EntreContos

Detox Literário.

A Bela Adormecida de Velmora (Afonso Luiz Pereira)

O pequeno Olavo chutou uma pedrinha abelhuda na calçada. Seus ombros estavam encolhidos, parecia muito triste. Apertava o papel amassado do “Sonho de Valsa” escondido dentro do bolso da bermuda. Comprara o bombom mais cedo. Era para a menina mais bonita da escola.

No começo, ele tinha certeza que a Emília ficaria feliz. Mas ela apenas olhou para o chocolate, deu um sorrisinho sem graça e disse:

— Obrigada, Olavo, mas eu não posso aceitar, não.

E aí a menina mais bonita da escola simplesmente o deixou plantado no meio da rua e foi embora. Nenhuma explicação. Nenhuma conversa. Só aquele “não posso aceitar”. Ora, quem não gosta de chocolate?

Agora, os amigos riam alto lá do parquinho da praça.

— Olavo levou um fora! Olavo levou um fora! — gritavam e batiam palmas, zombando dele.

— A Emília gosta do Kelvin do 6º ano, seu tongo — disse o mais velho do grupo, rindo. — Capaz mesmo que ela vai dar bola pra um nanico como você.

— Grande coisa, o Kelvin nem é tão alto assim… — resmungou o garoto, chutando outra pedrinha intrometida no meio do caminho, irritado.

A tarde estava estragada. O menino já não tinha mais vontade de brincar. Muito desanimado, ele decidiu ir embora quando ouviu uma voz rouca e suave ali perto.

— Pois é… o primeiro fora a gente nunca esquece.

O garoto levou um susto. Virou-se e viu um velhinho de óculos redondos e barba branca comprida, sentado num banco próximo.  Tinha uma cara simpática. Cara de Papai Noel, só que bem magro. Vestia um casaco antigo com botões grandes, parecido com o do vovô Neca. O chapéu estava meio torto.

Ele jogava pedacinhos de pão aos pombos como se já tivesse feito isso mil vezes. O que chamou mesmo a atenção do menino foram os olhos dele: castanhos, com um brilho dourado bem estranho. Refletiam uma luz misteriosa e pareciam cheios de sabedoria.

— Mas quer saber? — continuou o Papai Noel magrelo, alimentando os pombos. — Toda essa tristeza aí no teu peito vai passar. Às vezes, o que parece ser o fim do mundo… hum… é só o começo de uma grande história, sabia?

Olavo franziu a testa.

— História?

O velho bateu a palma da mão duas vezes de leve no banco ao seu lado.

— Vem cá, senta aqui, você já ouviu falar de Velmora?

— Vel… Vel… o quê?

— Velmora. Um planeta não muito distante do nosso.

— Planeta? Tipo… Marte?

— Mais ou menos – o senhor misterioso respondeu, divertido. —  Lá em Velmora, as pessoas carregam dentro de si uma energia muito especial. Algo que as conecta umas às outras desde o nascimento. É uma espécie de fio invisível, vamos dizer assim.

— Que nem cordão umbilical? — arriscou Olavo, fazendo careta.

O velho deu uma risadinha leve.

— Quase isso. Só que esse fio não se corta. Ele se estica com o tempo, com a distância e sempre puxa as pessoas certas de volta uma pra outra. Eles chamam isso de Mana Planetário.

— É como o tal do amor?

— Podemos chamar assim, tudo bem. É uma promessa que o próprio planeta faz por você. Um jovem príncipe chamado Eldrin teve de aprender isso da forma mais difícil.

— Quem é esse? — perguntou Olavo, sentando-se no banco, agora totalmente fisgado pela história.

***

“O príncipe Eldrin era um jovem bonito, de olhos azuis e porte elegante, embora não fosse tão alto quanto os contos de fadas costumam dizer. Era magro, porém de um jeito meio desajeitado. Usava um manto de viagem já meio amarrotado pelo tempo. No entanto, apesar das roupas gastas e do cansaço da longa jornada, seu olhar permanecia firme.

Por quase três anos, o príncipe atravessou desertos escaldantes, florestas misteriosas, pântanos traiçoeiros e montanhas cobertas de neve. Seu objetivo? Encontrar sua outra metade, aquela que o Mana Planetário havia escolhido para ele.

Numa certa noite, enquanto dormia sob o céu estrelado, uma visão tomou conta de sua mente. O ar ao redor parecia vibrar em luz dourada e suave. De dentro da névoa surgiu uma pequena figura alada. Ela tinha asas translúcidas, e seus olhos brilhavam como pedras preciosas.

— Príncipe Eldrin — disse a fada em voz doce, tal qual o vento da primavera. — O destino te chama. Sua outra metade aguarda por você no Condado de Eldoria.

— Quem é ela? Como irei reconhecê-la?

— Ela dorme por anos sob uma maldição antiga. O Mana Planetário mostrará o caminho e teu próprio sangue trará a resposta.

Antes que o príncipe pudesse perguntar mais, a fada se dissolveu como poeira ao vento.”

***

— Opa, opa, essa história aí eu já conheço! — interrompeu Olavo, animado. — O príncipe chega no castelo, encontra a Bela Adormecida e dá um beijo nela, né? Aí ela acorda e eles vivem felizes pra sempre.

O senhor simpático ajeitou o chapéu com ar bem-humorado.

— Você tem certeza?

O menino piscou.

— Ué… não é assim?

— Bom… essa é a versão que chegou até aqui. Mas a verdadeira história da Bela Adormecida de Velmora é um pouco diferente.

— Diferente como?

— Vou te contar.

***

“Há muitos anos, o Rei e a Rainha de Eldoria, um dos inúmeros reinados de Velmora, queriam muito ter um filho. E quando, enfim, a pequena princesa Ielma nasceu, a alegria foi tão grande, tão grande, que o reino festejou por três dias e três noites.

Como mandava a tradição, o rei convidou as treze feiticeiras mais poderosas do condado a fim de abençoar a recém-nascida. Era um costume antigo, cheio de regras. Cada feiticeira precisava se sentar em uma cadeira especial, decorada em ouro e prata, colocada em círculo ao redor do berço real.

O problema é que o mestre de cerimônias cometeu um erro grave. Preparou apenas doze cadeiras. A décima terceira feiticeira não foi convidada. Nereva era a mais velha de todas, misteriosa, solitária e muito respeitada. Ou, como muitos diziam baixinho, temida.

No dia da cerimônia, ninguém esperava vê-la. Mas ela apareceu.

Quando a música ainda tocava e os convidados conversavam no grande salão, Nereva entrou. Seu manto preto arrastava-se no chão como uma sombra viva.

Todos pararam de conversar.

Ela caminhou até o berço da princesa e levantou uma das mãos.

— Quando esta criança se tornar mulher — disse com voz fria — cairá num sono profundo e nunca mais acordará.

Depois disso, sem dizer mais nada, Nereva virou-se e sumiu dentro da noite. Ninguém soube como ela saiu do castelo, nem onde foi parar. Ninguém nunca mais a viu. O rei mandou procurá-la por todo o reino, mas era tarde demais. A maldição já estava lançada.

Por muitos anos, nada aconteceu. A princesa cresceu alegre, saudável, e a história da bruxa foi virando lenda. Ainda assim, no dia em que Ielma completou sua maioridade, tudo mudou.

Um servo recém-contratado, discípulo fiel de Nereva, serviu-lhe um chá de ervas naquela manhã. O aroma era doce. O gosto levemente amargo. Na primeira hora da tarde, a princesa caiu em sono profundo e jamais despertou.

Desde então, Ielma permaneceu adormecida na torre mais alta do castelo. Nenhuma magia, ciência ou prece jamais foi capaz de trazê-la de volta.”

***

— Ah, mas até agora não vi muita diferença nessa história — Olavo torceu o nariz. — A princesa dormiu do mesmo jeito, igual no conto de fadas que eu conheço.

O velho soltou outra risada curta.

— Sim, dormiu. A questão não é o que aconteceu com ela, e sim como ela despertou.

O menino arqueou uma sobrancelha, quase contrariado.

— Ora, o príncipe beija ela e eles ficam juntos pra sempre, não é assim?

***

“O sol já começava a se pôr quando o príncipe chegou aos campos verdejantes do condado de Eldoria. Montado em seu cavalo branco, ele sentia o vento morno soprando pelas planícies, fazendo a grama alta ondular como um mar esmeralda.

No começo, Eldrin não sentiu nada além do ar fresco balançando sua capa. O lugar era bonito, sim, mas parecia apenas um campo como qualquer outro. Nada de especial. Ele ficou desconfiado do sonho. Será que havia se enganado? Será que a fada o havia guiado ao lugar errado?

De repente, o ambiente vibrou ao seu redor, arrepiando sua pele. Não era apenas o vento. Era algo diferente. Algo vivo. O coração, tocado pela energia impregnada no ar, bateu mais rápido. Ele olhou em todas as direções e tentou entender de onde vinha aquela sensação.

Era o Mana Planetário chamando por ele.

— É aqui — o príncipe murmurou — Meu Dharma-Ran está aqui.”

***

— Espera aí… — o menino inclinou a cabeça. — Esse Dharma-Ran é como quando a gente gosta muito de alguém e o coração dispara?

O Papai Noel magrelo sorriu, jogando um último pedaço de pão aos pombos.

— Pode ser. Às vezes o coração sabe antes da cabeça. Às vezes ele sente que alguém é especial. Mesmo que a gente ainda não entenda por quê.

Olavo ficou pensativo.

— Então é bem como eu falei, o Mana Planetário é tipo o amor, né? Só que já vem pronto dentro da gente.

— Hum… essa poderia ser uma forma de ver as coisas, sim. Mas será que o príncipe também vai entender desse jeito?

***

“Na manhã seguinte, depois de dormir numa estalagem, Eldrin dirigiu-se ao castelo. Foi recebido com desconfiança. No entanto, ao contar sobre o sonho, o rei de Eldoria mais uma vez se encheu de esperança.

— Você tem certeza disso, jovem príncipe?

— Tenho. Sua filha está ligada a mim pelo Mana Planetário. A fada me garantiu que é algo que vem do meu próprio sangue.

O rei trocou olhares com os conselheiros. Por anos, tentaram inúmeras curas, sem sucesso. Talvez aquele forasteiro fosse a última chance.

— Muito bem, faremos a tentativa.

No quarto silencioso, onde Ielma repousava, Eldrin aproximou-se devagar e admirou a beleza serena da bela adormecida. Seu rosto delicado, a pele pálida, os longos cílios imóveis. Sentiu as vibrações do Mana mais forte dentro de si, como uma melodia prestes a se completar.

O médico real retirou uma pequena porção do sangue do príncipe e injetou no braço da princesa. A espera foi angustiante. Uma hora. Duas. Então, na terceira, um suspiro fraquinho quebrou o silêncio do quarto, e Ielma abriu os olhos.

Eldrin se aproximou, nervoso. Ela piscou algumas vezes, tentando focar nele.

— Quem… quem é você? — perguntou, a voz sonolenta.

Ele abriu um largo sorriso.

— Sou o seu Dharma-Ran.”

***

— Que bom pra ele, né? O príncipe conseguiu arranjar uma namorada sem ter que dar chocolate pra ela. Só precisou tirar sangue — disse o menino, fazendo bico, num leve tom de inveja.

— E você teria coragem de fazer um exame de sangue só pra provar que gosta da Emília? — provocou o velho.

Olavo arregalou os olhos.

— Com seringa?! Mas nem a pau! Eu fiz o maior escândalo no postinho de saúde. Tenho pavor de agulhas!

Ainda se recuperando da lembrança dele chorando, esperneando e tentando fugir da enfermeira, o garoto franziu a testa de repente.

— Ei, peraí… como é que você sabe da Emília?

— Ora, eu tenho ouvidos. E vi vocês dois conversando.

Olavo abriu a boca com vontade de reclamar, mas parou no meio da intenção e soltou um suspiro conformado.

— Tá… hum… e daí? O que aconteceu com o príncipe?

***

“A notícia do despertar da princesa espalhou-se como fogo pelo reino. Houve festas, celebrações e danças que duraram dias inteiros. Eldrin sentia-se muito feliz. Encontrara sua outra metade.

Mas a alegria durou pouco. Uma semana depois Ielma o chamou para conversar. Seu rosto estava sério. Seus olhos, apesar de gentis, carregavam um peso inesperado.

— Eldrin… eu sou muito grata a você. Se não fosse por sua ajuda, ainda estaria dormindo. Mas… — ela hesitou, escolhendo as palavras com cuidado — eu não sinto as vibrações do Mana em você.

O mundo de Eldrin desabou.

— O quê? Isso não faz sentido! Desde o momento em que pisei nesta terra, soube que era você!

— Mas eu não sinto o mesmo — ela disse, baixinho. — Perdi anos em sono profundo. Não posso ficar aqui, parada. Preciso fazer minha própria peregrinação. Preciso encontrar o meu Dharma-Ran.

As palavras dela atingiram o príncipe como um golpe certeiro no peito.

Ela não o amava!

Eldrin não disse nada. Tudo ao redor perdeu o brilho, envolto em tons cinzentos e tristes.  O sonho o havia sustentado até ali, cheio de esperança. Mas agora, ele não sabia mais o que fazer.”

***

— O quê?! — exclamou Olavo, pulando do banco. Seus olhos estavam arregalados de surpresa. — Essa princesa só pode tá de brincadeira! O cara cruzou o mundo, salvou ela, fez todo esse esforço e ela só diz “obrigada” e vai embora? O que é isso?

O velho soltou um suspiro longo e balançou levemente a cabeça.

— Parece injusto, não é?

— Parece muito injusto! E bota injusto em cima disso! Ah, se fosse comigo, eu… eu…

Agitado, o menino começou a andar de um lado para o outro, pisando firme na calçada à procura de outra pedrinha que pudesse chutar.

Mas… foi com ele também, ou não foi?

A Emília. O bombom. O “não posso aceitar”.

Um nó apertou sua garganta. Ele e o príncipe tinham levado um fora, e um fora beeeem grande. Ficou um momento em silêncio, pensando sobre aquilo. Depois, menos animado do que antes, voltou a se sentar no banco.

O velho inclinou a cabeça, pousou a mão no ombro do garoto em gesto de conforto e disse:

— É a vida. Nem sempre as coisas acontecem do jeito que a gente imagina.

***

“Nos dias que se seguiram, Eldrin vagou sem rumo, sem forças para ir embora de Eldoria. Sua peregrinação, antes repleta de esperança, agora parecia um caminho vazio.  Muito triste, ele entrou na densa floresta do condado, sem destino, apenas desejando esquecer aquele pesadelo. Queria ficar sozinho.

O vento sussurrava entre as árvores, indiferente à sua tristeza.  O príncipe parou à beira de um pequeno riacho, sentou-se sobre uma pedra e fechou os olhos.

— Talvez eu devesse me afastar de tudo isso por um tempo — murmurou quase à beira das lágrimas.

De repente, uma onda de energia percorreu seu corpo. Forte. Intensa. Como se a própria floresta tivesse despertado. Eldrin arregalou os olhos. O coração disparou. Era o Mana Planetário novamente.

Só que, dessa vez, era diferente!

A sensação que tivera com Ielma nem se comparava ao que sentia agora. Isso era maior. Mais forte. O próprio planeta parecia gritar para ele não desistir.

De repente, seus pés se moveram sozinhos. Como se puxado por um fio invisível, Eldrin atravessou a floresta, guiado por aquela força irresistível. As árvores se abriram diante dele e, então…

Ele viu!

No centro de uma clareira, envolta por uma redoma de vidro, uma jovem de beleza estonteante também estava adormecida. Sua pele parecia brilhar sob a luz suave do entardecer. Os longos cabelos escuros escorriam pelos lados do leito como cortinas de seda.

Ao redor da redoma, sete pequenas figuras faziam guarda. Eram anões mineradores. Seus rostos cansados carregavam uma tristeza profunda.

Eldrin estava maravilhado. O Mana Planetário pulsava tão forte dentro dele que mal conseguia respirar. Não precisava de palavras. Nem de explicações.

Ali, diante dele, tinha certeza, estava seu verdadeiro Dharma-Ran!”

***

O menino ouvira a última parte da história quase sem piscar, quieto e vidrado, como se estivesse assistindo a um filme. Quando o velho terminou de falar, ele ficou em silêncio por alguns segundos, ainda sob o efeito da surpresa.

Aos poucos, um sorriso bobo surgiu em seu rosto.

— Ei… quer dizer que o príncipe achou que a princesa Ielma era o primeiro amor da vida dele, mas na verdade a pessoa certa estava em outro lugar?

O velho concordou acenando com a cabeça, satisfeito, os olhos brilhando de leve.

— Exatamente. Às vezes, o que achamos ser o fim é só um desvio no caminho. Ou o começo de uma nova história.

Olavo voltou a se calar, o olhar perdido no chão por um instante. A tristeza no peito, que pesava desde cedo, já não parecia tão apertada. De repente, ele se levantou num pulo, os olhos acesos.

— Preciso contar essa história pro pessoal!

E, sem hesitar, saiu correndo pelo parque. O vento bagunçava seu cabelo, e pela primeira vez naquele dia, o bombom recusado já não parecia tão importante.

Logo encontrou os amigos.

— E aí, Olavo? Onde você tava? — perguntou um dos garotos.

— Conversando com um velhinho gente boa ali — respondeu, ainda ofegante.

— Que velhinho?

Olavo olhou para trás.

O banco estava vazio. Nenhum sinal do senhorzinho de óculos redondos e barba branca. Até os pombos haviam sumido. Ele piscou, confuso. Não sentiu medo nem estranheza, pelo contrário: o coração estava leve.

— Deixa pra lá.

Então se virou para os amigos, abriu um sorriso animado e disse:

— Ei, vocês já ouviram falar de Velmora?

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24 comentários em “A Bela Adormecida de Velmora (Afonso Luiz Pereira)

  1. Leila Patricia
    16 de julho de 2025
    Avatar de Leila Patricia

    Seu conto me segurou desde a primeira linha — há algo de elegíaco nesse ambiente que mistura infância frágil e miséria de ser criança no mundo. A figura da “rainha negra” e sua marcha sobre a corte sombria reforçam o contraste entre os instintos mais primordiais e a estrutura opressiva de poder e vulnerabilidade.

    Você constrói cenas com economia e simbolismo: o pequeno Olavo chutando a pedrinha abelhuda, o peso que ele carrega no corpo e na alma. Impressão de elegância sombria, sem cair no excesso descritivo.

    Saí da leitura com uma inquietação fina e uma gratidão pelo equilíbrio entre densidade e clareza narrativa.

    Parabéns pelo texto.

  2. Bia Machado
    14 de junho de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Olá, autor ou autora! No geral a sua ideia ficou bem bacana, gostei desse cross over de princesas. Pra mim o conto teve fluidez, li em um ritmo que foi bem tranquilo e com curiosidade sobre o que ia acontecer. A última linha do texto, poxa, me deixou desconcertada, porque dá a impressão de que o texto poderia ficar em um loop infinito. E quem contava a história pra ele? Quem era o tal velhinho? Mas eu gosto de chegar ao final do texto tentando responder perguntas que surgem no momento da leitura. Enfim, o saldo foi positivo. Uma narrativa que prendeu minha atenção.

  3. Alexandre Costa Moraes
    13 de junho de 2025
    Avatar de Alexandre Costa Moraes

    Entrecontista,

    Seu conto é uma leitura leve e agradável. A estrutura em camadas funciona muito bem, e o uso do contador de histórias como guia da trama foi certeiro. Acompanhamos o pequeno Olavo, com seu bombom recusado no bolso e o coração partido, sendo curado aos poucos por uma narrativa mágica, e isso, por si só, já foi massa. A escolha de subverter o final clássico, com a princesa recusando o príncipe, foi uma boa sacada (princesa de personalidade essa). Essa guinada do destino trouxe um amadurecimento emocional tanto para o príncipe (nem tão encantado assim) quanto para o Olavo.

    Sobre a técnica, a escrita é limpa, fluida e bem ritmada. A linguagem se sustenta com classe, mesmo com vocabulário simples. O conceito do “Mana Planetário” é curioso, mas soou mais decorativo que simbólico. A princípio, me remeteu ao “cordão de prata” do espiritismo (o fio que liga o perispírito ao corpo físico), mas aí percebi um tom mais fantástico (com o Dharma-Ran) e acabei me perdendo um pouco na ideia.

    O final, que mistura os anões e uma nova adormecida (Branca de Neve, é você?), resgata o “felizes para sempre” com leve ironia. Ainda assim, fiquei imaginando se não caberia ali um toque de provocação a mais. De toda forma, o conto acerta na pureza, no ritmo e na costura narrativa. Uma leitura gostosa, bem amarrada e sensível. Eu gostei! Parabéns e boa sorte no desafio.

  4. Pedro Paulo
    13 de junho de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Uma história singela sobre lidar com a rejeição e saber olhar pelo outro lado. Tanto traz a moralidade juvenil de um chubesco como relê contos de fadas famosos, passando pela Bela Adormecida e pela Branca de Neve. Não é sempre que me convence o recurso de uma história dentro de outra história, mas aqui achei bem justificado e executado. As sutis alterações na história original também foram uma boa escolha.

  5. André Lima
    12 de junho de 2025
    Avatar de André Lima

    Logo de primeira, o conto me causou ótima impressão, embora o tema escolhido seja totalmente desconhecido para mim. Nunca assisti “A Bela Adormecida” e tudo que sei é o que é corriqueiro na cultura popular. Mas a construção de “O pequeno Olavo chutou uma pedrinha abelhuda na calçada” me animou. Gosto de formações imagéticas e criativas como essa!

    O texto acaba seguindo por um caminho de diálogos mais cotidianos, informais.

    “O garoto levou um susto. Virou-se e viu um velhinho de óculos redondos e barba branca comprida, sentado num banco próximo. Tinha uma cara simpática. Cara de Papai Noel, só que bem magro. Vestia um casaco antigo com botões grandes, parecido com o do vovô Neca. O chapéu estava meio torto.

    Ele jogava pedacinhos de pão aos pombos como se já tivesse feito isso mil vezes. O que chamou mesmo a atenção do menino foram os olhos dele: castanhos, com um brilho dourado bem estranho. Refletiam uma luz misteriosa e pareciam cheios de sabedoria.”

    O que poderia ser um possível clichê de gênero pode acabar sendo encarado como uma sátira ou homenagem ao estilo literário que o texto se propõe a “fanficar”. O diálogo que se segue é cheio de facilitações, mas isso apenas evidencia o estilo infanto-juvenil da obra. Embora o estilo “pergunta ingênua” + “resposta fantástica”, num didatismo pouco criativo, me incomode um pouco.

    Na narrativa do velho, o estilo poético do primeiro parágrafo é retomado. Isso fica evidente nas descrições imagéticas que me agradaram bastante. Queria que o conto tivesse essa pegada de maneira constante!

    A medida em que o conto foi fluindo, senti que estaria prevendo o final. Claro, o príncipe tomaria um fora como o protagonista. Mas, o plot final, nos redirecionando para a história da Branca de Neve, me surpreendeu!

    O final, ao meu ver, com o “— Que velhinho?”, poderia ser evitado. Um clichê de gênero que nada acrescentou à beleza fantástica da narrativa.

    Em resumo: o conto é muito bem escrito, embora oscile um pouco na qualidade da poética, mas tem uma fusão muito interessante entre linguagem popular, informal com construções imagéticas mais rebuscadas. O estilo de diálogo e construção de narrativa é bem clichê, é verdade, mas o final dá um toque de originalidade à obra.

    É um ótimo resultado, no fim das contas. Gostei muito!

  6. Fabiano Dexter
    11 de junho de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História
    Uma releitura interessante do conto da Bela Adormecida (e Branca de Neve) em uma contação de história de um senhor de idade para uma criança, que levou o seu primeiro fora.
    Há uma transição entre o presente onde a história é contada e o mundo fantástico de Valoria onde a releitura se desenvolve.
    Uma ideia interessante e uma boa lição sobre o que é o amor (ou o que achamos que é)
    Tema
    Uma mistura de fanfic de contos infantis e literatura infantil, atendendo bem o público.
    Construção
    Temos uma quebra entre a conversa entre o velhinho e o garoto e a história em Valoria, que tem como positivo a ideia de que o senhor está contando a sua própria história e de negativo, na minha opinião, algumas quebras na história principal.
    Talvez ficasse melhor colocando apenas uma introdução e uma conclusão na nossa realidade, ou mesmo apenas a conclusão. Mas é fato que não atrapalhou em nada a experiência como um todo.
    Impacto
    Um texto leve e bem escrito, mas achei que ficou um pouco longo. Boa surpresa e quebra de expectativas quando a Bela Adormecida dá o fora no Príncipe e um final feliz quando ele encontra seu verdadeiro amor.

  7. Givago Domingues Thimoti
    9 de junho de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    A Bela Adormecida de Velmora – NOTA:

    Da série “fazendo a boa”, vou tentar comentar o máximo de contos da Série A possível. Por isso, vim apresentar minhas impressões pessoais sobre o seu conto. A Bela Adormecida de Velmora é uma fanfic infanto-juvenil que nos apresenta uma versão de A Bela Adormecida num planeta diferente. Também percebi uma referência ao mito oriental do Fio Vermelho, que ligaria almas gêmeas em meio ao tempo e ao espaço. 

    Enfim, esse é um conto muito bem escrito e com uma toada interessante. Quase não percebi erros gramaticais. A seu modo e por boa parte de seu conteúdo, foi uma narrativa cativante e entretiva. Gostei bastante da forma como foi abordada a decepção amorosa; leve, com doses de humor, mas também um quê de filosofia (diria, até mesmo de auto ajuda). De alguma forma, voltei a minha juventude. Isso é sempre positivo e digno de ser destacado. Parabéns!

    Às vezes a menina era diabética, Olavo 🥲

  8. Mauro Dillmann
    6 de junho de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um conto bem escrito.

    Achei prolixo em várias passagens. Poderia dizer tudo o que disse em menos palavras. Às vezes o excesso de adjetivos também contribuiu para essa sensação. Veja: “…quando o príncipe chegou aos campos verdejantes do condado de Eldoria. Montado em seu cavalo branco, ele sentia o vento morno soprando pelas planícies, fazendo a grama alta ondular como um mar esmeralda”. Cansativo. Outro exemplo: “No quarto silencioso, onde Ielma repousava, Eldrin aproximou-se devagar e admirou a beleza serena da bela adormecida. Seu rosto delicado, a pele pálida, os longos cílios imóveis”. O uso de palavras e expressões complexas também desfavorece: condado de Eldoria, Dharma-Ran.

  9. Thiago Amaral
    6 de junho de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Oi, tudo bem?

    Um conto infanto-juvenil honesto, que também é uma versão de A Bela Adormecida misturada com Branca de Neve. O tom leve de uma história para jovens está muito bem caracterizado. Gostei também das descrições, simples e efetivas para entrarmos no universo do conto.

    Por ser uma história sem muitas ousadias, no entanto, não me parece que ela irá saltar aos olhos dos adultos ou brilhar em meio ao desafio. De qualquer maneira, não há nada de errado com ela; é apenas o estilo que se decidiu adotar. Um conto honesto, simples, bem contado. E nada além disso.

    Obrigado e boa sorte no desafio.

  10. Kelly Hatanaka
    2 de junho de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Um conto infantil fofo e, ao mesmo tempo, uma fanfic de Bela Adormecida e de Branca de Neve.

    Um velhinho mágico conta a Olavo a história do príncipe Eldrin, para ajudá-lo a lidar com a rejeição e as dores da friendzone. Apesar de ser um bom conto infantil, não escapou de um adulto explicando alguma coisa para a criança. Isto é um “erro”? Não sei, acho que não. Mas acho mais interessante quando a criança vai descobrindo as coisas por si própria. Um bom conto que, lá pelo meio, pareceu se alongar um tiquinho, mas que entregou uma história boa e fofa.

  11. Fabio Baptista
    28 de maio de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    Garoto leva fora de uma menina na escola e é consolado por um senhor misterioso, que lhe conta uma história parecida com a Bela Adormecida. Nessa história, o príncipe pensa que a Bela Adormecida é sua alma gêmea, mas faltou combinar com os russos… a princesa dá um fora nele. No final, o príncipe acaba descobrindo que na verdade sua cara metade Mana planetária é a Branca de Neve e vive feliz para sempre sem precisar recorrer a nenhuma “Tinderela”. O garoto se conforma e bola pra frente.

    O conto é bem escrito e gostoso de ler. Atende ao(s) tema(s). Foi uma leitura entretiva e ok, como boa parte dos contos da Série A. Mas… fiquei com a impressão de só ter lido uma história de alguém contando a história original para um garoto. Há alguns elementos novos, o tal do mana e tal, nada suficiente para dar ao conto um aspecto único.

    A atenção dividida entre a história contada e a história do garoto não ficou na dose certa. Eu teria investido mais na trama do menino, dado a ele um final mais engraçado talvez.

  12. claudiaangst
    24 de maio de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Primeiro conto que li da série A, a elite. Trata-se de um texto voltado para o público infanto-juvenil, mas também pode ser considerado uma fanfic. Afinal, o príncipe Eldrin que parecia pertencer à Bela Adormecida acabou acordando a Branca de Neve.  Pesquisei e descobri que “Eldrin” é um nome comum usado para designar um príncipe.

    Achei interessante a expressão “pedrinha abelhuda”, uma pedra intrometida? O velhinho era Merlin? No geral, o conto está bem escrito, sem deslizes que atrapalhem a leitura. O verbo “piscar” apareceu em três ocasiões, mas com certo distanciamento, então não causou estranhamento.

    O conto revela criatividade e bom desenvolvimento de uma trama construída com habilidade. Desfecho quase surpreendente e com um final feliz tanto para os personagens dos contos de fadas quanto para o protagonista Olavo.

    Parabéns pela participação e boa sorte na classificação.

  13. Felipe Lomar
    23 de maio de 2025
    Avatar de Felipe Lomar

    olá

    é uma história bem escrita e concisa. A narrativa funciona bem e a escrita é boa, apesar de simples. Mas, ao mesmo tempo, não é um primor de criatividade. Uma fanfic de bela adormecida e branca de neve ao mesmo tempo, misturada a elementos da fantasia clássica, que acrescenta tão pouco a base original que é difícil falar em fanfic propriamente. É mais uma recontação. Além do elemento de moral da história, do paralelo com o mundo real e um velhinho místico que traz uma história do passado, que já foram usados milhares de vezes. Clichês podem ser usados se trouxerem algo de boa qualidade, senão correm o risco de proporcionarem um texto cansado. Foi o que houve aqui, infelizmente.

    boa sorte!

  14. Jorge Santos
    20 de maio de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá. Este foi o primeiro conto que li nesta segunda jornada da liga. Trata-se de um fanfic de um conto infantil, ou seja, a junção dos dois temas propostos. Nota 10 neste campo, portanto. Como fanfic, gostei da ideia de dar uma nova roupagem a um conto antigo. Esperava algo mais complexo e profundo, e isso leva-nos à adequação ao conto infantil. Não há público mais exigente do que as crianças. A suposta simplificação é uma falsidade: as crianças querem ser transportadas pela narrativa, questionam tudo e notam qualquer tipo de falha. Deus nos livre se um dia forem comentadoras dos contos do Entrecontos… ☺ Como o seu conto não me conseguiu transportar para Velmora, creio que as crianças também não seriam. Falta alguma magia e ritmo narrativo, o que não significa que o conto seja mau.

  15. cyro eduardo fernandes
    11 de maio de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto bem escrito. Pergunto se Dani tem alguma raiz gaúcha, o texto me lembrou algo do Sul. O enredo é criativo e algo poético. Os encantos e os desencantos das paixões, o bullying, os contos de fadas … A infância, a adolescência, a fase adulta e quem sabe, a velhice, precisam de uma Velmora.

  16. Antonio Stegues Batista
    10 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    A BELA ADORMECIDA DE VELMORA

    Sinopse: Garoto oferece chocolate para uma menina que ele gosta, mas ela recusa. Ele fica chateado. Um velhinho aparece para dar uma lição de moral ao garoto, contando uma história parecida com o conto dos irmãos Grimm, Branca de Neve, a  Branca de Neve de um planeta chamado Velmora. A história tem algumas diferenças, incluindo Esoterismo, naturalmente para ser considerada fanfic, baseada no conto, Branca de Neve.  É válido, é um bom conto, bem escrito, com os dois temas, fanfic e infantil/juvenil. Parabéns e boa sorte.

  17. Antonio Stegues Batista
    10 de maio de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    A BELA DORMECIDA DE VELMORA

    Sinopse: Garoto oferece chocolate para a menina que ele gosta, mas ela recusa. Ele fica chateado. Um velhinho aparece para dar uma lição de moral ao garoto, contando uma história parecida com o conto dos irmãos Grimm, Branca de Neve, a  Branca de Neve de um planeta chamado Velmora. A história tem algumas diferenças, incluindo Esoterismo naturalmente para ser considerada fanfic, baseada no conto, Branca de Neve.  É válido, é um bom conto, bem escrito, inserido nos dois temas, fanfic e infantil/juvenil. Parabéns e boa sorte.

  18. Rodrigo Ortiz Vinholo
    5 de maio de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Excelente! Gosto muito da lição sobre rejeição e das referências a histórias clássicas. A “fanfic” acaba tendo um subtexto muito mais legal que as originais, sem falar que é uma lição extremamente contemporânea e pouco trabalhada em histórias para o público mais jovem, ao menos não com essa sutileza e competência. Os nomes dos personagens e lugares dão um colorido à história, mas acho um teco distrativos em alguns pontos, acho que daria para ficar sem eles, mas é detalhe e gosto.

  19. Leandro Vasconcelos
    5 de maio de 2025
    Avatar de Leandro Vasconcelos

    Olá! É um conto que mistura os dois temas do concurso – fanfic de Bela Adormecida e Branca de Neve (perdoe-me se não identifiquei outras obras) e “chubesco”. Narrativa leve, corre fluida, e que tem algumas camadas de complexidade (uma história dentro de outra, entrelaçadas pelo “Papai Noel”). Casa muito bem com a proposta do certame, pois brinca com estórias já consagradas no imaginário popular (contos de fadas), sem deixar de ter originalidade e apresentar um tom otimista (o “fofinho” requerido no concurso).

    Pessoalmente, esse tipo de narrativa não me agrada, mas, dado os temas do edital, achei bem corretas as escolhas, embora recheadas de clichês do gênero: final feliz, personagens planificados, reviravoltas convenientes demais. Se Eldrin não tivesse encontrado o amor da vida dele e seguisse o caminho resignado, ciente de que a ideia romântica do par ideal é ilusória, talvez surpreendesse mais o leitor e o peso da realidade fosse apresentado de forma impactante para Olavo. Claro, acabaria com a adesão ao fofinho – mas seria uma proposta absolutamente original de fanfic.

    Ademais, é quase necessário, numa narrativa infanto-juvenil, ter alguma lição moralizante. Penso que, se desse uma abertura maior à interpretação do leitor, isso também contribuiria para demover o clichê do gênero e ganhar em originalidade.

    Mas tudo isso são apenas sugestões para complementar o texto assaz bem construído. Portanto, parabéns ao autor pela competência da escrita (correção gramatical impecável, sem deixar de se adequar a uma narrativa infanto-juvenil), bem como em seguir a proposta do certame!

  20. toniluismc
    5 de maio de 2025
    Avatar de toniluismc

    Vamos lá. Segura firme que lá vem crítica.
    🧪 ANÁLISE CRUELMENTE HONESTA DE “A Bela Adormecida de Velmora” (Dani Eldra)

    🎯 Primeira impressão

    Ah, o velho truque do “velhinho mágico no banco da praça que conta uma história que misteriosamente se conecta à vida do protagonista”. O clássico “contar uma história dentro da história” com moral final digna de comercial de margarina. Nada de errado com isso… exceto o fato de que já foi feito, refeito e reciclado até pela Disney, com mais charme e menos parágrafos.

    💡 1. Técnica — Nota: 3.2

    Pontos positivos:

    • A autora tem domínio da língua portuguesa. As frases estão corretas, a pontuação está decente, e os diálogos fluem de maneira natural.
    • esforço genuíno de criar uma ambientação sensível, especialmente nas cenas com o príncipe. Você sente que a autora acha que está escrevendo algo comovente.

    Mas…

    • O texto sofre de prolixidade grave. Está inchado. É fanfic com retenção de líquido.
    • A estrutura em camadas (menino → velhinho → Velmora → Eldrin → princesa → redoma → anões) cria uma matrioska narrativa que ninguém pediu, especialmente para um público infanto-juvenil.
    • O uso de palavras como Dharma-Ran, Mana Planetário e Condado de Eldoria pode parecer criativo, mas acaba soando como se alguém tivesse misturado um livro de autoajuda com um glossário de RPG.
    • O show don’t tell foi para Velmora e não voltou. Tudo é explicado, narrado, sublinhado. O leitor não tem espaço para imaginar ou respirar.

    🔎 Resumo técnico: A escrita é funcional, mas enfeitada demais para um conto infanto-juvenil. Parece um adulto tentando desesperadamente impressionar com lirismo barato, como quem leva um buquê de plástico para um primeiro encontro e ainda se gaba disso.

    🎨 2. Criatividade — Nota: 2.8

    Pontos positivos:

    • A tentativa de recontar a Bela Adormecida com rejeição amorosa e transfusão sanguínea mística tem algo de diferente. Ponto pela ousadia.

    Mas…

    • A estrutura é totalmente derivativa. O conto é basicamente: “E se a Bela Adormecida tivesse um toque de ‘Avatar – A Lenda de Aang’, uns anõezinhos do Branca de Neve, e uma pitada de fanfic de K-pop com estética de signo?”
    • A ideia do “amor que não é correspondido apesar de tudo” é boa, mas foi enterrada sob camadas e camadas de lore genérico, como se o leitor tivesse tempo (e paciência) para um worldbuilding de três páginas antes de alguma coisa realmente nova acontecer.
    • A metáfora do “fora” na infância se refletindo na jornada do príncipe poderia ser ótima, mas o texto deixa isso tão literal no final que você quase espera o menino dizer: “Uau, isso é exatamente como minha situação com a Emília, obrigado Papai Noel Místico!”

    🔎 Resumo criativo: É como um pacote de bolacha recheada com muito recheio e pouco biscoito — e o recheio é de sabor duvidoso. Imaginativo até certo ponto, mas longe de ser original ou memorável. 💥 3. Impacto — Nota: 2.5

    Pontos positivos:

    • A rejeição amorosa no final pode gerar identificação real com o público infanto-juvenil. É um tema sensível que merece ser abordado.

    Mas…

    • O texto quer tanto emocionar que parece estar constantemente chorando no ombro do leitor. “Olha como isso é profundo… olha como o príncipe sofre… olha a beleza do destino!” — mas no fim, o leitor já está cansado antes da metade.
    • Nada aqui vai assombrar os sonhos ou aquecer o coração depois de algumas horas. O efeito é de um chá morno com açúcar demais. Você engole, mas não repete.

    🔎 Resumo do impacto: É o tipo de conto que tenta te fazer chorar, mas você acaba só bocejando.

    🧨 Consideração final:

    Esse conto é o equivalente literário de alguém que aparece de capa, espada e varinha mágica para contar que tomou um fora da crush na 6ª série.
    Tem boas intenções, mas se leva a sério demais, fala demais e entrega de menos.
    O leitor infanto-juvenil de hoje não vai atravessar a floresta narrativa só pra encontrar uma Bela Adormecida genérica com nome de loja de joias esotéricas.

    Se fosse resumido à metade, com mais coragem de rir de si mesmo e menos explicação de “mana mágica”, talvez tivesse um bom coração.

    Boa sorte no Desafio!

  21. Luis Guilherme Banzi Florido
    4 de maio de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Boa tarde!

    Um conto muitíssimo bem escrito, que demonstra que você tem muito experiência na arte da escrita e sabe muito bem o que está fazendo. É possível perceber isso pois o conto nao apresenta falhas de revisao, erros gramaticais, nem problemas tecnicos. Isso resulta num ritmo acelerado de leitura, que flui muito bem. As palavras sao bem escolhidas, facilitando a experiencia do leitor. Parabens.

    Sobre o enredo, acho que tem altos e baixos. A historia acaba sendo um pouco cliche, o que não chega a ser um problema em historias infantis inspiradas em contos de fada, um genero que parece se apoiar sobre cliches de forma muito solida. Isso vem sendo feito ao longo de decadas e decadas. Porém, acredito que isso torne necessario algo mais chamativo ou impactante que faça com que os cliches do genero e a linearidade e previsibilidade da historia nao a tornem morna, sabe? Acho que o conto sofreu um pouco disso. Por mais que esteja bem escrito e nao apresente problemas tecnicos (na verdade, a técnica é muito boa), acaba sendo um pouco linear e morno, falta algo que cause mais impacto, gere emoção, ou que me engaje mais como leitor. Eu li o conto todo sem sentir muita emoção. Por outro lado, existe uma especie de plot twist, quando descobrimos que não é só uma historia parecida com a bela adormecida, mas a propria historia, contando o que aconteceu antes da parte que conhecemos. Isso ficou bem legal!

    Achei um pouco piegas e fraca a lição do conto, sei lá, escancarada demais e um pouco obvia, também não me pegou.

    Enfim, é um conto muito bem escrito, voce é um veterano do grupo, mas que careceu de algo que me envolvesse mais. Como está, exceto pela boa revelação final, para mim foi uma leitura um pouco monotona e pouco inspiradora. Parabens e boa sorte!

  22. Augusto Quenard
    4 de maio de 2025
    Avatar de Augusto Quenard

    Gostei para o gênero infantojuvenil.

    Quanto ao texto, eu faria a sugestão de rever a adjetivação e a explicitação de estados de ânimo das personagens. Não tenho certeza como é que se trabalha isso numa literatura pra galera mais nova, talvez funcione bem assim. Mas também talvez caiba aquela regra de show don’t tell. Mas me chamou a atenção.

    Quanto ao enredo e a, digamos, “moral de história”, eu fiquei sem saber se curti ou não isso da troca de um amor por outro amor. Por um lado, a carência das pessoas me parece real, acho que o que o conto diz acaba sendo a prática de 90% da humanidade. Mas acho que como leitura formadora me perguntaria se não seria mais interessante o cara resolver sua dor de cotovelo fazendo outra coisa, viajando, conhecendo amigos, trabalhando numa reforma no castelo, etc, sublimando de alguma forma, em resumo.

    Mas de qualquer modo achei um conto bonito.

  23. Rangel
    4 de maio de 2025
    Avatar de Rangel

    Olá, Dani Eldra!

    Você escreveu uma história que se encaixa facilmente nos dois temas propostos para o desafio. Achei seu enredo bastante interessante, as divisões da história ficaram bem encaixadas na maior parte do tempo e as personagens todas são bastantes interessantes.

    Para mim, seu ponto alto foi na construção dos diálogos. Você domina bem o modo como eles devem ser construídos, sem artificialidade, mas também sem ser uma cópia exata da fala cotidiana. Além disso, as perguntas e pausas são usadas para avançar a história e a história dentro da história.

    A revisão está muito bem feita. Não percebi nenhuma palavra ou construção errada ou mesmo que me travasse ou confundisse na leitura.

    Para mim, apenas o final ficou apressado. Talvez pelos limites de caracteres, embora a quantidade proposta pelo desafio me pareça suficiente para um conto infantil. Claro que há a dificuldade de serem duas histórias, mas ainda assim, me passou a sensação de que a conclusão do príncipe trocando de princesa ficou sem desenvolvimento. O entendimento da mensagem por parte do Olavo também fica rápido e pouco trabalhado.

    Dito isso, no geral gostei muito do resultado. Parabéns”

  24. paulo damin
    4 de maio de 2025
    Avatar de paulo damin

    Taí a literatura ajudando a consolar corações partidos. Ainda mais na infância. Mas será que a promessa da literatura infantil de amor pode ser paga? Porque, depois de se consolar de um fora por meio de um conto de fadas, é capaz do sujeito crescer achando que vai aparecer uma princesa adormecida destinada a ele. O que combina com as referências new age desse conto (maná, dharma…).

    Acho que a brincadeira aqui era fazer uma fanfic de um conto de fadas, um chubesco. Então tá legal.

    Só achei que não precisava contar tudo de novo uma história que todo mundo conhece. O próprio guri ali comenta isso (“até agora não vi muita diferença nessa história”). Metade do conto é a versão original. Podia ir direto pras diferenças.

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Publicado às 3 de maio de 2025 por em Liga 2025 - 2A, Liga 2025 - Rodada 2 e marcado .