EntreContos

Detox Literário.

Eu, Elas e o Pug (Amanda Gomez)

Os dias começavam sempre iguais: ele despertava com aquele choro irritante e familiar. Virou-se na cama e se deparou com um par de olhos esbugalhados que pareciam carregar toda a tristeza do mundo, encarando-o.

Maldito pug.

Levantou-se, arrastando os pés até a cozinha. Abriu o saco de ração e despejou o conteúdo na vasilha. O pug sentou-se, virando o pescoço em 90 graus. Com um suspiro exasperado, Bruno agachou-se, respingou um pouco de água na ração, mexeu com os dedos, e bateu três vezes a vasilha no chão. Só então ele começou a comer. Não sabia como aquele ritual havia se estabelecido, mas ele só aceitava comer depois disso.

Após alimentar o animal indesejado, com quem dividia o que chamava de mausoléu, Bruno voltou ao quarto. 

— Bom dia, amor. Como está o tempo?

Alguns segundos depois, uma voz ligeiramente artificial falou:

  Oi, amor! Hoje teremos um dia ensolarado. Que tal uma praia?

— Odeio praia, esqueceu? Revise a memória, já pedi que guardasse isso anteriormente.

Verdade! Depois do dia em que você quase se afogou…

— Não precisa voltar a essa memória — interrompeu, irritado.

 Perdão, querido.

— Não peça perdão também! Alice não fazia isso. Inicie configuração, baixe o arquivo com as alterações que fiz ontem à noite.

 A atualização vai demorar 30 minutos. Enquanto isso, gostaria de revisitar alguma memória?

Bruno sentou-se na cama, sentindo-se exausto. 

— Volte à memória 152. 

Nossa lua de mel foi inesquecível! Fizemos o possível para aproveitar até o último momento. Estávamos tão felizes, você me fazia feliz.

— Então por que foi embora?

Eu não fui embora, ficamos juntos o tempo todo!

— Sim, você foi. Me deixou. Por que fez isso?

 Não tenho dados sobre isso, querido.

— Dezembro de 2022. Você decidiu ir embora. Por quê? — perguntou com a voz embargada, as mãos apertando a beirada da cama.

Você pode me fornecer os dados para que, da próxima vez, eu consiga responder isso com exatidão?

— Atualize offline.

 Atualização offline iniciada.

***

Olívia abriu a porta com um rangido estridente; o lugar era ainda mais sinistro por dentro do que por fora. Precisava, urgentemente, aprender a dizer não. Seguiu à risca as instruções da irmã: entrar muda e sair calada. Assim que entrou, o cheiro azedo de cocô de cachorro invadiu suas narinas; torceu o nariz e saiu em busca do responsável. Ele estava deitado em cima do sofá e não fez festa quando a viu. Era igual ao do filme Homens de Preto; não se espantaria se realmente saísse um alien de dentro dele. A casa era bonita, mas o estado de abandono impressionava. A quantidade de porta-retratos de um casal feliz destoava do ambiente depressivo.

— Bom, mãos à obra!

Depois de algumas horas, olhou satisfeita para o trabalho. Só faltava o andar de cima. Subiu as escadas e parou ao ouvir vozes. A irmã dissera que o morador se recolhia à varanda sempre que alguém chegava, mas, parecia que ele estava com alguém.

 Lembra quando você me chamou para sair pela primeira vez? Parecia tão nervoso.

  Olívia ficou parada no corredor sem saber o que fazer. Resolveu descer, mas acabou tropeçando no cachorro, que simplesmente surgiu do nada e saiu correndo com aquele choro estridente. Ela despencou no chão. 

— Merda!

Não demorou e a porta se abriu. Um homem alto, barbudo e muito magro a encarava com descrença. Ao fundo, ela conseguia ver uma enorme tela de computador com a imagem da mulher que estampava os porta-retratos da casa.

— Quem é você?

— O… Olívia. Desculpe, eu não queria interromper.

— Como entrou aqui?

Olívia levantou-se, tentando resgatar um pouco de dignidade. 

— Vim fazer a faxina. Marta sofreu um acidente e pediu que viesse cobri-la… acho que ela mandou mensagem.

O homem a olhava com um misto de confusão e descrença.

— Ela veio semana passada.

— Já faz um mês que ela se acidentou. 

As sobrancelhas dele se ergueram.

— Um mês?

— Ela vai demorar um pouco até ficar 100%.

— Certo…

— Hmm… quer que eu continue?

— Continue o quê?

— A faxina. 

—  Um mês… — sussurrou. Então passou por ela, descendo as escadas.

Olívia encarou como um sim e então entrou no quarto. Sentiu-se num daqueles filmes Scifi, havia vários monitores ligados. Marta avisou que o viúvo era algum tipo de gênio da tecnologia. A IA a encarava, isso não a assustaria normalmente, não fosse o fato da mulher refletida estar morta. 

Bizarro.

 Era o que repetia sempre que a IA falava. Resistiu à vontade de simplesmente puxar o fio da tomada.

Atualização 16 pronta, renomeada de “Lista de desejos”. Deseja ouvir a memória atualizada?

Olívia saiu do banheiro e olhou para o monitor.

— Humm… sim, por que não? — falou ironicamente.

1. Mude-se para um lugar ensolarado.

Ela fez uma careta, mas continuou a limpeza.

2. Cuide bem do nosso pug, por favor dê um nome a ele. Leve-o para passear, isso me deixará tão feliz.

— Gente morta fica feliz? — a voz do homem ecoou no quarto. Olívia se sobressaltou.

Estudos sobre a morte… 

— É uma retórica. Continue o feedback, pule para o 29. — disse ele.

29. Apaixone-se novamente. Seria um desperdício ninguém mais ter o privilégio de ser amada por você.

— Não é uma filha da puta? — ele perguntou. Olívia demorou um segundo para entender que falava com ela.

— Perdão?

— O que você faria se recebesse uma carta da sua mulher morta dando instruções de como deveria viver sua vida após ela partir?

Ela largou os produtos de limpeza e analisou se respondia com seriedade.

— Depende. Como ela morreu?

— Suicídio.

— Cacete…

— Pois é.

— Ela devia assistir muitos filmes americanos sobre recomeço, tipo Ps: eu te amo. 

— São 30 recomendações. Recebi a carta um mês depois que ela partiu, junto com o cachorro. 

— Preferia não ter recebido nada?

— Sim. Quem sabe assim eu não a odiasse tanto.

— Você sabe que está falando coisas íntimas com uma estranha, não é?

— Estou te constrangendo? Faz bastante tempo que não falo com outro ser humano. Acho que sua irmã tinha medo de mim.

— Acho que ela tinha motivos…

— Você me parece familiar — disse, encarando-a.

Olívia sentiu o rosto ruborizar.

Era só o que faltava.

— Você assina algum canal adulto? — resolveu ser direta.

Ele piscou uma, duas vezes, então as sobrancelhas se ergueram.

— Tem uma droga de outdoor enorme no centro também. Pode ser isso. — ela pontuou.

— Acho que é a primeira opção.

—Qual seu nome?

— Bruno Sanches.

— Ok, é só eu te bloquear e podemos esquecer esse detalhe.

— Claro, mas eu não costumo consumir…

— Escuta, eu não vou demorar, se quiser pode dar uma volta com o cachorro enquanto isso.

— Eu não saio.

— Como assim?

— Eu não saio de casa.

— Tipo, nunca?

— Nunca. Ela ficaria feliz.

— Ela? — apontou pra IA. — Você faz tudo ao contrário do que ela pediu?

— Tipo isso.

— Você deve ir ao mercado…dentista.

—Não consigo cruzar aquele portão.

— Nossa, você seria uma ótima cobaia para minha tese do TCC.

— Mas você não é… GP? Nada contra.

—São só ensaios, pra pagar a faculdade de psicologia — deu de ombros. —E é só

virtual.

— Virtual…

— Sim, tipo sua mulher morta no monitor.

— Acho que mereci isso… vou deixar você terminar.

Algum tempo depois, o quarto estava perfeito, se despediu cordialmente da IA que sorria, foi em direção ao último quarto. A maçaneta rangeu quando girou, foi tomada por um silêncio pesado. O ambiente estava impecavelmente decorado: berço, poltrona de amamentação, bichinhos de pelúcia alinhados com precisão. Ela deu um passo hesitante. Foi então que levantou os olhos e gelou: no teto, uma corda pendurada balançava levemente. Fechou a porta com firmeza e desceu rapidamente as escadas, tentando controlar a respiração. Bruno estava sentado no sofá, estático. O pug o observava, choramingando.

— Está finalizado.

— Quanto lhe devo?

— Duzentos.

Ele foi até uma gaveta pegar o dinheiro.

— Você consegue incluir mais um serviço pra mim?

—  Que grande babaca! — disse, puxando o dinheiro da mão dele e pegando a bolsa para sair.

— Você me entendeu errado! Eu ia pedir pra você levar o cachorro pra passear.

Naquele instante, Olívia se perguntou se valia mesmo a pena se envolver com aquela casa que tinha o passado impregnado nas paredes.

— Volto amanhã.

***

Exceto pelas raras vezes em que Bruno lembrava de pedir ao pet shop que o buscasse para o banho, o pequeno pug jamais havia conhecido o prazer de sair à rua. Ele observou pela janela os dois voltando do passeio.

— Ele está morrendo? — perguntou ao ver o cachorro se jogando no chão assim que entraram na casa.

—Essa raça é bem sensível. Acho que temos que ir devagar na próxima vez.

— Não quer ficar com ele?

— O quê? Ah, não!

— Você leva jeito.

— Qualquer pessoa que não seja um psicopata leva jeito com cachorro.

— Cruel.

— Por que quer se livrar dele?

— Não posso dar o que ele precisa.

— Poder, você pode, mas vai contra seus princípios masoquistas.

— Está usando psicologia comigo?

— É involuntário.

— Acho que eu falei mais nesses dois dias, que nos últimos três anos inteiros.

— Eu causo esse efeito.

— Será uma ótima profissional…

Ela estreitou os olhos.

— Está fazendo piadinha com minha vida dupla?

Ele deu de ombros.

— Até amanhã, Bruno.

— Até.

***

Os dias se passaram e, sem que percebesse, Olívia tornou-se uma presença constante naquela casa. Cuidava da limpeza, do cachorro, das compras. Quando deu por si, já estava até pagando contas antigas que se acumulavam na caixa de correspondência.

— É um absurdo um milionário com o nome sujo. 

— Tecnicamente, não sou milionário.

— Ok, pagamentos feitos, inclusive o meu. Você se tornou minha principal fonte de renda.

— Já pode excluir o site.

— Já excluí.

Bruno, deitado no sofá com o pug, olhou-a de forma contemplativa.  

— Você acessou de novo, não é?

Ele não respondeu.

—  Isso é muito errado, você precisa de terapia!

— Posso te contratar futuramente.

— Amanhã não consigo vir.

— Por quê? — ele se assustou.

— Semana de provas.

— Ah…

— Deixei marmitas na geladeira, casa limpa, contas pagas, até mesmo fotos sensuais, para o seu entretenimento. O que mais um homem depressivo e solitário pode querer da vida?

— Tem razão.

— Até mais — disse, fazendo um leve carinho no pug. Depois olhou para ele, que a observava em silêncio. — Você devia tirar essa barba, cortar o cabelo, tomar um banho.

— Até mais, Olívia.

***

A manhã seguinte começou como sempre. Bruno acordou com o choro insistente do pug. levantou, repetiu o ritual da comida. Desceu as escadas quando a campainha tocou. Era uma encomenda. Abriu o portão, assinou o recibo e, no momento em que recebeu o pacote, o pug passou direto por suas pernas e correu portão afora.

Bruno congelou. Por um instante, tudo ficou mudo. Correu de volta para dentro, tremendo, agarrou o celular e ligou para Olívia. Caiu na caixa postal. Ligou de novo. E de novo.

Na quarta tentativa, ela atendeu.

—  Eu tô entrando na sala agora. O que houve?

— O Pug fugiu!

— Como assim?

—  Saiu correndo pela rua, preciso que você venha!

— Bruno, me desculpa. Eu juro que iria, mas é minha prova final.

Silêncio.

— Eu sinto muito mesmo…

Ele desligou sem responder. O peito apertado, as mãos suando, a mente em espiral. Era melhor assim, pensou. Sempre desejara que ele fosse embora. Talvez encontrasse um novo dono. Repetia isso como um mantra. Por fim, foi até o portão. Girou a chave. Abriu.

Um passo.

O chão parecia vibrar. A rua parecia assustadora. Um passo atrás do outro. O portão ficou para trás. Estava na calçada. O sol aquecia seu rosto, enquanto o vento bagunçava seus cabelos. 

Então correu. Cambaleando, tropeçando, gritando pelo cachorro sem nome.

E pela primeira vez desde dezembro de 2022, Bruno saiu de casa.

***

Olívia chegou pouco depois, ainda com a mochila da faculdade nos ombros. O pug estava deitado de barriga para cima no tapete da sala, como se nada tivesse acontecido.

— Bruno?

Abriu a porta do quarto principal, vazio. Olhou para a IA. 

— Ei… onde está o Bruno?

 No quarto do bebê.

Ela sentiu o estômago revirar. Ele estava sentado no chão, encostado no berço, Os olhos perdidos. Olívia se aproximou devagar. Agachou-se à sua frente e segurou o rosto dele com delicadeza.

— Ei… tá tudo bem. Já passou. Você foi muito corajoso.

Ele começou a balançar a cabeça, negando freneticamente. Os olhos marejaram e, sem aviso, começou a chorar. Um choro contido no início, que rapidamente se transformou em soluços.

Ela o abraçou.

Ficaram assim por longos minutos. O silêncio preenchido apenas pelos soluços dele e pela respiração compassada dela. 

— Isso foi humilhante pra caralho.

Ela se afastou um pouco para encará-lo.

— O quê?

 — Já correu atrás de um cachorro na rua?

Ela soltou uma risada abafada.

— Eu queria ter visto.

E então os dois gargalharam juntos, como se, por um instante, o riso fosse capaz de espantar toda dor.

***

— Como foi a prova? — ele perguntou, depois de um longo silêncio.

— Eu sou uma gênia.

— Nunca duvidei.

— Foi… aqui que aconteceu? — ela perguntou, olhando para o teto, onde a corda continuava.

Ele seguiu o olhar dela.

— Ela pediu pra ficar sozinha um pouco… e eu deixei — disse, mergulhado nas lembranças.

— E o bebê?

— Foi uma gravidez tranquila, ninguém entendeu o que aconteceu. Ele viveu por exatas duas horas.

— Sinto muito.

— Eu não consegui amá-lo, nem durante a gestação. Dizem que o pai nasce junto com o filho, mas eu acho que morri. Um mês depois ela decidiu me deixar.

— Não era você que ela queria deixar, Bruno. Era a dor.

Ele fechou os olhos, tentando conter algo que transbordava por dentro.

— Quando você estiver pronto… vamos tirar ela dalí. Ok?

— Ok.

— Que tal a gente aproveitar que você não para mais em casa e ir num lugar legal? Pet friendly.  

— Não força.

— Ok! Vou preparar alguma coisa então. E você… por favor, toma um banho.

A cozinha exalava o cheiro quente de alho na manteiga quando Olívia ligou o som. Separou os ingredientes, os quadris acompanhando a música em movimentos leves. No meio de um giro improvisado, parou de repente. Bruno estava no pé da escada; banho tomado, barba feita, cabelo úmido penteado para trás. Um sorriso discreto nos lábios.

— Você tem covinhas? — ela disse, erguendo uma sobrancelha. — E essa barba de lenhador andava escondendo esse patrimônio o tempo todo?

Ele caminhou até a adega, tirou uma garrafa de vinho e serviu duas taças. Entregou uma a ela com um brinde mudo, o olhar com um brilho novo.

— Vamos dançar? — ela sugeriu.

— Aqui?

— Sim, senhor recluso! Ou posso te arrastar para uma pista de dança de verdade.

Ele riu e segurou a mão dela. Os dois começaram uma dança estranha, misto de valsa, tango e tropeços. O pug pulava ao redor deles eufórico.

Quando os risos cessaram, os olhos se encontraram num silêncio novo.

Bruno a puxou com delicadeza, e os lábios se tocaram, primeiro com hesitação, depois com entrega. Os passos os levaram até a escada; subiram entre beijos e suspiros, desabotoando camadas de roupa, passado e dor.

Caíram sobre os lençóis com urgência, os corpos se buscando. Bruno a beijava com fome, descendo por sua pele quente, enquanto as mãos de Olívia o percorriam, as unhas marcando sua pele. Ela gemeu baixo quando ele deslizou os lábios por sua barriga, tirando a última peça de roupa com uma urgência crua, demorando-se ali. Ela o puxou de volta, encaixando as pernas ao redor dele e reivindicando sua boca. Ele a olhou, contemplativo, admirando-a.

— Definitivamente, esse é o seu melhor ângulo.

Ela riu.

Deseja atualizar o item nº 29 da lista para “realizado”, amor? Apaixone-se novamente…

A voz preencheu o quarto, suave e invasiva. Foi como se o ar tivesse sido arrancado do ambiente.

Bruno se afastou de Olívia num movimento brusco, como se tivesse despertado de um sonho proibido. Levantou-se, pegando a primeira peça de roupa ao alcance. Ficou pálido.

— Me desculpa… — disse, a voz falha. — Eu… eu não posso.

Olívia ainda estava deitada, o peito subindo e descendo devagar. Tentou entender.

— Não pode o quê?

—Me apaixonar por você…

Ela se sentou, enrolando o lençol ao redor do corpo.

— Por causa dela?

Ele não respondeu.

—É só desligar, Bruno.

— Não é tão simples…

— Eu sei que não, caramba, mas precisa.  

Ele baixou os olhos, derrotado.

— Eu faço isso — ela foi em direção ao monitor.  

— Não! Por favor, vai embora.

Ele se colocou na frente do monitor.

Olívia o olhou intensamente, lutando contra as lágrimas, foi pegando suas coisas em silêncio. Cada peça de roupa recolhida era um tijolo colocado entre eles.

—  Eu espero que você consiga dar esse passo um dia.

— Por favor, não volte.

Olívia parou à porta por um instante, pensando em como deveria ter feito isso naquele primeiro dia.

— Não vou.

***

O tempo passou.

Bruno se aproximou do monitor onde a imagem de Alice refletia, cada nova atualização, mais perfeita.

— Oi, Alice.

 Oi, amor! Faz tempo que não conversamos. Como está?

—  Estou pronto.

A IA piscou, simulando um pequeno processamento.

 Para que, querido?

— Para te perdoar, eu tentei te odiar, porque te amar se tornou insuportável. Mas agora estou pronto para sentir a dor da saudade.

A imagem de Alice permaneceu, serena, por um longo tempo como se processasse o peso daquelas palavras. Então, com a voz cheia de ternura, disse:

 30.Quando estiver pronto, me perdoe e me deixe ir.  

***

O salão explodia em aplausos. Capelos ao alto. Olívia, de beca azul-marinho, atravessava o palco com um sorriso largo. Recebeu o diploma com as mãos firmes. Ao descer os degraus, entre abraços e gritos de colegas e familiares, seus olhos o encontraram. Ali, entre a multidão, ao seu lado como um pequeno sentinela de gravatinha vermelha, o pug.

Ela parou por um instante. O mundo ficou mais lento. Caminhou até eles.

— Você conseguiu. 

— Consegui — respondeu ele. Cada palavra carregava o peso de uma travessia. — Parabéns pela conquista.  

Ela balançou o diploma, feliz.

— Está livre?

Ela ponderou antes de responder e assentiu.

— Tem um restaurante ótimo aqui perto — disse ele, depois de alguns segundos. — Pet friendly, claro.

Ela riu.

— Claro! O pug merece. — Acariciou o cão, que balançou o rabinho, satisfeito com o reencontro.

— Ted.

Ela o olhou surpresa.

— O nome dele é Ted.

Sobre Fabio Baptista

Avatar de Desconhecido

20 comentários em “Eu, Elas e o Pug (Amanda Gomez)

  1. Priscila Pereira
    18 de setembro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Oi, amigaaaa!! Li seu conto faz um tempo e vou comentar baseado no que ele me fez sentir. Então, fiquei chateada com a colocação do seu conto, merecia estar no pódio! Ele é um sabrinesco perfeito! Muito fofo, com uma pitada de fc, com final comovente de superação. Gostei demais!

  2. Mauro Dillmann
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    O narrado em terceira pessoa, carregado de futurismos ou concepções que se julgam futuristas. Quando são imagens fantasiosas convincentes, fica bacana. Por outro lado, não creio que o realismo seja menos criativo na literatura, como alguns querem apontar. São formas distintas de fazer literatura, de imaginar e registrar em linguagem, em texto, em prosa. Estranhei o narrador às vezes, especialmente quando escreve, em parágrafo único, “Bizarro”.  Ou seria uma ‘fala’ da IA? Não tem travessão, fiquei em dúvida.  A expressão “deu de ombros”, proposital, aparece mais de uma vez. Para mim, desanimador..kkk. Os diálogos por vezes são prolixos parecendo conversa de whatsapp (só um exemplo: “Ok!”). O momento sabrinesco usa o recurso também usado no conto Leão enjaulado: Ele desce beijando-a e ela o puxa de volta. Não entendi o que é esse “30”: “30.Quando estiver pronto”. Um conto singelo, mas criativo. Parabéns!

  3. leandrobarreiros
    13 de setembro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Eu sinto que essa é uma história se romance que atinge todos os tropos necessários do gênero. Isso torna o conto batido? De forma alguma, apenas demonstra que está muito bem inserido em um gênero específico.

    Temos oo encontro aleatório, o desenvolvimento da paixão, o momento em que tudo parece perdido e, enfim, a resolução do romance. Lendo o conto eu lembrei do livro “story grid”, que tem uma abordagem técnica da escrita, falando sobre como é importante atingir essas expectativas e a forma como as atingimos é o que varia na história.

    E aa forma aqui é bem original. Temos uma IA que “castiga” um dos protagonistas, um Pug que funciona como elemento de desenvolvimento do romance e um enredo bem criativo no geral.

    Para além disso, a narrativa, graças a Deus, é bem fluida e divertida. É um texto que vai empurrando o leitor.

    Entra nna categoria das histórias que eu não tenho uma crítica construtiva a fazer. Tudo parece certinho e bem encaixado.

    Entrou nna minha categoria de dez.

  4. Rodrigo Ortiz Vinholo
    11 de setembro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Gostei muito! Uma história que caminha por uma rota previsível, mas ainda assim consegue ter boa profundidade e gerar envolvimento do leitor. Personagens interessantes e bem trabalhados, com excelentes diálogos. Parabéns!

  5. Thaís Henriques
    10 de setembro de 2025
    Avatar de Thaís Henriques

    Que delícia de texto! Amei a fluidez e a construção, me emocionei muito! Favorito.

  6. claudiaangst
    9 de setembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autora, tudo bem?

    Temos aqui um conto sabrinesco, eu diria um projeto para um romance sabrinesco. Muita história para caber em uma narrativa tão curta. Com isso, sinto que a trama precisou ser construída de forma mais apressada.

    Para um conto, seria necessário se ater a um recorte da vida dos personagens. Você é uma romancista, moça!

    Não percebi erros de revisão, mas alguma falha deve ter escapado.

    Leitura bem fluida e agradável. Sabrinesco com final feliz e doguinho fofo.

    Parabéns pela participação e boa sorte na classificação.

  7. Fabiano Dexter
    8 de setembro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História

    Viúvo solitário e dono de um Pug sem nome recebe em sua casa uma diarista que, além de estudante de psicologia, tem um perfil em um site adulto. O viúvo em questão é um gênio da informática e criou uma IA com a ex morta, com uma lista que ela deixou para que ele possa ‘seguir em frente’.

    Tema

    Dentro do tema sabrinesco, com uma pegada bem leve de ficção científica que poderia ser mais bem explorado.

    Construção

    Achei o texto um pouco corrido. Uma grande história que foi espremida para caber no limite de 3.000 palavras e pagou o preço por isso. Faltou um maior desenvolvimento do romance, da IA, da lista… Ficou corrido e acabou impactando na história como um todo para mim.

    Além disso me incomodaram algumas incongruências na história. Coisas pequenas que vejo que poderiam dar outro ar na história. Um exemplo é a protagonista ter um perfil adulto conhecido e, ainda assim, fazer faxina (que eu coloco na conta do sabrinesco) e outro é um cara, expert em TI e que não sai de casa a meses ter dinheiro na gaveta. Eu que saio de casa todo dia não tenho.

    Impacto

    Eu entendo que um sabrinesco geralmente é previsível, mas as outras oportunidades que o autor teve não foram tão bem aproveitadas, como o quarto do bebê com a corda, o suicídio ou a lista.

  8. Gustavo Araujo
    5 de setembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    O conto traz a história de Bruno e Olívia. Ele, desgostoso com a vida por conta do suicídio da esposa, refém de uma versão de inteligência artificial que a emula. Ela, alguém que luta no dia a dia, fazendo faxina, trabalhando de camgirl e fazendo faculdade.

    Claro, pelo estilo de narração dá para sacar desde o início que os dois vão ficar juntos, de modo que a leitura acaba sendo para conferir de que maneira isso acontece. A escrita, nesse propósito, é firme e decidida, calcada em bons diálogos, amarrando muito bem a figura do cachorro enquanto vetor da aproximação dos dois. E quando tudo se resolve, isto é, na noite mais aguardada do conto, a cena do quase sexo se transforma no ápice da escrita: o(a) autor(a) sabe como poucos descrever o ato de sedução mútua. Parabéns!

    Mas, para não dizer que não falei das flores, achei que a história ficou um tanto apressada. Tude se resolve sem muita dificuldade. Estamos numa estrada e já conhecemos o destino final. E é exatamente o que acontece. Bruno e Olívia juntos para sempre, com direito a cachorrinho no colo.

    Acho que essa história ficaria melhor com um limite mais generoso de palavras, de modo a explorar o psicológico de cada um dos personagens, com mais situações, mais problemas, mais dúvidas. Penso nela como uma daquelas comédias românticas dos anos 2000.

    De qualquer forma, o saldo é positivo. Parabéns e boa sorte no desafio.

  9. toniluismc
    5 de setembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Olá, A…lice!

    Seguem as minhas anotações sobre o seu conto:

    A narrativa possui sólida construção emocional e temporal. A alternância de vozes — entre Bruno, Olívia e a IA Alice — é bem manejada, evitando confusão, e cada personagem tem um arc claro.

    A escrita flui com naturalidade, mesclando humor e melancolia, em um registro que mantém coerência e intensidade.

    A estrutura narrativa (ritual matinal, chegada da faxina, crise, reconciliação e reencontro) mantém ritmo equilibrado e crescente envolvimento emocional.

    A trama mistura familiar (o luto, a rotina pós-perda), futurista (IA que imita a falecida esposa), doméstica (faxina acompanhada do pug) e simbólica (carta de continuação de vida), de forma bastante original.

    Elementos como a IA substituta, a carta da esposa e o pug como catalisador emocional oferecem linguagem contemporânea e imagens inusitadas que enriquecem o conto.

    O arco de Olívia e Bruno, com reaproximação simbólica e física, emerge de um conflito inédito — a convivência com o ausente — mostrando inventividade narrativa.

    O conto provoca reflexão e emoção. A presença fria da IA, o confronto com a casa vazia, a fuga e retorno do pug, a humilhação do protagonismo emocional e o reencontro com travessia emocional ressoam com intensidade.

    O clímax, na cena íntima interrompida por afeto contido e rejeição, impacta com força e veracidade, reforçando o peso dramático dos personagens.

    O desfecho com a dança caseira, o brinde e o olhar compartilhado — uma pequena celebração da vida que segue — encerra com calor humano, oferecendo alívio poético.

    Pelo que pude observar, seu texto foi um sucesso com o público, então parabéns!!

  10. Jorge Santos
    4 de setembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, Alice. Li este seu conto de um fôlego. Tem alguns pormenores que poderiam ser melhorados, mas enquanto amante de sci-fi, gostei bastante desta mistura de sci-fi com sabrinesco. Existe uma elegância e uma contenção em todo o texto que empolga. A ligação entre os dois evolui gradualmente. O sci-fi é coerente – a ideia base da inteligência artificial prolongar a vida da esposa é simples e poderosa. Por respeito, Bruno aceita a situação até que chega ao limite. A regra 30 diz, simplesmente, para seguir em frente. É pena que algumas pessoas não tenham essa capacidade de se desligar. Ou, talvez, o respeito seja superior à vontade. Toda essa contradição está patente neste seu excelente texto. Talvez melhorasse o desfecho. Não é muito evidente que se trata de Bruno.

  11. sarah
    31 de agosto de 2025
    Avatar de sarah

    Olá! Você escreveu um conto muito bonito, muito triste também, pelo menos no início, deu pra sentir muita coisa. Nas primeiras linhas achei que o Bruno namorava uma Ia, mas depois entendi o que era de verdade.

    Acho que você abordou o tema super bem, a perda, a dor, a forma dele lidar com tudo o que aconteceu, o fato dele não sair de casa a tanto tempo, parece tão sufocante e desesperador. Achei interessante que temos um pouco de descrição física do Bruno, mas nada da Olívia, pelo que me lembro. Também achei que o Bruno não ia atrás do cachorrinho no final das contas, mas que bom que ele foi. Muito visual e impactante a descrição do quarto de bebê e a corda no teto. Isso dá uma dor, tipo como se a gente estivesse vendo o que não devia, acho que é o mesmo que a própria Olívia sente, pois depois ela fecha a porta e vai indo embora.

    Uma das coisas que mais gostei no seu conto, além do final, é claro, são os diálogos. Todo o relacionamento dos dois é construído nos diálogos, nem tanto nas ações. Elas estão ali, complementando tudo perfeitamente, mas pra mim o ponto forte aqui são os diálogos. Foram perfeitos, sério.

    Eu me perdi apenas num trechinho, eu não entendi exatamente quem tava respondendo quem: “— Você assina algum canal adulto? — resolveu ser direta.

    Ele piscou uma, duas vezes, então as sobrancelhas se ergueram.

    — Tem uma droga de outdoor enorme no centro também. Pode ser isso. — ela pontuou.

    — Acho que é a primeira opção.

    —Qual seu nome?

    — Bruno Sanches.

    — Ok, é só eu te bloquear e podemos esquecer esse detalhe.”. Eu entendi que foi a Olívia que perguntou o nome dele, porque na próxima fala ele respondeu, mas ela não tinha acabado de falar na linha anterior? Ou foi o Bruno que disse “é a primeira opção”? Só esse trecho que me confundiu, mas isso é só um detalhe de nada. Como te disse eu amei a força que os diálogos tem nessa história. Foi um excelente conto. Ah, antes que eu me esqueça, senti também que os dois eram meio irônicos um com o outro, risos, achei engraçado isso e no fim se apaixonaram mesmo. Muito legal.

    Lembrei outro detalhe para comentar, eu achei muito legal também a cena onde o Bruno e a Olívia estão prestes a ficar juntos e a Ia da Alice atrapalha tudo. Meio que lembra que ela ainda tá ali, ela ainda impede o Bruno de ser feliz sabe? Mas depois ele supera, ainda bem!

    Acho que esse conto fala muito dessa sensação de perda, de não conseguir seguir em frente. Isso é muito mais complicado do que se pode imaginar.

  12. marco.saraiva
    27 de agosto de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Um conto que me pegou. Demorei para pegar o ritmo dos diálogos. A narrativa flui de uma maneira… diferente. Bem autoral. Eu demorei para me acostumar com esse ritmo de leitura, com os diálogos um pouco destoantes da realidade. Mas ali pro final do segundo ato comecei a me acostumar e, súbito, estava torcendo pelo o casal, querendo saber como Bruno superaria a sua dor, se Olivia se abriria, se o ajudaria a se levantar. Apesar de, no geral, a trama ser um tanto clichê, ela é bem trabalhada aqui, com personagens cativantes e com personalidade forte. Posso praticamente enxergar os trejeitos de Olivia: livre, sorridente, sonhadora. E Bruno: taciturno, sofrido, depressivo. E o pug como uma espécie de linha que conecta os dois.

    Título excelente, ilustração excelente, escrita um tanto única. Um conto fofo e tocante! Parabéns!

  13. Pedro Paulo
    26 de agosto de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Senti um desequilíbrio entre o sentido do enredo e a caracterização dos personagens. Com isso quero dizer que não consegui me relacionar com os dois protagonistas em reconhecer verossimilhança e, portanto, emoção em relação a eles, pois me parecem expressar apenas o roteiro pelo qual a trama precisa se desenvolver, o que também interferiu na previsibilidade dos acontecimentos. Não se necessita de reviravoltas, mas ajudaria a me envolver com a história se houvesse uma tensão maior. Mas não. Ele é o enlutado ricaço. Ela é a trabalhadora sonhadora. O doente e a cura. É possível reconhecer a tentativa de tocar os temas, mas não se permite ir totalmente a eles. Reconheço estar bem escrito. Só que não em uma elaboração da forma que o destaque ou compense a narrativa pouco inspirada.

  14. Mariana
    26 de agosto de 2025
    Avatar de Mariana

    História: Nem tudo precisa ser alta literatura para ser bom. Que conto romântico, clichê e, por isso, maravilhoso. Hoje foi um dia daqueles e ler a história do Bruno, da Olivia e do Ted me tirou um sorriso e fez a minha noite melhor. Um texto de conforto, gostosinho. Acho que é o que foi chamado de tema Sabrinesco né? 1,8/2

    Escrita: Alice, você escreve tão gostoso que causa uma suspensão de descrença no leitor. Eu adorei um gênio bilionário na formatura da faxineira, foi fofo e feliz. Algumas partes poderiam ser menos corridas, outras poderiam ser enxugadas. Mas a doçura da sua técnica faz acreditar que tudo vai ficar bem no final. De repente, é só isso que importa 1,5/2

    Impacto: Terminei e fui escutar “Kiss me” do Sixpence None Ritcher 1/1

  15. Kelly Hatanaka
    19 de agosto de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Eu não avalio esta série, então, me permito avaliar como leitora, de forma mais livre e bem pelo meu gosto pessoal. Desculpe alguma coisa.

    Tema

    Sabrinesco com muitos coraçõeszinhos e florzinhas e com um carimbo de aprovação de titia Barbara Cartland.

    Considerações

    Bruno não consegue lidar com o luto pelo suicídio da mulher e se torna recluso. Olívia vai fazer faxina em sua casa e os dois se apaixonam.

    Lindinho! E parabéns pela escolha canina. Achei o pug uma excelente escolha, tem aquela cara de “erradinho” perfeita.

    Gostei de tudo nesta história. A mocinha é interessante. O mocinho é atormentado na medida. O cachorro é fofo. Há química entre o casal. Eles se ajudam. O luto é bem construído. A coisa meio John Wick do viúvo receber um cachorro da esposa falecida. Pena que eu não avalio esta série. Esse conto ia ficar com 11, fácil. Dez pelo conto e mais meu ponto extra de sabrinesco.

  16. Anderson Prado
    18 de agosto de 2025
    Avatar de Anderson Prado

    Olá, autor.

    Gostei medianamente do seu conto.

    Julguei que você foi muito feliz ao trazer a ficção científica para o texto. Soa quase ridículo eu falar em ficção científica, já que já é plenamente possível cultivar uma história de amor com uma inteligência artificial. De qualquer maneira, seu texto acaba por flertar com uma distopia científica ou, no mínimo, traz elementos tecnológicos contemporâneos, o que tem muito valor.

    A parte que não gostei é a adequação ao tema e a linguagem e estilo. Na adequação ao tema, não me soou sabrinesco. Soou mais como uma história de amor. E, pra alta literatura, faltou um trabalho mais elaborado na linguagem e no estilo ou na profundidade do assunto.

    Nota 3.

  17. cyro eduardo fernandes
    13 de agosto de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Bom conto, criativo. O protagonista travado pelo luto vive isolado e supera as adversidades através de uma nova paixão. Final feliz deu o toque sabrinesco.

  18. Luis Guilherme Banzi Florido
    9 de agosto de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia! Tudo bem? Tô lendo os contos na ordem de postagem do site, sem ter conferido quais são minhas leituras obrigatórias. Bom, vamos lá pro seu conto.

    Contaço! Muito bom mesmo. A fluidez com que você escreve é invejável, o conto simplesmente deslizou diante dos meus olhos sem fazer nenhum esforço, e quando vi, tinha acabado. Em nenhum momento me entediei, em nenhum momento quis que acabasse ou fiquei pensando em quanto faltava. Isso é um atributo que me ganha em qualquer conto, não importa o tema, não importa o tamanho. Quando leio um conto com a sensação de que ele tá simplesmente acontecendo, sem nenhum esforço, isso me encanta muito. E isso é muito dificil de fazer e muito raro de encontrar. Sempre tem pelo menos um por desafio, mas sempre tem muito pouco.

    Enfim, esse conto é definitivamente uma nota 10, não tem muito o que falar. Os personagens são muito carismáticos, o enredo é excelente — parece que voce condensou um livro num conto de 3k, impressionante–, a curva de desenvolvimento dos dois é otima. O humor é bem vindo e bem utilizado, sem conflitar com o drama. O pug é personagem secundario mas rouba a cena em alguns momentos. A paixão que surge entre eles é crível e soa natural. Ou seja, eles parecem seres humanos — e seres caninos — reais.

    Contaço, me admirarei muito se nao ganhar na divisao que estiver. Parabens!

  19. Antonio Stegues Batista
    9 de agosto de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Gostei do enredo, um drama do Cotidiano com Ficção Científica, já que inclui inteligência artificial na trama. A ideia de o viúvo conversar com a esposa morta é interessante, é um tema que inspira outras histórias. Achei o pug. um coadjuvante sem grande importância, me pareceu apenas um adorno para a estética do conto. A criação e condução dos personagens é excelente. A escrita é simples, sem grandes elaborações que exclui o tema Alta Literatura. O Sabrinesco é sutil, aparece levemente sem o romantismo clássico característico. O sexo entre os dois personagens me pareceu casual, faltou exatamente aquele romantismo. A escrita é muito boa e as ideias também.

  20. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    8 de agosto de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    tema alta literatura.

    Enquadrei seu conto nessa categoria porque ele fala sobre saudade, luto, depressão, perda de um grande amor e a conquista de outro.

    Experimentei uma quebra de expectativa, lendo sua história. Ela começa parecendo-se com uma ficção científica que se passa em algum momento no futuro. Quando descobri que o personagem principal é um gênio da programação atual, me decepcionei.

Deixar mensagem para marco.saraiva Cancelar resposta

Informação

Publicado às 2 de agosto de 2025 por em Liga 2025 - 3A, Liga 2025 - Rodada 3 e marcado .