Começa baixinho, pelos cantos escuros. Um burburinho que mal se ouve, mas que vai crescendo. Um grito de revolta que se prende na garganta. Uma vontade de combater a regra. De combater o limite imposto pela ditadura. Uma ditadura de palavras. De noventa e nove palavras. Um limite que amordaça, que paralisa, que esmaga o espírito do escritor. Que mutila a sua capacidade de criar.
E o grita solta-se da garganta! Revolta-se e desafia a ditadura. Não se remete ao limite. Não aceita o limite! E às palavras acrescenta-lhes uma. A última…
Não são noventa e nove palavras, são
Uma brincadeira com o desafio de microcontos. Realmente, 99 palavras é complicado, hahahaha!
Apesar da metalinguagem que eu geralmente não curto muito, aqui você fez funcionar bem, especialmente o final com a palavra faltante. A revolta do autor, cortada pela ditadura. A princípio quase uma visão “Orwelliana”: apesar do autor se rebelar, o sistema vence no final.
Mas o mais legal é que o conto tem, sim, cem palavras. A centésima existe na mente de todos que leem o texto. É uma revolta interessante, esta: como durante a ditadura a revolta das palavras vinha através de mensagens sutis nas músicas, nos poemas, nos livros. Aqui, você como autor “inseriu” uma centésima palavra na nossa cabeça. A palavra “cem” junto com o seu ponto final, apesar de omissa no texto, existe, sim.
Muito legal!
Adorei o conto. Tive a pachorra de contar as palavras, exatamente 99, a ultima não pode ser escrita pq ultrapassava o limite…rsssss. otima ideia e muito bem desenvolvida. só não concordei com o conteúdo, eu amo fazer micro contos justamente pela dificuldade e desafio de me obrigar e colocar cada palavra com um significado. até uma virgula conta, mas já estou saindo do comentário. Nota 10. Parabéns
Gostei da brincadeira com o desafio de micros. Mas não concordo muito que a limitação impeça a criatividade. Ao contrário, acredito que ela instigue mais o escritor a buscar, dentro dessas apertadas fronteiras, a saída para o enlevo. Este conto é prova de que isso é possível.
E que venham os desafios sem limites de palavras!!! kkk
O final ficou muito bom, deixa ao leitor completar com a palavra que for deixá-lo mais satisfeito.
Que conto bom! Meu troféu balançou na estante. Corri e segurei a tempo. Mas estamos abalados aqui, eu e o troféu. Ainda bem que esse conto não foi enviado pro desadio de micros. Teria tornado minha jornada mais difícil.
O início é espetacular. E poderia ser tomado até como um insubordinado grito contra todas as ditaduras, as políticas, não apenas as das palavras.
É um texto de nicho: funciona bem no EntreContos ou, talvez, nos meios literários em geral, mas não funciona tão bem em outros ambientes.
A opção pela frase inacabada e sem ponto ficou esteticamente linda.
A palavra grito foi grafada no feminino, quando deveria ser no masculino.
A próclise funcionaria melhor do que a ênclise em “solta-se”.
Parabéns pelo texto!
Muito bom! Gostei da ideia de não escrever a última palavra. Fica em aberto e reforça o protesto, emulando os recursos para driblar censores.
Alerta para os ansiosos!
Rapaz, a moderação realmente desagradou com as 99 palavras… Microconto aberto e com metalinguagem.
Faltou um pontinho ali, hein 😅
Bom demais seu retorno JP!
Obrigado.
Este texto é mais uma brincadeira do que um protesto.
No final não falta um ponto. O texto tem 100 palavras, mas a última não está escrita. 😉
Givago, você é um excelente leitor, mas tem se insurgido contra escolhas intencionais de textos tecnicamente corretos.
A dica de leitura é a seguinte: se o texto é quase que inteiro tecnicamente correto, provavelmente os pequenos desvios são intencionais. É o caso aqui.
Escritores competentes costumam não errar em questões tão tolas, ao contrário, costumam fazer escolhas intencionais, costumam subverter regras! Abaixo a ditadura da gramática!
Uai, Anderson, logo você comentando de mim insurgindo com as escolhas dos autores 😂🤭 Ora, só mencionei algo que achei (sem nem entrar muito na questão)…
Mas muito me espanta você gritar abaixo a ditadura da gramática enquanto conta quantos “como” um texto tem… LARGA DO MEU PÉ JACARÉ
Oi, JP!
Esse micro deveria ter sido enviado no desafio de micros, como forma de protesto!
Muito bom! Gostei!
Senti falta do seu texto no último desafio.