EntreContos

Detox Literário.

Sessão Dupla (Cyro Fernandes)

Rita chegou em casa trazendo as compras do mercado. Era o dia do seu aniversário. Queria comemorar com um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Hesitava, preocupada em manter o corpo esbelto. Pensou no irmão gêmeo e seguiu em frente. Um pedaço não faria mal, seria uma pequena recompensa pela sua maioridade. Ela ainda iria aprender que alguns dos dilemas da juventude permaneceriam vivos por muito tempo.

Ela se olhou no espelho. Viu uma jovem mulher bonita, com um corpo torneado e atraente. Não era muito vaidosa, mas, ultimamente, tinha passado mais tempo avaliando a própria aparência. Estava mais confiante em relação à sua beleza e menos insegura quanto aos julgamentos alheios.

Ela estudava no Colégio Estadual João Alfredo, na mesma turma que o irmão Renato. As notas de ambos eram boas, mas estavam num momento difícil: a decisão dos cursos que escolheriam no ENEM. Muitas dúvidas perturbavam os jovens.

Levavam uma vida modesta. Foram bem-educados pela mãe, uma mulher esclarecida e presente, que ficou viúva quando os filhos tinham apenas quatro anos. Apesar do trabalho intenso, ela sempre encontrava tempo para conversar abertamente com os filhos. Abordava diversos assuntos relevantes, inclusive sobre sexo, prevenção de doenças, gravidez e a importância de não deixarem as emoções decidirem sozinhas por eles. A mãe era um exemplo, conseguia passar para os filhos algo que nunca teve oportunidade de receber. Seus pais eram bastante conservadores e não abordavam qualquer assunto relacionado ao sexo.

Rita ainda era virgem. Quase sempre segura de si, decidia até que ponto os ficantes poderiam avançar. Curiosa, conversava com suas amigas, a maioria já com experiências sexuais. Casos de frustração e até trauma eram mesclados com amor e paixão. Ela ouvia com muita atenção e sentia que estava pronta para dar um próximo passo, mas ainda tinha dúvida sobre quando e com quem.

Pensava que o feriado poderia ser uma ocasião ideal. Um grupo de colegas planejava passar uns dias na casa de veraneio dos pais de um deles, na Praia de Mauá, em Magé. Rita sabia que dois dos seus namoradinhos favoritos estariam por lá.

Sentia-se mais atraída por João. Menor que José, menos viril, mas os beijos despertavam nela algo mais intenso. José, por sua vez, era mais forte, comunicativo, e alvo frequente de flertes. Ficava exultante com estas dúvidas; no fundo era um bom problema. Sua mente jovem queria experimentar novos prazeres. Ser desejada estimulava a sua autoestima e a sua libido.

No dia da viagem, os amigos se encontraram na estação da Central do Brasil e seguiram juntos no ônibus. O clima de excitação juvenil imperava. Os hormônios fervilhantes ficaram ainda mais estimulados durante a viagem, sem ar-condicionado. Por consenso, decidiram que os casais já estabelecidos garantiriam os quartos; os demais dormiriam nos colchonetes da sala ou nas redes da varanda.

José se aproximou de Rita durante a viagem, tentando conquistá-la com seu charme. Ela ficou lisonjeada, mas manteve uma certa distância. João a observava discretamente, enquanto contava piada no fundo do ônibus, com outros rapazes. Dúvidas, ansiedade e um calor no corpo estavam presentes de todos durante o trajeto.

Terminada a viagem, comprovaram que a praia era bonita, mas não muito convidativa. A água escura, a areia grossa e a lama desanimavam o banho. Não era um problema, afinal não tinham mesmo ido para lá apenas por causa da praia.

Os jovens seguiram para uma rua de terra batida, onde montaram uma rede de vôlei improvisada. Os times iam se revezando nas divertidas partidas. Um saque forte no fundo da quadra fez com que João derrubasse Rita. O susto do tombo não impediu que ela sentisse algo mais forte no toque das peles. Ele pediu desculpa e identificou um brilho nos olhos da moça. Reagiu por instinto e sussurrou: “Quer ficar comigo?”.

Os amigos perceberam o clima e puxaram, em tom de gozação, uma marcha matrimonial. A musiquinha quebrou o clima momentaneamente, mas não de maneira definitiva. Estava claro que havia algo mais profundo se insinuando entre os dois.

O casal almoçou junto uma macarronada sem graça, que só a fome tornava apetitosa. Os olhares e sorrisos trocados anunciavam algo prestes a acontecer. Rita sentia seu desejo amadurecer, embora os conselhos da mãe se esforçassem para apequená-los.

Um pouco mais tarde, enquanto Renato tocava violão, os amigos cantavam em roda. Quando ele iniciou uma balada mais romântica, João beijou Rita com intensidade. Os corpos se atraíram, e o clima esquentou. Um amigo intrometido interrompeu o casal com um forte abraço. O momento quebrado não escondeu o encanto entre os dois. Iriam seguir juntos no feriado.

Hora do banho. O único banheiro da casa ficou congestionado. Todos queriam se arrumar para a noite festiva. Os meninos tomaram banho primeiro. Fila formada, José terminou rápido. João, que não desgrudava da Rita, ficou por último.

Aproveitando-se do tempo a sós, José convidou Rita para conversar. Roubou-lhe um beijo. Ela o interrompeu, mas ele insistiu. Pediu uma chance. Rita, com o ego massageado e sem querer confrontá-lo diretamente, aceitou um convite para o cinema após o feriado. Ela sabia que poderia desmarcar depois, mas ficou excitada por ser cobiçada.

A noite de luau começou simples: cachorro-quente, sangria de vinho de garrafão e porradinhas, um drinque barato de cachaça com refrigerante. Música, dança e beijos espalhados. O calor e os mosquitos não impediram a alegria da turma. Os casais com os quartos reservados se retiraram cedo. João convidou Rita para a dormir com ele numa das redes da varanda. Eles se beijaram longamente. Seus jovens corpos pareciam amalgamados. A fina penugem das pernas de Rita ficou eriçada com os toques de dedos ávidos. Pescoços ficaram marcados por bocas apaixonadas. O vestido plissado permitiu carícias, toques e tremores apaixonados sem fim. Extasiados, evoluíram em sintonia por longas horas, numa noite que pareceu breve demais para eles, recheada de desejos e descobertas. Novos sabores, aromas e toques impactantes tornaram a experiência marcante para ambos.

Ao fim da festa, Renato tocou uma última música e se deitou, isolado, num colchonete no corredor, pois a sala estava totalmente ocupada. As trocas de olhares com as moças não haviam rendido nenhum namoro. Ele cuidava bem do corpo e já havia namorado algumas das mais bonitas da turma. Naquela noite o violão havia sido o suficiente para entretê-lo.

Enquanto cochilava, foi acordado suavemente por José. Recebeu, com surpresa, um beijo. Hesitante, Renato afastou o rosto do rapaz. Após novas insistências, acabou por não reagir ao inesperado. José acariciou Renato com muita força. Renato, escondido, cedeu seu amor ao galã da turma. As dúvidas e a culpa não foram suficientes para impedir o encontro. Sensações novas, que ele nem sabia que poderia desfrutar.

Na manhã seguinte, Renato acordou só. Procurou por José e ele o tratou com uma imensa frieza. Era como se o outro quisesse negar o tórrido romance. Renato lidava com a dor de ser ignorado e com a culpa por ter cedido aos seus impulsos. Não entendia o motivo da rejeição. Perguntava-se se ele estava arrependido, sentia vergonha ou se teria sido apenas um caso fugaz. Contudo, como o que havia sentido era inédito, e muito forte, ficou angustiado e inseguro.

De volta para casa, Rita e Renato aguardaram a mãe para o jantar. Ambos estavam apaixonados. Renato, confuso e envergonhado, contou à irmã o que viveu. Apaixonado, ficou triste com o distanciamento de José na manhã seguinte. Frustrado com a própria inércia para buscá-lo. Pede segredo. Ao ouvir os passos da mãe, Rita o convidou para o cinema no dia seguinte. Assim, eles poderiam conversar melhor. Ele aceitou.

Mais tarde, José ligou para combinar o cinema.  Rita confirmou e disse que enviaria o ingresso em breve. Alegou que ganhara num sorteio, mas, na verdade, comprou dois ingressos lado a lado, no fundo da sala.

Depois da aula, Rita entregou um dos convites para Renato. Disse que iria ver algo rapidamente com o João e, logo depois, encontraria com o irmão no cinema. Acertaram de voltar a pé para conversarem com calma.

Na hora do filme, Rita ligou para o Renato e disse para ele entrar, pois ela iria se atrasar um pouquinho. Ela mandou, então, uma mensagem para José dizendo que conseguira se antecipar e já o aguardava na cadeira marcada.

Rita se encontrou com João. Apaixonados, se beijaram e se entregaram novamente. Inebriada pelo desejo ardente, Rita sentia uma alegria quase plena. Faltava um detalhe importante para ela: um filme com um final feliz para o irmão.

Foi para casa ansiosa para encontrar o irmão. Ele não havia chegado ainda. Enquanto tomava o seu banho, sentiu um receio de ter precipitado o encontro do irmão com o José. Temia que uma rejeição pudesse trazer um sofrimento grande e até bloquear a vida amorosa do gêmeo. De alguma maneira, esta preocupação arranhava o brilho do que estava vivendo com João.

Ouviu o ruído da maçaneta e correu para porta, enrolada na toalha. Quando a luz se acendeu, assustou-se. Renato tinha um corte no queixo e um olho arroxeado. Só conseguia pensar no pior. Arrependida, perguntou o que ocorrera e pedia desculpas.

Renato, sorriu. Disse que tinha duas notícias. Começaria pela ruim. Ao sair do cinema havia sido agredido por um pequeno grupo de vândalos homofóbicos. Estava explicado o motivo dos machucados.  Mencionou, contudo, que estava bem, eram superficiais as lesões. 

Ao compartilhar a boa nova, foi suscinto. Apenas disse, com um sorriso orgulhoso no rosto, que gostaria que ela pudesse ver o estrago que ele e José fizeram nos intolerantes. Foi um final feliz para os jovens gêmeos, que ainda sentiam o impacto dos beijos e das descobertas. Rita ficou feliz com as escolhas certas.

Mas, ao deitar-se, a jovem não conseguia dormir. Pensava que o romance com João era muito melhor do que poderia imaginar. Sonhava com um novo encontro e constatava a sorte que tivera pelas orientações de sua mãe. Ela sabia que seus sentimentos poderiam atropelar a razão. No caso dela, tudo estava dando muito certo. Achava que vivia o melhor momento da sua vida. Projetava um futuro feliz. Fazendo uma analogia com uma sessão de cinema, seu romance era água com açúcar, como uma matinê. Ansiava pelas sessões noturnas, principalmente as da meia-noite.

Seus sonhos foram intensos. Pela manhã, ela tentava juntar os fragmentos do que conseguia se lembrar, montando um quebra-cabeça emocional. Lembrava-se de uma forte excitação, no cinema, beijando … José?!? Depois, estava num quarto com José e João, todos se beijando! Subitamente, suas certezas desapareceram. Parecia que as amarras da adolescência a faziam orbitar entre culpa e prazer, amor e sexo.

Estava totalmente perdida. E excitada! Sentiu-se estimulada a procurar José. Poderosa e sedutora, num rompante, passou a achar castradores e desnecessários os conselhos da mãe.

Rita sabia que estava mudada ao despertar. Um gatilho trouxe do seu âmago um furor até então desconhecido. Queria provar para José, e para si mesma, que era mais desejável, mais inesquecível, mais intensa que qualquer outro. A lascívia a dominava. Sorria indecentemente, pronta para levar seu desejo a um outro patamar. Não se importava em magoar o irmão, o José ou o João. Plena e absoluta, estava mais pronta para viver intensamente, expandindo os limites da sua incipiente sexualidade. O amor fraterno e a admiração por sua mãe estavam subitamente subjugados às delícias que começou a viver.

Enquanto lidava com seus dilemas, ponderava os próximos passos. Rita decidiu focar no estudo. Não que fosse pudica; ela apenas escolheu o mais importante. Passada a prova, planejava comprar os ingressos para a sessão da meia-noite. Ainda não havia decidido se seriam dois ou três lugares…

Sobre Fabio Baptista

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38 comentários em “Sessão Dupla (Cyro Fernandes)

  1. cyro eduardo fernandes
    14 de setembro de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Muito obrigado, Marcos. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

    Em tempo, sobre a sua primeira nota, referia-me aos avós, os pais da mãe dos gêmeos. Pena não ter ficado mais claro.

  2. André Lima
    13 de setembro de 2025
    Avatar de André Lima

    É um conto que explora com profundidade o amadurecimento e a descoberta da sexualidade na adolescência, focado nos irmãos gêmeos. A narrativa constrói bem um panorama das incertezas e dilemas juvenis, desde a preocupação com a imagem corporal e as escolhas acadêmicas, até as primeiras experiências amorosas e sexuais. Mas falta robustez na linguagem, na voz autoral. Sinto que é um conto cru e que falta uma identidade.

    A história se desenrola em torno de um fim de semana em uma casa de veraneio, que funciona como um palco para as múltiplas descobertas e transgressões. Gosto da abordagem aqui. 

    A linguagem tenta ser descritiva e sensorial, capturando a efervescência juvenil e as sensações físicas. O título “Sessão Dupla” é extremamente pertinente, não apenas pela dupla jornada dos irmãos, mas também pela dualidade de sentimentos, escolhas e, no final, a pluralidade de desejos que Rita contempla. Gostei da escolha.

    O arco de Renato, de uma experiência inicial dolorosa à resiliência e autoafirmação, é provavelmente o melhor da história.

    A transição de Rita de uma jovem que valoriza os conselhos da mãe e busca um “final feliz” para o irmão para alguém que os considera “castradores e desnecessários” acontece de forma um pouco abrupta. O texto tinha mais palavras disponíeveis para poder elaborar melhor.

    Em alguns trechos, a narrativa opta por “contar” ao leitor sobre o estado de espírito ou a situação dos personagens, em vez de “mostrar” esses elementos por meio de ações ou diálogos mais detalhados. Show, don’t tell.

    Mas o tema é de uma abordagem original, corajosa. O desenvolvimento dos personagens é bom e o final audacioso me convenceu.

    Alguns pontos de melhoria, em resumo, são: a busca por uma voz autoral mais sólida, show don’t tell e utilizar melhor a quantidade disponível de palavras.

    No mais, parabéns pela obra.

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, André. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  3. Bia Machado
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Me pegou desde o início? Não. A questão aqui foi ao contrário dos outros que li até agora. Não me pegou DESDE o início, mas NO início. Gosto de começos despretensiosos em contos de cotidiano. 

    Desenvolveu bem o enredo? Em parte. Eu estava gostando do desenvolvimento focado no passeio deles, senti nostalgia até quando fiz viagens desse tipo nesse começo de vida adulta. Na parte depois da viagem foi que achei meio corrido, talvez o espaço estivesse pouco e faltasse colocar mais coisa ainda de acordo com o planejamento do autor/da autora, enfim… se as coisas tivessem ficado só na viagem mesmo, terminando com eles voltando para casa com as dúvidas que surgiram, acho que o resultado teria sido melhor. Ou terminado após a briga do Renato e do José com os homofóbicos,  evidenciando que eles estavam dispostos a enfrentar o preconceito juntos…

    O desfecho foi adequado? Para mim, não, por causa da pressa e também pelos planos da menina de ir ao cinema e nem pensar nos sentimentos do irmão… esse trecho “Não se importava em magoar o irmão, o José ou o João. Plena e absoluta, estava mais pronta para viver intensamente, expandindo os limites da sua incipiente sexualidade. O amor fraterno e a admiração por sua mãe estavam subitamente subjugados às delícias que começou a viver” me deu a sensação de decepção, não sei explicar. A menina faz dezoito anos e aí decide agir dessa forma?

    E o conjunto da obra? No geral, não foi uma leitura difícil. Só os parágrafos finais que me inquietaram mesmo. Foi uma leitura ok, mas que decepcionou um pouco na conclusão.

    Deu match? Não. Mas sou #teamResé ou #teamJoNato até o final. 

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Bia. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  4. Alexandre Costa Moraes
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Olá, Entrecontista.

    Antes de tudo, achei seu conto “Sessão Dupla” muito entretivo. Trata-se de um mergulho na adolescência com clima de praia, luau e cinema. Rita cresce de cena em cena, entre curiosidade e desejo, e a narrativa acompanha esse desabrochar com clareza e calor hormonal. Tudo é íntimo sem ser gratuito, doce sem ser “bobo”, cômico sem ser “pastelão”.

    A técnica é segura. Os diálogos soam naturais, as cenas sugerem mais do que explicam e a “câmera” do texto sabe onde parar. O contraste entre a descoberta de Rita e a dor do irmão cria um subtexto forte e relevante, que dá peso ao conto sem quebrar o encanto.

    O ritmo é ágil, a leitura prende e o final é um pouco confuso, juntando amargor e esperança e… tudo de um jeito cheio de nuances. É um conto que fica na memória. Gostei bastante. Ousado, sensível, divertido e bem escrito.

    Boa sorte no desafio.

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Alexandre. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  5. Thales Soares
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Esse conto é um pouco estranho, mas até que é divertido.

    Rita e Renato são gêmeos, e logo de início o conto tenta deixar muito claro que eles são maiores de 18 anos… como se o autor estivesse morrendo de medo de que seu conto fosse um tanto politicamente incorreto, por ter bebidas e sexo com estudantes. Achei um tanto desnecessário esse desespero todo, já que é algo natural da idade, mas tudo bem…

    No aniversário deles, Rita decide comemorar em uma viagem com amigos pra uma casa na praia. O foco da viagem não é a praia, mas sim o sexo, pois os hormônios da juventude estão à flor da pele. Rita dá em dúvida se ela se acasala com o João, que é romântico, ou com o José, que é gostoso. Então ela escolhe o cara romântico, pra sentar. E o irmão, Renato, é chavecado pelo gostosão do grupo. Combinando direitinho todo mundo transa, e é o que ocorre aqui.

    Na manhã seguinte, o gostosão esnoba Renato, deixando-o confuso. Ele agora está apaixonado, e quando eles voltam pra cidade, conta tudo pra irmã. Rita fica feliz e decide ajudar. Ela elabora um plano cupido, e marca cinema com o gostosão, mas o engana, e faz o mesmo com Renato. Ela diz que vai encontrar eles lá, quando na verdade vai estar com o cara romantico. A intenção é elaborar um encontro com o gostosão e o irmão.

    O plano meio que dá certo. José e Renato se encontram no cinema. Eles tem um momento bacana, e Renato volta pra casa todo feliz! Mas então surge um grupo de homofóbicos que enche a cara deles de porrada. Mas mesmo com isso ele volta contente, e conta tudo pra irmã. Rita também tá feliz, pois está vivendo uma situação boa com João.

    Na manhã seguinte, Rita acorda com fogo no cu. Do nada, ela decide dar uma de talarica pra cima do irmão, que ela mesma ajudou a juntar com o gostosão. Então ela planeja roubá-lo de Renato. Mas não agora, porque ela tinha que estudar pra prova. E então o conto acaba, sem dizer o que rolou.

    A escrita do conto é fluida, mas me pareceu um pouco distante dos personagens, sem mergulhar direito neles. Acontecem muitas coisas, e elas são narradas como se fosse o roteiro de um filme. O comportamento de Rita no final é inesperado e, ao meu ver, até um pouco inverossímil, destoando um pouco da personagem que estava sendo construída até então.

    Mas no geral, o conto é bacana. Boa sorte no desafio!

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Thales. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

      Aproveitando, bem legal o seu conto. Parabéns!

  6. Jorge Santos
    11 de setembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá Renee. Terminei de ler o seu conto, que narra a descoberta da sexualidade de Rita. A adequação ao tema Sabrinesco é perfeita. A narrativa é simples e aborda tanto a heterossexualidade como a homossexualidade e a bissexualidade. A caracterização das personagens é perfeita para o seu escalão etário: quando Rita se decide a avançar, está disposta a experimentar tudo, mesmo o sexo com dois parceiros num cinema. Pareceu-me um retrato bastante real para os adolescentes de agora. Só não gostei particularmente dos nomes das personagens. Rita, Renato, José, João. Os nomes de José e João são tão parecidos que confundem o leitor. De resto, pareceu-me correto em termos de linguagem, sem ser brilhante.

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Jorge. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  7. toniluismc
    10 de setembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    O texto sofre com excesso de nomeação direta (“Rita”, “José”, “João”, “Renato”) em vez de variar com pronomes ou elipses, o que prejudica fluidez e ritmo. Há também uma tendência de narrar em formato de resumo (“fulano fez isso, depois aquilo”) sem explorar a construção dramática das cenas — as ações se encadeiam mecanicamente, mas não se expandem em profundidade emocional ou sensorial.
    A revisão ortográfica está razoável, mas o texto peca por parágrafos longos e densos que misturam ações, descrições e reflexões sem um corte claro, deixando a leitura cansativa. Há ainda problemas de coesão no manejo dos tempos verbais e inconsistências na focalização: o narrador alterna entre acompanhar de perto Rita e dar saltos para a perspectiva de Renato ou até comentários oniscientes sem transição orgânica.

    A proposta parece querer explorar um entrelaçamento de relações afetivas e sexuais entre os gêmeos e dois interesses amorosos, algo que poderia render um bom drama psicológico. No entanto, a execução é irregular: a complexidade pretendida vira confusão, e o final deixa dúvidas não pelo mistério intencional, mas pela falta de clareza narrativa.
    Algumas cenas têm potencial de tensão (o encontro inesperado entre Renato e José, a ideia de Rita articular um “final feliz” para o irmão), mas a trama se dispersa e há momentos em que a história escorrega para o melodrama juvenil. O uso de um sonho como gatilho para reviravolta é um recurso válido, mas aqui ele não é bem amarrado ao arco anterior, soando como um acréscimo abrupto.

    O texto consegue manter algum envolvimento graças ao tema e ao dinamismo das ações, mas o impacto emocional é diluído pelo excesso de personagens nomeados em sequência e pela falta de foco dramático. O final, em vez de deixar o leitor instigado, gera mais sensação de desordem do que de provocação — não fica claro se Rita ficou com João, José, os dois, ou se tudo ficou no campo da fantasia.
    O conflito ético que poderia surgir (o envolvimento de Rita com alguém que também teve algo com o irmão) não é explorado em profundidade; as motivações e sentimentos são simplificados em “atração”, “desejo” ou “ego massageado”, o que diminui a densidade.

    Acredito que foi mais uma questão de escolhas infelizes, pois a premissa do texto é muito boa, parabéns!

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  8. Fabio Baptista
    9 de setembro de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    Aventuras e descobertas dos irmãos gêmeos adolescentes.
    O conto é gostoso de ler e traz uma certa nostalgia de uma época boa da vida. Curiosamente me lembrou um episódio recente em que eu estava no metrô e entrou um grupo de adolescentes… a lotação me obrigou a ficar próximo e acabei escutando as conversas e tal. Depois comentei com a minha esposa que à vezes me dá saudade e às vezes me dá “vergonha alheia” dessa época.
    Enfim… leitura entretiva e ok, que precisa de um pouco de boa vontade para ser enquadrada no sabrinesco.

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Fábio. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  9. danielreis1973
    7 de setembro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Sessão Dupla (Renée Claire)

    Prezado autor(a):

    Seu conto aborda temas importantes com certa ousadia e sensibilidade: sexualidade, descoberta, amadurecimento, desejo, culpa, afeto familiar e as pressões do mundo adulto. É uma narrativa de formação (que eu gosto bastante, lembrando do Apanhador no Campo de Centeio e o próprio Feliz Ano Velho, do Marcelo Rubens Paiva). Um ponto que ficou confuso, para mim, é que a história começa pertencendo à Rita, mas aos poucos muda seu protagonismo para seu gêmeo, Renato, em um momento de virada que ela não teria como “sentir por ele”. Toda história que tem essa característica corre o risco não gerar uma identificação no leitor, que começou a seguir uma história e é colocado no meio de outra, narrada por quem não estava lá. Não comprometeu a leitura, mas parece que muitas coisas vividas pelo seu gêmeo estavam além da voz narrativa dela, por estar ausente (ou distante) dele. Isso posto, coloco como pontos de destaque o tratamento à sexualidade homoafetiva de Renato, sem moralismo nem vitimismo, ainda que com a descrição de uma agressão típica da homofobia presente na sociedade. A sexualidade Rita também passa longe do clichê da “mocinha pura” ou da “garota fácil”, já que ela tem seus desejos, hesitações, e torna-se confiante, no final. A estrutura é bem amarrada, com tensão crescente e escolhas narrativas (como o cruzamento das trajetórias dos irmãos e a reviravolta no cinema) bem interessantes. Parabéns!

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Daniel. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

      Parabéns pelo seu conto, muito bom!

  10. claudiaangst
    6 de setembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Como vai, autor(a)? Pleno(a) na criação literária?

    O título remete à ideia de uma sessão de cinema. Há espaço para conteúdo sabrinesco? Há. No entanto, não encontrei na trama romance, sedução no estilo mais sensual do que sexual. Vou considerar o tema abordado, mesmo que parcialmente.

    O meu primeiro estranhamento foi Rita se considerar pouco vaidosa. Para mim, o que ela mais demonstra é vaidade. Também estranhei esses jovens, na maioria menores de idade viajarem e ficarem sem a supervisão de um adulto. Já me explicaram que isso é bem comum, mas mesmo assim…

    E que irmã é essa, hein? Só pensa nela mesma, se deixa levar pelos hormônios e pela vaidade em detrimento ao irmão e qualquer ser humano que possa ser usado por ela. Sim, detestei Rita.

    Há oscilação quanto ao ritmo da narração. O início parece ser mais lento, explicativo, e depois do clímax, tudo acelera, talvez pelo limite de palavras imposto.

    A linguagem empregada é coloquial e a narrativa parece ser voltada ao público jovem adulto. Cuidado com a redundância de ideias e a repetição de palavras. No geral, a leitura flui fácil, mas o texto poderia ser mais compacto.

    O conto termina com final aberto. Rita não sabe quem convidará para a sessão de cinema. Parece estar em dúvida, o que nos leva a pensar nas oscilações típicas da adolescência.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Cláudia. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  11. Gustavo Araujo
    5 de setembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Este conto me frustrou um pouco. Temos aqui uma história típica adolescente de descoberta. Não é incomum, mas foi escrita com competência. Os personagens não me comoveram, porém, à exceção de Rita, mas talvez seja assim mesmo neste tipo de texto. Os fatos vão se desenrolando meio que por inércia, sem muita empolgação, mas então surge a parte final e tudo muda. Ou melhor, tudo aponta para uma mudança radical e bem vinda: Rita desperta! Às favas com as convenções sociais! Rita quer se descobrir, ficar com João e José (aliás, caro(a) autor(a), creio que os nomes parecidos confundem o leitor – da próxima vez sugiro que tente algo como Pedro e Antonio, só para marcar a diferença).

    Mas, eu falava sobre a descoberta de Rita e sobre seu rompimento com o usual. Pensei: agora vai, agora este conto ficou bom! Me ajeitei na cadeira, antecipando o que iria acontecer e… o conto acabou. Rapaz, faltou fôlego, coragem ou o quê? Na melhor parte, quero dizer, na parte em que este conto iria realmente se diferenciar, sair do lugar comum dos zilhões de histórias adolescentes, tudo acaba…

    Desculpe, mas minha frustração foi imediata, um balde de água fria. Deixo aqui a dica a você que escreveu este conto: não tenha medo de ir até o fim, de deixar sua imaginação extravasar, fluir, enfim, não tenha receio de chocar. Acho que literatura é isso. Claro, você pode achar que minha sugestão não vale nada, que é só mais um comentário chato e tals, mas, enfim, não posso deixar de comentar sobre o que me incomodou na história.

    Creio que você tem bastante potencial para criar bons enredos. Nem digo para deixar os clichês de lado, mas sim partir para algo mais arrojado, sem medo. Vai melhorar muito.

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Gustavo. Sua análise está bem completa. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  12. Luis Guilherme Banzi Florido
    2 de setembro de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia! Tudo bem? Tô lendo os contos na ordem de postagem do site, sem ter conferido quais são minhas leituras obrigatórias. Bom, vamos lá pro seu conto.

    Esse conto me incomodou um pouco por ser didático demais, não sei. Vou tentar explicar. Achei que você conta muito, ao invés de mostrar, e diz ao leitor didaticamente tudo que o leitor precisa saber: Rita fez 18 anos, é virgem, tem um irmão gêmeo, a mãe é presente e ensinou a ela e ao irmão sobre sexo, doenças, gravidez. Todo o começo do conto parece muito explicativo, sabe? Acho que seria melhor se você mostrasse essas coisas por meio de situações, diálogos. De forma mais orgânica. Como está, fica um pouco superficial, e atrapalha na imersão do leitor.

    Outro ponto que me incomodou um pouco é o final. Achei a mudança da personagem muito súbita, sem preparo. Curva de personagem é legal, mas quando vem construída. Aqui, temos uma irmã companheira, responsável, bem instruída pela mãe, que ajuda o irmão a se dar bem. Daí ela dorme, e DO NADA ela acorda totalmente mudada, inescrupulosa. Achei que esse desfecho atrapalhou bastante o conto. Não sei se você quis fazer um plot Twist, mas acho que saiu pela culatra, sabe? Eu tava satisfeito com o final onde o irmão tinha ficado com o José no cinema.

    Enfim, é um conto legal, com um bom ritmo, mas acho que acabou me perdendo muito por ser excessivamente explicativo — falar muito e mostrar pouco –, e especialmente pelo final com uma mudança brusca e injustificada da personagem, que acabou sendo frustrante.

    De todo modo, parabéns e boa sorte!

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Luís. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  13. Pedro Paulo
    31 de agosto de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Se eu traçasse um gráfico para este conto, daria algo como uma parábola de curva suave, virada com a abertura para baixo. Mas é claro que justificarei essa impressão. Achei o início um pouco despropositado e expositivo demais. Tudo é explicado para o leitor, nada é visto. A mãe é dita como um exemplo, mas praticamente só a vislumbramos na narrativa, assim como muitos personagens são caracterizados pela adjetivação, não por suas participações na história as quais, talvez por isso, parecem colocadas como uma ferramenta de fazer avançar a trama, ao invés de serem orgânicas aos personagens apresentados. Portanto, acho que a caracterização poderia ter sido feita de uma maneira menos artificial.

    Mas para fazer jus à imagem parabólica a que aludi, significa dizer que melhora. E sim, melhora. Apesar da reflexão de Rita sobre a sua virgindade ainda trazer aquilo de parecer o autor falando por meio da personagem, é nesse ponto que se instala o conflito do texto e a viagem estudantil da personagem assume gravidade, fazendo cada interação valer algo mais. Nesse sentido, João e José são introduzidos com a mesma exposição plástica que critiquei, mas os demais parágrafos, centrados em situar a interação dos personagens e, principalmente, descrever o ambiente e a fisicalidade adolescente daquela reunião, imbui o conto de verossimilhança e dá mais força, superando nesses trechos o caráter sintético da introdução.

    Mas aí há uma súbita mudança para o personagem do irmão e veio como se fosse introduzida uma subtrama em um conto. Fosse um romance ou uma novela, faria mais sentido, pois o aperto do limite de palavras sufocou essa história entre Renato e José de uma maneira que não me pareceu de todo cabível na história, voltando àquela falta de naturalidade de antes. Por isso, achei o final surpreendente, mas apressado. A súbita mudança de Rita daria para uma mudança de rumos interessantes, talvez algo para um segundo capítulo ou mesmo um ponto que poderia ser aproveitado para um conto diferente, mas que constituindo o desfecho deste texto não tem o respiro para ganhar a força e o impacto de um arremate narrativo.

    O filme enrolou e acabou quando estava ficando bom!

    Cordiais abraços, boa sorte neste desafio!

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Pedro. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  14. Priscila Pereira
    25 de agosto de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Renée! Tudo bem?

    Se você acompanha o nosso grupo de zap já sabe que o final me deixou chocada!! Então, o conto estava indo bem, estilinho Malhação, com adolescentes excitados tentando descobrir o mundo e a si mesmos, até aí, tudo bem… notei que a Rita tinha umas questões, tipo gostar demais da atenção que recebia dos meninos, mas não imaginei que fosse ao ponto de trair o próprio irmão apenas por capricho, algo mais próximo de um narcisista do que de uma adolescente deslumbrada. Achei muito abrupto, ela sai de uma ótima irmã que ajuda o irmão a querer furar os olhos dele do nada… enfim, não gostei desse final, infelizmente.

    No mais, o conto está bem escrito, criativo e retrata até certo ponto os dramas, conflitos morais e sociais da adolescência. Continue escrevendo!

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Priscila. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  15. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    25 de agosto de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Tema Alta literatura.Enquadrei seu conto nessa categoria porque ele fala sobre alguns dilemas da adolescência.Considero a escolha do título bastante adequada à história, além de muito criativa.Senti falta de um pouco mais de foco nos pensamentos, sentimentos e ações do irmão gêmeo, porque me pareceu que ele divide o protagonismo da narrativa com a irmã.Ainda achei estranha a diametral mudança de comportamento da protagonista no fim do conto. Foi abrupta e sem explicação.

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Léo. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  16. Amanda Gomez
    22 de agosto de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Conto interessante. Achei bastante real, próximo da realidade. Jovens se descobrindo, se encontrando, curtindo a fase da vida que lhes cabe. Há alguns detalhes que me deixaram pensando por que estavam ali… mas, no geral, eles compõem bem a personagem.

    O irmão apareceu de forma muito abrupta. Me corrija se eu estiver errada, mas no começo ela se referiu a ele como sendo o gêmeo e, de repente, mais à frente, havia a cena do Renato sendo abordado pelo rapaz, já com beijos e tudo. Ajudaria ter dito logo que o gêmeo se chamava Renato.

    Outro ponto são os nomes dos interesses amorosos. Confundiram um pouco… sei que parece bobagem, mas isso trava a leitura, ainda mais em um conto curto, no qual há poucas oportunidades de realmente conhecer os personagens.

    Quanto à trama: o conto tem aquele ar de Malhação. Não diria que é sabrinesco, porque é algo mais fugaz, de descobertas e tal. Mas não vou me apegar a isso. A narrativa gira mais em torno da descoberta da sexualidade da personagem e da sua aparente lascívia. Ela quer tudo e todos, deseja ser o centro das atenções e dos desejos , e vai atrás disso, mesmo que magoe a pessoa mais próxima dela. Talvez tenha faltado mais interação com o gêmeo; até aquela cena em que ele fala que brigou na rua ficou deslocada. Achei que viria algo maior a partir dali, mas acabou sendo só um fato aleatório.

    A escrita é um pouco engessada, mais preocupada em contar do que em mostrar. Isso limita a visualização das cenas pelo leitor.

    No mais, um conto interessante e instigante.

    Parabéns pelo trabalho.
    Boa sorte no desafio!

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Amanda. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  17. Givago Domingues Thimoti
    18 de agosto de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Sessão Dupla (Renne Claire)

    Olá, autor(a)! Espero que esteja bem no momento da leitura! Parabéns por participar do Desafio EntreContos! Sempre um prazer ler e comentar o trabalho dos colegas. Espero sinceramente que, ao final da leitura, você sinta que esse comentário tenha contribuído para você de alguma forma! Caso contrário, não leve para o pessoal ou crie ressentimentos. Lembre-se que escrevi com o maior cuidado que pude.

    Sobre o tema, em relação aos demais desafios, optei por mudar alguns critérios na avaliação. Diminui para 4 critérios, dando uma nota maior para adequação ao tema (está valendo 2). A lógica será: 0 para contos sem tema, 1 para contos que tangenciaram o tema e 2 para contos que o tema aparece claro e cristalino.

    Além disso, tomando as definições sugeridas pela Moderação, eu considerei sabrinesco como aquele conto que, por mais que tenha sexo nele (embora não seja obrigatório que tenha), você mostraria tranquilamente para uma pessoa da sua família que é bem careta. Já um conto de alta literatura eu interpreto como um conto mais rebuscado, que instiga o leitor tanto nas ideias (fazendo-o pesquisar sobre algum elemento do texto)  quanto na técnica empregada (podendo ser um ou outro).

    Resumo da história

    “Sessão Dupla” é um conto híbrido entre alta e literatura, que nos apresenta Rita (irmã gêmea de Renato), uma jovem que desperta o interesse de João e José, numa viagem de formatura. Ela fica em dúvida entre os dois e opta, porque não, pelos dois.

    Aspectos positivos e negativos

    Aspectos positivos: conto que surpreendeu com o enredo. Alta literatura com sabrinesco? Sabrinesco com alta literatura. Personagem protagonista ousada e dúbia moralmente.
    Aspectos negativos: Tem alguns elementos da narrativa que não parecem combinar entre si. São jovens meio adultos demais, embora o contexto da história leve a parecer que são adolescentes. Escrita dura, descritiva, quase cartesiana, que não combina muito com a narrativa apresentada.

    Avaliação por critérios (pontuação total: 5,0)
    Adequação ao tema (máx. 2,0):
    O conto aborda de forma clara, criativa e relevante o(s) tema(s) proposto(s)? Há relação explícita ou simbólica (mas detectável) com o tema indicado? Nota: 2

    Esse conto me colocou numa saia justa com o aspecto tema. Bom, creio que ele é um sabrinesco até o momento que Renato e José moem homofóbicos na porrada na saída do cinema. A partir do momento que Rita mostra seu lado mais não-monogâmico, por assim dizer, o conto ganha novos contornos e provoca o leitor. 

    “Sorria indecentemente, pronta para levar seu desejo a um outro patamar. Não se importava em magoar o irmão, o José ou o João. Plena e absoluta, estava mais pronta para viver intensamente, expandindo os limites da sua incipiente sexualidade.” → aqui, penso que deturpa-se um pouco o romance (pelo menos, o romance dentro de uma lógica monogâmica. Claro, não é raro em contos sabrinesco a dúvida da personagem entre 2 interesses amorosos. Aqui, por outro lado, a personagem avança um pouco nessa lógica: ora, por que não ter os dois?

    Aliado a escrita mais rebuscada e correta, penso que se trata de uma alta literatura. Bom, de qualquer forma, “Sessão Duplaestá dentro dos temas propostos pelo certame.

    Correção gramatical (máx. 1,0): O texto segue a norma culta da língua portuguesa? Se sim, há erros gramaticais, ortográficos ou de pontuação que prejudiquem a leitura? Se optou pelo coloquialismo ou regionalismo, deu para sentir que foi uma boa imitação? Soou forçado? Nota: 1

    Irretocável. Texto muito bem revisado! Parabéns! 

    Construção narrativa (máx. 1,0): A estrutura do conto é bem organizada (início, desenvolvimento, clímax e desfecho)? Estica demais, apertou demais? Caso tenha optado por um conto não linear, deu para entender/acompanhar a história? O estilo de escrita é adequado? A técnica chama a atenção? Há fluidez, ritmo e coesão textual? Nota: 0,6

    O conto é bem construído em termos de fluidez, de uma forma simples e enxuta.

    Minha crítica quanto à técnica, resume-se a sensação que tive que a escrita foi descritiva e distante demais. Para um “sabrinesco” que fala sobre jovens e descoberta sexual, tem pouca malemolência e sensibilidade. É uma escrita mais pragmática, que quase não abre espaço para o lúdico do leitor. Tudo está claro. Mas, talvez, não devesse estar…

    Impacto pessoal (máx. 1,0): O conto provoca reflexão, emoção ou surpresa? Causa uma impressão duradoura ou significativa? Nota: 0,5

    Eu achei esse conto interessantíssimo, embora eu tenha achado ele escrito de uma forma dura demais, quase cartesiana. 

    Num primeiro momento, após a leitura, pensei: “Puts, se esse conto finaliza no trecho que Renato conta para a irmã sobre o cinema, ele fica dentro do sabrinesco perfeitinho. Cada irmão com o seu par, todos felizes na medida do possível”. Mas, depois de refletir, o que se percebe é que se trata de uma subversão; ora, por que ela não pode desejar e ter os dois? 

    Nessa virada de chave, ao revelar uma camada ética de sua personagem inesperada, o autor/ a autora conseguiu provocar o leitor em sua essência (pelo menos este leitor). Dessa forma, o conto ultrapassa seu limite e atinge um objetivo muito caro para nós escritores. Tocar o leitor, seja positivamente ou não.

    Enfim, Rita é uma personagem dúbia, daquelas que terminamos com uma certa antipatia (passa por cima dos sentimentos de seu próprio irmão pelo seu desejo, o qual muda de dia em dia), mas também uma certa inveja (afinal, creio que qualquer pessoa, algum dia, sentiu muita vontade de passar por cima de alguém para satisfazer suas vontades). Achei muito interessante também como a representação de comer o pedaço de bolo antes do irmão gêmeo mostra seu egoísmo de um jeito interessante, e posteriormente é retomado com um ato bem mais grave

    Tenho minhas ressalvas, pelo menos em termos de história, com alguns detalhes que poderiam ser suprimidos ou alterados. Foram detalhes que me incomodaram um pouco, me afastando da narrativa. Por exemplo, Rita parece muito mais amadurecida do que o restante. Até mesmo, amadurecida demais considerando o início e o final do conto, parecendo quase uma outra pessoa. Além disso, a história não parece combinar muito com adolescentes ou, melhor dizendo, jovens adultos. Tive essa sensação estranha de ler adultos adolescentizados.

    Além disso, creio que poderia ter outras formas de mostrar alguns fatos, sem ser tão expositivo/argumentativo. Por exemplo, quando explica sobre a figura da mãe e a forma de criação. Achei muito deslocado da história, embora faça sentido dentro da história.

    Enfim, um bom conto!
    Nota final (máx. 5,0): 4,1

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Givago. Sua avaliação foi bem completa! Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

  18. Thiago Amaral
    11 de agosto de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Olá, tudo bem?

    O conto está bem escrito, fazendo com que a leitura flua bem. No entanto, pra mim o texto incorre numa falha grave, que vou tentar explicar a seguir.

    Em linhas gerais, eu diria que a história sofre de um estilo que se assemelha a resumir o que aconteceu, ao invés de se aprofundar nas cenas. A autoria não entra em detalhes, não mostra as personagens interagindo. As coisas são apenas contadas, nunca vistas.

    Isso é um problema porque quem lê não entra na história de fato. As personagens não interagem, são mostradas de longe, com todos os seus pensamentos e sentimentos expostos imediatamente, sem que nada sobre pra leitora deduzir ou perceber.

    Me lembrou bastante da época em que eu, pré-adolescente e sem paciência para esperar os próximos episódios de Malhação, lia os resuminhos que vinham nos jornais. O estilo da escrita está muito parecido, apesar de que aqui a autpria de fato nomeia os sentimentos junto com os atos.

    Mas não é suficiente para captar a empatia de quem lê. Todas as cenas duram mais ou menos um parágrafo, numa batida uniforme que assim vai até o fim, e de repente acaba, sem grandes impactos. A ideia da descoberta sexual da protagonista é boa, inclusive o fato de ela não saber se quantos amantes irá querer. Muito bem. Porém, a execução, apenas relatando esse fato, não traz revelação, descoberta, nada. Apenas conta, sem emoções.

    Além disso, acho que, apesar do clima de romance, não tocou muito no tema sabrinesco, infelizmente.

    O conto também me lembrou bastante o dos Simpsons no desafio anterior. Vale conferir os estilos e analisar o que pode ser feito diferente. No fim, provavelmente a história teria que ser mais curta, mas irá se beneficiar muito em emoção, impacto, etc. Trama você já tem, falta colocar os elementos numa forma mais dramática.

    Espero que esse comentário tenha sido de ajuda. Meu intuito não foi destruir.

    Valeu pela contribuição e até a próxima.

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Thiago. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

      Interessante você ter percebido a semelhança com a narrativa do conto dos Simpsons. Ótima identificação de padrões e memória.

  19. Kelly Hatanaka
    11 de agosto de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá!

    Neste desafio, vou avaliar os contos da seguinte forma: Tema vai valer 2 pontos, Forma, 2 pontos, Enredo, 3 e Impacto também 3. Como o tema Sabrinesco parece ter sido especialmente desafiador, vou dar um ponto extra para Sabrinescos bem executados. É pessoal? É. Mas os critérios de avaliação são pessoais mesmo, então paciência.

    Tema

    Vixe, desculpe, mas, pra mim, está fora do tema. Não é alta literatura. Também não é sabrinesco, não há romance, amor. Há a descoberta do sexo. Mas não é uma história romântica.

    Forma

    Um conto bastante narrado. Tudo é contado e descrito por um narrador um tanto didático. Talvez este tom professoral do narrador tenha me dado a impressão de conto infanto-juvenil, reforçado pelos personagens serem adolescentes.

    Enredo

    Meio estranho. Começa com o aniversário de Rita, ela pensa no bolo, daí pensa no irmão gêmeo e segue. Por quê? O que houve com o irmão gêmeo, que pensamento foi esse? No fim, pelo jeito, não era nada. Ela viaja com amigos, fica com um ficante, o outro ficante fica com o irmão dela, ela banca o cupido e dá certo. Daí, em seguida, ela resolve que quer ficar com o namorado do irmão e se sente empoderada, como se ter liberdade sobre o próprio corpo e prazer tornasse ok magoar outras pessoas. Daí, ela resolveu focar nos estudos.

    Impacto

    Baixo. Acho que são muitas ideias que foram sendo narradas, meio enumeradas, como uma lista de compras, mas sem muito desenvolvimento. Até essa história esquisita de Rita, do nada, querer ficar com o namorado do irmão só porque sim, poderia funcionar se fosse bem desenvolvida. Mas assim, largada, só faz Rita parecer uma fedelha mimada e talarica.

    • cyro eduardo fernandes
      14 de setembro de 2025
      Avatar de cyro eduardo fernandes

      Muito obrigado, Kelly. Vou considerar os pontos mencionados para evoluir nos próximos desafios.

      Parabéns pelo seu ótimo conto!

  20. marco.saraiva
    8 de agosto de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Acompanhamos o despertar sexual de Rita, que vive amores à flor da pele, de intensidades mil. Na mais ativa das idades, ela experimenta, brinca e trabalha em diversas frentes ao mesmo tempo. Transforma-se de uma garota inocente no início do conto para uma mulher pronta para explorar todos os possíveis horizontes que o sexo pode a ela oferecer, e que se danem as consequências – e os conselhos da sua mãe.

    É um conto que brinca justamente com a imprudência adolescente, com a falta de visão, com o foco no presente. O leitor adulto sabe o que vem no futuro de Rita, mas o conto faz bem em narrar na voz dela mesma, pouco preocupando-se com o que ela, no fundo, sabe que pode acontecer. Ler o conto foi como viver a minha adolescência de novo, e notar que todo mundo tem que passar por esta fase para entender como a vida funciona.

    O conto usa de certas caricaturas para levar o seu ponto adiante. Aqui, todos são abertos a qualquer tipo de experiência, tem homem que não sabia que era gay e, ao descobrir, abraça a causa imediatamente. E, é claro, tem grupos de homofóbicos também, que batem no primeiro gay que veem na rua (que azar ein, a sua primeira noite gay e você já apanha de grupos homofóbicos!). A vida, é claro, é muito mais complexa do que isto, e cheia de nuances, mas acho que a ideia do(a) autor(a) foi justamente trazer estes aspectos à tona em formas caricatas, dado o curto espaço, para explorar um pouco estas ideias.

    É um conto sobre maturidade, descobrimento, e experimentações. Interessante! Parabéns!

    NOTAS:

    • O início do conto me confundiu um pouco. Fala-se que a mãe deles “…ela sempre encontrava tempo para conversar abertamente com os filhos. Abordava diversos assuntos relevantes, inclusive sobre sexo, prevenção de doenças, gravidez…“. Porém, logo depois, fala que “Seus pais eram bastante conservadores e não abordavam qualquer assunto relacionado ao sexo.” A ideia ficou bem confusa. Será que você quis dizer que a mãe falava sobre sexo, mas o pai não?
    • A escrita está um pouco seca demais. Me parece mais um roteiro de filme. Cada sentença é um fato.
      “Eles se beijaram longamente”
      “Ambos estavam apaixonados”
      “Rita ficou feliz com as escolhas certas.”
      “passou a achar castradores e desnecessários os conselhos da mãe”

    Senti falta de emoção, de uma voz que vem de dentro. Mais poesia, menos burocracia, eu diria. É opinião pessoal, é claro.

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Publicado às 2 de agosto de 2025 por em Liga 2025 - 3B, Liga 2025 - Rodada 3 e marcado .