EntreContos

Detox Literário.

O Inferno (Luan Correa)

azazel

Dizem que os pecadores têm sua alma consumida pelo inferno. Em parte, creio que seja verdade. Afinal, como poderia ser diferente, tendo visto o que vi e vivido o que vivi? Mas não se engane, o inferno não é um mundo paralelo e distante da realidade e nem é um lugar místico e esotérico habitado por criaturas demoníacas. Tudo acontece diante de nossos olhos e, dia após dia, presenciamos sua manifestação, sem a mínima ideia de que a verdadeira punição por nossos atos e crimes é aquilo pelo que passamos em decorrência deles.

Lembro-me de sentir o perfume exalado pelas flores no quintal e o beijo doce de minha esposa e de ver o sorriso de meus filhos. Isso não quer dizer que tenha sido um bom dia. Ou agradável, para ser sincero. Como sempre, o chefe, um sujeito enorme, com alguns ataques cardíacos em seu histórico e uma cara medonha de poucos amigos, telefonava para sua secretária, ordenando que um ou dois desafortunados, que certamente puseram uma vírgula num lugar que não lhe agradava, fossem a sua sala. Vociferava, grunhia e batia na mesa. E então abria a gaveta e puxava charutos e whisky, contente por extravasar seus problemas.

Os que haviam superado a experiência, por já não passarem por isso há algum tempo, gargalhavam, imaginando a vida miserável que alguém como ele levava. Mais uma vez, eu não estava entre os sortudos. Ele clamava por resultados, batendo com o indicador no relatório de desempenho e quase furando o papel e atravessando a mesa. O suor corria por minha face quente. É certo que eu estava todo vermelho. Minha cabeça pulsava e podia sentir minhas mãos espremendo o braço daquela cadeira que eu tanto apertava, desejando que fosse o crânio daquele homem. Levantei em um pulo, cerrei os dois punhos e joguei-os na mesa com tanta força que a senti levantar. Ordenei que se calasse e assim o fez, mas apenas por ainda tentar entender o que acontecera. Joguei algumas palavras ríspidas contra ele e disse o que ninguém tinha coragem, tudo aquilo que há muito estava aprisionado em minhas entranhas, revirando-se em busca de uma saída. Pergunto-me o que ele fez depois que sai, além de garantir que meu futuro estivesse arruinado.

Nunca tive tanta adrenalina correndo pelo corpo, tampouco tanto prazer em deixar um lugar. Agora, quando riem da miséria do chefe, lembram-se daquele que enlouqueceu por causa dele. E estão certos, enlouqueci. Fui direto para o bar, precisava relaxar. Bebi o que pude e, com a cabeça ainda latejando e o pulso acelerado, segui minha rotina. Peguei as crianças na escola e minha mulher em seu trabalho. Não era um bom dia. Por que ela tinha que escolher justamente aquele momento para expressar sua habitual insatisfação? Não me lembro de tê-la dito o que aconteceu. Meus lindos filhos brincavam e se debatiam no banco de trás. Gritos me desnortearam como se chacoalhassem meu cérebro. Virei-me e berrei um palavrão. Minha cabeça parecia uma bomba-relógio. Uma guerra foi travada pelo resto do trajeto e se arrastou noite adentro.

Como aquilo foi possível jamais saberei. Nunca fui de malhar. A cólera que me corrói desde aquele dia é inexplicável. As lágrimas nos olhos de minha querida esposa quando dei-lhe uma bofetada, balbuciando que era tudo sua culpa. Estava cego. Foi então que ela gritou que nunca mais queria me ver e disse que nosso casamento havia acabado. Subi os degraus sob seus protestos e segurei cada um de nossos filhos em uma mão. Ela batia em minhas costas com todas as suas forças, mas eu estava tão irado que mal pude sentir. Parei a alguns passos da porta. Ela agora tentava arrancá-los de mim. Coração acelerado, respiração ofegante. Soltei-os e levei meus punhos cerrados em direção a ela. Consigo ver claramente diante de mim seu corpo estirado e olhos abertos. Revivo esse pesadelo todos os dias. Tudo está tão vívido em minha mente que posso sentir o sangue escorrendo por entre meus dedos.

A partir de então, passaria o resto dos meus dias em uma jaula. Sem dúvida, a parte mais fácil da minha punição. Não demorou muito para me isolarem. Ouvi dizer que puseram as crianças para adoção. A essa altura, as vozes em minha cabeça já não me deixavam dormir, mas, com tamanha calmaria ao meu redor, pude até me dar ao luxo de, pela primeira vez em muito tempo, pensar, naqueles instantes de sossego em que as vozes se cansavam de gritar e sussurrar. Já sofri alguns ataques cardíacos e sinto que outro está por vir, meus batimentos nunca voltaram ao lugar. Acho que da próxima vez não passo. A única redenção que me resta é tentar compensar parte do mau que causei fazendo algo de bom e, se ao menos uma alma for atingida por este relato e decidir respirar fundo ao invés de pôr tudo a perder, minha última esperança terá se concretizado, pois terei evitado que outros pequem como pequei e sofram o que sofri. Não por temer o que está diante de mim, pois o que me aguarda é senão um infinito de paz e silêncio, mas por buscar tranquilidade e harmonia em meus últimos momentos.

49 comentários em “O Inferno (Luan Correa)

  1. Fabio D'Oliveira
    13 de agosto de 2015
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    ☬ O Inferno ☬
    ☫ Luan Correa ☫

    ஒ Físico: A estrutura do conto denota que o autor está começando nesse mundo da escrita. Ou ainda não teve a oportunidade de aprimorar suas habilidades. Nota-se com clareza que a narrativa está em forma de relato. Nesse tipo de narrativa, o ideal é passar as ideias do personagem-narrador e fazer o autor compadecer com sua situação. Porém, o autor falha ao tentar fazer isso. O problema é que ele tentar contar o que aconteceu, enquanto o ideal seria mostrar. Um relato mais pessoal seria o ideal, como uma nota deixada para trás escrita logo após o acontecimento. Esse tipo de relato onisciente quase sempre cai na superficialidade.

    ண Intelecto: O autor realmente desenvolveu a história por completo em sua mente. Uma situação cotidiana que é, de fato, complexa e verdadeira. E ele consegue exprimir isso no texto. É possível perceber que o protagonista se deixou levar pela ira. O maior problema é que é impossível se colocar no lugar dele. Vejamos… A narrativa está tão distante que parece que outra pessoa está contando a história. Um vizinho, talvez. A falta de empatia pelo personagem realmente interfere na leitura. Não conseguimos entrar no mundo criado. Procure estudar um pouco mais sobre Contar X Mostrar.

    ஜ Alma: No fundo, bem no fundo, é possível encontrar certa naturalidade no texto. A ideia flui sem muitas dificuldades. A falta de habilidade é normal, ninguém nasce com esse tipo de conhecimento e é necessário lutar para conquistá-lo. Porém, existe outro poder latente que é muito ignorado pela maioria dos escritores: o talento. Ele existe e denota qual é a sua vocação. Tive um leve vislumbre disso no texto. Mas é uma coisa que não pode ser avaliada com apenas um texto. Felizmente, como li outro conto de sua autoria a pouco tempo, consigo falar um pouco mais sobre isso. E senti a mesma coisa nos dois textos. Procure se desenvolver mais e, no futuro, quem saiba consiga colher grandes frutos! Sobre a história, a alma dela é um tanto feia. Não, isso não é ruim, pois dentro da proposta, era para ser feia mesmo. Vemos a ira, vemos o ódio, vemos a morte. Apesar da falta de habilidade deixar o texto um tanto superficial, se fosse o contrário, acredito que alguns leitores se sentiriam acuados ao terminar o texto.

    ௰ Egocentrismo: Não poderia falar que gostei da história. Meu ego dita por coisas diferentes. Gosto da magia, do fantástico, do maravilhoso. Tudo que é expresso através da nossa realidade não me é atraente. Mas isso não me impede de apreciar o texto como ele realmente é. E, no final de tudo, posso falar que aprendi algo com ele.

    Ω Final: O texto é fraco por causa da falta de habilidade do autor, porém, o enredo revela certa complexidade, o que implica que a capacidade final do autor é muito grande. Basta aprimorar sua técnica. No fundo, não gostei do enredo, mas isso não tira o crédito de que ele é bom. Vá em frente, Luan, e corra atrás do crescimento.

    ௫ Nota: 5.

    • Luan do Nascimento Corrêa
      13 de agosto de 2015
      Avatar de Luan do Nascimento Corrêa

      Como estou feliz por ter recebido uma avaliação tão rica! Sua crítica abriu minha mente para os muitos erros que cometi nesse conto, tentarei incorporar todos esses ensinamentos e, sem a menor dúvida, ainda vou reler essa crítica em diversas ocasiões ao longo dos próximos dias e tentarei assimilar o máximo possível!

      Sinceramente, agradeço muitíssimo por ter se interessado tanto e também pelo mega incentivo!

      PS: espero que um dia eu seja capaz de fazer uma crítica assim!

      • Fabio D'Oliveira
        16 de agosto de 2015
        Avatar de Fabio D'Oliveira

        Olá, Luan!

        Fico verdadeiramente feliz por conseguir ajudá-lo! Digo que já começou muito bem, sabendo assimilar as críticas de forma racional. Eu, infelizmente, tive que aprender na marra! Parabéns por isso!

        Continue assim, determinado e com foco, e poderá fazer críticas bem melhores no futuro. E poderá ajudar outras pessoas! Não há nada melhor que isso!

        Esperarei por mais textos!

        Um forte abraço!

  2. wilson barros
    23 de fevereiro de 2015
    Avatar de wilson barros

    Parece-me um conto com moral, ao estilo de outros deste desafio. Ou seja, tenta produzir mudanças e trazer algo de bom, como as fábulas. É, evidentemente, uma das funções da literatura. Portanto o conto é perfeitamente válido. O enredo é interessante, consegue prender o leitor e as frases são bem elaboradas. Encontrei alguns erros de português: regência (“tê-la dito”, em vez de “ter-lhe dito”), colocação de pronomes (“e se arrastou” no lugar de “e arrastou-se”), ortografia (“parte do mau que causei” que deveria ser “parte do mal que causei”) e semântica em “o que me aguarda é senão” no lugar de “o que me aguarda não é senão”).

  3. Lucas Almeida
    22 de fevereiro de 2015
    Avatar de Lucas Almeida

    Gostei do seu texto, porque tem muito a cara do estresse de hoje em dia, esse “estar de saco cheio de tudo”, porém não gostei do final, acredito que esse arrependimento não coube, eu pelo menos acho que não seja a prisão que vai desestressar alguém. Boa sorte 🙂

  4. Edivana
    22 de fevereiro de 2015
    Avatar de Edivana

    Acredito que viver o arrependimento seja o mais próximo de inferno que vamos chegar, falando psicologicamente do assunto. Não sei se o efeito um pouco moralizante do final ficou legal, pois podemos sentir que esse tipo de atitude é uma coisa ruim e fala por si só, mas não deixa de ser um bom conto. Abraços.

  5. Alexandre Leite
    21 de fevereiro de 2015
    Avatar de Alexandre Leite

    Texto elegante e bem marcado.

  6. Leandro B.
    21 de fevereiro de 2015
    Avatar de leandrobarreiros

    Oi, Azazel.

    Então, acho que você teve uma abertura em potencial muito boa, mas o primeiro parágrafo não contemplou da melhor maneira possível o que queria dizer. Acho que a coisa ficou didática demais, o que tirou um pouco a poesia do “o inferno é aqui”.

    “Como aquilo foi possível jamais saberei. Nunca fui de malhar.”
    Não entendi :/

    As referências ao passado e ao presente ao longo dos parágrafos não funcionaram muito bem comigo… Além disso, não conseguir me conectar ao surto do personagem. Ele tinha um chefe babaca e se demitiu… mas ele dependia muito do emprego? Gostava dele? Por que perdeu tanto a cabeça com isso?

    Embora haja passagens boas, da maneira que está, não me conquistou muito

    mas boa sorte!

  7. Pedro Luna
    21 de fevereiro de 2015
    Avatar de Pedro Luna

    Não gostei. É como o autor mesmo disse, trata-se de um relato. Não tem o que valorizo em um conto. Além disso, descrever o surto de um cara no trabalho, que vai bebaço pra casa, maluco, e detona a esposa não é muito original. Achei tudo muito comum.

  8. Bia Machado
    20 de fevereiro de 2015
    Avatar de Bia Machado

    Gostei da forma como foi conduzido, aos poucos revelando a trama e o psicológico do narrador-personagem. Só achei o final não tão elaborado como poderia. Em meio ao texto, muitos adjetivos desnecessários, a meu ver.

  9. Eduardo Selga
    20 de fevereiro de 2015
    Avatar de Eduardo Selga

    O conto está bem escrito, a narrativa em primeira pessoa consegue demonstrar bem o estado emocional do protagonista, sem resvalar em atitudes excessivamente extremadas que, se de um lado poderiam conferir agilidade à trama, por outro haveria o risco do gratuito e do espetaculoso.

    Apesar disso, e apesar do drama do personagem, falta intensidade. E isso se deve, acredito, em função da posição do narrador: ao mesmo tempo em que ele é réu confesso, pecador arrependido, ele parece tentar arrancar alguma piedade do leitor. De maneira disfarçada, ele é autoindulgente, como quem diz: fiz o que fiz mas já sofro muito por isso, não me puna, prezado leitor. Ele chega mesmo a tentar mostrar que tem um coração grande, não é nenhuma fera imperdoável. Veja-se como é “dolorido” ele dizer ” A única redenção que me resta é tentar compensar parte do mau que causei fazendo algo de bom e, se ao menos uma alma for atingida por este relato e decidir respirar fundo ao invés de pôr tudo a perder, minha última esperança terá se concretizado, pois terei evitado que outros pequem como pequei e sofram o que sofri”.
    ´
    É um narrador suspeito, ou seja, o leitor ingênuo pode ser enganado por palavras falsas. Quando um criminoso confessa mas tenta aliviar sua pena, é preciso ficar atento ao seu discurso.

    O recurso narrativo é excelente, demanda habilidade e esta foi mostrada, mas acredito que a tentativa de barganha com o leitor tenha reduzido a intensidade narrativa. O freio que o narrador põe, quase relativizando seu crime, quase se fazendo de vítima (“Não por temer o que está diante de mim, pois o que me aguarda é senão um infinito de paz e silêncio, mas por buscar tranquilidade e harmonia em meus últimos momentos”) ofusca certo brilho da narrativa. Mas não da narração.

  10. Swylmar Ferreira
    20 de fevereiro de 2015
    Avatar de Swylmar Ferreira

    Interessante o conto, mostra os efeitos da IRA. O texto vem em um crescendo até perto do final. Está muito bem escrito, a trama apresenta personagem forte, e o autor coloca o tema de modo muito inteligente. O conto é bem narrado com timing perfeito, pena que a conclusão foi tão branda.

  11. Leonardo Jardim
    20 de fevereiro de 2015
    Avatar de Leo Jardim

    Prezado autor, optei por dividir minha avaliação nos seguintes critérios:

    ≋ Trama: (3/5) é boa, mas é simples. O velho mote do dia de fúria, com o adicional do inferno em vida.

    ✍ Técnica: (3/5) é boa, com narração fluida, cenas bem descritas e de fácil leitura, sem erros, mas também sem nada que encha os olhos.

    ➵ Tema: (2/2) ira (✓).

    ☀ Criatividade: (1/3) como já disse, mais um dia de fúria.

    ☯ Emoção/Impacto: (2/5) as cenas fortes foram ditas e não mostradas, não emocionou. Seria bom se escolhesse uma dessas cenas e narrasse com mais detalhes, para chocar e criar o efeito desejado.

  12. Jowilton Amaral da Costa
    19 de fevereiro de 2015
    Avatar de Jowilton Amaral da Costa

    Bom conto. Um dia ruim que se transformou numa tragédia. O final não me agradou pela mensagem explicitamente passada, mesmo o conto sendo de uma forma confessional, este tipo de preceito escrito tão diretamente me incomoda, gosto pessoal mesmo. Acho que o conto deve contar sua história sem se preocupar em doutrinar quem as lê. Pode ser ranzinzice minha, mas, realmente não gosto disso. Boa sorte.

  13. rsollberg
    18 de fevereiro de 2015
    Avatar de rsollberg

    É um daqueles relatos ao estilo “um dia de fúria”. As coisas acontecem meio sem motivo aparente, insufladas pelo estresse diário (Viva o Bombita do Relatos Selvagens, rs).

    Em um desafio de 1000 palavras fica um pouco difícil explicar as motivações ou até mesmo criar as lacunas que desencadeiam o comportamento do protagonista (pode parecer paradoxal, mas quando me refiro as lacunas, quero dizer as aquelas brechas propositais, a tarefa árdua de não dizer). Penso que o Autor poderia ter investido um pouco mais nisso e, talvez, um pouco menos em algumas descrições emocionais. Infelizmente, também senti um pouquinho a falta de humor, que penso que cairia como uma luva nesse tipo de conto.

    Gostei da citação e do inicio do texto, em um tom mais reflexivo, que retornou no último paragrafo.

    Parabéns e boa sorte.

  14. Rodrigues
    18 de fevereiro de 2015
    Avatar de Rodrigues

    Não gostei. O texto não prende a atenção em nenhum momento e a história é fraca. Não vi uma descrição digna de nota, um personagem bem trabalhado e além disso há muitas passagens bem confusas. A raiva do personagem não consegue uma justificativa, seja no ambiente ou na relação com as pessoas.

  15. alexandre cthulhu
    18 de fevereiro de 2015
    Avatar de alexandre cthulhu

    Pontos fortes:
    Adoro contos escritos na 1ª pessoa. ( os meus são quase todos nesse modo), e delicia-me ler contos onde o narrador partilha a sua dor, arrastando-nos com ele. Voçê conseguiu isso e eu gostei muito do que li
    Pontos a melhorar:
    Melhorar a pontuação, pois os seu parágrafos são extensos – Apenas isso, na minha opinião
    Parabéns e continue, pois tenciono ler mais coisas suas 🙂

  16. Andre Luiz
    18 de fevereiro de 2015
    Avatar de Andre Luiz

    Olá, caro Azazel! Vamos aos comentários!
    Gostei de seu início reflexivo, bastante interessante, causador de certa tensão. Além disso, sua forma de sugestão trouxe beleza ao texto. Contudo, achei que houveram cenas narrativas em excesso, quando o contexto pedia um diálogo para deixar o texto mais fluido. Logo, ao mesmo tempo que você acerta pelo lirismo com que narra os fatos, peca por não o fazer com a ação que pede o momento. Mesmo assim, está de parabéns!

  17. Carlos Henrique Fernandes Gomes
    17 de fevereiro de 2015
    Avatar de Carlos Henrique Fernandes Gomes

    O Buda Nitiren disse: “Não há terra pura ou impura; a diferença está na mente boa ou má das pessoas.” Interessantes as primeiras colocações e o acesso de fúria até a prisão parecem cenas de um clipe musical, com a velocidade e credibilidade que esses acontecimentos devem ter num conto curto. O desejo de paz no final pode dividir opiniões e mesmo assim não é descartável.

  18. Maurem Kayna (@mauremk)
    17 de fevereiro de 2015
    Avatar de Maurem Kayna (@mauremk)

    Nos primeiros textos lidos fui anotando os equívocos de grafia ou uso impreciso / incorreto de palavras, mas depois fui deixando de lado, mas aqui preciso sinalizar o u uso de “tê-la dito” ao invés de ter lhe dito.São tilts que me fazem tropeçar na leitura… Quanto à história em si, a confissão do sujeito não me convenceu. Não sei se pela forma como as cenas são contadas, que não me fez estar ao lado das personagens ou pelo tom deslocado da moral final. Não parece plausível que o sujeito relate o que os colegas comentaram a seu respeito se ele pirou (como teria acesso a esses comentários).

  19. Gustavo de Andrade
    16 de fevereiro de 2015
    Avatar de Gustavo de Andrade

    Pois, você nunca foi de malhar? Que bacana rs
    Seguinte: a construção do enredo acabou por ser incompleta. Temo parecer redundante com minhas críticas, mas talvez eu tenha um certo modelo de coisas que um texto deva atender do qual eu tenho sequer real consciência. O ponto é: faltou uma conexão real com as personagens, principalmente com o narrador. Não pude sentir nenhuma importância com qualquer coisa que acontecia, e isso vem da falta de organicidade apresentada pelo texto: as coisas não acontecem de forma inevitável, mas de um jeito muito quadrado e claramente programado, sem real razão de ser. E, mesmo quando parecem apresentar alguma razão de ser, não é de uma forma tão honesta ou convincente (como, por exemplo, alguma emoção, no caso específico deste conto a ira). Não há imagens suficientes que nos conectem às emoções dos personagens, só narrações que nos fazem aceitar tais sentimentos.

    • Gustavo de Andrade
      17 de fevereiro de 2015
      Avatar de Gustavo de Andrade

      Também: “fossem a sua sala. ” — tive de reler, uma vez que interpretei que os dois se transformaram em uma sala. Parei, pensei “Não deve ser” e vi: realmente não era. Era a crase (à sua sala).
      Repetição de “daquela (…) daquele” satura a frase, vicia.

      • Cácia Leal
        24 de fevereiro de 2015
        Avatar de Cácia Leal

        Bom dia, Gustavo, a norma culta da Língua Portuguesa condena o uso da crase antes de pronome possessivo, logo, “a sua sala” e não “à sua sala”. O primeiro caso é linguagem culta, o segundo (com crase), é linguagem coloquial. De qualquer forma, seu uso é opcional.

  20. Pétrya Bischoff
    16 de fevereiro de 2015
    Avatar de Pétrya Bischoff

    Buenas! O primeiro parágrafo foi uma construção perfeita, a meu ver. Gostei do tamanho do texto, penso que o autor conseguiu desenvolver toda a estória, chegando bem ao entendimento do leitor, nesses poucos parágrafos. Escrita e narrativa conduzem bem a leitura. Esteticamente, nada me causou incômodo. Achei,, também, muito interessante esse tom de alerta aos “iradinhos” ahhahah. Parabéns e boa sorte.

  21. Ricardo Gnecco Falco
    15 de fevereiro de 2015
    Avatar de Ricardo Gnecco Falco

    Um ótimo parágrafo de abertura e, quando vejo, já estou no quinto — e penúltimo. Num surto inexplicável vejo o rosto de meu nobre colega de pena, Rubão, aparecendo diante do texto e relembro um de seus marcantes personagens de suas inúmeras e inesquecíveis histórias… Um cara que tacou fogo numa casa com mulher e criança dentro. Debaixo de chuva.
    Volto pra história atual, mas a dúvida quanto a autoria do texto que continuo lendo vai se esvaindo na oposta proporção da vergonha de ser descoberto em público apenas em hilariante devaneio literário e, então, diante do final de mais uma prazerosa leitura, a pseudo-lição de moral encontrada e a menção direta ao pecado pretensiosamente escolhido pelo autor como base de seu texto fazem com que aquela já distante dúvida retorne, revelando um desconfortante e presunçoso pecado. Todo meu…

  22. Virginia Ossovski
    14 de fevereiro de 2015
    Avatar de Virginia Ossovski

    O inferno certamente é um estado de espírito! O conto mostra muito bem como um instante de descontrole pode pôr tudo a perder. Gostei da técnica, apesar de alguns erros bobos, e do conto, embora tenha sentido falta de algo além da história do marido que se descontrola e mata a esposa. Sucesso no desafio !

  23. williansmarc
    13 de fevereiro de 2015
    Avatar de williansmarc

    Olá, autor(a). Primeiro, segue abaixo os meus critérios:

    Trama: Qualidade da narrativa em si.
    Ortografia/Revisão: Erros de português, falhas de digitação, etc.
    Técnica: Habilidade de escrita do autor(a), ou seja, capacidade de fazer bons diálogos, descrições, cenários, etc.
    Impacto: Efeito surpresa ao fim do texto.
    Inovação: Capacidade de sair do clichê e fazer algo novo.

    A Nota Geral será atribuída através da média dessas cinco notas.

    Segue abaixo as notas para o conto exposto:
    Trama: 6
    Ortografia/Revisão: 10
    Técnica: 7
    Impacto: 6
    Inovação: 6

    Minha opinião: O autor(a) escreve muito bem, apesar da falta de parágrafos me incomodar um pouco. Porém, não gostei muito da trama, os personagens são muito comuns e a história segue exatamente o rumo esperado, sem nenhuma novidade.

    Não achei erros de revisão.

    Boa sorte no desafio.

  24. Gustavo Araujo
    13 de fevereiro de 2015
    Avatar de Gustavo Araujo

    Achei bem escrito. O típico texto polido e resultante de esmero. Dá para imaginar o autor, atento, analisando e revendo cada linha escrita. Por isso, parabéns. No mérito gostei da história. Achei que a explosão do protagonista ficou bem verossímil. As digressões também deram cor à trama. No fim, há uma observação sobre as vozes que ele ouvia dentro da cabeça; talvez fosse interessante fazer uma referência a elas lá no início do texto, de modo a explicar, ou melhor, de modo a apresentar mais razões para o acesso de fúria. De repente, dizer que ele (narrador) já vinha ouvindo essas vozes seria uma forma de justificar a ira desencadeada. De qualquer forma, parabéns uma vez mais pelo texto.

  25. Thata Pereira
    12 de fevereiro de 2015
    Avatar de Thata Pereira

    Tema forte, conto bem escrito. Duas combinações certeiras, mas não consegui me afeiçoar ao personagem. Talvez pela falta dos diálogos? Pode ser. Apesar de ser narrado em primeira pessoa, gostaria de entender melhor o que acontecia ao redor dele. Algo difícil de desenvolver com poucas palavras, entendo. É que eu gosto quando um personagem me ganha, esse viveu muito pouco tempo.

    Boa sorte!!

  26. Claudia Roberta Angst
    11 de fevereiro de 2015
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    A ira retratada mais ou menos como aquele filme com o Michael Douglas. O cotidiano massacrante que anula a tolerância humana. Daria uma tese e tanto. Claro que já soubemos de muitas histórias de final trágicos provocados por um momento de ira. Estão nos jornais todos os dias. O tom de confessionário e a lição de moral encomendada pesaram um pouco no final.
    Compensar parte do MAL que causei – seria o correto.
    Boa sorte!

  27. Rodrigo Forte
    11 de fevereiro de 2015
    Avatar de Rodrigo Forte

    Confesso que consegui prever o final com alguma facilidade, mas isso não diminui a qualidade do texto. E você me fez refletir um pouco sobre o que vemos todos os dias. Acabamos descontando nossa raiva nas pessoas que não merecem e, mesmo que nem todos façam o que seu personagem fez, magoamos as pessoas constantemente com isso.

  28. Anorkinda Neide
    9 de fevereiro de 2015
    Avatar de Anorkinda Neide

    Um conto ‘ um dia de fúria’.. é bem clichê, nao é mesmo?
    Não inovação, achei a briga com a esposa muito superficial, nao entendi sequer pq brigaram, tá certo, q ele tava louco..mas…
    Naõ gostei do final tb..bem mimimi…kkk
    Sorry!
    Boa sorte ae!

  29. Gustavo Aquino dos Reis
    9 de fevereiro de 2015
    Avatar de Gustavo Aquino dos Reis

    Conto bom. Mas, assim como alguns outros contos desse desafio, o enredo gira em torno de crimes passionais. A escrita está impecável.

    Parabéns.

  30. mariasantino1
    9 de fevereiro de 2015
    Avatar de mariasantino1

    Oi. tudo bem com você?

    Gostei bastante da introdução do seu conto, da trama em si que faz refletir sobre a consequência dos nossos atos, nossos limites. Seu conto está bem escrito (diferente do meu, no quesito gramatical), mas, se você me permite algumas observações que acredito que poderão deixar seu escrito mais profundo, denso e diferenciado.
    Bem, sua narrativa está muito simples, sem atrativos, construções frasais de encher as vistas. Se lê e se entende tudo o que aconteceu, entretanto, sugiro que aposte na descrição de sentimentos, o ato em si é muito importante, bem como as consequências dele, porém o estado alterado do personagem é que vai vincular o leitor, fazendo-o torcer pelo personagem. Não digo que não haja sentimentos, mas você balanceou com as ações o que acabou deixando o escrito muito simples.
    É isso. Boa sorte no desafio. Um abraço!

  31. Gilson Raimundo
    9 de fevereiro de 2015
    Avatar de Gilson Raimundo

    Cedo ou tarde todos vivemos nosso inferno pessoal. Uma história bem narrada dando indícios de ser mais um caso real do que mera ficção.

  32. Tiago Volpato
    8 de fevereiro de 2015
    Avatar de Tiago Volpato

    Você escreve bem, mas achei o texto um pouco ‘denso’ demais, o que travou um pouco a leitura. Particularmente eu prefiro frases mais curtas, acho que dá mais dinâmica ao texto e faz ele fluir melhor. As vezes menos é mais.
    Abraços!

  33. Cácia Leal
    8 de fevereiro de 2015
    Avatar de Cácia Leal

    O conto está muito bem escrito, a angústia do personagem é evidente em sua reflexão. Por causa de um segundo de descontrole, sua vida se foi, seu amor se foi, e isso o destruiu por completo. A loucura o tomou por completo. Nem a morte ele teme mais, pois já não está mais vivo por dentro. Belo conto. Parabéns ao autor!

  34. Thales Soares
    7 de fevereiro de 2015
    Avatar de Thales Soares

    Hm. Achei todo o roteiro muito simples, não me surpreendeu. A única coisa que me agradou foi a habilidade com as palavras do autor. De resto, achei uma historia muito agua com açúcar. O velho chefe carrasco, misturado com a esposa reclamona, filhos bagunceiros, vida pacata e difícil, resultando num momento de peti do personagem, que é severamente punido e se arrepende. Não sei, mas para mim me pareceu simples demais. Gostaria que o autor tivesse se arriscado um pouco mais.

  35. Sonia Rodrigues
    7 de fevereiro de 2015
    Avatar de Sonia Rodrigues

    Português:
    Não me lembro de tê-la dito o que aconteceu. / Não me lembro de ter dito a ela dito o que aconteceu. (ela não é objeto direto do verbo ter, é objeto indireto do verbo dizer)
    parte do mau que causei / parte do mal que causei

    Há uma repetição no começo que poderia ser evitada: …” tendo visto o que vi e vivido o que vivi? “

    Trama: bem elaborada e trabalhada de modo criativo.
    Começo bom: “Dizem que os pecadores têm sua alma consumida pelo inferno.”
    Aí, o primeiro parágrafo peca por ser confuso, cheio de frases encadeadas. Fugindo od chavão aqui se faz, aqui se paga, o autor poderia resumir seu belo pensamento em uma única frase para explicar que sofremos as consequências de nossos atos nesse mundo mesmo. O pensamento é bom, precisa melhorar a maneira de expressá- lo
    A descrição do crime está excelente. Um clímax no meio do conto, após uma sucessão de emoções que vão levando a leitor a sentir a avalanche de emoções do personagem, descrito de modo direto e franco, seguido da consequência também objetiva: “A partir de então, passaria o resto dos meus dias em uma jaula.” Perfeito.
    O restante do conto segue com o personagem tomando consciência de seu erro.
    final:
    Muito bom. Eu preferiria a última frase mais concisa: “Não por temer o que está diante de mim, mas por buscar tranquilidade e harmonia em meus últimos momentos.”

    O conto me agradou. O estilo do autor é ótimo e sua técnica muito boa. Necessita melhorar o português, esse nosso instrumento de trabalho complicado, mas muito belo.

  36. Luis F. T.
    7 de fevereiro de 2015
    Avatar de Luis F. T.

    Ótimo conto. Fiquei com dó do personagem principal. E achei bem bacana sua tentativa de redenção ser o próprio texto. Bem engenhoso! Parabéns!

  37. Brian Oliveira Lancaster
    6 de fevereiro de 2015
    Avatar de Victor O. de Faria

    Meu sistema: EGUA.

    Essência: O começo desperta o interesse e se apega a um dos tipos que quase não apareceu por aqui. Nota 9,00.

    Gosto: Um fato cotidiano elevado à enésima potência. O início e o final fecharam muito bem o ciclo do desenvolvimento e ainda nos brinda com um final “feliz”, pois quase todas essas histórias não o têm. Ponto por referência ao Asimov (que poucos vão notar). Nota 8,00.

    Unidade: Não notei nada muito fora do padrão, o que não é ruim, mas também a escrita não chamou tanto a atenção. Talvez uma ou outra palavra/sequência diferente melhoraria o acompanhamento. Nota 8,00.

    Adequação: creio que se adequa bem, com seus ímpetos explosivos do nada. Nota 9,00.

    Média: 8,5.

  38. JC Lemos
    6 de fevereiro de 2015
    Avatar de JC Lemos

    Sobre a técnica.
    O texto é narrado com uma simplicidade incrível. O final principalmente. Isso nos mostra que não é preciso embelezar para fazer algo duradouro. Quando o mais simples e feito com vontade, a beleza é natural.

    Sobre o enredo.
    Apesar de corrido, gostei. O desenrolar da história foi muito bom, e ainda algumas passagens me fizeram desconfiar de certo autor. Haha
    Gostei por ser simples, e por ser assim, ele conseguir ser bonito.

    Parabéns e boa sorte!

  39. rubemcabral
    6 de fevereiro de 2015
    Avatar de rubemcabral

    Um bom conto: dá pra sentir a escala da ira do personagem-narrador. Bem escrito em linhas gerais, apenas alguns errinhos no último parágrafo: “mau” x “mal” e o “pôr” que deveria estar ser acento.

  40. Mariana Gomes
    5 de fevereiro de 2015
    Avatar de Mariana G

    Um dia difícil pode enlouquecer qualquer um(o coringa já sabe disso rsrs), foi cruel ver o personagem declinar na própria vida por causa de um chefe horrível, deu pena mas não passou muito disso. Boa sorte e tchau!

  41. Pedro Coelho
    5 de fevereiro de 2015
    Avatar de Pedro Coelho

    Texto muito comum. Os dois primeiros parágrafos caem no clichê total. E o final soa em tom de livro de auto ajuda. Personagens vagos e extremamente planos,voltando a cair em clichê. A narrativa por outro lado não se perde e o texto foi bem construído,ou ao menos construído de acordo com que o autor aparentou tentar. Mas o enredo ficou fraco e sem criatividade.

    Vale ressaltar que tudo que foi escrito não é uma verdade, e sim uma opinião pessoal,um ponto de vista. Se ofendi ou coloquei algo sem fundamentos peço desculpa. Minha intenção é ajudar o autor a melhorar com criticas construtivas.

  42. Fabio Baptista
    5 de fevereiro de 2015
    Avatar de Fabio Baptista

    Olá,

    A escrita é muito boa, peguei apenas os apontamentos:

    – ela tinha / uma mão
    >>> cacofonia (só para não perder o costume :D)

    – Não me lembro de tê-la dito o que aconteceu
    >>> ter dito a ela

    A trama, porém, não me agradou. Não vi muita relação, muita necessidade na verdade, em colocar o chefe lá no começo. Esses acessos de ira estão começando a saturar dentro do desafio, acho que contou um pouco essa questão contra esse conto também (desvantagens de postar o texto no final).

    Veredito: ótima escrita para uma história que não me agradou.

    • Fabio Baptista
      5 de fevereiro de 2015
      Avatar de Fabio Baptista

      Ah… utilizar a imagem para economizar as palavras da citação foi deveras criativo 😀

  43. Sidney Muniz
    5 de fevereiro de 2015
    Avatar de Sidney Muniz

    Gostei!

    Dentro da proposta o conto alcançou o devido efeito e a narrativa instigou-me a continuar lendo.

    Ainda que a trama seja simples, vi pontos altos durante a mesma.

    Não encontrei muitos deslizes, a revisão foi bem feita. Alguns parágrafos achei que ficaram um pouquinho extensos, mas nada que tenha ficado cansativo demais.

    Trama: (1-10)=8
    Técnica (1-10)=8
    Narrativa (1-10)=8
    Personagens (1-10)=9
    inovação e ou forma de abordar o tema(1-5)=4
    Título(1-5)=5 Realmente um inferno!

    Parabéns e boa sorte!

  44. Alan Machado de Almeida
    5 de fevereiro de 2015
    Avatar de Alan Machado de Almeida

    O início, a descrição do inferno, foi a parte mais interessante. Só achei os parágrafos grandes demais, podiam ser mais divididos talvez.

Deixar mensagem para Pedro Coelho Cancelar resposta

Informação

Publicado às 4 de fevereiro de 2015 por em Pecados e marcado .