e sugeri que colocasse sua casa pra alugar e viesse morar aqui comigo… será por pouco tempo… um ano e meio apenas.

Não lembro que palavrões proferi, nem do que os xinguei. Lembro apenas que a palavra “vagabunda” fazia parte do repertório. Afinal, a pensão que recebia de quatro dígitos não lhe era suficiente? Por que ela simplesmente não vai trabalhar, colocar em prática o diploma que emoldurava seu currículo?

Quanta raiva em meu peito, querendo-me explodir de dentro pra fora.

Ainda não consigo acreditar que ele tenha me trocado pela ex depois de tudo o que ela lhe fizera, o que envolvia um par de chifres importado da Argentina!

De repente, perfumes, maquiagens, colares… tudo começou a voar da penteadeira, espatifando-se no chão, esparramando fragrâncias e cores. Que direito elas tinham de sorrirem daquele jeito? De serem felizes? Não era justo!

A imagem no espelho, diante de mim, me fita com um desejo de vingança. Aperto bem os olhos, instigando a parte do cérebro que somente os traídos possuem a capacidade de acessar. E vejo que algo começa a ser arquitetado pelo reflexo diabólico. Tento, em vão, interpretar aqueles olhos.

O telefone celular repousa sobre a cama e repentinamente me vejo agarrando-o, e meus dedos procuram por um número já tantas vezes discado.

O desgraçado atendeu, mas eu, ainda meio em estado de choque, demorei a reagir e balbuciar algo. Deveria ter gritado com ele, esbravejado e desligado o aparelho. No entanto, tudo o que consegui dizer foi que queria vê-lo.

– Sinto saudades… – Apelei.

Não sei por que, mas ele concordou e marcamos que eu iria buscá-lo, em uma hora, diante do prédio em que residia. Uma hora para me fazer a mulher mais linda da face da Terra. Eu estava vibrando por dentro, radiante com a possibilidade de vê-lo uma vez mais.

Mal ele entrou no carro, com aquele sorriso cínico que sempre me dirigia quando possuía segundas intenções. Encheu-me de elogios e disse também estar com saudades. Logo suas mãos começaram a acariciar-me de maneira irresistível. Nos beijamos e o resultado foi que nossa empolgação nos levou a ter essa conversa num motel, nosso velho conhecido das noites em que seus dois filhos adolescentes estavam em sua casa.

Sexo nunca fora nosso problema e sempre foi o forte de nosso relacionamento. A parte que ele mais gostava. Nos amamos muito. Foi a melhor noite que tivemos. Conversa mesmo, essa acabou ficando pra outra oportunidade. Era tarde e ele precisava voltar pra casa. Eu precisava levá-lo de volta… devolvê-lo para sua (ex) mulher!…

A música embalava o ambiente, através do rádio do automóvel. A letra trazia algo sobre como o mundo é cruel. O que é que você sabe do mundo? Eu quis berrar para o cantor.

Meu ex-namorado falava sobre seu trabalho, embora eu não o estivesse ouvindo.

Tenho que levá-lo pra onde?!… A raiva foi crescendo outra vez em meu peito. Aquela mulher rindo de mim a gargalhadas. Traga ele direitinho, hein!

Não! Gritei. E agora o som me saiu bastante audível. Não vou levá-lo, não!

Ele não compreendeu, mas percebeu que algo não estava bem. Perguntou o que eu estava fazendo, acho que foi isso, não me recordo, mal o ouvi.

A fúria dentro de mim começou a tornar-se incontrolável. Depois de tudo o que tivemos naquela noite!

As luzes dos automóveis quase me cegavam a visão já turva pelas lágrimas que insistiam em cair. Os postes de energia ao lado da rodovia passavam cada vez mais rápido. O som do rádio me chegava distorcido e a voz do meu ex ecoava perguntando algo que eu não compreendia bem. Os postes voavam e as árvores os acompanhavam em um balé estranhamente distorcido. Um par de luzes ainda mais forte que as demais me cegaram totalmente. Não sabia mais onde estava, nem o que fazia. Só enxergava a luz, até que o mundo apagou-se definitivamente.

52 comentários em “Reviravoltas (Cácia Leal)

  1. wilson barros
    23 de fevereiro de 2015
    Avatar de wilson barros

    Bem escrito e com ritmo. É sempre interessante a temática dos “relacionamentos”. A história aqui é de uma pessoa apaixonada e iludida, que não consegue entender que um relacionamento acabou. Já li um conto semelhante a esse, embora não tão trágico, “O Dublê”, do livro “Contos Romanos” de Alberto Moravia, autor que lhe recomendo, por ter um estilo próximo ao seu. Aqui no desafio há um outro conto com temática semelhante, “Pecando que se aprende (Lao Tzu)”. Essas histórias sobre relacionamentos sempre são atuais, porque, por incrível que pareça, as pessoas ainda são tão ingênuas nesse aspecto quanto eram no tempo de Sansão e Dalila.

  2. Lucas Almeida
    22 de fevereiro de 2015
    Avatar de Lucas Almeida

    Belo ritmo de palavras, contou um caso comum até para os dias atuais com destreza e sem deixar o tema de fora, algo muito importante para mim: fidelidade ao tema. Parabéns, e boa sorte 🙂

  3. Edivana
    22 de fevereiro de 2015
    Avatar de Edivana

    Deve ter sido emocionante, a colisão. Imagino quem nunca sentiu essa raiva explosiva a ponto de cometer uma loucura, nem que seja uma que não leve ao cemitério. Enfim, o conto ficou bem elaborado, mas não chegou a surpreender.

  4. Alexandre Leite
    21 de fevereiro de 2015
    Avatar de Alexandre Leite

    Texto intenso, bem escrito e que nos transmite com força a angústia da personagem.

  5. Leandro B.
    21 de fevereiro de 2015
    Avatar de leandrobarreiros

    Oi, Ellen.

    Achei o conto bom, embora a linha narrativa tenha ficado um pouco… melodramática? em alguns momentos. Entendo que são os sentimentos da ex-namorada, mas talvez algumas construções diferentes amenizassem isso. Por exemplo:
    “O que é que você sabe do mundo? Eu quis berrar para o cantor.”

    Talvez valesse retirar a segunda frase e inseri-la na primeira deixasse a coisa mais interessante. Aliás talvez valha a pena questionar não tanto o conhecimento sobre o mundo, mas sim sobre crueldade.

    Além disso, faltou uma revisão um pouco mais apurada:

    “e quem sabe fizéssemos amor, como sempre acabava uma noite assim.”

    “ele explicou, como a maior naturalidade:”

    Mas, como disse, achei um bom conto no geral. Só me incomodou um pouco esse ton meio exagerado da personagem

  6. Pedro Luna
    21 de fevereiro de 2015
    Avatar de Pedro Luna

    Espero que o autor não me leve a mal, mas não gostei porque o conto promete algo de proporções épicas no início, reviravolta absurda. No entanto, o que vemos é um comum caso envolvendo um cara, ex-mulher… e no fim das contas, a moça faz o previsível de se matar e levar o cara junto. O parágrafo final foi uma construção demasiada para algo simples. Ela jogou o carro contra outro e pronto.

  7. Swylmar Ferreira
    21 de fevereiro de 2015
    Avatar de Swylmar Ferreira

    Conto interessante, bem escrito. O texto traz a figura do desespero, do abandono em um personagem ao mesmo tempo forte e frágil, o autor coloca o tema de modo consciente. O conto é bem narrado com timing perfeito,e bem concluído.
    Parabéns!

  8. Bia Machado
    20 de fevereiro de 2015
    Avatar de Bia Machado

    Não gostei muito, o conto foi melhor do meio para o final, ainda assim, em minha opinião.

    Essa fala: “– Ela está passando por problemas financeiros e sugeri que colocasse sua casa pra alugar e viesse morar aqui comigo… será por pouco tempo… um ano e meio apenas.” achei meio sem propósito, exagerada. O final também, é digno de uma pessoa doente, mas é meio previsível… Boa sorte pra você.

  9. Leonardo Jardim
    20 de fevereiro de 2015
    Avatar de Leo Jardim

    Prezado autor, optei por dividir minha avaliação nos seguintes critérios:

    ≋ Trama: (2/5) previsível e um pouco inverossímil (como assim entre saíram, andaram de carro, transaram e não conversaram?).

    ✍ Técnica: (3/5) boa, com o problema do tempo verbal fugindo pro presente de vez em quando.

    ➵ Tema: (1/2) ira, luxúria, mas não como foco.

    ☀ Criatividade: (1/3) pouca, bem comum esse tipo de situação.

    ☯ Emoção/Impacto: (2/5) o problema da verossimilhança atrapalhou bastante. Não me apeguei à protagonista.

    Problemas encontrados
    ● Por que ela simplesmente não vai trabalhar (o texto aqui estava narrando no passado e “vai” está no presente; deveria ser “ia”)
    ● A imagem no espelho, diante de mim, me fita com um desejo de vingança (me fita?) (aqui muda o tempo verbal)
    ● O desgraçado atendeu (e aqui voltou ao passado)

  10. Jowilton Amaral da Costa
    19 de fevereiro de 2015
    Avatar de Jowilton Amaral da Costa

    tomar chifre já não coisa boa, de um Hermano é o fim do mundo, kkkkkkkkk. O conto é bom, um tanto dramático no seu início, mas, não me incomodou em nada, as vezes escrevo dessa forma também, serviram para dar mais ênfase e emoção ao estado de ira da personagem narradora. Gostei do final. Boa sorte.

  11. rsollberg
    18 de fevereiro de 2015
    Avatar de rsollberg

    O conto até que é bom, mas não acompanha a expectativa criada pelos primeiros parágrafos, tampouco, pelo próprio título.

    Fiquei esperando várias reviravoltas e algo bem estranho que a protagonista dizia que não podia ser descrito. Nem mesmo explicado. Infelizmente não veio e isso me decepcionou um pouco. Na realidade, a história é ate bem ordinária, dessas que acontecem nas novelas em cenas de ciúme e obsessão.

    A narrativa é linear, ágil, fluida. Gostei deste trecho: “Aperto bem os olhos, instigando a parte do cérebro que somente os traídos possuem a capacidade de acessar.”

    O final casa bem com o resto do texto.
    Essa coisa de luz e escuridão, e o apagar definitivo tornou-se bem clichê, mas penso que às vezes não temos como fugir disso – como acho que aconteceu nesse caso.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

  12. Rodrigues
    18 de fevereiro de 2015
    Avatar de Rodrigues

    Bom conto, o começo não me chamou muita atenção mas a partir do momento em que ocorre essa aceitação da situação, desencadeando nesse final rápido e trágico, o texto me ganhou. A personagem principal, sem em nenhum momento negar o que sentem convence desde a primeira linha e sua vingança impulsiva foi bem descrita. Como critica,meu cortaria algumas partes explicativas demais, deixando o texto mais leve.

  13. alexandre cthulhu
    18 de fevereiro de 2015
    Avatar de alexandre cthulhu

    Pontos fortes:
    Acabei de ler um texto carregado de emoção. E das duas uma: Ou a autora passou por tudo isto, ou teve o dom de convencer o leitor de que vivenciou o que relatou, pois está excelente. Boas descrições, uso de metáforas muito originais ( um par de chifres importado da Argentina!), e uma narrativa muito fluente- parabéns!
    Pontos a melhorar:
    Todos nós temos pontos a melhorar não é assim?
    Continue a escrever!

  14. Carlos Henrique Fernandes Gomes
    17 de fevereiro de 2015
    Avatar de Carlos Henrique Fernandes Gomes

    Meu (gíria paulista)! Consegui ver e ouvir a batida! Total credibilidade da situação que vc contou! As descrições são boas demais. Confesso que logo no primeiro parágrafo achei que seria mais um continho que a raiva é a maior do mundo e a narrativa é tão bem educada, polida, que chega a ser doce. Esse seu final desmente minha opinião preconceituosa. O que mais gosto num conto é o personagem agir do começo ao fim e, por isso, seu conto é veloz, intenso, consegui ouvir e ver a batida!

  15. Maurem Kayna (@mauremk)
    17 de fevereiro de 2015
    Avatar de Maurem Kayna (@mauremk)

    As queixas no início da história fazem esperar bem mais que um pé na bunda, porque isso não é exatamente coisa inédita na história do mundo. O fato da narrativa ser em primeira pessoa por… bem, uma provável morta, fica um tanto incoerente, já que não há nada que indique ser o fantasma a narrar. Mesmo a ira, o pecado da vez, carece de expressão mais contundente.

  16. Gustavo de Andrade
    16 de fevereiro de 2015
    Avatar de Gustavo de Andrade

    Bem
    Por que ele é seu ex-namorado? A que ponto vocês terminaram? E, sério, por quê?
    O que houve nesse conto? Não sei dizer: foi um tanto confuso, talvez o segundo mais confuso do desafio (perdendo para O 7adre, a 7uta e os nossos 7ecados), e não de uma forma construtiva como em Donnie Darko ou qualquer filme do David Lynch, onde a confusão “faz parte” do roteiro (embora haja controvérsias sobre a qualidade essencial desse recurso): era uma mulher que foi visitar o namorado, que por sua vez havia acolhido a ex-esposa. De repente, ele é ex-namorado, eles vão a um motel (por que não à casa dela?, me parece que ela tem casa), ela entra no carro meio puta da vida e mata a ela própria e ao (ex, pq ex?) namorado? Acertei?
    Se sim, achei um tanto corrida/mal-desenvolvida a sequência de atos. Não houve espaço para qualquer absorção ou contemplação ativa sobre o que estava ocorrendo, só uma espécie de corrida narrativa ao final.

  17. Pétrya Bischoff
    16 de fevereiro de 2015
    Avatar de Pétrya Bischoff

    Pois bem, a escrita demonstra familiaridade com as palavras e a narrativa cria boa ambientação e descreve bem os sentimentos, com algumas partes bem vívidas. A estória em si me causou incômodo (não sei bem se me convenceu), fiquei com nojinho do cara voltar para a ex depois de dois anos de relacionamento. Também penso que o final esteve óbvio desde o início. De qualquer maneira, um bom texto. Boa sorte.

  18. Rodrigo Forte
    15 de fevereiro de 2015
    Avatar de Rodrigo Forte

    O seu conto acabou não me agradando muito por causa do tema, mas isso é mais por escolha pessoal do que por qualquer outra coisa. Com relação à estrutura, não achei nenhum erro gritante, e mesmo com o que falei acima, ele foi agradável de ler.

  19. Ricardo Gnecco Falco
    15 de fevereiro de 2015
    Avatar de Ricardo Gnecco Falco

    A narração na primeira pessoa do PLURAL (utilizado na frase de abertura do parágrafo, em confrontante contraste com as seguintes do mesmo bloco textual, que saltam — não incólumes — para o singular) me incomodou um pouco. Precisa de mais revisão (“como a maior naturalidade”), mas a cena da transformação da protagonista diante do espelho ficou bem legal. Instigante. Dá uma amornada depois nos trâmites para o (re)encontro e o sexo no motel, até que o mesmo sentimento retorna à narrativa de forma crescente e a cena final faz valer toda a viagem.
    Eu apenas terminaria a última frase na palavra luz, transformando a vírgula seguinte em um ponto final. Fatal.
    Mas, sou suspeito para falar… Adoro frases curtas. 🙂
    Parabéns;
    Boa sorte!
    Paz e Bem!

  20. Virginia Ossovski
    14 de fevereiro de 2015
    Avatar de Virginia Ossovski

    Técnica muito boa, acima da média apesar de alguns momentos em que a pontuação confunde. A história está bem contada do início ao fim, um típico conto de vingança feminina que prende a atenção. Sucesso no desafio !

  21. williansmarc
    13 de fevereiro de 2015
    Avatar de williansmarc

    Olá, autor(a). Primeiro, segue abaixo os meus critérios:

    Trama: Qualidade da narrativa em si.
    Ortografia/Revisão: Erros de português, falhas de digitação, etc.
    Técnica: Habilidade de escrita do autor(a), ou seja, capacidade de fazer bons diálogos, descrições, cenários, etc.
    Impacto: Efeito surpresa ao fim do texto.
    Inovação: Capacidade de sair do clichê e fazer algo novo.

    A Nota Geral será atribuída através da média dessas cinco notas.

    Segue abaixo as notas para o conto exposto:
    Trama: 6
    Ortografia/Revisão: 10
    Técnica: 6
    Impacto: 5
    Inovação: 5

    Minha opinião: Achei a trama muito comum e esse final não me surpreendeu. O texto não tem falhas de revisão, mas também não conta com boas construções. Em resumo, não gostei.

    Boa sorte no desafio.

  22. Thata Pereira
    12 de fevereiro de 2015
    Avatar de Thata Pereira

    Que louca! (rs) Eu adorei o final do conto “Só enxergava a luz, até que o mundo apagou-se definitivamente”. Apenas uma coisa me incomodou um pouquinho: ela não demostrava nenhum indício de que havia produzido essa ira toda. A mudança foi bastante drástica, mas trabalhar isso poderia ser arriscado, em um limite tão pequeno. Gostei!

    Boa sorte!!

  23. Gustavo Araujo
    11 de fevereiro de 2015
    Avatar de Gustavo Araujo

    Creio que uma das poucas hipóteses em que a ira não soa teatral refere-se a crises passionais. É o caso aqui. A autora nos apresenta um conto curto, narrado de forma simples e direta — como são os acessos de fúria — para falar de ciúmes. E, para tanto, cria uma situação bastante inusitada, a da namorada que fica ensandecida porque a ex-mulher volta a viver com o namorado. Achei bacana o plot, a ideia e a execução. Enfim, um conto que cumpre muito bem a proposta. Parabéns.

  24. Gustavo Aquino dos Reis
    9 de fevereiro de 2015
    Avatar de Gustavo Aquino dos Reis

    Bom conto. Morte passional escrita com esmero.

    Parabéns!

  25. Gilson Raimundo
    9 de fevereiro de 2015
    Avatar de Gilson Raimundo

    Narrado em tom de desabafo, isso as vezes pesa, acho que a irá poderia ser mais explorada, a personagem se continha em muitas passagens deveria ser mais explosiva.

  26. Anorkinda Neide
    9 de fevereiro de 2015
    Avatar de Anorkinda Neide

    Ciúme é um pecado capital?
    Achei a personagem principal um tanto confusa em suas reações, nao me pareceu verdadeira, uma mulher nao pensa e age deste jeito.Por isso não pude simpatizar com o conto.
    Espero que os colegas apreciem mais que eu.
    abração

    • Cácia Leal
      24 de fevereiro de 2015
      Avatar de Cácia Leal

      Bom dia, leitora. Não compreendi seu comentário. Como uma mulher agiria e pensaria, então? Não entendi, porque sou mulher desde que nasci.

  27. Andre Luiz
    8 de fevereiro de 2015
    Avatar de Andre Luiz

    Olá, cara Ellen póstuma!

    A)Seu texto é estonteante, prevalecendo a ira e um pouquinho de inveja pela ex-namorada e a preferência do seu ex. Aliás, sua introdução já me leva a dizer que a história será boa, portanto, foi muito bem escolhida e produzida, digna de parabéns. O lirismo foi presente em todo o seu texto e contemplou desde as linhas iniciais até o clímax arrebatador.

    B)O único erro que encontrei foi um desenvolvimento arrastado, por vezes lento demais, que dificulta um pouco a leitura do conto, porém, sem tirar a beleza de toda a trama. Parabéns e sucesso!

  28. mariasantino1
    8 de fevereiro de 2015
    Avatar de mariasantino1

    Legal! Gostei do conto, do repasse de sensações acerca da traição. Só achei a narrativa muito simples e não curti o lance de usar os objetos como forma de troçar da dor da personagem, mas o final compensou e foi bom completar na mente essa passagem. Deixou um sabor de “Amor Bandido” e eu gosto disso.

    —>>> ele explicou, como (COM A) a maior naturalidade … Ri demais disso —>>> um par de chifres importado da Argentina!

    Boa sorte.

  29. Luan do Nascimento Corrêa
    8 de fevereiro de 2015
    Avatar de Luan do Nascimento Corrêa

    Muito bom! Algumas passagens são como poesia e tudo se apresenta com intensidade e ritmo de ira. Parabéns!

  30. Tiago Volpato
    8 de fevereiro de 2015
    Avatar de Tiago Volpato

    Nossa, bem pesado o texto. Só achei que ele podia ser um pouquinho mais curto. Mas tá muito bom.

  31. Thales Soares
    7 de fevereiro de 2015
    Avatar de Thales Soares

    O conto está muito bem escrito. Parabéns ao autor ou autora, mostrou bastante habilidade com a estrutura da história. Lamento se estou sendo um pouco genérico, mas nos últimos contos que li senti o mesmo que aqui: um conto escrito evidentemente por um escritor ou escritora muito experiente, mas que a historia em nada me agradou. Tenho extrema dificuldade de me conectar emocionalmente com historias como essa. Estou sentindo que os escritores estão cumprindo bem os seus papeis neste desafio, mas eu estou falhando como leitor. Talvez seja o tema… Não sei. Mas de qualquer forma, boa sorte no desafio.

    • Cácia Leal
      24 de fevereiro de 2015
      Avatar de Cácia Leal

      Bom dia, Thales, como assim você está falhando como leitor? Talvez seja o tema dos contos que não estão atingindo você. Não se cobre tanto… mas hoje em dia é normal o escritor fazer o leitor trabalhar um pouco mais que antigamente, fazendo-o ter que raciocinar e concluir por si próprio.

  32. Sonia Rodrigues
    7 de fevereiro de 2015
    Avatar de Sonia Rodrigues

    Português:
    O que sinto não há descrição / Para o que sinto não há descrição ou O que sinto não tem descrição.
    A parte que ele mais gostava. / A parte da qual ele mais gostava. (gostar de)

    Trama – poderia ser bem engraçada, mas o autor enveredou pelo trágico.
    Início – está óbvio, sem atração. Sugiro começar com a frase “Não deve haver, na história da humanidade, nada parecido com o que vivenciei.” Essa frase é um gancho bom. O leitor fica curioso para saber o que aconteceu.
    O enredo ficou meio confuso, com ex para cá e ex para lá. E tem essa cena aqui: “Ele me tirou da sala rapidamente, ante o possível barraco que se pré-anunciava. E no corredor, em frente ao elevador, (….) De repente, perfumes, maquiagens, colares… tudo começou a voar da penteadeira, espatifando-se no chão, esparramando fragrâncias e cores. …” – ué, o autor colocou o casal no corredor, de onde apareceram esses objetos todos? Será que ele se enganou e quis colocar os personagens no quarto?

    Gostei da frase final: Só enxergava a luz, até que o mundo apagou-se definitivamente.

    • Cácia Leal
      24 de fevereiro de 2015
      Avatar de Cácia Leal

      Cara, Sonia, escolhi escrever o conto em linguagem coloquial, por isso os “erros” que você apontou. Ninguém fala “da qual”, quando está narrando algo que vivenciou. O conto está todo em primeira pessoa. E sobre a cena que você apontou e disse que não faz sentido (sobre o corredor e a penteadeira), acho que você pulou uns cinco parágrafos, porque é o que existe entre esses dois trechos da narrativa. E caso você não tenha percebido, a autora-narradora conta suas lembranças e vai e volta para o presente o tempo todo, porque são apenas lembranças. Obrigada pelas observações.

  33. Luis F. T.
    7 de fevereiro de 2015
    Avatar de Luis F. T.

    Conto bem escrito. Motivação clara. Não há erros aparentes também, o que torna a leitura fluida. Parabéns!

  34. Pedro Coelho
    6 de fevereiro de 2015
    Avatar de Pedro Coelho

    Uma leitura fácil e bem conduzida até o final. A ira e a luxuria ficaram um pouco jogadas,mas não bem trabalhadas. Mas é um texto simples e que prende a leitura. Saiu do comum e isso é bom. Algumas passagens um pouco absurdas como a estadia de um ano e meio e o desfecho confuso. Mas não deixa de ser um bom conto no que se propõe a fazer.

    • Cácia Leal
      24 de fevereiro de 2015
      Avatar de Cácia Leal

      Bom dia, Pedro! A estadia parece absurda, sei, mas realmente aconteceu comigo. Isso realmente ocorreu com um ex-namorado meu, que preferiu colocar de volta a ex-mulher para morar com ele porque ela estava “passando por problemas financeiros…”!!! Só não o “matei”… rs. Grande abraço!

  35. Eduardo Selga
    6 de fevereiro de 2015
    Avatar de Eduardo Selga

    Não acho fácil escrever um conto que, num tom coloquial, consiga trabalhar a linguagem de modo artístico. Não que para se conseguir esse tipo de linguagem seja essencial o bordado, a afetação, porém, o adequado uso das figuras de linguagem auxilia sobremaneira.

    Este conto, nesse sentido, é muito curioso. É coloquial, pouquíssimas figuras, mas usa um recurso que consegue fazer do texto uma peça literária, não apenas uma “contação” de estória: a protagonista, demonstrando algum desequilíbrio antes mesmo do final, tenta interagir com coisas inanimadas, comporta-se como se tais coisas de algum modo fossem vivas. Isso se dá, por exemplo, quanto aos objetos de maquiagem, de “produção” do visual feminino e perfumes (“Que direito elas tinhas de sorrirem daquele jeito?”); com sua própria imagem refletida no espelho (“A imagem no espelho, diante de mim, me fita com um desejo de vingança. […]. E vejo que algo começa a ser arquitetado pelo reflexo diabólico. Tento, em vão, interpretar aqueles olhos”); Com o rádio que tocava certa música que lhe desagradava (“O que é que você sabe do mundo? Eu quis berrar para o cantor”).

    À medida que o conto avança, percebemos que a protagonista apresenta distúrbios. Na porção final, ela apresenta mais um sintoma: ouvir ou imaginar uma cena que nunca aconteceu (“Aquela mulher rindo de mim a gargalhadas. Traga ele direitinho, hein!”), o que nos faz pensar: será mesmo que a tal ex-mulher existe? O namorado também não será alucinação? Não nos esqueçamos de que não devemos confiar na palavra de um narrador que também é personagem, uma vez que ele é parte interessada. Portanto, contará apenas o que lhe interessar, e como interessar. Quem leu “Dom Casmurro” e prestou atenção na narrativa de Bentinho acerca de Capitu entenderá do que eu estou falando. Além disso, uma personalidade alucinada (se for o caso) não é confiável.

    Há pelo menos uma passagem no conto que pode sugerir que a personagem está narrando o inexistente. Quando ele abre a porta porque ela tocou a campainha, ela diz que atrás dele “surgiu” uma imagem. Claro, pode ter sido apenas força de expressão, mas também pode ser mesmo que a imagem tenha sido uma aparição, algo fora do mundo concreto.

    Outro detalhe, ainda a respeito da cena, é a personagem ter denominado a tal imagem surgida de “cenário macabro”. Ainda que ela tenha considerado a casa mobiliada com “móveis estranhos”, a expressão “macabro” é um tanto forte demais, o que pode indicar o processo alucinatório.

    Aliás, será que este conto existe mesmo, ou será alucinação minha? É claro que existe, pois estou lendo-o (eu acho) e é muito bom. Ou não?

    • Cácia Leal
      24 de fevereiro de 2015
      Avatar de Cácia Leal

      Nossa, Eduardo! Adorei sua crítica… Que viagem legal e gostosa! Você conseguiu captar bem o objetivo do conto, você alcançou a alma da personagem. Parabéns e obrigada pelas palavras!

  36. JC Lemos
    6 de fevereiro de 2015
    Avatar de JC Lemos

    Sobre a técnica.
    Muito boa. Ainda mais no final eletrizante. Narrativa ágil e de fácil entendimento.

    Sobre o enredo.
    Gostei dos pecados bem explícitos durante a narrativa. Ainda mais por ter fugido da usual luxúria. Haha
    O final foi trágico e muito bom!

    Parabéns e boa sorte!

  37. Claudia Roberta Angst
    6 de fevereiro de 2015
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    Bom, muito bom! Tadinha dessa louca apaixonada. E Rubem Cabral achando que o seu conto era meu. Hummm…. Posso ver alguns pontos em comum, uma certa densidade perdida nas palavras.
    Eu já tinha imaginado um final diferente, claro que também com morte. Mas a moça cortando a garganta do namorado ou outra parte do corpo mais preciosa para ele…rs. Enfim, a narrativa prende a atenção do leitor.
    Boa sorte!

    • Cácia Leal
      24 de fevereiro de 2015
      Avatar de Cácia Leal

      Bom dia, Cláudia, até pensei nessa outra possibilidade de final… rs… mas acabei optando pelo que postei. Obrigada pelas palavras. Abraço!

  38. Brian Oliveira Lancaster
    6 de fevereiro de 2015
    Avatar de Victor O. de Faria

    Meu sistema: EGUA.

    Essência: de forma indireta, mas um tanto superficial. Nota 7,00.

    Gosto: esse desafio está sendo bem complicado. Avaliar textos de traições não é uma tarefa fácil. Faz todo o sentido o contexto cotidiano, mas achei tudo meio corrido. O início e as reflexões ficaram muito bons, mas do meio para o final o método sutil mudou para direto e estragou um pouco a experiência. Nota 7,00.

    Unidade: o estilo relato permite certas liberdades, no entanto, algumas construções soaram estranhas. Mesmo assim, as reflexões diante o espelho foram a melhor parte. Nota 8,00.

    Adequação: difícil definir. Tem seus motivos, implícitos, mas não abordou diretamente. Nota 7,00.

    Média: 7,3.

  39. rubemcabral
    6 de fevereiro de 2015
    Avatar de rubemcabral

    Achei muito bom: emoções a flor da pele, luxúria e ira bem representados no texto.

    Boa a escrita: não observei erros, bacana o final meio vertiginoso e misterioso também. Enfim, bom trabalho.

  40. Mariana Gomes
    6 de fevereiro de 2015
    Avatar de Mariana G

    O conto foi o esperado, não me surpreendi, a escrita é boa 😁. Boa sorte!

  41. Fabio Baptista
    5 de fevereiro de 2015
    Avatar de Fabio Baptista

    Olá,

    A escrita me soou confusa em alguns momentos e um pouco exagerada em outros (o primeiro parágrafo, por exemplo).

    Entendo que parte da confusão tenha se dado pela própria “confusão” da protagonista (tipo quando ela resolve não voltar pra casa do ex-namorado e imagina a ex-mulher do ex-namorado falando pra trazer ele direitinho :D), mas sei lá… acho que o efeito não foi aplicado da melhor forma.

    Veredito: conto sem muitos atrativos.

  42. Sidney Muniz
    5 de fevereiro de 2015
    Avatar de Sidney Muniz

    Não gostei.

    A trama é relativamente interessante, porém mal executada. Sugiro uma boa revisão para dar mais qualidade a seu trabalho.

    O que sinto não há descrição. – soou-me incompleto.

    a fúria toma conta do meu ser e me sufoca, me engole, me consome, até tornar-se dona de mim por completo. – redundante demais… Me sufoca? Me engole? Me consome? Até… tornar-se dona de mim por completo… qualquer uma dessas expressões já diz por todas.

    Nem articular qualquer monossílabo eu estava sendo capaz. – outra frase para ser reformulada

    como a maior naturalidade: – com

    O som do rádio me chegava distorcido – em um balé estranhamente distorcido. – repetição de distorcido.

    Trama: (1-10)=7
    Técnica(1-10)=6
    Narrativa(1-10)=6
    Personagens(1-10)=6
    Inovação e ou forma de abordar o tema (1-5)-4
    Título(1-5)=4

    No mais desejo boa sorte!

    • Cácia Leal
      24 de fevereiro de 2015
      Avatar de Cácia Leal

      Bom dia, Sidney. Obrigada pelos comentários. Sobre o trecho “me sufoca, me engole, me consome, até tornar-se dona de mim por completo”, trata-se de uma figura de linguagem, mais especificamente, uma figura de pensamento, chamada “gradação” ou “clímax” (que é apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente”). Vou rever os demais pontos que você sugeriu, mais uma vez, obrigada!

  43. Alan Machado de Almeida
    5 de fevereiro de 2015
    Avatar de Alan Machado de Almeida

    Pelo que eu entendi, me corrijam se eu estiver enganado, no final do conto o casal é atropelado e morre, certo? Esse tipo de fim para uma história de briga amorosa é um pouco clichê. O conto não faz meu gênero, mesmo assim curti lê-lo.

    • Cácia Leal
      24 de fevereiro de 2015
      Avatar de Cácia Leal

      No final, ela joga o carro contra outro veículo, provavelmente um caminhão. Se mata e mata, também, o ex-namorado!… rs

  44. Alan Machado de Almeida
    4 de fevereiro de 2015
    Avatar de Alan Machado de Almeida

    Ira. Tenho outros melhores no desafio na frente, mas veremos.

Deixar mensagem para wilson barros Cancelar resposta

Informação

Publicado às 4 de fevereiro de 2015 por em Pecados e marcado .