EntreContos

Detox Literário.

Nunca é a Última Viagem (Nilo Paraná)

1. UM MAPA DESBOTADO

“Como dói essa perna. Ela esquenta, me lembra o calor que sentia invadir meu corpo nas areias escaldantes do Saara. Talvez o médico tenha razão. Talvez eu precise amputá-la. Mas não — por enquanto, não.”
Parece que estou vendo papai falar, com sua voz calma e pragmática:
— Nada é por acaso. Tudo é resultado de suas ações.

Eu tinha apenas seis anos.
Foi nessa época que comecei a sonhar com o mundo — em conhecer tudo aquilo que via no mapa-múndi desbotado, que eu guardava como um tesouro.

Na escola, eu era imbatível em geografia e história. Não me bastava apenas conhecer nomes e ver fotografias: eu queria sentir o vento salgado da Noruega, o aroma das cerejeiras do Japão, ver a aurora boreal.

Agora? Agora mal consigo atravessar o quarto. Minha perna dói. No espelho em frente, vejo um homem curvado, de barba rala e cabelos prateando. Os olhos cansados ainda buscam o desconhecido, além das paredes.”

Mas há pilhas de cadernos à espera — relatos de viagens que preciso catalogar. De todas as vezes que escapei deste lugar, das fronteiras que cruzei… Alguém há de gostar de ler, mesmo achando que é fantasia.

Surge novamente, a imagem austera e calma de meu pai, quando aos dezoito anos, lhe disse que abandonaria a faculdade. Ele não questionou. Apenas franziu a testa desaprovando. Parecia que eu tinha dito que iria saltar de um penhasco. E eu saltei.

2. O CALEIDOSCÓPIO

Primeiro, foi a Europa – mochila nas costas e diário no bolso. Depois, a Ásia, onde aprendi a fazer e saborear o verdadeiro chá. A América do Norte me ensinou que desertos podem ser frios. E muito, muito mais. Viajei trabalhando, de carona, andando. Achei que já tinha visto tudo. Até que, num mercado de pulgas em Sofia, um caleidoscópio de bronze me chamou. Brilhava como um farol. Gastei cada moeda que tinha para levá-lo – e passei a semana seguinte lavando pratos para conseguir meu próximo trem.

Parecia um caleidoscópio normal, com lindos padrões coloridos. Mas, uma certa hora do dia, ao entardecer, com uma luminosidade dourada, ele mostra mais do que cores. Portais, janelas para lugares que meus mapas nunca exibiram. “Nunca entendi exatamente sua magia. Era lindo, mas eu sabiaque tinha algo mais”. Essas palavras estão no meu diário após a primeira “passagem”. Hoje, o médico repete a mesma frase sobre minha perna: Não entendemos a infecção. Não melhora, não piora. É como se… fosse de outro mundo. Se ele soubesse…

Um sorriso teima em surgir com a lembrança do meu primeiro salto. Aconteceu numa praia deserta na Tailândia, num fim de tarde, quando a luz esvanecia num crepúsculo avermelhado. Medo e curiosidade. Que mistura interessante. Foi assim que percebi que podia atravessar com um pulo. Um passo — um salto — E no minuto seguinte, eu via três luas roxas banhando montanhas de neve rosada, aos meus pés, numa relva branca como a neve, pequenos animais peludos, fofinhos a me farejar e me olhando com seus seis olhos curiosos. O espanto me fez recuar. Um passo para trás. De volta a segurança. Foi real ou foi minha imaginação? Esse foi o primeiro, houve centenas de outros.

3. PEDRO E MARCOS

No meu quinquagésimo aniversário,  percebi que era hora de voltar. Foram muitos anos de andanças. Muitos diários. A saudade que sempre carreguei cresceu muito. Meus irmãos já estavam casados e tinham filhos. E agora eu sabia. O universo estava em meu bolso. Podia explorá-lo quando quisesse.  Não precisava mais de viagens. Guardei  cuidadosamente o  caleidoscópio e não toquei mais nele até chegar em casa. Minha família me recebeu com festa. Havia muitas perguntas. Sobre fotos e cartões que mandei. Sobre onde andei. Minha maior surpresa foram meus sobrinhos. Pedro de 11 e Marcos de 9 anos, bebiam minhas histórias como um néctar. Seus olhos brilhavam, como se vissem um herói. Mesmo sendo um herói que usa óculos de leitura e tem um andar manco que oscilava entre a dor e o cansaço. Reorganizar minha vida não foi difícil. Fiquei na casa de meus pais, por algumas semanas, até alugar uma quitinete no centro. Arrumei trabalho num jornal. Sugestões de viagens — era o que eu mais sabia. Minha coluna no jornal chamava-se ‘Roteiros Possíveis’. Ninguém sequer imaginaria que eu conhecia também os impossíveis. Tinha meu trabalho e agora uma vida tranquila.

Será?

Finalmente poderia me dedicar ao que eu queria. Explorar.

O sorriso se alarga. A perna dói, mas a lembrança não.

Como foi difícil no início, entender o caleidoscópio. Aos poucos fui percebendo padrões. Movimentos suaves, um quarto, meia volta ou volta inteira. Cada toque, por mais sensível, mostrava um lugar, um mundo. No início tive muito medo, de ficar preso ou cair em um ambiente perigoso. Às vezes conversava sobre isso com algum colega no trabalho  e via a expressão de ceticismo em seu rosto. Sorrisos sarcásticos e cochichos pelos cantos. As pessoas começaram a me evitar. Houve um tempo que isso me machucou muito. Tentar argumentar  era ainda pior. Já era considerado esquisito e isso piorou tudo. Poucas pessoas tiveram algum vislumbre ou pelo menos uma dúvida da veracidade, muito poucos, é verdade, mas isso não fazia diferença, podia ser apenas um, ou nenhum. Todavia, me agradava quando perguntavam sobre os mundos. Ainda que fosse troça, era prazeroso descrevê-los. Também comecei a perceber que cada viagem tinha seu preço. Ocaleidoscópio cobrava em tempo: cada viagem me envelhecia um pouco. Cada giro consome um tempo de vida, mesmo que só o observe, sem saltar. Não me importei muito com isso. Os sintomas vieram lentamente.

Passei a conversar normalmente com as pessoas. Depois que entendi que os adultos jamais aceitariam minhas  experiências, parei de comentar sobre os eventos e logo pararam de me evitar. Conversava sobre  política, economia e essas coisas que interessam aos adultos. Até futebol aprendi, para ter mais assuntos. Mas com as crianças… ah, com essas eu podia falar, contar tudo e ver seus olhinhos cintilarem.

Meus sobrinhos eram meus principais ouvintes. Me apresentaram vários amigos que passaram a se interessar pelas histórias.

— Tio João! Conta de novo do dragão!
— Ah, o grandalhão vermelho? Aquele que parecia um ônibus com asas?
— Esse mesmo! Ele quase te comeu, né?
— Quase. Mas eu fui rápido. Era maravilhoso ver aquele animal enorme voando. Seu corpo vermelho e as asas negras rasgando as nuvens. A cauda era enorme, acho que era para o equilíbrio, assim como a rabiola de uma pipa. Esse foi o lugar que fiquei menos tempo. Quando ele se virou e voou para o meu lado, eu pulei de volta rápido.

— Devia ter ficado mais, que outros animais não deveriam ter num mundo desses, não acha?

— Pode ser, mas quero ver quem é corajoso na frente de um dragão voador.

Isso tornou-se um hábito. Todo sábado, quando não estava “saltando”, estava contando histórias. Sempre para Pedro e Marcos, mas muitas vezes a plateia era maior.

Tinha tanto prazer em conhecer novos mundos, como falar deles. Acabei virando professor de história. As crianças amavam minhas “aulas.” Tanto no jornal como na escola acostumaram-se com minha claudicação, meu passo lento e minha voz pausada.

Adquiri uma rotina. Usava o caleidoscópio apenas nos finais de semana. Sempre que pretendia usá-lo, avisava a todos que iria passar o fim de semana fora, na praia ou qualquer outro passeio. Assim tinha a certeza de não ser incomodado.

Alguns giros leves para a direita — voilà: mundos de florestas misteriosas, desertos dourados, oceanos sem fim, savanas com múltiplos sóis. Um atlas inteiro dentro de um cilindro de bronze. Quando não “saltava”, usava meu tempo para catalogar os diversos mundos.

Até isso meus sobrinhos gostavam, ler as fichas enquanto eu as ordenava.

— Por que não trouxe coisas diferentes, como o bichinho de seis olhos? Assim todos acreditariam no senhor.

— Um dia você vai entender, sobrinho. Quem não acreditava em mim ainda assim duvidaria. Pensaria que fiz algum truque. Prefiro assim, ser apenas um contador de histórias.

— Podia pelo menos tirar umas fotografias — resmungou  Pedro.

Na semana seguinte, estão os dois pequenos sentados no sofá.

— Qual a história de hoje tio João?

— Que tal tomarmos um sorvete primeiro?

— Eba, — gritam os dois.

Na sorveteria, Pedro zomba: — Imagina um mundo de sorvete, seria perfeito.

— De sorvete não tem, mas de gelo é bastante comum. Mas os melhores são os diferentes. Imaginem só, luzes sólidas que se transformam em música.

— E como se machucou tio?

4. O ESPINHO DE CRISTAL

De imediato vem a lembrança do mundo que apelidei de floresta. Parecia ser num bosque vivo, árvores frondosas, muitos arbustos e grama alta. Me senti muito à vontade ali. Uma brisa suave deixava a tarde muito prazerosa. Caminhei um pouco admirando a vegetação. Uma exuberância de cores. Árvores com frutos. Após andar um pouco senti sede e me dirigi até um riacho de águas límpidas, que corriam entre seixos e bebi a água mais saborosa da minha vida. Ela parecia doce. Subindo rio acima encontrei uma pequena cascata. Na sua margem uma vegetação vítrea refratava o sol em uma miríade de cores. Cheguei bem perto: os espinhos cantavam como cristais ao vento. Poderia passar horas ali ouvindo. Ao me levantar raspei a perna num dos espinhos de vidro. Senti um choque, uma dormência súbita. Como uma agulha de gelo subindo pela veia, como se o cristal me invadisse. Voltei claudicando pela dor. Em casa, a nova surpresa: minutos passados lá foram seis horas aqui. Talvez pela aceleração do mundo, a infecção tenha avançado tão rápido. Isso me entristecia: já se passara mais de um ano e não melhorou nada, pelo contrário, estava piorando. As vezes penso que aquele mundo não quer ser esquecido. Não quero assustar os meninos, mas fico me perguntando: “Valeu a pena?”

— Depois conto a vocês onde me machuquei, vamos relembrar hoje de mundos mais alegres.

E passamos a tarde toda conversando sobre o mundo número um, das três luas. Voltei a ele várias vezes. Os animaizinhos que chamei de tilks tinham uma pelagem macia. Variavam de coloração entre o branco  e o cinza claro, alguns com pintas pretas ou beges. As grandes orelhas em constante movimento. Corriam e pulavam sem medo, curiosos de tudo que se movia. Já era quase noite quando os entreguei em casa com a promessa de novo encontro na semana seguinte.

5. QUEM TUDO ABANDONAR…

Ao me despedir me surpreendi quando Pedrinho observou: — Seu cabelo está mais branco, tio, o senhor está parecendo mais velho. — Não é nada Pedrinho, eu só estou cansado. Mas isso me incomodou. Voltei para casa e no banheiro percebi. Mais rugas, menos cabelo — o veredito do espelho era implacável. Os saltos estão cobrando seu preço. O dia seguinte passei em casa absorvido com minha catalogação. Tantas fichas, tantos mundos  e nenhum que achasse  a cura para minha perna. Ao entardecer parei para descansar, observando o caleidoscópio sobre minha mesa, ele tinha um brilho próprio. Gostava de tê-lo em minhas mãos. Intenso como uma peça preciosa. Na sua base uma inscrição em sânscrito. Em letras muito miúdas, quase imperceptíveis. Demorei anos a traduzir: “Quem tudo abandonar tudo conhecerá “. E eu realmente abandonei tudo. Os saltos foram minha vida. Será que agora, por estar recuperando minha família, principalmente meu sobrinho, seja o motivo da minha perna estar piorando tão rapidamente?  Minha conexão com o caleidoscópio está enfraquecendo ou é a cobrança pelo meu afastamento? Mas as viagens estavam em meu sangue. Continuei saltando. Pedrinho e Marcos iam com mais frequência a minha casa. Marcos mais curioso, frequentemente pegava o caleidoscópio, embora eu não gostasse. Enquanto catalogava, ele mexia, até que o derrubou no chão. Colocou rapidamente sobre  a mesa. Mas isso me irritou. Pedi a Pedro que trouxesse para mim, que eu iria guardá-lo. Nesse momento aconteceu. Pedro vinha trazendo-o da mesa até onde eu estava, e vi seu olhar de pavor quando desapareceu. Foram os mais longos três segundos que já vivi. Eu confesso, fiquei em pânico, sem reação. Meu coração parou, se ele não voltasse eu seria o culpado. Quase desmontei quando Pedro reapareceu no meio da sala. Lívido. Trêmulo.

— Eu… eu viajei, tio. Seus lábios estavam secos, o cabelo empapado de suor.— Tinha… coisas lá, tio. — Ele não parava de tremer  — Coisas que me olhavam de dentro das dunas.Meu sangue gelou. Era muito raro um mundo perigoso. Ou será que fui eu que não percebi?”

Corri ao seu lado. — Como você está? O que aconteceu?

— Eu fui para outro lugar. Parecia um deserto. O sol muito quente. Mas a areia era verde. O vento vazia a areia pinicar minha perna. Tinha uns arbustos secos azulados. Fiquei com medo de não voltar.

Falando suavemente com os dois sugeri que não contassem a ninguém. Os adultos não costumam entender essas coisas.

— Por que o Pedrinho viajou e eu quando pego nele não viajo?

— Não sei Marcos. Esse caleidoscópio é muito antigo. Eu o considero uma chave. Ainda não o entendo totalmente. Como aconteceu comigo, quando o vi pela primeira vez, parece que ele me chamou. O dono nem queria me vender. Só concordou em se desfazer  quando ele brilhou na minha mão.

A catalogação perdeu um pouco a prioridade com o agravamento da minha perna. Mas não parei de saltar. O envelhecimento agora era mais evidente. Mais rugas apareceram em meu rosto. Minha força física diminuiu. Quem drena minha vida, os mundos ou o caleidoscópio?

Minha intenção era deixar o caleidoscópio com meu sobrinho. Agora já não tinha tanta convicção. Comecei a mostrar a Pedro onde estavam meus rascunhos, meus diários, os mundos catalogados. Não sei se ele percebeu que eu estava lhe passando minhas experiências, minha vida. Passei um tempo explicando o funcionamento do caleidoscópio, suas nuances, pequenos segredos. Ele estava quase tão obcecado quanto eu. Parece uma tolice, mas sinto como se o caleidoscópio me forçasse as vezes. Influenciasse minhas decisões. Tenho medo de que isso aconteça com Pedrinho.

Afinal me decidi. Iria destruí-lo.  Ou melhor, abandoná-lo. Seria minha última viagem. Entrei disposto a deixá-lo. Porém, quando eu o largava e me preparava para voltar, o portal fechava-se. Tentei diversas vezes sem sucesso.  Pensei em outra solução, não voltar. Fiquei três semanas num mundo aprazível, de clima ameno, muitas árvores frutíferas. Não suportei a solidão absoluta. Retornei. Aqui passaram-se  apenas três horas. Jurei para mim que essa havia sido a última viagem. Não olhava mais o objeto com carinho, agora tinha medo.

Meu quadro agravou-se rapidamente. A piora era visível. Mal conseguia sair da cama. Nada mais me restava a não ser esperar o fim. Eu estava em paz, afinal, vivi como quis. A família toda me visitava com frequência.  Os meninos eram companhia constante.  

— Você está vendo o resultado das viagens, Pedro. Estou com a aparência de seu avô. Além do envelhecimento, ainda há o perigo de mundos desconhecidos.  O preço é alto demais. Precisamos  nos livrar do caleidoscópio. Vou deixar com você. Prometa-me que vai destruí-lo.

Ele hesitou. Vi nos seus olhos a mesma centelha que tive no mercado de Sofia.

— Prometa, por favor, eu preciso ter essa certeza para ficar em paz.

— Eu prometo, tio.

Mentimos os dois.

Eu, por saber que ele não resistiria.

Ele por acreditar que poderia.

(E nessa noite João morreu).

6. CICLO

Pedro ficou inconsolável. Nos primeiros meses cumpriu a promessa. Escondeu o caleidoscópio no fundo de uma gaveta. Não contou nem à Marcos. Passou um tempo isolado, não queria companhia.  Evitava brincadeiras, inclusive com marcos, seu constante parceiro. Quase perdeu o ano escolar. Mas o tempo, sagrado remédio, lentamente coloca nossos sentimentos no lugar.

Passaram quase seis meses. Na véspera de finados, os  pais o convidam para levar flores no túmulo do tio.

— Não quero ir, pai, isso me deixa mais triste.

Sozinho, no quarto, ele chora copiosamente. Adormece com o rosto úmido. Quando acordou, já anoitecia. Uma luz violeta brilhava da escrivaninha.

— Eu prometi… — Pedro balbuciou para si, lembrando o rosto triste do tio naquela última noite. Então ouviu. Uma música vinda do objeto. Era linda. Como uma promessa.

Pedro sorriu, exatamente como o tio sorria. Segurou o caleidoscópio e o girou. Pela primeira vez.

Sobre Fabio Baptista

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36 comentários em “Nunca é a Última Viagem (Nilo Paraná)

  1. Bia Machado
    14 de junho de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Olá, tudo bem? Nossa, amei sua história, nem precisei de caleidoscópio para viajar. Quantos detalhes, tão vividos! Daria um livro infantojuvenil, que eu e meus alunos leríamos e ele estaria sempre à mão na nossa caixa de leitura. Se quiser trabalhar mais nele e precisar de alguém para revisar, me ofereço. No casos da revisão, algumas coisas passaram, também o anúncio da morte do João penso que não precisaria estar daquela forma, poderia ser colocado em um capítulo, só a frase mesmo (nessa hora quase caiu uma lágrima aqui e eu disse pra mim: “ah, nããããoooo). E dali em diante, outro narrador. Mas Parabéns!

    • Nipar
      17 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Obrigado Bia pelos comentários, e pela oferta. Revisão é o meu inferno astral. Mas tenho melhorado muito com as IAs, em alguns contos que fiz depois deu uma melhora sensível. Novamente obrigado.

  2. Marco Saraiva
    13 de junho de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    A história de João, um homem que, fascinado pelo que o mundo tinha para lhe oferecer, viajou não só pelo planeta terra, mas também por diversos outros mundos. A história é tocante, fala de uma solidão que poucos entendem. Eu mesmo passo por algo parecido: moro fora do Brasil, toda a minha família e os meus amigos mais íntimos ficaram para trás. Mas quando falo para eles que me sinto sozinho e penso em voltar, eles não entendem: para eles, parece que estou vivendo um eterno grande sonho. A história de João é a mesma, porém elevada a décima potência. As suas viagens são o seu chamado, e isso cobra o preço. No conto, o preço vem na forma de tempo de vida perdido, o que, para mim, é uma metáfora para o que acontece quando você foca demais nos próprios sonhos e negligencia as suas conexões pessoais. João viveu o sonho de viajar não só pelo mundo, mas pelo multiverso, mas o preço é ficar longe da família e amigos, perder o crescimento dos sobrinhos, os momentos-chave das vidas dos seus entes queridos. Uma ferida que crava na pele e não cura nunca.

    E a viagem para ele é um vício. É o seu chamado, algo que não pode negar. Então mesmo que visse todas as consequências, o caleidoscópio o chamava. Sempre algo novo para ver, sempre algo novo para sentir, quase como um viciado químico. É uma história triste, que termina num fechamento agridoce: Pedro assume o controle do caleidoscópio e, se por um lado o leitor sorri ao imaginar o quão fantásticas as aventuras do menino devem ser em outros mundos, ao mesmo tempo o leitor sabe o preço que ele terá de pagar por elas.

    O conto não pode ser resumido melhor do que pelas palavras em sânscrito escritas no caleidoscópio: “Quem tudo abandonar, tudo conhecerá”.

    NOTAS:

    • A princípio achei que havia confusão no tempo da narrativa, as vezes narrada do pretérito, as vezes no presente. Mas numa releitura entendi que estas mudanças foram propositais, para visualizarmos o João mais velho e o João mais novo; um tempo narra flashbacks, o outro narra o presente, o que é genial. Ainda assim, achei que os saltos constantes na linha temporal da narrativa confundiram um pouco a leitura.
    • O conto não bate bem com nenhum dos temas do desafio. Apesar de tentar ser um conto infantil, trabalhando a dinâmica entre tio e sobrinhos, o conto tem um estilo de leitura mais adulto, e uma atmosfera melancólica. Não ajudou que o nome do autor faz referência a uma destilaria de Whisky (rs rs rs). E não é fanfic também, até onde consigo pensar.
    • Nipar
      17 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Obrigado Marcos, pela leitura e comentários bem colocados. Na verdade, o conto não é infantil, mas poderia ser classificado juvenil (também aceito como tema), e o nome é mais por ser “andador” do que pela bebida…rssss

  3. Leo Jardim
    12 de junho de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐⭐▫▫)

    Pontos Fortes:

    • Premissa Original – A ideia do caleidoscópio como portal para mundos paralelos é cativante e bem explorada.
    • Estrutura Circular – A transmissão do objeto para o sobrinho fecha o ciclo de forma poética, sugerindo um destino inevitável.
    • Progressão de Tensão – O agravamento da perna e o envelhecimento precoce criam um senso de urgência crescente.

    Pontos de Melhoria:

    • Ritmo Irregular – A introdução é lenta (ênfase excessiva nos mapas e infância), enquanto o desfecho (morte de João e decisão de Pedro) parece acelerado.
    • Mundos Subutilizados – Os universos visitados poderiam ter maior relevância na trama (ex.: a infecção da perna desencadear uma crise interdimensional).
    • Motivação de Pedro – Falta aprofundar por que ele quebra a promessa tão facilmente (medo de perder a conexão com o tio? fascínio herdado?).

    📝 TÉCNICA (⭐⭐▫▫▫)

    Acertos:

    • Voz do Narrador – O tom melancólico e introspectivo de João Walker combina com seu arco de viajante desgastado.
    • Flashbacks Eficientes – As memórias do pai e da primeira viagem são inseridas com naturalidade.

    Erros/Oportunidades:

    • Inconsistência Temporal – Alternância entre passado e presente sem justificativa narrativa clara (ex.: “Na semana seguinte, estão os dois pequenos sentados no sofá”).
    • Pontuação e Grafia – Diversos erros (vírgulas ausentes, frases truncadas como “mas eu sabiaque”).
    • Narração do Clímax – A morte de João entre parênteses (E nessa noite João morreu) merecia uma cena mais impactante.

    🎯 TEMA (⭐▫)

    • Não Identificado como Fanfic – Não há referências claras a obras existentes.
    • Exploração Superficial – Apesar do potencial, temas como o preço da curiosidade ou a herança familiar não são aprofundados.
    • Foco em Aventura – Prioriza a descrição de mundos fantásticos em detrimento de reflexões mais sutis.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐▫)

    Destaques:

    • Mecânica dos Saltos – A ideia de que o caleidoscópio drena tempo de vida é original e sombria.
    • Mundos Variados – Criatividade nas paisagens (três luas, florestas de cristal, dunas verdes).

    Oportunidades Perdidas:

    • Regras Claras – Falta explicar por que Pedro consegue usar o objeto (sangue familiar? inocência?).
    • Simbolismo – O caleidoscópio poderia representar melhor vícios ou obsessões (ex.: como uma droga que consome o usuário).

    🎭 IMPACTO (⭐⭐⭐▫▫)

    Por Que Funcionou:

    • Cena Memorável – A primeira viagem de Pedro (e seu terror ao voltar) é o momento mais forte do conto.
    • Ambiguidade Perturbadora – A sugestão de que o objeto escolhe seus usuários deixa o leitor inquieto.

    O Que Limitou:

    • Emoção Contida – A morte de João é tratada com frieza, dificultando a conexão emocional.
    • Final Previsível – A repetição do ciclo (Pedro cedendo à tentação) era esperada; uma reviravolta poderia supreender

    Observação Final: A história tem potencial para crescer com ajustes de ritmo, aprofundamento temático e polimento técnico. O cerne — a relação entre aventura e custo existencial — é forte e merece mais destaque.

    • Nipar
      17 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Obrigado Léo, pela leitura e comentários, embora não concorde com todos, rsss. Mas sempre nos leva a reflexões. Como um conto juvenil, creio estar dentro do tema. Minha interpretação. Absolutamente correto foi a análise sobre a revisto que foi um desastre, mas que não ocorrerá novamente.

      • Leo Jardim
        17 de junho de 2025
        Avatar de Leo Jardim

        Verdade, o conto pode ser considerado infantojuvenil. Não tinha pensado nisso durante a leitura, talvez pelo protagonista idoso e machucado no início.

        Ainda bem que não dei nota no seu conto rsrs

        (mas darei na próxima rodada)

        Grande abraço!

  4. Priscila Pereira
    10 de junho de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Ola, Nilo! Tudo bem?

    Gostei bastante do seu conto! Um juvenil muito legal! Eu gosto muito de histórias sobre outros mundos, outras dimensões, e até já escrevi sobre isso, então gostei muito da sua história!

    Os personagens estão bem críveis e interessantes. A descrição dos mundos ficou ótima!

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    • Nipar
      17 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Oi Priscila, parece que foi bem fácil descobrir, né? Gostei muito de fazer esse conto, infelizmente a revisão foi trágica. Melhorei muito com uso de IAs para esse fim. Ah, meus parabéns, seu conto foi ótimo, um dos melhores mesmo.

  5. Alexandre Costa Moraes
    8 de junho de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Olá, entrecontista!

    Li seu conto com grande prazer. A história tem um ritmo envolvente e cativa desde o início com sua proposta de aventura. A linguagem infantojuvenil remete a clássicos do gênero, como os de Júlio Verne, sobretudo pela imaginação e pelas referências às viagens a lugares inusitados. Cada nova parada aguça a curiosidade do leitor e mantém o encantamento com o que está por vir.

    O tio viajante é uma figura encantadora. Mesmo com as marcas do tempo se acentuando a cada travessia, ele não perde o desejo de continuar explorando. Isso cria uma bela tensão entre a juventude da imaginação e o peso do envelhecimento físico. A relação dele com os sobrinhos, Pedro e Marcos, é um ponto muito forte. Há carinho, admiração e um senso de legado emocional ali. É comovente perceber como essas crianças se tornam um alento para ele, um presente silencioso diante da solidão que se insinua.

    O conto também se destaca pelo seu poder visual. As descrições das viagens, dos lugares e dos momentos mágicos são bastante imagéticas. O caleidoscópio, nesse sentido, é uma escolha simbólica e poética muito feliz. Ele carrega fantasia, nostalgia e um convite à descoberta. Funciona como elo entre o tio e os meninos, mas também como um portal narrativo que amplia a imaginação do leitor.

    Do ponto de vista técnico, a estrutura segmentada ajuda bastante na condução da leitura. Há apenas dois pontos que poderiam ser ajustados. Em um momento, há uma oscilação na condução do narrador, como se houvesse uma troca de perspectiva sem sinalização clara. Além disso, uma revisão final ajudaria a corrigir pequenos deslizes que não comprometem o todo, mas dariam um acabamento melhor ao texto.

    De forma geral, gostei muito da proposta e da execução. Foi um dos contos que mais me marcou na série C. Parabéns pela criatividade e pelo equilíbrio entre aventura, emoção e imaginação. Desejo boa sorte no desafio.

    Um abraço.

    • Nipar
      13 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Obrigado Alexandre, pela leitura e avaliação. E também pelas dicas. Houve sim uma troca de narrador no final da história, foi a isso que se referiu? Foi muito interessante tua análise. Valeu.

  6. Andre Brizola
    8 de junho de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, John!

    Seu conto não é um dos meus obrigatórios do desafio, mas resolvi investir um pouco mais de tempo para ler e comentar mais alguns contos, já que ainda há prazo para tal. E fiquei satisfeito por me deparar com esse aqui, pois foi algo divertido de ler. Nos meus contos obrigatórios fiz um esquema de comentário mais organizado, para ser mais prático e ágil. Farei algo semelhante aqui.

    Técnica – Em primeiro lugar, não deixe que qualquer reclamação da divisão por capítulos te afete. Conte a sua história da maneira que quiser contar. Acredito que o autor, para atingir o objetivo com a sua história, tem que utilizar todos os recursos disponíveis, e a divisão por capítulos e um desses recursos. Gosto disso, e gosto ainda mais da liberdade de se poder fazer isso. Achei que a divisão que você fez foi muito pertinente para o enredo, pois as passagens de tempo são grandes, e o texto corrido teria comido parte do entendimento. Por outro lado, seus parágrafos são bastante grandes e densos, com muitas informações em cada um, o que gera uma necessidade de absorção muito maior. Minha opção seria ir num caminho de mais parágrafos, suavizando o nível de inserção de novidades para o leitor de forma mais gradual. Também há alguma revisão mais apurada a ser feita, ok?

    Enredo – As viagens de João geram um enredo interessante, que me lembram algo de Michael Ende e Philip Pullman, nessa linha infanto-juvenil. Sobretudo pelo final, com aquele gosto um tanto quanto agridoce, que os dois autores que citei também fazem. Acho que tudo casou muito bem com o clima que foi estabelecido na primeira parte da história, e o desenvolvimento do conto segue esse rumo de forma bastante coerente.

    Tema – Para este desafio a ideia era desenvolver um conto que fosse fanfic (que não foi o caso) ou chubesco, que entendemos como infantil ou infanto-juvenil. Seu conto pode ser encaixado como infanto-juvenil, mas há uma linha tênue aí, pois tradicionalmente, livros desse gênero tem como protagonistas personagens cujo público alvo possa se identificar de forma mais imediata, e um senhor de cinquenta anos não é esse protagonista. Ainda mais doente e se aproximando da morte. Então, ok, forçando a barra, podemos entender que o tema foi atendido. Mas não muito.

    Gosto do conto, é bem escrito e bastante divertido. Tem um enredo interessante e se envereda por uma linha fantástica gostosa de ler e de imaginar. Há alguma revisão a ser feita, e entendo que ele poderia ser menos denso na forma como foi estruturado. E tem a questão do tema, que é algo importante pra mim, e me faria tirar pontos aqui, se eu estivesse avaliando o conto. Mas, como não estou, fica apenas o toque, que pode ser simplesmente ignorado, ok?

    É isso, boa sorte no desafio!

    • Nipar
      13 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Obrigado pela leitura e comentário, André. Esse conto foi escrito sem nenhuma pressão, nada de competitivo, então aproveitei e fiz várias experiencias. Acho que vou querer continuar na C, é mais prazeroso escrever assim…rsss. Valeu pelos comentários.

  7. cyro eduardo fernandes
    7 de junho de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Ótima narrativa, com detalhes construindo bem os cenários. Daria um bom roteiro para um filme infantil.

    • Nipar
      17 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Obrigado Cyro, pela leitura e comentário.

  8. JP Felix da Costa
    7 de junho de 2025
    Avatar de JP Felix da Costa

    Conto muito bem escrito que se enquadra no género YA, me parece. Não sendo um género que me atrai muito, achei-o muito interessante. Uma história de viagens e aventuras, mas que é muito mais do que isso. Um caleidoscópio mágico com a particularidade de abrir portais para outros mundos, mas apenas aos utilizadores que ele escolhe. Isto confere ao caleidoscópio uma personalidade, não sendo apenas um objeto com uma particularidade. Ele escolhe. Qual o motivo, ninguém sabe. Uma bênção ou uma maldição? Um objeto mágico que troca portais por tempo de vida, quase como se precisasse de energia vital para funcionar. Valerá a pena o preço a pagar? O envelhecimento e o isolamento dos restantes? O conto apresenta todas estas perguntas, mas não dá respostas, porque quem tem de responder é quem usa o caleidoscópio. Um objeto indestrutível, simplesmente porque quem o detém é incapaz de o destruir. E quando o seu detentor começa a fraquejar, o caleidoscópio procura um novo “hospedeiro”.

    Fica a questão, o objeto mostra outros mundos, mas, para isso, cobra “entrada”, ou alicia com a passagem a outros mundos para se alimentar de quem o usa?

    Achei muito interessante esta história porque, por um lado, conta-nos sobre viagem fantásticas a mundo maravilhosos, por vezes até mesmo perigosos, mas, por outro, apresenta-nos um enigma para o qual não há resposta. Um mistério que vem do passado e que continuará sempre indecifrável.

    • Nipar
      7 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Obrigado pela leitura e comentários Felix.

  9. Sarah S Nascimento
    26 de maio de 2025
    Avatar de Sarah S Nascimento

    Olá, John!Eu gostei demais das descrições, as três luas roxas ou os animais fofinhos com seis olhos! Caramba, é muito bem feito pra gente se ver lá junto com o protagonista. Senti pena dele quando percebi que o problema na perna devia ser algo que ele contraiu em outro mundo, ou seja, talvez não pudesse retornar pra ter um remédio.Nesse terceiro trecho onde mostra os sobrinhos, me senti tão conectada com esse protagonista! Não sei se foi essa vibe de professor de história, ou a vontade de ser uma das pessoas ouvindo as inúmeras histórias dele sobre explorar outros mundos, mas gostei demais desse desenvolvimento. E essa questão dele aprender sobre futebol pra poder falar com os adultos sobre temas de adultos. risos. Isso é tão verdade as vezes! Me identifiquei.Eu adoraria escutar as luzes sólidas que viram música! Isso me pareceu tão diferente e interessante! Eu acho que eu seria uma das adultas que ouviria as história desse cara com avidez! Pena que eu nunca teria coragem de entrar no caleidoscópio junto.Essa parte em que o Marcos derruba o caleidoscópio! Ai, senti a dor aqui! Nossa, agora que o pobre do professor surta!Eu pensei que o objeto tinha quebrado! Ainda bem que não, mas coitada da criança que foi obrigada a ir explorar um dos mundos, e pelo visto não era um muito bom. Essa pergunta sobre quem está drenando a vida do professor, se os saltos, os mundos ou o caleidoscópio foi muito boa. Eu pensei que o homem ia sossegar tendo essa infecção! E Ainda mais depois do próprio sobrinho ter feito um dos saltos. Mas quem pode culpar o cara? Se você tem a possibilidade de ir pra mundos diferentes do nosso, como ia resistir a dar uma olhada neles?Terminei de ler agora, fui comentando ao longo dos trechos.Que conto gostoso de ler! Eu queria mais, queria ver como o Pedrinho ia lidar com os mundos, o que ele encontraria, se ia se repetir a história do tio, ou seria diferente. Que conto incrível!Como já citado, suas descrições são maravilhosas, me senti dentro da história, ou sendo como o Pedrinho e o Marcos, ou desejando ser o próprio professor e conhecer esses lugares tão exóticos. Foi um conto que me passou um sentimento tão bom e as reflexões dele sobre o preço a ser pago por esse tipo de experiência extraordinária foi um ponto marcante pra mim. Um ponto negativo pra mim foi sua estrutura com trechos enumerados e títulos. Me atrapalhou porque eu precisava compreender que estava pulando do trecho em que o protagonista era uma criança que gosta de geografia e história e tinha um mapa desbotado, pra um adulto que viajava por vários países e encontrou um objeto magnífico e mágico. Eu precisei ir parando para absorver cada cena e não pude ler de forma contínua sabe?Mas foi um conto maravilhoso, eu amei!

    • Nipar
      7 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Obrigado pela leitura e comentário, Sarah. Sabe, gostei de estar na série C, pois assim escrevi sem pressão, apenas pelo prazer de escrever. Claro que isso não justifica os erros principalmente de revisão. Vou fazer uma revisão à posteriori…rssss

  10. Kelly Hatanaka
    23 de maio de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    É uma fanfic?  Mas de que? Gostaria de saber, achei a ambientação bem interessante, meio Julio Verne.

    Um bom conto, interessante e com descrições muito bem feitas.

    Gostei.

    Meu único porém é para  a troca de narração. O conto começa com narração em primeira pessoa e, após a morte do narrador, muda para a terceira pessoa onisciente. Acho que esta quebra fica confusa. Talvez, sem a parte 6, teria terminado melhor, e sem “João morreu” na parte 5. Afinal, é João quem está contando a história…

    De qualquer forma, é um ótima história.

    • Nipar
      7 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Oi Kelly, obrigado pela leitura e comentário. Não é fanfic, eu classificaria como infanto/juvenil. A troca de narrador foi uma invenção, rsss. Nunca tinha feito algo igual. Claro que existiriam inúmeras possibilidades diferentes, enfim, foi uma tentativa.

  11. Luis Guilherme Banzi Florido
    10 de maio de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa tarde!

    Gostei do conto! Uma bela história de aventuras, um conto infantil / infanto-juvenil que me lembrou, em essencia, o pequeno principe. Gostei muito de como o conto é visual, imagetico. É possivel visualizar com clareza cada um dos muitos mundos descritos pelo tio. É gostoso percorrer essas jornadas com ele, dá vontade de saber onde ele vai em seguida. E o ponto forte do conto é que ele nao é só sobre isso. Nao é apenas uma sucessão de visitas a mundos diferentes. Existe um fio narrativo que conduz a historia, e que é bem construido, tambem. É possivel entender os sentimentos do protagonista, seu vinculo com o mundo real e os ficticios, como esses vinculos mudam com o nascimento dos sobrinhos, seu envelhecimento, as duvidas existenciais e fisicas, etc.

    Um unico porem é a revisao do conto, que acabou deixando a desejar um pouco. Quero dizer, o conto tá bem escrito, voce escreve bem. Mas em algum ponto no final, a revisao desanda bastante, o que me sugere que o tempo foi acabando e voce precisou mandar como estava. Tem varios errinhos, como escrever marcos em letra minuscula.

    Alem disso, falando sobre a escrita, achei que tem alguns paragrafos que sao longos demais. Acho que quebra-los deixaria o conto mais agil e dinamico.

    Os dialogos sao muito bons, sao realistas e criveis, gostei.

    Enfim, um bom conto, interessante, empolgante, imagetico. Com uma revisao mais apurada (que é a parte mais facil), fica redondinho.

    Parabens e boa sorte!

    • Nipar
      7 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Ola Luis, obrigado pela leitura e comentário. Concordo totalmente com você, a revisão deixou muito a desejar. Esse conto é antigo, agora tenho feito correções com IA com muito melhor resultado.

  12. Antonio Stegues Batista
    10 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Sinopse: Homem compra caleidoscópio mágico que o transporta para mundos paralelos. Mas as viagens têm um inconveniente, a cada passagem ele perde alguns anos de vida

    Gostei do enredo, o conto está bem escrito, também os diálogos. Só não gostei da inserção de capítulos num texto curto. Não há regras proibindo dividir o conto em capítulos, é apenas gosto pessoal. Capítulos fica bem em romances, histórias compridas, quando há múltiplos ambientes, personagens e ações inseridas em tempos e lugares diferentes O conto se insere no tema infantil, já que tem personagens e gênero infantil. Parabéns e boa sorte.

    • Nipar
      7 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Boa tarde, Antonio. Obrigado pela leitura e comentário. Realmente o conto é pequeno para ser dividido em capítulos. Foram tentativas, experiencias, assim como a mudança de narrador.

  13. Raphael Polimanti
    7 de maio de 2025
    Avatar de Raphael Polimanti

    Não sei qual foi a primeira intenção de “mensagem” da história e talvez pouco importe.

    Achei uma das mais bonitas sobre o contraste infância e maioridade que já li. Me lembra Abarat do Clive Barker, ao invocar essa coisa clássica dos mundos fantasiosos como a descoberta da diversidade de belezas de tudo.

    Entretanto, os pequenos elementos, como o caleidoscópio, os cristais cantantes, o envelhecimento pelo uso recorrente do “objeto de fantasia” me fizeram sentir mais ligado a história e aos personagens.

    No final, esse sentimento de que o pequeno que vivencia a multiplicidade dos mundos se torna cada vez mais puído, e que isso seja inevitável, é uma dor existencial, ao mesmo tempo fascinante.

    Isso lembra também o jogo Passage, um jogo antiguíssimo do Jason Rohrer (https://hcsoftware.sourceforge.net/passage/ aqui, a quem interessar jogar) em que, tal qual aqui, viajar cenários é ao mesmo passar o tempo.

    Visitar é envelhecer, mas também viver.

    E quando o garoto percebe a morte do tio… Aí acho que tem um detalhe final letal. Quando percebemos a morte de quem nos traz tanta vida e amor, é que temos o ímpeto de viver, então ele pega o caleidoscópio e vai ele começar de novo as visitas.

    • Nipar
      7 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Ola, Raphael, obrigado pela leitura e comentário. Gostei bastante da tua análise.

  14. Thiago Amaral
    6 de maio de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Oi, tudo bem?

    Achei o conto bem sólido. O começo, por termos várias perguntas, nos envolve e nos faz querer saber mais. O que aconteceu com a perna dele? Qual a relação com o pai? Que tipo de viagens ele fez, afinal? Com o tempo, vamos tendo as respostas.

    E a viagem da vida de João, por ser bem narrada, é agradável ao leitor, apesar do fato de ele estar se deteriorando a cada salto. Tudo é explicado de maneira clara, e as descrições dos mundos são simples, mas vívidas. Talvez pudessem ser mais diferentes, mas aí pode ser que tirassem o foco da história.

    O que pude notar na sua escrita que talvez possa ser trabalhado é que em alguns trechos há o uso constante de frases bem curtas, o que dá um tom meio robótico pro narrador. Como o primeiro parágrafo da parte 3, por exemplo. Pelo menos foi a impressão que tive.

    Outra coisa que estranhei foi entrar um narrador onisciente no final da história e continuá-la, já que João faleceu. Essa parte me confunndiu um pouco, e eu tive que voltar pra lembrar que João que morreu era o protagonista!! kkk Além de achar o recurso estranho (pelo menos nesse texto), não me pareceu tão necessário, já que esse epílogo não adicionou muito pra história. O final da parte anterior já havia terminado forte e com a mesma mensagem:

    “Mentimos os dois.

    Eu, por saber que ele não resistiria.

    Ele por acreditar que poderia.”

    Talvez, adicionando algo que poderia dar a entender que João morre (e isso visto em primeira pessoa, como sua última viagem, talvez) poderia ficar melhor, e sem o recurso. Será que fica muito clichê ver a morte como a viagem derradeira? Eu usei essa metáfora uns desafios atrás kkk.

    Bom, essas foram minhas impressões do conto. Se eu fosse votar na C, teria uma boa avaliação.

    Obrigado pela contribuição, e boa sorte no desafio.

    • Nipar
      7 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Olá Thiago, obrigado pela leitura e comentário. Valeu pelas dicas. Sobre a mudança de narrador, foi uma experiência, aparentemente pouco aceita… rsss.

      • Thiago Amaral
        8 de junho de 2025
        Avatar de Thiago Amaral

        kk faz parte. Não quer dizer que não funcionaria de outra forma ou em outro contexto. Valeu!

  15. Pedro Paulo
    5 de maio de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Oi! Dificilmente faço introduções ao comentar um conto, mas fiquei sabendo que a série C contém apenas novatos, então aproveito para dar boas-vindas e, sobretudo, recomendar que nos acompanhe nos próximos desafios. Participo desta comunidade há quase dez anos e o tanto que cresci na escrita nesse período posso atribuir a esta grande colaboração que é o EntreContos. A experiência de, na imparcialidade do anonimato, ter o seu texto comentado e ranqueado, em geral escrito para atender a um desafio de temas e limites de palavras… da forma como foi sofisticado aqui, não encontrei igual.

    Enfim, por questões regulamentares não sou obrigado a ler a série a C, mas é muito mais legal ler todos os textos participantes, então farei esse esforço nesses desafios. Só não atribuirei nota e também não costumo separar meus comentários em tópicos, o que talvez desse em uma impressão mais bem estruturada, mas poderá perceber que, de praxe, comento entre dois aspectos: forma (escrita, estrutura do texto, vocabulário, diálogos, etc.) e conteúdo (enredo, personagens, adequação temática, narrativa, etc.). Espero contribuir. Boa sorte no desafio!

    Acho que são poucas as pessoas que divisam seus desejos de criança e os levam consigo até a fase adulta. João é uma dessas pessoas afortunadas não só pela lembrança de seus anseios juvenis, mas também por ter se mantido fiel a eles, dentro do possível e do impossível, como o próprio narrou. A premissa do conto é interessante, mas sinto que a escolha de iniciar a trama desde a infância de João prolongou o prefácio de modo que, quando o conflito realmente se instala – a disputa entre João e sua saúde e a relutância de legar o caleidoscópio – já se passou algum tempo de leitura e o questionamento quanto ao rumo do conto já havia aparecido. Há sim textos que adiam o seu rumo como forma de cativar a leitura ou criar suspense, mas aqui acredito que foi mais uma falta de senso quanto ao melhor momento em que começar a contar história. Fosse João já um jovem envelhecido em posse desse objeto mágico, num dilema interno entre a influência sobre os sobrinhos e a responsabilidade para com eles, o suspense em torno da natureza do caleidoscópio talvez instigasse uma leitura mais curiosa. Nesse caso, transferir a perspectiva para os sobrinhos, talvez explorar a diferença de experiência entre Marcos Pedro, talvez aproveitasse mais do potencial da premissa… entretanto, é a autoria quem decide, é claro, pois só posso ter essas impressões depois de ter lido o conto já escrito.

    Minhas outras observações são quanto a elementos mais técnicos. Falta de uma vírgula, uma crase inadequada… especialmente no trecho final, senti que a revisão foi mais descuidada, mas não ao ponto de quebrar o ritmo da leitura. A narração em primeira pessoa é consistente e bem aplicada, mas achei bastante bruscos os parêntesis que nos informam da morte de João em terceira pessoa, único momento em que um outro tipo de narrador é inserido. Com toda certeza, havia formas mais interessantes e pertinentes à forma do texto para nos informar do falecimento do protagonista. De todo modo, um conto bem pensado que poderia ter sido melhor desenvolvido, sem deixar de entregar uma história cativante.

    • Nipar
      7 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Olá PP, obrigado pela leitura e comentário. Valeu pelas dicas. Com certeza houve uma falha grande com relação à revisão, injustificável. A história em si, foi escrita mais por prazer do que pela competição em si. Muito solta, muito a vontade. Mas claro que existiram inúmeras possibilidades variáveis de condução. Como o final, isso foi uma experiência, não muito bem aceita… rssss

  16. Givago Domingues Thimoti
    5 de maio de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    NUNCA É A ÚLTIMA VIAGEM

    Da série “fazendo a boa”, para os calouros da Série C, vim apresentar minhas impressões pessoais sobre o seu conto. Nunca é a última viagem é um conto infantil (sinceramente, não percebi qualquer menção à Fanfic, mas confesso que pode ter alguma referência que me escapou). Por mais que seja um conto com um tema lúdico, em termos de narrativa,creio que ele peca pela ganância/vontade em tentar abarcar muitas informações. Ao fazer isso, acaba por não se debruçar bem sobre muita coisa, correndo para cobrir determinado trecho, e então freando para falar sobre o que quer. A sensação que tive foi que li um livro, mas um resumo apressado. 

    Aqui, pelo menos para mim, vale a velha máxima “menos é mais”. Focar numa parte da história e investir.

    Além disso, senti falta de uma revisão técnica, que aprimorasse a gramática e o estilo de escrita. Alguns erros gramaticais que acabam atrapalhando. Além disso, tem alguns diálogos incrustados uns nos outros, atrapalhando a fluidez da leitura, confundindo o leitor em relação a quem está falando. Seria interessante lançar mão de alguma IA para revisão gramatical e acompanhar os principais erros.

    No geral, considerando que é um trabalho de um iniciante, eu diria que é um trabalho bom em termos de ideias, mas que careceu de uma execução mais apurada. Com a prática, a evolução vem. No mais, espero sinceramente ler mais trabalhos seus. Seja bem-vindo/bem-vinda ao EntreContos!

    • Nipar
      7 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Olá Givago, obrigado pela leitura e comentário. Você tem razão, não é fanfic. E total acerto com relação à revisão. Ah, já estou usando IAs para isso, com um resultado excelente. Valeu pelas dicas.

  17. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    5 de maio de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    achei o conto muito interessante. Essa ideia de viagem entre mundos ou dimensões é fascinante. É um dos tipos de história de que mais gosto percebi algumas incoerências: quando completa 50 anos, João para com as viagens voltando para a casa da família. Nesse momento disse que começou a trabalhar em um jornal ele é escrevendo uma coluna sobre viagens. Fiquei com a impressão de que ele não trabalhava antes. Dedicando-se apenas as viagens. Mas, continuando a leitura está escrito que ele trabalhou como professor de história, viajando apenas no fim de semana. Ficou estranho para mim. E a sequência dos fatos do conto indo e voltando no tempo também me deixou um pouco confuso. Não sei se há possibilidade de organizar isso melhor.

    • Nipar
      7 de junho de 2025
      Avatar de Nipar

      Olá Léo, obrigado pela leitura e comentário. Valeu pelas dicas, é ótimo saber o que o leitor percebe do que escrevemos. Nem sempre colocamos na história da maneira que desejamos que seja entendida. Isso só da para saber com um feedback do leitor.

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Publicado às 3 de maio de 2025 por em Liga 2025 - 2C, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .