EntreContos

Detox Literário.

Deus no Bate-Volta (Raphael S. Pedro)

Deus é brasileiro e não desiste nunca.

Longe do pleroma de acontecimentos, estava sentado na cadeira de praia. Diante da rua, sentia a maresia e deixou uma garrafinha d’água no chão. Os amigos serafins faziam cervejada e um ou outro se arriscava em shots de uísque barato.

– Vai uma latinha, Javé?

– Não. Não bebo. Obrigado.

– Quer um copão desses?

– Não, não bebo, já disse.

– Todo certinho você, Deus.

Ele bufou e continuou sozinho vendo o movimento da rua, aquele não-movimento.

Era um domingo à tarde, no quintal da casa de veraneio, com piso de caquinhos vermelhos e o portão de espinhos de aço. Era jornada custosa, tríade de esquinas, ir até a areia para o mar. Por isso, com o esgotamento das diversões, relaxavam na morada alugada.

O churrasco cheirava àquela crosta de gordura tostada, deliciosa, pingava na grelha.

Durante toda a sexta-feira santa, evitaram o exorbitante preço do tradicional bacalhau, mais de duzentos reais o quilo, e ceiaram filé de anchova com dadinhos de mussarela.

Mas já no sábado veio o esperado churrasco, o desjejum da carne. Não tinha prazo para terminar. As trombetas de sons, os corais desafinados, a piscina que refletia os céus, picanha, tudo era celebração.

– Uma delicinha, não é?

– Cura todo o mal, amiga.

As esposas conversavam em roda e os anjos jogavam truco, apostando moedas de troco. Nesta hora, a galera semi-embriagada se assombrava com a sobriedade, deixando os característicos risos e gritos, indo para os papos de lamentação.

– Amiga, nem quero voltar.

– Nem me diz, um montão de coisa para fazer.

– E o cara, lá? Não te enviou nada? Não foi atrás de você?

– Sei lá, eu nem sei mais. Nada é mais como antes. O povo de hoje…

– Nossa, eu pelo contrário, não aguento mais. Fico sem fazer nada, me dá agonia.

– Seis.

– Nove.

– Doze.

– Desce, então.

– É, acabou.

– Perderam.

– Não tinha escapatória.

– Não esquece o dinheiro.

Recolheram o baralho e baixaram o toque do som. Restavam ainda linguiças apimentadas e limão para temperar. Não era do feitio da maioria comer isso, então a travessa ficou de canto, abandonada para jogar no lixo, e o churrasqueiro de asas aladas foi tomar banho.

Entre infinitas rodadas de carteado, esta, na circunstância, parecia a mais cabisbaixa.

Cada anjo olhava para o parceiro de dupla e para os rivais como se dissesse: “Obrigado pelo jogo! Mas prefiro cochilar no sofá, num compensa”.

Só meia dúzia limpou a casa. Na maioria, as esposas.

A amada de Deus tinha sempre aspecto de inquieta.

– Javé, quero ir embora.

– Não estou afim.

– A gente vai ficar aqui até amanhã?

– Não sei.

Ela tocou seu ombro e Ele fez pouco caso.

– Você quer mesmo voltar?

– Sim, Amor.

– Por quê? Todo mundo aqui se diverte.

– Mas terça a gente trabalha e você…

– Faz diferença chegar mais cedo?

– Um pouco, não? Você descansa.

– Descanso de descansar?

– Faz o que quiser… – esbaforiu e deu as costas.

É peculiar. Não sabem o nome dela porque não é muito relacionada nas rodas e, no fim, acaba não interagindo com ninguém, atimidada. Fica no canto, às vezes vem e petisca com furtividade um pedaço de alimento e não proseia nem com Deus, que, para confessar a ocasião, parece ignorá-la. No final, é difícil dizer quem não a ignora.

Nesse clima de semi-bebedeira, semi-felicidade, semi-tristeza, platitude infernal, são muitas as reflexões que caem no terreno de “Será que vivo pelo certo?”.

Vendo Ele sozinho, um anjo amigo se aproxima, afastando-se da mesa de jogos.

– E, aí, Deus. Tudo bom?

Assinalou com a cabeça.

– Não quis jogar com a gente?

– Não sei jogar truco.

– Claro que sabe, você que ensinou.

– Não sei. Velho demais para o truco, talvez.

– Não vai beber nada?

– Não, não estou afim.

– Entendo.

A conversa esfriou, porém o pupilo de Deus fez tentativa de reascendê-la.

– Novidades no trabalho?

– Mesma coisa de sempre, ô, Raphael.

– E a mulher? Anda puta contigo?

Lançou nele seu esgar furioso.

– Vigia a tua boca, Raphael. Vira ela para outro lado.

– Perdão, Deus, vacilei.

Deus silenciou, mas retomou a olhar o horizonte, laranja e luminescente, na Praia do Apocalipse.

– Ela é ótima, mas anda estressada ultimamente. “Javé” para cá, Javé para lá. Preferia quando ela me chamava com ternura de “Deus”. Viajávamos os dois e éramos felizes.

– E o que mudou? Tudo que ouço são negativas.

O Altíssimo riu e saiu de perto.

– Você sabe o que mudou. Não preciso explicar.

Dirigiu-se ao banheiro para depositar no vaso aquela água que veio de gole em gole o dia todo invés de conversar enquanto o dia desvanecia.

Quando desatento abriu a porta do toalete, deu de cara com Achera.

A visão lhe despertou o sepulcral horror.

O banheiro ladrilhado estava obscurecido.

Achera estava sentada ao vaso branco, com os olhos chorosos e pasmados. Estava sem as roupas, contraída em si mesma e animalesca.

Ela estava claramente cagada, mijada, tristonha, assolada, suja, rançosa, sangue nas coxas, e assustada, acima de tudo temendo, e confusa, totalmente confusa e elementar naquele fundo, naquele buraco de banheiro que estava somente vivo pela luz da lua.

Seu murmuro de lágrimas era baixo, mas agudo, e sua visão ruidosa, os braços e as pernas comprimidos, desnudos, fizeram num rompante seu peito e respiração ruins.

Fechou a porta com rapidez e banhou o rosto na pia da área externa. Perto da churrasqueira com o cheiro agreste de cinzas de carvão apagado, foi aí acalmar a alma.

Raphael o viu retornar. Foi à cadeira de praia com a palidez do susto.

– O que foi?

– Nada.

– Nada?

– Nada mesmo.

Ajeitou-se ao assento.

– Raphael, o que pensa da firma?

– Como assim?

– Hoje, o futuro de lá, o futuro seu.

– Não sei… – riu confuso – “O futuro a Deus dará”. Era o que a gente costumava dizer. Agora, realmente não sei. Desde que Samael…

Raphael viu em Deus a reação esbravejada e reagiu, interrompendo:

– Entendi. Era dele quem dizia?

– Não… – tentou disfarçar.

– Todo mundo sabe que Você não gosta dele.

– Obrigado pela sinceridade.

– É verdade. Desde que ele assumiu o escritório, ninguém dá o emprego por garantido. Eu falei com Miguel mais cedo. “Uma hora a gente vai ser demitido e nem vai saber o por quê”. Sabe o que ele me respondeu?

– O quê?

– “Meu medo é nem demissão, é acabar a firma”.

– Mas tem gente que merece tomar um pé na bunda mesmo.

– Você fala isso para tentar ser justo com Samael.

– É verdade.

– Tanta humildade, Deus…

– Mas o problema com ele é meu, não de vocês.       

Raphael suspirou desconcertado.

– É uma tragédia. Um deus cego assumiu seu cargo e Você só aceitou.

Deus não queria contar, pois decepcionaria Raphael e Raphael, como um bom fofoqueiro, faria de sua credibilidade um chouriço esmagado. Mas, afinal, Deus é quem deixara à cargo de Samael suas funções: o cuido do pleroma, a justiça das espécies e a logística das terras. Samael era um auxiliar administrativo e, em sua sede de melhora, conseguiu da mão do próprio Altíssimo as permissões da gerência. Quando se viu poderoso, furou regras do pleroma, operou no vermelho, fez maus concílios e desagradou boa parte da clientela.

– A chefia nova é chucra, Deus. E já deixou de ser nova. Quanto tempo já que Tu caíste do trono?

– Faz alguns mil anos.

– E desde então, o que melhorou?

– Não sei. Aí, são com os clientes, eu só faço meu trabalho.

– Então! Deixam o sol tostar gente viva. Deixam os garotos roubarem. Deixam as idosas decorarem casas de repouso com suas presenças. As geleiras, os bosques morrendo! Desonram o teu nome, Pai. Estou sendo razoável com as críticas, você sabe que o buraco é mais embaixo.

Raphael se colocava em postura de guerrear, abstrato em todo sonho de ódio que possuía daquela má criação do mundo material.

– Se não fosse o Samael, tomar no cu daquele Samael…

– Raphael! Olhe tua língua! Pecas aqui?

– E o que posso fazer? Sabe onde dará o projeto de Samael.

– Sei. Mas o que posso fazer? – exclamou – Responda.

– Já vi onde vai dar. O Cosmos vai se fechar neste ritmo. E vai ser culpa tua…

– Culpa minha? Ora, eu não tive a ver com isso.

–Acho que tu poderia ter continuado pela gerência.

– Já era a minha esposa, agora és tu em minha orelha?

Raphael fez sinal de consolá-lo, mas Ele o parou.

– Não ouse, ok?

– Faz o seguinte: relaxa. Estica mais um dia com a gente.

– Preciso trabalhar.

– Amanhã ainda é feriado.

Olhou para dentro, pois procurava a esposa calada em busca de aprovação, mas mal recebeu um olhar, tão distante ela estava.

O anjo brindou com sua latinha.

Observavam juntos a rua: pipas no arrebol, carros encostados e famílias de monte.

– É, pode ser… – levantou a garrafa d’água em gesto, tentando ser terno e alegre.

Deus bufou e suspirou, cheio de canseira, a testa toda borbulhada de suor, não do calor que se estabilizara, mas de tantas as manhas e sanhas da vida.

– Já pensou em se aposentar? – inquiriu o anjo.

– Está próximo.

– Se anda ruim agora, imagina quando vier isso.

– Eu preciso descansar.

– Não é o que faz aqui? Há quanto tempo estamos aqui?

Fizeram silêncio.

– Eu prometi voltar.

– E é verdade?

Deus fez uma careta inexplicável, a qual tanto dir-se-ia de sua dúvida com o plano, quanto da certeza imperiosa.

– Sim, as férias estão acabando. Logo mais você vai ver como o Cosmos vai subir. Prometo. Vou dar jeito em Samael, nas contas, nos processos, tudo. O que acha? Te alivia?

O anjo abaixou a cabeça, juntou as mãos e exalou a maresia.

– Com certeza. Ô, se alivia… – colocou a mão no peito.

Raphael suspirou, limpou a garganta com uma golada de cerveja e voltou para o lar.

Pois assim foram as noites de domingo e segunda.

Deus ficava calado, nada brincalhão, pouco atentivo a Achera, mal afeito das coisas. Deus é brasileiro. Entretanto também era estoico.

No mais, revisava seu caderninho, o pequeno diário de couro, o qual esfarrapava grãos de pó tão antigo era, especialmente onde estava:

“E diria a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para anos.

Descansa, come, bebe e folga.

Mas lhe disse: Louco! Esta noite te pedirão a tua alma.

E o que tens preparado, para quem será?”.

As vigas do pleroma bambearam. O Cosmos estava dando aqueles sinais.

A terça-feira veio e Deus, onipotente e solitário, consigo tinha só as estrelas.

Na volta do feriado, todos haviam sido demitidos, sem cartas de recomendação.

CONTEXTO DA FANFIC:

Gnosticismo, Samael e Apocalipse:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Samael#:~:text=Segundo%20a%20etimologia%2C%20Samael%20significa,ira%20de%20Deus%20e%20destruidor.

O Deus judaico-cristão, Javé, é muito conhecido pela Bíblia. Mas os textos apócrifos, que derivam o gnosticismo, trazem contextos novos. Na Biblioteca de Nag-Hammadi, descobrem um texto sobre um deus cego, Samael, que é o “Demiurgo” que comanda todo o universo, enquanto Javé se retirou, agonizado do pecado, do mau de sua própria criação.

Então, por que não imaginar onde está o “Deus verdadeiro”? Como ele está?

Fiz um conto especulativo com as férias deste Deus e criei este conto.

Sobre Fabio Baptista

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19 comentários em “Deus no Bate-Volta (Raphael S. Pedro)

  1. Bia Machado
    14 de junho de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Olá, Ranti, tudo bem? Deus é brasileiro e também gente como a gente, né? Olha, gostei muito dessa versão mundana de Deus e Cia., li de uma vez só, em um ritmo bom de leitura e rindo em alguns momentos. Daria uma sitcom muito legal. Bem, acho que fizeram uma série nacional de anjos da guarda que eu gostei muito, mas ficou só na primeira temporada mesmo. Agradeço pela nota ao final do texto, muito interessante, mas eu acharia a mesma coisa caso o post estivesse sem qualquer nota. É isso, aguardo seu próximo texto. 😉

  2. Marco Saraiva
    13 de junho de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    É curioso ver a quantidade de textos que, quando brincam com a mitologia cristã, pintam o deus cristão como ausente, o deus que criou o mundo e saiu para descansar. Acho que, tirando os fiéis mais fervorosos, esta é a imagem que ocupa boa parte das mentes de hoje.
    No texto, Javé descansa, esperando o seu momento de retorno triunfal, enquanto Samael governa o mundo (a empresa) e muito mal, por sinal. A sua esposa o critica, os seus anjos aguardam com ansiedade pelo seu retorno, mas ele descansa, sempre sereno, sempre paciente.
    O conto inteiro é um trecho de um dia destas “férias” que são colocadas não por acidente no feriado de sexta-feira santa. A leitura começa com uma brasilidade gostosa, e trechos aconchegantes como os abaixo:

    “Era um domingo à tarde, no quintal da casa de veraneio, com piso de caquinhos vermelhos e o portão de espinhos de aço. “
    “O churrasco cheirava àquela crosta de gordura tostada, deliciosa, pingava na grelha.”
    “Mas já no sábado veio o esperado churrasco, o desjejum da carne. Não tinha prazo para terminar. As trombetas de sons, os corais desafinados, a piscina que refletia os céus, picanha, tudo era celebração.”

    São trechos que nos levam para casa, que ressoam na mente brasileira com vivacidade, e que ajudam a pintar deus como sendo Brasileiro. E no início parece que é este o objetivo: pintar Javé como um Brasileiro, brincar com esta ideia. Mas a partir do segundo ato, mais especificamente a partir de quando Javé vê a esposa em frangalhos no banheiro, o conto vira uma curva fechada na direção de questões religiosas e existenciais. Mesmo que as explore ainda com certo tom comico, não da para negar que o texto ganha peso mais para o final, e termina em tom sóbrio.

    É um conto muito bem escrito, com um português despojado e cheio de personalidade, brincando com palavras e construindo um cenário vivido na mente do leitor. Parabéns!

    NOTAS

    • A explicação sobre a fanfic no final foi tão importante para o meu entendimento do conto que acho que deveria estar no topo. É uma “fanfic” específica, MUITO específica. Gosto quando um autor estica o conceito de um desafio para algo que vai além do esperado. Aqui, a fanfic é de mitologia, e eu acho valida. Mas sem esta explicação no final, eu estaria completamente perdido.
    • O texto pede um pouco mais de atenção na revisão. O português é muito bom, mas alguns detalhes escaparam dos olhos do autor. Coisas como “Asas Aladas” e “Raphael e Raphael”.
    • A cena bizarra de Achera no banheiro não tem muita explicação. Ela destoa COMPLETAMENTE do resto do texto e, além de servir apenas como um ponto separador entre os dois tons da narrativa, não vi utilidade ou significado para esta parte!
  3. Leo Jardim
    11 de junho de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐▫▫▫)

    Pontos Fortes:

    • Premissa Original – A ideia de um Deus brasileiro em crise existencial durante um churrasco é muito boa.
    • Atmosfera Bem Construída – A ambientação suburbana (cerveja barata, truco, picanha) contrasta criativamente com o contexto divino.

    Pontos de Melhoria:

    • Narrativa Confusa – A transição entre o realismo mundano e os elementos cósmicos (pleroma, Samael) é abrupta.
    • Cena do Banheiro Deslocada – A aparição de Achera parece desconectada do tema principal, mais perturbadora que significativa.
    • Final Obscuro – A demissão coletiva no desfecho carece de explicação ou impacto emocional.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐⭐⭐▫)

    Excelência Narrativa:

    • Diálogos Verossímeis – As conversas entre Deus e Raphael capturam bem a dinâmica de amigos em churrasco.
    • Detalhes Sensoriais – O cheiro de carvão, o sabor da picanha e o calor da praia são vívidos.

    Sugestões:

    • Clareza na Transição – Inserir pistas mais claras sobre o conflito com Samael antes da revelação final.
    • Revisão da Cena de Achera – Ou cortar ou integrar melhor ao tema principal.

    🎯 TEMA (⭐▫)

    • Fanfic? – Apropria-se de mitologias judaico-cristãs e gnósticas, mas com reinterpretação autoral suficiente para fugir do senso comum. Tenho dúvidas se conta como fanfic, pois se for assim, todos as histórias bíblicas seriam.
    • Tópicos Tratados:
      • Crise de meia-idade divina.
      • Delegação de poder e arrependimento.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐⭐)

    Destaques:

    • Humanização do Divino – Deus como um brasileiro cansado, evitando cerveja e preocupado com o trabalho.
    • Metáfora Corporativa – O pleroma como uma “firma” em crise administrativa é uma analogia fresca.

    Oportunidade Perdida:

    • Desenvolvimento de Samael – Poderiam aparecer indícios concretos de seu mau governo (ex.: notícias na TV sobre catástrofes naturais).

    🎭 IMPACTO (⭐⭐⭐▫▫)

    Por Que Funcionou:

    • Humor Sutil – Deus recusando cerveja e reclamando do preço do bacalhau são momentos genuínos.
    • Identificação Humana – A angústia de voltar ao trabalho após o feriado ressoa universalmente.

    Faltou Impacto:

    • Conclusão Aparente – A demissão em massa parece sem conexão, não é uma consequência natural da trama.
    • Tensão Não Resolvida – O conflito com Samael é mencionado, mas nunca confrontado diretamente.

    OBS: A explicação contextual no final é necessária, mas funcionaria melhor se integrada organicamente à narrativa.

  4. Priscila Pereira
    10 de junho de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Autor! Tudo bem?

    Não gostei do seu conto. Sou cristã, então já deve imaginar pq não gostei, né. Está bem escrito, interessante de seguir, prende a atenção, com certeza você sabe o que está fazendo. Mas não gostei absolutamente do enredo. Mesmo assim, desejo boa sorte no desafio.

    Até mais!

  5. Alexandre Costa Moraes
    8 de junho de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Olá, entrecontista!

    De cara, curti demais seu conto. Adorei a ironia refinada com que você explora um tema bíblico em um cenário de confraternização entre amigos, um trivial feriado da Semana Santa na casa de praia Airbnb. A ambientação com churrasco, cerveja e música, mulheres querendo ir pra casa, cena caótica no banheiro, etc é apresentada com ironia sagaz, clareza e ritmo, mantendo sempre uma crítica sutil à nossa noção de “festividade sagrada”.

    O arco narrativo funciona muito bem. A acidez aparece nos diálogos curtos, mas carregados de subtexto, e a explosão de significado no final me surpreendeu completamente, especialmente por adaptar referências bíblicas de forma tão acessível e contemporânea. Mesmo sem profundo conhecimento teológico, senti a inteligência por trás da sátira e a força do contexto adaptado à modernidade .

    Tecnicamente, o texto se sustenta com uma escrita enxuta e eficiente. O ritmo não perde fôlego e os diálogos fluem com naturalidade. Foi um dos contos mais instigantes que li na série C, com humor inteligente e provocativo digno de nota. Parabéns pela ousadia, criatividade e crítica cultural. Boa sorte no desafio.

  6. Andre Brizola
    8 de junho de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Ranti!

    Como o prazo para comentários dessa vez foi bem longo, estou me permitindo ler e comentar contos que não precisaria. Então, cá estou eu, interferindo na série C. Deus no Bate-Volta é interessante, e bastante provocativo. Mas não sei se ele poderia se enquadrar apropriadamente no tema do desafio. Para esse desafio, comentando os contos obrigatórios, eu utilizei um sistema mais organizado, para ser mais ágil e prático. Vou fazer algo parecido aqui também.

    Técnica – O conto é bem escrito. Tem um ritmo um tanto quanto letárgico, mas que acaba refletindo bem o clima geral do enredo, com aquele fim de tarde, com todo mundo cansado, querendo mais desmaiar no sofá, como foi dito, a continuar com a bagunça. Algo mais apropriado para um domingo do que um sábado, mas não no ponto de vista dos anjos, imagino. A construção dos diálogos é muito inteligente, com alternâncias ágeis e bem colocadas dentro do texto para impedir que os parágrafos narrados, com a letargia que citei antes, tomem conta.

    Enredo – É um bom enredo, e tudo que serve como crítica à religião, a fim de abrir a mente daqueles arraigados a qualquer doutrina, deve ser tratado como algo relevante. Mas é um texto difícil, e muitas referências passam batidas sem o devido conhecimento do contexto que está linkado no final. E, mesmo com o link, algumas outras ainda passam batido, como Ashera.

    Tema – Não sei se uma fanfic sobre a bíblia é algo válido para o desafio. A intenção é que o texto fosse algo sobre personagens conhecidos popularmente, vindos de livros, séries, filmes, ou que se passassem em ambientações conhecidas dentro dos mesmos parâmetros. E tratar a bíblia como algo assim é atingir somente a uma parcela de leitores, aquela que tem a bíblia como um livro inventado. Mas para a outra parcela, a que crê que aquilo trata-se de uma mensagem real, o conto não é uma fanfic, é uma sátira, outro gênero.

    No geral, eu acho que é um bom conto. Tem certa criatividade, embora invista em uma temática não muito original, já que não é raro vermos contos que revisitem a bíblia aqui no EC. Mas, para mim, perderia pontos importantes pela falta de adequação ao tema.

    É isso aí, boa sorte no desafio!

  7. claudiaangst
    7 de junho de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Escolheu um tema bem ousado para construir a sua fanfic. Ninguém o(a) acusará de falta de criatividade.

    Percebe-se a facilidade em elaborar diálogos que simulam bem a oralidade do cotidiano.

    Há alguns erros de revisão, mas isso é fácil de acertar. Por exemplo, o porquê tem que vir todo juntinho, tá?

    É isso. Se for novato(a), seja bem-vindo(a).

    Parabéns pela participação.

  8. cyro eduardo fernandes
    7 de junho de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Texto fluído e ousado, com boa técnica. Criatividade se destaca. Impacto médio.

  9. Rangel
    25 de maio de 2025
    Avatar de Rangel

    Ranti,

    Seu conto brinca com a frase “Deus e brasileiro” Ali, pelo jeito, todo o céu é um escritório brasileiro. Me lembrou uma esquete do Porta dos Fundos. Você trabalhou bem e me diverti com o conto em boa parte. Gosto de quem sabe provocar, de quem causa polêmica.

    quanto às qualidades do texto, ele está bem escrito e revisado. O protagonista é bem desenvolvido e seu drama convence. Os diálgos são bem estruturados. Parabéns!

  10. JP Felix da Costa
    24 de maio de 2025
    Avatar de JP Felix da Costa

    A leitura deste conto, para mim, não foi fácil. Está escrito em linguagem quase oral brasileira. Para além disso, tecnicamente, tem muitas falhas. Recomendo algum estudo sobre regras de escrita. Por outro lado, aceito ser opção do autor/a escrever assim.

    Religião é algo que não combina nada comigo. Assim sendo, não estou por dentro de alguns conceitos necessários para compreender toda a história. No entanto, a ideia base não deixa de ser interessante, embora a execução não me tenha convencido.

    O texto revelou-se algo confuso, principalmente na estrutura dos diálogos que, ao não darem indicações, facilmente deixava de saber quem estava a dizer o quê. Acho que isso dificultou muito a leitura, compreensão e acompanhamento do texto.

    Em resumo, um texto morno que não me conseguiu agarrar.

  11. Kelly Hatanaka
    23 de maio de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Uma fanfic de deus, em que o universo é a firma e deus, um chefe que se deu férias sem vontade de voltar.

    A ideia é interessante, uma premissa criativa e ousada, mas penso que se afasta demais do elemento da fanfic, no caso deus e os escritos agnósticos. No fim, deus não se parece em nada com deus, é qualquer um. Não vemos nele nenhum atributo divino, nenhuma característica própria de qualquer deus. Se, ao invés de Javé, ele fosse o Zé das Couves, a história se daria da mesma forma.

    Então, o que poderia ser um interessante paralelo com o gnosticismo acaba virando a descrição de um final de semana prolongado na praia.

    A escrita é muito boa, acho difícil escrever diálogos em que muitas pessoas estão falando e penso que você se saiu muito bem.

  12. Sarah S Nascimento
    21 de maio de 2025
    Avatar de Sarah S Nascimento

    Olá! Pra começar acho que a gramática e a fluidez estão ótimas. Só tem uma palavra ou outra que não conheço, tipo pleroma e arrebol mas não é nada que tenha prejudicado o entendimento. Eu achei o conto bem escrito, muito fluido, fácil de compreender. Toda essa vibe de festejar mas também não saber no fim se o sentimento é bom, ou ruim, esse trecho que diz que não era felicidade, nem tristeza, me fez vislumbrar melhor essa questão meio ambígua. Dá pra ver a angústia do personagem principal, ele está estressado, mas também não parece que pode resolver nada de seu antigo trabalho. É uma proposta bastante ousada e de fato não tem cena mais coisa do brasileiro que isso de um churrasco, um truco e uma conversa franca regada a goles de cerveja. risos. Para mim, os pontos positivos são a ideia geral de todos os anjos sendo amigos que trabalham numa firma, o personagem principal destituído ali do cargo e vendo as coisas desmoronarem no mundo todo, a descrição do local onde acontece os festejos ali tá excelente. Gostei especialmente do chão de caquinhos vermelhos e o portão, a parte da grelha pingando gordura, ou o cheiro do próprio churrasco. Penso que está bem dividido entre os diálogos e a parte que foca no personagem principal.
    Não sei se posso dizer que são pontos negativos, mas são questões pessoais minhas, eu não gosto dessa representação de Deus como alguém tão comum quanto o meu vizinho. risos. Mas como falei, acho que isso é mais uma questão pessoal. O conto não me agradou no geral porque já não sou fã de obras como Lucifer, que tem o diabo ou anjos e outras figuras religiosas ali sendo retratadas de uma forma tão cotidiana sabe? E há apenas uma parte do conto que não entendi muito bem, que foi a conversa das esposas. Não entendi se uma das esposas estava falando que o anjo não a procurava e isso a deixava chateada, ou se “o outro” era de fato outro cara.
    Como falei, apesar de não gostar desse tipo de proposta, o conto está excelente, interessante e é bem ambicioso em todas as questões que ele trata, como essa possibilidade do cosmos fechar, trazer toda a questão celestial para algo mundano como empresa, gestor, anjos se embebedando, é original e incômoda pra mim. risos. Mas a criatividade é inegável!

  13. Antonio Stegues Batista
    10 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Sinopse: Deus e seus auxiliares passam o fim- de- semana numa praia de veraneio.

    Gostei do enredo, da ideia, dos diálogos, lógicos de acordo com a premissa. A escrita comum, sem grandes elaborações nas frases, mas com um tom sarcástico que se destaca sutilmente na prosa. É uma fanfic satírica sobre Deus. Achei que seria fanfic sobre o filme Deus é Brasileiro e me enganei, mesmo porque o enredo é diferente. Ainda bem que você colocou a fonte da fanfic no final do texto. Parabéns e boa sorte.

  14. Nipar
    9 de maio de 2025
    Avatar de Nipar

    Ideia bem original, gostei disso. Alguns erros ortográficos (poucos), as vezes pela digitação. (depois que comecei a fazer revisão ortográfica com IA, nunca mais tive isso). Diálogos bem elaborados. Bastante ironia. Gostei muito.

  15. Luis Guilherme Banzi Florido
    9 de maio de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa noite!

    Uma fanfic curiosa. Nao esperava algo do tipo. Alias, isso me faz pensar sobre a validade de uma fanfic da biblia. Quero dizer, fanfic sugere “fan fiction”, ou seja “ficçao elaborada por um fã”, ou algo assim. É estraho pensar em alguem como fã da biblia, sei la. Mas como nao vou precisar dar nota pra esse conto, nao vou ficar pensando demais nisso nem te amolando.

    Sobre o conto em si, voce escolheu uma abordagem cotidiana, enquanto no plano de fundo retratou de forma um tanto metaforica os eventos da biblia. Gosto dessa abordagem. Os personagens utilizam do cotidiano e de uma linguagem clara e pratica para demonstrar uma proximidade maior do divino com o terreno do que teriamos imaginado.

    Alguns pontos me ficaram confusos. Acho que o texto podia ser melhor trabalhado para dar clareza em alguns pontos. Acho que, na tentativa de empregar uma linguagem mais densa, voce acabou deixando o conto um pouco truncado em alguns pontos.

    Acho que é isso. Uma boa sacada, seu conto aproxima o divino e o terreno enquanto especula sobre o paradeiro de um Deus em férias. Nao me foi particularmente uma leitura impactante, mas foi muito bem construida, com bons dialogos e bons personagens.

    Parabens e boa sorte no desafio!

  16. Pedro Paulo
    5 de maio de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Oi! Dificilmente faço introduções ao comentar um conto, mas fiquei sabendo que a série C contém apenas novatos, então aproveito para dar boas-vindas e, sobretudo, recomendar que nos acompanhe nos próximos desafios. Participo desta comunidade há quase dez anos e o tanto que cresci na escrita nesse período posso atribuir a esta grande colaboração que é o EntreContos. A experiência de, na imparcialidade do anonimato, ter o seu texto comentado e ranqueado, em geral escrito para atender a um desafio de temas e limites de palavras… da forma como foi sofisticado aqui, não encontrei igual.

    Enfim, por questões regulamentares não sou obrigado a ler a série a C, mas é muito mais legal ler todos os textos participantes, então farei esse esforço nesses desafios. Só não atribuirei nota e também não costumo separar meus comentários em tópicos, o que talvez desse em uma impressão mais bem estruturada, mas poderá perceber que, de praxe, comento entre dois aspectos: forma (escrita, estrutura do texto, vocabulário, diálogos, etc.) e conteúdo (enredo, personagens, adequação temática, narrativa, etc.). Espero contribuir. Boa sorte no desafio!

    Premissa interessante! Eu não sacralizo ou tenho religião, de modo que entendi este trabalho como uma fanfic das “ficções” originais, isto é, os textos míticos. A releitura dos bastidores da Criação como um churrasco de trabalho, com direito a intrigas e fofocas, é bem construída, mas o desenvolvimento desse cenário enquanto trama me frustrou um pouco. As interações entre Javé e sua esposa me pareceram deslocadas, sobrando na narrativa, e os diálogos com Raphael divertem pelo absurdo do jargão empresarial aplicado às proporções da essência da existência, mas senti falta de ver isso na prática – talvez acompanhando Samael de perto ou vendo os efeitos da banalidade administrativa nas vidas reais das pessoas – do que ficar apenas na piada da forma narrativa e das menções do anjo revoltado. Enfim, uma boa ideia cujo desenvolvimento a conto não me cativou.

  17. Thiago Amaral
    5 de maio de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Achei o conto bastante interessante. Ele traz um contraste irônico entre a religiosidade e a festa de feriado, algo tão mundano. Mas não foi esse humor que me pegou, e sim as referências religiosas um pouco mais obscuras.

    Gostei das conversas com os anjos, do cosmos visto como um trabalho, e da alternância de poder (após Jesus ressuscitar, imagino). Gostei da tal de Achera, que não conhecia (e está escrita de outras formas onde procurei), que aqui é a companheira meio excluída de Deus, algo tão comum nas festinhas do tipo. Não entendi bem o que aconteceu no banheiro, mas pra mim é representação da natureza ou do planeta, que definha e sofre a ausência de um gestor competente no universo. Entendi que a personagem era uma deusa venerada antes da adoção do monoteísmo. Gostei bastante de aprender essas coisas. E, no fim, acaba tudo em Apocalipse, pois a firma estava desandando. Ótima sutileza ao apresentar esses elementos.

    Como mencionei, alguns detalhes não ficaram tão claros, e fica a critério da autoria decidir se era ou não pra ter sido melhor explicado. Além disso, eu não acho que classificaria como fanfic, mas não vou precisar atribuir nota mesmo, então tudo bem.

    Mas, no saldo total, acho que foi uma ótima criação de universo (sem trocadilhos), com tudo amarradinho e bolado de maneira que faz sentido em relação ao material original.

    Parabéns pelo conto, e boa sorte no desafio.

  18. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    5 de maio de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    achei o conto muito interessante. Ele apresenta uma ideia diferente sobre tudo de ruim que acontece na nossa redor. Percebi uma mistura de segunda e terceira pessoa nos diálogos. Também acho que toda aquela explicação que foi trazida no final, poderia ter vindo no corpo do texto, facilitando a compreensão. Foi uma ideia bastante original, eu pessoalmente gosto muito destes assuntos.

  19. Givago Thimoti
    4 de maio de 2025
    Avatar de Givago Thimoti

    Da série “fazendo a boa”, para os calouros da Série C, vim apresentar minhas impressões pessoais sobre o seu conto. Deus no Bate-Volta é uma Fanfic que convida o leitor a imaginar sobre um Deus em vias de se aposentar, exausto após uma eternidade de trabalho e decepção com o fruto de seu trabalho (nós queridos e amáveis seres humanos).  

    É um conto com uma boa roupagem; a escrita é correta gramaticalmente e ousa em sair de um estilo tradicional de contar a história. Muito se desenrola a partir dos diálogos. Contudo, nesse aspecto, pelo menos para mim, o resultado foi um pouco negativo. Senti que não ficou tão bem amarrada a história. Por exemplo, num determinado momento estamos lendo sobre o ambiente do churrasco angelical, então alguns fragmentos de conversa surgem, e nem os fragmentos dialogam entre si. A sensação foi a de realmente estar num churrasco, com muita gente falando ao mesmo tempo, e eu ouvinte/leitor sem poder participar porque sequer está entendendo. Um churrasco bem chato de ir porque nem o gosto da picanha eu tive o prazer de saborear.

    Isso também de certa forma esbarra no que é um grande ponto negativo para mim no conto: a história me afastou. Eu não sinto qualquer ligação com o conto. Muitas foram as vezes que eu fiquei boiando, percebendo que há um subtexto, mas meio incapaz de compreender exatamente o que está acontecendo. Geralmente eu pesquiso assim que percebo algo que necessita do meu conhecimento, mas mesmo com pesquisa falhei. O glossário foi bem vindo, mas ao final me pareceu deslocado. Um pouco mais enxuto, sem explicar tanto, viria a agregar no conto.

    Por fim, a cena de uma reunião de amigos do trabalho no feriado, com o Deus afastado e aquele clima de empresa não funcionou também. Achei estranho.

    Bom, no geral, achei um trabalho interessante, que cativa o leitor que gosta de uma visão religiosa mais teológica/filosófica ou que gosta de pesquisar, mas com uma execução estranha, que poderia ter sido melhor trabalhada. Espero ler mais trabalhos seus para frente aqui no EC! Seja bem-vindo/ bem-vinda!

    PS: adorei a capa!

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Publicado às 3 de maio de 2025 por em Liga 2025 - 2C, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .