EntreContos

Detox Literário.

O Irmão com Asas de Cegonha e Rabo de Lagarto (André Lima)

Como pode um terreninho tão pequeno ser assim tão aconchegante? Quatro pessoas, até então, o chamavam de lar, morando naquelas duas casinhas, uma deitada por cima da outra, como num abraço em família.

Na casa de cima, morava um menino chamado Vinícius. Seu papai se chamava Antônio e sua mamãe se chamava Rosalina. Na casa de baixo, morava seu avô, que se chamava… Bem… Vovô! E Vinícius só perceberia, após muitos anos, que não sabia seu nome.

O menino era dos que sonhavam sem parar, mesmo desperto. Passava as tardes olhando o céu, como quem espera uma resposta escrita nas nuvens. Sentia uma falta que não sabia nomear. Seus pais tentavam preencher com brinquedos, com histórias, com cafunés, mas faltava algo. Faltava alguém. Um irmão, talvez?

Numa noite de chuva, dessas que começam como cochichos e terminam em desabafos do céu, ele o encontrou. Encolhido entre os vasos de planta e os tijolos vermelhos molhados, havia um menino. Tinha a pele da cor do barro, os olhos assustados como os de um filhote recém-nascido, e um rabo de lagarto que se enrolava nos próprios pés. E asas. Asas longas, brancas e sujas: asas de cegonha.

Vinícius logo chamou a família toda e os quatro rodearam a descoberta, olhando para baixo o filhote desgarrado do céu, encolhido e com frio, tremendo de dúvidas.

Gabriel. Foi esse o nome que lhe deram. O pai disse ser nome de anjo, mesmo que anjo algum tivesse rabo de lagarto. Via-se na inocência de seus olhos que era criatura doutro plano, embora assustado e arredio, tinha graça em seu olhar de sobrancelhas prateadas.

O Cegonhíssimo Senhorzinho Gabriel não falava, no começo. Aprendeu aos poucos, como se faz com qualquer criança, das que nascem de barriga às que caem escorrendo na chuva. Foi alimentado e amado, até feito de neto pelo Vovô, que foi o primeiro que cuidou de suas asas machucadas.

Claro que o anjo meio-réptil passou a amar a todos ali, pois era amor que também recebia, mas tinha um fascínio especial pelo velho, que tinha voz de marinheiro, não dos que existiam na Terra, mas dos muitos que via lá do céu, navegando entre os asteroides e planetas errantes. Quando questionado pelo velho, que também tinha curiosidade sobre os assuntos dos anjos, espalmava as mãozinhas e dizia que não se lembrava muito bem de sua origem, mas que sabia que tinha mãe, pai e irmãos e que morava em um cometa, embora não lembrasse muito bem os detalhes.

O avô sempre se ia, todo dia, pela manhã, despedia-se sempre abrindo seu guarda-chuva, fazendo soar um trovão e iniciar os gotejamentos do céu, e dizia para seus dois netos: “tchau, já me vou! E lembrem-se sempre: sintam mais amor do que saudade!”.

E, quando percebeu, sentia já um sentimento que não conseguia distinguir, nas despedidas do avô. Assim como Vinícius, seu irmão. Que agora que Gabriel já falava português com sotaque das estrelas, podia ensinar todos os truques e brincadeiras do plano terreno. Ali se formava uma amizade pro além-mar dos marinheiros celestes.

Sentiu-se realizado em seu desejo: ter um irmão era mesmo a melhor ideia possível. Mas sentia a angústia do pequenino quando o via se banhar nas estrelas, com as asas reluzentes e a cabeça baixa, devendo pensar em sua outra mãe, a que estava no céu.

Num dia em que o avô se foi de manhã, dizendo: “tchau, já me vou! E lembrem-se sempre: sintam mais amor do que saudade!”, Vinícius correu para casa e encontrou o pai lendo jornal. E perguntou: “Qual a diferença entre o amor e a saudade? Como vou saber o que estou sentindo mais?”

E o pai respondeu, fechando o jornal sobre o colo: “O amor é aquilo que nos faz abrir os olhos e contemplar; a saudade é aquilo que nos faz fechar os olhos e imaginar”.

Foi aí que compreendeu quando via seu irmãozinho pela janela, sentindo a chuva bater no corpo, com os olhos fechados, provavelmente imaginando sobre si o cometa-natal.

Naquele mesmo dia, um contraste: Vinícius olhou para sua mãe e sentiu que queria ter olhos sempre abertos para contemplá-la. Mas que falta fazem as respostas sobre o passado de seu irmão… Aquela lagartixa alada.

O avô era feito de nuvem enrugada. Tinha um cheiro de café com tempo. E contava histórias de seus pais e seus irmãos, numa época tão atrás da vida que, se fosse visível, seria silhueta de montanha no horizonte.

“Por que minha mãe me abandonou?”, Gabriel fez este questionamento ao fim das histórias do velho. “Por que fui para longe dos meus irmãos?”.

A família se calou por um momento, mas a mãe disse, com toda sinceridade, que seria mãe maior que mãe para ele, mesmo sabendo que não era bem disso que se tratava a questão.

E nesta conversa sobre saudades, o avô confessou que também sente falta de seus pais e irmãos, mas agora tem alegria de ter os netos. E confessa, baixinho, somente para os meninos ouvirem, que quando está sozinho, em sua casa, abre seu guarda-chuva mágico, e este lhe mostra as memórias que estão em seu coração, fazendo-o reencontrar os que já se foram.

“Mas hoje sinto muito mais amor por eles do que saudade. É que o tempo, meus netinhos, o tempo vaza entre os dedos. E ele passa para todos. E transforma em saudade o que ficou, bastando para nós que transformemos em amor”.

“Nós já sabíamos que seu guarda-chuva é mágico, vovô. Pois é ele quem traz a chuva e não o contrário!”, disseram juntos esta ideia.

O avô riu e se orgulhou pela esperteza dos seus netos.

E como quem quisesse provar um ponto, o avô adoeceu. E partiu para o céu, mesmo sem asas de cegonha. Os meninos choraram e sentiram saudade. Muita saudade. Fecharam os olhos e se perguntaram: “Um dia o veremos de novo?”

“Eu acredito que sim”, respondeu o pai.

Vinícius e Gabriel desceram pela escada rangente, pisaram o chão da sala vazia, fria. Aquela casa de baixo, a que o avô morava, agora tinha cheiro de silêncio. Parecia menor. Parecia ausente.

No quarto do avô, os meninos encontraram seu guarda-chuva. Parado, caído no chão, como Gabriel foi encontrado um dia.

O menino anjo abriu o guarda-chuva. O quarto explodiu em luz. As paredes tornam-se estrelas, o chão virou pedra flutuante. O ar ficou mais frio, o quarto parecia correr numa velocidade surpreendente. E os meninos os viram ali, projetados como chama, a primeira família de Gabriel, aflita, chorando sua perda. E descobriram que o menino caiu da varanda do cometa, num desaviso do destino.

Naquele evento fantástico, descobriram que o cometa que Gabriel vivia passava sobre a Terra de cinco em cinco anos. E que já havia passado quatro. Ou seja, o menino-cegonha tinha apenas um ano para aprender a voar e reencontrar os seus iguais.

Um ano de quedas, frustrações, raiva, desistências e voo cambaleante. Machucados, xingamentos e tudo o que ser irmão significa. Até o dia derradeiro em que o cometa apontou no céu.

Lado a lado, pegaram impulso. Correram juntos como irmãos. Vinícius e Gabriel, de mãos dadas, pés atrasados, fazendo a força para vencer o ar. Mas só um conseguiu. O menino-lagarto golpeou com as asas, com força, fazendo um estampido. E descolando-se do chão, olhou para cima, desejando ir além do que fora ontem, e foi. Batendo as asas como cegonha, venceu a gravidade e se descolou do irmão, içando voo alto, altíssimo, tão alto que quando lembrou de olhar para baixo, Vinícius era apenas uma ervilha acenando.

Assim terminou a breve passagem do menino de rabo de lagarto e asas de cegonha, do irmão desejado, do filho adotado, do neto querido. Que passou na vida de Vinícius e se foi, como seu avô, fazendo aprender sobre os ciclos, como os do cometa, que vinha de cinco em cinco anos.

Chorou aquele dia, de olhos fechados, engolindo uma saudade atravessada na garganta. Era o irmão tão querido, pedido aos céus, que atendeu o pedido, mas se foi, pois tinha de ir.

O menino cresceu. Conheceu novas pessoas num novo colégio. Ganhou outro irmãozinho! Deixou a casa do avô intocada, como lembrança do passado.

Até que cinco anos depois, ouviu o farfalhar de penas. Correu para o quintal. Lá estava Gabriel, agora também mais alto. As penas mais escuras, o rabo maior, com pintinhas verdes. Ele parecia apressado, mas deu o mesmo olhar que dera naquela noite de chuva, quando estava acuado e com medo. Era o mesmo menino de sobrancelhas prateadas e olhar gracioso.

Vinícius sorriu, dizendo sem dizer: “como você mudou! Como é bom te ver de novo!”.

Gabriel mandou um beijo e disse: “Tenho que ir. Não posso perder o cometa de vista”.

Vinicius nada respondeu.

“O tempo vaza entre os dedos, não lembra?”, o anjo sorriu, se virou e preparou-se para correr. “Tenho que ir no tempo de um aceno!”

“E se fosse no tempo de um abraço?”, perguntou com sinceridade.

O menino-anjo interrompeu a corrida, deu meia-volta, rapidamente, e o abraçou com muita força, tão forte que suas asas se esticaram, fazendo estrondo no ar.

E se foi, correndo como cinco anos atrás, agora menos desengonçado. Voou e descaiu três vezes no ar, até estabilizar e se ir, em curva, mirando o cometa. “Eu te amo, irmão”, não foi dito, mas estava em pensamento.

Vinícius chorou. Quis fechar os olhos, mas os manteve abertos. Sabia agora, tinha mesmo essa certeza, que sentia muito mais amor do que saudade.

Sobre Fabio Baptista

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21 comentários em “O Irmão com Asas de Cegonha e Rabo de Lagarto (André Lima)

  1. Thiago
    14 de junho de 2025
    Avatar de Thiago

    Gostei da história, eu já imaginava que fecharia com a frase do avô, ficou claro que o refrão não era gratuito, mas deu certo e mostra preocupação com a estrutura do texto. Não sei dizer porque, esse menino-lagarto é meio bizarro, estranho e incomoda, mas ao mesmo tempo gostei disso, achei legal ter uma personagem meio atípica, destrambelhada, meio inexplicável e  ainda associar à figura fraterna. Essa coisa da cegonha, da ideia de nascimento… enfim, algo nesse conto é misterioso. 

    Achei-o estranho e foi justamente isso o de que mais gostei. 

  2. Thales Soares
    14 de junho de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    “O Irmão com Asas de Cegonha e Rabo de Lagarto” (meu deus… que título longo!) é um conto bonito, sensível e com uma mensagem poderosa sobre afeto, pertencimento, luto e os ciclos da vida. Sua estrutura é construída como uma fábula contemporânea, com elementos mágicos, simbólicos e poéticos que reforçam a ideia de que algumas relações são tão profundas que transcendem o tempo e o espaço. O guarda-chuva mágico, o cometa, a transformação da saudade em amor… são todos elementos divertidos e criativos, cheios de significado.

    Há uma intenção nobre no texto: emocionar, tocar o leitor e fazer refletir. E, de fato, a mensagem final é comovente. A história tem um potencial lírico admirável e seria particularmente marcante se apresentada como leitura reflexiva para jovens ou adultos com coração aberto para metáforas e memórias da infância.

    Pedradas:

    Apesar de ser apresentado como um conto infantojuvenil, o texto conversa mais com o adulto que carrega lembranças da infância do que com a criança em si. A linguagem é madura, contemplativa e até um pouco pedante em alguns momentos. Faltam passagens divertidas, leves ou surpreendentes que envolvam o público infantil de forma genuína. É aquele tipo de conto infantil feito para adultos, e não para crianças.

    A narrativa também opta por contar muito e mostrar pouco, criando uma certa distância emocional entre leitor e personagens. A sensação é de acompanhar os acontecimentos de longe, como quem observa uma história sendo narrada em terceira mão. Com isso, perde-se a chance de criar um vínculo mais forte com Vinícius ou Gabriel. Do jeito que está, ficou parecendo o Sapatos do Papai, do desafio de Nostalgia e Portas… que era um conto bastante adulto… e é justamente este o maior problema deste conto. Um conto infantil não é determinado apenas pela temática fantasiosa, mas sim pelo tom narrativo.

    Além disso, a narrativa é um tanto uniforme do início ao fim, o que contribui para um ritmo lento. É o tipo de texto que pode facilmente embalar uma soneca. Um pouco mais de dinamismo, cenas com ação direta ou diálogos vivos poderiam manter o leitor engajado… especialmente se o público-alvo for realmente o infantil.

    Conclusão:

    Este conto possui uma beleza serena e uma mensagem muito bonita, mas seu tom excessivamente reflexivo e distante acaba por limitar seu alcance ao público infantil. Falta-lhe leveza, espontaneidade e encantamento genuíno… elementos essenciais para cativar crianças de verdade, não apenas as memórias de infância dos adultos. Ainda assim, o texto tem mérito por sua poesia e pela forma delicada como aborda temas profundos com lirismo e respeito. Com uma abordagem narrativa mais próxima e envolvente, teria potencial para emocionar e entreter com ainda mais força.

  3. leandrobarreiros
    14 de junho de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Tecnicamente falando, é possivelmente um dos contos mais fortes do desafio. O autor tem facilidade com a criação de metáforas e linguagem poética. Para quem gosta do estilo, é um prato cheio.

    Mas, sendo honesto, a história não está entre as minhas favoritas. Outras, em estilo parecido, como “o conto do Barbosa” ou “Sapatos do meu Pai”, me instigaram, para além da técnica, a prosseguir com a leitura. Havia uma curiosidade que o autor me despertou, tanto no que diz respeito ao enredo quanto aos personagens. Aqui, isso não aconteceu.

    Não sei explicar bem o motivo. Sinto que, às vezes, uma linguagem muito poética pode criar um certo distanciamento entre o leitor e os personagens. Assim, o autor precisa de mais espaço para criar essa conexão, e o excesso de personagens dificulta isso no espaço disponível.

    Não digo, com isso, que a história seja ruim ou que darei uma nota baixa, pois ela me parece adequada ao tema, e crianças possivelmente gostariam dela.

  4. Gustavo Araujo
    13 de junho de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Um conto muito bom, nitidamente chubesco, nitidamente bem construído e adequado para o público infantil. Isso porque não trata apenas da amizade entre um menino humano e um ser mitológico, outro menino, no sentido fantástico. O conto vai além, ao abordar a relação entre pessoas, especialmente das crianças com o avô, ele mesmo um homem fantástico com seu guarda-chuva mágico.

    O conto é sensível sem ser ingênuo demais, o que o torna diferenciado, já que trata de perdas e da conquista de confiança, de crescimento até. Destaque especial para a abordagem de amor e saudades, muito poética, algo que aquece o coração de quem lê.

    O fim me pareceu um tantinho apressado, com o encontro entre os meninos agora mais velhos. Passaram-se cinco anos e o que vemos é nada mais do que um abraço. Ah, mas o cometa… De todo modo, gostei do texto. Tenho certeza de que toda criança há de gostar também. Parabéns e boa sorte no desafio.

  5. Andre Brizola
    13 de junho de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Anjo!

    Seu conto tem aquele tanto de fábula e de fantástico que o colocam na prateleira do infantil. São muitas nuances, muito sentimentalismo, um foco bastante direcionado para construções poéticas e de impacto, como num O Pequeno Príncipe, por exemplo, tentando atingir o mesmo nível de magnitude. Não consegue, mas o esforço é bastante louvável e promove um resultado bonito. Para este desafio eu estou organizando meus comentários de forma mais estruturada, visando a ser mais organizado e justo com os participantes.

    Técnica – Como disse antes, o conto vai numa direção em que grande parte do texto é entremeado com construções poéticas, em que a escolha de termos parece ter sido muito bem equilibrada para atingir um determinado caminho e efeito. Organizações como “lagartixa alada”, “olhar gracioso” e “sotaque das estrelas”, com palavras simples, mas elegantes e menos corriqueiras, ditam o tom. É bonito, de fato. E combinam com a estrutura e o ritmo escolhidos, num caminho tradicional, mas bem organizados, com passagem de tempo bem definida. Um conto de técnica experiente, no meu entender.

    Enredo – Enveredando pelo fantástico, a história do garoto alado, caído do cometa, permite desdobramentos mirabolantes ao autor, como a descoberta de seu passado em um guarda-chuvas mágico. Ok, plenamente aceitável. Mas levantou-me a dúvida do motivo pelo qual o Avô não encontrava essa informação, sendo ele o dono do objeto milagroso. Todo o resto está plenamente adequado. Trata-se de um enredo bem equalizado para atingir o público infantil, com ensinamentos importantes e palavras acalentadoras.

    Tema – Neste aspecto, desta vez, decidi ser bastante rígido no que diz respeito ao respeito ao que foi proposto. Entendo que os temas são um tanto quanto diferentes do usual, mas essa foi a proposta do EntreContos e acho que nós, autores, deveríamos honrá-la com textos que a atendessem da melhor forma possível. E aqui estamos dentro do tema infantil, sem nenhuma sombra de dúvida.

    Impacto – Escrevo esse item do meu comentário alguns dias após ter lido o conto, para medir a forma como reagi ao texto e como ele me afetou. Acho que se a experiência foi boa, se o enredo me provocou, me fez pensar sobre o assunto, ou se há algo extremamente particular, mesmo que ruim, o conto reaparece em minha cabeça e penso sobre ele depois. E devo dizer que, até o momento, este foi um dos contos que mais encontrou espaço em minha cabeça. Gosto de lembrar dele de vez em quando, repassar algumas passagens mentalmente e, uma vez ou outra, reler alguma passagem. Reforço, o conto realmente ficou muito bonito, parabéns.

    No geral, fiquei muito satisfeito. Acho que é um trabalho para poucos reunir palavras tão simples num “quadro” tão bonito. E foi o que aconteceu aqui. Fico aqui pensando nuns “se ia” e “despedia-se” no mesmo parágrafo, o que me soa dissonante, e mesmo assim o resultado é mais do que positivo. Achei muito bom.

    É isso, boa sorte no desafio!

  6. cyro eduardo fernandes
    11 de junho de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Chubesco muito criativo e bem escrito. Deixa uma mensagem positiva sobre a vida, a morte, o amor e a saudade.

  7. Pedro Paulo
    11 de junho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Olá! Tentando simplificar, estarei separando meus comentários em “forma” e “conteúdo”, podendo adicionar um terceiro tópico para eventuais observações que eu não enquadre em um ou outro.

    FORMA: Magnífica. Existe um equilíbrio muito grande entre os elementos fantásticos e o que se escolhe explicar, sem nenhuma vírgula a mais para dar uma explanação à rápida aceitação do menino pela família, mas com todas as palavras acertadamente colocadas a mostrar como o amor familiar é genuíno. A estrutura é bem montada, com o conflito sendo o retorno do menino à sua família celestial e, ainda por cima, tecendo um diálogo com a mensagem do texto quanto a amor e saudades, passada mais explicitamente pelo personagem do avô sem nome e seu guarda-chuva mágico. Além disso, o texto tem sacadas excelentes em suas denominações, como “sotaque de estrelas” ou “navegantes dos céus”, entre outros. Todo o parágrafo que descreve a luz de memória que envolve os personagens quando abrem o guarda-chuva é lindo, parece emanar a luz do texto ao leitor.

    CONTEÚDO: O conto atravessa um enredo de “família encontrada” com a questão da relação entre saudades e amor, tudo com muita magia e imagens fantásticas, puxando o conto para algo que lembra “O Pequeno Príncipe”, pelo tom e por sua ambiência cósmica. É um texto muito bem escrito com uma história tocante cheia de personagens que, participando mais ou menos na narrativa, a colorem com suas personalidades distintas e afetuosas. É um conto de ternura. Um chubesco de grande qualidade. Meus parabéns.

  8. Thiago Amaral
    9 de junho de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Essa poderia ser uma história bem mais simples, mas ainda bem que não é. Digo isso porque, com mãos menos capazes, poderia ser apenas um breve relato sobre acontecimento inusitado. Aqui, contudo, temos a roupagem poética e filosófica que enche a história de ternura e transforma o conto infanto-juvenil num chubesco poderoso.

    Sem falar na bizarrice de um ser meio lagarto, meio humano, meio cegonha. O tipo de coisa estranha que gosto tanto.

    A mistura de poesia e questões existenciais espaciais lembra muito o trabalho do André Lima, e esse poderia ser muito bem mais um conto dele. Não só vemos os acontecimentos, mas sentimos tudo, às vezes com sensações estranhas, como sotaques estelares e sombrancelhas prateadas (só não gostei tanto do cheiro do silêncio kk).

    Ótimo trabalho, e boa sorte no desafio!

  9. Leo Jardim
    9 de junho de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐⭐▫▫)

    Pontos Fortes:

    • Premissa Encantadora – A ideia de um “anjo-lagarto” que cai de um cometa e é adotado por uma família terrestre é original e cativante.
    • Circularidade Bem-Executada – O retorno de Gabriel após cinco anos fecha o ciclo de forma emocionante.
    • Temas Universais – Aborda perda, saudade, amor fraternal e aceitação do tempo de forma delicada.

    Pontos de Melhoria:

    • Ritmo Desigual – Algumas partes são muito rápidas (ex.: aprendizado do voo, despedida do avô), enquanto outras são mais lentas.
    • Falta de Conflito Central – A história é mais contemplativa que dramática; poderia ter um obstáculo mais definido (ex.: Gabriel tentando se adaptar à Terra).
    • Final Um Pouco Previsível – A despedida e o reencontro seguem uma estrutura clássica, sem grandes surpresas.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐⭐▫▫)

    O Que Funciona:

    • Narração Fluida – A linguagem é simples e adequada ao público infantil, sem ser simplória.
    • Diálogos Naturais – As falas das crianças soam autênticas (ex.: “Nós já sabíamos que seu guarda-chuva é mágico!”).
    • Descrições Sensoriais – O cheiro do avô (“café com tempo”), o frio do quarto vazio, etc., criam imersão.

    O Que Poderia Melhorar:

    • Evitar Repetições – Algumas ideias (ex.: “tempo vaza entre os dedos”) são repetidas sem necessidade.
    • Aprofundar Momentos-Chave – A cena do voo de Gabriel poderia ser mais detalhada (ex.: seus pensamentos, medos).

    🎯 TEMA (⭐⭐)

    • Conto infantil – protagonista criança num mundial mágico
    • Tópicos Tratados:
      • Família e Pertencimento – Gabriel é um estrangeiro cósmico que encontra amor em uma família humana.
      • Ciclos da Vida – Representado pelo cometa (que volta a cada 5 anos) e pela morte do avô.
      • Saudade vs. Amor – A lição do avô (“sintam mais amor do que saudade”) é o cerne emocional.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐▫)

    • Boa, Mas Segura – A mistura de elementos (anjos, cometas, lagartos) é interessante, mas poderia ser mais ousada.
    • Símbolos Poderosos – O guarda-chuva mágico (controla o clima) e o cometa (ciclos) são ótimos conceitos.

    🎭 IMPACTO (⭐⭐⭐▫▫)

    O Que não Funciona?

    • Falta de Tensão – Não há um risco real (ex.: Gabriel poderia escolher ficar ou ir, criando dilema).
    • Excesso de Narração – Muitas emoções são contadas (“Vinícius chorou”) em vez de mostradas.

    O Que Funciona:

    • Doçura e Calor – A relação entre os irmãos e o avô é genuinamente afetuosa.
    • Final Satisfatório – O reencontro de Gabriel após 5 anos dá um bom fechamento sem ser piegas.
  10. Mariana Carolo
    8 de junho de 2025
    Avatar de Mariana Carolo

    História: Um menino encontra um garoto meio lagarto, meio anjo. Sofre a perda do avô e, depois, o irmão adotado retorna para a sua família de origem. Anos mais tarde, se reencontram. É uma temática sobre ciclos bem interessante, abordando também o luto. Cumpre o tema chubesco do desafio 2/2

    Escrita: É uma prosa poética, com frases buscando lirismo a cada sílaba. A ideia já é muito boa por si só, acho que caberia menos poesia e mais a ação. A vida do menino lagarto, seu crescimento, as aventuras com o avô, como as outras pessoas lidavam com ele. O final poderia ter sido melhor desenvolvido, admito que me pareceu um tanto anticlimático. Parece que teve tanto lirismo no texto que, ao final, ele se esvaziou 1,2/2

    Impacto: É um conto bonito e a poesia dele pode funcionar com outras pessoas, a liustração é linda. Mas admito que não me pegou. 0,4/1

  11. danielreis1973
    5 de junho de 2025
    Avatar de danielreis1973

    O Irmão com Asas de Cegonha e Rabo de Lagarto (Anjo) 

    Segue a minha análise, conforme método próprio e definido para este desafio:

    CONCEITO: no meu entender, um dos contos mais difíceis de analisar neste desafio. Não é chubesco, apesar de infantojuvenil na temática; e não se revela com fanfic, ou se identifica, pelo menos para mim. Portanto, creio tratar-se de uma fantasia com toques de lirismo.

    DESENVOLVIMENTO: a história é simples, mas profunda, mesmo para um público infantojuvenil – trata do núcleo familiar, do filho adotivo, da relação de partida das pessoas. Traz algumas das frases mais lapidares deste desafio, e uma beleza contida em situações extraordinárias.

    RESULTADO: o resultado é muito bom, mas não seria justo compará-lo com os demais contos que estiveram adstritos às temáticas propostas. Uma pena.

    P.S. – Essa questão das temáticas tem sido um ponto, a meu ver, muito prejudicial para o desenvolvimento dos autores nos desafios, já que são exigidos produtos muito diferentes no mesmo certame, mas isso é papo para outra hora…

  12. Amanda Gomez
    30 de maio de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Li seu conto tem um tempo, e olha só, a trama continua fresca na minha cabeça. Bom sinal. O texto conseguiu me entreter, e li em um bom momento. Se fosse hoje, eu teria sido uma megera nesses comentários rsrs.

    Seu conto me passou uma nostalgia, não sei explicar como. Não sei se foi o estilo da imagem que você escolheu… ou o enredo em si. Me transportou para algum momento em que eu gostava de ler coisas assim.

    É uma narrativa bem construída. Mesmo com todo esse ar de fantasia e descrença, eu comprei a ideia de que existe esse menino. Acho que mais me lembra desenhos animados do que livros em si… daqueles que passavam no SBT de manhã, algumas décadas atrás… Marcelino Pão e Vinho? Talvez.

    Gostei dos personagens, de acompanhar esses irmãos se formando para logo depois se separarem… porque é assim que tem que ser. Tem ótimas frases e passagens também. Temos aqui um escritor habilidoso.

    Parabéns pelo conto. Um ótimo infantojuvenil, dentro da proposta do desafio. Não se arrasta, e apesar da escrita com muitos floreios, a vida se desenrola nas linhas: começo, meio e fim. Satisfatório.

    Parabéns, boa sorte no desafio!

  13. Kelly Hatanaka
    22 de maio de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Que história linda! Um conto infantil com uma ambientação ao mesmo tempo real e mágica e cheia de poesia. Um realismo fantástico para crianças.

    Vinicius pede por um irmão e é atendido. Gabriel se perde de sua família. Os adultos gravitam a história, oferecendo doses de sabedoria. O avô é um elemento mágico, bem como seu guarda-chuva, que mostra memórias.

    O conto fala de amor, mas daquele tipo de amor incondicional, que não pergunta nada, só abre os braços e entende. O amor que abre mão, que deixa ir e que volta sempre.

    Há aceitação, há perda, há desafios de crescimento, há despedidas. Um enredo rico e belo.

    Fico curiosa em saber como uma criança leria esta história. Será que ela entenderia da mesma forma que um adulto? Penso assim porque este é um conto claramente infantil, mas que dialoga muito bem com adultos.

    Achei lindo e gostei muito!

    Parabéns e boa sorte no certame!

    Kelly

  14. Priscila Pereira
    20 de maio de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Anjo! Tudo bem?

    Muito fofo o seu conto! Gostei bastante!

    Muito bem escrito, com muita qualidade literária, mas próprio para crianças, em uma linguagem que elas entenderão e apreciarão.

    A história tem profundidade de sentimentos aliada a uma imaginação rica e uma escrita segura mas leve, realmente um ótimo conto infantil! Parabéns!

    Leria para minha filha? Sim! Certeza que ela iria gostar!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!!

  15. Marco Saraiva
    19 de maio de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Que conto! E que imagem de capa, perfeita!

    Conto muito belo, que nos mostra os cinco anos onde Vinícius viveu junto com Gabriel, uma criatura alada que caiu do céu, sem querer, da sacada do seu cometa. Gabriel parece ter vindo de um desejo de Vinícius de ter um irmão. Gosto de como o conto deixa em aberto os detalhes menos importantes, e nos conta a mensagem mais do que a história. Foi Gabriel um amigo imaginário, que Vinícius entreteve até nascer o seu irmãozinho de verdade? Foi Gabriel um amigo que se foi depois de um tempo, como tantas pessoas que encontramos no caminho da vida, que andamos juntos na estrada por um tempo para então nos separarmos e nunca mais nos vermos? Ambas as ideias me tocaram. O conto me fez pensar em tantas amizades que tive na escola, garotos que eu considerava verdadeiros irmãos, éramos inseparáveis… até as suas famílias se mudarem para outra cidade e nunca mais nos falarmos. Os eternos ciclos, como o conto fala. Aprendemos a viver mais o amor e menos a saudade.

    Muito, muito belo. E muito bem escrito!

    A magia do avô também toca muito, essa sabedoria que beira o sobrenatural, proveniente de alguém que veio de outro mundo também: não o cometa de Gabriel, mas um mundo de décadas atrás, que Vinícius nunca entenderia nem entenderá. A deliberada ausência de um nome para o avô, estabelecendo-o como a quintessência desta figura na vida de toda criança, que o ensina as lições importantes da vida antes de partir para um lugar melhor.

    E quanta poesia neste conto! Separei algumas frases que, para mim, foram perfeitas. Gostei demais deste conto. Um dos melhores do desafio com certeza.

    “…olhando para baixo o filhote desgarrado do céu, encolhido e com frio, tremendo de dúvidas”

    “Que agora que Gabriel já falava português com sotaque das estrelas, podia ensinar todos os truques e brincadeiras do plano terreno.”

    “Qual a diferença entre o amor e a saudade? Como vou saber o que estou sentindo mais? O amor é aquilo que nos faz abrir os olhos e contemplar; a saudade é aquilo que nos faz fechar os olhos e imaginar”.

    “O avô era feito de nuvem enrugada. Tinha um cheiro de café com tempo. E contava histórias de seus pais e seus irmãos, numa época tão atrás da vida que, se fosse visível, seria silhueta de montanha no horizonte.”

  16. Luis Guilherme Banzi Florido
    15 de maio de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa tarde! (esse conto nao faz parte das minhas leituras obrigatorias)

    Um conto muito bonito, bem escrito, cheio de metaforas e passagens muito visuais, quase como se fossem pintadas numa tela. Alem disso, possui muitas mensagens que são construtivas para o publico alvo, as crianças: amizade, amor, companheirismo, coragem, perda, saudades, amor, vida. Tudo isso em pouquissimo espaço, o que mostra habilidade do autor (a). Voce é muito eficaz em preencher espaços com coisas não ditas. As vezes, voce pula um pedaço da historia, que nao precisa ser contada, pois pode ser preenchida pelo leitor. Melhor ainda se tratando de crianças, que tem a criatividade muito aflorada e são capazes de preencher esses vazios com universos inteiros.

    Os personagens saoi muito carismaticos. Nao somente os meninos, mas tambem o vovo, que é excelente. Ele ensina algo preciso às crianças, algo que elas vao carregar pelo resto da vida.

    Esse é um dos melhores contos infantis que li ate agora no desafio (contando 18 da A, 5 da C e 9 da B).

    É isso, um belo conto, com belas construções muito visuais, mensagens importantes para crianças transmitidas de forma metaforica, e muita fofura.

    Parabens e boa sorte!

  17. Givago Domingues Thimoti
    15 de maio de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    O Irmão com Asas de Cegonha e Rabo de Lagarto:

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 

    O Irmão com Asas de Cegonha e Rabo de Lagarto é um conto infantil/juvenil (5!), que nos apresenta a chegada de um anjo com asas de cegonha e rabo de lagarto na vida de uma família (mãe, pai, filho e avô)

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo: explosão de fofuraaaaaa. Um conto bem infantil/juvenil

    Negativo: pessoalmente, o conto peca pelo excesso; se esticou um tanto a mais do que deveria, além de ser um tanto verborrágico. 

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais. 5

    Embora haja muitas e muitas vírgulas, não acho que foram erros gramaticais propriamente ditos. Muito bom!

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. 3,5

    Esse conto é de um autor/ de um autora com bastante talento e capacidade de escrita. É uma linguagem que flerta com o ambiente lúdico do estilo infanto-juvenil. Bom, é verdade que entretém por vezes, mas de uma forma geral não conquista. Não é uma leitura simples, embora não haja palavras complexas e rebuscadas, o que joga mais contra do que a favor, se formos considerar o gênero infanto-juvenil. 

    Confesso que gostaria de ter lido mais magia, como mais do guarda-chuva mágico do vovô. Acho que, por vezes, esse tom não dura muito. É um conto explicadinho demais, que pecou por tentar explicar o que o leitor deveria sentir. 

    No mais, achei uma leitura meio travada, que por vezes fica confusa, com excesso de vírgulas e informações, além das repetições exageradas de palavras/ termos (intencionais ou não) que sobrecarregaram o imaginário do leitor. Por exemplo:

    A família se calou por um momento, mas a mãe disse, com toda sinceridade, que seria mãe maior que mãe para ele, mesmo sabendo que não era bem disso que se tratava a questão. => (?) Hum, não entendi bem…

    Claro que o anjo meio-réptil passou a amar a todos ali, pois era amor que também recebia, mas tinha um fascínio especial pelo velho, que tinha voz de marinheiro, não dos que existiam na Terra, mas dos muitos que via lá do céu, navegando entre os asteroides e planetas errantes. Quando questionado pelo velho, que também tinha curiosidade sobre os assuntos dos anjos, espalmava as mãozinhas e dizia que não se lembrava muito bem de sua origem, mas que sabia que tinha mãe, pai e irmãos e que morava em um cometa, embora não lembrasse muito bem os detalhes. => Esses dois últimos trechos sobraram. Além disso, acho que encaixaria bem aqui simplificar esse trecho, organizá-lo de uma forma um pouco mais direta. 

    Vinícius e Gabriel desceram pela escada rangente, pisaram o chão da sala vazia, fria. Aquela casa de baixo, a que o avô morava, agora tinha cheiro de silêncio. Parecia menor. Parecia ausente. => de novo, uma repetição de palavras desnecessária, que mais explica o que o leitor sente (ou deveria sentir). Uma pena, afinal, acho que esse foi um dos trechos que mais me agradaram. Não lembro exatamente onde/quando ouvi/li essa ideia, mas esse trecho dialoga diretamente com a ideia de que o luto é materialização da ausência, preenchendo os espaços e as memórias com a falta.

    No mais, o conto também brilha com outros trechos:

    Lado a lado, pegaram impulso. Correram juntos como irmãos. Vinícius e Gabriel, de mãos dadas, pés atrasados, fazendo a força para vencer o ar. Mas só um conseguiu. O menino-lagarto golpeou com as asas, com força, fazendo um estampido. E descolando-se do chão, olhou para cima, desejando ir além do que fora ontem, e foi. Batendo as asas como cegonha, venceu a gravidade e se descolou do irmão, içando voo alto, altíssimo, tão alto que quando lembrou de olhar para baixo, Vinícius era apenas uma ervilha acenando.

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 4

    O conto segue bem o roteiro tradicional, início-meio e fim. De uma forma geral, está bem organizado e claro.

    Creio que alguns trechos pecaram pelo mais, o que atrapalhou um pouco a fluidez e a clareza de alguns trechos. O resultado é positivo, contudo, poderia ser mais com menos.

    Além disso, senti que o conto se alongou um pouco a mais do que era preciso.

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável: 3

    Esse é um bom conto.  Bem competente, bem escrito. A temática infanto-juvenil escancara-se, sem deixar nenhuma dúvida para o leitor o seu intuito, com pitadas de fofura.

    Se eu tivesse um filho/ uma filha, mostraria esse conto, em que pese eu tenha achando que ele se delonga um pouquinho além da conta. Uma boa lição sobre saudades, partidas permanentes ou não.

    PS: achei estranho a combinação anjo e lagarto, mas paciência . Não tirei pontos por isso, juro!

    Nota final: 4,1

  18. andersondopradosilva
    14 de maio de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, autor.

    Gostei do seu conto.

    Observei uma repetição de palavras similares em “sentia já um sentimento“.

    Julguei o uso de “do” desnecessário em todas as vezes em que aparece o mote do seu conto: “mais amor do que saudade” – “sintam mais amor que saudade” soaria mais natural.

    Julguei que lhe faltou alguma clareza em alguns momentos, como em “mesmo sabendo que não era bem disso que se tratava a questão”. Ficaria melhor suprimindo o “a questão”.

    Você usou a palavra “mesmo” nove vezes. Julguei demais para um texto tão curto.

    Enfim, gostei do seu conto, mas gostaria de ter gostado mais. Por isso, nota 4.

    Abraço.

  19. Afonso Luiz Pereira
    10 de maio de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Oi Anjo, mais um conto de alma “chubesca” bem definida: fantasia, infância, afeto e aquele toque de melancolia que procura emocionar jovens e adultos.

    O enredo é simples e confesso que me levou em algumas direções durante a leitura: que o menino de asas e rabo de lagarto fosse um amigo imaginário, ou uma visão do garoto Vinícius por perde um irmão mais novo. Mas, creio, todo o enredo partiu uma história de fantasia.

    Um menino solitário encontra o que faltava na sua vida: um irmão. Só que esse irmão não é qualquer um, é um ser de outro plano, com asas de cegonha e rabo de lagarto. A partir daí, o conto mostra a relação entre Vinícius e Gabriel, nome dado ao ser de outro plano, que procura ser sensível e fofo, típico de leitura voltadas para os menores.

    O ritmo é tranquilo, quase contemplativo, o que combina bem com o tom mágico da narrativa. Às vezes o texto parece querer contar muita coisa sobre todos os personagens, sem necessariamente desenvolver tudo com o mesmo peso. Nada grave, mas deu uma leve sensação de dispersão.

    Agora, sobre o avô, eu gostei da presença dele, e das falas sábias que ajudam a amarrar o tema da saudade, mas fiquei com a sensação de que ele foi sendo colocado na história mais como função simbólica do que como personagem de fato. Ele aparece bastante, tem falas impactantes, mas no fim, quem realmente carrega a transformação emocional do Vinícius é o Gabriel. A partida do avô não tem o mesmo peso emocional que deveria, considerando o tempo que ele ocupou no texto.

    No geral, o conto cumpre bem a sua proposta chubesca de ser: falar sobre amor, imaginação e saudade.

  20. toniluismc
    9 de maio de 2025
    Avatar de toniluismc

    Comentário Crítico do Conto “O Irmão com Asas de Cegonha e Rabo de Lagarto”
    Avaliação por critério: Impacto · Criatividade · Técnica

    📌 IMPACTO: ALTÍSSIMO

    Este é um conto profundamente emocional e simbolicamente potente, que abraça o leitor desde as primeiras frases e o acompanha até o último aceno. A história toca temas universais como pertencimento, perda, luto, adoção e amor fraterno, mas o faz com um lirismo afetuoso e uma delicadeza incomum, que raramente se vê em narrativas contemporâneas.

    O impacto não é construído com golpes dramáticos fáceis, mas com camadas de afeto, imagens poéticas e um senso constante de transitoriedade: a vida como passagem de cometas, encontros preciosos e raros, que deixam rastros de luz mesmo depois da despedida.

    O reencontro final é catártico e simbólico, não apenas como resolução narrativa, mas como reafirmação daquilo que o texto inteiro constrói: sentir mais amor do que saudade.

    🎨 CRIATIVIDADE: EXCEPCIONAL

    A escolha simbólica de um “irmão-anjo-réptil” que caiu do cometa — e que deve reaprender a voar para reencontrar os seus — é fantástica em múltiplos níveis. Gabriel representa o forasteiro, o órfão, o adotado, o diferente… mas também aquele que chega para completar o que falta no outro. Seu corpo híbrido carrega a ambiguidade essencial da vida: é terrestre e celeste, infantil e antigo, estranho e íntimo.

    A metáfora do cometa que passa de cinco em cinco anos é uma solução poética brilhante, quase um haicai narrativo. A imagem do avô com o guarda-chuva mágico que convoca memórias se soma como mais uma camada mágica e nostálgica, evocando o espírito de O Pequeno Príncipe, Ponyo, ou mesmo Meu Amigo Totoro, com um sotaque brasileiro muito bem equilibrado.

    Cada escolha simbólica é rica em significados e coerente com o tom da obra. A criatividade aqui não é só formal ou inventiva — ela é usada com finalidade emocional, transcendendo o encantamento pela forma para tocar a alma.

    🛠 TÉCNICA: MADURA E ELEGANTE

    O texto é longo, mas o ritmo é controlado com maestria. O narrador omnisciente acompanha Vinícius de forma sensível, e sua perspectiva de menino sonhador é transmitida com naturalidade e profundidade. Há um uso magistral do tom entre o poético e o infantil, equilibrando o real e o fantástico com muito cuidado.

    Pontos técnicos de destaque:

    • Linguagem sensível, porém simples, adequada a todas as idades.
    • Descrições líricas memoráveis, como “o avô era feito de nuvem enrugada”, ou “o menino era da cor do barro, com olhos de filhote e rabo de lagarto”.
    • Diálogos com voz própria, sem excessos. O uso de expressões recorrentes como “sintam mais amor do que saudade” cria um fio condutor afetivo e temático.
    • Estrutura emocional impecável: o texto avança em ondas narrativas, com descobertas, perdas, superações e reencontros, tudo dentro de um ciclo simbólico.

    Pequenos ajustes possíveis (sem tirar mérito técnico):

    • Alguns trechos se aproximam do “explicativo”, quando o texto poderia confiar mais na sutileza das imagens já estabelecidas.
    • Há uso recorrente de orações iniciadas com “E”, que poderiam ser suavemente alternadas para não gerar repetição estilística.

    Ainda assim, esses são detalhes que não prejudicam a experiência geral — ao contrário, demonstram o cuidado em não simplificar a profundidade da história.

    🧾 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    “O Irmão com Asas de Cegonha e Rabo de Lagarto” é uma fábula moderna, lírica e emocionante, que fala sobre adoção, saudade e amor entre irmãos com um simbolismo rico e uma linguagem acolhedora. Um texto que encanta crianças, emociona adultos e permanece vivo na memória de qualquer leitor sensível.

    A última linha — “sabia agora que sentia muito mais amor do que saudade” — fecha o conto com precisão e doçura, como uma gota d’água que escorre da asa de um anjo recém-partido.

  21. Antonio Stegues Batista
    8 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    O IRMÃO…

    Sinopse: Criaturinha, metade humano metade animal que vive com a família num cometa, cai na Terra e é adotado por outra família. Ele cresce e vai embora. Como todos os outros contos que li até agora, esse também tem uma lição de moral para criança/adulto. O conto está bem escrito, o enredo não é ruim, mas não me empolgou. Paradoxo. Acho difícil escrever conto com tema infantil para adultos julgar, ainda mais com lição de moral para crianças. Achei que faltou algo mais impactante, uma imersão maior no surreal. De qualquer forma, é um bom conto. Parabéns e boa sorte.

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Publicado às 3 de maio de 2025 por em Liga 2025 - 2B, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .