EntreContos

Detox Literário.

Um Velhinho de Óculos, Sandálias e Camisa Laranja de Gola Padre (Mauro Dillmann)

Maria Emília e outras cinco meninas estão sentadas na calçada, debaixo de um ipê amarelo, fazendo piquenique. A noite vem chegando. A vinte metros dali, no portão de uma casa, aparece um velhinho de óculos, sandálias e camisa laranja de gola padre. As amigas conversam. Cada uma diz o que acredita. Aparecem seis opiniões a respeito do mesmo vizinho.

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Pra mim, ele é um professor de história aposentado que hoje gosta de brincar com as crianças na rua. Já deve ter lido muitas aventuras e visitado cidades diferentes. Sua vida é assim: acorda às 10h, lê jornal, toma café-com-leite, vai no banco pagar as contas e passa no Café Tradição pra encontrar os amigos, outros velhinhos. À noite, ele senta na poltrona perto da estante de livros e lê sem parar. Quem passa na frente da sua casa consegue ver a luzinha acesa na janela do segundo andar. Ele faz anotações, rabiscos, desenhos. Tudo indica que um dia teve sonho de escrever e publicar contos. Talvez esteja se preparando para voltar a escrever e participar de um grupo de desafios literários.

Sua esposa já foi costureira, doceira, fotógrafa, vendedora de Avon, colecionadora de presépios, astróloga e agora faz pilates e participa do curso de artesanato no Sesc. Enquanto ele lê história e literatura, ela inventa cortes e bordados para as almofadas. Os dois lidam com as mãos e o pensamento, por isso, acho, se dão bem. No fim da tarde, em dias intercalados, fazem uma caminhada no bairro. Gostam de passear e observar os gatinhos. Vão conversando e rindo. São tão sérios, que brincam. Já vi até um beijo. Agora, por exemplo, o dia no fim e ele está no portão esperando pela esposa. Os dois vão dar uma volta, sentar no banco da pracinha e distribuir balas 7 belo pras crianças. 

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Pra mim, esse velhinho é sinistro. Deve esconder alguma coisa. Tem algum segredo. De vez em quando eu passo pela casa dele e vejo aquela luzinha acesa. Parece que é do banheiro. Por que deixaria a luz acesa a noite toda? Também escuto a voz dele cantando. Dá até medo. Dizem que é encenação de teatro. Será que é ator? Outro dia vi o velho com uma cartola na cabeça bem na frente da farmácia. Será que ele ensaia Drácula? Nem ia falar, acho que esse homem faz magia, mexe com pombo e galinha preta. Cruzes! Já imaginou a casa dele?

Na sala deve ter pó de café, carvão, charuto. Um monte de livro de bruxaria, poções mágicas. E o quarto? Credo! Deve ter aquela peça toda pintada de preto. Tudo deve ser preto e roxo. Aquela luzinha do banheiro deve ser para despistar. Ou nem deve ser banheiro. É o espaço do encanto e das armações. Agora, ali no portão ele deve estar esperando uma comparsa. Com aquela barriguinha, só pode ser um esfomeado, a ponto de comer até as panelas. No fim da tarde, ele e a mulher vão até a pracinha, cambaleando. O que eles fazem lá? Sei lá, até os passarinhos, quase no sono, se assustam.

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Pra mim, ele nunca trabalhou. Deve receber pensão de uma ex-mulher falecida tem anos. Sei que é casado há quarenta anos com a velhinha costureira de grife. Quando era mais jovem, essa mulher era bem magrinha, depois envelheceu, ficou mais fofinha e caiu na diabetes. O casal teve três filhos. Um menino e duas meninas. Dois são casados. O mais velho é mulherengo, casou, separou, casou de novo. A filha do meio é professora de Arte, casada com um bombeiro. Ela adotou duas crianças e dois cachorros. A caçula já tem quase quarenta, veterinária e só quer namorar. O casal já tem quatro netos. O primeiro neto, filho do filho mais velho, entrou na faculdade faz pouco e a namorada dele já está grávida de quatro meses. Daqui a pouco o velhinho é bisavô. Todo dia ele acorda cedo, molha as plantas, trata os passarinhos e prepara o café com ovo e torradinha. Lá pelas nove, manda mensagem para os filhos.

Fica no celular a manhã toda, mais viciado que os netos. Pelo meio-dia, busca comida no restaurante da esquina ou descongela uma marmita. A tarde é longa. Ele dorme um pouco, mas antes fica tentando capturar o momento em que deixa de estar acordado. Tem esse tique nervoso. Depois levanta, vai ao supermercado e ao açougue. Ou inventa de fazer um bolo. Sim, esse velhinho é metido a super chef. De vez em quando, ele precisa ir ao médico por causa da coluna. Depois do jantar, ele e a mulher assistem a novela ou a uma série. Eu sei o que é aquela luzinha no segundo andar: às vezes o casal coloca música no celular, ficam cantando e dançam até tarde. Agora eles estão se arrumando pra sair. Ele chegou até o portão para admirar um pouco o final da tarde. Viu a camisa laranja dele? Está combinando com o rótulo da garrafa de vinho. Vão jantar na casa dos amigos que moram na frente da praça.

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Pra mim, ele é professor de natação, ou já foi, ou quer ser. Olha como aquele ombro tem volume. E com tatuagem da América invertida. Um baita muque. Esse velho careca deve ser fortão pra caramba. Tem mais de setenta e nem parece. A última vez que ficou doente foi há cinquenta anos, quando era menino e pegou catapora. Já imaginou ele acordando às sete horas, arrumando a mochila e indo pro clube pra nadar borboleta? Tenho certeza de que já foi campeão de vôlei e jiu-jitsu quando era mais jovem. Até hoje ele faz cooper, barra e abdominais. Nas férias viaja para fazer acampamento e arma a barraca sozinho. 

Já deve ter vivido na praia, caminhado descalço na areia, pegado bicho de pé. No mínimo, dominou jacaré no Pantanal. É casca grossa. Está sempre rindo, mas às vezes é ranzinza murmurando alguma coisa que não dá pra entender direito. Ele impõe respeito. É atleta, ninguém segura esse vovô. A barriguinha é da cerveja, único vício. Aquela mulher de cabelo branco é casada com ele há pouco tempo. Dizem que se conheceram no baile de domingo. O vovô gosta de um arrasta pé. Ela é bonitona e usa cinta abdominal. À noite, às vezes aquela luzinha fica acesa até certa hora porque eles fazem esteira e assistem televisão. Mas hoje, não. Ele está ali esperando a esposa para dar uma voltinha na praça. Daqui a gente sente o perfume. Sentiram? É certo que ele vai descansar no banco enquanto ela se exercita caminhando com o tênis comprado na última black friday.

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Pra mim esse velhinho é um homem trans que pensa ser Napoleão. Meio fanfarrão, aquilo é um nojo. Semana passada vi uma bandeira colorida num carro que estacionou ali na frente. Acho que coordena uma Ong ou organiza algum movimento que defende o direito de ser quem se é. Aquela camisa gola padre, super pop, ele compra na internet, com certeza. Vi aquele modelo no Instagram do meu vô.

Já encontrei ele na farmácia e na padaria. Compra sebo de carneiro e bolacha com goiabada. Tá sempre com livro gordo embaixo do braço. É meio bobalhão. À noite, a luz fica acesa porque ele grava um podcast. Deve tomar café em frente ao notbook. Velhinho metido, entende mais de tecnologia que a gente. Acho que tem uma vida bem vivida. Minha mãe sempre diz: deixem as pessoas trans em paz. Meu pai, odeia. O velhinho mora com a irmã. À tardinha eles caminham até a praça, mesmo quando as nuvens estão quase chorando. Ansioso, ele já está no portão.

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Pra mim, esse velhinho é carnavalesco. Fala rápido demais e tem uma voz grave, de locutor. Exibido. Está sempre com fone de ouvido e chapéu. Um dia ele sambava na rua, quando estava indo na padaria com uma mulher que sempre carrega livros na mão. Ele usa umas roupas estranhas. Cada combinação, tudo meio chubesco. Parece meu professor de música. No passado, deve ter sido rei momo da cidade. Agora, por causa da idade, ele só organiza as escolas de samba e anima a galera.

Aquela luzinha acesa são os ensaios acontecendo na peça onde guarda as fantasias, um camarim. Deve ter muitos espelhos e plumas. Pelo estilo do velhinho, a gente vê que é vaidoso. Ele vive sozinho e não parece se sentir só. Cumprimenta todo mundo na rua e cada dia sai com um look diferente. Repararam no estilo daquela sandália? E no formato dos óculos? Ao menos, tem humor. Ele parece a versão masculina da personagem do livro que eu li quando tinha dez anos, Uma velhinha de óculos, chinelos e vestido azul de bolinhas brancas. Aquela mulher que está sempre na casa dele é uma velha amiga. Conhece ele como a palma da mão. Ela usa lenço na cabeça e tá sempre por aí. Eles dão risada e nunca estão com pressa. São mais risonhos que os palhaços da escola. Hoje ela veio fazer visita e os dois vão caminhar pelo bairro, levar a tarde pra longe, fazer planos, passar pela praça e ser muito feliz.

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A noite chegou. Depois de tantas opiniões divergentes, risadas, acusações mútuas de difusão de fake News e algumas postagens nas redes sociais.

Maria Emília acorda. Que sonho diferente. Amigas, piquenique, um velhinho, várias histórias. Como não lembra dos detalhes do sonho, os inventa.

Sobre Fabio Baptista

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20 comentários em “Um Velhinho de Óculos, Sandálias e Camisa Laranja de Gola Padre (Mauro Dillmann)

  1. Thiago
    14 de junho de 2025
    Avatar de Thiago

    No começo eu estava gostando, mas acho que se perdeu do meio para o final. Era interessante a ideia de contrapor com a realidade o mundo artificial das telas. Eu sempre digo que os escritores de literatura infantil deveriam mostrar menos unicórnios e mais cavalos. 

    Este conto fez um contraponto interessante entre Pokémon e Pantanal, mas ao final resultou em algo que nem é Pokémon nem Pantanal. A impressão de que me passou é que, em vez da realidade atropelar o virtual, o virtual atropelou a realidade, não na história em si mas pela falta de realismo na escrita. Mesmo em se tratando de uma história infantil, não faz mal um pouco mais de cavalos que unicórnios na escrita.

  2. Thales Soares
    14 de junho de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    Para mim, este conto não se encaixa em nenhum dos temas o desafio (infanto-juvenil, fofo ou fanfic), e isso causa estranhamento. Em vez de conduzir o leitor a uma trama ou a um cenário encantador, o texto se dispersa em suposições sobre um personagem que permanece enigmático, e sem empatia. A narrativa funciona mais como uma colcha de retalhos de impressões do que como história com vida própria.

    Pedradas

    As múltiplas narrativas acabam sendo apenas rótulos: velhinho professor, místico, atleta, trans, carnavalesco… muitas etiquetas, nenhuma vivência. Isso produz repetição e mínima conexão emocional. O “velhinho” continua fantástico e distante, sem um traço humano real, com um excesso de versões, sem aprofundar nenhuma delas

    O conto se limita a mostrar o que supõem as meninas, mas não dá voz a elas, tampouco ao tal velhinho. São seis versões sobre quem é o outro, e nenhuma delas tem vida. Sem um ponto de vista firme, o leitor fica sem âncora para se envolver, e o final, com o “sonho” de Maria Emília, apenas reforça a sensação de vazio.

    Mesmo com a expectativa de um desfecho surpreendente, que vai fazer a conexão de tudo, o conto não tem clímax, revelação, ou virada de cena. Ou seja… não tem um desfecho surpreendente. A estrutura episódica enfraquece o ritmo e provoca uma sensação de tempo perdido em vez de curiosidade crescente.

    Considerações finais

    A ideia de explorar o olhar diverso de personagens sobre o mesmo indivíduo é interessante e tem potencial, mas demanda estrutura: menos conjecturas, mais experiências. Reduzir a quantidade de versões para duas ou três, e inserir ao menos um lampejo de realidade, um gesto concreto do velhinho, um diálogo breve, um sorriso visível… poderia transformar a dispersão em profundidade sensível.

  3. leandrobarreiros
    14 de junho de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Ha!

    É difícil falar deste conto, especialmente por causa do final. Achei a solução engraçada e literalmente ri de mim mesmo por estar tentando montar as peças do quebra-cabeça. Ainda bem que a leitura não foi tão longa.

    O texto está bem escrito, e o autor é competente em gerar curiosidade em torno do mistério do velhinho que mora na casa com a luz do segundo andar acesa.

    O jogo de perspectivas é bom. Tenho certeza de que existem exemplos literários, mas me lembrou uma animação do Batman em que cada pessoa apresenta seu ponto de vista do encontro com o Morcego.

    Talvez fosse interessante que a linguagem mudasse mais de uma menina para outra, embora, no final, descubramos que são todas a mesma pessoa.

    No mais, sem muitas críticas negativas. O conto conduz bem o leitor e consegue prender a curiosidade, embora não tenha uma resolução à altura do que foi proposto na história. Ainda assim, acabou me fazendo rir.

  4. Gustavo Araujo
    13 de junho de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Vou encarar este conto como um texto chubesco, ou ao menos como uma tentativa de conto chubesco, já que não consegui perceber se se trata de fanfic de algum tipo. Ainda que a imagem que o ilustra remeta um tanto ao “Up”, dá para perceber, já no primeiro parágrafo que não tem nada a ver com aquela animação.

    Como ideia Chubesca, então, vou dizer que o conto adota uma ideia bacana, ainda que já tenha sido usada inúmeras vezes, que é a de abordar realidades paralelas. Aqui, seis crianças veem um velhinho na rua e imaginam como seria a vida dele. Ou seja, já nesse primeiro parágrafo, a pessoa que lê fica sabendo que aí vêm seis variações a respeito do mesmo personagem.

    Essa antecipação, pelo menos para mim, não costuma funcionar muito bem porque eu já fico esperando a próxima, e a próxima, e a próxima, causando certo cansaço desde o início da leitura. Era assim quando eu era criança, continua assim quando eu já deixei de ser criança há muito, muito tempo.

    As versões propriamente ditas terminam por não gerar empatia, não permitem que o leitor se afeiçoe ao personagem. Talvez porque sejam curtas demais, um tanto rasas na verdade. A razão para tanto poderia ser o direcionamento do texto ao público infanto-juvenil, mas ao falar de pagamento de pensão, de transgênero, de barriga de cerveja, essa escusa acaba que não cola.

    Além disso, apesar de terem em comum o mesmo personagem, as versões não dialogam entre si. E o fim, rapaz, mesmo uma criança percebe o uso do deus-ex traduzido no “era-tudo-um-sonho” como recurso pouco inspirado para o arremate. Não ficou legal.

    Há pontos positivos, claro, refletidos na boa escrita, na boa técnica. Mas, no cômputo geral, a história, ou melhor, as histórias me pareceram um tanto enfadonhas. Creio que o autor é capaz de escrever algo mais interessante se buscar incutir um pouco de emoção nos personagens. Em suma, é uma boa redação, mas não uma boa história.

  5. Andre Brizola
    13 de junho de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Alora!

    Seu conto tem uma estrutura diferente e interessante. A abordagem em pontos de vista diferentes ofereceu um andamento, um ritmo, diferenciado para um enredo que, mesmo simples, gera reflexão e coloca no leitor certa expectativa. Neste desafio eu optei por estruturar as análises de forma mais organizada, para poder me ajustar melhor com os prazos, e ser mais justo com os participantes.

    Técnica – Como citei antes, a estrutura do conto é interessante. A divisão em capítulos, cada um representando um ponto de vista, deixa o texto agradável, fácil de ler. E são frases curtas, pontuais. Tudo muito fácil de ser mastigado, o que condiz com o tema e o público alvo do que serio um conto desse tipo. É impressionante o quanto de informação você conseguiu reunir num conto razoavelmente curto, diga-se. Obviamente, isso ocorre em detrimento a desenvolvimento de personagem, ambientação e ação. Mas acho que as coisas funcionaram. Fiquei bastante satisfeito como você conduziu o texto.

    Enredo – Seu conto traz uma colcha de retalhos que são as suposições em cima de um personagem analisado por outras cinco. Cada capítulo nos traz um parecer, indicando aspectos, características sem, nunca aprofundar nada ou indicar algo de maior relevância. E isso tudo se encaixa muito bem na proposta de um conto infanto-juvenil. Acho que o único deslize aqui foi ter dado a orientação final na forma de um sonho de Maria Emília. Entendo que isso dá ao texto um aspecto um pouco mais profundo, e levanta algumas questões. Maria Emília é solitária? A que aspira Maria Emília? Trata-se de um sonho diferente, com amigas, piquenique, um velhinho, então, o que costuma povoar seus sonhos? Mas, a grande pergunta aí, é, esses questionamentos são necessários para o conto? Acho que esse parágrafo final é um tanto prejudicial, pois tende a invalidar o que acontece antes, em minha interpretação.

    Tema – Neste aspecto, desta vez, decidi ser bastante rígido no que diz respeito ao respeito ao que foi proposto. Entendo, os temas são um tanto quanto estranhos. Mas o EntreContos nos fez essa proposta, e acho que nós, autores, deveríamos honrá-la com textos que a atendessem da melhor forma possível. Não acho que seu conto seja fanfic mas, de qualquer maneira, ele se enquadra perfeitamente numa história infantil, ou infanto-juvenil.

    Impacto – Escrevo esse item do meu comentário alguns dias após ter lido o conto, para medir a forma como reagi ao texto e como ele me afetou. Acho que se a experiência foi boa, se o enredo me provocou, me fez pensar sobre o assunto, ou se há algo extremamente particular, mesmo que ruim, o conto reaparece em minha cabeça e penso sobre ele depois. Considero isso um aspecto positivo, e devo levar isso em consideração. Um Velhinho de Óculos, Sandálias e Camisa Laranja de Gola Padre conseguiu isso de certa forma. Me peguei pensando, durante alguns dias, na forma como somos interpretados pela forma como nos vestimos, nos portamos, ou por aquilo que optamos por compartilhar nas redes sociais. É um tema importante e, com a facilidade com que a informação se torna viral, qualquer pessoa, mesmo um velhinho inocente sendo analisado por cinco meninas, pode ir parar na internet como bruxo ou professor de natação.

    No geral, gosto do conto. É equilibrado, tem um ritmo gostoso, e atende ao desafio adequadamente. Me levantou alguns pensamentos mais profundos e me trouxe uma boa experiência com sua leitura.

    É isso. Boa sorte no desafio!

  6. Amanda Gomez
    13 de junho de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Bom, não acho que seja fanfic, então sobra chubesco e infantojuvenil. Achei o texto interessante, curioso, embora se demore demais nas opiniões divergentes — fica cansativo ler todas as teorias. O texto acaba sendo mais uma crítica social sobre nossos preconceitos, que acabam sendo muito mais sobre nós do que sobre as pessoas que são alvo dessas teorias. Acredito que essa seja aquela moral das histórias infantis. Achei o texto muito sério, sem doçura ou aquele ar infantil e ingênuo. Então realmente fiquei em dúvida quanto à adequação ao tema: será que estou deixando algo passar?

    Putz, acabo de ver que sim, é sobre o velhinho de UP, né? Olhando agora, refaço algumas observações (não vou excluir minha primeira impressão): trata-se de um filme que eu gosto muito, então vou imaginar que seu texto tem aquele estilo Pixar de ser, um infantil que toca profundamente os adultos, pois geralmente é dramático.

    Será que estou viajando? No geral isso não muda muito a primeira impressão de um texto mais sisudo e alongado, embora eu ache que não tenha chegado ao limite de palavras. Mas, olhando por essa nova perspectiva de fanfic, o texto é competente e cumpre o propósito.

    Boa sorte no desafio!

  7. Pedro Paulo
    11 de junho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Olá! Tentando simplificar, estarei separando meus comentários em “forma” e “conteúdo”, podendo adicionar um terceiro tópico para eventuais observações que eu não enquadre em um ou outro.

    FORMA: A segmentação do texto em partes nas quais cada personagem pondera sobre a procedência do velhinho titular é o charme da leitura e nos possibilita ver o personagem titular em suas várias iterações pelas descrições vívidas de cada uma das possibilidades. Da forma como é escrito, também foi bem interessante notar como cada descrição dá a voz a uma das personagens, denotando uma personalidade e uma emoção a cada uma das especuladoras, uma mais suspeita, a outra mais curiosa. A linguagem utilizada atribui uma empolgação quase juvenil às narradoras, de modo que vi todo o diálogo atravessado pela ternura que se pede em chubesco, temática que é até mencionada nominalmente no conto. Meu problema é o final, que corresponde com a forma dividida do texto, mas pela escolha da autoria acaba se prejudicando justamente por esse modelo seccionado… mas desenvolverei essa crítica no tópico de conteúdo. No mais, da voz narrativa de cada personagem à divisão, achei a estruturação e escrita do texto bem trabalhadas.

    CONTEÚDO: Por outro lado, não fui muito cativado pelo enredo… e, na verdade, até fiquei me perguntando se existe mesmo uma trama, pois me pareceu mais uma crônica. As personagens falam dessa outra figura, mas, embora cada uma esteja sim caracterizada, não há nenhuma situação que as coloque em movimento e de nada depende elas acertarem ou não um veredito sobre o velhinho. Seria diferente se eles o conhecessem no final e, aí sim, tivéssemos um conflito em torno do qual seguir a narrativa, com o ponto sendo o quanto distante ou próximo ele estaria das hipóteses delas… o desfecho de ser só um sonho foi um balde de água fria a apagar as emoções levantadas por cada velhinho possível imaginado pelas amigas. Tematicamente, achei fraquíssima a ligação com o livro mencionado ou até com chubesco, pois senti uma tentativa fraca de cruzar os dois temas. Então, em gênero e em tema acho que o texto – ainda que muito bem escrito – se perdeu um pouco.

  8. Leo Jardim
    9 de junho de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐▫▫▫)

    Pontos Fortes:

    • Estrutura Criativa – As múltiplas versões sobre o velhinho formam um mosaico interessante de percepções humanas.
    • Diversidade de Interpretações – Cada menina projeta no vizinho traços de suas próprias experiências (professor, bruxo, atleta, etc.).
    • Realismo Mágico Leve – O tom lembra contos de Lygia Fagundes Telles, onde o ordinário ganha camadas poéticas.

    Pontos de Melhoria:

    • Final Deslocado – A revelação de ser um sonho de Maria Emília quebra o encanto acumulado pelas histórias.
    • Falta de Conexão entre Versões – As narrativas poderiam ter ecos entre si (ex.: a luz no banheiro sendo o podcast ou a bruxaria).
    • Velhinho Sem Voz – Ele nunca fala; seria interessante um diálogo ou ação que confirmasse/negasse alguma versão.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐⭐⭐▫)

    Excelência Narrativa:

    • Vozes Distintas – Cada menina tem um estilo único (a romântica, a paranóica, a sociológica).
    • Detalhes Sinceros – Pequenos gestos (beijo na praça, tatuagem “América invertida”) humanizam o personagem.

    Sugestões:

    • Mostrar, Não Contar – Em vez de “Pra mim, ele é sinistro”, exibir uma cena suspeita (ex.: vendo-o enterrar algo à noite).

    🎯 TEMA (⭐⭐)

    • Fanfic: entendi que seria uma fanfic do livro Uma velhinha de óculos, chinelos e vestido azul de bolinhas brancas.
    • Tópicos Tratados:
      • Subjetividade da Realidade – Como moldamos os outros a partir de nossas lentes.
      • Velhice Invisível – O idoso como tela em branco para projeções alheias.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐▫)

    Destaques:

    • Jogo de Perspectivas – A mesma camisa laranja é vaidade, disfarce ou uniforme, dependendo do olhar.
    • Arquetipos Sociais – Cada versão do velhinho reflete um estereótipo (o sábio, o vilão, o avô moderno).

    Oportunidade Perdida:

    • Pista Oculta – Inserir um detalhe real (ex.: uma foto dele jovem) que apenas uma menina notasse.

    🎭 IMPACTO (⭐⭐⭐▫▫)

    Por Que Não Arrebatou?

    • Final Anticlimático – O sonho tira o peso das especulações.
    • Velhinho Muito Passivo – Sem ação ou reação, ele vira objeto, não personagem.

    O Que Funcionou:

    • Quebra-Cabeça Narrativo – O leitor fica comparando as versões, buscando “a verdade”.
  9. cyro eduardo fernandes
    6 de junho de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Alora conseguiu uma dose boa de suspense. As descrições do “velhinho” são bem criativas. Conto bem escrito!

  10. danielreis1973
    5 de junho de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Um Velhinho de Óculos, Sandálias e Camisa Laranja de Gola Padre (Alora)

    Segue a minha análise, conforme método próprio e definido para este desafio:

    CONCEITO: não encontrei correlação direta com chubesco, portanto intuo (mesmo sem identificação) que se trata de uma fanfic de Uma velhinha de óculos, chinelos e vestido azul de bolinhas brancas, citada no texto. Como não conheço a obra, ficou difícil a conexão com a narrativa. 

    DESENVOLVIMENTO: o grande mérito deste conto está na multiplicidade de pontos de vista e narrativa de um perfil, que é o velhinho. Porém, por se tratarem de crianças, achei que a linguagem e a técnica da fala às vezes parecem bem distante desse universo infantil

    RESULTADO: o conto ia muito bem, porém o velho truque do “acordou e viu que era tudo um sonho” me desconectou. Pena. Achei desnecessário.

  11. Mariana
    3 de junho de 2025
    Avatar de Mariana

    História: Um grupo de meninas está fazendo um piquenique e divaga sobre um vizinho idoso. Cada uma apresenta a sua versão da vida daquela pessoa. É uma história bonitinha, atende ao tema do desafio e parece ter se inspirado no livro infantil citado. No entanto, tudo no final ser um sonho, ainda com detalhes inventados, não caiu bem. Também faltou uma interação, nem que fosse rápida, do vizinho com as meninas – uma ideia seria ele acenando e as crianças fugindo 1,2/2

    Escrita: Começa tudo muito fofinho, como se fossem crianças pequenas. Mas a escrita parece se perder, o autor adulto fala mais alto. Como professora, aposto que crianças não diriam “direito de ser quem se é”, “fanfarrão” ou “homem trans”. A não ser que o grupo tivesse adolescentes e crianças, o que ficaria estranho e precisaria ser melhor explicitado. 0,8/2

    Impacto: Desculpa, a ideia é boa, mas o produto não funcionou comigo 0,4/1

  12. Priscila Pereira
    26 de maio de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Alora! Tudo bem?

    Imagino que seu conto seja uma fanfic do livro mencionado, que não conheço, então não sei se é uma boa fanfic. Mas o conto também é infanto juvenil e vou avaliá-lo como tal.

    Eu gosto bastante dessa ideia de várias histórias imaginadas, e eu mesma tenho esse costume de inventar toda uma vida para pessoas desconhecidas, então por esse lado, gostei bastante do conto, deu pra perceber a imaginação de cada menina muito bem, mas o final foi um balde de água fria. Por que tinha que ser tudo um sonho? Por quê???

    Seria perfeito se depois que as meninas tivessem confabulando a vontade sobre o velhinho, você tivesse trazido a realidade sobre ele. Talvez todas tivessem errado ou melhor, todas tivessem acertado. Mas não tem motivo literário pra tudo ter sido um sonho.

    De qualquer forma o conto está bem escrito, sem erros, escrita simples e direta. Um ótimo infanto juvenil (tirando o último parágrafo)

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  13. Kelly Hatanaka
    22 de maio de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Pelo que entendi, este conto é uma fanfic de um livro infantil chamado “Uma velhinha de óculos, chinelos e vestido azul de bolinhas brancas”. Não conheço, não li, mas acho que isso não deve atrapalhar em nada.

    Imagino que a história seja semelhante a este conto, em que diferentes pessoas mostram sua visão a respeito da velhinha. Aqui, no caso, velhinho.

    Mesmo que eu não entendesse como fanfic, por desconhecer a obra original, este conto ainda seria uma boa história infantil, doce e fofa.

    A escrita é muito boa e minha única sugestão seria deixar mais marcantes as diferenças de cada criança. O jeito de falar de todas elas está meio parecido. Acho que se fossem marcantemente diferentes, a história poderia ficar mais instigante, com o leitor procurando traços do narrador do momento nas descrições.

    Agora, não curti muito o último parágrafo. Esse negócio de “era tudo um sonho” sempre me incomoda. E, neste caso, não acrescentou nada. Sem o último parágrafo o final ficaria bem melhor.

    Boa sorte no certame!

    Kelly

  14. andersondopradosilva
    17 de maio de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, autor.

    Gostei do seu conto.

    Gostei da aproximação com a crônica, mediante a apresentação de diversos tipos humanos. Gostei da contemporaneidade e do engajamento. Mas não gostei de ter sido tudo um sonho (não costumo mesmo desse tipo de desfecho – julgo muito comum, repetitivo, pouco criativo, quase um lugar literário).

    Fiquei na dúvida se há elementos de fanfic no seu texto ou se há apenas uma referência a uma obra literária.

    Enfim, gostei do seu conto, mas gostaria de ter gostado mais. Por isso, nota 4.

    Abraço.

  15. Luis Guilherme Banzi Florido
    16 de maio de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa noite! (esse conto nao é uma das minhas leituras obrigatorias).

    Um conto bem singelo e simples. Descobri no final que é uma fanfic de um livro que eu nao conhecia. Ainda bem, pois eu ja ia reclamar que achava o conto maduro demais pra crianças, e bobinho demais pra adolescentes! lkkkkkk… mas brincadeiras à parte, se encaixa perfeitamente como fanfic.

    Aqui, nao temos muito enredo. O conto se baseia nas diferentes versoes imaginadas do velhinho do bairro. Uma ideia curiosa e divertida. Cada uma das meninas imagina uma vida totalmentediferente pro velhinho, e elas se divertem com essas possibilidades.

    Acho que o ponto forte do conto está nisso, na caracterização do personagem, que voce faz muito bem. É divertido e bem humorado. Mas acho que o problema é que para por ai. Nao há um enredo, nao há nada mais consistente para conduzir a atenção do leitor. Eu fui percebendo aos poucos que as novas descrições do velhinho iam vindo, e que provavelmente nao sairia daquilo, e minha atenção e interesse foram minando, sei la.

    Falta algo mais parecido com um climax, algo mais impactante ou que compense a construção de expectativa que é gerada no leitor. Pelo menos pra mim. Desse modo, fiquei com uma sensação estranha de que o conto nao chegou a lugar algum. Mas é divertido e gostoso de ler. Enfim, tem pontos positivos e negativos.

    Parabens e boa sorte!

  16. Afonso Luiz Pereira
    13 de maio de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Oi, Alora. O teu conto definitivamente não é uma fanfic, e também não segue a estrutura tradicional de conto clássico com conflito, clímax e resolução. Ele se encaixa no tema chubesco, embora com uma abordagem bastante incomum em relação aos outros textos que já li até agora.

    Em vez de seguir a estrutura tradicional de narrativa com conflito, desenvolvimento e desfecho, o texto aposta em algo mais próximo de um retrato literário coletivo: uma série de vozes infantis ou juvenis imaginando, cada uma à sua maneira, quem seria aquele “velhinho de óculos e sandálias” que aparece no portão.

    Então, a proposta do conto está pautando nisso: são seis pontos de vista diferentes, que aparentemente vêm de várias meninas brincando de piquenique, mas que, sabemos ao final, são todos criados a partir do olhar sensível e curioso de Maria Emília, que no fim da história acorda de um sonho.

    Apesar de estar enquadrado no tema chubesco, eu senti falta de um enredo mais voltado ao público infantil ou infantojuvenil. O conto não traz uma história nos moldes que costumam cativar esse público: com um personagem principal claro, um conflito ou desafio, e uma resolução satisfatória. Crianças e adolescentes costumam responder muito bem a esse tipo de estrutura narrativa — algo que os prenda e os leve adiante com expectativa.

    Acredito que, mesmo sendo um conto voltado ao público adulto, como é o caso deste desafio, você poderia ter emulado mais conscientemente o tipo de narrativa que agrada às crianças, justamente por dialogar com esse universo. Algo que aproximasse mais o texto da experiência leitora que se espera de um conto chubesco.

    Ainda assim, gostei da leitura. O texto tem charme, boas ideias e um estilo bem conduzido. É uma homenagem à imaginação, à observação cotidiana e à forma como crianças (e adultos) atribuem histórias às pessoas que veem passar.

  17. Antonio Stegues Batista
    9 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Sinopse: Menina sonha com um grupo de meninas que se reúnem para falar de um certo morador da mesma rua. Cada uma dá a sua opinião sobre como é a vida dele. No conto não há nenhum chub, ou animal fofo como personagem, mas é uma história que envolve crianças sonhadoras e idosos simpáticos. Conto bem escrito. Achei interessante a estrutura com parágrafos como se fosse o pensamento e a opinião de cada menina. Só o final que ficou meio sem graça, sem reviravolta. De qualquer maneira merece uma boa nota. Parabéns e boa sorte

  18. toniluismc
    9 de maio de 2025
    Avatar de toniluismc

    Comentário Crítico do Conto “Um Velhinho de Óculos, Sandálias e Camisa Laranja de Gola Padre” (Alora)
    Avaliação por critério: Técnica · Criatividade · Impacto

    🛠 TÉCNICA: UM JARDIM DE VOZES LITERÁRIAS

    Este conto é uma pequena obra-prima de construção narrativa. A estrutura é simples e engenhosa: um velhinho no portão visto de diferentes perspectivas, cada uma com sua própria lógica, estilo e tom — e tudo isso embrulhado numa moldura-sonho. A técnica brilha em:

    • Variação de vozes: cada menina tem uma voz distinta, marcada por crenças, vocabulário, ritmo e foco emocional. Isso exige domínio estilístico — e o autor(a) demonstra ter com folga.
    • Narrador onírico disfarçado de realidade: só no final percebemos que se tratava de um sonho. O uso desse truque narrativo não soa batido, pois é revelado com leveza e humor.
    • Organização refinada: mesmo com múltiplas versões do mesmo personagem, o conto nunca se perde. Há uma coesão delicada, costurada com cuidado em torno da figura do velhinho e suas possíveis identidades.

    É um conto que parece simples, mas esconde uma coreografia de vozes e imagens bastante sofisticada.

    🎨 CRIATIVIDADE: UM “RASHOMON” LÚDICO E AFETIVO

    Inspirado em técnicas de múltiplas perspectivas (à la Rashomon, Kurosawa), o conto explora como diferentes subjetividades moldam o outro — no caso, um velhinho enigmático. Mas, ao invés de adotar um tom investigativo ou trágico, opta por algo lúdico, poético e amorosamente caótico.

    • A ideia de reunir meninas para inventar versões de um senhor aleatório é, por si só, deliciosa. Mas o texto vai além da brincadeira: ele celebra o poder da imaginação coletiva.
    • O contraste entre as versões — desde o avô leitor de contos até o “Napoleão trans que grava podcast” — oferece um painel generoso da multiplicidade humana, com pitadas de humor, crítica social, afeto e até tensão.
    • A forma como o conto termina, revelando-se um sonho que continua se inventando, é uma metáfora belíssima sobre o poder da ficção, da infância e da empatia.

    📌 IMPACTO: DOCE COMO UM PIQUENIQUE EM BAIRRO DE IPÊ

    O conto gera um sorriso duradouro e uma reflexão suave. Ele emociona não por ser dramático, mas por ser terno, inventivo e generoso.

    • É raro ver um conto que trata a velhice com tanta humanidade plural: o velhinho é, dependendo do olhar, um professor, um feiticeiro, um atleta, um trans ativista, um carnavalesco, um avô gourmet, um homem apaixonado…
    • O texto também conversa com leitores de todas as idades — pode ser lido como fábula, crônica, conto realista ou até como literatura infantil para adultos atentos.
    • Em tempos de julgamento apressado e monocórdico, o conto é um convite sutil a imaginar com liberdade, ouvir com cuidado e respeitar a complexidade das vidas alheias.

    🧾 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    “Um Velhinho de Óculos, Sandálias e Camisa Laranja de Gola Padre” é um dos contos mais delicadamente bem escritos e conceptualmente ricos da rodada. Mistura simplicidade de linguagem com profundidade de sentidos. A construção polifônica e a leveza do final elevam o texto a um patamar raro: ele diverte, emociona e deixa uma saudade boa.

  19. Givago Domingues Thimoti
    6 de maio de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Um Velhinho de Óculos, Sandálias e Camisa Laranja de Gola Padre:

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1. Se esbarrar, 2,5. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 

    Um velhinho de Óculos, Sandálias e Camisa Laranja de Gola Padre é um conto fanfic de um livro infantil (Uma velhinha de óculos de chinelo azul e vestido de bolinhas brancas). Talvez a intenção do autor tenha sido realizar uma fanfic infantil, mas me pareceu que a execução foi para outro lado.

    Enfim, de qualquer jeito, o tema do desafio está presente; logo, nota 5!

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo: (Talvez haja) uma extrapolação do sentido de fanfic, para além da definição do tema. As pessoas de uma geração mais jovem usam o termo fanfic como verbo também. Fanficar pode ser um sinônimo de imaginar, especular (por vezes, delirar, num sentido negativo)… Exemplo, “Certeza que Pedro tá traindo Maria” “Mano, acho que você tá fanficando”. Ao final, percebi que esse conto também trata sobre isso.

    Negativo: construção de conto estranha. A divisão, embora compreensível, tornou a leitura quebrada, fragmentada. Além disso, por se tratar de uma fanfic de um livro infantil, me pareceu que o tom desses fragmentos pouco infantis de fato. Desfecho balde de água fria…

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais. 2,5 

    Bom, esse conto tem uma escrita que tenta emular o coloquialismo da fala cotidiana. Logo, tem alguns erros gramaticais próprios que precisam ser revelados. Ainda assim, há algumas observações necessárias de serem feitas:

    • Ong = o certo seria ONG (sem ser itálico. É uma sigla, não uma palavra estrangeira)
    • Notbook => notebook 
    • “A noite chegou. Depois de tantas opiniões divergentes, risadas, acusações mútuas de difusão de fake News e algumas postagens nas redes sociais. (Quebra de parágrafo) Maria Emília acorda.” Trecho mal escrito, faltou articulação entre as frases. Muito abrupto. Sugestão de escrita: “Depois de tantas opiniões divergentes, risadas, acusações mútuas de fake news e postagens nas redes sociais, a noite chegou. (Inserir que as meninas foram para casa descansar). Maria Emília acorda.”
    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo.  2

    A aposta por uma escrita mais simples, que se assemelhasse a oralidade e a forma como uma criança falaria, faz sentido dentro da perspectiva de um conto infantil. Como eu disse lá no ponto negativo e falarei mais no impacto pessoal, eu senti que a forma infantil foi se esvaindo aos poucos, A linguagem simples, portanto, mais atrapalhou do que ajudou em termos de estilo.

    Além disso, o ritmo foi bem prejudicado pelos parágrafos enormes e descritivos, sem mencionar essa divisão em capítulos.

    Resumidamente, acho que faltou um certo ludismo, brincar mais com as palavras e com a narrativa em si.

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 2

    O conto que é dividido em capítulos sofre de um mal terrível, de difícil contra-ataque: ele quebra a fluidez da história (digo isso, mas também divido meus contos em capítulos, por diversas vezes).

    Nesse conto em específico, creio que a divisão também jogou contra. Organizou e etc, ok, cumpriu a função. Talvez, mas apenas talvez, fosse desnecessária. Era um grupo de crianças, num piquenique, brincando de imaginar a vida de um senhor de idade. Será que não seria um pouco mais caótica essa brincadeira? Menos enquadrada e mais lúdica?

    Além disso, eu senti que a narrativa como um todo, embora clara, parece pecar pela coesão das ideias.

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável: 1 

    Bom, eu não gostei do conto. Nesse conto em específico, creio que há vários motivos que contribuem para isso. Por exemplo, por mais que seja um conto que faça menção a um livro infantil (portanto, uma fanfic), senti que não há tantos elementos infantis. Claro, não necessariamente uma fanfic de um livro infantil precisa ser infantil. Contudo, tanto o título quanto o parágrafo inicial nos conduz para esse caminho.

    Os parágrafos seguintes vão, paulatinamente, se desviando dessa lógica. E conforme eu fui lendo, mais o forte estranhamento foi crescendo. A cada fragmento, mais eu percebia a voz adulta do escritor/da escritora influenciando a narrativa.

    Portanto, creio que poderia ter sido melhor trabalhada essa questão; afinal, é um conto fanfic infantil ou não? Qual a sua intenção autor/autora?

    Para estragar tudo de vez, veio o final (mal escrito): tudo foi um sonho estranho! Céus, eu detesto esse tipo de desfecho e, infelizmente, dessa vez não foi diferente. É um desfecho típico de banho de água fria, que traz um final abrupto e apaga tudo que foi escrito anteriormente, deixando um vácuo.

    Nota final: 2,4

  20. Marco Saraiva
    4 de maio de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Acho que o meu maior problema neste desafio vai ser tentar ler e criticar textos voltados para o público infantil. Não tenho a experiência com este tipo de texto para me deixar confortável a dar algum feedback. Mas vamo que vamo!

    Entendo que, aqui, o texto brinca com a imaginação. Ele começa com a figura simples e inicialmente simpática de um senhor de idade vestido de forma tradicional, parado na frente do portão de casa, e daí a imaginação impera, cada criança criando a sua própria história sobre o senhorzinho. Um texto assim, ao meu ver, incentivaria a criança a criar, ela também, a sua própria versão do velhinho no portão da casa. Estimula a criatividade. Também ensina algo interessante: a ideia de empatia, de tentar entender que cada pessoa tem uma vida, os próprios problemas, as próprias felicidades e tristezas. A ideia de que, sempre que falamos com alguém ou interagimos com alguém, devemos lembrar que não sabemos de verdade por quais problemas aquela pessoa passa na vida. Este tipo de pensamento quase sempre gera melhores interações sociais, além de incentivar comportamentos que levam em consideração as pessoas ao redor.

    É um conto “fofo”, como deveria ser o chubesco, rs rs. Bem escrito, simples e didático.

    NOTAS:

    • Para mim o final foi estranho. O último parágrafo me parece completamente desnecessário. O cenário é bem plausível como é, não achei que precisava dizer que tudo havia sido um sonho no final.
    • O texto não especifica a idade das crianças, mas imaginei-as crianças pequenas, talvez menos de dez anos de idade. Foi o que me passou o trecho “…estão sentadas na calçada, debaixo de um ipê amarelo, fazendo piquenique.”. O problema é que certas descrições do velhinho não me pareceram nem um pouco infantis. Não consigo imaginar uma criança falando que o velhinho “Deve receber pensão de uma ex-mulher falecida”, ou ligando o fato de ele ter ombros largos com ele ser professor de natação, entre outros exemplos.

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Publicado às 3 de maio de 2025 por em Liga 2025 - 2B, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .