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Detox Literário.

Morada entre o Céu e o Sal – Conto (Thais Henriques)

O sol brilhava tímido naquela manhã de inverno. A luz da grande estrela diurna refletia nas folhas verdes, concedendo-lhes um brilho dourado. Ventava.

Embora não tivesse dormido bem na noite anterior, sentia-se bem-disposta. A ansiedade agora se manifestava nas pernas inquietas e nas palmas das mãos suadas. O coração acelerado já não lhe causava o nervosismo de alguns anos atrás.

— A senhorita vai viajar ou vai encontrar alguém no aeroporto?

O motorista de aplicativo a olhava pelo espelho retrovisor. O sorriso simpático foi interpretado por ela como uma tentativa de acalmá-la. Estava visivelmente ansiosa, e conversar era uma grande ajuda para desviá-la do foco que alimentava sua inquietação. O olhar do rapaz era amigável. Mesmo assim, ela não conseguiu encará-lo ao responder. Olhando pela janela, proferiu algumas palavras:

— Vou viajar. E encontrar alguém… No destino. Vou encontrar alguém no destino.

A voz não soou trêmula, mas as palavras saíram tão apressadas que ela precisou repetir a última parte para que o motorista a entendesse. A paisagem lá fora passava veloz, como os segundos finais de uma contagem regressiva.

O motorista sorriu. Era comum transportar passageiros ansiosos ou nervosos até o aeroporto da cidade.

— Certo. Bem, faz um lindo dia. Pouquíssimas nuvens no céu. Perfeito para voar, eu diria.

Ele insistia em estabelecer um diálogo com a jovem. Ela lhe lembrava sua filha mais velha. Talvez tivessem a mesma idade — e, certamente, os mesmos trejeitos quando ansiosas.

— Eu tenho medo de voar. Mas não tive como fugir desta vez.

Dessa vez ela sorriu e o olhou pelo retrovisor. Foi o suficiente para que o motorista sentisse que sua tentativa de acalmá-la não havia sido em vão.

Ele retribuiu o sorriso e o olhar. Tinha lindos olhos verdes, tão bonitos quanto os de seu pai. Verde-esmeralda. Profundos, ao mesmo tempo que carinhosos. A saudade apertou-lhe o peito, e as lágrimas transbordaram dos olhos, silenciosamente.

— Está tudo bem, moça. Aviões são extremamente seguros. Você chegará rapidinho e em segurança. Quando menos esperar, estará com quem lhe espera no destino.

Ela sorriu em meio às lágrimas, mas não conseguiu olhá-lo novamente. A saudade, as lembranças, a viagem, o encontro… Aquela não seria a visita que ela gostaria de fazer. Não o via há tempos. Era necessário. Ela precisava daquilo.

— Obrigada, moço.

Não trocaram mais nenhuma palavra até a chegada ao aeroporto. O motorista compreendeu que ela precisava do silêncio para sentir o que quer que a fizesse chorar. E ela, por sua vez, realmente necessitava daquele silêncio.

O condutor avisou que estacionaria próximo à área de embarque e apontou onde ficava o guichê da companhia aérea. Após parar o carro, fez questão de abrir a porta e ajudá-la a sair do banco traseiro.

— Puxa, obrigada, moço.

Ela agradeceu com um sorriso cordial e grato. Lembrou-se do pai. Seu pai era um homem gentil assim.

— Boa viagem, querida.

A jovem ajeitava a alça da bagagem quando ouviu as palavras. Sentiu um arrepio percorrer o corpo, enquanto inúmeras memórias de infância inundavam sua mente. O tom de voz, as palavras escolhidas — tudo remetia ao pai. Não soube dizer quanto tempo passou entre ouvir a frase e processá-la. Mas, quando olhou para agradecer e se despedir, o sedã verde já havia partido. Então, tomou a alça da mala nas mãos e seguiu rumo ao embarque.

De fato, não era fã de voar. Todas as inseguranças possíveis a atingiam. Como podia uma máquina daquele tamanho, carregada com toneladas em bagagem e pessoas, atingir mais de dez mil pés de altitude com segurança? Nenhuma estatística parecia suficiente para convencê-la de que aquele era o meio de transporte mais seguro que existia.

Na fila de embarque, analisava as pessoas ao redor para se distrair. Havia um casal bem jovem e aparentemente apaixonado. Pelo menos, a moça parecia apaixonada. Já o rapaz, embora muito bonito, com cabelos dourados e olhos azuis, mantinha um ar um pouco indiferente aos carinhos da companheira. Levavam apenas uma mochila pequena e usavam alianças douradas na mão esquerda. A moça segurava a mão do rapaz e tentava encostar a cabeça em seu ombro, mas ele desviava.

“Seriam recém-casados em lua de mel? Talvez não. Ele parece não estar feliz. Ou pode estar nervoso e ansioso, como eu. É, é isso. Eles estão em lua de mel, ela o está confortando. É óbvio que se amam. É óbvio?” — pensou.

As ideias sobre o casal continuavam fluindo, como no desenrolar de um romance misterioso. Como teriam se conhecido? Onde se casaram? Seria aquele um relacionamento repleto de amor ou algo forçado? Seriam felizes juntos? Torcia para que sim.

Pensou nos pais. A mãe já era idosa, e ela não mais a via como figura materna. Desde que o pai se fora, tudo mudara. Teriam sido felizes, realmente? A mãe não parecia sentir tanto a falta do pai quanto ela. Talvez fosse apenas uma forma diferente de sofrer. É, talvez fosse. Eles foram felizes? Foram. É óbvio. Talvez.

Adentrou a aeronave e acomodou-se no assento à janela. Precisava voar na janelinha. Por qualquer razão, sentia-se mais segura ali. Ver a paisagem em miniatura era uma excelente distração.

A decolagem foi suave, nem deu tempo de sentir o tradicional friozinho na barriga. Logo ganharam altitude, e as árvores viraram pequenos pontinhos vistos lá de cima. O voo seria breve — quarenta minutos. Não haveria serviço de bordo. Nem tempo para conversar com quem estivesse ao seu lado.

A jovem olhou pela janela durante todo o voo. Viu recortes de terra vermelha, outros verdes, outros amarelos. Viu lagos e piscinas minúsculos. Viu casas enormes reduzidas a casinhas de boneca. E viu o mar. Ah, o mar.

O piloto informou que pousariam.

“O mar! Está ali, ele está bem perto.” A ansiedade voltou a consumir seu corpo. As pernas tremiam, os dedos se entrelaçavam. Observava a paisagem crescer à medida que a aeronave perdia altitude.

“Eu cheguei. Meu Deus, eu estou aqui. Depois de três anos… Eu estou aqui.”

Sentiu o coração acelerar quando o avião tocou o solo, e os passageiros aplaudiram a aterrissagem. Respirou fundo, aliviada. Aguardou, impaciente, a liberação do desembarque. Pegou sua mala e partiu rumo ao encontro tão esperado.

Do outro lado do aeroporto, estava ele. Precisava encontrar o caminho. Caminhou por ruas movimentadas, contra o vento frio, com o sol tímido às costas. Chegou à beira da praia, tirou os sapatos e caminhou até ele.

Sentiu o corpo estremecer ao ficar frente a frente com ele. Os pés descalços tocavam a água gelada, no espelho-d’água. Ela estava ali. Ele também. Depois de tanto tempo.

Ela o olhava encantada, feliz, arrepiada. O verde-esmeralda, em toda sua imensidão, a encarava de volta. Estavam juntos. Após três anos.

— Estou aqui, pai! Eu consegui, eu voltei! Sinto tanto a sua falta, meu pai…

As lágrimas voltaram a transbordar, escorrendo pelo rosto iluminado. Desta vez, não foi um choro silencioso. Todas as memórias de infância, todo o amor que há três anos não sentia, invadiram-na enquanto mirava o mar fixamente e chorava como a criança que um dia fora.

Ela largou a mala, os sapatos e a saudade ali na beira-mar, e correu em direção ao mar. A água gelada envolvia seu corpo como um abraço acolhedor. Estava com frio, mas grata. Grata e feliz por estar de volta ao abraço do pai.

9 comentários em “Morada entre o Céu e o Sal – Conto (Thais Henriques)

  1. Pedro Paulo
    15 de julho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    A princípio me enganei em pensar que o conto se passaria inteiramente entre o motorista e a passageira, devaneio apoiado por um anúncio que apareceu logo depois do carro ir embora, induzindo a pensar que havia acabado. Entretanto, o conto prossegue e mais das saudades e do medo da personagem se cruzam com suas observações das pessoas e paisagens. Achei o final uma reviravolta, em que sobretudo fica sugerido o que pode ter acontecido e quais as razões de tanta ansiedade em torno desse reencontro simbólico (?). Conto bastante atmosférico (haha).

  2. Kelly Hatanaka
    14 de julho de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Um conto interessante, sobre luto e saudade. Muitos elementos ficam em aberto, soltos, porém gravitando ao redor do tema. O pai morreu no mar? O pai foi cremado e suas cinzas jogadas no mar? O mar simboliza o pai? Por que o medo de voar? Por que ela ficou afastada por tanto tempo e por que so agora voltou?

    De certa forma essas lacunas todas servem à história e geram interesse, embora eu, particularmente, gostasse de ter algumas respostas.

    Parabéns, é um conto muito bom.

  3. Priscila Pereira
    11 de julho de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Thais! Tudo bem?

    Gostei muito do seu conto! Está muito bem escrito, com muita sensibilidade!

    É um enredo simples, mas executado com segurança.

    O final é bem aberto, e eu costumo gostar, mas no seu conto me incomodou um pouco porque existem muitas possibilidades… O pai teria sido cremado e jogado no mar, ou morreu no mar e não foi encontrado, ou é uma questão mais exotérica ou até religiosa, ou é apenas o verde do mar que lembra os olhos do pai… Acho que gostaria mais do conto se soubesse mais sobre o final…

    Parabéns pelo conto e seja muito bem vinda! Espero que continue com a gente! 🥰😘

    Até mais!

  4. Angelo Rodrigues
    10 de julho de 2025
    Avatar de Angelo Rodrigues

    Olá, Thaís.

    Muito bom ler seu conto.

    Sensível como deve ser, e cheio de emoções contidas.

    O conto dá pistas. É fugidio quando não nos revela de imediato as possíveis personagens. Há na leitura a esperança de que alguém, uma pessoa a espera. Sua ansiedade nos leva a “saber disso”.

    Durante o voo, ela traz à memória o pai falecido. Há uma crescente tensão quando identifica no motorista os olhos verdes do pai. Sua gentileza.

    Ao desembarcar, ela, ao contrário do que se poderia imaginar, ninguém a espera. Ela não vai ao encontro de ninguém. Ainda carregando sua mala, ela se dirige ao mar. O mar verde-esmeralda. Os olhos do pai. O verde simbólico do pai que partiu. Então lhe sobrevém o choro, a saudade do pai que se foi.

    Um reencontro, um ritual de afetos. Talvez uma despedida.

    Um conto de puro simbolismo dos afetos daqueles que se amam.

    É isso. Um excelente conto, Thaís.

    Parabéns!!

  5. Marco Saraiva
    10 de julho de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Como muito na vida, aqui a jornada eh mais importante do que o destino. Acompanhamos a protagonista deste o inicio do dia, na verdade desde antes, quando narra as palpitacoes que sentia ao pensar naquela viagem. As insegurancas, aquele velho frio na barriga quando sabemos que vamos lidar com algo que nao gostariamos: encarar as realidades da vida, tornar realidade o que sempre relegamos para o segundo plano, na esperanca de sumir. Aqui, a jornada que vemos eh da protagonista finalmente aceitando a perda, abracando a sua nova vida, sem poder ligar para o pai, sem poder ve-lo novamente, tres anos apos a sua partida. Vimos como o pai vem aos seus pensamentos em cada fase da viagem, desde o taxista ate o casal no aeroporto. Eh o que a aflige, eh o que domina os seus pensamentos. E quando encontrao o mar, finalmente deixa ser.

    Um conto profundo e que fala de aceitacao e luto. Muito bem escrito, com um estilo simples porem eficaz. Forte!

  6. Givago Domingues Thimoti
    8 de julho de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Oi, Thaís! Tudo bem? Primeiramente, seja bem-vinda ao EntreContos! Aqui é um espaço no qual aprendemos bastante sobre escrita na prática. Dando e recebendo opiniões/avaliações/críticas. Pelo menos, é assim para mim e espero que seja para você também.

    Feitas as boas vindas, vou falar um pouco sobre seu conto. É uma história sensível, que fala sobre ansiedade e o lidar com o luto. Creio que, do jeito que você retratou, foi bem verossímil (o que, se tratando de um conto mais sentimental, é sempre bem-vindo). Em termos de narrativa, portanto, é uma história muito boa. Há um espaço gostoso para o leitor imaginar, como por exemplo, na relação entre a filha, o pai e o mar.

    Em termos de técnica de escrita, percebe-se algum espaço para melhora. São detalhes que, com o tempo, vão sendo corrigidos. Por exemplo:

    “Ela largou a mala, os sapatos e a saudade ali na beira-mar, e correu em direção ao mar. A água gelada envolvia seu corpo como um abraço acolhedor. Estava com frio, mas grata. Grata e feliz por estar de volta ao abraço do pai.” = aqui, percebi uma repetição de palavras um tanto desnecessária. Isso ocorreu algumas vezes durante o texto. Poderia ter sido uma conclusão mais direta. 

     No mais, é isso! Parabéns pelo trabalho e, mais uma vez, seja bem-vinda!

  7. Luis Guilherme Banzi Florido
    8 de julho de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Oi Thaissss! Uhuuuu, to muito feliz de te ver aqui nesse lugar que é tão precioso pra mim, o Entrecontos! E começando com tudo! Ja falei sobre o conto com voce no privado, entao nao vou me estender muito aqui, só queria te parabenizar novamente e dizer que espero que voce tenha vindo pra ficar, pois, considerando o alto nivel que voce ja começou, imagino como pode evoluir e se aprimorar por aqui. Eu comecei muito meia boca e evolui muito, imagina voce, que ja começou arrasando. Parabensss!

  8. Gustavo Araujo
    7 de julho de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Gostei do conto. A escrita é segura e simples — não confundir com simplória — com muitas informações nas entrelinhas. Temos aqui uma jornada, talvez uma espécie de redenção, de busca por algo ou alguém que se perdeu. Superação, enfrentamento de fantasmas, temas universais que se bem manejados conseguem prender mesmo o leitor mais exigente. O fim, aberto, é excelente, permitindo diversas interpretações. A autora demonstra que sabia aonde queria chegar e perceber isso torna a experiência de ler ainda melhor.

    Como única sugestão de melhoria indico a supressão do primeiro parágrafo. Falar do clima no início de um conto não é a melhor maneira de conquistar o leitor. De resto, excelente.

    Faço coro para que a autora continue a compartilhar conosco suas criações, sem, claro, descuidar dos comentários nos demais contos do site. Quem escreve bem uma história sabe, também, como deixar impressões interessantes.

  9. André Lima
    6 de julho de 2025
    Avatar de André Lima

    Parabéns pelo belo trabalho, Thaís. O final é o ponto forte do conto e eleva consideravelmente o nível.

    O início é cíclico e repetitivo. Aliás, o que chamamos de “incidente incitante” em estruturas narrativas sequer surge, o que deixa o leitor na expectativa de entender sobre o que realmente se trata a história. Ora, se isso seria um defeito, aqui é feito de maneira proposital, a fim de não antecipar o final arrebatador. Estratégia perigosa, pois pode gerar desinteresse do leitor, fazendo-o largar a história pela metade, mas que funcionou pra mim.

    Há algumas frases que poderiam ser melhor refinadas, ao meu ver (E vou justificar o porquê disso mais adiante). Há algumas alternâncias entre tempos verbais (Especialmente entre Pretérito Perfeiro e Pretérito Imperfeito) que “sujaram” um pouco a estética do conto, causando alguma estranheza. Há uma romantização cíclica dos sentimentos internos da personagem que não funcionam, deixando apenas o texto prolixo ou didático em algumas passagens. Algumas construções de frase que representam o mundo interno da protagonista se repetem, mas não de maneira aproveitável, poética (E a autora demonstrou que tem capacidade para isso). Algumas frases são construções simples ou óbvias demais, poderiam também ser evitadas (Como “proferiu algumas palavras”, sem o sentido correto de proferir, ou “mantinha um ar um pouco indiferente”, entre outras), pois a autora demonstrou que tem capacidade para evitar o óbvio e nos trazer a novidade.

    De pontos positivos, destaco a ótima habilidade poética da autora. Algumas construções, por outro lado, ficaram perfeitas e contribuíram pro lirismo que o texto evoca. Pra mim, este é o caminho! O texto clamava por uma linguagem evocativa, por construções imagéticas, tudo para nos ambientar até o arremate emocional. Em algumas passagens, isso foi atingido, principalmente no final, em que a narrativa indiferente ganha a força lírica e, ao mesmo tempo, uma delicadeza encantadora.

    O conto é comovente e sabe tocar em experiências universais. Ao mesmo tempo, há uma abordagem corriqueira, cotidiana, que casou muito bem (Embora precise de algum refino). O texto não se entrega a explicações racionais excessivas. Ele confia na construção do subtexto, como quando o motorista de aplicativo parece remeter ao pai da personagem, seja pela gentileza, seja pelos olhos verdes, embora em alguns momentos haja uma explicação do que já está determinado, o que gera uma repetição que enfraquece esse subtexto.

    A parte da análise do casal no aeroporto pode parecer uma digressão para alguns, mas, para mim, funcionou. Gosto do “descompromisso” da narrativa nesse momento, é quase que um respiro para o final de avalanche.

    E o final é criativo, belo, a cereja do bolo. Gostei muito desse final.

    Em resumo, temos uma autora criativa que tem vocação para construções imagéticas, para uma linguagem lírica e evocativa, mas que ainda sinto falta de uma voz própria. Não que o estilo narrativo seja ruim, ele é correto, mas excessivamente neutro. Gostaria de ter visto mais do que a autora demonstrou capacidade, explorar mais os pontos fortes, evitando o didatismo de algumas passagens e tendo construções belíssimas e exageradas desse universo interno que é a mente humana.

    Parabéns mais uma vez, Thaís.

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Publicado às 6 de julho de 2025 por em Contos Off-Desafio e marcado .