EntreContos

Detox Literário.

As Deusas e o Grego (Alexandre Moraes)

Ato 1

O corpo estava ali.

Deitado de lado, roupão aberto, peito peludo, boca entreaberta em apelo silencioso por socorro. A cueca arreada até o joelho. Um pé sobre o outro. Um homem nu, morto, aos setenta e três anos, depois de duas cápsulas de Tadalafila, três taças de vinho branco e meia hora de esforço medíocre.

Virgínia não chorou.

Estava sentada na poltrona de veludo, observando Alberto Diniz da Fonseca como se ele fosse apenas um figurante mal posicionado. O cheiro amadeirado do perfume Creed misturado ao suor e ao leve ranço de sêmen, ela não sentia nojo. Sentia liberdade.

Ele havia morrido como viveu: convencido de sua potência. E vencido por ela.

Nos últimos seis anos, ele bancou tudo. Cartão, flat, faculdade, roupas de grife, harmonização facial, silicone, jantares, viagens (até a de Atenas, quando fingiu para a esposa uma venda de terrenos em Búzios para fundos imobiliários e levou a amante escondida). Não teve coragem de aparecer com ela em público, claro. Mas bancou o hotel cinco estrelas, o restaurante no terraço, e o vestido branco que ela usaria por cima da calcinha sem costura.

Era casado, pai de dois filhos. Palestrava sobre ética em negócios enquanto sonegava, traía, fingia. Um investidor do mercado imobiliário e financeiro que nunca investiu em afetos. Com ela, foi direto: “Você não me dá dor de cabeça, dá o que eu gosto.” E ela aprendeu: o luxo era uma coleira cara.

Mas ela sabia fazer render.

Durante a viagem à Grécia, enquanto ele roncava na suíte luxo, ela descobriu um nome nos folhetos do hotel: Theo Konstantinouos. O proprietário. Aparecia numa revista deixada no hall: um grego alto, cabelos brancos, olhar imperial. Lembrava uma versão helênica de Sean Connery, só que real. Virgínia recortou mentalmente o nome, sem saber o que o futuro lhe reservava.

Voltou da viagem decidida: se era para viver de lendas e mitologias, que fosse a dela. Trocou o sobrenome. Deixou o Duarte de lado, adotou Leal por ironia. Concluiu o curso de Letras, se especializou em grego clássico. Fez cursos de interpretação simultânea. Um dia, atenderia empresários e diplomatas, não só os engoliria com o sexo, mas com a língua.

Agora ele estava ali.

O véio.

Morto entre a varanda e o sofá, com a televisão ligada num canal de notícias e a boca escapando saliva. O batimento tinha parado. O tempo também.

Ela se levantou, colocou a calcinha, vestiu a camisa de seda que ele deixara cair, e ligou para a emergência.

— Por favor… — a voz embargada de atriz de novela das sete. — Meu namorado teve um infarto… acho que ele… ele tá…

Fingiu o choro. Soluçou com perícia.

Depois, ligou para Silvinha, da Baixada.

— Chama teu primo da civil. Discretamente.

Resolveram tudo em meia hora.

Mal súbito. Causa natural. Discrição absoluta. O nome dela não apareceu em nenhum canto. A esposa, que morava num condomínio no Recreio, cuidou da papelada. Os filhos dividiram os seguros. E Virgínia saiu dali com o vestido justo, a bolsa da Gucci, e um gosto de renascimento entre os lábios.

Pagou 6 meses de aluguel adiantado, com os dólares que Alberto mantinha num fundo falso do armário. O corpo foi enterrado sem discurso. Por fim, não herdou um centavo. Apenas o relógio Philippe Calatrava de ouro que ele usava no dia da morte e que, certamente, teria sido surrupiado na autópsia.

Valia uns 110 mil. Dali ela seguiria, sem amarras, sem remorsos.

Na segunda-feira, acordou cedo, atualizou o currículo, tirou o sobrenome Duarte, e mandou uma mensagem para um colega da área diplomática. Estavam buscando uma intérprete para uma visita oficial de empresários gregos ao Brasil. Era a oportunidade perfeita.

Virgínia anexou uma foto insinuante e enviou um e-mail sucinto e provocador para a vaga:

“Falo grego fluentemente. E também sou boa em tudo que faço.”

Ato 2

A resposta chegou direto no whatsapp dela, PDF com brasão e tudo.

MISSÃO ARMAÇÃO DOS BÚZIOS

“Prezada Sra. Virgínia Leal,

A Embaixada da Grécia no Brasil a convida para ser a intérprete oficial nos encontros entre empresários gregos e o setor imobiliário brasileiro. Sua expertise e sintonia com o universo helênico são essenciais para esta missão. Contamos com você.”

Ela respondeu imediatamente.

“Grata pela oportunidade! Estou à disposição para o que for necessário.”

Na semana seguinte, estava no hall de um edifício no Leblon, blazer branco, vestido justo, cabelo preso em coque, pescoço nu. A pulseira de ouro batia leve no pulso enquanto ela tocava o vidro do elevador panorâmico. Era ali, no último andar, que morava Theódoros Konstantinouos,  agora embaixador da Grécia no Brasil, recém-designado, mas já se expandindo em todas as direções: política, econômica e… pessoal.

Só o viu à distância, ainda como hóspede invisível, no saguão do hotel dele. Na época, Theódoros Konstantinouos era apenas uma foto em uma revista deixada no hall, um grego alto, cabelos prateados, olhar penetrante. Agora, era o homem que a contratava.

O elevador subiu devagar. O Rio lá embaixo parecia uma pintura: azul, lindas paisagens, concreto e… belezas.

Quando a porta abriu, quem a esperava não era Theo. Era a mulher dele.

Jéssica Montenegro Konstantinouos tinha pouco mais de trinta, corpo de yoga, pele de capa de revista e uma presença que ocupava o ambiente antes dela entrar. Cabelos negros presos com precisão, seios pequenos, coxas bem desenhadas. Short de linho branco, óculos escuros usados como tiara e um olhar que não pedia licença: avaliava, selecionava, decidia.

— Você é a… intérprete? – perguntou.

Virgínia sorriu altiva e estendeu a mão.

— Virgínia Leal. Graduada em Letras pela UFRJ. Especialização em grego clássico. Tradução simultânea. E profunda experiência com… comunicação estratégica. Muito prazer!

No segundo beijo, o rosto ficou mais próximo do que deveria. O perfume, cálido e intenso, provocou um arrepio que sentiu percorrendo seu corpo da nuca à base da coluna. Hum…

Jéssica não respondeu de imediato. Nem recuou.

Apenas se virou e conduziu a visita com o quadril levemente acentuado, marcando território e instigando ao mesmo tempo. Virgínia observava. Cada passo, cada mecha solta, cada dobra da blusa que colocava junto ao corpo, tudo era uma provocação.

Chegaram à varanda de vidro. Vista frontal para o mar.

— O Theo está no voo agora. Deve passar aqui antes de se reunir com o pessoal do escritório de arquitetura.

— E vocês moram aqui? — perguntou Virgínia.

— Eu, sim. Ele mora em Brasília. A gente se vê nos fins de semana.

Era uma resposta insinuante. O celular vibrou na mão de Jéssica. Mensagem. Theo.

“Receba bem nossa convidada. Ela tem talentos… e um grandeee currículo.”

Jéssica mostrou a tela, talvez sem perceber o gesto.

Virgínia sorriu. Não comentou. Apenas sentou-se no sofá e cruzou as pernas com precisão milimétrica.

— Você já esteve na Grécia? — perguntou Jéssica.

— Já. Com… um antigo investidor.

Jéssica arqueou uma sobrancelha.

— Investidor?

— Do setor imobiliário. Antigo. Arcaico. — Virgínia mordeu os lábios. — Fiquei no hotel da família Konstantinuous, mas não o conheço pessoalmente.

Nesse momento, a porta se abriu.

Ele entrou com a autoridade de quem não pede licença.

Theo Konstantinouos era ainda mais imponente do que nas fotos. Alto, ombros largos, cabelos brancos penteados para trás, pele dourada de quem envelhece ao sol. Usava camisa de linho, calça de alfaiataria e um relógio de pulso que não marcava a hora — impunha presença.

— Vârrrdjáánia! — disse, alongando o nome com sotaque mediterrâneo e sorriso largo.

— Sr. Konstantinouos — respondeu ela, firme, provocando a inclinação exata entre reverência e ironia. — O senhor me conhece?

— Só o curriculum. Mas muitcho curioso para conhecer-lhe melhor, hã?

Jéssica observava a cena sem saber se via uma comédia ou um prelúdio de tragédia.

— Vamos descer ao escritório. — disse Theo, virando-se para Virgínia com naturalidade. — Temos um job burocrático nos esperando. Mas posso garantir que o fim de semana será… bastante prazeroso.

Virgínia o acompanhou.

Jéssica permaneceu parada na varanda, olhando para o mar. E pela primeira vez em meses, sentiu algo diferente no peito. Algo entre raiva, ciúme e… curiosidade!

Ato 3

Os dias seguintes foram ocupados por reuniões, traduções, apresentações de plantas baixas, análises de viabilidade e trocas diplomáticas de gentileza entre os empresários gregos e os representantes brasileiros do setor imobiliário. Engenheiros e arquitetos apresentavam laudos, discutiam área construída, impacto ambiental, retorno estimado do investimento. Virgínia traduzia tudo com eficiência e sorriso calculado, a única que parecia entender todos os idiomas, inclusive os subentendidos.

Nos intervalos, Theo a observava. E todos os homens também. Ninguém disfarçava.

Durante um coffee break, Theo comentou:

— Você sabe conduzir. E tem um talento raro: domina o silêncio… estratégico, hã?

— Cresci sob gritos. Aprendi a falar apenas na hora certa — respondeu.

— Eu gostaria de ouvir mais sobre você…

Jéssica chegou logo depois com uma bandeja de água saborizada. Não falou nada, mas viu os olhos dele fixos nos lábios de Virgínia, e viu o leve rubor que Theo nunca tivera por ela desde… desde quando mesmo?

Na quinta-feira à noite, a última reunião foi cancelada.

Theo convidou os principais envolvidos para um jantar de agradecimento no restaurante do Fasano. Discurso protocolar. Vinho. Carpaccio. Brindes. Depois, restaram apenas os três.

No caminho de volta, já no elevador do prédio, Theo rompeu o silêncio:

— Esse projeto é mais do que um resort. É uma reinvenção da marca Konstantinouos na América Latina.

Virgínia apenas assentiu.

— Os investidores gostaram do terreno. Mas eu não gostei dos investidores. Muito passivos. Muito… europeus demais hã?

— Ou muito interessados em algo que você não quer dividir — respondeu ela.

Ele riu.

— Talvez.

Jéssica olhou para os dois, depois para o painel do elevador. O número 11 brilhava. Faltava pouco para o andar deles. Faltava muito para entender o que estava acontecendo.

Na cobertura, Theo serviu whisky.

Jéssica tirou os sapatos. Virgínia ficou de pé, encostada na bancada, o vestido de seda leve caía como uma segunda pele, imitando o contorno de seu corpo. Os seios enrijecidos com o vento frio da noite.

— Esse fim de semana é meu aniversário. Sessenta anos — Theo disse, feito quem oferece um segredo. — Estava pensando em comemorar de forma… menos formal.

Silêncio.

O tipo de silêncio que tem intenção.

— Um amigo cedeu a casa dele, no alto da Praia da Ferradura. Vista total, acesso restrito, ninguém por perto. A casa está pronta para nos receber. Pensei em irmos até lá. Só nós três.

Virgínia deu um gole no whisky.

Jéssica não disse nada. Apenas pousou o copo na mesa de vidro e caminhou até a varanda. O vento batia nos ombros nus. O Rio continuava o mesmo, lindo e distante.

Theo se aproximou por trás dela.

— Você está quieta.

— Estou pensando.

— Em quê?

— Em como vocês dois se olham.

Theo respirou fundo.

— É só uma ideia. Podemos ir… discretos hã? Relaxar. Celebrar o fechamento da missão. Um brinde ao sucesso e… ao que vem depois.

— Ao que vem depois? — Jéssica virou-se. Havia algo novo no rosto dela. Uma raiva elegante. Um fogo antigo. — E quem seria a convidada de honra, das duas?

Theo hesitou.

— Isso… depende de como vocês se entendem.

A frase caiu no chão feito um copo de cristal que não se quebra, mas trinca por dentro.

Virgínia terminou o whisky e pousou o copo.

— Eu não me incomodo com o cenário. Nem com a companhia. Mas…

Fez uma pausa.

— Se for para jogar, quero saber as regras.

Theo olhou para Jéssica. Ela devolveu o olhar.

— O que você quer, Virgínia? — perguntou Jéssica.

Virgínia sorriu com a calma de quem já venceu.

— Quero o controle do jogo.

O silêncio agora era um pacto.

— E você? — Theo se virou para Jéssica. — Está disposta a… dividir espaço?

Jéssica cruzou os braços.

— Eu abro espaço pra quem entra pela porta da frente. Mas não vou ser espectadora.

Theo se aproximou.

— Ninguém quer você como espectadora, Jéssica. Você não é coadjuvante…

Jéssica deu um passo para trás.

— Então, prove.

Ele entendeu o que ela queria dizer. E sabia que não bastava palavras.

Na manhã seguinte, antes de embarcarem, ele a chamou para uma conversa a sós. No quarto, sem cerimônia.

— O que você quer, Djéssica, hã? — ele perguntou.

— Quero o topo! Não quero sobras…

— O que você propõe?

— Me dá o comando do resort. Me nomeia CEO da unidade Brasil. O Grupo Konstantinouos precisa de mais do que charme europeu. Precisa de visão feminina e brasileira!

Theo ficou em silêncio. Depois assentiu.

— Está feito.

— Ótimo. Agora podemos comemorar seu aniversário. Com todas as honras.

Ato 4

O helicóptero cortava o céu límpido sobre a costa fluminense, levando três passageiros e uma tensão elétrica que não cabia nos cintos de segurança. Theo era o copiloto. Comandava tudo — menos o que aconteceria naquela noite.

Do banco traseiro, Virgínia observava a silhueta da casa surgir entre os morros. Um refúgio moderno no alto da Praia da Ferradura, paredes de vidro, estrutura de madeira escura, piscina de borda infinita mirando o Atlântico. Isolada o suficiente para que ninguém ouvisse um sussurro. Ou um… gemido.

— Casa de um amigo — explicou Theo, tirando os óculos escuros ao pousar. — Um diplomata aposentado. Ele a deixou pronta pra gente. Intimidade total. Sem vizinhos, sem rastros.

— Um amigo generoso — disse Virgínia, descendo do helicóptero, os cabelos jogados para trás pelo vento, em pose digna de comercial de perfume caro.

— Ou com culpa no cartório — completou Jéssica, vestida com um conjunto bege de linho e ironia. — Diplomatas sempre têm algo a esconder, né Theo?

No hall de entrada, três taças de espumante já estavam servidas. Virgínia deu o primeiro gole. Olhou ao redor. Arte contemporânea nas paredes, velas aromáticas acesas, playlist instrumental rodando no fundo… tudo pronto demais. Como se alguém tivesse ensaiado a espontaneidade.

Na suíte principal, havia uma nécessaire preta esquecida sobre a cabeceira. Dentro, dois frascos de Tadalafila, um deles pela metade.

Virgínia viu antes de todos.

Mas não comentou.

Mais tarde, sozinha no quarto de hóspedes, ela se deitou e revisou mentalmente os gestos de Theo ao longo do dia: o sorriso ensaiado, o toque ansioso na lombar dela, o whisky servido com pressa, o olhar de quem calcula, mas não confia. Havia algo ali. Um esforço.

Theo estava tentando performar potência.

Mas virilidade não se finge para sempre.

Na varanda, antes do jantar, Jéssica se aproximou com duas taças de vinho.

— Ele está nervoso – disse.

— Porque sabe que perdeu o controle — respondeu Virgínia.

— E você? Está nervosa?

— Estou em casa.

As duas brindaram em silêncio. Se entrelaçaram levemente, se tocaram, não rivais, mas mulheres com segredos demais. Mulheres que se queriam.

O jantar foi servido na área externa.

Lagosta grelhada, salada cítrica, vinho branco gelado. Theo vestia uma camisa de linho branca, desabotoada no colarinho, o rosto levemente suado. Tinha aquele ar de homem que sabe o que quer, mas teme não conseguir.

— Um brinde – disse ele, erguendo a taça. — Aos sessenta. À liberdade. E às mulheres que me fazem querer chegar aos setenta.

Jéssica riu com elegância.

Virgínia apenas sorriu. Um sorriso curto, cortante. Desses que cortam a fita de uma fantasia.

A noite avançou. A mesa foi desfeita. Os três voltaram para a sala, onde um som ambiente preenchia os silêncios. Theo tentou se aproximar de Virgínia, mas ela desviou com a leveza de quem guia sem parecer.

— Precisa de mais um comprimido? — perguntou ela, quase sussurrando, ao passar por ele no corredor.

Ele parou.

Olhou para ela.

Demorou um segundo a mais para responder.

— Comprimido, hã?

— Eu conheço os frascos. E os homens que os carregam.

Theo baixou os olhos.

Respirou fundo.

— Às vezes, é só precaução.

— Às vezes, é só coisas da idade.

Ela o deixou parado ali e foi buscar mais vinho.

Jéssica, que ouvira o suficiente, o encontrou minutos depois ainda imóvel.

— Você acha que o desejo dela depende da sua ereção? — desafiou.

— Eu não sabe. Meu desejo agora é apenas… jantar. Não quero ninguém com fome.

— Então faz o que tem que ser feito!.

Mais tarde, na piscina aquecida, sob as estrelas, os três estavam juntos pela primeira vez sem papéis definidos. A água refletia luzes tênues. O silêncio era convite.

Virgínia entrou primeiro. Nua.

Jéssica seguiu. Linda e natural.

Theo hesitou. Depois, tirou a camisa, o relógio, os sapatos, mas não a insegurança.

Dentro da água, os corpos se tocaram lentamente. Não havia por que ter pressa. Havia tensão. Havia curiosidade.

Virgínia se aproximou de Jéssica.

— Você já foi desejada por uma mulher?

— Já fui observada. Desejada, não sei.

— Agora é.

Beijou-a com calma, depois com fome.

Theo assistia. Preso entre excitação e inadequação.

Virgínia o olhou.

— Se quiser entrar, precisa aceitar uma coisa.

— O quê?

— Aqui, você obedece calado! Hã?

Ele entendeu. E pela primeira vez, não se incomodou.

Ato 5

O helicóptero pousou no Leblon com a mesma precisão da ida, mas os que desceram não eram os mesmos.

Jéssica andava mais solta. Havia algo novo nos olhos dela, não brilho, mas domínio. Theo mantinha o charme, mas agora com uma camada de silêncio. E Virgínia… Virgínia sorria feito quem tem o mapa do tesouro e sabe o valor dele.

— O carro está esperando – disse Theo, tentando soar casual.

Virgínia olhou o sedã preto estacionado à frente. Depois, o céu.

— Eu vou de Uber.

— Não seja ridícula – disse Jéssica, com uma ponta de súplica.

— Foi… educativo – disse Virgínia.

Beijou Jéssica no rosto, um segundo a mais.

Estendeu a mão a Theo. Os dedos se tocaram.

— E entretivo…

Virou-se para ir, mas no quarto passo parou.

Sem olhar para trás, perguntou com a voz limpa e baixinho, quase informal:

— Theo, agora que a Jéssica é CEO, você vai me indicar para primeira-ministra? Ou isso também é… precoce, hã?

Silêncio. Nenhuma resposta. Nenhum movimento.

Ela apenas sorriu e entrou no Uber.

Quando a porta fechou, Theo passou a mão no queixo, inquieto.

— Curioso, de repente me veio uma lembrança de quem me convenceu a investir no Brasil — murmurou.

— Como assim? — perguntou Jéssica.

Ele demorou um segundo.

— Aquele velho… o terreno em Búzios… a viagem dele à Grécia… hã?

O Uber arrancou devagar.

E, pela primeira vez, Theo entendeu: ele não era protagonista. Era apenas personagem.

Sobre Fabio Baptista

Avatar de Desconhecido

20 comentários em “As Deusas e o Grego (Alexandre Moraes)

  1. Priscila Pereira
    18 de setembro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Oi, Alexandre! Li seu conto faz um tempo e vou comentar o que lembro do que ele me fez sentir. Então, achei muito bem escrito e muito inteligente! O final mostrando que foi tudo armação da protagonista com o velho que morreu no começo foi muito bom mesmo! Mas, não achei sabrinesco e nem alta literatura, mas não importa o que eu acho, né 😁

  2. Mauro Dillmann
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Uma mulher esperta, interesseira e bastante sexualizada. Virgínia.

    O conto é ambientando no tempo presente e a estória se desenrola lenta e gradativamente.

    Confesso que, em algum momento, cansei. Mas fui até o fim para entender os “Atos”.

    Tem humor: “voz (…) de atriz de novela das sete”, entre outras tiradas.

    Seria sabrinesco? Ou quis apresentar-se como alta literatura? Não sei.

    A escrita é correta.

    Parabéns!

  3. leandrobarreiros
    12 de setembro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Dos contos que li até agora, foi o primeiro que realmente me impulsionou na leitura. O autor brincou de contar uma história complexa com três personagens , diferentes cenários e espaços temporais, em 3000 palavras. Sinceramente isso para mim é o topo da técnica de um contista. 

    Achei o casal grego super interessante, mas ainda assim Virgínia consegue roubar a cena, sempre. A capacidade de manipulação dela é mostrada de maneira tão versátil que é quase um subtexto alicerçado. 

    Manipulou o primeiro sugar daddy, a Jéssica e o grego e fez isso sem parecer uma caricatura, preservando sua curiosidade e, de certo modo, humanidade. A maneira como mexeu com a insegurança do grego para manipulá-lo foi brilhante, embora ele tenha dado mole com aquela tadalafil ali hehe

    Sempre que encontro um texto que gosto muito não tenho tanta coisa para falar sobre ele. 

    Reforço que achei incrível como você conseguiu construir tanta coisa de maneira satisfatória em 3000 palavras. Nada parece solto ou incompleto.

    Enfim, um excelente texto. Meu primeiro 10. 

  4. Thaís Henriques
    9 de setembro de 2025
    Avatar de Thaís Henriques

    De fato muito bem escrito, mas a estória não me cativou…

  5. claudiaangst
    9 de setembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Tudo bem, autor(a)?

    Um conto com pretensões sabrinescas? Não consideraria alta literatura.

    Sei que há uma trama misteriosa por trás da narrativa, mas não captei muito bem. E, sim, estou com preguiça de reler o conto, então vou ter que passar apenas a minha impressão pós leitura.

    A linguagem empregada é coloquial, simples, sem complicações. Os diálogos agilizaram a leitura. Não percebi falhas de revisão.

    Não sei se é implicância minha, mas me incomodou a repetição de certas ideias, por exemplo, as características da tal casa onde se daria o jogo “entretivo”. Algumas passagens ficaram muito explicadinhas.

    Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.

  6. Fabiano Dexter
    8 de setembro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História

    Aqui vemos uma breve história de Verônica, moça bonita e que gosta de explorar homens mais velhos, como amante, em busca de uma vida de luxo.

    A história começa com um ex morto na cama e descreve a sua busca por um novo patrocinador, dessa vez um grego dono de uma rede de hotéis e casado com Jéssica, uma mulher que em muito se parece com ela.

    A partir daí temos o desenvolvimento da trama e o conto detalha os relacionamentos entre os três, colocando sempre as mulheres em posição de dominância.

    Tema

    Sabrinesco até a raiz, menos pelo clima de romance e mais pelo protagonismo feminino.

    Construção

    História simples e com uma escrita muito bem trabalhada. O foco está no clima entre os personagens e é isso que eleva o conto.

    Não é meu tipo de conto que eu procuraria para ler, mas esse é o grande mérito do EntreContos, nos possibilitar encontrar excelentes textos que em situações normais eu não consumiria.

    Vi uma pequena repetição em relação à troca de nome, mas nada que impacte a experiência.

    Impacto

    Adorei as comparações que apareceram principalmente na primeira metade do conto e que poderiam ter dado outro tom à segunda metade, mais dinamismo ao tema. “.. três taças de vinho branco e meia hora de esforço medíocre” ou “Ele havia morrido como viveu: convencido de sua potência” ou “… um relógio de pulsa que não marcava hora – impunha presença.” Excelente!

  7. toniluismc
    8 de setembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Olá, Ártemis!

    A seguir, coloco minhas anotações sobre o seu conto:

    O texto tem início forte e visual: a descrição do corpo no chão, o cheiro e o silêncio cria um ambiente palpável e perturbador imediatamente. A construção frasal é afiada, direta e quase cinematográfica. A voz de Virgínia emerge poderosa e controlada, e o controle do ritmo — alternando entre descrição, memória e tomada de poder — é preciso.

    Há coesão formal consistente, e a sintaxe varia conforme o clima: frases curtas e secas no Ato 1, expansão reflexiva conforme a personagem retoma autonomia. O uso simbológico (roupão, hora exata, brand names como Creed) é pontual e eficaz.

    O equilíbrio entre cena, narrativa e diálogo — embora mensagem furtiva — está muito bem grafado.

    A estrutura em formato de atos, modo dramatúrgico, é uma escolha ousada que dá estrutura teatral e tensão acumulada. A narrativa foge do folhetim ou romance comum e se movimenta entre gêneros — é drama, é contorno simbólico de poder feminino, é thriller íntimo.

    A caracterização de Virgínia — não como vítima, mas como protagonista que se impõe — é original e instigante. A metáfora da mitologia (Ártemis) está embutida com sutileza, sem didatismos, funcionando como sombra simbólica de uma mulher que persegue seu arcadiano destino com precisão letal.

    A trama sobe ainda mais quando se move para o triângulo com o embaixador e sua esposa — tudo orquestrado com tensão e consentimento. É criativo com controle e profundidade.

    A abertura arranca o leitor da zona de conforto e introduz um misto de choque (morte), curiosidade (quem é Virgínia?) e estranhamento (por que ela sorri?).

    A trajetória da personagem — da amante que sobrevive ao amante, à formação da nova identidade (Leal), ao poder institucional (tradutora que vira celebridade diplomática) — cria uma progressão emocional e narrativa marcante.

    O ápice, com tensão sexual à beira da piscina sob as estrelas, propõe algo além do erotismo — é um deslocamento de poder simbólico e real. O final, com Virgínia deixando o Uber e saindo de cena, consolida seu triunfo silencioso. É um impacto sutil, certeiro, sem bombas dramáticas mas com ressonância.

    Parabéns pelo belo texto!

  8. Rodrigo Ortiz Vinholo
    8 de setembro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Achei bem escrito, gosto como os detalhes de comportamentos e ações cheias de duplo sentido ocorrem. Bem dentro da proposta, o conto parece realmente existir em um mundo paralelo onde todo mundo é cheio de segundas intenções. Não me pegou tanto como um todo, achei que caminhou por um enredo óbvio, mas dentro disso, foi bem escrito. Parabéns!

  9. Gustavo Araujo
    5 de setembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Não curti muito este conto. Creio que o(a) autor(a) é alguém acostumado a esse tipo de narração, com personagens simples e histórias idem. Claro que é algo totalmente válido, ainda mais se considerarmos que a proposta do desafio é escrever algo “sabrinesco”, aqui entendido como sexy sem ser vulgar. Nesse aspecto é válida a tensão sexual entre Virgínia e Jéssica, inclusive no propósito de destronar o grego milionário, que no fim se revela um autêntico fantoche. De fato, o conto cumpre esse objetivo e, como sabrinesco que é, tem sucesso em prender o leitor do início ao fim, aferrando-o na possibilidade de as mulheres levarem até o fim o jogo de sedução que mantêm entre si.

    Mas isso, pelo menos a meu ver, é muito pouco em termos literários. O enredo é plano demais para o meu gosto e os personagens, decepcionantemente unidimensionais. Enquanto leitor, procuro algo mais profundo, que diga mais, que acrescente, que subverta os sentidos e esse é o motivo da minha bronca, pois não enxerguei nada disso aqui.

    Este conto é bom enquanto leitura imediatista, que emula muito bem o tipo de romances que se veem aos milhares na página inicial da Amazon. Exatamente por isso, dá para dizer que há muito público para histórias assim. Infelizmente, porém, não estou nesse universo.

  10. Jorge Santos
    4 de setembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, Artemis. Este é o terceiro conto que li neste desafio e o primeiro que se adequa unicamente ao tema “Sabrinesco”, que é uma palavra que não usamos aqui. O conto narra a história da amante de um empresário que, depois da sua morte, decide subir na vida e se envolve com um casal de gregos que vem ao Brasil com o fim de investirem no mercado imobiliário. No meio do texto, uma linha apenas a indicar que, por algum motivo, ela decide tornar-se tradutora. E um simples e-mail serve para arranjar um emprego nesta área com o consulado da Grécia. Creio que esta parte do conto é bastante incoerente. Percebo a intenção, o jogo de poder e sedução está bem patente na linha da narrativa, mas um simples curso não fazer com que se fale fluentemente outra língua. Um tradutor profissional investe anos em formação. Creio que a trama devia ter sido tratada de outra forma. Bastava, por exemplo, que ela tivesse passado parte da vida na Grécia e só depois fosse para o Brasil. Assim já ficava explicado o grego fluente (se bem que, a ver pelos adolescentes de hoje, crescer num país não basta para se tornar fluente na língua…). É só uma ideia, que poderia ter tornado o texto mais coerente e, dessa forma, mais interessante.

  11. sarah
    31 de agosto de 2025
    Avatar de sarah

    Olá, uma excelente história, muito  bem escrita com todas as referências a vida de pessoas ricas, empresários, investidores, roupas, perfumes, emfim, tudo bem descrito e ambientado também. Não sei, não consegui gostar da Virgínia. Acho que ela é muito calculista, a única hora que senti algum sentimento verdadeiro foi no início com a partida do velho investidor, quando ela sente alívio, e quando ela sente desejo pela Jessica.

    Fiquei aqui esperando uma cena de pegação das duas mulheres, ou um menage, sei lá, risos. Mas mesmo que não tenha aparecido, as insinuações já foram ótimas. E no fim o grego foi dominado não por uma, mas pelas duas deusas! Achei isso irônico e interessante.

    Saber no final que o Theo se lembrou vagamente de ter ouvido o nome da Virgínia foi um detalhe muito legal, deu outra dimensão pra tudo, como se realmente fosse tudo planejado. E eu suspeitando que quem estava planejando artimanhas era o Theo. Só gostaria de citar que na hora de descrever a Virgínia, a Jessica e o próprio Theo, você colocou que eles tinham “presença”, ficou um pouco repetitivo isso sabe? Mas é só uma palavra, sua escrita é muito boa e nos envolve na história. Fiquei pensando no seu conto e tô achando que quando o Theo pergunta pra Jessica como ela quer que sejam as coisas e ela diz que não quer ser coadjuvante, e quando ele pergunta pra Virgínia, ela diz que quer controle; nenhum deles tava falando de sexo! Ou estavam? Eu fiquei em dúvida agora. Risos. E só mais uma coisa: quanta gente gostosa nessa história! risos, tá louco! Diga-se de passagem que não estou reclamando, risos.

    Muito bom conto!

  12. Pedro Paulo
    29 de agosto de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    A escrita ágil é o que faz este conto. Não há uma palavra que se perca. Ação, diálogo e descrição estão equilibrados sem perder de vista a sutileza, que é a força do texto em todas as insinuações e jogos íntimos que redefinem as relações de poder entre masculino e feminino. O erotismo está presente sempre pela sugestão, nunca decaindo para o apelativo e sempre favorecendo a narrativa com mais camadas sobre as relações entre os personagens. O trio, aliás, tece uma relação metalinguística com o gênero hot, remetendo a fantasias de poder com o figurão da multinacional, a esposa solitária, a femme fatale que os preda… mas é subvertido, guardando em si a reviravolta que engrandece o conto e garante o clímax.

  13. Kelly Hatanaka
    19 de agosto de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Eu não avalio esta série, então, me permito avaliar como leitora, de forma mais livre e bem pelo meu gosto pessoal. Desculpe alguma coisa.

    Tema

    Nem nem. Nem alta literatura, nem romance.

    Considerações

    GP golpista transa com casal grego. O homem, empresário, troca o poder por sexo a três. A esposa ganha o poder. A GP ganha o que? A possibilidade de poder? Material para chantagem? Bom, não sei.

    O foco da história está na Virginia, a GP golpista. Ela é calculista, fria e ambiciosa. Ela parece ter feito um golpe de longo prazo que deu certo. E deu certo por que? Por que ela transou com o tal grego dono do hotel. Não entendi esse golpe porque, de fato, ela não ganhou nada. Mas deve ser só porque eu não sou golpista, então não entendi o que aconteceu. Sou mesmo meio lerda…

    Jessica, a esposa, exige o controle da empresa no Brasil para topar um sexo a três e o marido aceita. Essa sim, ganhou alguma coisa. O marido, por fim, percebe que foi feito de bobo enquanto pensava com a cabeça de baixo.

    E é isso.

    São três personagens sórdidos tentando tirar vantagem uns dos outros.

    Só não entendi onde está o romance ou a alta literatura. E o que a Virginia saiu ganhando.

  14. marco.saraiva
    19 de agosto de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Um conto daqueles estilo “Game of Thrones”. Virgínia usa da sua beleza e competência para manipular homens ricos, especialmente aqueles que querem sentir poder sem serem poderosos. Após ter sido amante de um milionário de 70 anos, e vê-lo morrer do coração bem diante dela, ela parte para uma nova conquista: o empresário grego Theo. Mas o homem já comia na mão da própria esposa, Jéssica, e o triângulo é formado. Tudo culmina em Theo sendo prontamente manipulado pelas mulheres da sua vida, cedendo cargos e dinheiro em troca de sentir-se “potente”.

    O conto explora bem as dinâmicas entre os sexos e dinâmicas de poder. Ele bota em questão o que é poder de verdade, e quem pode exercê-lo.

    No geral, achei que Virgínia foi uma personagem bem trabalhada. O início do conto estabelece logo uma faceta do que esperamos ver nela: o desinteresse diante de um corpo morto, o pragmatismo e o foco em seguir adiante com os seus planos.

    Um conto interessante!

    NOTA: Apesar da ideia interessante e de uma personagem bem construída no início, achei o conto um tanto confuso. No final Theo faz uma ligação entre o ex-amante de Virgínia e a própria Virgínia? Como? E foi o amante falecido dela que havia convencido Theo a investir no Brasil? Mas o conto diz que ela só viu Theo na capas de revista no Hall do hotel… coincidência, então? E por que Theo precisava de uma intérprete se ele já falava português e grego fluentemente? E por que Virgínia teve que trocar de sobrenome?

    Há também uma certa confusão lógica em alguns trechos. Por exemplo, na frase “Theo nunca tivera por ela desde… desde quando mesmo?“. Ele nunca teve, ou não teve desde certo tempo?

    Outra parte confusa foi quando Virgínia encontra Jéssica pela primeira vez. A esposa fala que Theo está no voo, indo para lá, mas algumas sentenças depois ele já esta abrindo a porta do apartamento. Ele estava no voo, ou no elevador?

    Enfim, apesar de o conto ter potencial, acho que a narrativa precisa de um pouco de revisão, para ficar mais coerente!

  15. andersondopradosilva
    18 de agosto de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, autor.

    Autor, não se chateie, mas não gostei muito do seu conto. Ele está razoavelmente correto, coeso, fluido. A técnica é boa. O que me desagradou foi o enredo. Julguei que você apresentou uma história demasiado fútil.

    Considerei tomar todos os textos sabrinescos como fúteis, mas concluí que não somos donas de casa ou trabalhadoras cansadas indo à banca comprar um romance sabrinesco. Somos um grupo de escritores inteligentes e criativos nos desafiando mutuamente.

    Inteligência e criatividade é o que encontrei em Nossos Sapatos Não Combinam. Ali, há paixão e tesão pelo CEO, ao estilo do pior sabrinesco da Amazon. Mas há também drama conjugal na forma de um símbolo, uma metáfora inteligente e criativa, algo pequeno de que se denota um drama profundo, um drama que culmina, inclusive, na atração pelo CEO. Então, ali, o tesão não é gratuito, ao contrário, é intencional e simbólico. Depois de Nossos Sapatos Não Combinam, passei a esperar um pouco mais dos sabrinescos.

    Inteligência e criatividade também é o que encontrei em O Conde Que Me Amava. Ali, o autor conseguiu a façanha de conciliar os temas alta literatura e sabrinesco.

    Então, autor, achei que o seu sabrinesco entregou pouco. Soou como apenas mais uma história de fêmea fatal manipuladora e golpista.

    Nota 3.

  16. Mariana Carolo
    13 de agosto de 2025
    Avatar de Mariana Carolo

    História: Uma moça trabalha como acompanhante, para bancar a faculdade e uma vida de luxo. A morte do amante rico e velho lhe dá liberdade financeira para isso. Eu vou admitir que, talvez eu não tenha entendido – ela cria o plano de fazer o grego bonitão investir no Brasil assim que vê ele? O amante velho levava tão em conta o que a moça “do job” dizia? Enfim… Ela se torna tradutora para diplomatas, encontra o empresário Sean Connery de novo e arquiteta um triângulo amoroso. No final, ela pede indicação para se tornar primeira-minstra (eles estão no Brasil? Já que não há este cargo aqui…). Eu não sei, talvez esteja lendo esses contos sabrinescos de maneira errada. Não é a minha praia. Admito que fiquei lendo e pensando se a Virginia fez o concurso para tradutor juramentado. E o Konstantino, sei lá, fiquei imaginando ele como um sertanejo – o grego exalava cafonice e o sotaque, meu deus. Enfim, não me entenda mal, não é pessoal 0,75/2,0

    Escrita: A história têm furos, mas a escrita é segura. O autor ou autora sabia qual o estilo que queria seguir e foi firme. Isso é admirável. Como eu disse, esse tipo de história não é a minha praia, mas o público delas existe e é grande. Bem grande mesmo. Se você seguir neste caminho, provavelmente vai ficar famosa (o) 1,5/2,0

    Impacto: Não é minha praia, mas causou estranhamento e isso é positivo. 0,5/1

  17. cyro eduardo fernandes
    13 de agosto de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Trama ardilosa, bem narrada. Estilo soft porn, creio que dentro do Sabrinesco. A mistura de sexo, poder, riqueza e ambição foi bem balanceada. Não houve como evitar alguns clichês, mas seria um roteiro melhor do que a maioria dos filmes da Netflix.

  18. Antonio Stegues Batista
    5 de agosto de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    O conto conta a história de Virginia, uma mulher ambiciosa que se especializou em seduzir homens ricos em busca de um lugar no mundo em que eles vivem, a fim de alcançar uma posição de poder, domínio e, claro, ganhar muito dinheiro. O sexo é apenas uma ferramenta, ou um instrumento como a beleza e o conhecimento para atingir seu objetivo. Ela usa esses mesmos elementos para subjugar e manipular os homens fracos e de idade avançada, os mais carentes para se encontrar com uma terceira pessoas, muito mais rica e poderosa.

    O conto está bem escrito, você tem habilidade para conduzir os personagens no ambiente e descrever suas emoções em poucas linhas, evitando devaneios desnecessários. Mas achei a atmosfera do conto um tanto quanto fria e mecânica. Você usa e abusa de clichês na narrativa muito comum em contos sobre CEOS e suas secretárias fogosas. Apesar disso é um bom conto sabrinesco, leve e sofisticado.

  19. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    5 de agosto de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Tema sabrinesco.

    Enquadrei seu conto nessa categoria porque ele fala sobre sedução, inclusive com um toque interessante de lesbianismo, apresentando um triângulo amoroso. Muito bem exposta a questão do homem que finge ter poder e potência em oposição às mulheres que puxam os cordéis nos bastidores. Os eventos sequenciais tornam a narrativa bastante fluida. O título foi muito bem escolhido além de ser criativo.

    Não ficou muito clara para mim a relação entre a profissão de diplomata do personagem masculino e ele ser dono de uma rede hoteleira.

    Quando a porta abriu, quem a esperava não era Theo. Era a mulher dele.

    Nesse trecho seria melhor quando a porta foi aberta, ou quando abriram a porta. Quando a porta abriu soa estranho.

    Nesse momento, a porta se abriu.

    Senti falta de alguma indicação de passagem de tempo, já que o Téo estava no vôo.

    Ele entendeu o que ela queria dizer. E sabia que não bastava palavras.

    Aqui seria não bastavam palavras

    A noite avançou. A mesa foi desfeita. Os três voltaram para a sala, onde um som ambiente preenchia os silêncios. Theo tentou se aproximar de Virgínia, mas ela desviou com a leveza de quem guia sem parecer.

    Aqui seria desviou-se

    — Às vezes, é só coisas da idade.

    Aqui seria são só coisas

    — Eu não sabe. Meu desejo agora é apenas… jantar. Não quero ninguém com fome.

    Aqui seria sei, ele não mostrou problemas com palavras antes.

    Pode parecer chatice minha, mas essas falhas prejudicam a imersão na história.

  20. Luis Guilherme Banzi Florido
    3 de agosto de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia! Tudo bem? Tô lendo os contos na ordem de postagem do site, sem ter conferido quais são minhas leituras obrigatórias.

    Um título criativo, brincando com a ideia de deus grego, que é quase uma unanimidade no gênero. Esse conto me surpreendeu. Até metade, eu tava achando meio clichezao, e tava achando fetichista, pra ser sincero. Achei que fosse descambar num trisal com o velhão se dando bem e exercendo poder sobre as minas. Maaaas pra minha grande surpresa, o conto tem uma virada completa, e as relações de poder se provam outras, com as meninas aproveitando do velho babão. A gente até descobre que a Virgínia tinha armado tudo desde o começo. Sensacional o plot Twist do finalzinho. Isso mudou drasticamente meu conceito do conto! O que eu achava até a metade: clichê e fetichista O que achei apos ler: inteligente, sagaz, esperto, ótimo final e ótimo plot Twist. Vc soube brincar com minhas expectativas e usá-las contra mim. Além disso, a escrita é primorosa. A personalidade das personagens femininas é ótima, forte e bem desenvolvida. Virgínia já começa demonstrando frieza e uma personalidade poderosa. O conto brinca com a ideia de que ela vai ser dominada por um ricão, e depois subverte isso, mostrando que ela manipulou tudo desde o começo. Enfim, ótimo conto!

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Publicado às 3 de agosto de 2025 por em Liga 2025 - 3A, Liga 2025 - Rodada 3 e marcado .