EntreContos

Detox Literário.

Iara (Fabiano Dexter)

O sol estava no ponto mais alto do céu, mas a luz não chegava ao grupo de Bandeirantes que seguia mata adentro em busca das riquezas prometidas. A caminhada pela mata úmida não era fácil, e o Capitão Antunes dificultava ainda mais ao comandar seu batalhão com mão de ferro, não permitindo que seus liderados saíssem da rota traçada por ele e aprovada pela Coroa Portuguesa.

Seguiam em fila indiana, com o capitão à frente, acompanhado pelos membros mais experientes. Os índios capturados, cujo destino seria a morte ou escravidão, eram levados ao centro e, ao fim, os que haviam se alistado a pouco e aqueles de extrema confiança do capitão.

João Pedro, em sua primeira incursão, marchava quase no fim da fila, com os pés atolados na lama, o bacamarte pendurado nas costas e as mãos sujas de sangue. Justo ele, filho bastardo de um capitão paulista com uma índia, fazendo parte do avanço da Coroa na selva amazônica, matando jesuítas e exterminando tribos protegidas por eles. Se sua mãe ainda estivesse viva, certamente o recriminaria. Mas ela morrera sozinha, doente, em um dos muitos prostíbulos de Belém.

Há trinta e dois dias estavam na mata, guiando-se por mapas antigos, também desenhados por outros caçadores de ouro e escravos, a forma mais rápida de enriquecer. Regressavam ao acampamento improvisado para descansar, despachar os espólios e planejar o próximo ataque.

Mas aquela noite foi diferente.

João Pedro montava guarda no limite do acampamento quando, entre os sons da floresta, ouviu algo que parecia um canto. Um som que se misturava aos sons da mata, ao farfalhar das folhas, ao coaxar dos sapos, mas que era algo mais.

Ele não sabia ao certo o que estava acontecendo. Nem mesmo tinha certeza de que o som era real ou se era apenas um delírio da mente, naquele limiar entre o sonho e a realidade.

Mas o canto chamou João Pedro. Chamou seu nome. E ele atendeu.

Seguiu aquele canto que se tornava mais nítido à medida que se aproximava do rio. Um canto suave, lento, feminino.

Não era a voz de uma mulher, era algo mais. Mais antigo. Mais profundo. Mais molhado.

Ao chegar na margem do rio percebeu que era dali que o canto nascia, como se o próprio rio sussurrasse versos apenas para ele.

E, assim como surgiu, o canto se dissipou na névoa que cobria a água, deixando o jovem João Pedro a se perguntar no dia seguinte se aquilo havia realmente acontecido. Mas aquela voz não saia de sua cabeça, de modo que na noite seguinte, mesmo sem o canto, ele voltou para a margem do rio na esperança de algo se revelasse. Retornou nas noites seguintes, sem ouvir nada novo, mas sem esquecer a voz que havia sussurrado seu nome.

Na quarta noite, ela apareceu.

A dona da voz estava sentada sobre uma pedra, parcialmente submersa, obrigando João Pedro a levantar os olhos para contemplá-la. Sua pele morena estava molhada do rio e os cabelos, longos e negros escorriam até a cintura, colados ao corpo. Exibia os seios nus, firmes, sem pudor, e olhava fixamente para o jovem com os olhos castanhos claros que possuíam não apenas a cor, mas também a profundidade e a força do rio.

João Pedro estava paralisado pela beleza da mulher ali postada, que cantava apenas para ele.

Ela sorriu com uma malícia que fez as pernas do bandeirante perderem a força, quase o levando ao chão.

– Você me ouviu. – Ela disse.

Sua voz chegava com a mesma força da canção. Clara. Inconfundível. Nenhum som da floresta ousava competir com ela. Ela era parte da mata, das águas. Era algo mais. Ela era Iara.

Ele tentou responder, mas não conseguiu. Era como se afogasse nas águas do rio, mesmo estando de pé na margem.

Ela manteve o sorriso e, de pé sobre a pedra, revelou pernas que se transformavam em escamas. Então mergulhou no rio sem emitir som. O silêncio do mergulho levou consigo a música que inundava a mente e o coração de João Pedro, trazendo-o de volta à realidade.

Naquela mesma noite, um bandeirante foi encontrado morto, afogado no barril d’água. Um índio capturado foi responsabilizado e executado.

* * *

João Pedro voltou na noite seguinte. Não havia pensado em outra coisa desde que a encontrara na véspera. Havia algo dentro dele agora, uma semente havia sido plantada e florescia em seu coração. O som do canto o seguia mesmo em silêncio, ecoando no fundo de seu crânio.

Mas foi em vão. Quando chegou ao rio, ela não estava lá.

Dia após dia ele foi, e era como se ela não existisse. Como se tivesse sido apenas o fruto de um sonho que ele não conseguia esquecer. Seu sono era vazio, sua comida não tinha gosto e ele se afastava cada vez mais de todos no acampamento, se sentindo cada vez mais sozinho. Toda noite seguia em direção ao rio, pois a esperança de vê-la mais uma vez era a força que o mantinha vivo. Fantasiava a todo momento sentir o seu cheiro, sua pele, sua boca.

E justamente quando o desespero e o medo de não a ver nunca mais o dominaram, quando já não dormia ou comia, ele a ouviu novamente junto ao som do rio. Seu coração batia como se quisesse ir mais rápido, chegar primeiro, e ele precisou lutar contra a vontade de correr. Temia que o som sumisse quando ele chegasse ao rio, que aquilo fosse uma alucinação, que sua esperança fosse em vão.

Mas chegou à margem sem medo, pois sabia que ela estava lá. Não a havia visto ainda, mas sabia. A canção seguia enquanto ele se despia lentamente, deixava suas roupas sobre uma pedra para, em seguida, entrar calmamente no rio. As águas turvas o envolveram até a cintura e ali esperou. E ela veio.

Foi como se ela sempre estivesse ali, se mostrando apenas quando quisesse. Provocando, seduzindo, até que surgiu logo na frente de João Pedro, com os cabelos colados no corpo nu, um sorriso nos lábios e o olhar fixo nos olhos do bandeirante. Um predador rondando a sua presa.

– Você volta, mesmo sabendo o que sou. – Ela sussurrou para ele.

– Mas eu não sei o que você é.

– Você sabe, apenas não aceita.

Ela se aproxima ainda mais, até seus rostos quase se tocarem. João Pedro pode então sentir o seu cheiro, que não era de flor ou perfume, mas de água do rio, das folhas que ali se decompõem. Um cheiro forte, carregado de algo que ele não conseguia identificar.

Ela levantou a mão direita, tocando de leve o peito do jovem. Sua pele era úmida e gelada. Um calafrio percorreu o corpo do jovem.

– E o que você quer? – Ele perguntou, enquanto ela o empurrava lentamente de volta às margens.

Ela não respondeu. Manteve o sorriso nos lábios e o olhar fixo até conduzir João Pedro para as águas mais rasas, quando então o empurrou ao chão.

Ele caiu de costas, sentindo a areia na pele e mantendo a cabeça fora d’água enquanto ela subia sobre ele, as pernas envolvendo sua cintura como raízes famintas e cobrindo o corpo dele com o dela, como se fosse a água do rio.

Ele não resistiu. Não por fraqueza, mas porque já era tarde demais.

O beijo dela era fundo. Quente por dentro, mas gélido por fora. Enquanto o corpo dela roçava contra o dele, João Pedro sentia a água subir por dentro de sua boca, como se ela o afogasse.

O sexo foi silencioso e bruto. Não havia carinho nem ternura. Havia fome e necessidade.

Quando terminaram, ela mordeu o lábio de João Pedro com força suficiente para tirar sangue.

–  Agora eu senti o seu gosto, e você tem minha marca. – Ela disse por entre os lábios, mergulhando em seguida como um matrinxã, sumindo nas águas do rio.

João Pedro se arrastou até a margem e ficou deitado ali, nu, com o corpo inteiro tremendo. Não achava que fosse medo, mas era alguma coisa muito parecida.

***

João Pedro voltou, noite após noite.

Marcado, sua vontade não era mais sua e seu desejo era um só. Sonhava acordado com ela em cima dele, mordendo, rindo, cantando. Ele sabia que ela o possuía, mas voltava, sempre querendo mais.

E Iara o recebia. Não era mais necessário chamá-lo com o canto, pois ele sabia exatamente onde e, principalmente, quando encontrá-la. Sempre às margens do rio, sempre com a violência de quem deseja, de quem se alimenta.

– Por que me escolheu? Por que você me quer? – Ele perguntou certa noite, com o corpo ainda coberto de areia e saliva.

– Porque você é feito de morte. – Ela respondeu. – E eu sou feita do que resta depois.

Em suas visitas ela lhe contava fragmentos do que fora: uma mulher forte, caçadora, filha do Pagé. E por isso mesmo temida entre os seus e, uma vez traída, jogada ao rio por seu próprio pai. Pois ele também temia quem ela era, quem ela poderia se tornar. E o rio a abraçou, a adotou e ela renasceu dentro dele. Se sua tribo temia que ela fosse o Meio, ela agora era o Fim.

João Pedro a ouvia cada vez mais fascinado, mais envolvido. Ela era tudo para ele agora, que pouco a pouco ia se esquecendo de onde viera. Não lembrava mais o nome da cidade em que nascera, o gosto do vinho ou mesmo o doce apelido que sua mãe lhe dera quando criança.

***

A alteração em seu comportamento demorou para ser percebida pois alguma maldição, algum feitiço da floresta, havia caído sobre o acampamento.

O afogamento do bandeirante na primeira noite foi apenas o início de uma séria de infortúnios que assolaram todos ligados ao Capitão Antunes, todos no entorno do jovem João Pedro. A comida de uma semana apodreceu durante a segunda noite. Os hábeis caçadores nada conseguiam, como se os animais fossem de alguma forma avisados que estavam sendo perseguidos. A água não era contida em nenhum recipiente por muito tempo e precisava ser reposta constantemente. A maior parte dos índios fugiu levando grande parte do saque que os bandeirantes já haviam conseguido, e aqueles que ficaram logo adoeceram.

Boatos e histórias de maldições logo se espalharam pelo acampamento e, em meio a esse caos, o comportamento de João Pedro foi finalmente percebido e soprado nos ouvidos do capitão. Não havia dúvida de que o jovem era o responsável pelas mazelas que caíam sobre todos ali.

Mas para João Pedro nada mudara, pois o que acontecia à sua volta mal era percebido. Não notou o olhar diferente de Antunes naquele dia, nem que era seguido por dois homens enquanto se dirigia ao rio. E também não percebeu, enquanto estava com Iara, os corpos dos dois bandeirantes que o seguiram arrastados rio abaixo, já sem os olhos, comidos pelos peixes.

Quando Capitão Antunes viu, na manhã seguinte, que João Pedro retornava sozinho do rio sabia que não tinha mais tempo a perder e que precisava tomar uma atitude para acabar com a maldição que recaía sobre todos. Que o jovem era sim o responsável.

Reuniu os homens que sobraram, os que não haviam fugido ou caído doentes. Os que não haviam morrido. Aqueles que ainda lhe eram fiéis e a eles detalhou seu plano: seguir João Pedro na noite seguinte até a origem do mal pois lá, além da paz, haveria ouro suficiente para voltarem para casa ricos.

E assim foi feito.

***

Na noite seguinte seguiram João Pedro pela floresta sem que ele percebesse, tarefa que se mostrou muito mais simples do que imaginado pelo capitão. A mente do jovem estava tomada pelas águas do rio e apenas Iara importava.

Os homens o atacaram assim que ele chegou à margem do rio e parou, pois, notou algo diferente no rio e não sabia o que fazer. Ele não sentia Iara ali.

A captura foi fácil, não houve nenhuma resistência. João Pedro apenas contemplava o rio enquanto era arrastado e amarrado em uma árvore próxima, saindo de seu transe apenas quando recebeu no rosto um soco do Capitão Antunes.

– Onde estão os homens que o seguiram ontem? Onde está o ouro? – Ele gritou.

João Pedro apenas o encarava e seu medo não era morrer ali, nas mãos daqueles homens, mas morrer sem ter visto Iara mais uma vez.

Antunes seguia agredindo João Pedro e rindo, enquanto os demais bandeirantes também relaxavam e se divertiam, até que subitamente eles pararam e pegaram suas armas. A floresta estava em silêncio. Não havia nenhum som que pudessem ouvir, seja dos pássaros ou animais. Até o vento parecia ter parado de soprar naquele instante, de modo que nem mesmo as folhas emitiam um único ruido.

Apenas o som do rio se mantinha. Único. Soberano.

João Pedro levantou a cabeça, sentiu que algo acontecia. O brilho da lua ficou mais intenso e todos levantaram suas as armas, em prontidão.

E Iara veio do rio.

Primeiro surgiu a cabeça, com os olhos brilhando na escuridão da noite. Depois, os ombros, os seios, o ventre, as pernas. Os cabelos colados ao corpo e um sorriso capaz de colocar medo no coração do homem mais corajoso.

Ela sabia que eles estavam ali para matá-la e mesmo assim seguia na direção deles. Que tentassem.

Um dos homens atirou por puro medo. E não foi necessária nenhuma ordem do Coronel Antunes para que os outros o seguissem, descarregando a munição na mulher que vinha em sua direção. Em meio ao caos Iara se mantinha ereta, abriu a boca e começou a cantar.

A lua que brilhava escureceu, como escureceram as vistas dos homens ali presentes, que esqueceram da presença dela e atacaram uns aos outros. Como as balas haviam sido gastas, a matança ocorreu com o que mais havia a mão. Amigos de infância se estrangularam, outro cravou a faca no coração do próprio irmão.

João Pedro permanecia preso à árvore, inalterado. Capitão Antunes também parecia não sofrer nenhum efeito do canto e gritava ordens ao vento para seus homens, sem nenhum efeito. Até que todos estavam mortos. Menos os dois. E ela.

Iara se aproximou de Antunes que, sem pestanejar, cravou seu facão entre seus seios. A resistência à lâmina foi mínima, foi como atravessar as folhas que ficam apodrecendo às margens nas curvas do rio. Ao ver que o ataque não surtiu nenhum efeito, o capitão tentou se afastar de Iara, mas, ao tropeçar em uma raiz, caiu de costas no chão, próximo a João Pedro.

Ela então caminhou lentamente até ficar próxima a eles, retirou o facão do peito e, em um golpe seco, libertou João Pedro das cordas, deixando a arma cravada na árvore. O jovem caiu de joelhos no chão e viu o momento em que Iara cravou os dedos nos olhos de Antunes e, segurando dessa forma, o arrastou em direção ao rio.

O capitão brigou, lutou e esperneou em vão. Era como nadar contra o rio enquanto é puxado pela correnteza. Iara parou de andar quando a água atingiu a sua cintura e Antunes, submerso, parou de se debater. Ela o libertou e seu corpo sem vida foi levado pelas águas, seguindo rio abaixo.

João Pedro, que ainda estava ajoelhado próximo à árvore, só agora percebeu a carnificina à sua volta. Ele se virou para Iara.

– E eu? – Ele perguntou.

Ela seguiu entrando nas águas e respondeu sem olhar para trás:

– Agora você é livre. Eu o liberto. Seu futuro é apenas seu.

Ele ficou parado enquanto a via sumindo nas águas. Se levantou lentamente, sabendo o que fazer. Não havia dúvida em seu coração.

João Pedro se aproximou do rio, se despiu deixando suas roupas na mesma pedra em que havia deixado tantas outras vezes e, nu, entrou no rio sendo recebido pelas águas uma última vez. Mesmo livre ele sabia que pertencia a ela.

Sobre Fabio Baptista

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42 comentários em “Iara (Fabiano Dexter)

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  2. André Lima
    13 de setembro de 2025
    Avatar de André Lima

    Muito interessante. Conto extremamente original. A premissa de inserir a lenda no contexto das expedições bandeirantes em busca de riquezas e escravos (com um protagonista de origem mista e, podemos dizer, conflituosa) é bem instigante e promete uma narrativa rica em simbolismos.

    A história se desenrola com uma progressão hábil e envolvente. Acho até que é um dos melhores ritmos da B. A ambientação da jornada dos Bandeirantes é muito bem feita. A narrativa constrói a tensão de forma gradual, desde o primeiro e misterioso canto que chama João Pedro, passando por seus retornos solitários ao rio, até o primeiro e encontro com Iara. O desenvolvimento da relação entre João Pedro e Iara é o motor do conto, explorando a sedução, a obsessão e a entrega total. O autor descreve de forma convincente a crescente alienação de João Pedro do seu grupo e a forma como ele se esquece de sua própria vida em função do desejo por Iara.

    A escalada dos “conflitos” no acampamento banedirante é um ótimo pano de fundo.

    O clímax é bom, culminando na chegada dos bandeirantes. A descrição da chegada de Iara e o efeito de seu canto, que leva os homens à autodestruição, é uma construção imagética bem feita. O desfecho de Antunes e a subsequente “libertação” de João Pedro, que escolhe retornar ao rio para pertencer a Iara, oferece uma conclusão poética que me interessou bastante.

    A prosa é bem evocativa, parece que o autor conseguiu encontrar bem uma voz (Se é mesmo quem estou pensando que é). Só me incomodou um pouco o uso excessivo de frases curtas. O autor tem boa vocação poética, tem que aproveitar! Deixe as palavras brotarem na história, use e abuse!

    Como pontos de melhoria, aponto que em alguns momentos a narrativa soa unidimensional demais, quase maniqueísta. Falta profundidade em algumas abordagens, fugir do velho bem vs mal. Em alguns momentos, há uma repetição de estruturas que poderia ser evitada (algo mais. Mais antigo. Mais profundo. Mais molhado, etc.).

    Veja bem, as sugestões são só questão de refino, pois o conto é ótimo.

    Parabéns!

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pela leitura e comentários!

      Inclusive se quiser depois me mandar mais detalhadamente os pontos que viu de melhoria seria muito bem vindo!

  3. Bia Machado
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Me pegou desde o início? Não. O primeiro parágrafo não me impactou, não me despertou interesse como poderia. Talvez ler algo que me remetesse a esse episódio da história brasileira, além de me fazer lembrar José de Alencar, não me animou muito, não. 

    Desenvolveu bem o enredo? Me pareceu que o autor escreveu exatamente do jeito que quis, provavelmente o problema está em mim, provavelmente. Algumas coisas me incomodaram: o João Pedro e a Iara se comunicando verbalmente, indígena sendo chamado de índio, escravizado chamado de escravo. Convém saber qual o termo correto. Pode parecer bobeira minha, mas como tenho que explicar isso para meus alunos todo ano, isso acaba me incomodando em outros momentos fora da sala de aula também. Gostei de ser um conto fantástico e também o suspense criado. No trecho “só agora percebeu a carnificina à sua volta”, o “agora” ficou deslocado, por remeter ao presente e o verbo estar no pretérito. 

    O desfecho foi adequado? A meu ver, sim. Foi coerente com o que aconteceu. Se tivesse terminado de forma romântica, eu ficaria me perguntando “ué, era sabrinesco, então?” Mas acho que foi uma tentativa de escrever algo de alta literatura, no estilo romântico indianista misturado com o gênero fantástico. Fiquei pensando por qual motivo o capitão também não se abalava com a Iara, até voltei lá pra ver se havia explicação e eu não percebi, mas não achei nada quanto a isso.

    E o conjunto da obra? No geral, pra mim foi uma leitura cansativa, não me cativou, em alguns poucos momentos me prendeu a atenção, mais para o final.

    Deu match? Não, mas ficou acima de várias leituras que fiz neste desafio. E é isso, parabéns e boa sorte nesse desafio.

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Oi Bia, muito obrigado pela leitura e comentários.

      Interessante que eu pesquisei o período e as Bandeiras pata escrever o conto, mas realmente não me atentei para a questão dos termos para os indígenas e os escravos. É algo a buscar nos próximos desafios.

  4. Alexandre Costa Moraes
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Olá, Entrecontista.

    Seu conto “Iara” mostra o fascínio do “bandeirante indígena” João Pedro pela sereia amazônica até a sedução fatal. O clímax ocorre quando ele se entrega ao canto, porém o personagem se mostra mais vítima do feitiço do que agente de transformação, compondo um arco trágico e mítico.

    A ambientação está bem realizada, destacando o rio, o encantamento do protagonista e a presença marcante da Iara. A leitura é fluida, com linguagem simples e eficiente, embora com potência poética moderada. Em alguns momentos, a explicação excessiva enfraquece a construção sensorial. Uma solução seria apostar no subtexto e usar mais a técnica “show, don’t tell”. Talvez uma cena ou algo que quebre a expectativa do leitor também ajude a modelar melhor os atos narrativos.

    No geral, “Iara” é uma releitura leve e fiel ao mito, com imagens bem trabalhadas e atmosfera adequada. Sobre o tema, embora esteja mais pra fanfic do que para sabrinesco raiz ou alta literatura, não descontei pontos pois acredito que o enredo está alinhado com a proposta do desafio.

    Boa sorte!

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Obrigado pela leitura e comentários.

      O foco no tema era o Sabrinesco mesmo, mas tenho plenaa noção de que poderia ser interpretado como fora do tema.

      Nas descrições pensei em falar mais mesmk, buscando a ideia do romance, mas entendi seu ponto e vejo que há pontos onde poderia ter reduzido ou deixado implícito.

  5. Thales Soares
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Este é um conto divertido e gostoso de ler, do jeito que me agrada, com uma pitada de fantasia e cenas bem construídas.

    A história começa localizando o leitor, mostrando que estamos numa expedição de bandeirantes na Amazônia, liderada por uma capitão cruel. E aqui o autor faz um bom trabalho em nos apresentar tudo, mostrando que tem um bom conhecimento nesse cenário que escolheu criar a história.

    O protagonista, João Pedro, é um jovem mestiço que fica incomodado com essa questão de extermínio de tribos. Até que, durante uma noite, ele ouve um canto sedutor e irresistível chamando ele pelo nome e atraindo pra margem do rio. O chamado se repete nas noites seguintes, e na quarta noite, se eu não me engano, João cria coragem e encontra a fonte do canto. É Iara, uma criatura de folclore que é geralmente retratada como uma sereia gostosa. Eu sempre acho interessante histórias que utilizam do folclore brasileiro, e essa daqui usou esse elemento de forma bem feita.

    Mas continuando minha análise… João começa a ficar com tesão com o poder da Iara, e logo eles iniciam umas sessões de deita e rola. Achei estranho imaginar como a sereia dava as sentadas nele, pois a metade debaixo do corpo dela é de peixe… não? O conto não entra muito nos detalhes sobre esse aspecto mais técnico.

    A partir dai, toda noite João dá uma escapada lá do acampamento para ir atrás de uma transadinha. E nisso, começam a acontecer umas consequências desagradáveis no acampamento, como mortes misteriosas, comida que apodrece do nada, caça que desaparece e escravos que fogem ou ficam doentes. O comportamento estranho e distante de João faz com que ele rapidamente se torne suspeito. O capitão então manda dois capangas para segui-lo e ver o que tá rolando… mas eles morrem. Esse fato faz com que o capitão conclua que o João é a fonte da maldição, e ele planeja então segui-lo para matar a criatura… e pegar ouro!! (não sei de onde ele tirou a ideia do ouro, mas tudo bem… me pareceu que coube a ideia dentro do personagem, já que ele era ganancioso e maluco).

    Na noite seguinte, chegamos no climax da história. Os bandeirantes capturam João na beira do rio. Iara surge, usando seu canto hipnotico, e faz com que os homens fiquem doidões, matando uns aos outros. O capitão é imune ao canto… por que? Não sei, a história não explica. Mas ele tenta atacá-la com uma facão, só que não dá certo. Então Iara puxa ele pro rio, e o afoga.

    Todo mundo morreu, menos João. Iara o liberta da maldição, mas ele rejeita. Ele prefere ficar possuído pela muié, pra ter mais umas transadinhas. E assim ele se despede e entra no rio. Ele morreu? Não sei, o conto acaba aí, com um final aberto.

    Enfim, achei interessante, e muito bem encaixado na proposta do desafio. Foi uma leitura divertida, e o autor mostrou bastante habilidade ao guiar o leitor pela linha narrativa e apresentar as situações. Parabéns, e boa sorte no desafio!

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pela leitura, elogios e resumo do texto.

      E confesso que não pensei muito na questão fisiológica da coisa não…

  6. Jorge Santos
    11 de setembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    “– Porque você é feito de morte. – Ela respondeu. – E eu sou feita do que resta depois.”

    Esta foi a frase que me provocou mais no seu excelente texto. Não tenho dúvidas sobre a autoria, mas não vou chutar no grupo. Em todo o texto não há nenhum ponto passível de melhoria, na minha humilde opinião. Caracterização das personagens – sabemos aquilo que as motiva, que é algo que normalmente falta nos textos. Uns são motivados pelo ouro, outros pelo corpo de uma mulher. A narrativa escorre com fluidez, de forma coerente, rica em termos visuais sem se perder em descrições irrelevantes. O desfecho é cinematográfico, a ação parece coreografada. Parabéns.

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pelo comentário e pelos elogios!

      Acertou a autoria?

  7. toniluismc
    10 de setembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    O texto demonstra um controle razoável da linguagem e da estrutura narrativa. É possível notar que há esforço em manter a clareza, o ritmo e a progressão dramática, especialmente em termos de construção de cena. O uso do tempo verbal é estável, os parágrafos têm bom tamanho, e os momentos de tensão são bem conduzidos. Ainda assim, há pontos que comprometem o resultado:

    • Excesso de repetições, principalmente do nome João Pedro. Isso empobrece a fluidez do texto e indica uma revisão falha. Há várias formas de evitar isso com pronomes, sinonímia, elipse ou reformulação frasal.
    • Pequenos erros de ortotipografia e pontuação (como o uso de “a pouco” em vez de “há pouco”, vírgulas mal posicionadas, ausência de itálico ou aspas consistentes em nomes de criaturas míticas).
    • O texto tem um tom muitas vezes monótono, com frases excessivamente diretas e sem variação rítmica — o que empobrece a prosa, especialmente em um conto que lida com elementos místicos, sensuais e trágicos.

    Ainda que bem estruturado, o estilo é simples, direto e pouco expressivo do ponto de vista estético. A prosa não se compromete com a sofisticação literária nem com o charme sabrinesco.

    Apesar de se apoiar numa lenda amplamente conhecida — Iara, a mulher encantada das águas —, o autor faz uma escolha eficaz ao:

    • Inserir a história em um contexto histórico concreto (expedições bandeirantes, opressão indígena, escravidão, conquista territorial).
    • Propor um arco trágico de sedução e destruição, que remete aos contos populares, mas com um acabamento sombrio e cíclico.
    • Criar cenas que funcionam bem visualmente e que evocam certo misticismo: o canto que chama, a marca da mordida, o rio como personagem, a possessão simbólica e a violência como elo entre natureza e morte.

    Por outro lado, há uma sensação de que o texto foi composto em blocos, talvez com uso de IA ou ao menos com pouca revisão autoral (não leve isso como uma acusação, pois é apenas uma impressão que o texto causa). Isso se nota:

    • Na repetição de fórmulas narrativas (“na noite seguinte ele voltou”, “ele estava lá”, “a floresta estava em silêncio”, “ela surgiu do rio”).
    • No uso quase automático de frases-modelo, comuns em textos automatizados ou pouco maturados criativamente (“como se o próprio rio sussurrasse”, “não por fraqueza, mas porque era tarde demais”, “ela sorriu com uma malícia que…”).
    • Na falta de camadas psicológicas ou metafóricas mais sutis, que poderiam sofisticar a narrativa.

    Em suma, a história é boa, mas a forma como foi contada não traz frescor nem profundidade criativa suficientes para se destacar no quesito.

    O ponto mais forte do conto é o impacto. Mesmo com suas limitações, ele prende o leitor. A sequência dos acontecimentos é bem escalonada: a sedução inicial, a entrega, a obsessão, o desequilíbrio, o confronto com os demais, o clímax violento e o desfecho aberto. Funciona.

    A sensualidade, embora presente, não é tratada com intensidade erótica o suficiente para enquadrar o texto como sabrinesco. Ela aparece como um recurso narrativo que aproxima a tragédia — a sexualidade como instrumento de fascínio e destruição, quase num registro mitológico. O sexo é bruto, instintivo, mas sem lirismo ou luxúria; serve mais à ambientação simbólica do que à excitação.

    Já a ideia de alta literatura também não se aplica: falta linguagem rica, densidade simbólica, complexidade psicológica, um olhar autoral que vá além da transcrição de uma lenda.

    Contudo, o conto tem impacto dramático. A cena final é poderosa, a morte de Antunes é bem construída, e a libertação de João Pedro tem valor narrativo — mesmo que previsível.

    Só pra deixar claro, eu gostei da história, viu?rs então espero que nos traga algo ainda melhor na próxima rodada.

    Abraço.

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pelos comentários e pontos de melhoria. É para isso que estou aqui. (Inclusive tive que buscar no Google o que era sinonímia)

      A questão da revisão ainda é nova para mim, de modo que estou me adaptando e entendendo como funciona, além do fato de ter um conhecimento limitado das regras gramaticais e afins, por não estudar nada disso a mais de 20 anos.
      Usei a IA para me ajudar nessa questão da revisão, talvez seja daí que você tenha tido essa impressão.
      Além disso, escrevo o conto em varios dias e muitas vezes desenho as próximas cenas ou ideias e depois às desenvolvo, o que também pode gerar essa impressão.

  8. danielreis1973
    7 de setembro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Iara (O Rio)

    Prezado autor(a):

    Primeiramente, elogio a imagem escolhida para o desafio, uma clara referência ao universo Pulp dos livros sabrinescos. Depois, noto que seu conto mistura ficção histórica, elementos de realismo fantástico e mitologia brasileira, entregando uma história  rica e também sombria. A ambientação no período colonial, mais especificamente no tempo dos bandeirantes, traz um contexto muito interessante: o filho de um bandeirante e uma índia, que vive uma contradição: ele é produto da violência dos colonizadores e, ao mesmo tempo, instrumento da própria destruição de seus ancestrais. Destaco o papel de Iara, não só como mito, mas como símbolo do renascimento e da vingança; me lembrou muito o episódio Jibaro, de Love, Death e Robots (se não assistiu, procure – é muito interessante!). Por fim, reforço o ponto filosófico que mais se destacou: a floresta vinga seus mortos, a mulher indígena se torna deusa vingadora, e o colonizador mestiço é tragado pelo mundo que tentou dominar. Parabéns, boa sorte no desafio!

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pelos comentários e elogios!

      É o segundo comentário que cita o episódio de LD&R e eu nem havia feito a conexão entre eles, mas sim, lembra bastante!

  9. Gustavo Araujo
    5 de setembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    A fábula de Iara revista pelos olhos de um jovem bandeirante. Gostei da ambientação e da precisão histórica, citando a bandeira, os índios, a incursão amazônica e a rivalidade com os jesuítas. Bacana também o desenvolvimento, a maneira pela qual João Pedro e Iara se aproximam e, de certa forma, se apaixonam. A segunda metade do conto, porém, não me pareceu tão boa quanto a inicial. Isso porque adquire um tom por demais metafórico, às vezes exagerando e errando nas comparações, como Iara cheirar como folhas em decomposição. Também achei um tanto estranho, no arremate, o Cap Atunes associar os ataques aos integrantes da bandeira à existência de ouro em algum lugar. Talvez alguma coisa me tenha escapado, mas achei essa razão para a perseguição de João Pedro um tanto despropositada.

    De qualquer maneira, é um conto legal de ler. Tem uma pegada infanto juvenil bastante ágil, como que adaptando a antiga lenda do nosso folclore para um público mais atual. Só por esse motivo já merece aplausos. Há coisas a melhorar? Sim, com certeza, mas mesmo imperfeito o conto cumpre bem a missão de entreter. Parabéns e boa sorte no desafio.

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pelos comentários !

      Vou dar uma olhada com calma nessa quebra na segunda parte para ver o que pode ter acontecido.

      Como escrevo em diversas partes, acaba que um trecho pode ter mesmo um tom um pouco diferente do outro.

  10. claudiaangst
    3 de setembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Como vai, autor(a)? Pleno(a) na criação literária?

    A lenda folclórica da Iara misturada à história dos bandeirantes?

    Algumas passagens podem ser encaradas como cenas sabrinescas, mas vou considerar o tema alta literatura como o que foi de fato abordado.

    João Pedro, filho bastardo de um português e uma indígena, mergulha em suas raízes ancestrais ao se deixar envolver com Iara. Afinal, a lenda pode ser considerada uma fusão de mitos europeus e indígenas, pois a figura da sereia surge no folclore brasileiro após a colonização portuguesa.

    O desfecho traz uma carnificina e o desaparecimento de João Pedro nas águas. Ele se entrega à Iara, pois sente que não há outro destino.

    A linguagem empregada é simples e apresenta alguns pontos que podem ser revistos em uma segunda revisão:
    • Repetição muito próxima de “canto”
    • uma séria de infortúnios > uma série de infortúnios
    • levantaram suas as armas > levantaram suas armas/levantaram as armas
    • “queísmo” – repetição sucessiva de quês
    • tarefa que se mostrou muito mais simples do que imaginado pelo capitão.

    Gostei da abordagem do tema folclórico. É importante valorizar a cultura brasileira, tão rica em significados e variantes.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pelos comentários!

      Alta Literatura é mesmo um tema controverso, pois eu nunca iria considerar esse meu texto dentro desse tema.
      A ideia era mesmo um Sabrinesco, mas eu tinha plena noção de que estava testando limites e interpretações.

      Revisões ainda são um desafio para mim, mas estão melhorando a cada conto escrito (espero).

  11. Pedro Paulo
    31 de agosto de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Tenho intenções de alta literatura quando digo que colonialista tem que se foder mesmo, em especial os consagrados em estátuas e símbolos “civilizatórios”. Dito isso, adorei esse conto! Os dois personagens principais são bem caracterizados, sobretudo ao serem confrontados em sua relação amorosa, mas selvagem e desproporcional, enquanto todo o demais é plano de fundo, a floresta e os bandeirantes de Antunes, participantes da narrativa em torno dos dois protagonistas, uma escolha adequada. Assim, a construção da relação entre os dois e a desumanização de João Pedro se tornam o mote da história conforme se percebe que um castigo místico recai sobre o bando com o jovem indígena sendo o prisma dessa desgraça. Assim, é satisfatório ver a vingança se concretizar enquanto há uma certa tensão em torno do destino de João Pedro e da verdadeira natureza de sua relação com Iara, sobretudo devido ao que se conta do mito da sereia. Era libertá-lo. Mas talvez ela mesma soubesse que isso era impossível.

    Lembrou-me o excelente curta-metragem “Jibaro”, um dos episódios do terceiro volume de “Death, Love & Robots”, mas, e aqui espero não parecer arrogante, lembrou-me também um conto meu escrito aqui para o EC, com o protagonista e as circunstâncias sendo bem similares. É o texto “Ele não sabia quem era sonho e quem era pesadelo”. 

    Já ouviu “Tucum”, Luiza Lian? Para mim serve aos nossos contos muito bem.

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pelos comentários e elogios!

      Lembrei desse episódio de Love, Death & Robots agora que você citou, e realmente tem muito dele aqui. Talvez meu inconsciente trabalhando.
      Tucum eu não conheço mas vou pesquisar.
      E li seu conto quando você mandou no grupo mas não podia comentar nada na época. Sua narrativa lá deixa o meu no chinelo. 🙂

  12. Priscila Pereira
    26 de agosto de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Rio! Tudo bem?

    Seu conto está muito bem escrito e revisado. A história é bem interessante de seguir, bem linear, sem surpresas ou reviravoltas. Não acho que seja sabrinesco, porque mesmo que seja um tantinho sensual, não há sedução e sim feitiço, o pobre homem não teve escolha, não é? Pode ser que seja alta literatura, mas eu não sei escrever nem consigo reconhecer, portanto não tirarei nenhum ponto pelo tema.

    Os personagens e a ambientação são bem feitos, apesar de clichês, nada de diferente do que esperamos de um conto sobre a Iara. É um conto muito bom! Parabéns e boa sorte no desafio!

    Até mais!

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pelos comentários e elogios!

      E era pata ser Sabrinesco mesmo, nunca pensei em tentar escrever Alta Literatura aqui…

  13. Fabio Baptista
    24 de agosto de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    Em uma incursão dos bandeirantes em busca de riquezas, Iara aparece para um dos integrantes do grupo e eventos trágicos começam a ocorrer.

    Ainda faltam alguns contos para realizar uma releitura, mas a menos que eu perceba alguma coisa muito diferente em um deles, este conto aqui foi a minha segunda leitura preferida da Série B. Uma história bem ambientada e bem contada, que narra um encontro fantástico e desenvolve as consequências disso sem enrolação. Há o romance sabrinesco? Não na concepção mais ortodoxa do termo, mas não deixa de ser um romance… trágico, hipnótico… mas, ainda assim, um romance.

    Gostei bastante.

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pelo comentário!

      Eu sei que arrisquei sair do tema, mas também sei que se arriscasse um romance de verdade seria sofrível.

      Fico feliz de você ter gostado!

  14. Amanda Gomez
    22 de agosto de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    O porém de escrever uma história sobre uma lenda é que ela nunca deixa de ser uma narrativa folclórica. E foi isso que senti durante toda a leitura: a qualquer momento poderiam aparecer outros personagens do tipo, e já sabíamos como iria terminar. É um enredo dificílimo de subverter.

    Dito isso, para mim o conto não abrange nenhum dos temas propostos. Não é alta literatura, porque tudo me parece um tanto raso e repetitivo nesses tipos de história. E também não é sabrinesco, pois não há aqui uma história de amor. Até mesmo a parte que sugere ser sensual soa muito automática e superficial.

    No fim, acontece a matança que sempre ocorre em narrativas sobre a Iara, com a subjugação do homem encantado por seu canto.

    Fora do tema, seria uma boa “releitura” do conto folclórico. Mas dentro do desafio ele me parece deslocado. Ainda assim, tem suas qualidades narrativas e é bem escrito, conduzido dentro do que o autor se propôs.

    Boa sorte no desafio!

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Obrigado pelos comentários Amanda!

      Eu tenho plena noção que trabalhei muito perto do limite do tema e entendo perfeitamente seu ponto. Foi um risco que aceitei correr pois se escrevesse romance seria um fracasso total.

  15. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    21 de agosto de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Não percebi nenhum dos 2 temas no seu conto, embora pareça que você tenha tentado seguir o tema sabrinesco. Você não focou a história na sedução da iara sobre João Pedro, a sedução ocupou uma posição secundária.

    Apesar de estar fora do tema, seu conto ficou muito bom.

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Obrigado Léo!

      E sim, você está certo, busquei o Sabrinesco mas tenho noção de que fiquei bem perto do limite.

  16. Givago Domingues Thimoti
    18 de agosto de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Iara – (O Rio)

    Olá, autor(a)! Espero que esteja bem no momento da leitura! Parabéns por participar do Desafio EntreContos! Sempre um prazer ler e comentar o trabalho dos colegas. Espero sinceramente que, ao final da leitura, você sinta que esse comentário tenha contribuído para você de alguma forma! Caso contrário, não leve para o pessoal ou crie ressentimentos. Lembre-se que escrevi com o maior cuidado que pude.

    Sobre o tema, em relação aos demais desafios, optei por mudar alguns critérios na avaliação. Diminui para 4 critérios, dando uma nota maior para adequação ao tema (está valendo 2). A lógica será: 0 para contos sem tema, 1 para contos que tangenciaram o tema e 2 para contos que o tema aparece claro e cristalino.

    Além disso, tomando as definições sugeridas pela Moderação, eu considerei sabrinesco como aquele conto que, por mais que tenha sexo nele (embora não seja obrigatório que tenha), você mostraria tranquilamente para uma pessoa da sua família que é bem careta. Já um conto de alta literatura eu interpreto como um conto mais rebuscado, que instiga o leitor tanto nas ideias (fazendo-o pesquisar sobre algum elemento do texto)  quanto na técnica empregada (podendo ser um ou outro).

    Resumo da história

    Iara é um conto sabrinesco, que apresenta ao leitor o encontro da lenda do folclore brasileiro com um bandeirante, o qual desbrava junto a uma expedição em direção ao norte do País (achei um tanto genérico o objetivo da expedição, mas ok, vamos relevar). 

    Aspectos positivos e negativos

    Aspectos positivos: folclore brasileiro! Boa condução da história
    Aspectos negativos: o conto deixou a desejar um pouco em termos de correção gramatical e construção gramatical. Infelizmente, isso acabou atingindo diretamente o impacto pessoal do conto.

    Avaliação por critérios (pontuação total: 5,0)
    Adequação ao tema (máx. 2,0):
    O conto aborda de forma clara, criativa e relevante o(s) tema(s) proposto(s)? Há relação explícita ou simbólica (mas detectável) com o tema indicado? Nota: 2

    O conto é sabrinesco, abordando o encontro entre um bandeirante filho de uma indígena com a Iara, sereia das águas do Rio Amazonas. Poderia ter sido maior o encontro? Poderia. Poderia ter dividido menos espaço com a história dos bandeirantes? Com certeza. Mas é um conto sabrinesco, de fato.

    Correção gramatical (máx. 1,0): O texto segue a norma culta da língua portuguesa? Se sim, há erros gramaticais, ortográficos ou de pontuação que prejudiquem a leitura? Se optou pelo coloquialismo ou regionalismo, deu para sentir que foi uma boa imitação? Soou forçado? Nota: 0,3

    Confesso que gostaria de ter lido um conto com uma revisão um tanto mais cuidadosa! Eu sempre falo o quão necessário é uma revisão, pois dependendo de quantos erros um texto tem, mais o texto afasta alguns leitores. Claro que erros passam, é normal, mas penso que nesse conto pesou um pouco em decorrência disso. 

    Detalhe importante: algumas vezes, a forma como foi construída a frase também contribuiu para quebrar a coesão e fluidez do texto (fato que expliquei melhor em seguida). 

    Vamos ver alguns erros que encontrei:

    • Há trinta e dois dias estavam na mata, guiando-se por mapas antigos, também desenhados por outros caçadores de ouro e escravos, a forma mais rápida de enriquecer. →A frase tem uma falha de coesão sintática — ou seja, na forma como as partes da oração se conectam logicamente e gramaticalmente. O trecho final (“a forma mais rápida de enriquecer”) está solto, sem um elo claro com o resto da frase, o que compromete a clareza e a norma padrão.
    • Alguns erros de ortografia → Pagé (Pajé), séria (série), ruido (ruído)
    • Conjugação verbal errada → “João Pedro pode (pôde = pretérito perfeito do indicativo, na 3a pessoa do singular) então sentir o seu cheiro, (…)
    • A pouco → há pouco 
    • Falta de vírgulas em diversas frases

    Aqui, a solução é ler, escrever e revisar. Repetidas vezes.

    Construção narrativa (máx. 1,0): A estrutura do conto é bem organizada (início, desenvolvimento, clímax e desfecho)? Esticou demais, apertou demais? Caso tenha optado por um conto não linear, deu para entender/acompanhar a história? O estilo de escrita é adequado? A técnica chama a atenção? Há fluidez, ritmo e coesão textual? Nota: 0,3

    De positivo, eu queria destacar a capacidade que o autor/ a autora possui em cativar a atenção do leitor. Foi uma história que me prendeu, mesmo diante dos apontamentos que fiz a seguir. 

    Se eu tivesse que apontar um aspecto geral para o autor/a autora, seria referente a construção das ideias dos contos. Por diversas vezes, por mais que o período esteja de acordo com as regras gramaticais (o que não aconteceu sempre), ele careceu de sentido. Por exemplo:

    Alguns exemplos de má-construção:

    • Reuniu os homens que sobraram, os que não haviam fugido ou caído doentes. Os que não haviam morrido. → quebra o ritmo com uma repetição abrupta de “os que” sem retomada direta.
    • A resistência à lâmina foi mínima, foi como atravessar as folhas que ficam apodrecendo às margens nas curvas do rio. = assim, quando li a primeira vez, achei uma construção muito estranha. Por exemplo, será que para uma lâmina é mais difícil mesmo cortar uma folha saudável e outra podre? Não corta do mesmo jeito? Enfim, acho que poderiam ter comparações melhores.
      • Além disso, percebi que muitas vezes foi utilizada a palavra “como” para fazer analogias e metáforas. Não é nenhum pecado, é um artifício comum, inclusive. Mas convém reduzir. Sugestão: (1) utilize a estrutura “tal qual” ou algo similar. (2) não utilize estrutura alguma! Apenas faça a metáfora direta e confie que o leitor vai entender. Por exemplo; “Inspirado, seus dedos sambavam frenéticos pelo teclado, em busca da combinação perfeita de palavras.”

    Durante a leitura também percebi muitas repetições de palavras, o que, na maioria das vezes, prejudica a fluidez do conto (às vezes, também pode ser um recurso estilístico. Contudo, deve ser usado com bastante moderação). Por exemplo:

    1. Em suas visitas (faltou uma vírgula para indicar o deslocamento do adjunto adnominal) ela lhe contava fragmentos do que fora: uma mulher forte, caçadora, filha do Pagé. E por isso mesmo temida entre os seus e, uma vez traída, jogada ao rio por seu próprio pai. Pois ele também temia quem ela era, quem ela poderia se tornar. E o rio a abraçou, a adotou e ela renasceu dentro dele. Se sua tribo temia que ela fosse o Meio, ela agora era o Fim.
    2. “Mas o canto chamou João Pedro. Chamou seu nome. E ele atendeu.

    Seguiu aquele canto que se tornava mais nítido à medida que se aproximava do rio. Um canto suave, lento, feminino.

    Não era a voz de uma mulher, era algo mais. Mais antigo. Mais profundo. Mais molhado.

    Ao chegar na margem do rio percebeu que era dali que o canto nascia, como se o próprio rio sussurrasse versos apenas para ele.

    E, assim como surgiu, o canto se dissipou na névoa que cobria a água, deixando o jovem João Pedro a se perguntar no dia seguinte se aquilo havia realmente acontecido.”

    Tanto para a questão da correção gramatical quanto para a construção narrativa, sugiro muita leitura, muita escrita e muita revisão. Enxergo espaço para melhora.

    Impacto pessoal (máx. 1,0): O conto provoca reflexão, emoção ou surpresa? Causa uma impressão duradoura ou significativa? Nota: 0,2

    Esse conto tinha um tremendo potencial de conquistar este leitor. Adoro história! Adoro folclore brasileiro! Ele é rico, plural e nosso! Justamente a partir dessa lógica de diversidade que tem no folclore, eu acho que faltou ousar mais nesse conto. Faltou fantasia! Do jeito que está, tive uma sensação de já ter lido essa história antes em algum lugar. Por exemplo, João Pedro, filho de um português e uma indígena… Ele poderia ter alguma conexão com a mata, para além de Iara. Um descendente de gerações e mais gerações de um homem da mesma tribo que a Iara, por exemplo. Talvez ele mesmo se transformar numa grande cobra, uma figura mitológica esquecida… 

    Além disso, outra coisa que penso que é digna de nota é que a própria forma de contar a história poderia ser melhor. Claro, aqui eu posso estar tentando recriar a roda, mas seria interessante ver um jeito diferente de contar a história. Algo meio realismo fantástico, que mesclasse com técnica cenas vivas e mais lúdicas com uma boa dose de realismo (fatos históricos, personagens que realmente existiram, uma descrição um pouco mais fiel do que eram as bandeiras).

    Infelizmente, acabou faltando esse fato novo no conto.

    Há também outros pontos que penso que são dignos de atenção em termos de detalhes da narrativas. Coisas que essa história em especial poderia abordar para inserir melhor o leitor. Para que serve a expedição? Que tipo de “feitiço” amaldiçoou a expedição? Como? Quem rogou?… 

    No mais, reitero que enxergo espaço para desenvolvimento do autor/ da autora. Persista!

    Nota final (máx. 5,0): 2,8

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pelos comentários e aula de português! 🙂

      Eu considerei o conto até bem revisado (por mim) em comparação com os anteriores, mas essa é uma técnica que considero ainda mais difícil do que escrever.

      Esse tipo de comentário eu acabo relendo com calma, no computador, ajustando meu arquivo com o conto buscando melhorar essas questões.

      Quando à história eu fiquei com medo de fugir do Sabrinesco, inclusive acho que passei na curva em relação ao tema, e acabei focando mais no romance e contextualizando o cenário.

      Quanto aos Bandeirantes, uma boa parte deles tinha como objetivo justamente enriquecer, pilhar e destruir. E foi em um desses grupos que eu incluí João Pedro.

      • Givago Domingues Thimoti
        16 de setembro de 2025
        Avatar de Givago Domingues Thimoti

        Oi, Fabiano! Tudo bem?

        Sobre a revisão, é normal que nós, mesmo diante de uma boa revisão, um deslize ou outro escape. Às vezes até mesmo vemos em livros publicados. Geralmente, quando a gente se afasta do texto por um tempo, nós conseguimos limpar melhor o texto. Pedir para outra pessoa passar um olho também ajuda.

        Quanto aos bandeirantes, sim, a premissa básica era essa que você citou. Mas acho que me expressei mal. Quando eu disse sobre essas expedições, quis dizer para você ser mais específico sobre a missão do bandeirante. Por exemplo, era uma expedição que foi ordenada por alguém? O alvo era pilhar, ou também buscar alguma região para assentar alguma vila? Buscavam algum artefato especial, com poderes? Enfim, sei que é chato esse papo de “ah, mas pq você não fez isso??”, mas eu citei porque eu realmente gosto de contos com fundo histórico e acho que histórias como a sua florescem com detalhes assim.

        Enfim, sinta-se à vontade para ignorar se achar impertinente.

      • Fabiano Dexter
        19 de setembro de 2025
        Avatar de Fabiano Dexter

        Olá meu amigo!

        Ignorar jamais, a ideia é realmente entender melhor mesmo o que foi pensado no comentário.

        Ainda que eu vá desconsiderar alguma crítica, que nem é o caso aqui, eu preciso entendê-la primeiro para saber se faz sentido.

        Ao pensar na história não me atentei para esse ponto. Usei os Bandeirantes para situar um grupo no meio da Amazônia, uma vez que a ideia da Iara já estava formada. Pensei também em um grupo de garimpeiros, em algo mais atual, mas preferi manter algo no passado mesmo, achei que faria mais sentido.

        Eu tinha “espaço” para detalhar mais a missão e talvez seria um ganho se o tivesse feito. É lição aprendida para os próximos!

  17. cyro eduardo fernandes
    18 de agosto de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto de boa técnica que mantém o interesse do leitor até o final, Boa sorte!

  18. Thiago Amaral
    12 de agosto de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    O conto tem bastante do Sabrinesco, mas mesclado ao terror.

    A escrita é simples, mas eficiente, narrando bem a trama de João, seu enfeitiçamento por Iara e seu eventual suicídio (talvez).

    Por ser simples, a leitura voa, e a falta de significados maiores faz com que a história tenha um impacto ok, apesar do potencial para algo a mais.

    Esse potencial vem da relação entre João e Iara, que vê a morte nele. Talvez isso seja pelo fato de ele ter matado várias pessoas, ter as mãos sujas de sangue? E agora ele trai os próprios princípios trabalhando para a coroa, se comportando mais como um morto-vivo que um ser humano? Fica meio incerto, mas explicaria os motivos do auto-sacrifício. Talvez se esses elementos tivessem sido mais explorados, um significado maior poderia ser tirado, e o conto ficaria mais profundo e inesquecível.

    Da maneira que está, o impacto fica no vilão, líder do bando, sendo puxado pelas órbitas por Iara. Uma cena que fica na mente.

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Obrigado pelos comentários!

      Como o tema era o Sabrinesco acabei mesmo focando mais no romance entre os personagens.

      O cheiro de morte de João vem mesmo das atrocidades cometidas por ele ao lado dos demais Bandeirantes.

  19. Kelly Hatanaka
    11 de agosto de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá!

    Neste desafio, vou avaliar os contos da seguinte forma: Tema vai valer 2 pontos, Forma, 2 pontos, Enredo, 3 e Impacto também 3. Como o tema Sabrinesco parece ter sido especialmente desafiador, vou dar um ponto extra para Sabrinescos bem executados. É pessoal? É. Mas os critérios de avaliação são pessoais mesmo, então paciência.

    Tema

    Não há romance, nem amor. João Pedro parece enfeitiçado, amaldiçoado por Iara e não enamorado. Até a sedução entre eles é bem carnal, animal. Para mim, o sabrinesco passou bem longe. Resta a alta literatura, que nem sei se existe mesmo. Talvez, a alta literatura seja o oposto de uma leitura de entretenimento e acho que este conto é um bom conto de entretenimento. Ele, porém, tem uma narrativa bem desenvolvida e um uso da linguagem muito bonita e poética. Vou considerar parcialmente no tema.

    Forma

    Um conto bem escrito sobre um bandeirante enfeitiçado pela Iara. Achei bem interessante as descrições da Iara, sempre remetendo à natureza, ao rio, à força das águas, aos elementos. Muito bom.

    Enredo

    João Pedro ouve a voz de Iara e é enfeitiçado por ela. Como consequência, seu grupo de bandeirantes se desmantela. Quando descobrem que ele vem se comportando de forma estranha, seus companheiros o seguem até o rio e o espancam. Iara surge e os destrói. Depois disso, ela liberta João Pedro, que, mesmo livre, resolve segui-la dentro das águas.

    É interessante, mas ficam algumas perguntas. Iara escolheu aquele grupo por algum motivo ou ela atacaria qualquer grupo de bandeirantes que entrasse na mata? Para que ela precisava de João Pedro? Ela parece ser poderosa o suficiente para destruir o grupo inteiro de uma vez.

    Impacto

    Médio. Uma boa história, bem contada e bem conduzida. Mas fiquei procurando o tema e isso pode ter atrapalhado a leitura.

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Obrigado pelos comentários Kelly!

      A ideia aqui era mais de um romance (ainda que com o envolvimento do Canto da Iara) e consequente fim dos Bandeirantes mais do que um ataque direto dela a eles.
      Entendo que ficou mesmo um pouco solto e poderia ser melhor desenvolvido.
      Quando ao tema concordo que busquei uma forma de me adequar à ideia do romance entre os personagens, nunca nem pensei em Alta Literatura.
      Inclusive fico feliz de ter considerado um bom conto de entretenimento. 🙂

  20. Luis Guilherme Banzi Florido
    10 de agosto de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia! Tudo bem? Tô lendo os contos na ordem de postagem do site, sem ter conferido quais são minhas leituras obrigatórias. Bom, vamos lá pro seu conto.

    Uma releitura ou reimaginação ou adaptação do clássico do Folclore brasileiro. Vou ser sincero e dizer que conheço apenas o conceito da Iara, mas não conheço a historia dela o suficiente pra saber se voce recontou a mesma historia, se reinventou, se adaptou. Então vou analisar apenas o que temos aqui, sem me importar em comparar com o original.

    O enredo não se destaca muito, na minha opiniao. Achei tudo um pouco simples demais, sem muito impacto, reviravolta ou ponto de climax ou de interesse maior, sabe? Existe algum uma historia, um enredo, mas nada que me fizesse mergulhar na historia, nada que me prendesse ou deixasse curioso, nenhum misterio, nenhum momento de brilho. Achei tudo muito linear, quase como se fosse só um relato de acontecimentos, mas se aprofundamento. Isso torna muito simples resumir o enredo: homem filho de portugues com indigena encontra Iara. Eles se encontram constantemente, até que o grupo de bandeirantes desmorona diante da maldição trazida por ela. O chefe dos bandeirantes tenta reagir, mas a Iara mata todo mundo, e no final deixa o rapaz livre pra viver como quiser. Ele, totalmente encantado, decide ir atras dela no rio. Percebe o que quero dizer? É muito linear e previsivel, sabe? Acho que isso tira bastante do impacto e do interesse geral da leitura.

    A escrita vai bem, com um ou outro erro de revisao / gramatical, mas nada que prejudique.

    No fim, apesar de bem escrito, como ja expliquei (exaustivamente) acima, acho que falta um tempero que torne esse conto mais marcante ou impactante. Do jeito que está, é uma leitura rápida e sem entraves, mas que não desafia e nem empolga tanto. Parabens e boa sorte!

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Obrigado pelos comentários Luis!
      Esse tema do romance me tirou um pouco mais da minha zona de conforto, assim acabei mesmo com uma história mais linerar ee bem na fronteira do tema. Tive medo de tentar seguir outro caminho e acabar saindo completamente.
      Obrigado!

  21. marco.saraiva
    6 de agosto de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    A história de João Pedro e seu encontro com Iara, a protetora dos rios, uma figura mitológica do nosso folclore (mas que, para João Pedro, estava longe de ser figura de lendas. Era apenas a índia mais bela que ele havia visto). Seguimos o grupo de bandeirantes de João Pedro e assistindo enquanto eles aos poucos se desfazem em infortúnios mil ao seu redor, ao passo que ele fazia amor com Iara perto do rio, quase todas as noites. A última morte, a mais cruel e violenta, Iara deixou para o capitão Antunes, morto sem os olhos, afogado no rio que ela abençoava com o seu sangue.O conto tem um fluxo bom, a história é contada com cenas bem-feitas. Iara é bem trabalhada, o autor respeita a lenda mas não deixa de adicionar o seu próprio toque à identidade da índia, emprestando a ela um ar terrível e uma sede sanguinária, casando com um senso único de justiça. João Pedro aqui é menos personagem e mais veículo para a ira de Iara, um instrumento usado pelo texto para apresentá-la ao leitor.

    Um conto simples, mas que cumpre bem o seu papel e traz uma história interessante, com uma leitura fácil e redondinha. Parabéns!

    NOTAS:

    Na minha opinião, as descrições seriam melhores quando mais específicas. Vi que você usou muito o recurso do “algo mais”, que, ao meu ver, não significa nada, nem adicionada nada à leitura:”…mas que era algo mais.””Não era a voz de uma mulher, era algo mais.””Ela era parte da mata, das águas. Era algo mais. Ela era Iara.””Não achava que fosse medo, mas era alguma coisa muito parecida.

    Trocar estas construções por sensações e descrições mais vívidas e específicas, ao meu ver, traria mais vida ao conto!

    Notei também uma breve confusão no tempo verbal. Enquanto a maior parte do conto é escrita no pretérito, algumas partes são escritas no presente. Por exemplo, o trecho “Mas chegou à margem sem medo…” é seguido não muito tempo depois por : “Ela se aproxima ainda mais,…”

    • Fabiano Dexter
      16 de setembro de 2025
      Avatar de Fabiano Dexter

      Muito obrigado pelo comentários Marco!

      A questão do tempo verbal eu estou melhorando a cada conto, mas ainda tenho deslizes, e por isso os comentários indicando esse ponto são sempre muito bem vindos.
      Obrigado!

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Publicado às 2 de agosto de 2025 por em Liga 2025 - 3B, Liga 2025 - Rodada 3 e marcado .