EntreContos

Detox Literário.

Uma Noite de Ousadia (Leandro Barreiros)

Eu nunca tinha ido em uma suruba.

Nos meus tempos vivendo no interior de São Paulo, eu ostentava essa particularidade com bastante orgulho.

“Lá vai Mariana, a menina que nunca foi em uma suruba”, as pessoas costumavam dizer, apontando para mim.

Quando frequentava a casa dos meus namorados (apenas dois na minha adolescência, devo acrescentar), sempre que tinha qualquer tipo de atrito com a minha sogra eu era prontamente defendida por eles, que diziam “pelo menos ele nunca foi na suruba”, relegando minhas sogra ao silêncio, porque sabiam que era verdade.

Mas as coisas se tornaram diferentes quando me mudei para a capital. O mundo em São Paulo parece funcionar de cabeça para baixo. Aqui, gentileza é vista como fraqueza, as pessoas se incomodam se você as cumprimenta na rua e todos sussurram pelas suas costas se você nunca foi em uma suruba.

Foi o que a Patrícia, do trabalho, me ensinou depois que nos tornamos amigas.

“Mariana”, ela disse, “você trabalha bem, mas no mundo corporativo desta você só consegue crescer de uma única forma…”

Eu tinha chegado na cidade há pouco tempo. Eu estava sedenta por dinheiro, tanto pelo meu pai precisar de ajuda com uma cirurgia, quanto por ter quebrado acidentalmente o Iphone que um ex-namorado me deu ao jogá-lo furiosamente contra a parede. Por isso, era pura ansiedade quando a Patrícia começou a conversa.

“Como? Qual curso preciso fazer?”

Mas ela balançou a cabeça.

“Aqui, você precisa fazer networking com as pessoas corretas. E com isso eu quero dizer se conectar com elas. E com se conectar eu quero dizer transar com elas em uma suruba”.

Isso me pareceu uma grande bobagem.

Mas quanto mais eu observava a companhia, mais tudo parecia fazer sentido. Não só Patrícia ganhava aumentos a nível acelerado, eu via jovens estagiários, homens e mulheres, serem efetivados poucos meses depois de contratados, logo após irem a uma certa festa no subúrbio. O menino Rafael, por exemplo, foi promovido sem mesmo saber como realizar um teste automatizado. E eu, que também não sei, amarguro o mesmo salário há meses.

Decidida a me adaptar a cidade grande e diante da minha grande necessidade de dinheiro, especialmente depois do acidente com o telefone, decidi meter e me meter em uma dessas famosas surubas da companhia, realizada uma vez por mês em uma casa no Jardim Europeu, conhecido por ser berço de importantes museus, como o MUS, Museu de Imagem e do Som e o MUBE, Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, além de abrigar um dos maiores prostíbulos do país.

 Cheguei na festa no horário combinado, pois não sabia o que faria se, uma vez lá, todo mundo já estivesse trocando fluidos corporais. Temi que adentrar com roupas em uma orgia em andamento seria uma grande falta de respeito e, por isso, decidi pagar pela versão do Uber Black, garantindo uma viagem que, embora mais cara, era  também mais rápida.

Reconheci algumas pessoas do escritório, colegas com quem eu jogava um pouco de conversa fora próxima ao bebedouro da empresa, que fica localizado próximo à cozinha onde, recentemente, se instalou um micro-ondas de inóx para combinar com a geladeira, também de inóx, mas que destoava da cafeteira velha de cor preta, tão antiga na empresa quanto o zelador Jorge que, aliás, eu não via em lugar algum da festa.

Havia lá pessoas muito bonitas e outras muito feias, mas a maioria era bem mais ou menos.

Meu plano inicial era encontrar um dos homens mais bonitos e fazer com que ele se apaixonasse por mim, contando com meu charme pessoal, minha lendária capacidade de criar conversa e também demonstrando minha tenacidade de levar toda paulada que aparecesse. Não duvidava que poderia estar casando com um alto figurão depois de uma ou duas festas.

Infelizmente, Patrícia destruiu minhas esperanças.

“O jogo de sedução da empresa é mais complicado do que isso”, ela dissera na noite anterior.  “Para começar, nem sempre os homens bonitos são os mais poderosos da companhia. Inclusive, raramente esse era o caso.”

Minha inaptidão para o jogo sensual estava clara.

Resguardadas as devidas proporções, eu era como uma princesa que nunca tinha deixado o castelo e que, ao fazê-lo, percebeu que estava tendo uma suruba do lado de fora. Foi por esse motivo que decidi ficar perto de Patrícia. Esse, ao menos, era o meu plano. Mas pouco antes de sair de casa, Patrícia deixou de responder minhas mensagens e era difícil encontrá-la na multidão de funcionários que estavam ali no palácio.

Garçons circulavam com garrafas de champanhe e a ansiedade que começava a me assolar fez com que eu aceitasse um ou dois copos. De repente, me senti uma verdadeira boba por estar ali, naquele lugar. E, não tendo encontrado Patrícia, decidi ir embora.

Foi mais ou menos nesse momento que as luzes do salão suavizaram e as pessoas começaram a tirar a roupa. Novamente, meu medo de parecer socialmente estranha levou o melhor de mim, pois poderia parecer muito ofensivo deixar uma orgia assim que as pessoas começam a tirar a roupa.

Por isso, fiz o que achei necessário para me enturmar. Ao som da música lenta que começou a tocar nas caixas de som, removi minha roupa lentamente. Fechei os olhos, curtindo o ritmo da música enquanto desabotoava a minha camisa. Joguei os ombros para trás e senti o tecido escorregando pela minha pele. Mordi os lábios enquanto abria o zíper da minha saia, deixando a peça preta cair no chão, revelando as minhas pernas longas e torneadas. Senti um calor percorrer meu corpo. Ainda que não pudesse ver, sentia os olhos sobre mim e ser o centro das atenções despertou uma fantasia que eu nem mesmo sabia que tinha. Abri os olhos para encarar meus admiradores.

Ninguém estava me olhando.

Achei que as pessoas teriam um pouco mais de paciência e amor à sedução em uma orgia mensal, mas uma vez mais fui traída pela minha inexperiência interiorana.

Em menos de dois minutos, falos dos mais diferentes comprimentos, larguras e cores se esfregavam em mulheres e homens nus. Por todo salão, bocas alcançavam pescoços, ombros e faces, enquanto gemidos de prazer ganhavam, aos poucos, do som da música que ressoava na casa.

E lá estava eu, sozinha. Sem saber qual era o protocolo certo para pedir pra participar de uma das pegações que estava rolando. Senti-me mais uma vez triste e perdida, arrependida de não ter ido embora alguns minutos antes. Circulei um pouco no salão procurando por um dos garçons para, ao menos, beber um pouco mais e me sentir menos inadequada. Infelizmente, notei que os garçons também estavam se pegando, o que fez com que eu me sentisse ainda mais excluída. 

E, quando achei que tudo estava perdido, encontrei-a. Lá estava ela, Patrícia, minha mentora. Estava deitada no sofá, pernas abertas, segurando os cabelos de Telma, supervisora do RH, entre suas coxas. Arqueava as costas e soltava suspiros enquanto manipulava a cabeça de nossa chefe. De repente, nossos olhares se encontraram, e na lascívia de seu sorriso, percebi um convite para me aproximar.

E assim o fiz.

Me aproximei das duas, arquitetando em silêncio como tornar a situação um pouco menos constrangedora. Quando alcancei o sofá, Patrícia segurou minha mão.

“Oi… Mariana”, disse, entre sussurros e gemidos.

“Oi”, respondi. E, antes que o silêncio constrangedor nos atingisse, disparei: “Vocês viram a nova temporada de Ruptura?”

Patrícia pareceu confusa por um momento e mesmo Telma parou seus serviços e ergueu a cabeça em minha direção.

“Como é?”, Patrícia perguntou.

“Eles lançaram a temporada semana passada, eu tô para te perguntar se você assistiu tem um tempão”.

Silêncio. Eu havia tomado a atenção das duas com sucesso.

“Eu tô meio preocupada que seja outro Lost, sabe? Com um monte de mistério que não chega a lugar nenhum”

.

“Mas de que porra você tá falando?” Patrícia perguntou, demonstrando alguma irritação incompreensível.

“Ruptura!”, respondi. “A série da Amazon. No original é ‘Severance’”, arrisquei em um inglês duvidoso.

As duas continuaram olhando para mim sem falar nada. Os gemidos no salão se tornavam mais fortes e, alguns, pareciam demasiadamente exagerados.

“Mariana,” Patrícia falou. “vai embora… encontra alguém…”

“Eu acho que a série perdeu um pouco do que tinha de linguagem simbólica, é como se tivesse avançado um pouco no contexto do universo ao custo do metafórico”, Telma apontou muito bem.

Patrícia pareceu especialmente incomodada.

“Vai embora, Mariana!”, disse sem pudor.

“Mas…”, protestei.

Ela apontou com uma mão e trouxe a boca de Telma para junto de seu corpo novamente com a outra. Voltando imediatamente a se contorcer como uma lagartixa sofrendo de algum tipo de ataque epiléptico.

Derrotada e apunhalada pela minha mentora, não tive outra opção senão procurar um novo grupo para me encaixar. Vasculhei rapidamente o salão em busca de algo convidativo e percebi imediatamente que a pessoa que diz que sexo é uma coisa bonita nunca pisou em uma suruba no Jardim Europeu. Corpos suados e em movimento frenético vazavam líquido para todos os lados.

Em um determinado círculo, uma mulher loira de seios que eu invejava estava cercada por um grupo de homens. Um deles tinha a mão em seu pescoço e suas faces, brancas como arroz, começavam a se enrubescer. De repente, o sujeito cuspiu na cara dela. Achei que a moça fosse chorar, pois é o que eu faria se estivesse sendo enforcada e cuspida. Mas ela sorriu e retribuiu o gesto. E eles ficaram fazendo isso por um tempo. Eu me aproximei, e cuspi no olho do homem, tentando me enturmar. Minha ação, contudo, foi respondida com rostos surpresos e censuras para que eu me retirasse.

E, assim, desisti de participar da suruba. A cidade grande, definitivamente, não era para mim e a minha ousadia inicial no fim de semana se tornou um grande condensado de arrependimento. Eu jamais entenderia as regras complexas e sutis do jogo de poder corporativo da minha empresa.

No meio da profunda tristeza que me assolava, chamei um novo Uber, dessa vez o normal, já que estava destinada a nunca ganhar um aumento e precisaria agora economizar.

Tive a ideia de ir até a cozinha e pegar eu mesma mais champanhe e, talvez, fazer um sanduíche de presunto, enquanto esperava pelo Uber, o que me deu algum consolo.

Ao contrário dos outros cômodos da casa, a cozinha não abrigava nenhum ato de fornicação. Nela, havia apenas um homem loiro, apoiado em um balcão. Como o restante na casa, estava nu. Era magro e alto, embora, diferente de muitos que estavam ali, não fosse musculoso. Pêlos dourados cobriam seu corpo, especialmente o abdômen e o tórax.

Ele sorriu para mim quando me aproximei.

“Então você já terminou por hoje?”, perguntei, por conta do pênis flácido que apontava para o chão.

“Na verdade, eu nem comecei”, disse, com uma voz firme, embora gentil.

“Uau! Tá se guardando para mais tarde? Rola alguma coisa especial? É minha primeira vez aqui”.

Ele coçou a cabeça.

“Até rola o ritual da salsicha com geleia, mas não foi o que eu quis dizer”.

“E o que você quis dizer?”, perguntei.

“Já fazem alguns anos que eu não consigo… eu não consigo mais ter uma ereção.” disse, a voz de repente se tornando triste.

Fiquei curiosa e me aproximei, sentando na banqueta ao seu lado.

“Mas… eu não entendo. Se não consegue ter uma ereção, por que você veio?”

Me censurei assim que fiz a pergunta e corri para me corrigir.

“Você é passivo, é isso?”

Mas ele fez que não.

“Ué, então eu não entendo…”

O homem deu de ombros.

“Você sabia que Mozart ainda ia a concertos mesmo depois de ficar surdo?”, me respondeu, olhando levemente para o alto como quem tem a mente carregada pela distância por pensamentos profundos.

“Mas quem ficou surdo foi o Beethoven”, eu disse.

“Oh”, ele disse, meio surpreso. “Você sabe se ele ainda ia para concertos?”

Balancei a cabeça.

“Acho que ele entrou em depressão e morreu por conta de excesso de álcool”, respondi.

“Oh”, ele disse de novo.

Ficamos em silêncio por um tempo, até que ele foi até a geladeira e voltou com uma garrafa de champanhe.

“Aceita?”, perguntou.

“É claro”.

Bebemos em silêncio, por um tempo.

“Como você ficou assim? Parece ser novo demais”.

Ele suspirou

.

“É uma longa história”.

Olhei para o relógio no celular.

“Consegue me contar tudo em menos de 931 palavras? Já pedi o Uber e não tenho muito tempo”.

Ele coçou a barba.

“Olha, tudo, tudo, não. Mas posso tentar resumir”

“Por favor”.

“Tudo começou quando meu pai faleceu na Suíça, meu país de origem. Me vi diante da responsabilidade de ter que guiar a empresa bilionária da família sozinho, abdicando da minha verdadeira paixão: a fisioterapia”

.

“Você é um daqueles bilionários?”

Ele me devolveu um sorriso triste.

“Eu era. Mas só quando ganhei poder sobre a companhia me tornei uma dessas caricaturas que hoje percorrem a mídia. O dinheiro e o poder que obtive me fizeram questionar os limites do prazer e, por muito tempo, só consegui encontrar esse prazer subjugando mulheres na cama, fazendo as coisas mais sinistras que você pode imaginar. Como obrigá-las a usar um tapa-olho durante o sexo”.

“Entendi. E com o tempo você precisava fazer coisas cada vez mais extremas, sentindo cada vez menos tesão ao…”

“Foi mais ou menos nessa época que precisei vir ao Brasil para expandir nossa filial…”

“Tem mais?”

“Mas o meu avião acabou caindo em uma favela no Rio de Janeiro. Fui dado como morto pelos noticiários e a minha empresa acabou passando para meu irmão gêmeo”.

“Certo…”

“Infelizmente fui mantido sob cárcere privado, mal podendo deixar os arredores da favela, até porque estava muito ferido”.

“Mas por que o dono do morro manteve você lá?”.

“Felizmente eu pude usar os meus conhecimentos de fisioterapia em mim mesmo, e, com isso, acabei ganhando a simpatia…”

“Olha, desculpa, eu não tenho muito tempo. O Uber está a cinco minutos daqui”.

“Você não quer saber como eu me tornei o chefe do morro e reergui meu império?”

“Só queria saber porque você não consegue ter uma ereção”.

Ele deu de ombros.

“Abuso de drogas pesadas há uns anos atrás, eu acho”.

“Ah…”

“E como você veio acabar aqui? É nova na empresa?”

Fiz que sim.

“Me disseram que a única forma de crescer na companhia é visitando essas festas para se conectar com as pessoas certas”.

“Como é?”, ele me perguntou, ofendido.

“Foi o que me disseram. Para ser sincera com você, eu não queria participar dessa suruba.”


“Por que não?”

“Sempre me disseram que esse  tipo de coisa não é de Deus. Que é coisa do diabo”.

Ele fez cara de espanto.

“Isso é bem ofensivo”, me disse.

Nesse momento, um homem com uma máscara de bode entrou na cozinha. Com exceção da máscara e de uma capa vermelha, estava completamente nu, ostentando símbolos antigos em cor vermelha sobre a pele e uma ereção hipnotizante sob o quadril.

Ele alcançou uma faca e, em seguida, abriu a geladeira. Buscou o pote de geleia, cobrindo seu membro com o alimento roxo. Quando reparou em mim, botou a faca por um instante na mesa e tirou a máscara.

“Ah, oi, Jorge. Te procurei mais cedo, mas não te vi”, eu disse. Era bom ver um rosto conhecido.

“Oi, Mariana! Que bom que você veio! Tá gostando?”

“Mais ou menos”, respondi, tentando ser simpática.

“Oi patrão!”, ele falou em seguida. “Tudo bem com o senhor?”

“Tudo, Jorge. Já estão prontos para terminar?”

“Estamos sim, vocês vem?”

O homem olhou para mim e sorriu.

“Na verdade, estou me divertindo como nunca aqui. Vou passar dessa vez”.

“É”, eu disse, retribuindo o sorriso. “Eu vou embora daqui a pouco, de qualquer jeito”.

Jorge assentiu.

“Tá bom. Te vejo na segunda, então, Mariana” e, dizendo isso, pegou um pouco mais da geleia com a faca e passou-a no membro, deixando a cozinha”.

O homem suspirou.

“Sinto muito por isso. Acho que foi a coisa mais anti higiênica que eu já vi”.

Concordei.

“Eu vi. Ele botou a faca em cima da mesa e depois botou de novo no jarro de geleia sem lavar. Eca”.

O homem anuiu.

“Ele te chamou de patrão?”

“Ah, verdade”, disse o sujeito, “eu não me apresentei. Sou Christian Berglund, o dono da companhia. Eu comecei ela do zero quando abandonei a favela e tracei uma guerra particular contra o meu irmão gêmeo que…”

“Desculpa, meu Uber chegou”, anunciei.

Ele pareceu incomodado.

“Tudo bem”.

Caminhei em direção à sala, tentando lembrar onde havia deixado minhas roupas.

“Só mais uma coisa!”, ele disse.

Me virei.

“Você não deveria ter que participar de uma suruba para crescer na companhia. A ideia dessa festa é união, e não promoção. Eu acho que me afastei demais das decisões da empresa. Vou ter certeza de que o mérito seja restaurado. Sinto muito que tenha passado por isso”.

Eu sorri.

“Está tudo bem. Eu ainda tenho tempo de chegar em casa para re-assistir a segunda temporada de Ruptura”.

“Você gosta dessa série?” ele perguntou. E eu tive a impressão de que seu membro fizera um leve movimento.

“Eu… eu gosto. Mas estou com medo de que eles não resolvam todos os mistérios e a série…”


“acabe virando um Lost”

“acabe virando um Lost”

Dissemos ao mesmo tempo. Ambos sorrimos e, dessa vez, tive certeza de que sua masculinidade se movia. Não era uma ereção completa, mas estava na metade do caminho. Ele encarou o próprio membro um pouco atônito, e disse:

“Isso vai parecer loucura, mas… se não estiver ocupada amanhã… O que acha de re-assistir a série toda comigo?”

Mordi os lábios. Aquilo era, com certeza, um convite para um encontro longo. E eu havia acabado de conhecê-lo. Temi parecer fácil, ou mesmo vulgar demais…

“Talvez… talvez possamos assistir metade da segunda temporada”.

Ele balançou a cabeça.

“Eu gostaria muito disso”.

Vesti minhas roupas, enquanto os convidados terminavam o ritual da salsicha com geleia, feliz por ter ousado um pouco mais naquele fim de semana.

Sobre Fabio Baptista

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20 comentários em “Uma Noite de Ousadia (Leandro Barreiros)

  1. André Lima
    13 de setembro de 2025
    Avatar de André Lima

    Esse conto não se enquadra bem nos temas, né? kkk Mesmo eu que costumo ser extremamente flexível, acabei notando.

    Bom, é um conto satírico muito interessante. Uma sátira social e corporativa, mesclando deboche erótico, absurdo narrativo e crítica velada à lógica de ascensão profissional. Gosto de como o conto mergulha no absurdo!

    A protagonista, Mariana, funciona como uma anti-heroína deslocada. Ingênua e provinciana, sua entrada no mundo das “surubas corporativas” é marcada não pelo desejo carnal, mas pelo constrangimento social e pelo ridículo.

    Essa escolha é inteligente: desloca o foco da cena sexual em si para o choque de mundos, explorando a inadequação da personagem frente ao ritual urbano de networking erótico.

    A narrativa faz uso de digressões banais que criam uma atmosfera de nonsense próxima do realismo cômico de autores pós-modernos.

    O desfecho, que retorna à banalidade de assistir Ruptura com o patrão bilionário, amarra o conto dentro de sua proposta cínica: nada é tão grandioso quanto parece, e a ousadia termina num convite quase pueril. Essa ironia final é eficiente e dialoga bem com o espírito da história.

    Há um excesso de caricatura em certos momentos, o que pode afastar a dimensão mais literária em prol do puro escracho.

    O conto se destaca pela originalidade e pelo humor ácido, mas parece deslocado aqui neste certame. Uma pena.

    Parabéns pelo divertidíssimo trabalho!

  2. Bia Machado
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Me pegou desde o início? Sim, pelo nonsense da coisa! Como assim ser discriminada por nunca ter feito uma suruba? Claro que eu precisava ler até o final pra ver onde aquilo ia dar Kkkkkkk

    Desenvolveu bem o enredo? Sim. O nonsense continua até o final. Não tem nada de mirabolante, mas continua no mesmo tom que achei divertido. Morri de rir na parte em que ele diz ter sido chefe do morro.

    O desfecho foi adequado? Melhor impossível. O motivo: me senti chateada por ter terminado daquele jeito, porque bem que eu queria saber se deu certo o encontro deles e, mais ainda, fiquei torcendo para darem certo.

    E o conjunto da obra? Um conto que tentou ser sabrinesco, mas que acertou no hot nonsense.

    Deu match? Sim! Sugiro postar a continuação na área off, o encontro deles seria um exercício de sabrinesco, depois desse desvio divertido do tema. Alguns errinhos talvez pela correria e um erro de concordância no “já fazem alguns anos”… Mas parabéns e boa sorte no desafio!

  3. Thales Soares
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Oba!!! Esse é o conto que eu queria ver neste desafio. O Entre Contos precisava muito de alguém com essa coragem, com essa criatividade, e com essa maestria nos diálogos. Este é o meu conto favorito do certame, e me diverti muito lendo hahahahah.

    O conto começa com Mariana, uma garota do interior, se mudando pra São Paulo. Ela começa a trabalhar numa empresa e descobre, por sua colega, que a única forma de crescer na corporação é participando do surubão mensal, onde os funcionários fazem networking intimo com os chefes. O legal do conto é que ele começa dando o tom logo no primeiro parágrafo:

    “Lá vai Mariana, a menina que nunca foi em uma suruba”

    Isso é genial! Porque além de apresentar para o leitor o estilo da história, mostra que essa questão da suruba é a chave do universo desta história. Não estamos no mundo real. Estamos num mundo em que a suruba é natural, e muito bem aceita por todo mundo.

    Mas voltando à história… sobre a informação que a amiga lhe passou, Mariana fica um pouco cética de inicio, mas logo se convence, ao ver colegas incompetentes sendo promovidos após as festas da suruba. Então ela decide participar de uma também, pra ajudar o pai a pagar um iphone.

    Mariana chega na festa e se sente deslocada e ansiosa. Seu plano é seduzir alguém importante da firma. Mas então ela se acovarda e decide ir embora… só que… tá na hora da suruba! As luzes se apagam e todo mundo começa a tirar a roupa. Ela fica meio sem jeito de sair, pois achou que seria uma situação meio chata. E essas piadas sutis do texto é que tornam tudo genial e extremamente divertido!

    Enquanto tá todo mundo transando, ela tira a roupa e sente que todos estão olhando para ela… mas quando abre os olhos, percebe que ninguém nem percebe que ela tá lá hahahaha. Então ela fica meio deslocada, tentando puxar assunto, conversando sobre Ruptura com as pessoas, enquanto elas estão no maior vamo vê!

    Percebendo que ela é um fracasso, Mariana chama um uber, e vai pra cozinha pegar comida. Lá ela encontra Christian, um personagem genial!! Ele é um homem loiro, magro, e broxa. Ele revela que está impotente há anos. A conversa entre os dois é absurda e extremamente bem desenvolvida, mostrando o poder impressionante que o autor tem em criar uma situação nonsense e engraçada. Enquanto eles interagem, aparece o zelador pra passar geleia no pinto, ele devolve a faca suja no pote, e acontecem diversos desses momentos bem pequenos, detalhes minimos, que dão um brilho incrível pra história hahaha.

    E então, chega o momento mágico do conto. A Mariana puxa o assunto de Ruptura, e Christian, que a essa altura já foi revelado que é o chefe da firma, diz uma frase igual da da Mariana, ao mesmo tempo. Com isso, seu pinto, que até então estava murcho, fica meia bomba hahahahaha. Se este conto tivesse sido postado no primeiro desafio, certamente venceria o certame! O arco de Christian se completa com essa semi ereção, o uber chega, e Mariana vai embora, mas não sem marcar da maratonar Ruptura com o chefe. E alias, a mensagem do conto também é muito legal, porque nesse dialogo com o chefe, Christian demonstra não saber essa necessidade de participar da suruba para subir de cargo, pois ele havia criado essas festas apenas para os funcionários se aproximarem, e não para terem vantagens com isso. Foi bacana porque tudo se amarrou no final, até a “ousadia” do convite de Mariana deu certo, mas de forma completamente inesperada.

    Me diverti demais com esse conto, vou até reler ele mais vezes, porque ele possui um nível de comédia e de construção de personagens que eu almejo alcançar. Parabéns ao autor! E boa sorte no desafio!

  4. Alexandre Costa Moraes
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Olá, Entrecontista.

    Antes de tudo, me diverti muito lendo “Uma Noite de Ousadia”. Puro suco de entretenimento… engraçado e sem pudor. A sátira do mundo corporativo funciona, e a narradora desajeitada conquista fácil. Entrei na vergonha junto com ela e torci o tempo todo, mas pô, que figurinha… hahaha

    Na técnica, o texto mostra bem sem explicar demais. Ritmo fluido, humor ácido e cenas sensoriais que seguram a leitura. A escalada até a festa é boa, e a conversa na cozinha dá um respiro humano que contrasta com o caos da orgia. Ficou provocativo e espirituoso na medida, muito entretivo (ganhou meu voto de conto mais criativo da B).

    Se quiser lapidar, eu só apararia um ou outro exagero explicativo e fecharia com uma imagem final ainda mais certeira.

    No saldo, é um conto ousado (como sugere o título), perspicaz e muito divertido. Confesso que no fim imaginei ela trombando com o Sabino (da A) nessa suruba, ia dar em… nada! kkkkk

    Boa sorte no desafio.

  5. Jorge Santos
    11 de setembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, Quase. Gostei bastante da ironia patente no seu texto, que é uma crítica ao mundo das empresas. Talvez seja um relato exagerado – ou a explicação do facto de nunca ter subido na hierarquia. O ramo neste caso é o da Tecnologia/Programação, o que fica patente por uma única referência, aos Testes Automatizados. Duvido que muitos colegas comentarista apanhem a referência, mas faz parte da minha realidade profissional. Em termos de adequação ao tema, é interessante. O que começa por ser um conto erótico a roçar o pornográfico, termina como Sabrinesco. No final, ela vence por não tentar ser o que não é. Viver para corresponder às expectativas é muito escroto, como vocês costumam dizer no Brasil. Gosto da expressão, tal como gostei deste seu conto, que gostava de ver passado a filme… Só tinha de escolher a plataforma certa…. ☺

  6. toniluismc
    10 de setembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    O texto é bem escrito, com fluidez e ritmo narrativo que lembram uma crônica debochada. Há boa construção de voz na narradora, com humor, ironia e exagero. Entretanto, a narrativa sofre com algumas quebras de registro: em certos trechos, a descrição é quase jornalística (detalhes do bairro, Uber Black, aparelhos da empresa), enquanto em outros cai no absurdo cômico ou na pornografia caricata. Essa variação pode ser intencional, mas gera desequilíbrio. Além disso, há momentos em que o texto se alonga mais do que precisa (ex.: a explicação sobre o Jorge e a geleia), perdendo impacto.

    É ousado e inventivo na forma de tratar um tema banalizado (sexo em suruba) de maneira tragicômica. A protagonista deslocada, suas referências culturais no meio do ato (comentários sobre séries, por exemplo), e o “bilionário broxa” com passado rocambolesco criam uma atmosfera quase surreal. O humor absurdo funciona bem em vários momentos, sobretudo no contraste entre o desejo de ascensão profissional e a orgia corporativa. Porém, a inventividade fica às vezes diluída pelo excesso de cenas repetitivas de inadequação, o que reduz um pouco a força da sátira.

    O impacto principal vem do choque e do riso nervoso. A linguagem escrachada e o contraste entre expectativa e frustração da narradora prendem a leitura. O final, com o convite do patrão para rever Ruptura, é engraçado e dá um tom cômico inesperado que salva a história de ser apenas “mais uma cena de sexo coletivo”. No entanto, falta densidade maior para deixar uma marca duradoura — a sátira é divertida, mas não chega a ser memorável no mesmo nível de outros textos desta rodada, uma pena.

    De todo modo, parabéns pelo texto!!!

  7. Fabio Baptista
    9 de setembro de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    Infelizmente não há indicação de “conto mais divertido” porque esse certamente seria o meu indicado (e acredito que de muita gente).
    Desde a frase impactante do começo até o final mais caliente, o clima nonsense é empregado com maestria, tornando este conto um dos poucos que eu li com verdadeiro gosto neste desafio.

  8. danielreis1973
    7 de setembro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Uma Noite de Ousadia (Quase um Bukowski)

    Prezado autor(a):

    Seu pseudônimo (Quase um Bukowski) gerou muita curiosidade e expectativa, já que sou fã desse autor e esperava encontrar uma história condizente com o perfil dele, misturando lirismo com mundanidade, poesia com cotidiano, pornografia com filosofia. Mas recebi uma narrativa episódica, onde o erotismo ficou bem diluído numa noite de luxúria, narrado com distanciamento e alguma frieza desiludida. Quanto à narrativa, acho que tem algumas pontas soltas (como o equívoco de chamar Jardim Europeu ao bairro Jardim Europa), principalmente na motivação da protagonista – ela não parece tão envolvida (literalmente) no jogo proposto. O encontro com o dono da empresa também ficou um pouco forçado, a meu ver, assim como a razão para o “patrocínio” daquelas festas pela empresa, como política de RH. De qualquer forma, destaco sua imaginação em criar a situação como um todo, e a clareza nas descrições das ações e acontecimentos – inclusive na abertura, que antecipa toda a principal ação do conto. Creio que o texto pode e merece ter uma segunda versão, mais afiada e talvez bem-humorada, como são os textos do Dirt Old Man. Boa sorte no desafio!

  9. claudiaangst
    6 de setembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Como vai, autor(a)? Pleno(a) na criação literária?

    O título e o pseudônimo levam a crer que se trata de um conto sabrinesco.

    O tom empregado na narrativa é praticamente de comédia, mantendo o humor durante todo o desenvolvimento da trama. O final apresenta um leve toque de sabrinesco, uma insinuação a um possível romance entre a protagonista e o anfitrião da suruba.

    Há algumas pontuações desalinhadas, vírgulas faltando. Pequenas falhas de revisão que podem ser sanadas:

    • minhas sogra > minha sogra
    • com a minha sogra eu era > com a minha sogra, eu era
    • inóx > inox
    • Pêlos dourados > Pelos dourados
    • vocês vem? > vocês vêm?
    • anti higiênica > anti-higiênica
    • re-assistir > reassistir

    Sem dúvida, o texto é divertido, quase beirando o nonsense. Em termos entrecontistas, diria que se trata de um conto bem “entretivo”.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  10. Gustavo Araujo
    5 de setembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Achei o conto irregular. É evidentemente uma sátira ao gênero que domina os mais vendidos da Amazon, com personagens intencionalmente superficiais cumprindo os papéis de sempre: a mocinha ingênua mas que ambiciona tornar-se alguém importante e o CEO misterioso que está para ter seus pecados redimidos por ela – tudo isso numa atmosfera carregada de sedução ou sexo barato.

    Há partes em que ri de verdade, mas outras em que achei as piadas meio previsíveis. No geral o conto é rápido e fácil de ler, o que é sempre uma boa qualidade, mas não é o tipo de leitura que me atrai. Não me entenda mal, até gosto de um besteirol de vez em quando, mas ultimamente tenho preferido textos mais densos, que façam pensar, que me levem a meditar. Não é o caso aqui.

    De qualquer forma, tenho certeza de que muita gente vai achar divertido, seja pelo absurdo das situações, seja pela sátira em si.

  11. Luis Guilherme Banzi Florido
    2 de setembro de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Esse é um dos melhores contos do desafio, ri pra caramba kkkkkkkk. O conto abraça o absurdo, e sobre ele constrói uma ótima história sobre mundo corporativo, tentativa de se enquadrar socialmente, romance, e muito mais. Eu dei muita risada com o começo, quando ela fala sobre nunca ter ido numa suruba. Sensacional! KKKKKKKK

    A inadequação social da protagonista da um tom especial ao conto, como quando ela tenta se enturmar na suruba e fala sobre Ruptura, o que você, de forma inteligente, aproveita no final para criar o interesse da protagonista com o chefe. Existem diversas outras sacadas muito boas no conto, como quando ela pergunta se a história é longa, pq ela só tem 900 e poucas palavras, numa quebra de quarta parede sensacional.

    E o melhor é que o humor é sagaz e inteligente. Não é besteirol, por mais que a ideia geral do conto possa sugerir isso. Não, aqui, temos um humor ácido e inteligente, com um ótimo timing humorístico. As piadas entretém e fazem rir, mas também são importantes no desenvolvimento do roteiro e da protagonista. Enfim, um contaço, um dos mais engraçados q já li no EC.

    O único problema, e sei q vc vai ler muito isso, então sinto muito, é que acho impossível enquadrar seu conto nos temas. Obviamente não é alta literatura, e não entendo que seja sabrinesco, tampouco. Então infelizmente vou ter q tirar nota, pra ser justo com os colegas que se mantiveram nos dois temas desafiadores. Ainda assim, saiba q é um dos meus contos preferidos do desafio todo, contando séries a e b.

    Parabéns e boa sorte!

  12. Pedro Paulo
    31 de agosto de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Acho que se fosse resumir a poucas palavras como qualificar este conto, diria que tem uma fina ironia metalinguística. Narrado em primeira pessoa, fica engraçado como o prosaico é conciliado com o pornográfico. Participar de surubas se torna uma dessas indiscrições generalizadas no interior e uma etiqueta social nas capitais, tomado como virtude em um lugar e ingenuidade no outro. Um sujeito lambuza o pênis em geleia retornando a faca ao pote mais de uma vez, mas é o detalhe de ter colocado a faca sobre a mesa entre uma passada e outra é o que chama a atenção. Assim como, revelando-se em seu traje satânico, o homem conversa com a protagonista com casualidade, como se não estivessem em uma orgia. Essa dualidade gera humor em mais de um ponto de uma maneira que logo concluí se tratar de uma comédia. Mas não é só por isso. A princípio, pareceu-me que era essa a brincadeira e que apregoava um “fuga ao tema”, mas encerrada a leitura, tive outra percepção.

    Por um lado, o conto parece brincar com um lugar comum da alta literatura ao encruzilhar a sua personagem entre a virtude de seu lugar de origem e o pragmatismo amoral de um grande centro. Encurtando: campo x cidade, como no romantismo. Aqui, entretanto, essa dualidade é prontamente cartunizada com uma realidade em que sexo grupal é a norma. Falando em sexo, no que a palavra “clímax” tem grande importância, é mais um engenhoso anti-clímax que é trabalhado em vários pontos do conto, mascarando o que será, de fato, o seu clímax. O parágrafo em que Mariana se despe destoa dos demais pelos detalhes sensoriais embutidos, mas logo a expectativa é desconstruída com o parágrafo seguinte e, novamente, com suas intervenções fracassadas na transa alheia. Poderia ser, somente, mais arremates cômicos. Mas aí chega a última parte da narrativa.

    A protagonista avista o homem quieto e desinteressado em um canto e começam a conversar. É onde achei a sátira mais explicitamente metalinguística. Para além daquele momento da geléia, o diálogo também possui um ritmo da comédia, com inflexões e linhas de raciocínio que são coerentes, mas, ao mesmo tempo, seguem o absurdo desse mundo, o que mesmo a essa altura não deixa de surpreender e divertir. Quando ele narra a própria trajetória, a protagonista escuta com relativa atenção – e por sinal adorei o “faltam tantas palavras para o uber”, sinalizando para a figura de linguagem mais uma vez – mas é uma brincadeira com o gênero hot, tão discutido entre os entrecontistas no seu possível cruzamento com o sabrinesco. Há aí uma dupla ironia: falou-se muito se é a putaria do hot ou o romance do sabrinesco que vale. O conto faz de plano de fundo a safadeza do primeiro gênero, debocha dos personagens absurdos que são concebidos nessas histórias, mas, ao mesmo tempo, de uma forma sutil própria do sabrinesco, narra um romance. Num cenário improvável, de origens distantes, aqueles dois se encontraram e se conectaram. O verdadeiro clímax.

    Por isso, acho que o conto brinca com os dois gêneros e, portanto, encaixa-se neles, ao mesmo tempo em que desenvolve uma narrativa envolvente que se disfarça, mas impacta. Uma excelente contribuição.

    Eu mesmo gostei muito da segunda temporada de Ruptura, confio que os criadores conseguirão entregar um enredo cativante até o fim.

    Cordiais abraços, boa sorte neste desafio!

  13. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    26 de agosto de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Tema alta literatura.

    Enquadrei seu conto nessa categoria porque ele fala sobre a dificuldade que uma outsider encontra para se adequar a sua nova vida.

    Achei sua narrativa bastante criativa e divertida.

    Gostei muito.

  14. Amanda Gomez
    22 de agosto de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, tudo bem?

    Ousado você, não?

    Eu diria que esse é o conto certo no desafio errado.

    Tem todos os elementos de uma boa comédia: diálogos espirituosos e divertidos, cenas inusitadas e imprevisíveis, uma personagem fora da casinha e um enredo, no geral, fora da curva.

    Eu me diverti com a leitura e fiquei impressionada com o fato de que, apesar dos absurdos e das cenas explícitas em segundo plano, o conto não desbanca totalmente para o escrachado ou até para o mau gosto. Ele caminha numa corda bamba, mas não cai. E isso se deve ao humor, com certeza.

    Mas é um conto em um desafio cujo foco deveria ser romances e coisas… profundas. Eu não vou dizer que não é alta literatura, mas faltou um flerte maior para ser sabrinesco. Veja bem: o final quase poderia ter subvertido toda essa pegada de “baixaria”, mas o autor optou por dar mais destaque às referências de um gênero vizinho ao sabrinesco, que é o hot, ainda que o sabrinesco seja, claro, uma invenção nossa.

    Resumindo: uma leitura divertida, mas deslocada.

    No geral, um bom conto, nada mais a criticar.

    Boa sorte no desafio!

  15. Priscila Pereira
    19 de agosto de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Quase um Bukowski! Tudo bem?

    Cara, que viagem foi essa? 😅

    Seu conto não é sabrinesco, na minha opinião! Nem alta literatura! Mas não se preocupe porque não tirarei pontos pelo tema, até pq não sei nem se meu conto tá no tema! 🤭

    Olha, não posso dizer que gostei, mas também não detestei. Não é o tipo de literatura que consumo e li algumas partes com um sentimento de “meu Deus, pra que isso?!” Vamos dizer que nossos estilos não combinam e tá tudo bem!

    O final foi quase fofo, a quebra de expectativa foi ótima pra mim, que já tava imaginando que a coitada da protagonista iria ter que fazer coisas horríveis pra conseguir subir na firma.

    O conto está bem escrito e prende o interesse do leitor, mas precisa de uma boa revisão. Com certeza você tem muita imaginação! Continue escrevendo!

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  16. Givago Domingues Thimoti
    18 de agosto de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Uma noite de ousadia (Quase um Bukowski)

    Olá, autor(a)! Espero que esteja bem no momento da leitura! Parabéns por participar do Desafio EntreContos! Sempre um prazer ler e comentar o trabalho dos colegas. Espero sinceramente que, ao final da leitura, você sinta que esse comentário tenha contribuído para você de alguma forma! Caso contrário, não leve para o pessoal ou crie ressentimentos. Lembre-se que escrevi com o maior cuidado que pude.

    Sobre o tema, em relação aos demais desafios, optei por mudar alguns critérios na avaliação. Diminui para 4 critérios, dando uma nota maior para adequação ao tema (está valendo 2). A lógica será: 0 para contos sem tema, 1 para contos que tangenciaram o tema e 2 para contos que o tema aparece claro e cristalino.

    Além disso, tomando as definições sugeridas pela Moderação, eu considerei sabrinesco como aquele conto que, por mais que tenha sexo nele (embora não seja obrigatório que tenha), você mostraria tranquilamente para uma pessoa da sua família que é bem careta. Já um conto de alta literatura eu interpreto como um conto mais rebuscado, que instiga o leitor tanto nas ideias (fazendo-o pesquisar sobre algum elemento do texto)  quanto na técnica empregada (podendo ser um ou outro).

    Resumo da história:

    Mariana, uma garota do interior e que tenta fazer a vida na cidade grande, descobre que para crescer dentro da empresa, ela precisa(ria) participar de uma suruba. O conto fala justamente sobre essa ida dela, uma garota religiosa e mais conservadora, para um bacanal e os inerentes conflitos e a descoberta do amor dentro.

    Aspectos positivos e negativos

    Aspectos positivos: esse conto tem um quê de ousadia. Surubas, relações homoafetivas…
    Aspectos negativos: pena que a ousadia é mal direcionada e mal construída. Fora do tema, esse é um conto hot.

    Avaliação por critérios (pontuação total: 5,0)
    Adequação ao tema (máx. 2,0):
    O conto aborda de forma clara, criativa e relevante o(s) tema(s) proposto(s)? Há relação explícita ou simbólica (mas detectável e natural) com o tema indicado? Nota: 0

    Bom, esse conto desafiou um pouco a minha avaliação por não se encaixar completamente num sabrinesco. Tive que escrever e repensar algumas vezes antes de definir. E depois de refletir muito, se eu tivesse que categorizar ele, eu diria que se trata de um conto estilo pornôchanchada (subgênero de filmes popularescos de baixíssima ou péssima qualidade [essa é a definição do dicionário. Não concordo inteiramente, tampouco discordo inteiramente] conceptual, formal e cultural, caracterizados por cenas de nudez, de sexo explícito e diálogos que mesclam pornofonia e humor frequentemente escatológico.). 

    Neste sentido, em termos de linguagem, ele se assemelha ao hot, ou seja, a narrativa se utiliza de uma linguagem mais explícita/chula e direta. Ademais, bebe de alguns elementos narrativos típicos do conto hot: a moça jovem, bela, recatada, o chefe milionário, o jogo descarado de sexo e poder entre ambos, padrões sexuais fora do comum (suruba por todos os cantos)… Contudo, esses elementos não são utilizados dessa forma tradicional. Há uma tentativa de humor. 

    O arremate “sabrinesco” tenta inserir a narrativa dentro do tema proposto pelo Certame. Acontece quando a funcionária e o dono da empresa se apaixonam numa cozinha, após ele contar sua vida até chegar ali, a razão de sua disfunção erétil e a cura através um amor que surgia ali. Essa tentativa destoa grotescamente de todo o resto. Tive uma sensação desagradável de parecer dois contos dentro de um só. 

    Depois de muito refletir (por incrível que possa parecer, não gosto de dar notas baixas), creio que não foi o suficiente para encaixar o conto numa caixinha sabrinesca (romances melosos ❌ e/ou clichês ❌ e/ou improváveis ✅, com aquela pitadinha de sensualidade❌, sexy sem ser vulgar❌.) Quando a gente se debruça sobre a relação entre Mariana e o CEO, até pela utilização de inúmeros clichês e cenas satíricas, não se percebe nenhum romance natural, só uma ( tentativa) de fazer uma piada. Além disso, não há nada de sensual na relação deles. Muito me parece uma pornôchanchada.

    Tampouco acho que se encaixa na Alta Literatura: 

    Complexidade:❌As obras tendem a abordar temas filosóficos, psicológicos, sociológicos e históricos com profundidade.

    Originalidade:✅Busca-se uma abordagem inovadora, evitando clichês e lugares-comuns.

    Estilo:❌A linguagem é frequentemente elaborada, exigindo do leitor um vocabulário e conhecimento mais amplo.

    Reflexão:❌
    O autor não prioriza apenas o entretenimento, mas também busca provocar a reflexão e o questionamento no leitor.

    Interdisciplinaridade:❌Muitas vezes, a alta literatura requer conhecimentos em áreas além da escrita, como história, filosofia, sociologia, entre outras.   

    Logo, nota 0 para esse aspecto.

    Correção gramatical (máx. 1,0): O texto segue a norma culta da língua portuguesa? Se sim, há erros gramaticais, ortográficos ou de pontuação que prejudiquem a leitura? Se optou pelo coloquialismo ou regionalismo, deu para sentir que foi uma boa imitação? Soou forçado? Nota: 0,5

    O texto possui alguns erros típicos de uma revisão não tão bem feita. Algumas palavras escapam no meio de algumas frases (por exemplo, ““você trabalha bem, mas no mundo corporativo desta você só consegue crescer de uma única forma…”. Já outras, não concordam com a lógica da história (sempre que tinha qualquer tipo de atrito com a minha sogra eu era prontamente defendida por eles, que diziam “pelo menos ele nunca foi na suruba”)

    Além disso, muitas repetições: nos cinco primeiro parágrafos, percebi a repetição do “eu nunca fui na suruba”. Depois, algumas outras ocorrências, como,por exemplo:

    • Decidida a me adaptar a cidade grande e diante da minha grande necessidade de dinheiro, especialmente depois do acidente com o telefone, decidi meter (detalhe, acho que como se trata de uma protagonista mulher , o verbo meter não é dos melhores. F*der, d*r, etc… ficaria melhor) e me meter em uma dessas famosas surubas da companhia
    • Palavras em inglês devem vir escritas em itálico networking, Lost
    • inóx (escreve sem acento → INOX)
    • “fui em” → “fui a”
    • “minhas sogra” → minhas sogras
    • “inóx” → “inox”
    • “a nível acelerado” → “em ritmo acelerado”
    • “re-assistir” → “reassistir”

    Construção narrativa (máx. 1,0): A estrutura do conto é bem organizada (início, desenvolvimento, clímax e desfecho)? Estica demais, apertou demais? Caso tenha optado por um conto não linear, deu para entender/acompanhar a história? O estilo de escrita é adequado? A técnica chama a atenção? Há fluidez, ritmo e coesão textual? Nota: 0,5

    Esse é um aspecto que o conto deixou um pouco a desejar. O que funcionou é a estrutura tradicional, ainda que grande demais. Está clara e desenhada para o leitor. Pelos diálogos, o conto flui! Impossível para se perder algo.

    Seguindo, temos uma linguagem simples, um tanto chula e vulgar. Pelo exagero, em termos de técnica, o conto não brilha. Pelo contrário, se apaga. Senti falta de um trabalho mais apurado, com um cuidado maior nas palavras, nas construções das cenas. Tudo muito direto, tudo muito cru e sem papas na língua. Tal qual uma sátira deve ser.

    Por outro lado, do jeito que vejo o sabrinesco, penso que deve haver um jogo de sedução. A coisa pode ser clara, mas ela não é necessariamente explícita, vulgarizada. Tem um pouco de flerte, de conquista. E não há esse jogo nesse conto (já que não é um sabrinesco), em termos de técnica. O que percebi foi muito mais um enfoque numa comédia mais escrachada.

    Impacto pessoal (máx. 1,0): O conto provoca reflexão, emoção ou surpresa? Causa uma impressão duradoura ou significativa? Nota: 0,5

    Confesso, sou um tanto chato com humor. São raros aqueles que me conquistam. Geralmente, prefiro um humor mais natural. Nesse específico, devido à artificialidade de toda a situação, revirei bastante meus olhos e mantive uma expressão neutra no restante da face.

    É um conto satírico/pornôchanchada, cujo objetivo é brincar com os gêneros hot e sabrinesco. Pessoalmente, incomoda-me bastante a ideia de transformar um conto numa piada escrachada, feita para dialogar com o grupo do EntreContos e os debates sobre o tema.  Ao mesmo tempo, reconheço que é inteligente e criativo. Talvez por pensar que os contos não necessariamente tem esse propósito, sempre fico encucado quando estes contos surgem na minha frente. Parecem feitos para causar. 

    Somado a isso, temos aqui uma linguagem simples e chula. Não vejo problema em palavrões e vulgaridades na literatura. Dentro do contexto certo e usado com moderação, ele engrandece o texto. O palavrão e a vulgaridade trazem uma visceralidade à narrativa que, por ter uma ligação forte com tabus, inquietam o leitor. Por outro lado, penso que quando esse estilo de literatura vem sozinho no texto, predominante como veio, ele empobrece a leitura. Aliada às várias situações cômicas e escabrosas, “Uma noite de ousadia” aproxima-se mais de uma piada (longa demais para o meu gosto, afinal, as melhores piadas são sempre um pouco mais curtas) do que de um conto em si. 

    Claro, uma das belezas da Literatura e do EntreContos (além da vida, é claro) é essa pluralidade de gostos. Esse conto encontrará gente que amará esse texto. 

    Nota final (máx. 5,0): 1,5

  17. cyro eduardo fernandes
    14 de agosto de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto criativo e bem humorado. Gostei! Desejo boa sorte.

  18. Kelly Hatanaka
    11 de agosto de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá!

    Neste desafio, vou avaliar os contos da seguinte forma: Tema vai valer 2 pontos, Forma, 2 pontos, Enredo, 3 e Impacto também 3. Como o tema Sabrinesco parece ter sido especialmente desafiador, vou dar um ponto extra para Sabrinescos bem executados. É pessoal? É. Mas os critérios de avaliação são pessoais mesmo, então paciência.

    Tema

    Em minha opinião, não é sabrinesco. Há várias referências a clichês hot. Mas hot não é sabrinesco. O encontro de Mariana e Christian no final foi romântico? Hum…. olha, não achei. Achei fofo e, talvez, o próximo encontro deles seja romântico. Mas, aqui não foi o suficiente. Quanto à alta literatura, embora eu ache que o humor pode sim estar no gênero, acho que neste conto não há profundidade o bastante. Porém, há, sim, algo de Bukowski no conto. O desencanto, o cinismo, a crítica às convenções. Agradeça a IA por esta informação, que eu desconhecia totalmente. Por isso, e por ter gostado muito do conto, vou considerar parcialmente no tema.

    Forma

    A escrita é muito boa e cheia de personalidade. O autor escreve com uma voz própria e original. O humor salta de forma natural, espontânea, não soa forçado em nenhum momento. Um conto gostoso de ler e cheio de ritmo.

    Enredo

    Mariana vai a uma suruba corporativa para fazer networking e acaba se envolvendo com o dono da empresa. É absurdo? É. Eu tendo a não gostar de absurdos, mas aqui funciona bem e diverte.

    Impacto

    Gostei muito e ri alto muitas vezes durante a leitura. O clima de absurdo envolve o conto desde o início com a menção de que Mariana nunca foi a uma suruba e que essa era sua fama e prossegue por toda a história. A suruba, o comportamento desastrado de Mariana, tudo combina muito bem. O conto não perde chance de fazer rir e faz muito bem. Há menções a piadas internas, de que gostei muito. A série Ruptura, que deu pano pra manga no desafio anterior. O Dono do morro e a fisioterapeuta, que povoou o grupo de whatsapp. Amei!

  19. marco.saraiva
    9 de agosto de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Primeiramente, eu tenho que dizer que você tem EXATAMENTE A MESMA OPINIÃO QUE EU TENHO quanto a Ruptura. Por muito tempo eu estava me achando maluco, por que meus amigos que amam Lost falam que “não, não, a série Lost respondeu a TODOS os mistérios“, e eu fico pensando “calma, até onde eu lembro, a série respondeu 3 mistérios, e deixou 485 em aberto“. Então MUITO OBRIGADO por me fazer me sentir uma pessoa normal! … não estamos em uma suruba, mas se estivéssemos, eu perguntaria se você quer se encontrar comigo semana que vem, para assistirmos a segunda temporada de Ruptura de novo! 🤣

    Agora sobre o conto: o texto tem o tom obviamente cômico e leve, e traz a imagem caricata de um mundo onde todos participam de surubas. A empresa onde Mariana trabalha não é diferente, e ela, querendo crescer, acaba tentando ousar e participar da sua primeira suruba. É aqui que o conto assume uma forma interessante de metáfora: como se a suruba fosse uma analogia à visão de muitos sobre o mundo, de que tudo é uma relação de poder, tudo é sexo e sedução. E Mariana é o contraponto, alguém que, apesar de estar nua e cercada de sexo, interessa-se por conversa boa, filosofia e um papo revigorante. Enfim, ela se interessa por pessoas e o conteúdo das pessoas, não pelos seus órgãos genitais.

    No final Mariana encontra alguém assim e a conversa entre eles faz crescer em Christian o desejo sexual novamente, e a mensagem é completa: sexo é um fim, sim, mas a jornada até lá pode ser tão deliciosa quanto, não precisamos pular direto para a suruba, não é?

    Acho que em um mundo de OnlyFans, Tik Tok e Instagram, onde a imagem e a sexualidade são tão exacerbados, um conto com mensagem assim é gostoso de ler, quase como uma tentativa de balançar de novo as forças do universo.

    Tudo isso, é claro, temperado com piadetas e cenas irreverentes.

    Um conto que me fez sorrir e de uma leitura agradável e leve. Parabéns!

  20. Thiago Amaral
    7 de agosto de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Me surpreendi com o quanto gostei desse conto!

    No início torci no nariz para os primeiros parágrafos. A ideia inicial não fazia nenhum sentido pra mim. Suruba lá é uma coisa tão importante para as pessoas na cidade do interior? Não na minha experiência, e nem na das pessoas que conheço. A introdução do assunto como algo super importante em São Paulo também pareceu um tipo de lógica de sociedade alternativa, estilo South Park. Algo que soa mais como sátira, e que sustentaria uma história baseada em chocar o leitor.

    Mas não foi o que aconteceu, no fim. A história mantém o mesmo senso de humor do início, e tudo começa a fazer mais sentido. É pra ser bobo e nonsense, mesmo. E aí eu pude relaxar e me divertir com as situações e aventuras da protagonista.

    A maior parte das piadas funciona bem, principalmente por quebra de expectativas do leitor, como em:

    “O menino Rafael, por exemplo, foi promovido sem mesmo saber como realizar um teste automatizado. E eu, que também não sei, amarguro o mesmo salário há meses.”

    Poderia citar vários outros exemplos, mas acho que o principal foi o chefe de Mariana, paródia do Mr. Grey de 50 tons, com uma história tão absurda quanto enfadonha para a protagonista.

    A única piada que não funcionou pra mim foi a com Patrícia, quando Mariana começa a falar de Ruptura. Entendi que ela estava nervosa e constrangida, mas pareceu forçada demais. Qualquer ser humano saberia que isso não ia dar certo. Talvez se ela não conseguisse se controlar, apesar de saber estar fazendo merda? Mas a resposta de Telma ficou ótima, mais um toque engraçado. (a parte da cuspida me lembrou da Andressa Urach. Foi proposital? Ganho pontos por perceber?)

    Mas parte do mérito do conto está também na escrita. Tirando alguns errinhos, como:

    “eu era prontamente defendida por eles, que diziam ‘pelo menos ele nunca foi na suruba'”,

    a escrita está simples mas precisa, descrevendo tudo que precisa ser descrito e deixando o inútil de lado. Foi gostoso de ler, e nem pelo assunto do conto.

    A estrutura também ficou legal, principalmente no final, quando a heroína se vê em seu pior momento, totalmente rejeitada na festa, e se preparando para ir embora. No entanto, nesse momento de quase morte, a esperança ressurge e o amor verdadeiro se apresenta na forma do chefe rico e broxa.

    Como possível sugestão, talvez a história pudesse ter ainda mais impacto caso a protagonista tivesse maior vontade em participar da festa. Se ela fosse mais alpinista social e falhasse terrivelmente, talvez ficasse ainda mais engraçado ela não saber como fazê-lo. E, no final, ela aprende que ser falsa não leva ao amor verdadeiro, ou algo assim (claro que isso não deve ser explicado de maneira óbvia).

    Não vejo propriamente nenhum problema no texto senão no contexto do desafio, já que não parece ser sabrinesco nem alta literatura. Sabrinesco sei que não é, já que não é sobre nenhuma paixão atordoante. É uma história de humor com elemento romântico no fim. E também não vi nenhum elemento de alta literatura. Se a intenção era ser parecido com Bukowski, não vi semelhança na história. Não sei se o estilo está parecido de alguma forma e não identifiquei nada baseado no que conheço dele. Não sei quanto isso irá pesar na minha nota ainda, vou pensar!

    Mas concluindo: ótimo conto, com timing de comédia excelente, mas que se daria melhor se o tema do desafio fosse Comédia ou Sexo.

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Publicado às 2 de agosto de 2025 por em Liga 2025 - 3B, Liga 2025 - Rodada 3 e marcado .