EntreContos

Detox Literário.

La Vie en Guerre (Thais Henriques)

O clima de tensão e insegurança assombrava a pequena cidade de Madison há algum tempo. A Segunda Grande Guerra custara muito às famílias locais, especialmente à de Anna McDowall: perdera o irmão mais velho na Normandia, em pleno dia D.

Era uma manhã ensolarada e Anna limpava energicamente os balcões brancos do Rosie’s Diner. Seu corpo pequeno, e bem desenhado, suava sob o avental azul-escuro. Em seu peito havia uma pequena placa com os dizeres “Anna – Garçonete”. Os longos cabelos loiros estavam contidos numa faixa branca e os olhos, ainda que cansados, guardavam um brilho sonhador. Era uma moça de apenas vinte anos, mas conseguia enxergar luz além da guerra.
Desinibida, dançava sozinha enquanto cantarolava Édith Piaf num francês torto, quase inventado até que, subitamente, perdeu o ritmo e embaralhou-se na letra da música.

O tilintar do sininho da porta anunciou a chegada do primeiro cliente do dia. Virou-se para recebê-lo e, ao encontrar os olhos do rapaz, sentiu uma fria onda percorrer-lhe a espinha e o mundo pareceu parar por um instante.

Henry adentrou o diner de forma imponente. Estava orgulhoso de si, recém-formado na academia militar. O jovem soldado trajava a farda impecavelmente alinhada. Trazia o chapéu bibico nas mãos fortes, e tinha o rosto de quem ainda não sabia o que era a guerra — olhos felizes e intensos, de um azul vivo que remetia ao céu de verão, cabelos castanho-escuro, curtos e arrumados com gel; e lábios vermelho-quente, os quais pareciam guardar segredos doces. Os braços e peitoral fortes eram realçados pela vestimenta militar. Ele se acomodou à mesa perto da janela.

Anna acompanhou, atentamente, cada movimento dele, da porta até à mesa. Seu corpo respondia eletricamente a cada movimento do soldado. Tentou esconder a expressão de fascínio por aquele homem maravilhoso. Mas, certamente, falhara: estava com as bochechas coradas.

Largou o pano atrás no balcão, ajeitou o avental, assentou os cabelos e, com o seu melhor sorriso, abordou o rapaz.

— Bom dia… Soldado Stephens – leu em seu uniforme – O que posso lhe oferecer hoje?

Henry achou graça: era notável a timidez dela. As bochechas rubras destacavam-se em seu rosto pálido. Anna era dona de uma beleza única, e o avental bem ajustado na cintura destacava suas curvas. O laço na altura do busto, bem-marcado, levou Henry a imaginar, mesmo que brevemente, como seria desembrulhá-la, como uma criança animada faz no Natal com o presente mais desejado.

A garçonete desviou rapidamente o olhar, envergonhada pela forma com que o soldado a mirava. Ele retribuiu o sorriso e entoou sua melhor voz de galã de cinema:

— Bom dia… garçonete Anna – leu a plaquinha do avental – Um café bem forte e torradas com bacon fariam este soldado muito contente. E… Pode me chamar de Henry.

A jovem garçonete anotava o pedido à medida que era cantado pelo soldado. Sua letra mais parecia um grande garrancho, tamanha era a ansiedade em atendê-lo. Porém, ao ouvir o nome do rapaz, parou por um instante. Repousou a caneta no espiral do bloquinho de pedidos, e encarou-o surpresa, e desta vez sem o lindo sorriso que lhe estampara o rosto. Aquele era Henry Stephens, filho único dos donos do escritório contábil no qual Josh, seu irmão mais velho, trabalhou antes de se alistar.

— Henry, sim. Eu conheço seu pai. Sou Anna. Josh McDowall era meu irmão.

Henry mudou a expressão do rosto imediatamente. Foi de galã conquistador para homem confortador. O jovem Stephens ouvira do pai sobre a morte de Joshua McDowall na Normandia.

Henry acompanhou o olhar da jovem Anna entristecer e desviar dele, a fim de evitar que lhe fosse visível os olhos marejados o choro silencioso. Ainda era muito difícil para ela falar sobre o irmão. O Soldado sentiu-se responsável por consolar e, de alguma forma, confortar a linda jovem.

— Senhorita McDowall, insisto que me desculpe se fui, de alguma forma, indelicado. Sinto muito por Josh. Sei que foi um soldado brilhante. Voltei há duas semanas de West Point, e lá ouvi grandes histórias sobre seu irmão.

O jovem soldado se levantou prontamente, aproximou-se da jovem respeitosamente e com os dedos enxugou as pequenas lágrimas que se atreviam a rolar pelo rosto delicado e macio de Anna. Estava encantado por ela. Seu real desejo, no entanto, era tomá-la em seus braços, sentir o suave perfume de seus cabelos, o suave toque de sua pele e protegê-la dos males da Guerra, torná-la sua.

Assim que secou o rosto dela, Henry sentou-se novamente. Por qualquer razão, sentia-se agora responsável por cuidar daquela jovem. Queria ser o protetor dela.

Anna respirou fundo na tentativa de retomar o foco da situação. O toque das mãos fortes e quentes de Henry em seu rosto, e o cheiro daquele homem causaram-lhe uma sensação inédita. Um calafrio lhe percorreu o corpo, e os cabelos da nuca se arrepiaram. Estava excitada com apenas um toque bobo dele.

Ela foi tomada inteiramente pela vontade de se entregar ao soldado, buscando seu abraço como quem busca abrigo. Entretanto, forçou-se de volta à realidade e agradeceu a gentileza. Finalizou rapidamente a anotação – ou o rabisco – do pedido, desculpou-se e partiu em direção à cozinha, na promessa de não demorar em levar tudo ao rapaz.

Não passaram mais do que quinze minutos para que a garçonete voltasse à mesa do soldado. Desta vez equilibrando, elegantemente, nas mãos pequenas dois pratos, um pires e uma xícara de louça branca sobre uma bandeja de metal redonda.

— Aqui, Henry: seu café à moda do exército, isto é forte e sem açúcar; suas torras e bacon extra como agradecimento pela gentileza de antes. Posso lhe oferecer mais alguma coisa?
Henry sorriu, satisfeito e lisonjeado. Primeiramente em ter sido chamado pelo primeiro nome. Depois, por ouvir a jovem cantar o pedido na ordem em que colocava os respectivos itens sobre a mesa. E, por último, achou graciosa a última pergunta. Sentiu algo estranho ao ver a jovem, anteriormente vulnerável, agora tão desenvolta. Queria tocá-la novamente. Ele não poderia perder a chance de conhecer mais aquela moça tão linda, doce e enigmática. Era a combinação perfeita para ele.

— Sim, senhorita McDowall. Eu gostaria muito de… – pigarreou – … convidar Anna para se juntar a mim. Há comida demais para uma pessoa apenas, não acha? Desperdício em tempos de Guerra é o pior dos crimes.

Anna sentiu as bochechas corarem, e isso era uma constante na presença dele. Estaria o jovem soldado interessado nela? Ou fora um convite por pena, pois falaram de Josh? Precisava saber, tirar a prova. Ele havia mexido com ela como nunca. Manteve a compostura, ainda que sentisse borboletas no estômago. Seu corpo reagia a ele.

— Entendo, Soldado Stephens – disse enquanto buscava as mais formais palavras que sabia – Mas, veja… Anna só estará liberada de suas atividades neste estabelecimento às dezoito horas. Seria demais pedir que o senhor volte mais tarde para jantar com ela?

Foi a vez de Henry Stephens sentir-se tímido em frente à jovem. Ele realmente não imaginava que seu convite seria aceito, mas a proposta feita por ela apresentava-se ainda melhor do que a original. Precisava estar com ela de qualquer modo. Afinal, na Guerra nunca se sabe quando será seu último dia.

— Pode informá-la de que estarei aqui às dezoito para buscá-la. Pedirei ao meu velho as chaves do Packard. Obrigado, senhorita.

O Soldado Henry Stephens estacionou o Packard 43 azul em frente ao Rosie’s Diner pontualmente às dezoito horas. Do interior do veículo avistou Anna arrumar o laço frontal de seu vestido amarelo e se despedir de seus colegas com um breve aceno.

O rapaz saiu do Packard e deu a volta, apenas para poder abrir a porta para a jovem. Ela se aproximou do Packard e sorriu ao vê-lo, ainda fardado, abrir a porta do carro e estender-lhe a mão. Ela tinha uma enorme atração por homens de farda.

Ao tocar a mão de Henry, ela sentiu seu corpo responder ao toque. As mãos dele eram ao mesmo tempo, fortes e suaves, firmes e quentes. Foi eletrizante o contato entre eles. Ele parecia ter sentido o mesmo, pois pigarreou para disfarçar.

Optaram por buscar fatias de pizza e parar na praça West para comer.  Entre perguntas e risadas, o soldado e a garçonete foram conhecendo mais sobre o outro. A curiosidade deu lugar à admiração que, por sua vez, transformou-se em afeto. E, posteriormente, desejo.
Anna aprendeu que ele quebrou a perna aos 13 anos ao tentar pular o muro da escola para matar aula. Henry descobriu que ela não gostava de cantar no coral da igreja, mas era obrigada pela mãe.

Anna lera todos os livros que encontrara de literatura francesa. Henry gostava de praticar corrida ao amanhecer. Ele havia se alistado para seguir carreira, e vencer a Guerra. Ela tinha medo de perder mais alguém naquele conflito.

Era notável o desconforto da jovem garçonete ao falar sobre o que estava acontecendo no mundo naquele momento. Infelizmente, Henry estava diretamente envolvido naquela situação. Ele tomou as mãos dela nas suas. Anna permitiu. Algo despertara entre eles. E ambos queriam mais.

Ela segurou as mãos dele fortemente, enquanto olhavam-se fixamente por alguns segundos, tempo suficiente para que tudo ao redor do casal desaparecesse. Havia apenas Anna e Henry, e a luz do coreto da praça West.

Aproximaram-se. As mãos agora entrelaçadas. Henry sentiu o corpo estremecer e o coração disparar. Anna estava perto de ofegar. Suas bochechas estavam rubras, e ela mirava atentamente os lábios do rapaz. Então, o jovem soldado afastou os cabelos que lhe tampavam o rosto, e lentamente aproximou-se da jovem. Estava tão perto, podia sentir o doce aroma de sua pele.

Anna estava respirando rapidamente a esta altura. O rapaz tinha um perfume amadeirado, e suas mãos, embora másculas, não eram ásperas. Os lábios finalmente se encontraram, unidos em um beijo tímido, a princípio. Conforme sentiam o sabor viciante um do outro, o ritmo tornava-se mais vigoroso e intenso. Henry tinha uma das mãos na nuca de Anna, como se direcionasse a moça durante o beijo. Ela, por sua vez, estava entregue a ele. Afastaram-se para retomar o fôlego.

— Anna, eu passaria a vida sentado aqui contigo, sentindo teu sabor – suspirou frustrado – Mas, preciso confessar-lhe que serei enviado à Europa em duas semanas – o rapaz estava visivelmente tenso, ainda com a boca suja de batom rosa-claro.

Anna sentiu uma onda gelada tomar-lhe o corpo. A Guerra não poderia lhe tirar outro amor. Ela queria viver aquele sentimento, queria Henry para si. Naquele momento, tomou uma decisão: ela seria dele a qualquer custo. Anna não conseguiu conter as lágrimas. Abraçaram-se como se aquele momento fosse a despedida. Ela murmurou em seu ouvido.

— Henry… Não posso perder mais tempo. Quero você. Quero ser sua.

Na semana seguinte, Henry Stephens foi à casa da amada. Os pais dela estavam com o grupo de estudos da igreja, voltariam apenas pela manhã. Anna o recebeu trajando o mesmo vestido amarelo, com um laço na frente, que usava quando se conheceram. Ele estava fardado, para variar.

Anna o recebeu com um sorriso tímido. A jovem estava extremamente nervosa, e com as mãos geladas grudadas nas mãos quentes dele, guiou-o até seu quarto.

A cama estava arrumada com lençóis rosa-claro. A cortina bloqueava a vista da janela, mantendo-os escondidos do mundo. A luz era baixa, fraca, mas suficiente.
Anna fechou a porta, fez com que ele se sentasse na cama e respirou fundo. Embora o clima estivesse ameno, sentia frio tamanha a ansiedade que lhe invadira. Estava prestes a se entregar ao seu primeiro amor.

Olhou-o fixamente, sorrindo; e então, começou a se despir lentamente, revelando um segredo que só ele podia conhecer. Sem pressa, desfez o laço do vestido, desembrulhando-se como um presente único, exclusivo.  Deslizou as alças pelos ombros, até o vestido desabar no chão, revelando seu corpo quase todo nu.

Os seios eram pequenos e macios, as curvas eram suaves, a pele era macia e perfumada — tudo nela parecia feito para ser descoberto por Henry. Ele a olhava fixamente, decorando cada movimento dela.  Estava enlouquecido, queria tocá-la, mas temia acordá-la daquele sonho. Ela era exatamente como ele imaginou.

Anna continuou a despir-se, desenrolando, até o chão, a calcinha de tecido fino. Estava, agora, completamente nua. Entregue, vulnerável.

Ela o encarava, agora com um olhar doce e provocante, enquanto enrolava uma mecha de cabelo nos dedos. Desejava senti-lo, tinha pressa em ser dele.

Henry levantou-se e aproximou-se dela e tocou-lhe. Pousou as mãos sobre os seios dela, apertando-os sutilmente. Anna suspirou, fechando os olhos e praticamente concedendo-lhe acesso total ao seu corpo.

Ele continuou as carícias, alternando beijos em seu rosto, boca e colo. Saboreava cada pedacinho dela. Suas mãos deslizavam pelo corpo e Anna, num reconhecimento de campo delicioso.

Ela dizia o nome dele e outras palavras que saíam quase sussurradas de sua boca A jovem estava em completo êxtase, e seu corpo respondia a cada toque.

O soldado beijou-lhe a boca de modo selvagem. Era um desejo recíproco de se devorarem. Anna estava ofegante, excitada, pronta para ele.

— Eu quero te descobrir por inteiro – sussurrou o soldado.

Guiou-a para a cama, fazendo-a deitar-se confortavelmente. Henry ajeitou-se e posicionou-se sobre a jovem, e encaixou seu corpo no dela. A cada pouco que avançava e preenchia a amada, ele gemia e via a expressão de excitação no rosto dela. Anna movimentava o quadril junto com o balanço dele, sentindo-o inteiramente dentro dela. O corpo do soldado pesava sobre o da jovem garçonete, e a respiração ofegante do casal seguia o ritmo do prazer que dividiam.

— Eu não vou te esquecer… Sou seu — disse ele, enquanto os corpos se uniam com cadência e intensidade.

A cada movimento, cada beijo, gravavam um no outro a memória de uma noite que deveria durar para sempre. Anna travou os pés nas costas dele, como se o prendesse naquele momento. Henry a penetrava cuidadosa e deliciosamente. Os corpos fundiam-se num só, a pele suada deslizava facilmente no ritmo que ditavam.

— Jamais esquecerei de você. Sou sua – murmurou Anna.

Henry acelerou as investidas à medida que ela implorava por mais. Não demorou muito para que os dois atingissem o máximo do prazer.  Ele desabou ao lado da jovem, exausto, mas completo. Anna sorria, satisfeita e feliz.

— Eu te amo, minha Anna McDowall – acariciou o rosto corado e suado dela.

Anna retribuiu o carinho e beijou-lhe os lábios amorosamente.

— Eu também te amo, meu Henry Stephens.

Haviam selado o amor entre eles para sempre. Pertenciam, definitivamente, um ao outro.

As cartas tornaram-se rituais. Henry escrevia entre os combates, com a urgência de quem sabe que o tempo é uma mentira cruel. Anna, entre as mesas do diner, encontrava momentos para tocar no papel como se fosse a pele dele. Cada carta recebida era uma fagulha de esperança para o jovem casal. Ele foi promovido à sargento. Anna iniciara os estudos para ser professora.
Combinavam detalhes do casamento, e ele lhe prometera levar um paraquedas de seda pura da Airborne para que Anna fizesse seu vestido de noiva a partir dele. Seria uma forma de homenagear Josh.

Certa manhã, perdida nos pensamentos sobre sua vida com Henry, Anna foi surpreendida ao buscar a correspondência.

Bélgica, dezembro de 1944.

Anna, minha luz,
Esta pode ser minha última carta, e escrevo como quem ama pela última vez. Sinto em minha alma que não verei a próxima estação chegar.
Hoje vi a neve cair sobre Bastogne. Pensei em ti, e em teu corpo nu me aquecendo naquela noite. Fechei os olhos e senti teu perfume novamente, revivi a sensação de estar dentro de ti. Transportei-me para aquela noite, abraçado por teu amor.

Os dias aqui são longos. Perdi muitos amigos de Companhia. Tenho medo. Qualquer dia aqui pode ser o último. E tudo o que eu mais desejava era viver a vida toda ao seu lado.
Perdoe-me pela franqueza, não sou mais o mesmo de antes. Descobri-me frágil.
Caso eu sucumba, meu amor, saiba que foi você que me deu a coragem de viver, e foi por ti que vivi até o fim. Sua existência me fez feliz.
Nunca deixarei de te amar. Mesmo que meu corpo não volte, minha lembrança vai continuar te invadindo, tocando-lhe lenta e calorosamente, como naquela noite — a primeira e eternamente nossa.
Teu sempre,
Henry

Anna McDowall leu a carta sentada na cama, com os joelhos dobrados. A fina camisola lhe subia pelas coxas como se o tecido também sentisse falta do toque dele. Chorava feito criança repreendida. O coração pulsava no peito vazio. Suas mãos tremiam ao dobrar o papel, aquilo que restara do amor que viveu. Seu corpo não seria novamente tomado por ele: o Sargento Henry Stephens não retornaria a Madison.

Sobre Fabio Baptista

Avatar de Desconhecido

20 comentários em “La Vie en Guerre (Thais Henriques)

  1. André Lima
    13 de setembro de 2025
    Avatar de André Lima

    Quando comecei a leitura deste conto, torci o nariz. Mais uma narrativa sobre segunda guerra e Dia D, algo que considero estar bastante saturado.

    Mas eu não poderia estar mais errado. Aqui, temos uma abordagem muito interessante.

    A força do conto, obviamente, está na interação e na conexão do casal. Anna é uma personagem cativante, tridimensional, que possui um desenvolvimento legal no enredo. Começa tímida e evolui para uma determinação potente. Gosto das camadas da personagem. Já Henry é menos profundo, embora a carta final o humanize e traga alguns elementos extras para sua persona.

    A atração entre Anna e Henry é palpável e desenvolvida de forma orgânica. O relacionamento progride de curiosidade a afeto e desejo, culminando na entrega mútua. A tensão da guerra, que os cerca, é um catalisador para a intensidade desse amor, destacando a urgência de viver o presente. É um tema clichê, mas a abordagem é original.

    O texto é rico em detalhes que estimulam os sentidos. Construções bem interessantes, mas por vezes “retas” demais. Sinto que o autor poderia elaborar mais, dar mais lirismo, pois o texto pede por isso. Há momentos de grande lirismo na obra, sim, nas descrições do amor, na carta de despedida, mas essa linguagem oscila durante o texto.

    O conto entrega uma montanha-russa de emoções, do fascínio inicial à euforia do primeiro amor e, finalmente, à tragédia inevitável. Tudo foi construído de maneira impecável aqui. A progressão da história, se não fosse feita da maneira que foi, poderia cair no melodrama.

    Em alguns momentos, porém, especialmente nas cenas iniciais de sedução e nas passagens de intimidade, o ritmo é bastante acelerado. 3 mil palavras é cruel demais. Sofri com isso no meu conto também.

    Os diálogos são funcionais, mas poderiam ter mais “subtexto” ou particularidades que revelassem as vozes únicas de Anna e Henry, além das descrições do narrador. Por exemplo, a ambiguidade de Anna sobre o convite de Henry poderia ser explorada com um diálogo mais detalhado.

    Mas há uma coisa que destaca este conto: a força emocional. A escrita é leve, boa e potente. Gostei muito. Parabéns!

  2. Bia Machado
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Me pegou desde o início? Não. Foi uma leitura que não funcionou totalmente para mim.

    Desenvolveu bem o enredo? Bem, é fácil classificar como sabrinesco, não há dúvidas, mas para mim tudo foi rápido demais. Não sei se usou todo o limite de palavras, mas me pareceu como se quisesse dar um jeito de caber a história em um espaço que não seria suficiente para tanto. Mas está bem escrito.

    O desfecho foi adequado? Não. Ok que não tenha sido feliz, diferente do “sabrinesco raiz”, onde o casal sempre termina junto, vencendo qualquer dificuldade, mas talvez pela rapidez do restante do conto o final tenha essa sensação de que precisava “terminar de alguma forma”… Ou, outra suposição: o autor ou autora tentou mesclar os dois temas, por isso optou por um final que se encaixaria em alta literatura? Realmente não sei… 

    E o conjunto da obra? A mim me parece que a história desse casal se encaixaria melhor em um espaço maior, onde seria possível desenvolver com tempo para o leitor comprar esse romance. Observar alguns erros de pontuação, principalmente vírgulas, que quebram a leitura, também algumas letras/palavras faltando, talvez pelo pouco tempo que tinha para enviar o texto, quem sabe?

    Deu match? Não… O casal não me conquistou. Eu gosto de histórias nessa ambientação de segunda guerra e, em virtude disso, sofro muito com amores que não se concretizam por causa da situação que os personagens vivem, mas aqui faltou mais desenvolvimento para torcer pelos dois. Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.

  3. Alexandre Costa Moraes
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Olá, Entrecontista.

    Adorei seu conto “La Vie en Guerre”. Ele prende desde a primeira cena no “diner”. O encontro de Anna e Henry nasce do luto (do irmão dela, soldado) e cresce devagar até um clímax caliente e cheio de emoção. A transformação dela, de garçonete tímida a mulher que se entrega ao primeiro amor, é convincente e bem amarrada.

    Na técnica, o texto faz bom uso da técnica “show, don’t tell”. Toques, cheiro amadeirado, tremor nas mãos, tudo fala por eles. O passado pesa sem discurso e a carta guarda a emoção certa. Drama e sensualidade correm juntos com fluidez. A ambientação histórica sustenta a verossimilhança e dá charme. No impacto, ritmo e emoção caminham no mesmo passo.

    O final com a carta fica na memória como jura de amor eterno. Para mim, é um dos melhores contos da rodada. E tem a cena de sex0 mais bonita do certame. Um conto leve, complexo, sensual e elegante. Gostei muito e dei boa nota (4,6).

    Boa sorte no desafio!

  4. Thales Soares
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Esse conto é interessante, mas algumas coisas não me agradaram. Senti que faltou um pouco de sutileza, e em certos momentos o autor esfrega as coisas na cara do leitor.

    A história já começa dizendo que se passa numa cidade chamada Madison, na Segunda Guerra Mundial, e já coloca na mesa a protagonista, Anna, que é garçonete e trabalha no Rosies Dinner, e já até fala sobre a perda do irmão dela, Josh, que foi morto no dia D. Foram muitas informações de uma vez só. Acho que aqui vale aquela máxima da escrita que diz “Conte menos, mostre mais”.

    Então entra na história o Henry, o gostosão da parada. Ele já chega flertando, e dá certo. Aqui a história ganha um pouco de ritmo, e começa a mostrar as coisas para o leitor, ao invés de ir contando tudo. Mas então eles tocam no assunto do irmão morto, e a Anna fica toda borocoxô. Mas o Gostosão demonstra empatia, fala que o irmão dela era o maior fodão e talz… mas pera, eles se conheciam, mesmo tendo milhares de soldados ali? Bem conveniente, mas ok.

    O Gostosão pede a comida e chama Anna pra se sentar com ele ali mesmo, para dividirem a comida. Sei que ele dá tiro pra todo lado, mas achei estranho a cantada, já que foi muito descarada… ele esperava que a garçonete sentasse no colo dele ali mesmo, no meio do expediente, pra ser demitida? Digo, sei que ela poderia sentar numa outra cadeira, mas em horário de serviço não dá, né… ele poderia chamar ela para depois do expediente. Por sorte, Anna teve esse pensamento, e foi exatamente essa sugestão que fez.

    E então, sem nenhuma cena de transição, chegamos na hora do encontro. E essa parte realmente ficou estranha, pois veja só:

    “— Pode informá-la de que estarei aqui às dezoito para buscá-la. Pedirei ao meu velho as chaves do Packard. Obrigado, senhorita.

    O Soldado Henry Stephens estacionou o Packard 43 azul em frente ao Rosie’s Diner pontualmente às dezoito horas. Do interior do veículo avistou Anna arrumar o laço frontal de seu vestido amarelo e se despedir de seus colegas com um breve aceno.”

    Achei que poderia ter pelo menos um ” *** “, indicando que estamos indo para outro capítulo, mas tudo bem. E aliás, devo elogiar as falas dos personagens, pois essa ficou a parte mais legal do texto. Os diálogos mantém a leitura ágil, e a reação dos dois é ao mesmo tempo fofa e verossímil.

    Mas voltando ao encontro… tudo dá certo. Eles conversam, riem, conhecem um pouco mais a respeito um do outro, e se beijam. E aqui, novamente vale o meu elogio sobre a interação dos dois. Aquela parte que vai soltando informações rápidas a respeito de cada um deles ficou muito bem construída.

    E então vem o climax da história, o SEXO. E devo dizer que este é o conto mais corajoso da série B, pois mostra tudo da forma como se deveria, sem pudor, sem amarras, sendo leve e natural. Afinal, as pessoas transam, não? Não vejo porque termos vergonha de falar sobre isso. Os dois têm uma forte paixão durante o ato, pois sabem que aquela pode ser a primeira e última vez juntos. Fazem juras de amor, e prometem nunca se esquecer, selando uma pacto de eterna presença.

    O Gostosão então parte pra guerra. Eles mantêm contato por cartas, com esperanças, amor e planos para o futuro (como casamento e uma vida junta). Nessa parte, já fica mais do que evidente o que vai acontecer. Apesar de previsível, a forma como a cena é entregue ao leitor, deixa a desejar. O Gostosão manda uma carta dizendo que VAI MORRER naquele dia. Ok… mas como ele sabe? Novamente, faltou aquela sutileza que mencionei no início de minha análise. As coisas não precisavam ser esfregadas na cara do leitor dessa forma. Tudo poderia ser dito nas entrelinhas, ao invés de haver uma carta de despedida. Ele poderia simplesmente… parar de responder, criando uma tensão no leitor, com um suspeito e criando expectativa. Anna poderia ir na estação de trem regularmente, como aquele clássico cliche da guerra, onde a pessoa fica esperando a pessoa querida retornar, observando todo mundo descendo do vagão, e a pessoa nunca aparece. O final, inclusive, poderia terminar em aberto, com ela nunca desistindo… e assim não saberíamos se o Gostosão só queria transar com ela por uma noite e agora já estava comendo outras… ou se ele realmente era um bom moço, e tinha morrido.

    Sobre a escrita do conto, achei bastante clichê. Não estou dizendo sobre a história (ela também é clichê, mas isso não tem problema, já que é um bom clichê), mas sim sobre as construções de frases. Há muito lugar comum, dizendo que a pessoa se apaixonou e o tempo parou, e várias coisas desse nível… isso causa uma sensação de que a escrita é brega, e acho que mais afasta o leitor do que o conquista. Há também muita repetição de pronomes… alguns sinônimos poderiam ter se encaixado melhor em algumas partes, para melhorar a fluidez da cena. Mas o ponto alto, como eu disse, é a interação do casal, e os diálogos muito bem construídos. O final foi um pouco broxante para mim, mas teve um clímax bom e corajoso.

    No final das contas, este é um bom conto. Parabéns, e boa sorte no desafio!

  5. Jorge Santos
    11 de setembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá. Terminei de ler o seu conto. Gosto bastante de contos de reconstituição histórica. O seu trata de um período que normalmente vemos como de vitória, mas a verdade é que desde o desembarque dos Aliados na Normandia até ao fim da guerra, ainda passaram quase um ano de combates. É neste momento que se insere este conto. Fez-me lembrar alguns dramas semelhantes que ouvi relatar na chamada “Guerra Colonial”, que Portugal travou com Angola, Moçambique e Guiné. O sentimento é o mesmo, as perdas humanas que marcam vidas, terminam sonhos e promessas.
    O seu conto tem um cariz erótico bastante forte, talvez o mais forte e descritivo que li neste desafio. No entanto, notei algum desequilíbrio narrativo, principalmente na ida de Stephen para a frente de batalha, que achei demasiado precipitada. Num momento estavam na cama, no parágrafo seguinte já estavam à distância de uma carta.

  6. toniluismc
    10 de setembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    A narrativa é fluida, bem estruturada e majoritariamente correta do ponto de vista gramatical. Há controle do tempo narrativo, boa alternância entre ação e introspecção, e as cenas de erotismo são conduzidas com sensibilidade — sem cair no vulgar ou no clichê explícito. Há sensualidade, emoção e imagens bem escolhidas (como “desembrulhar o vestido como um presente”, ou “decorando cada movimento dela”).

    No entanto:

    • Há uma excessiva idealização nas falas e gestos, o que acaba esvaziando o realismo: “Eu sou seu”, “Jamais esquecerei de você”, “Sou sua” — são frases que funcionariam em uma radionovela dos anos 40, mas não em uma narrativa que se propõe a manter a atmosfera crível de um romance de época.
    • O vocabulário é simples demais para sustentar o contexto histórico com profundidade. Ainda que isso possa ser proposital no gênero sabrinesco, falta refinamento em momentos chave — especialmente na carta final, que tem um tom incompatível com o que se esperaria de um sargento em combate.

    No universo dos romances históricos sabrinescos, esse conto tem um mérito importante: ele não recorre a fórmulas mágicas ou fantasiosas. Ao contrário de outros contos nesta rodada, ele se ancora em um cenário realista e possível, ainda que idealizado. Os elementos da ambientação (o diner, a guerra, a praça, o vestido amarelo, a farda) são convincentes e bem utilizados como símbolos.

    Entretanto:

    • A relação amorosa acontece com celeridade inverossímil. Mesmo dentro do gênero, é possível sugerir “urgência do tempo” sem cair em uma caricatura de amor à primeira vista. Aqui, parece que o autor quis muito chegar na cena do sexo, e acelerou o romance para isso acontecer com “legitimidade” emocional.
    • A carta final é muito bem escrita, mas parece deslocada do tom geral do conto. Ela traz uma voz diferente — mais literária, mais elaborada — que destoa do Henry que conhecemos, e ainda mais do ambiente rude e pragmático do front de batalha.
    • A própria escolha de colocar a narrativa em 1944, com elementos históricos precisos (Dia D, West Point, Bastogne), exige uma responsabilidade maior com o realismo emocional e social da época. Uma jovem moça de família cristã nos EUA dos anos 40 dificilmente se entregaria de forma tão explícita no primeiro encontro. Pode até acontecer, claro, mas isso exigiria construção de contexto psicológico, o que não está presente.

    O quesito mais forte do conto é a parte do impacto. O leitor é envolvido, torce pelo casal, sente o peso da carta final e compreende o significado do amor vivido intensamente, ainda que breve. A narrativa é eficiente em provocar emoção, ainda que pelo uso de fórmulas conhecidas. A cena do sexo é bem descrita — sensual, sem vulgaridade, respeitando o desejo dos personagens — e gera conexão com o leitor.

    No entanto, o final acaba sendo anticlimático não pelo desfecho trágico em si (que é, inclusive, típico do romance dramático), mas pela maneira como ele é apresentado. Falta tensão, surpresa ou lirismo no momento da notícia. A carta é bela demais, o impacto é canalizado só na forma e não na ação ou na reação de Anna. Ela apenas chora. E o leitor também chora… de frustração.

    Ainda assim, é um conto emocionalmente envolvente, que cumpre sua proposta de narrar um amor arrebatador, com erotismo romântico e clima nostálgico — mesmo que falhe em alguns pontos.

    Parabéns pelo texto!!!

  7. danielreis1973
    7 de setembro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    La Vie en Guerre (Nadine Pompermeyer)

    Prezado autor(a):

    Sinceramente, não me considero o público do seu texto, mas tentarei criticá-lo da forma mais justa que eu puder, considerando que ele se encaixa justamente no conceito sabrinesco proposto para este desafio. Seu conto de amor foi ambientado em tempos de guerra, mais especificamente da Segunda Guerra Mundial, e busca equilibrar o romantismo (às vezes excessivo) a um erotismo contido (o que achei bem dosado). Toda a ambientação foi pensada com base no contexto daqueles tempos, incluindo a moral – sendo que a morte do irmão de Anna acrescenta um toque doloroso na perspectiva da história, mas infelizmente antecipando seu final. Como ponto positivo, cito a descrição das cenas, sobretudo do momento íntimo entre Anna e Henry, feita com um estilo sensual, porém poético, evitando a vulgaridade e sugerindo mais do que mostrando. Não tenho muito mais a sugerir para aprimorar a história, por não ser exatamente o estilo que prefiro, mas reconheço que você soube conduzir uma narrativa “sessão da tarde” com destreza e estilo. Sucesso no desafio!

  8. claudiaangst
    5 de setembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Como vai, autor(a)? Pleno(a) na criação literária?

    Um sabrinesco romântico, ambientado em cenário de guerra. O título em francês já dá esse tom, um pequeno spoiler do que virá.

    O conto apresenta momentos melodramáticos amalgamados a cenas um tanto picantes, sem perder o romance como foco.

    O desfecho deve frustrar alguns leitores, pois não é o happy end esperado. No entanto, no contexto de caos bélico, é o mais verossímil. A carta de despedida selou a trama com lágrimas. Só faltou a mocinha descobrir que está grávida e cantar “Et si tu n’existais pas/Dis-moi pourquoi j’existerais”.

    A linguagem empregada é clara, sem rebuscamentos desnecessários. A leitura flui fácil. Aponto alguns detalhes que merecem ser revisados:
    • Daria atenção à repetição de palavras e sons: suave/suave, dela/dela, macios/macia
    • Evitaria a repetição de DELE/DELA
    • Ela tinha medo > evitaria a cacofonia E(latinha) medo
    • promovido à sargento > promovido a sargento

    Um conto muito romântico que agradará aos leitores mais sensíveis.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  9. Gustavo Araujo
    5 de setembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Achei o conto bem escrito no geral. Há algumas coisas a acertar – vírgula entre sujeito e verbo, plurais que não deveriam estar lá e algumas concordâncias. Experimente colocar no ChatGPT e peça para ele corrigir. Vale a pena.

    Sobre a história em si, achei bem contada, coerente, dentro do esperado para o tema sabrinesco. O que me impede de gostar mais do conto é que o enredo é bem batido – menino encontra menina antes de ir para a guerra; eles têm uma noite de amor e tempos depois o cara morre em combate – só faltou ela estar grávida… Sim, já vimos muitas histórias assim, especialmente no cinema americano, onde, aparentemente ao menos, o(a) autor(a) buscou inspiração. Daí as referências bem conhecidas no geral, como o diner, a mocinha garçonete, o soldado bem fardado…

    Gostei, no entanto, de referências menos sutis, que só quem curte literatura e filme de guerra conhece, como Bastogne, Airborne, West Point – arrisco a dizer que você é fã de Band of Brothers.

    Ainda assim, creio que eu teria gostado mais dessa história se fosse ambientada no Brasil, com um pracinha da FEB e sua namorada de Lorena, SP, onde ficava o 6º Regimento de Infantaria, hoje 6º Batalhão de Infantaria Leve, de onde saiu a primeira leva de soldados brasileiros para a Itália. Mas, enfim, divago…

    Em todo caso, mesmo com todos os clichês, não dá para ignorar que o conto é narrado de forma sensível e competente, ainda que a cena inicial, do encontro, tome metade do limite de palavras. Mas é na cena de sexo, construída com bastante competência, que o enredo se recupera. Por escapar dos lugares-comuns do gênero, exigindo do(a) autor(a) algo a mais, diria até pessoal, termina por se converter no ápice do trabalho.

    Minha sugestão, para os próximos contos, é que você arrisque mais, caro(a) autor(a), fuja dos clichês e crie uma história diferente do que tanto se vê aqui e ali. Ouse. Pelo que vejo, palavras e competência para tanto não te faltam.

  10. Pedro Paulo
    31 de agosto de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Quase perfeito se não sobrassem algumas frases a mais. A caracterização dos personagens é feita de uma maneira que um destaca o outro e a interação entre eles move o conto, com uma escrita muito bem trabalhada em ressaltar a fisicalidade e emoção do encontro dos dois. Assim, todos os encontros são cercados de afetividade, carinho e desejo, criando uma expectativa que faz da partilha de cama dos personagens o clímax do texto (e dos personagens). Além da descrição bem combinada entre gesto e ação, utiliza-se de diálogos bem inseridos para intensificar a cena, a qual, redigida como é, combina sensualidade e suavidade, ao mesmo tempo remetendo à entrega que fazem os personagens e a vontade por detrás do encontro. Contudo, o trecho em que ressalta que “Ela tinha uma enorme atração por homens de farda” me pareceu deslocado e me tirou do transe partilhado entre os dois jovens por um momento, constatando uma obviedade que já havia ficado claro pelo próprio talento narrativo. No fim, também senti o mesmo com a afirmação de que o sargento não voltaria para casa, parecendo uma afirmativa que saiu de um conto cujas informações até então eram transmitidas pelos personagens e nesse ponto são assumidas por um narrador onisciente. Também acho que ocultar o destino do sargento daria em um final mais impactante, entregue pelo suspense.

    Eu tenho uma enorme atração pela sutileza.

    Cordiais abraços, boa sorte neste desafio!

  11. Fabio Baptista
    24 de agosto de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    Em tempos de guerra, a garçonete Anna McDowall e o soldado Henry Stephens vivem um romance fadado à tragédia.

    Como comentei no grupo, esse é o conto que melhor capturou a proposta do sabrinesco (destaque para a cena hot que executou perfeitamente a premissa do sexy sem ser vulgar descrita no regulamento). Todos os clichês do gênero estão presentes e em outro desafio isso seria um ponto negativo, mas neste em específico essa característica alça o conto entre os melhores do grupo.

    Apesar dos clichês, há uma quebra de expectativa no final. Esperava-se que ele voltasse da guerra, ou que ela estivesse grávida, ou que pensasse que ele morreu e se envolvesse com outro rapaz e tivesse que decidir entre um e outro mais à frente. Mas isso demandaria muito mais do que 3 mil palavras. A carta de depedida soa abrupta a princípio, mas acaba se revelando uma boa saída para o formato conto.

  12. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    22 de agosto de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Tema sabrinesco.

    Enquadrei seu conto nessa categoria porque ele fala sobre a sedução que o soldado exerce sobre a garçonete.

    A tragédia no final da narrativa a torna bastante realista.

    Achei a oscilação das emoções da garçonete entre o luto pela perda do irmão, e a paixão avassaladora pelo soldado meio inverossímil.

    Os diálogos também estão um tanto artificiais.

  13. Givago Domingues Thimoti
    18 de agosto de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    La vie en Guerre (Nadine Pompermayer)

    Olá, autor(a)! Espero que esteja bem no momento da leitura! Parabéns por participar do Desafio EntreContos! Sempre um prazer ler e comentar o trabalho dos colegas. Espero sinceramente que, ao final da leitura, você sinta que esse comentário tenha contribuído para você de alguma forma! Caso contrário, não leve para o pessoal ou crie ressentimentos. Lembre-se que escrevi com o maior cuidado que pude.

    Sobre o tema, em relação aos demais desafios, optei por mudar alguns critérios na avaliação. Diminui para 4 critérios, dando uma nota maior para adequação ao tema (está valendo 2). A lógica será: 0 para contos sem tema, 1 para contos que tangenciaram o tema e 2 para contos que o tema aparece claro e cristalino.

    Além disso, tomando as definições sugeridas pela Moderação, eu considerei sabrinesco como aquele conto que, por mais que tenha sexo nele (embora não seja obrigatório que tenha), você mostraria tranquilamente para uma pessoa da sua família que é bem careta. Já um conto de alta literatura eu interpreto como um conto mais rebuscado, que instiga o leitor tanto nas ideias (fazendo-o pesquisar sobre algum elemento do texto)  quanto na técnica empregada (podendo ser um ou outro).

    Resumo da história

    La vie en Guerre é um conto que nos apresenta a história de Anna e Henry, estadunidenses que se conhecem e se juntam (+18) antes da ida dele para a Guerra.

    Aspectos positivos e negativos

    Aspectos positivos: autêntico conto sabrinesco, que jogou dentro do regulamento com maestria. Ótima cena de sexo (dentro do que o sabrinesco permite)!
    Aspectos negativos: clichê demais, talvez longo demais também

    Avaliação por critérios (pontuação total: 5,0)
    Adequação ao tema (máx. 2,0):
    O conto aborda de forma clara, criativa e relevante o(s) tema(s) proposto(s)? Há relação explícita ou simbólica (mas detectável) com o tema indicado? Nota: 2

    La vie en Guerre (tradução livre “A vida na guerra”) é um autêntico sabrinesco. A partir da definição da moderação, temos: romances melosos e/ou clichês ✅ e/ou improváveis, com aquela pitadinha de sensualidade✅ (embora, talvez, possa ter sido para alguns gostos apimentados), sexy sem ser vulgar ✅

    Correção gramatical (máx. 1,0): O texto segue a norma culta da língua portuguesa? Se sim, há erros gramaticais, ortográficos ou de pontuação que prejudiquem a leitura? Se optou pelo coloquialismo ou regionalismo, deu para sentir que foi uma boa imitação? Soou forçado? Nota: 0,7

    O conto foi bem revisado, embora tenha escapado alguns errinhos gramaticais. Concordância, acento errado, vírgulas mal posicionadas. Vou citar apenas alguns:

    • “ao sentí-la” → correto é ao senti-la.
    • “a fim de evitar que lhe fosse visível os olhos” → “fossem visíveis”.
    • “corpo pequeno, e bem desenhado” → vírgula desnecessária.
    • West Point deve vir em itálico.
    • Dia D (logo no início veio em minúsculo)

    Construção narrativa (máx. 1,0): A estrutura do conto é bem organizada (início, desenvolvimento, clímax e desfecho)? Estica demais, apertou demais? Caso tenha optado por um conto não linear, deu para entender/acompanhar a história? O estilo de escrita é adequado? A técnica chama a atenção? Há fluidez, ritmo e coesão textual? Nota: 0,6

    O conto segue uma estrutura tradicional, início-meio-fim.  Sinceramente, o conto se esticou um pouquinho demais, embora seja arrebatador o final com o bilhete (ótimo toque, bastante sensível). 

    Além disso, temos alguns clichês básicos que se repetem e repetem e repetem. Gostaria de ter lido um pouco mais ousado…

    Atenção para algumas repetições de termos:

    ”Anna acompanhou, atentamente, cada movimento dele, da porta até à mesa. Seu corpo respondia eletricamente a cada movimento do soldado.” Outro dia me apontaram essa questão de cacofonia (mente, mento, mente, mento). Nunca tinha parado para pensar, mas agora comecei a perceber mais (como a questão do como, maldito Anderson). Creio que seja digno de se atentar um pouco. (PS: Dentro de textos mais líricos/lúdicos, funciona muito bem!)

    “(…)e encarou-o surpresa, e desta vez sem o lindo sorriso que lhe estampara o rosto.” Esse trecho e desta vez poderia ter sido suprimido, ficaria melhor e mais fluido. 

    “O Soldado Henry Stephens estacionou o Packard 43 azul em frente ao Rosie’s Diner pontualmente às dezoito horas. Do interior do veículo avistou Anna arrumar o laço frontal de seu vestido amarelo e se despedir de seus colegas com um breve aceno.

    O rapaz saiu do Packard e deu a volta, apenas para poder abrir a porta para a jovem. Ela se aproximou do Packard e sorriu ao vê-lo, ainda fardado, abrir a porta do carro e estender-lhe a mão. Ela tinha uma enorme atração por homens de farda.”

    Pessoalmente, não gosto muito quando as personagens falam de si em terceira pessoa. É uma questão de estilo, mas sempre estranho!

    Impacto pessoal (máx. 1,0): O conto provoca reflexão, emoção ou surpresa? Causa uma impressão duradoura ou significativa? Nota: 0,4

    La vie en Guerre (tradução livre “A vida na guerra”) é um autêntico sabrinesco. Como eu disse, preenche toda a definição de adequação ao tema sabrinesco.

    Pessoalmente, queria ter visto algo mais diferente no conto. Acho que a sensação geral que tive foi meio meh. Talvez tenha faltado uma escrita um pouco mais de técnica. Brincar com ideias diferentes daquelas típicas desse gênero, como por exemplo, aquela ideia de pele chocante. É interessante sair desse lugar comum e tentar buscar descrever outras sensações. 

    Ou, em termos de narrativa, algo novo, que saísse também dessa sensação de já ter lido esse conto em algum lugar.  

    De positivo, acho que foi uma execução segura e competente, dentro do tema proposto pelo certame. Gostei da descrição do sexo entre o casal e, sobretudo, de como a utilização de nomes estrangeiros teve sentido dentro do contexto (embora eu seja mais fã de histórias nacionais, sempre!).

    Nota final (máx. 5,0): 3,7

  14. cyro eduardo fernandes
    18 de agosto de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto romântico, de boa técnica. Parabéns e sucesso no desafio.

  15. Luis Guilherme Banzi Florido
    14 de agosto de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia! Tudo bem? Tô lendo os contos na ordem de postagem do site, sem ter conferido quais são minhas leituras obrigatórias. Bom, vamos lá pro seu conto.

    Seu conto é muito parecido com o meu, em muitos aspectos! Que curioso! ahahahah

    Gostei. É uma historia singela de amor entre duas pessoas que, infelizmente, serão separadas muito em breve pelo horror da guerra. Uma realidade triste e traumatica para muitos jovens casais. Eu retratei algo similar no meu conto. Acho esse tipo de historia fascinante, pois trabalha a ideia de amor em meio ao horror da guerra, de pessoas que continuam vivendo e se amando e querendo viver, mesmo que o mundo esteja ruindo. Infelizmente, o mundo às vezes realmente rui, e tudo o que resta são as memórias. O amor é precioso, e o tempo com quem amamos é precioso.

    É isso que seu conto mostra, de forma bonita e sutil. O encontro entre eles, o surgimento do interesse, que vira desejo, que vira paixão, que vira juras de uma vida inteira juntos, tudo aconte4ce de forma natural e convincente. A curva de personagens, a curva do casal, nesse caso, funciona muito bem. A cena de sexo é bonita, funciona sem apelar. É mais sobre o amor que surge entre eles e sobre a proteção de estar nos braços um do outro, do que sobre prazer desejo em si.

    A escrita é otima, tecnicamente o conto tá excelente.

    Parabens e boa sorte!

  16. Thiago Amaral
    13 de agosto de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Gostei bastante do conto.

    Dos que li até agora, e já li quase todos da B, foi o que melhor retratou o Sabrinesco, o clima de romance, as sensações corpóreas, o desejo intenso. Além disso, o conto conseguiu capturar perfeitamente o clima da época, o jeito que as personagens conversariam, até as descrições. Trabalho muito bom.

    Como ponto negativo, pra mim, o final foi um pouco abrupto estava tudo indo muito bem, amor eterno, intenso, e tudo acaba rápido demais, ao menos pra mim. Poderia ter tido talvez um pouco mais de suspense antes do fim, talvez sinais de que talvez ele não voltasse, antes da carta final. Fica tudo resumido numa última frase que ele não voltou, e isso cortou um pouco da emoção. A questão do irmão de Anna e os pensamentos de Henry poderiam ter sido um pouco mais expxlorados também para ter mais profundidade psicológica.

    No entanto, assim como está, foi o melhor trabalho de sabrinesco e romance que vi por enquanto no desafio. Merece uma ótima nota. Parabéns!

  17. Amanda Gomez
    12 de agosto de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Seu conto está adequado ao tema.

    Gostei da forma como conduziu a história, especialmente o começo, os nomes gringos, a garçonete loira que encontra o soldado sonhador. Todos os clichês que compõem um bom sabrinesco. Os diálogos estão ótimos e a composição dos personagens também. Claro que, para se criar um romance com começo, meio e fim, fica muito difícil em 3 mil palavras, então o autor teve que se apressar. O que achei uma pena… eu, por exemplo, aproveitaria esse ótimo começo e deixaria ele assim: uma única noite… um começo mais bem elaborado que um final apressado.

    Veja bem, não é que o romance não convença, é que, claramente, o autor, influenciado muito provavelmente pelos comentários sobre o que é ou não sabrinesco, estava com pressa para chegar aos finalmentes, como se esse fosse o ponto alto da história… Precisou urgentemente escrever a cena em que ambos tenham, enfim, a noite de amor, nesse caso, de sexo para que sentisse que estava escrevendo a parte sabrinesca da história. Então, em uma semana eles já se amavam e já queriam ficar juntos, literalmente ficar. O começo foi tão bom, que senti mais falta do encanto inicial, insinuações, flerte.

    O final, confesso, até achei um pouco engraçado, porque não é uma carta de amor, de despedida de dois amantes que se amavam profundamente e sonhavam em ter um final feliz; é mais sobre a saudade daquela única noite… E como não seria, né? Não tiveram tempo, de fato, para se conhecerem de verdade. Fica só essa minha, grande, confesso, ressalva. Mas, no geral e se comparando a outros textos que estou lendo, seu texto é ótimo e, com um limite maior, tem ótimo potencial. Se sobressai. Gostei da escrita, da ambientação, do flerte incial.

    Parabéns pelo trabalho, boa sorte no desafio.

  18. Kelly Hatanaka
    11 de agosto de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá!

    Neste desafio, vou avaliar os contos da seguinte forma: Tema vai valer 2 pontos, Forma, 2 pontos, Enredo, 3 e Impacto também 3. Como o tema Sabrinesco parece ter sido especialmente desafiador, vou dar um ponto extra para Sabrinescos bem executados. É pessoal? É. Mas os critérios de avaliação são pessoais mesmo, então paciência.

    Tema

    Aleluia!!!! Até que enfim um sabrinesco raiz, de verdade, com aquela vibe romântica, aquele “love is in the air”. Finalmente! Conforme prometido, este conto ganha um ponto extra por ser um sabrinesco de verdade neste desafio dominado por alta literatura com erotismo.

    Forma

    Uma história tradicional, sem arroubos criativos estilísticos. Uma história com começo, meio e fim, bem contada, bem conduzida, com personagens que cumprem seus destinos. Tem gente (muita) que reclama disso. Não eu. Eu acho que se o simples fosse fácil de conseguir, todo mundo faria. Mas, via de regra, quando o povo mira na simplicidade acerta na chatice. Não é o caso aqui. Aqui, o simples brilha e o menos é mais.

    Enredo

    Boy meets girl. Simples assim. Eles se apaixonam, se amam com a urgência necessária em tempos de guerra, onde tudo é tão incerto e que bom que aproveitaram seu pouco tempo junto. A história é singela. Talvez singela demais? Talvez. O final, trágico, me lembrou dois filmes, um que eu assisti e outro que eu não assisti. O que eu assisti foi Entre dois Amores. E o que eu não assisti foi As Pontes de Madison. Na última linha, percebi que a cidade se chama Madison. Foi de propósito?

    Impacto

    Alto. Gostei muito. A ambientação de tempos de guerra, os personagens simpáticos cheios de química, o frescor do primeiro amor. Foi tudo muito bem feito, muito bem amarrado.

  19. Priscila Pereira
    9 de agosto de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Nadine! Tudo bem?

    Vamos ao seu conto! Gostei da ambientação, mas não vejo nenhum motivo para não ter sido ambientado em solo nacional. O conto está muito bem escrito, e o enredo é um clichê do gênero.

    O amor a primeira vista funcionou aqui já que não tinha espaço para muita coisa mesmo. Não vi necessidade alguma de narrar com tantos detalhes o ato em si, que na minha opinião ficou até inverossímil por ser a primeira vez dela.

    De qualquer forma é um conto bom, que está dentro do tema sabrinesco, escrito corretamente, com personagens fofos, mas um pouquinho rasos. E um final previsível.

    Quero deixar claro que EU não gosto de contos sensuais, hots, nem nada do gênero, então minha experiência não foi das melhores, mas isso não afetará sua nota.

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  20. marco.saraiva
    6 de agosto de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Um conto doce, que termina com um gosto amargo. A maior parte do conto é a construção delicada do amor entre Henry e Anna. Por causa dos tempos de guerra, a urgência é imensa. Em um dia se encontram, na semana seguinte trocam promessas de amor. Foram tempos que nós, nos dias de hoje, temos até dificuldades para entender.
    O amor entre eles é imediato, e o conto desprende a maior parte da sua extensão descrevendo as sensações de Anna ao entregar-se ao seu primeiro grande amor. Não apenas o que passa em sua mente, mas também no seu corpo. A cena de sexo é manipulada com o esmero de uma virgem que se entrega a um galã de novela. A leitura é tranquila e flui muito bem, o tom da narrativa é quase um de ingenuidade, o que faz sentido dada a personagem principal.
    O conflito aqui vem da guerra. Tão rápido quanto começa, o amor é interrompido pelo dever. E no final, descobrimos que acaba quase antes de começar. Assim como muitas realidades da vida, o amor é impermanente. E depois de tantas palavras doces e um texto tão deliciosamente inocente, o leitor é obrigado a crescer com Anna, tornar-se uma adulta, e enfrentar as perdas da vida, a realidade do mundo.

    Forte! Parabéns!

Deixar mensagem para Gustavo Araujo Cancelar resposta

Informação

Publicado às 2 de agosto de 2025 por em Liga 2025 - 3B, Liga 2025 - Rodada 3 e marcado .