EntreContos

Detox Literário.

Entrelaçados (Sarah Nascimento)

Meus pés tocavam os degraus de cubos de gelo sem um som sequer. A escadaria em espiral me levava para mais perto das nuvens cinzentas, com formas diversas, mas eu não podia apreciar a arte da natureza. Precisava terminar meu trabalho no topo do pico mais alto. Meu vestido longo, naquela manhã, mostrava uma nevasca rodopiante, onde os flocos caíam do céu — mas nem todos tocavam o chão.

Sorri devagar quando meus pés descalços tocaram o último degrau. O fôlego me faltava; a escadaria estava crescendo por culpa daquele… não, eu não ia pensar nele.

Cheguei ao topo e encontrei a bancada onde eu trabalhara ontem. O bloco de gelo maciço, com a escultura do urso-pardo de Kamchatka, estava ali. O nome dele estava escrito abaixo, gravado no gelo com o lápis de ponta de garra.

Observei as letras que fizera, com sulcos grossos e profundos — apropriado para um nome que, para um humano, soaria como rosnados. Virei-me para o segundo bloco, cuja borboleta esculpida ainda mantinha as asas abertas. Eu a fizera num momento prestes a voar. Doeu-me olhar para a pequena criatura, que era um reflexo da outra sem vida.

Procurei na caixa de madeira pelo lápis com ponta de asa de borboleta. Segurei-o em minha mão e me recordei do nome que a borboleta me dissera. Grafei as letras em traços suaves e curtos: um na diagonal e dois lado a lado, na horizontal, no topo.

Devolvi o lápis à caixa, aproximei a mão direita da escultura e pensei na borboleta boreal. A essência dela preencheu a escultura que eu fizera; o brilho das asas e do corpo cintilou uma última vez. Estava feita a homenagem — ela ficaria preservada ali para sempre.

Aproximei-me da bacia de pedra de onde a neve caía ininterruptamente, encostei o quadril na bancada, inclinei-me para frente e meu cabelo longo deslizou para diante, cobrindo meu rosto. Movi a cabeça com força, jogando o cabelo para trás. Enfiei as duas mãos entre os flocos macios, peguei um punhado grande e comecei a moldar a terceira criatura: um peixe esturjão. Fui esculpindo os detalhes — escamas, olhos, cauda.

Olhei para o alto e observei o sol tímido, cujas nuvens não permitiam que iluminasse com intensidade a mim e ao meu trabalho.

Ouvi o assobio do vento varrendo as outras montanhas geladas. Respirei o ar frio, e meu sorriso aumentou um tantinho. Quando Pietro não me atrapalhava, eu conseguia prestar atenção nos sons costumeiros ao meu redor.

Ele não devia voltar por um tempo. Fora com Victória, Olívia e Ingá conversar com a Mãe Natureza. Parece que cada um dos quatro cuidava de um pedaço dessa nossa grande cúpula chamada Terra.

Dei alguns passos, retornando ao ponto inicial. Pousei a escultura sobre o bloco de gelo ainda intacto.

Inclinei-me um pouco, procurando o lápis com ponta de espinho, mas não o encontrei. As mechas do meu cabelo ondulado novamente me atrapalhavam. Enganchei o polegar na fita ao redor do outro pulso, retirei a tira de veludo lilás — um presente delicado — e a usei para prender as mechas. Bem melhor!

Uma sombra caiu sobre mim.

— Pietro?

Pronto. Agora meu dia estava completo: trabalho, neve e Pietro… com mais flores para mim.

— Saxifragas, — explicou ele, com os lábios curvando-se num sorriso.

Bufei, abandonei a procura do lápis, virei-me completamente para Pietro e estendi a mão. Peguei o buquê de flores em formato de estrela. Haviam flores lilás, brancas e roxas. Criei uma base quadrada de gelo, meus olhos nunca se afastando do olhar de expectativa do rapaz. Moldei as quatro laterais e, por cima, outra placa lisa: um cubo envolvendo as flores no interior.

Mais um degrau para a escada.

— Você podia me dizer sua flor favorita — ele disse num tom desapontado.

— Vai embora — eu disse, cortante, e me virei para a caixa de lápis.

— Eu trouxe outro presente.

Ignorei, meus dedos empurrando os lápis e meu olhar buscando o correto.

— É um vestido — ele continuou. — Victória escolheu as saxifragas, Olívia costurou com fios delicados de seda e a Ingá revestiu por dentro com cristais de gelo pra ficar confortável pra você.

Então o presente é delas e não seu. Suas irmãs fizeram todo o trabalho.

Silêncio. Isso era novo. Pietro era argumentativo, falante, irritante, nunca calava a boca.

Virei-me novamente para trás. Os olhos verdes agora exibiam um olhar magoado.

— Aurora, você tá certa.

Pisquei diante da linda peça que ele segurava. Lilás e roxo se misturando com branco, como salpicos de gelo numa paisagem florida. Saia rodada, mangas que cobririam os ombros… Céus, como era bonito! Estendi a mão e coloquei sobre a dele.

Forcei os dedos de Pietro a soltarem o vestido. A mão dele era tão quentinha… ele estremeceu, e os olhos me fitaram com milhares de promessas e intenções.

Lentamente, ele soltou o vestido. Segurei a peça com a outra mão, enquanto Pietro entrelaçava os dedos dele nos meus. Será que ele estremecera antes de frio? Devia ser desagradável me tocar.

Eu ainda mirava os olhos cálidos… ai, aqueles olhos de sol poente…

A neve soprou floquinhos macios entre nós. Pietro se afastou, e fiz o mesmo.

— Obrigada a você e suas irmãs pelo vestido. É lindo.

Virei-me para o meu trabalho. Onde estava a porcaria do lápis?!

No dia seguinte: degraus, escada circular, topo do pico, lápis correto.

Grafei o nome do peixe com conjuntos de bolinhas. Ouvi os passos do meu “admirador” subindo a escadaria. Continuei meu trabalho sem me virar.

Quando parei um instante para descansar e me acomodei numa rocha plana ali perto, ele se aproximou.

— Eu contei cinquenta e dois degraus — ele começou. — Isso significa que tento descobrir suas flores favoritas há um ano.

— Pietro… me diz… por que você gosta de mim?

— É que você é tão diferente. Isso é… reconfortante.

Olhei para as nuvens cinzentas, não muito longe.

— Eu realmente não te entendo.

— Eu também não entendo você, Aurora. É como se você fosse um enigma que eu quero desvendar.

Meu coração acelerou. Como era fácil para ele expor os sentimentos!

— Eu acho que, para você, eu sou como um quebra-cabeças confuso e irritante — Pietro disse, pensativo.

— Irritante com certeza — concordei, e ele riu.

Meus olhos voltaram para os olhos verdes. Inclinei-me para ele, sentado ao meu lado, nossas mãos se tocando de novo.

A risada divertida dele ainda ecoava em minha mente. Os dedos de Pietro seguraram os meus da mesma forma que no outro dia.

Ele levantou a outra mão. Os dedos tocaram a lateral do meu nariz e depois deslizaram por minha bochecha, num movimento de meio círculo. O toque sutil quase me fez estremecer, mas me mantive séria. As pontas dos dedos fizeram um carinho leve no meu queixo.

— Você é magnífica… delicada… misteriosa…

O vento frio soprou o perfume do rapaz contra mim. Aspirei devagar, paralisada por aquele fascínio que ele demonstrava ao falar.

— E esses seus olhos… — ele sussurrou, me fazendo estremecer. — Seus olhos lindos… as nuances mudam a cada vez que nos vemos.

Ele tinha razão. Quando nos conhecemos, fomos cordiais e simpáticos, comentando sobre o fato de ambos termos olhos verdes — os meus de um tom mais vibrante. Nas visitas seguintes, Pietro testemunhou meus olhos azuis, depois violetas… e agora estavam cor de lilás, combinando com o vestido que ele me deu.

Respirei fundo, tentando me focar. Trabalho… eu tinha de voltar ao trabalho…

— Les couleurs des aurores boréales.

Puxei a mão dele em minha direção, meu coração batendo mais rápido. Pietro falava num tom baixo, como se contasse um segredo. Havia um toque de sedução ali? Eu precisava ouvir a voz dele naquele tom profundo mais um pouco.

— Repete.

— Les couleurs des aurores boréales.

Como nunca percebi esse tom irresistível? Céus, eu nunca permiti irmos tão longe… ou estarmos tão perto.

Aquele “s” no final, com os lábios entreabertos! Lábios de Pietro… lábios tão perto. Muito perto.

Ele se inclinou na minha direção. Senti o perfume já meu conhecido. Bergamota, vetiver e cedro; frescor, segurança, força.

Pietro moveu a cabeça para o lado, roçando os lábios nos meus. Respirar, sentir, olhar, pensar — coisas demais pra se fazer ao mesmo tempo.

Prendi a respiração, os lábios dele enviando arrepios deliciosos por meu corpo. Eu queria um beijo. Um de verdade. Nossos lábios pressionados e minha respiração misturando com a dele.

Eu admiti.

Então, ouvi o som da explosão — como vidro.

Minhas esculturas de animais se partiram em milhões de caquinhos, e eu fiquei paralisada vendo os fragmentos se espalharem pelo ar.

O terror me invadiu. O que estava acontecendo?

Os milhares de pedacinhos caíram no vazio, na extremidade da montanha. Pietro correu na direção deles e pulou junto.

Não importavam as boas intenções dele, Pietro jamais conseguiria recuperar cada um dos fragmentos só tentando pegar com as mãos.

Meu coração batia descontrolado. As lágrimas vieram com força total, e eu gritei.

Porcaria de beijo!

E nem fora um beijo, pra dizer a verdade…

E se tivesse sido? Qual poderia ser o estrago?

Eu não conseguia pensar. Só sentir.

Raiva. Muita raiva.

De mim. De Pietro. Do quase-beijo.

Desse amor estúpido que ele sentia por mim.

Os malditos olhos de sol poente desequilibravam meu mundo inteiro.

O cheiro dele invadia meus sentidos, me confundia…

Era tudo culpa dele.

Fui até a escada. Pisei com fúria no primeiro degrau.

Desejei que ele se rompesse, quebrasse em pedacinhos.

E as flores dentro? Fiz o frio envolver os caules, as pétalas — e as transformei em algo rígido, frio, duro, morto.

Completamente congeladas.

Cinquenta e três degraus de flores congeladas…

Que eu destruí.

— Aurora, volta aqui — o sussurro dele ecoava de todas as direções.

Meus pés queriam obedecer ao pedido… mas não.

Eu não deixaria ele me confundir de novo.

Nada de bom viria de momentos junto com Pietro!

E se eu nunca mais o olhasse?

Se eu nunca mais trabalhasse para homenagear minhas criaturas lindas do gelo?

Se eu nunca mais fizesse nada?

Se eu deixasse a neve me abraçar e desaparecesse sob ela…

Talvez fosse melhor.

Mas aquela voz na minha cabeça dizia que ele ia me procurar.

Dia após dia.

Ele ia me encontrar em algum momento e então…

— Por favor, Aurora… eu consertei tudo. Eu juro. Vem ver.

Não fui porque queria vê-lo.

Fui porque queria gritar com ele, quando visse os fragmentos de esculturas espalhados sobre a bancada.

Com um gesto das mãos, fiz uma espiral de cristais de gelo e me lancei nela. A espiral rodopiou e subiu no ar, como eu queria.

Quando as rotações terminaram, eu estava no alto da montanha, em frente à minha estação de trabalho. Bem no canto estava a caixa com meus lápis.

Pietro estava ali, apontando para uma série de esferas de vidro.

— O que é isso?

— Eu consertei. Pegue uma, olhe melhor.

Ele me entregou a bola de vidro, segurando meu pulso e me obrigando a sacudir o objeto.

Quando observei, minúsculos flocos de neve caíram do alto da esfera e revelaram a borboleta que eu esculpira, com as asas abertas.

Ele me entregou outra esfera, me fez repetir o movimento, e lá dentro havia o urso de Kamchatka — até mesmo uma redoma contendo o peixe, que fora a última figura que eu homenageara.

— Estão todos aqui. Eu recuperei e fiz o vidro desse jeito para proteger cada um.

Ele me olhou, esperando uma resposta.

Como não falei nada, apenas observei as outras esferas de vidro, ele continuou:

— Peguei um pouco da sua neve… só pra dar um charme.

Me virei para a bancada.

As prateleiras debaixo estavam agora tomadas por globos de vidro delicados.

Ele resgatara até a extremidade que continha o nome da criatura.

Fiz as contas… e ele realmente cuidara de cada uma das criaturas por mim.

Não só as que haviam se danificado anteriormente.

Como ele conseguiu?

Deve ter sido tão complicado refazer os detalhes!

E o jeito como ele arrumou… colocando-as lado a lado, com o nome virado pra frente, em ordem alfabética.

Os olhos verdes me fitaram, esperando uma resposta. Uma reação. Um movimento.

— Obrigada, Pietro.

O que mais eu podia dizer?

— Aurora… me perdoa por causar tanto caos.

Ele estendeu a mão e recolheu as lágrimas que haviam solidificado em meu rosto.

Pegou todas, limpando os rastros de tristeza e dor.

— Eu quero seu amor, Aurora. Chega de fugir, por favor.

Ele beijou as lágrimas congeladas na palma da mão. Depois, com a outra, fez surgir um buquê de rosas vermelhas.

Depositou cada lágrima numa flor.

— Guardem pra nós — ele pediu para as flores.

Eu não consegui me impedir de sorrir… de leve.

Os olhos de sol poente — quentes, ardentes — se fixaram nos meus, vendo depois meu pequeno sorriso.

Estendi as mãos e segurei as dele.

— Eu não sei amar direito.

— E quem é que sabe?

Pietro me puxou para os braços dele, e eu não protestei. Não dessa vez.

— Espera… aqui não.

— Suas esculturas estão protegidas pela redoma que fiz, lembra?

— Sei de um lugar melhor pra irmos — insisti.

Levei ele junto na minha espiral de gelo. Ele riu alto, mas os olhos exibiam um pouco de receio.

— Calma, eu tô segurando sua mão — eu disse, com um sorrisinho malvado.

Nossos pés tocaram o solo de pedras, gelo e plantinhas rasteiras.

Cinza, branco e pedacinhos de verde aqui e ali.

— Olha, saxifragas — apontei, e ele sorriu.

E eu o beijei.

Nossos lábios pressionados com força, nossos suspiros em uníssono.

Os braços dele me apertaram contra seu corpo quente.

O cheiro do perfume dele estava por toda parte. Era doce, viciante. Eu queria mais. Queria sentir mais.

Nos afastávamos por poucos segundos, só para respirar, e ele me olhava com desejo.

Meus lábios beijaram o cantinho da boca dele, depois a bochecha, e desceram até o pescoço.

— Vai me matar assim, garota.

Que voz deliciosa!

E eu provocara aquele tom de voz rouco, profundo, tomado por desejo.

Ele estremeceu quando beijei o pescoço dele várias e várias vezes.

— Isso é delicioso — ele sussurrou no meu ouvido.

Eu não conseguia parar de sentir. O beijo, o calor do toque dele…

As mãos de Pietro eram quentes de um jeito que eu não sabia explicar. Mais quente que o sol.

Nos beijamos, rimos, dançamos, suspiramos…

E talvez eu tenha soltado um ou outro gemido mais alto, quando ele beijou meu pescoço de volta, dizendo — com a voz mais irresistível — que ia se vingar.

— Eu… estraguei as flores que você me deu — falei, ofegante, a certa altura.

— Eu faço elas nascerem de novo, amor. Não se preocupe.

Mas agora… quero um gemido gostoso desse pra cada pétala danificada.

Dei um tapa no ombro dele.

— Seu pervertido.

— Eu ainda estou pegando leve com você, neném — ele sussurrou contra meus lábios, antes de outro beijo de roubar o fôlego.

Muito longe, uma garota observava nossa interação, de braços cruzados.

Sentada nos galhos, sob a folhagem verde, a seis metros de altura.

— Eu não posso deixar isso acontecer. Sinto muito, maninho.

Olívia puxou para si o quadro da Era Glacial. Observou os mamutes, focas e ursos.

Ali no canto, abraçadinhos por causa do frio, estavam ela e os irmãos: Ingá, Victória e Pietro.

Nada de áreas e períodos para cuidar do planeta.

Isso era apenas minha responsabilidade naquela época.

— Pietro e Aurora se conheceram, e só esse acontecimento fez os mamutes desaparecerem.

Se agora namorarem… o que vai acontecer com o mundo?

Eu não posso deixar.

Olívia decidiu — e sua determinação, misturada com uma pontinha de inveja, fez as folhas da árvore se desprenderem.

O verde-claro e lindo transformou-se em dourado, laranja, vermelho-escuro e amarelo.

As folhas voaram ao redor da árvore e pousaram no chão, formando montinhos.

— Eu devia ter imaginado que iam ficar juntos…

Pra que mais ele ia pedir pra fazer um vestido pra ela?

Com várias ideias cruéis rodopiando na mente, Olívia se levantou e colocou o quadro no esconderijo entre os galhos.

Sobre Fabio Baptista

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20 comentários em “Entrelaçados (Sarah Nascimento)

  1. Bia Machado
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Me pegou desde o início? Não. Achei tudo meio estranho, como se estivessem acontecendo coisas naquela história as quais eu não conseguiria acessar tão facilmente. 

    Desenvolveu bem o enredo? Apesar do que coloquei no item anterior, achei interessante um conto de fantasia com sabrinesco. Um certo exagero com adjetivos. Eu me perguntei: se o autor ou autora tirasse da história todos os adjetivos, o que sobraria? Eu não sou fã de textos muito explicadinhos, mas confesso que nesse me senti “boiando” do início ao fim. 

    O desfecho foi adequado? Funcionou no sentido de quebrar a expectativa. Achei digno, mas confesso que não entendi muito bem.

    E o conjunto da obra? Creio que é uma história que não cabe em um conto. Precisa de mais desenvolvimento, até para cativar o leitor com os personagens criados e fazer a gente torcer por eles (ou não). Quanto ao cenário criado, está de parabéns. Muito lindo! Achei uma pena o conto não ter uma imagem.

    Deu match? Em partes. Gostei da criatividade e dos personagens criados, só o desenvolvimento dela não me animou. Caso desenvolva mais a história, com mais detalhes (se possível, menos adjetivos também), eu teria, com certeza. Parabéns por ter escrito o texto e boa sorte no desafio.

  2. Alexandre Costa Moraes
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Olá, Entrecontista.

    Achei o seu conto “Entrelaçados” criativo, com um contexto visual interessante e um romance que se desenrola no alto da montanha junto a esculturas de gelo. A história segue o duelo entre a solidão de Aurora e a insistência de Pietro, com flores, vestido… beijo e reviravoltas com esculturas de gelo. Ainda assim, a trama não me fisgou. Senti pouca química entre o casal e um ritmo que escorregou em descrições prolongadas, o que comprometeu um pouco a ação. A tensão principal não cresce o bastante e o gancho final com Olívia não me surpreendeu. 

    Acredito que enxugar alguns trechos e valorizar a trama central com cenas que movam a relação para frente ajudaria a dar mais volume ao desejo e ao conflito. A  presença de Olívia merecia mais força para que o desfecho mais impactante (talvez aí o ponto de virada mais claro para concentrar a energia do conto). 

    No conjunto, ”Entrelacados” tem uma base promissora que pode ganhar força com pequenos ajustes de foco dramático e economia de linguagem. Gostei da leitura.

    Boa sorte no desafio.

  3. Thales Soares
    12 de setembro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Esse conto é estranho…. mas divertido e muito criativo!! (spoiler: ganhou meu prêmio de conto mais criativo).

    Demorei para me habituar a esse universo, e no começo achei que a história seria confusa… mas quando vi que estava sentindo dificuldade para prosseguir, dei uma pausa, e continuei num outro dia, onde minha mente estava mais tranquila e pude dar um foco maior para a leitura. E ainda bem que fiz isso, pois foi aí que pude mergulhar nesse universo que achei bastante interessante, com umas criaturas místicas como se fossem os Perpétuos do Sandman. Aliás, esse conto parece que bebe bastante das criações do Neil Gaiman, mas já já eu falo mais sobre isso.

    A história começa mostrando Aurora subindo as escadas de gelo até o cume de uma montanha, e aos poucos descobrimos que ela é uma entidade que esculpe animais no gelo para homenageá-los e preservá-los. Seu trabalho é bastante meticuloso, e ela parece bem dedicada a isso. Ela então finaliza a escultura de uma borboleta boreal, e pega sua caneta pra escrever o nome do bicho, mostrando toda a atenção que o autor teve aos detalhes, mantendo esse universo maluco vivo. Isso foi muito bom.

    Então surge um personagem chamado Pietro, que é um admirador persistente e tagarela, que sempre traz umas flores estranhas chamadas saxifragas para sua crush. Aurora, no entanto, recebe com frieza e congela elas, transformando mais um degrau de sua escada (por que ela faz isso no lugar de… sei la… jogar no lixo?). Aurora parece ser aquelas personagens tipo a menina invisível dos Incríveis, meio gótica e fechada, sem muita demonstração de ânimo. Pietro então dá pra ela um vestido super bonito, feito por suas irmãs, e Aurora dá uma patada nele, dizendo que o presente não é dele, e sim das irmãs, e o cara fica meio magoado.

    Então eles começam a conversar, e ela questiona por que Pietro gosta dela. Ele diz que é porque ela é misteriosa e diferentona, e isso faz com que ela fique com que ela começa a cair na dele. Como resultad, eles se aproximam, Pietro diz que os olhos dela são da hora porque eles ficam mudando de cor (mais um elemento maluco que enriquece a história), e então ele fala algo em francês e deixa Aurora excitada, igual o Gomez quando a Mortícia fala francês. E então eles quase se beijam (“quase”? Pelo que entendi, meio que rolou um selinho, ou algo assim). No momento em que eles tão ficando excitados, todas as esculturas de gelo explodem em milhares de fragmentos! Automaticamente Aurora deduz que foi por conta do beijo, mas a história não apresenta indício algum sobre isso… podia ter sido um fenômeno externo, não? Mas Pietro logo pula atrás dos MILHARES de cacos para tentar recuperá-los. A história não volta a explicar o porquê a explosão aconteceu… mas vamos seguir em frente.

    Aurora fica puta (não no sentido de vadia, mas sim no sentido de brava), e culpa Pietro e o tesão que ela sentiu por causar a destruição das estátuas dela (tá… mas de onde ela tirou essa conclusão?). Mas então Pietro retorna e mostra que recuperou TUDO (tão rápido assim?). Sim, ele resolveu um problema colossal, e quase impossível… mas foi fora das telas, e nada foi comentado sobre como ele conseguiu essa proeza, afinal, o autor sente que não deve muita explicação ao leitor. Além de recuperar todas as esculturas, Pietro colocou elas em globos de neve, e até organizou tudo com etiquetas e colocando em ordem alfabética (que cara prestativo, ein?!).

    A resolução foi tão rápida, que parece que o autor teve que dar uma corrida aqui, e com um toque de mágica aqui e ali, tudo estava resolvido! Então os dois se beijaram de forma apaixonada, e Aurora começou a sentir tesão e gemer (pera… mas já?!). A história que, até então, estava com uma pegada infanto-juvenil, de repente decide apimentar… talvez pelo autor sentir a necessidade de se encaixar no sabrinesco? Não sei, mas as coisas começam a ficar sensuais, e só faltou o Pietro dar um tapa na cara de Aurora e chamar ela de vagabunda, como nos vídeos pornôs… não que eu tenha desgostado completamente dessa parte, só achei um pouco repentino demais.

    No final, aparece Olívia, irmã de Pietro, assistindo o casal de longe (ainda bem que eles não tavam transando, como eu imaginei que fosse acontecer). Ela revela que meio que parece que a junção dos dois vai dar problema, e tem algo a ver com a Era Glacial, e que o mundo vai se foder porque os dois se apaixonaram. Ela diz que os mamutes sumiram por conta disso até, e que a catastrofe pode ser ainda maior! Foi essa parte que, mais uma vez, para mim bebeu bastante da fonte do Neil Gaiman. Me lembrou bastante da relação da rainha Nada com o Sandman, onde eles se apaixonam e o reino de Nada automaticamente explode… e se eles ficarem juntos, haverá catástrofes sem precedentes. Tá, mas por que isso? Parece que, nessas ocasiões, a resposta sempre é: mágica, ué. Afinal, o autor não nos dá muita explicação aqui. Então Olivia decide que vai separá-los e… a história acaba, de forma um pouco repentina até.

    Enfim… no geral, gostei bastante do conto, apesar de um ou outro apontamento negativo que eu fiz. A história parece sofrer em alguns pontos na estrutura narrativa, mas isso é consequência de criar um universo tão vasto e maluco em tão poucas palavras. Eu achei maneiro porque aprecio bastante essa pegada de fantasia, e tudo aqui foi feito com muita criatividade, e com uma escrita bastante fluida, com bastante diálogos. Parabéns pelo conto, e boa sorte no desafio!

  4. Jorge Santos
    11 de setembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá. Achei este seu conto bastante complexo. Em tudo consegui ver segundos significados. A única pista é o nome dos quatro irmãos: Inga, Pietro, Olívia e Victória. Inverno, Primavera, Outono e Verão. Aurora é uma entidade mais complexa. Pode ser o sol, pode ser uma simples aurora boreal que tem um caso com Pietro, que personifica a Primavera, causando uma idade do gelo. Foi isto que consegui descortinar. O texto está bem escrito, mas deveria ser mais explícito. A forma como é contado lembra o The Sandman, onde os sentimentos são personificados (o sonho, o destino, a inveja, …). A adequação ao tema sabrinesco está bem definida, mas não creio que se possa dizer estarmos perante um texto de alta literatura, mesmo que os conceitos sejam complexos.

  5. toniluismc
    8 de setembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Olá, Aurora!

    Seguem as minhas impressões sobre o seu conto:

    O texto é bem escrito em termos de correção ortográfica e coesão textual. Há domínio da estrutura sintática, boa pontuação e fluidez de leitura. A autora (ou autor) tem sensibilidade com o ritmo e com os pequenos gestos narrativos, como os detalhes das esculturas, do vento, da textura dos vestidos — o que cria uma atmosfera delicada.

    Porém, a narrativa sofre com excesso de fragmentação. Os parágrafos muito curtos, somados a frases simples, quebram o ritmo e prejudicam a densidade emocional. Essa estrutura talvez funcionasse para um público mais jovem ou para um estilo mais poético-experimental, mas aqui dá a sensação de leitura rasa e episódica, incompatível com o tom mais maduro e sofisticado que os estilos propostos nesta rodada pedem.

    Outro problema é o diálogo artificial. As falas soam muitas vezes ensaiadas, pouco naturais, como se fossem pensadas para uma fanfic de romance adolescente — especialmente nas interações finais entre Pietro e Aurora, com construções como “meu amor”, “gemido gostoso”, “vou me vingar” que destoam do lirismo construído anteriormente.

    O texto apresenta um universo fantástico interessante, com elementos originais: esculturas de gelo que contêm memórias, lápis mágicos com pontas simbólicas, uma guardiã glacial que rejeita o amor em nome da preservação da natureza, e um rapaz insistente, mas afetuoso. A ambientação inicial — com o templo gelado no topo de uma montanha — tem um bom potencial metafórico: a arte como resistência emocional, a solidão como defesa.

    O problema surge na condução da história: a autoria tem boas ideias, mas não sabe para onde está indo com elas. A lógica simbólica se perde no meio de tanto recurso narrativo acumulado — lápis mágicos, escadaria de flores, espirais de gelo, esferas de vidro, uma guardiã invisível com um “quadro da Era Glacial”… tudo isso parece mais decorativo do que funcional. O final é abrupto e soa quase como a introdução de um novo conto (ou de uma sequência de saga YA), o que enfraquece a unidade.

    Além disso, embora haja uma tentativa de erotismo nos trechos finais, o efeito acaba sendo quase cômico pela quebra de tom: o texto investe tanto na delicadeza dos detalhes e no recato de Aurora, que o salto para frases como “quero um gemido gostoso desse pra cada pétala danificada” é brusco, destoante e prejudica a coerência estética do conto.

    Contudo, o maior problema está na parte do Impacto: o conto começa delicado, com ambientação envolvente, mas demora demais para engatar. Quando finalmente começa a haver alguma tensão emocional entre os personagens (por volta da metade), o texto muda de tom com o beijo quase consumado e a explosão das esculturas — o que poderia gerar um clímax poderoso. No entanto, isso é rapidamente resolvido com uma solução mágica (os globos de neve), e então o texto tenta inserir uma vilã de última hora, encerrando a narrativa num gancho forçado que anula a potência simbólica de tudo o que veio antes.

    Essa estrutura faz com que o conto não feche emocionalmente. O que poderia ser uma história de amor delicada e simbólica se transforma numa fanfic apressada com gancho para saga. O leitor adulto, como somos todos aqui, sente-se traído: o conto não entrega profundidade nem tensão suficientes para justificar sua extensão.

    De todo modo, percebe-se que foi mais uma questão de más escolhas do que escrita ruim em si, então parabéns pelo texto e continue nos trazendo belas histórias!

  6. danielreis1973
    7 de setembro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Entrelaçados (Aurora)

    Prezado autor(a):

    Seu texto traz muito lirismo, com um universo rico em imagens e uma atmosfera de fantasia. Há momentos bonitos, delicados e cheios de poesia – especialmente nas metáforas envolvendo gelo, neve, cores e sentimentos. Porém, quando usadas em excesso, acho que essas imagens poéticas acabam tornando a leitura vaga, e um pouco cansativa. Outro ponto que considero importante seria desenvolver mais os personagens secundários – Victória, Ingá e Olívia tem pouco destaque – e só Olívia tem uma motivação mais clara no final. No entanto, a revelação dela interfere muito na trama principal. A decisão dela de “impedir o romance” aparece como uma virada importante, mas me pareceu um pouco abrupta. Como ponto positivo, destaco finalmente que você soube explorar muito bem todos os sentidos – visual, tátil, olfativo, auditivo – criando uma imersão na história. Boa sorte no desafio!

  7. Gustavo Araujo
    5 de setembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Uma fábula infanto-juvenil em que os personagens interagem num pequeno jogo de sedução, com implicações no mundo real, tanto para construir como para destruir. É tudo muito doce, quase ingênuo, com as descrições do início bastante inspiradas – a escadaria rumo às nuvens, as esculturas dos animais, o sol, as nuvens e a tempestade. Da metade para fim, porém, esse estilo desaparece e os acontecimentos se sucedem em ritmo acelerado, talvez acelerado demais. Não que esteja ruim – definitivamente não está –, mas me pareceu destoar do início poético, que, este sim, conseguiu me capturar. Fiquei com a impressão de se tratar de um conto escrito anteriormente ao desafio e que foi adaptado para parecer sabrinesco. A cena em que Aurora e Pietro se entregam um ao outro demonstra essa dissonância.

    De qualquer forma, é um trabalho bacana e, tenho certeza, muita gente vai apreciar, até porque está muito bem escrito, conseguindo criar, com competência, explicações para os fenômenos que vemos todos os dias.

  8. claudiaangst
    2 de setembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Como vai, autor(a)? Pleno(a) na criação literária?

    Há um clima de romance desenvolvido na narrativa. Não sei se chega a ser sabrinesco, mas vou considerar que sim. Também pude perceber a qualidade do texto, então acrescento um ponto a mais como alta literatura.

    Uma leitura que me fez sentir frio, mas proporcionou a criação de belas imagens feitas de cristais de gelo. Pietro, no entanto, representa o oposto, o frescor da primavera (sempre traz as flores), o calor aconchegante, o afeto, a ternura. Os olhos verdes, da cor da esperança. Seu nome significa pedra, pois ele é firme, sólido como uma rocha, revela o amor que se concretiza.

    O nome Aurora carrega um simbolismo de renovação, esperança e recomeçar. Ela também poderia ser considerada como uma pessoa que traz luz, alegria e otimismo, criando suas obras delicadas, feitas de cristais de neve. Delicadeza que contrasta com a solidez de Pietro.

    A trama se estende um pouco mais do que o esperado por mim, o que não é um defeito, claro. Embora, o desfecho tenha sido sucinto, causando impacto pela revelação das intenções de Olívia. O encontro do inverno com a primavera não pode ser evitado. É o ciclo das estações, a era glacial findará.

    Quanto à revisão, só uma falha me saltou aos olhos:
    • Haviam flores > Havia flores (o verbo “haver” no sentido de existir é impessoal, sempre no singular)

    Um conto de fantasia bem elaborado.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  9. Pedro Paulo
    31 de agosto de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Perdi-me um pouco no conto. Achei que a autoria se prolongou demais nas caracterizações dos personagens, deixando ver as suas ações, mas sem necessariamente nos explicar. Uma sutileza que acho admirável e geralmente positiva para os textos, mas que aqui acabou me desorientando um pouco quanto ao que estava acontecendo, deixando-me desinteressado do amor entre os dois personagens, o que não acho que deveria ocorrer em um conto como esse, em que é justamente a atração e consumação dos personagens o que constrói o arremate. Assim sendo, as descrições ainda são deslumbrantes e há uma tensão romântica que traga a leitura, tornando divertido quando enfim os dois apaixonados se entregam… e por isso achei o final um balde de água fria, com uma característica de epílogo que julgo não ter cabido neste conto, aludindo a um futuro que, de um lado mantém o texto fiel à sua abordagem dos entes da natureza se relacionando, mas, de outro, pareceu-me deslocado com a súbita entrada de uma outra personagem com quem finalizamos a leitura.

    Esfriou.

    Cordiais abraços, boa sorte neste desafio!

  10. Priscila Pereira
    25 de agosto de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Aurora! Tudo bem?

    Seu texto é bem interessante, mas não me parece um conto, ou pelo menos, não um conto completo, porque está faltando contexto e continuação para o leitor se situar. Quem são Aurora e Pietro? Representantes do inverno e da primavera, ou só criaturas mágicas de um mundo mágico? E o que representa o quadro que a irmã de Pietro está vendo? O futuro? Bem, pode ser que todas as minhas perguntas estejam respondidas no próprio conto e eu que não tenha achado, nesse caso, me desculpe!!

    Notei também uma quebra na narração que de primeira pessoa passou para terceira no finalzinho, não sei se foi proposital, questão de estilo, ou se foi um escorregão.

    Sobre o romance em si achei muito fofo, tudo bem descrito, bem redondinho, gostoso de ler, tudo vai acontecendo como deveria acontecer. Como disse no grupo, esse é um conto mais para sentir do que entender, e o sentimento que me trouxe foi ótimo!

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  11. Fabio Baptista
    24 de agosto de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    Entidades fantásticas de gelo e fogo vivem um romance em seus mundos mágicos.

    À primeira vista é um texto bem difícil de assimilar. Há muito contexto para se absorver em um conto e o leitor (pelo menos eu) se dispersa tentando encaixar as peças do cenário com as personalidades. Numa segunda leitura as coisas fluem um pouco melhor, mas não o suficiente.

    Pensei na inevitável comparação a Frozen, mas principalmente à Delírio, irmã do Sandman. Seria uma boa fanfic dela, inclusive. O final foi um pouco abrupto, mas deixou um bom gancho para novas aventuras.

    O conto tem o romance que o enquadra no tema e ganha pontos pela criatividade e variação da abordagem. Não é meu tipo de leitura, mas não é por isso que deixo de reconhecer como um bom trabalho.

  12. Amanda Gomez
    24 de agosto de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Seu conto é muito imaginativo. Na primeira leitura eu travei muito e não consegui absorver nada dessas cenas que você havia criado. O texto tem uma densidade, precisa estar na temperatura correta para lê-lo e entendê-lo. Bom, acho que consegui avançar um pouco nisso nessa segunda leitura.

    Temos aqui como se fossem seres que compõem o equilíbrio da terra, os irmãos e Aurora… Aurora é o frio, a neve, representa esse clima. Já Pietro é o calor, primavera, verão… dois opostos que inevitavelmente se atraem.

    Todo dia uma flor, todo dia um degrau que os afasta… ou os leva para outro lugar? Acho interessante essa representação dos presentes e da escada. Toda a forma como Aurora trabalha também… com suas inusitadas ferramentas e forma de homenagear. Fiquei pensando se ela homenageava aqueles seres que não mais existem… por culpa dela? Não sei.

    O romance funciona e é terno. Ela resistente e ele insistente de uma forma doce.

    O final me confundiu bastante. Achei abrupta a irmã ali… ou talvez a forma como foi narrada essa introdução tenha destoado de tudo que já tinha se apresentado até então. Mas entendi que eles são equilíbrios e o romance entre os dois poderia ser catastrófico nesse sentido… e inevitavelmente teriam que fazer algo. Um final aberto que dá margem para uma história maior. Ficaria interessante se contada sem medo de limites, porque poderia expandir melhor o mostrar.

    Um texto difícil, que precisa ser desvendado, mas depois que você consegue fica tudo claro e bonito.

    Dúvidas sobre o tema… alta fantasia? Um leve sabrinesco. Meio a meio.

    Parabéns pelo trabalho, boa sorte no desafio.

  13. André Lima
    21 de agosto de 2025
    Avatar de André Lima

    Perdi o comentário todo. Vou tentar reproduzir fielmente kk

    É um conto muito interessante, com um início ótimo. Logo de cara, o leitor é mergulhado em uma ambientação onírica e quase ritualística (Que muito me agrada): degraus de gelo, esculturas de animais que carregam nomes e memórias… Enfim, a cena inicial já estabelece o que será o motor da narrativa.

    Há um contraste que muito me agrada também, mas que perigou cair no piegas: a oscilação entre a frieza do gelo e o calor humano do amor. Sem ser melodramático, o texto trabalha bem essas ideias. Esse contraste é conduzido de forma poética, com descrições imagéticas que combinam bem com a tradição da literatura fantástica. A presença dos lápis mágicos, da neve moldada em criaturas, dos globos de vidro que preservam esculturas… Tudo cria uma atmosfera de alegoria. Embora, é verdade, o texto se alongue demais em algumas passagens. Algumas construções imagéticas poderiam ser melhor refinadas, outras caem no óbvio. Sinto que o autor tem mais capacidade lírica para produzir.

    O eixo sabrinesco aparece no relacionamento entre Aurora e Pietro. Ele é construído sob o signo da insistência romântica. A relação entre Aurora e Pietro é o coração pulsante da história. Os diálogos são ágeis, com momentos de humor e doçura.

    Do ponto de vista da alta literatura, o conto se sustenta em metáforas consistentes. A técnica é ótima, mas, como disse antes, sinto que poderia ter mais refino nas construções imagéticas. A tensão entre paixão e dever (pra mim, o cerne da trama) poderia ser explorada com mais contundência. O risco cósmico aparece apenas ao final, pela fala de Olívia, o que torna tudo abrupto demais.

    Ficam a boa técnica e a criatividade do autor, porém. Parabéns pelo belo trabalho!

  14. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    20 de agosto de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Tema sabrinesco.Enquadrei seu conto nessa categoria porque ele fala sobre Como Pietro conquista o coração de Aurora.Bufei, abandonei a procura do lápis, virei-me completamente para Pietro e estendi a mão. Peguei o buquê de flores em formato de estrela. Haviam flores lilás, brancas e roxas. Criei uma base quadrada de gelo, meus olhos nunca se afastando do olhar de expectativa do rapaz. Moldei as quatro laterais e, por cima, outra placa lisa: um cubo envolvendo as flores no interior.Nesse trecho o verbo haver têm o sentido de existir, por isso precisa estar no singular.Não entendi o porquê das esculturas teryem-se quebrado e despencado pela borda da montanha.Você escolheu um narrador em 1ª pessoa para contar sua história, mas no final você trocou por um narrador em 3ª pessoa sem explicação. Isso ficou estranho.

  15. Givago Domingues Thimoti
    19 de agosto de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Entrelaçados (Aurora)

    Olá, autor(a)! Espero que esteja bem no momento da leitura! Parabéns por participar do Desafio EntreContos! Sempre um prazer ler e comentar o trabalho dos colegas. Espero sinceramente que, ao final da leitura, você sinta que esse comentário tenha contribuído para você de alguma forma! Caso contrário, não leve para o pessoal ou crie ressentimentos. Lembre-se que escrevi com o maior cuidado que pude.

    Sobre o tema, em relação aos demais desafios, optei por mudar alguns critérios na avaliação. Diminui para 4 critérios, dando uma nota maior para adequação ao tema (está valendo 2). A lógica será: 0 para contos sem tema, 1 para contos que tangenciaram o tema e 2 para contos que o tema aparece claro e cristalino.

    Além disso, tomando as definições sugeridas pela Moderação, eu considerei sabrinesco como aquele conto que, por mais que tenha sexo nele (embora não seja obrigatório que tenha), você mostraria tranquilamente para uma pessoa da sua família que é bem careta. Já um conto de alta literatura eu interpreto como um conto mais rebuscado, que instiga o leitor tanto nas ideias (fazendo-o pesquisar sobre algum elemento do texto)  quanto na técnica empregada (podendo ser um ou outro).

    Resumo da história

    Entrelaçados” propõe contar um sabrinesco fantástico sobre Aurora e Pietro, dois amantes impossíveis na Era Glacial.

    Aspectos positivos e negativos

    Aspectos positivos: romance lúdico e mítico. Um início com imagens interessantes, que conseguiram brincar com o imaginário
    Aspectos negativos: conto mal escrito, tanto gramaticalmente quanto em termos de construção narrativa. Universo mágico pouco explorado e explicado. Mudança brusca no foco da história

    Avaliação por critérios (pontuação total: 5,0)
    Adequação ao tema (máx. 2,0):
    O conto aborda de forma clara, criativa e relevante o(s) tema(s) proposto(s)? Há relação explícita ou simbólica (mas detectável) com o tema indicado? Nota: 2

    O conto está dentro do tema sabrinesco (romances melosos✅ e/ou clichês✅ e/ou improváveis, com aquela pitadinha de sensualidade✅, sexy❓ sem ser vulgar.) 

    Pessoalmente, poderia ter sido um pouco mais maduro nesse ponto. Mais transparente. Assim, deu para entender o que aconteceu,  mas a sensação que tive foi a de uma descrição muito juvenil da cena caliente. Dava para ser um pouco mais explicito. Quase deduzi um ponto.

      
    Correção gramatical (máx. 1,0): O texto segue a norma culta da língua portuguesa? Se sim, há erros gramaticais, ortográficos ou de pontuação que prejudiquem a leitura? Se optou pelo coloquialismo ou regionalismo, deu para sentir que foi uma boa imitação? Soou forçado? Nota: 0,3

    Esse conto carece de uma revisão gramatical mais apurada.

    •  erro de concordância verbal (“Haviam flores…” → “Havia flores”) => “O verbo haver no sentido de existir é impessoal, fica sempre no singular.
    • uso problemático de vírgulas e travessões
    • excesso de reticências que atrapalham a correção formal.
    • Problemas de regência => ““… observava nossa interação, de braços cruzados. Sentada nos galhos, sob a folhagem verde, a seis metros de altura.” A segunda frase é uma oração sem verbo principal, funcionando como fragmento. Poderia ser integrada à primeira.
    • Coloquialismos

    Construção narrativa (máx. 1,0): A estrutura do conto é bem organizada (início, desenvolvimento, clímax e desfecho)? Estica demais, apertou demais? Caso tenha optado por um conto não linear, deu para entender/acompanhar a história? O estilo de escrita é adequado? A técnica chama a atenção? Há fluidez, ritmo e coesão textual? Nota: 0,2

    Infelizmente, esse conto não está bem estruturado. Por mais que tenha optado pela estrutura tradicional, ao final da leitura, conforme o conto se desenvolve, observa-se alguns trechos bem confusos. Tive uma sensação desagradável de desfecho corrido, recheado de frases curtas.

    Atenção também com as repetições de termos!

    Para não deixar essa avaliação mais longa do que já está (Céus, estou muito prolixo nesse desafio), vou me focar no principal problema de estrutura que identifiquei, que está no desfecho da história:

    “Muito longe, uma garota observava nossa interação, de braços cruzados.

    Sentada nos galhos, sob a folhagem verde, a seis metros de altura. (…) ”

    Aqui está o grande problema de estrutura do conto. Geralmente, quando escrevemos um conto, devemos fazer uma escolha básica para determinadas estruturas. Por exemplo, a tal “pessoa do discurso” (1a – eu -, 2a – tu – e 3A – ele/ela). Sempre devemos escolher uma delas para conjugar os verbos e assim contar nossa história. São elas que representam o emissor do discurso (aquele que nos apresenta a história, considerando o contexto literário). 

    Bom, o conto começa e se desenvolve por sua grande parte na 1a pessoa do singular, com uma narradora-personagem. Nesse ponto que citei anteriormente, logo em seguida, temos uma mudança brusca e extremamente confusa. Aliada a frases mais curtas e sucintas, o leitor fica sem informação. O que Aurora nos conta se mistura com o que Olívia pensa e com o que Olívia faz contra o casal. Causa muita confusão no leitor. Perceba como é difícil interpretar exatamente o que aconteceu:

    “Olívia puxou para si o quadro da Era Glacial (que quadro da Era Glacial? Da onde ele surgiu? Como? Qual a importância dele?). Observou os mamutes, focas e ursos.

    Ali no canto, abraçadinhos por causa do frio, estavam ela e os irmãos: Ingá, Victória e Pietro.

    Nada de áreas e períodos para cuidar do planeta.

    Isso era apenas minha responsabilidade naquela época. (Responsabilidade de quem? Aurora ou Olívia? Afinal, o que esses personagens são e fazem?)

    — Pietro e Aurora se conheceram, e só esse acontecimento fez os mamutes desaparecerem.

    Se agora namorarem… o que vai acontecer com o mundo? (De novo, como esse relacionamento afeta o mundo???)

    Eu não posso deixar.

    Olívia decidiu — e sua determinação, misturada com uma pontinha de inveja, fez as folhas da árvore se desprenderem. (Aqui temos a transformação no narrador; de personagem para a observadora. Agora, sabe-se lá como ela sabe de tudo isso que aconteceu?)”

    Claro, depois de algumas leituras é possível compreender superficialmente o que aconteceu. Dica de um colega escritor: tente reescrever esse desfecho focando apenas nas sensações de AURORA. Aurora, assim como o leitor, não sabe o que vai acontecer (ou, se já sabe o que vai acontecer, deixe claro que é uma lembrança, um relato), nem o que se passa na cabeça de Olívia. Descreva com mais calma, de uma forma menos direta e sucinta, o que está acontecendo. Quais são os detalhes importantes dessa cena em específico? Articule bem as ideias, com clareza e concisão.

    Impacto pessoal (máx. 1,0): O conto provoca reflexão, emoção ou surpresa? Causa uma impressão duradoura ou significativa? Nota: 0

    “Entrelaçados” , lá pelo meio, me perdeu algumas vezes durante a leitura. É um conto de fantasia e romance, com uma pitadinha de haters to lovers que brinca bastante com imagens em seu início. Uma espécie de entidade do gelo, que vive enclausurada dentro de uma montanha de gelo, fazendo cubos de cristais para construir degraus de uma escada. Legal, diferente e interessante.

    Conforme o conto se desenvolve, esse início lúdico e cativante vai perdendo espaço e a boa impressão se diluiu diante de um romance artificial e uma conclusão repentina e confusa. 

    Sempre penso que num bom romance, para conquistar/cativar o leitor, o casal precisa se desenvolver com características tão marcantes quanto críveis (mesmo que seja apenas uma história repleta de fantasia). Embora a narradora-personagem tenha esses poderes mágicos sobre o frio, achei ela um tanto inocente demais. Ao mesmo tempo que percebi ela enquanto uma entidade atemporal, que acompanhou a humanidade se desenvolver, ela é imatura demais, como uma adolescente. Essa dissonância me incomodou. Às vezes, nem parecia a mesma personagem. 

    Pietro também sofre do mesmo processo; em algum momento do texto é descrito como um humano, mas parece ter algo a mais, algo quase divino. 

    Aliado a isso, temos esse clima de “eu o odeio, mas eu o amo”/ “quero, mas não quero” o qual não é bem desenvolvido, soando um tanto artificial. Isso sem contar o quão batido é dentro do mundo de romances é essa dinâmica. Quando bem trabalhada, funciona muito bem. Quando não, afasta o leitor. 

    E, então, temos esse terceiro grande problema do conto, que talvez seja o maior. A chegada repentina de Olívia, a irmã de Pietro. Tão mágica e poderosa que encerra a Era Glacial (?), transformando o romance do irmão com Aurora em proibido por algum motivo (aparentemente, eles causaram, sem intenção, o fim dos mamutes). Ou, impede o fim da Era Glacial acabando com o relacionamento do irmão com a cunhada (Por quê? Como?… Detalhes importantes que ficaram de fora). Enfim, muito repentino o seu surgimento, o que, aliado a forma como foi escrita, tornou o desfecho extremamente confuso. 

    Um último fator negativo que preciso apontar na minha análise: senti que faltou um pouco de maturidade para escrever certos trechos do conto, especialmente a parte “sexy”. Maturidade não em termos de habilidade de escrita, mas em se comprometer com o que está escrito, sem querer mascarar por alguma vergonha (aqui, talvez, eu ja possa estar imaginando demais a sua intenção por trás do conto). Não estou afirmando que a parte deveria ser mais explícita. Considerando que é um sabrinesco, penso ser fundamental saber dosar o que deve ser explícito ou não. Mas nesse caso em específico, tudo me pareceu juvenil demais (o que, convenhamos, não combina com sabrinesco). Beijos, suspiros, beijos focados no pescoço…

    Para finalizar o comentário, sei que posso ter sido bastante duro em alguns pontos. Por isso que vou ressaltar que o início do conto nos mostra um autor/ uma autora criativo(a), com a capacidade de criar universos lúdicos, extremamente bem-vindos e desejados na Literatura. Enxergo potencial para, tal qual Aurora e sua confecção de flores cristalizadas, você desenvolver melhor seus textos, lapidando-os tanto em termos de técnica quanto em termos de narrativa.

    Nota final (máx. 5,0): 2,5

  16. cyro eduardo fernandes
    14 de agosto de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Narrativa rebuscada para um romance. Boa técnica, contudo não me impactou.

  17. Kelly Hatanaka
    11 de agosto de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá!

    Neste desafio, vou avaliar os contos da seguinte forma: Tema vai valer 2 pontos, Forma, 2 pontos, Enredo, 3 e Impacto também 3. Como o tema Sabrinesco parece ter sido especialmente desafiador, vou dar um ponto extra para Sabrinescos bem executados. É pessoal? É. Mas os critérios de avaliação são pessoais mesmo, então paciência.

    Tema

    Há romance, há uma história de amor. Não senti a vibe sabrinesca, mas isso é chatice minha mesmo. Considero dentro do tema.

    Forma

    É uma alta fantasia que trata dos elementos da natureza, ou algo parecido. Pietro, Aurora, Victória, Olívia e Ingá parecem controlar ou proteger a natureza, ou representar seus elementos. Aurora, controla o gelo. Quanto aos demais, não fica claro. Há muitos detalhes a respeito das coisas e plantas, o que é importante em uma fantasia, para construir a ambientação.

    Enredo

    Pietro e Aurora estão apaixonados, mas, quando estão próximos, ocorrem desastres. Aurora tenta se afastar, mas não consegue resistir. Segundo Olívia, quando eles se encontraram, os mamutes foram extintos. Inicialmente, Aurora foge de Pietro e dos seus sentimentos. Parece temer ou intuir algo de ruim. Se Aurora for a personificação do gelo, podemos concluir que ela está fadada ao fim, que seria o fim da era glacial. Talvez esse amor a destrua. Ou talvez não. É possível uma interpretação mais otimista. Afinal, ainda hoje há nevascas e grandes geleiras. Talvez eles tenham vivido seu amor e este amor tenha trazido, não o fim de um deles, mas sim um equilíbrio entre os dois.

    Viajei muito?

    Impacto

    Médio. Gostei da história e ela está bem desenvolvida, com uma ambientação interessante que deu vontade de ler mais. Porém, a história de amor em si não me empolgou. É como se o casal não tivesse química. Quase quis que esse casal fosse coadjuvante e que as demais irmãs de Pietro trouxessem uma história maior. Claro que isso tiraria o conto do tema. Mas, enfim, nem sei dizer o que mudaria para criar essa química. Pietro é fofo. Talvez Aurora seja fria demais? Mas, se ela não fosse fria ia ser bem estranho também, né. Afinal, ela é o frio. E se Pietro fosse menos fofo, será que funcionaria melhor a ideia de dois cascudos que se suavizam mutuamente?

    Bom, já viu que não tenho respostas, só perguntas.

  18. Luis Guilherme Banzi Florido
    9 de agosto de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia! Tudo bem? Tô lendo os contos na ordem de postagem do site, sem ter conferido quais são minhas leituras obrigatórias. Bom, vamos lá pro seu conto.

    Uma historia de amor, que toca sabrinesco ao trazer a sedução e as promessas de um amor proibido, uma fantasia sobre seres que regem e transformam o planeta, e uma história sobre o medo de se entregar e a coragem de se jogar. É uma boa história, que quero comentar por partes.

    Primeiramente, acho que o enredo é o ponto forte do conto, que começa um pouco confuso, mas que vai se estruturando e se apresentando, situando o leitor num universo de fantasia não explicado, mas perceptível. Aurora, que de algum modo influencia o frio, o gelo, a neve (e que causou até mesmo uma era do gelo). Pietro, por outro lado, responsável pelo calor. Uma história clássica de amor impossível, de amor entre sol e lua. Os irmãos de Pietro são mencionados, sem tanto aprofundamento, exceto por Olívia, que parece ter relação com a natureza, animais e plantas. A forma como o calor de Pietro ‘derrete’ o gelo de Aurora é o ponto central e o ponto forte de sua história. Gostei bastante disso.

    Por outro lado, achei que quando rola finalmente entre eles, podia ser melhor trabalhando. Achei que as descriçoes e conversas perdem a força e ficam um pouco forçadas, talvez superficiais, não sei. Não gostei de frases como “seu pervertido”, e o jeito como voce descreveu os beijos e tal… não sei, achei que destoou do tom mais profundo e metaforico que o conto tinha ate entao, e acho que acabou destoando de uma maneira que me tirou um pouco do conto, sabe?

    Achei que a escrita tambem perdeu a força com o tempo. Do meio pro final, algumas falas de personagem mudam de linha, se confundindo com o narrador, algo que nao acontecia no começo. Talvez tenha te faltado tempo pra uma revisao mais profunda, não sei.

    Por fim, achei que o final ficou em aberto, terminou meio brusco. Parecia que teria um novo capitulo, sabe? Mas só acabou.

    Enfim, sei que pode parecer que mais reclamei do que elogiei, mas eu gostei mesmo da leitura. É um conto gostoso de ler, mas acho realmente que a segunda parte é inferior à primeira, com uma queda técnica e uma queda no enredo à partir do momento que os personagens se beijam e o tom mais metaforico e simbolico dá lugar a cenas mais explicitas e dialogos que nao combinam com os personagens. No geral, um bom conto! Parabens!

  19. Thiago Amaral
    7 de agosto de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Esse conto me dá a sensação de ainda estar no desafio fanfic, já que se passa num mundo fantástico onde os personagens representam forças da natureza. Lembra Frozen, Elementos e até um tantinho de Sandman.

    Tenho que confessar que nunca li uma história Sabrinesca, mas o conto parece atender ao clima geral que uma história assim deve perpassar. Só não tenho certeza se é mais pra romance ou sabrinesco, mas, por ter consciência da minha ignorância, não vou pesar isso na nota.

    Apesar de os elementos estarem aqui, no entanto, devo confessar que não me envolvi muito com os acontecimentos da trama. Talvez tenha sido por não conhecer e não me conectar muito com os personagens. Por que Aurora não rejeita tanto Pietro? Seria por seu temperamento naturalmente frio? Por serem tão misteriosamente opostos um pelo outro? O jogo aqui é até interessante em teoria, mas na prática eu não sentia ou entendia muito o que estava acontecendo nem por que.

    Me parece que aqui a criação de mundo acabou sendo mais interessante que a trama. Aparentemente numa tentativa de mistura com alta filosofia, tentou-se colocar uma simbologia com as diferentes forças da natureza, sendo então o amor entre Aurora e Pietro impossível de ser realizado (pelo menos para o bem do planeta). Essa ideia é poderosa, mas aparece muito no fim, e está muito sutil para impactar. Talvez se fosse parte do corpo, onde as irmãs de Pietro tentam impedir o amor?

    Só sei que o final ficou anticlimático e difícil de compreender. Quais são as consequências de Olivia guardar o quadro no esconderijo? Me parece que o último acontecimento é o início de um Outono que irá de alguma forma separar o casal principal, mas nada está claro, ao menos pra mim.

    Talvez uma melhora fosse deixar claro quem Aurora é, suas fraquezas e desejos, no início, para que torcessemos por ela ao longo da história, deixando bem claro se ao final ela conseguiu ou não seu intuito, e o que ela aprendeu com isso no fim das contas. Apenas ideias, espero ajudar.

    Concluindo: acho que a parte do romance em si está bem feita, com descrições detalhadas da tensão sexual entre os dois. Esse e a construção de mundo ficaram interessantes, mas a trama esconde muitos elementos, e isso confunde mais do que emociona, infelizmente.

  20. marco.saraiva
    5 de agosto de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Um conto de uma subjetividade exemplar, daquelas que me fazem suspeitar que não estou lendo o texto direito, até fisgar as dicas e peças do quebra-cabeças deixadas para trás pelo autor e… pronto, uma luz se acende na minha mente e eu entendo o suficiente para seguir a leitura.

    A escrita é bela, natural, feita quase como um fluxo único. A forma dos parágrafos dita o ritmo da leitura: por vezes longos e descritivos, por vezes apressados e objetivos. Há uma poética óbvia aqui, e uma série de sugestões que nunca nos são respondidas, apenas lançadas ao ar.

    É um daqueles contos “ame-o” ou “odeie-o”. Eu sinceramente não sei direito onde fiquei nesta. Acho que entendi a proposta: Aurora é o gelo intenso, a Era do Gelo, Pietro e suas irmãs, por outro lado, são as estações do ano…? Ele quer se juntar a Aurora, mas ele é o Verão, e eles nunca ficarão juntos. Olívia (O Outono?) os impede, com medo de trazer mais animais à extinção. Tentei pensar mais a respeito mas cheguei à conclusão que o conto não se esforça em deixar esta dinâmica clara ao leitor e, por isso, não vejo como o objetivo principal da leitura.

    O forte do conto são as imagens, as sensações, o toque, o cheiro. A simbologia da escada feita de tentativas de conquista, a mesma escada que serve de ajuda para Aurora alcançar o seu lugar de trabalho. Ela vive destas tentativas, é o que a motiva a continuar criando. A força da leitura está nos momentos, não na trama geral. Nas imagens ao invés de uma coesão maior.

    Um conto bonito, bem escrito, talvez subjetivo demais para o gosto de muitos. Mas que fala de uma sinceridade incrível da parte do(a) autor(a) e de uma naturalidade óbvia com a escrita!

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Publicado às 2 de agosto de 2025 por em Liga 2025 - 3B, Liga 2025 - Rodada 3 e marcado .