EntreContos

Detox Literário.

Guerra Civil (Leandro Vasconcelos)

– Tenente Ricco!

– Senhor!

– Tenho uma missão especial para você, seu merda!

– Sim, senhor!

– Ponha o capacete e veja!

– Sim, senhor!

– Vê o sinal? Siga o “bip” pelo GPS! Esta é a missão!

– Senhor?!

– Não faça perguntas, soldado! Marche! Ande!

Uma pequena plateia de recrutas observou o colóquio com olhos inquietos, que só pestanejavam quando alguma bomba caía sobre a casamata. Ricco não quis saber deles. Não tinha tempo para pensar, pois o dever se impunha, e o homem exalava a placidez de quem já assumiu o fardo da existência, que é marcha inexorável para a morte. Então, recolheu seu fuzil, afastou a parede humana aos esbarrões e foi em direção ao inferno, sob o som de despedidas fúnebres.

Descendo os degraus da seguridade, não havia dado duzentos passos, quando o clamor da batalha preencheu seus ouvidos. Eis que se encontrava numa trincheira com um punhado de jovens, a maioria ali no front só por acaso, pois os veteranos já tinham sido massacrados. Não havia oficiais entre eles. A ordem era apenas resistir e quem recuasse levaria bala dos próprios camaradas. Dentre estes, estava Jenkins, um menino que, quando viu Ricco, exclamou:

– Cara, estamos cercados! Vamos todos morrer!

– Relaxa, garoto.

A resposta gélida arrefeceu os ânimos ao redor. À frente deles, Ricco vislumbrou a terra de ninguém, um imenso descampado que ainda os separava dos inimigos: as coisas que eles chamavam de insetos… e onde estava o seu objetivo.

– Jenkins, viu o sinal?

– Vi. O que é isso?

– O coronel mandou investigar.

– Mandou você para o túmulo! Isso sim!

– Que se dane.

O Coronel Dubois nunca admitiria, mas Ricco era o único que poderia salvá-los. Era o especialista em telecomunicações ainda vivo, sim; mas também a figura mais corajosa da tropa. O homem perfeito para uma missão suicida no coração do território inimigo.

Como o senso de autopreservação tinha perecido, Ricco projetou a cabeça para fora da trincheira. O ponto era claro no visor, uma verdadeira luz guia na atmosfera chamuscada da batalha. Só cabia a ele prosseguir, rastejando pela desolação feito uma serpente.

Assim ele foi. Adentrou impávido a nuvem de fuligem, enquanto estouravam projéteis à distância de metros. O arrasto era lento, dificultado pela profusão de obstáculos: grandes massas retorcidas de cadáveres e equipamentos fumegantes aqui e ali, sem falar nas crateras que mais pareciam covas mortuárias. Mas ele prosseguia num ritmo insano, o quanto era possível para um ofídio serpenteando toscamente por entre os detritos.

– Ricco, espere!

Era Jenkins, aflito, gritando logo atrás. Não quis ficar entre os apavorados recrutas. Ali, com aquele homem bizarramente destemido, ainda havia esperança. Contudo, já podiam ouvir o farfalhar incessante dos exoesqueletos às suas costas e, por isso, Ricco programou o rifle para a briga a queima-roupa, caso encontrasse alguns daqueles insetos nojentos.

De súbito, um terremoto acústico rompeu-lhes os tímpanos: uma carga de bombas explodiu à esquerda. No lado oposto, alguns homens perdidos corriam loucamente, mas…

Shiuuupoooh!

Fogos de artifício estouraram. Só que de sangue. Uma detonação rubra do que antes eram humanos.

– Ricco, anda logo! – Jenkins tremia.

– Tenente?! Onde está? – O coronel bufava pelo rádio, enquanto lhe era repassada a localização. – Seu desgraçado! É um lerdo!

Aquelas palavras eram açoites nas costas judiadas de Ricco, mas o impeliam à frente, sobretudo diante da perspectiva de atos heroicos em morte.

Então o “bip” se intensificou.

– Estamos nos aproximando! Venha por aqui! Rápido!

No serpentear louco, não perceberam o chão ceder. Foi quando tombaram numa grande vala, acotovelando-se aos corpos de uma dezena de soldados, não sem antes sentirem o toque quente dos projéteis em seus traseiros.

– Foi só um beliscão.

Subindo as escarpas cruentas, o tenente divisou um monumento negro em meio às trevas esfumaçadas. Parecia uma antena gigantesca. Todavia, quanto mais ela se avolumava no horizonte, mais crescia a marcha desengonçada dos inimigos nos ouvidos dos dois infelizes.

O recruta gritou desamparado:

– Dane-se! Vamos correndo, porra!

– Não faça isso!

Jenkins se levantou, projetando-se veloz da cratera para o edifício. Até que um grito rasgou os ares, seguido de uma explosão escarlate que manchou o tecido da neblina.

Era o fim de Jenkins.

– Que imbecil!

Ricco deixou a vala e continuou o rastejar delirante, torcendo para não encontrar alguma daquelas coisas. A vantagem era a cobertura das sombras e carcaças, sem falar na lama espessa embebida de sangue.

Então, quando a silhueta da antena tomou toda a sua vista, ouviu um sibilo vindo da esquerda.

Preparou o fuzil.

Eis que surgiu um bruto: um dos insetos!

O corpo era desfigurado e horrendo, assemelhado a uma gigantesca barata de muitas patas, bocas e antenas.

– Morre, filho da puta!

A melodia das rajadas ressoou em meio ao caos. Uma visão extraordinária: faíscas dançantes rasgaram o véu de fumaça, tal qual o corpo do agressor. Mesmo diante da figura escatológica, Ricco foi tomado por um estranho prazer, como se uma carga de novocaína fosse descarregada em seu cérebro a cada tiro, até que o inimigo tombasse deformado pelas balas.

Mas a posição foi revelada.

Muitos e enormes contornos emergiram das sombras. O tenente recuou alguns passos enquanto elevava a arma.

Estava morto.

Queria apenas levar mais alguns com ele.

Só que…

– Abaixe-se!

Uma voz angelical no antro do inferno.

Sem tempo para pensar, o homem foi ao solo.

Veio o grito da metralhadora sônica, disparando seus palavrões por cima dele. Uma máquina fantástica. Os insetos explodiam ao toque de seus mísseis: meras larvas pisoteadas por um coturno gigante. 

Os tiros só pararam à ordem de um brado:

– Corra para cá!

Ricco açodou-se em direção à voz: a mesma do “bip”. Encontrou um punhado de soldados ao lado de uma estrutura negra, enquanto a metralhadora engasgava-se de fumaça.

– Venha! Por aqui!

Entraram por um portal, que logo se fechou num estrondo, deixando bombas e gritos pavorosos para trás. Uma luz se acendeu, revelando muitas faces, algumas delas familiares.

– Obrigado…

– Ricco?! – Um timbre feminino. Ele reconheceu.

– Senhora?!

Era a Tenente Serena com seus olhos anis fulgurando naquela soturna desolação. Que mulher!

– O que está fazendo aqui?! Este bunker está caindo aos pedaços e não vai aguentar muito tempo…

– O coronel me enviou.

– Mas… por quê?!

– Vamos saber agora… Coronel? Coronel Dubois?! Cheguei ao objetivo!

– Até que enfim, tenente! – O chiado provindo do rádio era pouco amistoso. – É um preguiçoso!

– Quais são as ordens agora, coronel? – Ricco tentou manter a compostura.

– Há uma antena quântica no edifício. Você sabe manejar uma, não é?

– Sim!

– Envie um SOS para o comando, talvez eles apareçam aqui em uma ou duas horas!

Os tenentes se entreolharam. Ninguém respondeu. Até lá, estariam todos mortos. O enxame já teria consumido os sobreviventes, se o próprio comando não decidisse incinerar o planeta quando chegasse. Mas, de toda forma, a reunião se desfez, e os soldados tomaram as escadas do abrigo. Lançando-se à frente, Ricco abriu as entranhas do equipamento quântico e enviou a mensagem:

– Grupo avançado sobrepujado. Ataque surpresa. Homens resistem. Estamos vivos. Ainda. Respondam.

Nada, exceto o famigerado “bip”.

– Por favor. Qualquer um que esteja lendo. Envie socorro!

***

Os olhos de George sempre marejavam à vista do hospital, embora com frequência fosse mais por causa do porre. Este era um daqueles dias nos quais tinha que visitar o filho, precedidos, é claro, da visitinha ao bar.

Antes um menino pujante, que teria um futuro esplêndido, Johnnie agora foi transformado em uma planta, preso que estava ao coma. A mãe, Teresa, já havia sido tomada, e a morte vinha buscar o rebento. Se bem que o pai não se importava.

– Que leve esse fardo!

O velho sedã ganhava as alamedas enquanto a mente de George rememorava a tragédia. Tudo ocorreu num feriado na estrada, quando um maluco ultrapassara imprudentemente e, se o pai não tivesse desviado o foco para uma pirraça do filho, talvez sua família ainda estivesse intacta.

– Maldito seja!

No fundo, George sabia que a responsabilidade era dele próprio, pois estava no volante, mas não conseguia se desvencilhar da projeção de culpa. Decerto uma válvula de escape, só que aquele garoto chato, arrogante, e incrivelmente inteligente (que o enchia de inveja) fizera-o tirar os olhos da estrada. Agora a criança estava na cama, paralítica, e sua eterna amada, debaixo da terra.

Já dentro do saguão hospitalar, George foi recebido pelo Dr. Crick, um sujeito metido de óculos de armação tartaruga. O pai obviamente não ia com a cara dele e indagou:

– É você quem vai aplicar o tratamento experimental?

O outro aspirou o hálito etílico e sequer respondeu, apenas apontou o indicador para a seção de traumas, tomando os corredores. George foi atrás, trôpego, e logo alcançou o leito aziago. Pela porta translúcida, os dois observaram um rapaz pálido, sustentado por aparelhos e entregue às mãos de Deus. Ante àquela visão, uma lágrima de fúria escorreu pelo rosto do pai.

– Como vai ser esse negócio?

– Vamos instalar um equipamento no córtex. – Respondeu Dr. Crick sem tirar os olhos do menino. – O intuito é permitir que ele se comunique.

– Mas como?!

– Por meio de um computador regulado por inteligência artificial. Ela lê os impulsos cerebrais e os transforma em código binário. Se Johnnie tiver algum resquício de consciência, poderá depositar seus pensamentos no HD e aí os veremos na tela.

George pôs a mão no queixo e estreitou os olhos.

– Mas do que adianta? Ele vai continuar em coma!

– Ainda há esperança. O simples fato de entendermos o que se passa em sua mente já pode proporcionar melhora.

– Não seria mais sensato simplesmente acabar com isso tudo? Desligar os aparelhos?! Olha para esse menino… está mais para um vegetal! É sofrimento demais!

Dr. Crick retirou os óculos de armação tartaruga e, pela primeira vez, olhou diretamente para o outro. O semblante era severo.

– O senhor vai me desculpar, mas… que tipo de pai você é?!

Foi como um tapa na cara. George apenas arqueou o cenho, enquanto digeria aquilo. Dez mil pensamentos contraditórios tomaram sua mente, um exército inteiro digladiando-se. Era um orgulhoso que não aceitava aquela situação trágica, muito menos a autocrítica. Mas uma gota de humildade, talvez provinda do golpe do médico, desceu-lhe do cerebelo e depositou-se na língua. 

 – Tá. Vamos dar uma chance.

– Ótimo! Assine aqui.

Crick passou a papelada enquanto os enfermeiros vinham com a tralha toda. George alternava entre o campo de assinatura e os homens. A caneta tremia e a tinta não saía.

– Vamos, sr. George.

Ele não conseguia sustentar o orgulho, e o fato de ver ali, naquela sala, quem atribuía como causa de toda a tragédia ditando seu destino pela ponta de uma caneta, destituía-lhe da razão. Mas o olhar austero de Dr. Crick foi maior do que a sua imbecilidade, fulminando-o de tal modo que o pai, enfim, rubricou feroz a folha.

– Maravilha! Aguarde enquanto terminamos os preparativos.

George ficou ali, num banco à frente da sala, acompanhado de sua soberba, enquanto lançava a mão sobre o rosto ressudado e sentia o gosto da ressaca ainda na boca. Funcionários passavam por ele com conectores, cabos, cateteres, o diabo.

– Agora faremos a incisão no córtex. Vamos levá-lo ao bloco cirúrgico.

Transportado até lá com sua impressionante complexidade, Johnnie mais parecia um redemoinho cósmico; ou um submarino nuclear, singrando as horas que transcorriam infinitas em meio ao oceano da inconsciência. Nessa infinitude, o pai cochilou no nosocômio, em sonhos mortíferos e odiosos. Foi só quando o enfermeiro o cutucou que voltou a si; mas queria não retornar.

Entrando no bloco, viu o filho envolto pelos cabos, verdadeiras víboras de cobre reluzente, uma porção delas sugando sua essência já debilitada, por debaixo de um manto de luz verde fantasmagórica emanada dos computadores. Eram telas de informações brilhando alucinantes pela sala, conectadas ao córtex do menino, junto de um eletrocardiograma que indicava um leve aumento da frequência cardíaca.

Dr. Crick bateu palmas e todos se retiraram, deixando-o a sós com George.

– Está na hora. Vamos ligar o sistema. Quer ter o prazer? – Disse, apontando a mão espalmada para o terminal.

O pai deu dois passos à frente e parou. Um grande botão vermelho sorria para si.

– Assim que o apertar, o sistema começará a recolher os dados. Tudo vai ser transmitido para aquela tela ali.

George mirou-a, como quem vislumbra um precipício. Inspirou fundo. Fechou os olhos.

– Está bem. O que temos a perder?

Adiantou-se. O botão desceu, e o monitor faiscou. Uma enxurrada de números e letras surgiu instantaneamente, inundando o campo de visão dos dois.

– Fascinante! – As feições de Crick queimavam de excitação. 

– Não faz sentido algum! – George respondeu indiferente e patético.

Só que o eletrocardiograma se agitou, assim como os indicadores das outras máquinas. O luzeiro ia e vinha, descontrolado.

– O que está acontecendo?

– Nosso amigo ali está organizando as coisas!

Depois do breve resplandecer, a tela se apagou, e os homens sobressaltaram-se.

– O que é isso?

Silêncio. Apenas o “bip” acelerado do eletrocardiograma.

Um traço piscou, como se uma mensagem estivesse para ser escrita.

E ela veio:

– Por favor. Qualquer um que esteja lendo. Envie socorro!

***

– Lá está ele.

O piloto apontava para um monturo chamuscado onde antes estava a antena.

– Captamos sinais de vida ali!

A grande nave deslizou por cima da terra de ninguém. Minutos antes, havia limpado a planície dos inimigos, devastando-os com suas bombas de plasma. A vida havia sido obliterada na superfície, mas ainda estava presente no subsolo.

– Removam esses escombros, agora!

Feito um espanador, as ondas gravíticas demoviam a massa contorcida de metal e rochas, revelando incontáveis cadáveres de humanos e artrópodes.

No meio deles, jazia… Johnnie Ricco.

– Recolham aquele soldado, rápido!

Uma cápsula desceu com vários homens, um séquito inteiro para resgatar o campeão tombado. Só que ele estava à vista da morte, e por isso subiram-no até a nau sem demora, colocando-o no meio de numerosas sondas e equipamentos de ventilação mecânica.

O “bip” do eletrocardiograma urgia.

Então Johnnie pôde ouvir uma voz.

– Respire! Você vai melhorar!

Duas.

– Ricco, você é o cara!

Pela voz estridente, reconheceu quem era. A consciência voltava, embora achasse impossível o que estava acontecendo.

– O que… o que houve?

– Você quase passou dessa para melhor!

Os olhos se abriram e vislumbrou uma assembleia de figuras embaçadas em seu campo, que lentamente tomavam forma. À direita, um sujeito esquisito, de óculos com armação de tartaruga, um tanto antiquado; à esquerda, um outro esquálido e deformado, mas risonho.

– Jenkins?! Não pode ser…

– Sobrevivi, cara! Eles me resgataram também!

– Mas, mas…

– Depois te conto. Tem coisa mais importante que você precisa saber.

– O quê?

– Sr. Ricco, você teve muita sorte. Achei que o havia perdido! – Agora quem falava era o Dr. Antiquado. – Meu nome é Crick e conduzo uma pesquisa avançada sobre recuperação de pacientes em coma.

– Do que está falando?

– Não se recorda do acidente?!

– Só me lembro dos insetos monstruosos e de tudo desabando ao redor.

– Johnnie, não quero apressar nada, mas saiba que esta realidade é uma fantasia criada pela sua mente para combater o estresse do coma. Você gostava de Tropas Estelares, não é? Então… isso virou uma forma de proteger o que restou do seu cérebro. Só estamos conversando por causa do computador, que nos projetou na sua cabeça.

– São estranhas as suas palavras…

– George e Teresa, venham!

Um homem esguio de meia-idade e semblante desconfiado se achegou ao leito. À sua direita, uma mulher bem estragada de feições cadavéricas.

Johnnie recostou-se.

– Ai!

– Cuidado, Sr. Ricco.

Ele vislumbrou os novatos, enquanto gaguejava uma interrogação.

– Coronel Dubois?! Você sobreviveu. Tenente Serena! Vejo que também sofreu um pouquinho.

Os dois se mantiveram estáticos. O homem, porém, estreitou os olhos, num jeito pouco ameno. A mulher parecia um cadáver.

– Sr. Ricco, estes são seus pais! – Esclareceu Dr. Crick.

– Filho, não me reconhece? – O tom de voz de George era neutro, quase sorumbático, mas foi como uma lâmpada a se acender em uma sala escura, transmitindo o lume em ondas pelo cérebro trevoso de Johnnie. O “bip” acelerou. Os cacos de sua memória eram reunidos.

– Eu, eu não acredito. Se vocês são mesmo meus pais e tudo isso é uma mentira, então como cheguei até aqui?

George respondeu:

– Acidente de carro. Você estava chato e pirracento no banco de trás. Fui te dar um corretivo, não olhei a estrada e batemos. Sua mãe morreu e você ficou paralisado no hospital.

Aqueles dizeres ecoaram pela mente de Johnnie e ajuntaram-se aos do médico, formando uma pilha confusa. Então era tudo uma fantasia? A guerra se fez dentro de si mesmo, contra a inconsciência final, contra a morte. E ele vencera! Mas sobraram as reminiscências na forma daquelas pessoas. Tenente Serena não resistira. Quer dizer, Teresa, sua mãe, tornara-se um cadáver ambulante. O coronel Dubois, na verdade, era o seu pai, aquele grosso estúpido que sempre o odiara. Tudo agora fazia sentido!

O caos enfim foi amainado pelos lampejos de sua velha memória, até que pereceu em uma revelação inconveniente:

– Isso é uma mentira. Você estava bêbado.

– O quê?!

– Começo a me lembrar daqueles dias. Pai, você tinha entornado tudo no feriado. Estava um completo idiota.

– Besteira!

A carcaça da mãe reviveu por um instante. Seus olhos anis resplandeceram no fundo das órbitas e ela falou em voz firme:

– É isso mesmo, George. Não negue!

Jenkins, igualmente um morto-vivo, adiantou-se, reunindo forças para dizer:

– Não se lembra de mim? Olha só o que você fez!

George fitou-o com mais atenção. Foi quando percebeu quem era: o cara do outro carro! Quem considerava um “maluco imprudente”! O filho projetara sua imagem na forma do soldado.

Um estalo reverberou na mente do infeliz. A boca se contorceu em espasmos, tentando emitir sons coerentes. O que saiu foi mais uma tentativa de fuga:

– Mas… não é possível!

– Pai, não existe “mas”! Você criou a sua própria fantasia! Tudo para se esquivar da culpa!

George não conseguia encarar os demais. Colapsou abruptamente, e o chão da nave ficou como um oceano turvo de lágrimas.

– É, teremos muito trabalho pela frente. – Resumiu Dr. Crick. – Computador! Leve-nos de volta ao hospital!


Fanfic de “Tropas Estelares” (1959) de Robert A. Heinlein.

Sobre Fabio Baptista

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44 comentários em “Guerra Civil (Leandro Vasconcelos)

  1. Thiago
    14 de junho de 2025
    Avatar de Thiago

    Este é um dos contos que não me fizeram mergulhar na leitura. Isso se deu principalmente por conta dos diálogos, que não são bons. Soaram como aqueles diálogos de crianças brincando de guerra, pouco convincentes e, além disso, genéricos – isto é, não individualizam as personagens, não geram personalidade ao falante, parece sempre a mesma voz. Há falas como “Removam esses escombros, agora!” em que a exclamação tenta dar  tom de comando, mas que soa tão pouco convincente, que parece estar demais na cena. 

    Quem opta por ficção científica, fantasia, distopia, entre outros, corre o risco do artificialismo, ao manipular clichês do gênero, os quais aprendemos a identificar com filmes como Tropas estelares por exemplo. Neste desafio faltou aos autores um esforço para criar um mundo fantasioso de forma mais convincente, menos reconhecível, por meio de um trabalho mais cuidadoso com a linguagem e com as técnicas narrativas. 

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Thiago. Concordo com você nesse ponto: fui desleixado com os diálogos. Um abraço!

  2. Thales Soares
    14 de junho de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    Esta é uma fanfic que investe pesado em uma narrativa sci-fi densa, com uma estrutura ambiciosa e um desfecho que mistura ficção científica com drama psicológico. A virada final, com a revelação de que tudo se passa dentro da mente de um garoto em coma, remete a clássicos do gênero, e a crítica social subjacente é perceptível. Há talento na construção do enredo, especialmente na forma como o texto transita da ação militar para a intimidade emocional familiar. É notável o esforço e o domínio do autor em compor cenas tensas e complexas.

    Pedradas:

    A leitura, no entanto, não fluiu bem para mim. E aqui talvez resida o maior problema: é um conto feito para um público muito específico. Trata-se de uma fanfic de “Tropas Estelares”, uma obra pouco conhecida pela maioria dos leitores casuais… o que compromete o efeito desejado da referência. Quem não conhece a obra original dificilmente vai se conectar com os personagens ou entender completamente os elementos do universo apresentado. O resultado é um distanciamento que compromete a experiência.

    Além disso, o título “Guerra Civil” parece completamente sem sentido. Em nenhum momento o texto apresenta uma guerra interna entre facções, ou um conflito que justificasse esse nome. A escolha do título acaba mais confundindo do que enriquecendo a narrativa.

    Embora a construção técnica seja boa, há um cansaço inevitável na leitura, causado tanto pela extensão quanto pela densidade. O texto se alonga mais do que deveria para entregar sua proposta, e a experiência fica menos interessante do que poderia ser. Há bons momentos, mas eles exigem do leitor um grau de paciência e familiaridade com o gênero. Mas… talvez eu tenha sentido isso porque eu não conheço a obra original, e, dessa forma, confesso que fiquei desejando que o conto acabasse o mais rápido possível…

    Conclusão:

    Uma fanfic bem escrita, com estrutura sólida e final reflexivo. Mas sua proposta excessivamente nichada, aliada à falta de conexão com o título e ao ritmo cansativo, limitam bastante o impacto. Para quem conhece a obra original, pode até funcionar. Para mim, infelizmente, não funcionou… e talvez não funcione para boa parte dos leitores deste desafio.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Poxa, Thales kkkk… fiz uma fanfic para ser entendida por quem não leu a obra original! Esta funciona apenas como o palco onde se desenrola o plot primário: a guerra no interior da família e do menino (daí o título). Isso ficou muito fácil de entender. Não precisaria ter conhecimento de Sci-Fi para a compreensão, na moral.

  3. leandrobarreiros
    14 de junho de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    É um conto difícil de julgar, porque parte de suas fraquezas pode ser intencional, como a linguagem artificial e americanizada no início da narrativa. Faz sentido que um garoto reproduzisse mentalmente a linguagem cartunesca da história de que gostava.

    O problema é que, mesmo com essa coerência narrativa, o texto soa um pouco estranho com essa reprodução da linguagem. A escolha se justifica no contexto geral, mas talvez o autor perdesse alguns leitores no início do texto por conta disso, se não fosse um desafio literário.

    Falando do início, acho que é um dos pontos fracos da história. É extremamente difícil transpor o caos e as cenas de batalha de um meio imagético para a palavra escrita e, no fim, acredito que o autor não conseguiu superar esse desafio.

    Algumas falas e cenas também estão muito cruas, como a troca entre o médico e o pai, e mesmo o pai informando ao filho o que havia acontecido:

    “– Acidente de carro. Você estava chato e pirracento no banco de trás. Fui te dar um corretivo, não olhei a estrada e batemos. Sua mãe morreu e você ficou paralisado no hospital”

    Escrito desse jeito, soou anticlimático. Assim como isto:

    “– Começo a me lembrar daqueles dias. Pai, você tinha entornado tudo no feriado. Estava um completo idiota.”

    Acredito que a maior força do conto reside na criatividade e no uso do tema em uma segunda camada. Mas seria melhor com um pouco mais de sutileza e paciência no desenrolar da trama.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Fala, Xará! A forma foi a grande vilã neste trabalho, que muitos não gostaram. Tanto o vocabulário áspero (um ingrediente para reproduzir a crueza da guerra) quanto os diálogos mal estruturados (desta feita, um deslize meu) foram o calcanhar de Aquiles do conto. Enfim, concordo com as suas ponderações. Um abraço!

  4. Gustavo Araujo
    13 de junho de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Gostei do conto. É um texto evidentemente voltado para a plateia infanto-juvenil, que não se preocupa em parecer sério nem prolixo. A linguagem é direta e a trama, de fácil entendimento. Aqui temos uma fanfic de Tropas Estelares, ou melhor, uma homenagem a Tropas Estelares, já que o universo respectivo só existe na cabeça do protagonista hospitalizado.

    Bacana como as realidades do filme e da “vida real” se entrelaçam e, melhor ainda, como as reviravoltas no fim acabam pondo por terra um e outro cenário, jogando para o leitor a incômoda e interessante pergunta: o que é real e o que é sonho? É lá ou cá? Quem sonha com quem? Talvez sejam mundos interligados, talvez nós sejamos os sonhos dos outros. Dá até para filosofar, e isso, como disse, com uma linguagem plana, simples e direta, o que prova que boas provocações também podem surgir de propostas aparentemente simples.

    Confesso que no início não estava gostando da maneira forçada e um tanto artificial com que Ricco recebia ordens do Coronel, levando o texto mais para o lado da sátira, mas depois, com o desenrolar, essa sensação foi desaparecendo por conta da boa sucessão de cenários.

    No fim, ficou o sentimento de um conto bem montado, ainda que não brilhante, mas que, de repente, pode fazer sucesso com o público adolescente. Parabéns e boa sorte no desafio.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa, obrigado pela leitura atenta e comentário elogioso, Gustavo! Interessante isso: alguns acharam a leitura densa e a trama, difícil de ser entendida, enquanto você teve percepção diametralmente oposta! Assim caminha a humanidade. Um abraço!

  5. Andre Brizola
    13 de junho de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Ricco!

    Contos que enveredam pela ficção científica sempre serão bem-vindos pra mim. Gosto muito do gênero e, esse, em particular, por pegar uma obra do Robert A. Heinlein como base, me deixou bastante satisfeito, uma vez que ele é um autor por vezes esquecido pelo grande público. Tropas Estelares foi o livro que o trouxe para o mundo pop, mas é Um Estranho Numa Terra Estranha sua grande obra, e aquela que me fez gostar de sua literatura de fato. Dito isso, acrescento que desta vez optei por um método um pouco mais organizado de comentários, para tentar ser mais prático, organizado e justo com os participantes.

    Técnica – O conto foge um pouco da estrutura tradicional ao dividir seu roteiro em blocos, mantendo o plot twist escondido para a última parte. Acho que essa ideia funcionou razoavelmente bem, mas acabou mantendo as duas linhas de enredo muito distantes uma da outra. Os textos em cada um dos blocos acabaram ficando muito grandes, e toda a primeira parte, com o soldado Ricco buscando o ponto marcado pelo GPS, poderia ser parcelado em diversas partes menores, e ir alternando, desde o início, com a parte do pai no nosocômio. O que me leva à segunda crítica: a escolha do vocabulário. Eu entendo a vontade de utilizar termos menos usuais, buscando um distanciamento do texto do que seria mais comum, mas é preciso cuidado, para não gerar certo incômodo ao leitor. Estamos lendo um texto em que houve bastante cuidado com a parte gramatical, mas, de repente, nos deparamos com “aziago”, ou “monturo”, e o próprio “nosocômio”, que só servem para tentar qualificar o texto com uma singularidade que ele já conquista com seu enredo. No final das contas, ficamos mais chocados com a utilização de tais palavras, do que satisfeitos por encontra-las no conto.

    Enredo – O enredo é interessante. Como disse antes, gosto da ficção científica, e acho que ela foi bem explorada na alternância entre a realidade criada por Heinlein em Tropas Estelares, e a situação crítica do pai e seu filho em um hospital, prestes a serem parte de um experimento. Meu senão aqui é o final um tanto quanto novelesco, em que o pai se revela o vilão da coisa toda, com bebidas, maus tratos, surgindo de uma vez só, ao invés de ir se desenrolando aos poucos dentro do texto, como poderia ter ocorrido em capítulos menores e alternados. Outro detalhe é a utilização da obra de Heinlein, que ficou bastante rasa e, sem a menção no texto, e no final do conto, passaria totalmente despercebida, mesmo com o nome do personagem sendo o mesmo do livro. Outra crítica que faço aqui é o título do conto. Guerra Civil me parece deslocado.

    Tema – Neste aspecto, desta vez, decidi ser bastante rígido no que diz respeito ao respeito ao que foi proposto. Entendo que os temas são um tanto quanto diferentes do usual, mas essa foi a proposta do EntreContos e acho que nós, autores, deveríamos honrá-la com textos que a atendessem da melhor forma possível. Como disse antes, a utilização da obra original de Heinlein foi bastante superficial, dando o aspecto de que essa guerra poderia ser qualquer outra guerra. Temos que lembrar que outra obra de ficção científica toma como base a guerra entre humanos e alienígenas com aspectos de insetos, O Jogo do Exterminador, de Orson Scott Card, embora seu tratamento seja um tanto quanto diverso de Heinlein, pois a crítica vai em outra direção. Então acho que o esforço em atender o tema proposto pelo desafio, ser uma fanfic, é claro, mas não totalmente eficiente.

    Impacto – Escrevo esse item do meu comentário alguns dias após ter lido o conto, para medir a forma como reagi ao texto e como ele me afetou. Acho que se a experiência foi boa, se o enredo me provocou, me fez pensar sobre o assunto, ou se há algo extremamente particular, mesmo que ruim, o conto reaparece em minha cabeça e penso sobre ele depois. Devo dizer que, agora, dias depois de ler seu conto, nada dele tomou parte dos meus pensamentos. E, para escrever essa parte do comentário, estou até relendo Guerra Civil para relembrar o que acontece em algumas partes, pois ele realmente sumiu de minha cabeça. Acho que grande parte disso resvala no fato de que pouco da obra original foi utilizado, e a interação com aquilo que você criou, que é, de fato, interessante, acabou sublimado por um arremate meio abrupto e anticlimático, recorrendo ao corriqueiro alcoolismo, o que, pra mim, deixou o conto no lugar comum.

    No geral, o conto é bem escrito e tem a sua relevância. Mas tem os problemas que citei antes. Tudo isso contribui para que o impacto fosse muito pequeno pra mim. Eu reveria o título do conto, pois Guerra Civil nos remete a uma guerra entre civis, e aqui a guerra é contra alienígenas, por isso o livro traz o termo Starship, aqui traduzido para estelares.

    Bom, é isso. Boa sorte no desafio.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, André. Muito obrigado pela leitura atenta e pelo comentário detalhado! Gostei muito! De fato, você tocou em um ponto muito relevante: talvez se os blocos narrativos fossem melhor dosados, o impacto seria maior. Quanto à adequação ao tema, bem, a ideia era que fosse uma fanfic absorvível pela maioria, que não dependesse da obra original. Esta seria apenas um palco onde ocorreria a trama primária: a guerra interna da família e do menino (daí o título). Mas realmente foi uma escolha questionável. Quanto ao vocabulário: tentei transpor a aspereza da guerra para o texto, bebendo da fonte de outras obras de ficção científica militar, o que pode não agradar a maioria. De toda forma, concordo com as suas ponderações. Forte abraço!

  6. Pedro Paulo
    11 de junho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Olá! Tentando simplificar, estarei separando meus comentários em “forma” e “conteúdo”, podendo adicionar um terceiro tópico para eventuais observações que eu não enquadre em um ou outro.

    FORMA: A escrita é ágil e comedida. Em poucas linhas ficamos sabendo que o protagonista está em uma guerra, que é uma missão suicida e que os inimigos são alienígenas. Todo o restante desenvolve essa premissa bem e o caos mortal de uma guerra de trincheira fica bem representado… até chegarmos ao hospital. Aí aconteceu algo bem engraçado e sinto que foi uma inspiração cruzada: pensei que se tratasse de uma releitura scifi de “Johnny vai à guerra” e sinto que houve essa intenção, tão parecido é o cenário: guerra de trincheiras, SOS, coma e confusão mental. A mesma agilidade celebrada na primeira parte é aparente aqui também, com a caracterização do pai e das verdadeiras circunstâncias em torno do protagonista sendo transmitidas com imagens criativas: Johnny como um “redemoinho cósmico”, “víboras de cobre” acopladas a ele. E, ainda assim, senti que estruturalmente as duas partes são desconexas, com a segunda quebrando o ritmo estabelecido pela primeira e, apesar da boa execução técnica, arrastando a leitura.

    CONTEÚDO: E aqui estendo essa crítica. Equivocado no que entendi ser a homenagem do conto, a nota final me explicou do que se tratava, reiterando a minha impressão de que o texto foi mal montado. Tivesse continuado a primeira parte até o final, teria sido uma leitura emocionante e explosiva sobre um soldado sobrevivendo aos horrores de uma batalha aparentemente perdida. A súbita troca de enfoque levou o texto a uma reflexão sobre responsabilidade e família que me pareceu abrupta e sem lastro pelo que vinha sendo desenvolvido anteriormente. Ao saber que a primeira parte é mais conectada à fanfic, fiquei ainda mais convencido de que foi uma escolha ruim transferir o enredo para o anticlimático: “era tudo um sonho”. Foi uma sensação estranha: comecei envolvido e depois se tornou moroso, mas, ainda mais curioso, a qualidade da escrita se manteve, amargando a leitura com a sensação de que algo muito bom se perdera, mas não por completo.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Pedro. Obrigado pela leitura atenta e pelo comentário! Realmente, como disse na live, juntar essas duas coisas (uma ideia pré-concebida de drama familiar com fanfic de ficção científica) soou forçado e improvisado rs… mas, de fato, eu não quis trabalhar apenas com uma ficção militar, quis ousar demais, e o resultado pode não ter sido dos melhores. Um abraço!

  7. Leo Jardim
    10 de junho de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐⭐▫▫)

    Pontos Fortes:

    • Narrativa Imersiva – As cenas de batalha são vívidas, com descrições sensoriais eficientes (fuligem, estrondos, cheiro de sangue).
    • Estrutura Criativa – A dualidade entre a guerra interplanetária e a realidade hospitalar é bem articulada, com transições sutis.
    • Revelação Progressiva – O coma como pano de fundo da fantasia é sugerido antes da confirmação final.

    Pontos de Melhoria:

    • Explicação Excessiva – O diálogo final entre Johnnie e Dr. Crick desvenda demais a metáfora, subestimando o leitor.
    • Conexão Tênue com Tropas Estelares – A crítica social do livro/filme original (militarismo, fascismo) não é explorada.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐⭐▫▫)

    Excelência Narrativa:

    • Ritmo Bem Dosado – A ação na trincheira mantém tensão, enquanto as cenas no hospital dão respiro emocional.
    • Diálogos Funcionais – Os comandos militares e as falas do hospital soam verossímeis.

    Sugestões:

    • Variedade de Vocabulário – Evitar repetições como “bip” (eletrocardiograma) e “insetos nojentos”, etc.

    🎯 TEMA (⭐⭐▫)

    • Fanfic Superficial – A inspiração em Tropas Estelares limita-se aos insetoides; faltou aprofundar temas como hierarquia militar ou propaganda de guerra.
    • Tópicos Tratados:
      • Culpa e negação (George vs. Johnnie).
      • Realidade vs. Fantasia como mecanismo de sobrevivência.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐▫)

    Destaques:

    • Metáfora da Guerra Interna – Os insetoides representam a luta contra o coma/degeneração cerebral.
    • Personagens Duais – Dubois = George; Tenente Serena = mãe morta.

    🎭 IMPACTO (⭐⭐⭐▫▫)

    Por Que Funcionou:

    • Cenas Poderosas – A antena quântica em ruínas e o resgate final são imagens memoráveis.

    Faltou Impacto:

    • Final Previsível – A revelação do coma é antecipada pelas pistas; o conflito com George não surpreende.
    • Emoção Contida – A reconciliação entre pai e filho é abrupta, sem desenvolvimento emocional.
    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Leo. Obrigado pela leitura e pelo comentário detalhado, embora não concorde com a maioria dos pontos. “A inspiração em Tropas Estelares limita-se aos insetoides”? Paia, hein! Mas cada um com a sua opinião rs… um abraço!

      • Leo Jardim
        15 de junho de 2025
        Avatar de Leo Jardim

        Oi, Leandro. Desculpe se peguei pesado no comentário. Tentei, dessa vez, separar em pontos positivos e negativos, para não focar sempre nos negativos.

        Gosto muito de Tropas Estelares e senti falta da crítica que a obra original faz ao militarismo escondida no tiroteio contra insetoides. Era só esse o ponto.

        Se não concordar, basta ignorar 😉

        Grande abraço!

  8. Amanda Gomez
    9 de junho de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem ?

    Achei seu conto ótimo. Eu só percebi a referência quando você mesmo revelou, fora isso, imaginei que fosse um conto com uma história no espaço como tantas outras. Mas o mérito aqui é que ele se sustenta sozinho, sem precisar de referências, embora precise tê-las. Nunca assisti Tropas Estelares. Não sei se tem algum personagem inspirado ou se trata apenas do universo.

    Gostei da história, dos personagens e dos cortes de tempo e perspectiva. Foi uma leitura rápida; ser conduzida por diálogos facilita isso.

    Não tenho muitas coisas mais para apontar. Uma leitura boa. Sobre a parte da fanfic, só imagino que está tudo certo.

    Parabéns pelo trabalho, boa sorte no desafio.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Amanda. Obrigado pela leitura e pelo comentário! Que bom que conseguiu trazer uma boa história para você. A ideia era essa mesmo: uma fanfic que se sustentava por si mesma. Um abraço!

  9. cyro eduardo fernandes
    6 de junho de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto criativo e de boa técnica. Não consegui identificar qual fanfic é inspirou o drama.

  10. danielreis1973
    5 de junho de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Guerra Civil (Ricco)

    Segue a minha análise, conforme método próprio e definido para este desafio:

    CONCEITO:  acho que a única fanfic que apontou sua origem  ao final do texto – Tropas Estelares”, de Robert A. Heinlein, que eu realmente não conhecia. Me lembrou um pouco o filme “Johnny vai à guerra”, baseado no romance de Robert Trumbo, que inclusive inspirou a música “One”, do Metallica. Isso posto, preciso completar que a ambientação distópica e a transição entre a imaginação e a realidade foram os destaques deste conto.

    DESENVOLVIMENTO: aqui é que, para mim pelo menos, complicou – a parte da técnica; os diálogos parecem dublados (a voz na minha cabeça lia a maioria das frases com a entonação dos personagens Sucker and Fucker, os policiais “enlatados” do Casseta e Planeta). As falas são “duras”, parecem querer caber num balão de história em quadrinhos. 

    RESULTADO: no fim das contas, mesmo com as curtas frases dos diálogos, o texto me pareceu muito longo, cansativo até. Mas isso deve ser coisa minha, não sei nem o que eu cortaria na história… mas, de qualquer forma, creio que fará sucesso com os colegas mais afeitos a FC aqui no Entrecontos…

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Daniel. Obrigado pela leitura e comentário. Realmente fui desleixado com os diálogos. Poderiam ter sido melhor trabalhados. Um abraço!

  11. Priscila Pereira
    5 de junho de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Ricco! Tudo bem?

    Não conheço a obra que deu origem ao seu conto. Parece que tem o livro e o filme, né. Vou avaliar seu conto sem saber se é uma boa fanfic ou não, mas achei um ótimo conto.

    Gostei muito da história, do plot, da ação e da reviravolta do final. Tudo se encaixa direitinho. Muito criativo e redondinho. Gostei muito disso.

    Só achei um pouco estranho a linguagem muito rebuscada em alguns momentos, sem necessidade alguma. Acho que uma linguagem mais simples, direta e dinâmica no conto todo combinaria mais com a história contada.

    No mais achei de uma profundidade psicológica muito boa! Parabéns!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Priscila. Obrigado pela leitura e pelo comentário! Que bom que consegui transmitir uma boa história para você. A linguagem rebuscada é decorrente do gênero literário: ficção científica militar, que saiu lá da década de 1950. Daí os excessos, que não agradaram a maioria. Um abraço!

  12. Mariana
    28 de maio de 2025
    Avatar de Mariana

    História: Uma fanfic que homenageia Tropas Estelares, atendendo ao tema pelo universo do livro aparecer. É uma história sobre um filho em coma, que cria uma vida alternativa no seu universo de fantasia favorito e sobre um pai que também cria uma história de negação, para conseguir se olkhar no espelho. Nada muito inovador, mas é um arroz com feijão muito bem feito. 1,5/2

    Técnica: A escrita é boa, segura. O autor deixa o final em aberto, mas não fica a sensação de que faltou alguma coisa. Eu só retiraria este trecho – No fundo, George sabia que a responsabilidade era dele próprio, pois estava no volante, mas não conseguia se desvencilhar da projeção de culpa.  – que está no meio do texto e entrega o final do conto. 1,5/2

    Impacto: Não me impactou profundamente, mas admiro a competência e a técnica em fazer um bom conto. 0,5/1

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Mariana. Obrigado pelo comentário e pela leitura! Agradeço os elogios. Um abraço!

  13. Marco Saraiva
    24 de maio de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Um conto que inicialmente se apresenta como uma fanfic de Tropas Estelares (e hoje em dia, tambem Helldivers, ja que o jogo e meio que uma fanfic de Tropas Estelares tambem!), mas logo a historia evolui para uma intrincada ficcao cientifica, e descobrimos que a guerra contra os insetos nada mais era do que a imaginacao de Johnny, em uma tentativa desesperada da sua mente de manter a sua consciencia enquanto o seu corpo dormia em um coma na vida real.

    As duas historias do conto – inicialmente totalmente independentes – mesclam-se muito bem no terceiro ato. E e revelacao atras de revelacao: primeiro, que tudo nao se passava de um artefato mental de Johnnie. Depois, que provavelmente todos os problemas da familia dele vieram do alcoolismo do pai. E isto e muito bem trabalhado tambem: o pai ja aparece parcialmente embriagado no hospital, porem o leitor e levado a achar que a bebida foi apenas a forma que ele encontrou de lidar com tamanha tragedia, e nao que fosse um problema recorrente.

    A escrita do conto e competente – tao competente, as vezes, que ate torna-se um tanto dificil, com algumas escolhas de palavras bem obscuras. Os personagens tem carisma e personalidade. A historia toca diversos temas interessantes, especialmente no que diz respeito as questoes psicologias: como o pai decide criar uma narrativa na propria cabeca para nao aceitar que foi sua a culpa pelo acidente. A historia que a propria mente de Johnnie cria para tentar sobreviver, e como ele ve as imagens de seus pais no seu subconsciente. Isso tudo com um tempero interessante de sci-fi e uma excelente ambientacao. Parabens!

    NOTAS

    • Ate onde eu me lembro (posso estar enganado!) os insetos de Tropas Estelares nao soltavam bombas e tiros. A guerra narrada no conto tem um que de Primeira Guerra Mundial, especialmente destacando trincheiras e a Terra de Ninguem. Mas nao faz sentido criar trincheiras quando o seu inimigo nao usa armas de fogo… nem faz sentido os humanos serem bombardeados constantemente, se eles nao estao lutando contra forcas militares parecidas.
    • O conto estica MUITO o conceito de fanfic. E como escrever um conto onde o personagem tem sonhos com a Terra media e chamar de fanfic de Senhor dos Aneis. Nao acho que seja uma fanfic. Por isso, infelizmente, perdera pontos na avaliacao final. E uma pena, pois gostei da leitura!
    • A escrita e boa na maior parte do tempo, a ambientacao e muito bem feita. Dialogos, descricoes… mas ha alguns trechos onde as palavras escolhidas nao ajudaram na leitura. Usar “nosocômio” no lugar de “hospital” para mim e apenas uma forma de interromper o ritmo da narrativa para fazer o leitor encontrar a palavra no dicionario.
    • Leandro Vasconcelos
      16 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa! Obrigado pela leitura atenta e comentário, Marco! Acho que você foi um dos únicos a capturar a essência da história (a da guerra interna dos personagens, criando fantasias para lidar com os problemas da vida). Muitos bons pontos levantados também! Concordo a respeito do enquadramento ao tema, foi polêmico! Quanto ao vocabulário: essa utilização de termos rebuscados tem muito a ver com o gênero literário, ficção científica militar, nascido lá na década de 1950. Tentei emular esse estilo, mas realmente pode ter parecido estranho. Um abraço!

  14. Kelly Hatanaka
    22 de maio de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Ainda bem que você identificou o fanfic no final do conto. Não conheço Tropas Estelares e, certamente, ia ficar na dúvida entre fanfic e fora do tema.

    A ideia é muito boa. Um rapaz em coma vive uma ambientação Tropas Estelares em sua mente. A revelação do papel do pai no acidente foi muito interessante. Criativo? Sim. Mas faltou algo, talvez um controle da técnica, que fez com que a boa premissa perdesse força.

    Sinto, em todo o texto uma mão meio pesada na escolha de palavras e na condução da história. O enredo não caminha naturalmente, parece ser empurrado para frente aos pontapés. Os diálogos também não soam naturais. No geral, falta sutileza. E penso que, mesmo falando de guerra e de batalhas, é preciso haver sutileza. Ou a gente percebe a presença do autor, onde o ideal seria que a gente esquecesse que está lendo um conto fictício.

    Você parte de uma boa ideia e é, claramente, um autor criativo e muito bom. Talvez tenha faltado aqui alguma releitura e revisão, não sei. Sinto que este é um conto que poderia ser muito melhor.

    Boa sorte no certame.

    Kelly

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Kelly. Você tem razão: talvez eu tenha pesado em alguns momentos, pois queria transportar a rispidez da guerra para o vocabulário, algo comum nesse gênero literário. Mas o fiz com excessos. Concordo a respeito dos diálogos. Enfim obrigado pela leitura e comentário!

  15. Afonso Luiz Pereira
    20 de maio de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Oi Ricco. Não li o livro de Robert A. Heinlein, mas assisti ao filme e faz muito tempo. Mas de qualquer forma, talvez nem precisasse pois o enredo se explica por sí: Johnnie Ricco, um soldado em uma guerra contra criaturas chamadas de “insetos”, é enviado numa missão suicida para investigar um sinal misterioso em território inimigo. Ao longo do caminho, enfrenta combates brutais, perde companheiros e finalmente alcança uma antena quântica, de onde envia um pedido de socorro.

    Paralelamente, no “mundo real”, um homem amargurado chamado George visita seu filho em coma, Johnnie, após um acidente de carro. Um médico propõe uma técnica experimental para que o garoto possa se comunicar através de impulsos cerebrais. Está aí formada a conexão entre as duas cenas: toda a batalha acontece dentro da mente de Johnnie em coma.

    O enredo, pelo menos para mim, não é novo. Tanto assim, que já escrevi uns dois contos dentro desta perspectiva e sempre a experiência traz uma expectativa boa tanto pra quem escreve quanto pra quem lê.

    Você construiu uma história com duas camadas narrativas bem distintas — uma guerra futurista contra “insetos” (Tropas Estelares) e o drama de um pai diante do coma do filho — e as costura no final com uma reviravolta eficaz. Isso adiciona profundidade e um elemento de surpresa que prende o leitor.

    A parte da guerra ficou bem ágil e imersiva trazendo ação para perto do leitor, enquanto a do hospital quebra o ritmo acelerado até então, tornando-a mais lenta e explicativa. Este contraste, provavelmente não é por descuido, mas proposital a fim de realmente contrastar e causar mais impacto no leitor ao descobrir que toda aquela guerra terrível contra os insetos alienígenas se passa apenas na cabeça de Johnnie, que tenta se conectar através do recurso tecnológico disponibilizado no hospital. Gostei, um bom entretenimento de leitura de FC.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Afonso, meu velho de guerra! Rs… você captou bem o teor do conto, talvez por estar mais familiarizado com esse tipo de literatura. Muito obrigado pela leitura e pelo comentário elogioso! Um abraço.

  16. Givago Domingues Thimoti
    20 de maio de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Guerra Civil:

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 

    Guerra Civil é um conto fanfic (5!) de ficção científica ambientado no universo de Tropas Estrelares (que eu nunca ouvi falar), contando, num primeiro momento, a narrativa de um soldado que luta contra insetos alienígenas, tentando realizar uma missão impossível. Posteriormente, vemos um pai no hospital, observando o filho em coma passar por uma experiência com IA, que consegue “ler” a mente da pessoa e transmitir em tempo real o que está passando, além de influenciar de certa forma o que a pessoa em coma sonha.

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo: um conto com um quê de ousadia.

    Negativo: construções muito estranhas, obra original completamente nova (se não fosse a referência  explícita, eu diria que esse conto está totalmente fora do tema), 

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais. 4,5

    Trata-se de um texto com um bom domínio da norma culta, escorregando apenas em escolhas estilísticas que podem ser aprimoradas para maior correção normativa. A maioria dos “erros” é mais de ordem estilística que gramatical propriamente dita.

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. 1,5

    O estilo de escrita é ousado, tentando criar uma ambientação com muitas imagens, que tenta inserir o leitor dentro do conto. Tem um vocabulário bom, um pouco mais elaborado que a média. Embora em alguns momentos consiga, em boa parte do texto a narrativa sofre com o jeito exagerado.

    Tem dia que é noite, né? Que a gente resolve arriscar e as coisas não dão certo. Bom, foi o que aconteceu nesse conto, pelo menos para mim. Acho que é possível perceber que quem escreveu esse conto tem jeito para a literatura. Entretanto, talvez na tentativa de construir cenas diferentes, com um jeito novo ou mais autoral, em alguns momentos a coisa descambou. Ficou muito estranho e confuso…

    Selecionei alguns trechos para exemplificar:

    “Mas ele prosseguia num ritmo insano, o quanto era possível para um ofídio serpenteando toscamente por entre os detritos.” OK, eu entendi que, embora o terreno estivesse difícil de caminhar, o soldado seguia em frente e rápido. Quando você compara com um ofídio, assim do nada, ficou estranho. Fui meio literal nessa hora, confesso (embora estejamos falando de insetos alienígenas enormes matando humanos). Mas acho que a construção ficaria melhor retirando ofídio

    “No serpentear louco, não perceberam o chão ceder. Foi quando tombaram numa grande vala, acotovelando-se aos corpos de uma dezena de soldados, não sem antes sentirem o toque quente dos projéteis em seus traseiros.” Dois problemas; valas geralmente são abertas, certo? Quase num formato de U. Contudo, a ideia de chão ceder me leva a crer que o solo onde os soldados estavam passando era plano, reto, como um _… Enfim, esse trecho poderia ser reescrito, explicitando se tinha uma armadilha ali ou algo do gênero… Ah, e eu não vou nem comentar sobre o toque quente dos projéteis em seus traseiros… Que papinho hein?

    Johnnie agora foi transformado em uma planta, preso que estava ao coma.” Mais uma construção estranha… Entendemos o que quis dizer? Sim. Entretanto, a preposição está errada, a ordem das palavras de um jeito confuso… Bora reescrever essa parte aqui também.

    “Agora a criança estava na cama, paralítica, e sua eterna amada, debaixo da terra.” = aqui foi mais uma opção errada vocabular; paralítica nos leva a pensar, em um primeiro momento, numa pessoa paraplégica ou tetraplégica. De qualquer forma, a pessoa está acordada.

    Bom, então acho que vale a pena dar uma relida, reescrever esses trechos, porque embora o leitor possa perceber que quem tenha escrito essa história saiba escrever, o conto é recheado com essas escolhas erradas e confusas. 

    Além disso, esse conto tem um ritmo muito intenso e, por vezes, em alguns momentos, a história se perde.

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 1,5

    Bom, esse é outro problema sério do conto. A narrativa tem 3 atos, sendo que os dois primeiros acontecem em espaços diferentes, porém, ao mesmo tempo. Ele começa num ritmo muito intenso, tiro-porrada-e-bomba. É um ritmo que por vezes torna a leitura até confusa. Depois, o conto avança para dentro do hospital, sem explicar muito. Um pai que vai assinar a autorização para um experimento com IA em pacientes em coma. Parece até mesmo outra história.

    Essa sensação me causou um grande estranhamento. Quebrou total a fluidez. São novos personagens, novo ritmo, “novo enredo”. 

    O terceiro é o que amarra tudo. Não é uma boa amarração. Rápida, cheia de plot twists, com pouca atenção aos detalhes e focada principalmente em trazer um desfecho. De que forma? Pouco importou, aparentemente. Tudo teve uma resposta, aparentemente. “O caos foi amainado…” Bom, foi mesmo? Porque eu não entendi nada da Serena/Teresa cadáver-ambulante… E o pai entrando em coma pelo trauma de descobrir que ele era o algoz, ao invés de um motorista imprudente aleatório??? E o filho cresceu, mesmo após anos em coma??? Como é que funcionou isso tudo???

    Acho que esse conto de ficção cientifica foi mais um que sofreu daquele mal das FCs em desafios; muita história para pouca palavra. Ao final, faltou escrever com mais calma, com menos velocidade e explicar melhor o que tava acontecendo.

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável: 1

    O impacto foi baixíssimo. Ficção científica, naturalmente, é um gênero literário difícil de me conquistar. Aliado a um ritmo um tanto frenético, as construções pouco claras e estranhas e um universo completamente novo, fora do conhecimento comum, dinamitaram a possibilidade de uma experiência positiva nesse conto.

    Nota final: 2,7

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Givago. Obrigado pela leitura e pelo comentário detalhado. Não concordo com a maioria dos pontos, mas respeito sua opinião. Um abraço!

      • Givago Thimoti
        15 de junho de 2025
        Avatar de Givago Thimoti

        Olá, Leandro! Justo, está no seu direito! Espero ver seu trabalho no próximo desafio.

  17. andersondopradosilva
    18 de maio de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, autor.

    Seu conto é daqueles que eu gostaria de ter gostado, mas não gostei. Isso ocorre quando percebo a presença de um autor competente, com domínio da língua, da gramática, da ortografia, das técnicas de bem contar, mas que acaba cometendo deslizes imperdoáveis.

    Julguei que você empregou um vocabulário excessivamente elaborado e adjetivado, algo aproximado dos vícios de linguagem preciosismo e anacronismo. Houve momentos em que tais vícios foram levados ao extremo, como em “anis”, “fulgurando”, “pujante”, “esplêndido”, “aziago”, “ressudado”.

    Julguei a adjetivação excessiva: a marcha é inexorável, as escarpas são cruentas, a antena é gigantesca, a visão é extraordinária, a figura é escatológica, a máquina é fantástica, os gritos são pavorosos, o menino é pujante, o futuro é esplêndido.

    Julguei que você imprimiu um tom grandiloquente e escatológico à sua narrativa, com exageros retóricos, como em “placidez de quem já assumiu o fardo da existência, que é marcha inexorável para a morte”, em “foi em direção ao inferno, sob o som de despedidas fúnebres”, em “singrando as horas que transcorriam infinitas em meio ao oceano da inconsciência” e em tantos de seus adjetivos grandiosos.

    Julguei que o emprego de palavras como “pois”, “então”, “eis que”, “sem falar”, “de toda forma” imprime tom explicativo e didático a texto literário.

    Julguei que você utilizou muitos lugares comuns literários (palavras e construções que se repetiram muito na história da literatura a ponto de se tornarem reveladoras de baixa criatividade quando usadas na contemporaneidade, aparecendo muito, atualmente, em textos de qualidade literária duvidosa): “um grito rasgou os ares”, ” foi como um tapa na cara”.

    Pela participação inconsistente no desafio e mau emprego de suas evidentes habilidades de contador de histórias, nota 2.

    Abraço.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Anderson. Obrigado pela leitura e comentário. Você está certo em alguns pontos: texto ficou adjetivado demais. Foi um pouco de desleixo meu. Quanto ao tom grandiloquente e ao vocabulário rebuscado: são comuns no gênero “ficção científica militar”, com o qual, penso eu, a maioria dos leitores deste desafio não estão habituados. Mesmo assim, não penso ser um defeito, dado que foi fanfic de um livro escrito na década de 1950, mas cada um com a sua opinião.

  18. Luis Guilherme Banzi Florido
    14 de maio de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa noite! (esse conto nao faz parte das minhas leituras obrigatorias)

    Uma ideia criativa, que insere a fanfic no universo do enredo. Aqui, a fanfic nao é uma historia contada pelo narrador ao leitor, mas sim pela mente do proprio personagem. Fã de tropas estelares, o personagem em coma projeta em sua mente o filme, a fanfic acontecendo como uma manifestação mental da situação que ele vive.

    Achei curioso fazer fanfic de tropas estelares, eu nem sequer lembrava que esse filme existia e jamais imaginaria que alguem fosse usar algo do tipo. Curioso e ousado.

    A historia é bem contada e as cenas sao vividas e bem descritas. Especialmente a ação é o ponto forte do seu conto, pois é facil entender e visualizar a ação acontecendo.

    Quanto ao enredo, apesar de criativo e interessante, achei que fica um pouco confuso no final, especialmente na mudança do sonho do menino para o sonho do pai. Ali, percebi que sua intenção era fazer uma dupla reviravolta, mas achei que exagerou um pouco na segunda, tornando a situação um pouco dificil de acompanhar.

    Gostei bastante da primeira reviravolta, quando o bip do eletrocardiograma traz o pedido de socorro de Johnnie. Eu tava bem confuso quando a historia muda da guerra para um hospital com personagens diferentes, e foi gratificante quando entendi oq acontecia, mas o mesmo nao vale para a segunda reviravolta, que foi um pouco confusa e me soou um pouco forçada.

    Ainda assim, um conto divertido e instigante, gostei da leitura.

    Parabens e boa sorte!

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa, obrigado pela leitura e pelo comentário elogioso! Suas observações também foram pertinentes. Um abraço!

  19. Thiago Amaral
    14 de maio de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Olá, tudo bem?

    Achei a parte da guerra bastante competente. Acompanhamos Ricco e temos interesse em descobrir o que vai acontecer e a natureza de sua missão. Desconfiei que fosse de Tropas Estelares pelos insetos, apesar de que deve haver outras obras com esse elemento. Nunca li o livro nem assisti ao filme.

    A parte do hospital pra mim é onde o conto perde a mão. Algumas palavras soam artificiais demais, como “aziago” e “nosocômio”. Alguns lugares-comum também estão presentes, como os óculos de aro de tartaruga do médico. Senti também um ar de melodrama no diálogo entre pai e médico, com o pai sendo insultado até pelo narrador, que julga suas ações uma “imbecilidade”. Também achei cômico o médico expulsando o pessoal do quarto batendo palmas. Ficou um tom meio filme B pra mim, infelizmente.

    A terceira parte, da conclusão, explica tudo pro leitor, mas provavelmente ele já matou a charada na parte anterior. Afinal, ele já terá se perguntado qual a relação entre o drama hospitalar e a primeira parte. Achei legal a presença dos cadáveres na cena, dando um tom surrealista e psicológico, mas confesso que só entendi relendo o início daquela parte com cuidado. Quase que jogo a toalha, mas finalmente entendi que tudo aquilo se passava na cabeça do rapaz, também. Da primeira vez achei que ele estivesse acordando no hospital.

    Em geral, portanto, achei que a escrita é boa, mas ela pega emprestado várias afetações comuns a obras literárias, o que enfraquece a experiência. A trama também não traz muita coisa nova ou surpreendente, uma pena.

    Lamento a crítica negativa, espero que continue crescendo na escrita. Obrigado e boa sorte no desafio.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa! Obrigado pela leitura e comentário! Tentei passar a aridez da guerra para o vocabulário, o que pode surpreender alguns leitores menos familiarizados com esse gênero: ficção científica militar. No mais, respeito suas ponderações, embora não concorde com a maioria. Um abraço!

      • Thiago Amaral
        15 de junho de 2025
        Avatar de Thiago Amaral

        kkk tá valendo, Leandro. Espero ter podido contribuir de algum modo. Até mais!

  20. toniluismc
    7 de maio de 2025
    Avatar de toniluismc

    Comentário Crítico do Conto “Guerra Civil (Ricco)”
    Avaliação por critério: Impacto · Criatividade · Técnica

    📌 IMPACTO: MUITO ALTO

    Este conto impacta pelo choque emocional e pela ambição narrativa, realizando um movimento duplo: primeiro, conduz o leitor por um frenético cenário de guerra sci-fi, só para depois desmontá-lo completamente e revelar que se tratava de uma construção onírica de um jovem em coma. A revelação é violenta, simbólica e carregada de peso psicológico.

    O ponto alto de impacto não está apenas na virada, mas no confronto entre a fantasia criada por Johnnie e a verdade emocional negada por seu pai. A catarse ocorre não no campo de batalha, mas no hospital — quando o filho finalmente rompe o véu e confronta o pai com a realidade do acidente.

    A história fala de culpa, fuga, orgulho, autossabotagem e resiliência sem apelar ao melodrama, mas com profundidade e brutalidade. É um conto sobre sobrevivência, mas não a física: a sobrevivência da consciência e da verdade emocional.

    🎨 CRIATIVIDADE: EXCEPCIONAL

    A premissa é ousada: criar um universo sci-fi inteiro dentro da mente de um adolescente em coma. A execução é ainda mais audaciosa por fundir com fluidez elementos de fanfic (Tropas Estelares), thriller de guerra, drama hospitalar e ficção psicológica. O leitor é pego de surpresa — e essa surpresa não é gratuita: ela é narrativamente justificada e essencial à mensagem.

    A forma como os elementos do “mundo real” são projetados na ficção criada por Johnnie é sutil e inteligente. O pai vira o coronel Dubois. A mãe, a tenente Serena. O garoto envolvido no acidente é Jenkins. O cientista Dr. Crick atua como ponte entre os dois mundos. A antena no campo de batalha é o sistema de comunicação neural. Tudo tem correspondência simbólica.

    Esse mecanismo de transposição é sofisticado e extremamente eficaz, proporcionando uma leitura rica de camadas. A fantasia é usada como metáfora da repressão e como campo de batalha da psique.

    🛠 TÉCNICA: MUITO BOA A EXCELENTE, COM ALGUMAS EXCESSIVIDADES

    Pontos fortes:

    • A prosa tem um ritmo muito bom, alternando descrição, ação e diálogos com naturalidade.
    • A construção dos personagens, mesmo com poucos traços, é funcional e viva: Ricco é determinado; Jenkins é impulsivo; Crick é cético e controlado; George, um poço de negação.
    • O uso de paralelismos entre os mundos é coerente e bem dosado, evitando o didatismo.
    • Os diálogos são afiados e característicos, especialmente os que envolvem George e Dr. Crick.

    O que pode ser ajustado:

    • O texto é longo e, por vezes, verbalmente excessivo, com algumas descrições ou reações que poderiam ser mais sintéticas, sem perda de efeito. Há momentos em que o lirismo beira a prolixidade, especialmente nas analogias (“submarino nuclear”, “oceano turvo de lágrimas”, “redemoinho cósmico”) que, embora criativas, podem poluir a densidade emocional em momentos-chave.
    • A transição entre os mundos poderia ser ligeiramente mais gradual. A quebra é forte e eficiente, mas alguns leitores podem sentir-se desorientados.
    • A revelação final, ainda que impactante, poderia encerrar com mais silêncio ou ambiguidade, potencializando a reflexão ao invés da exposição direta.

    🧾 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    “Guerra Civil” é um conto grandioso em intenção e execução, com potência dramática, sofisticação criativa e densidade psicológica. É uma fanfic com alma literária, que ultrapassa o modelo referenciado e entrega uma história original, inquietante e poderosa. Sua força está na dualidade: entre ficção e realidade, orgulho e culpa, sobrevivência física e emocional. Apesar de alguns excessos descritivos, é uma leitura memorável que deixa um eco incômodo — no melhor sentido da palavra.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa, obrigado pela leitura e pelo comentário profundo! Um abraço!

  21. Antonio Stegues Batista
    6 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Por conta de um acidente de carro, homem fica em coma e cria realidades paralelas. O conto está bem escrito, as descrições são excelentes, a narrativa com um certo tom severo e às vezes truculento tanto na narração quanto nos diálogos e isso não é um defeito, gostei. A ideia não é original sobre alguém em coma, ou sofrendo trauma psicológico, criar mundos ou histórias paralelas. Tem alguns filmes sobre isso e cito Sucker Punch e um outro que não lembro o nome, onde uma detetive entra na mente de um assassino para descobrir o paradeiro de uma vítima. Li Tropas Estelares ( Soldado no Espaço) há alguns anos e não lembro do enredo, preciso ler novamente porque gosto muito de Robert. A. Heinlein, autor também de Escala no Tempo, Os Filhos de Matusalém e outros tantos. Gostei da escrita do Guerra Civil e do enredo. Parabéns e boa sorte.

    • Leandro Vasconcelos
      15 de junho de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Obrigado pela leitura e pelos elogios, seu Antônio! Abraço!

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Publicado às 3 de maio de 2025 por em Liga 2025 - 2B, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .