EntreContos

Detox Literário.

Sangue do Meu Sangue (Jorge Santos)

No centro da pista de dança, o corpo de Bianca agitava-se ao som forte da música techno. O lugar estava cheio, sentia-se uma explosão de energia. Nem o cabelo lilás da minha namorada nem os seus braços profusamente tatuados, que agitava no ar, se destacavam das outras mulheres. Só o seu olhar preso no meu, uma fome que eu sabia ser insaciável e que mitigaríamos até à exaustão na cama do meu apartamento.

Era sábado. O tempo deveria ter parado naquele dia, mas é irredutível, ganancioso. Indiferente à desgraça que provoca na vida dos comuns mortais.

Já passava das 11 horas da manhã quando me levantei da cama. O corpo de Bianca jazia a meu lado, qual guerreira tombada na guerra. Era sempre assim antes dela partir em digressão. O sexo da despedida para compensar semanas de ausência costumava deixar marcas.

Na cozinha, preparei dois cafés que levei para o quarto. Ela agitou-se ao sentir o aroma. Esticou o braço, sedenta.

– Amo-te. – Disse Bianca, pegando na chávena.

– Eu também amo o café.

Ela esboçou um sorriso de cumplicidade. Sentei-me a seu lado.

Carvão entrou em silêncio e saltou para a cama. Olhou para nós com a desconfiança típica dos gatos.

– Eu também te amo, meu tonto. – Disse Bianca, tentando fazer uma festa ao meu gato, mas este protestou com um rosnar de fera. Era sempre assim quando ela estava, como se fosse uma invasora, como se o lado que ocupava na cama lhe pertencesse.

Carvão roçou-se nas minhas pernas. Levantei-me e dei-lhe de comer.

– No dia em que esse teu gato começar a gostar de mim, vou fazer uma festa.

– Ele gosta de ti, mas à maneira dele.

– Gosta? Ele quer comer-me!

– Eu também, e isso nunca foi problema para ti…

Ela atirou-me com uma toalha à cabeça. Tomámos banho juntos, depois deitámo-nos  na cama. Bianca fez-me uma massagem. Sentir os seus dedos experientes a massajar-me as costas era o segundo melhor momento do dia. Ela parou na minha nuca.

– Esta mancha está a aumentar.

– O dermatologista diz que não é nada. Uma alergia. Receitou um anti-histamínico.

– Uma alergia não provoca vómitos, nem anemia.

– As análises não deram nada. Não te preocupes.

– Não estou preocupada. Afinal, se morreres não preciso de comprar roupa preta, porque não tenho roupa de outra cor.

– Não vou morrer por causa de um chupão na nuca.

– Posso pensar noutras formas, mais agradáveis.

Ao almoço mandámos vir comida chinesa e passámos a tarde enroscados no sofá, a ver séries na Netflix. No dia seguinte, acordei sozinho na cama, com um papel com um coração desenhado a batom no lado onde Bianca costumava dormir. No caminho para o trabalho, o smartphone acusou uma mensagem de vídeo no Whatsapp. Ela, com as colegas da banda, dentro do avião, em ambiente de festa. Era estranho ver um grupo onde Bianca parecesse ser a pessoa mais normal do mundo, mas, comparada com os outros membros das “Onion tears”, banda de trash metal alternativa, era a menina dos escuteiros a tentar impingir bolachas.

Gravei um pequeno vídeo banal, na carruagem de metro atulhada de gente. O mais provável era Bianca só o conseguir ver quando chegasse a Londres. Entrei pela porta espelhada do escritório. Sentia-me cansado. A máquina de café era, nos últimos tempos, a minha melhor amiga. Olhei para o meu reflexo no espelho da casa de banho. Estava um trapo. As olheiras profundas, os olhos vermelhos e a pele pálida, tornavam difícil alegar que não estava a experimentar novas drogas.

Cumprimentei Michael, o meu colega de sala. Liguei o computador e comecei a trabalhar no novo vídeo de Silmarko, um novo cliente, influencer. Ignorei as palermices que ouvia e concentrei-me em dar dinamismo ao vídeo. A ideia de que os adolescentes gostavam de qualquer coisa que se mexesse já não funcionava. Eram um público exigente e Silmarko um verdadeiro idiota, igual aos outros influencers que me pagavam o ordenado. Tinha saudades dos tempos em que se dava valor à qualidade.

Tive de fazer paragens frequentes durante a manhã. Michael evitou falar, até ao momento em que as vezes que me pus de pé para ir à casa de banho se tornaram um incómodo.

– Tens de procurar outro médico. Ou levares o computador para a sanita.

– Os médicos não encontram nada.

– É porque não estão a procurar no local certo. Alguma coisa está a pôr-te doente. Ratos, talvez.           

– Não tenho ratos em casa.

– Deixas a janela aberta? Pode ser um vampiro.

Sorri com a cara trocista de Michael. Foi um sorriso amarelo, forçado. Era um tipo porreiro, mas apetecia-me insultá-lo. Vampiros no século XXI? Ridículo. No entanto, a ideia de ter ratos em casa não era assim tão descabida. Carvão podia não dar conta do recado. Ao fim do dia, passei por uma loja de informática e comprei uma câmara de vigilância. Instalei-a no quarto, apontada para a cama. Não me podia esquecer de a desligar quando Bianca chegasse. Sorri ao pensar nas imagens captadas enquanto fazíamos amor. Valeriam um bom dinheiro em alguns sites.

Na primeira noite com a câmara ligada, nada aconteceu. Carvão aninhou-se a meu lado, subiu para cima de mim, ficou algum tempo deitado nas minhas costas, depois foi para a cozinha. Na segunda noite, vi no smartphone o gato voltar a subir para as minhas costas nuas.

“Gato filho da p…”, pensei, mas fiquei paralisado com o que vi a seguir. O corpo do pequeno gato negro começou a aumentar de tamanho, ao mesmo tempo que se contorcia. A boca abriu-se e dela saiu um tentáculo que se cravou na minha nuca. Das patas saíam filamentos incolores que me imobilizavam os braços. Um fluído vermelho começou a jorrar através dos filamentos. Percebi ser o meu sangue. Quando terminou, o pelo negro do gato emitiu um brilhar âmbar. Nesse momento, olhou diretamente para a câmara. Já não era o meu gato. Nunca vou conseguir descrever o que vi no seu olhar.

O meu corpo tremia. Tinha de ligar à polícia. Tinha a prova. Ligar à Bianca? Dizer-lhe que tinha razão para as explosões de ira do gato? Levantei-me e procurei por ele no apartamento, olhando por trás das portas e para o cimo dos móveis. Para qualquer sítio onde o gato pudesse preparar uma emboscada e atacar-me.

O barulho no quarto de banho indicou-me a sua presença. Lá estava ele, no lavatório, a lamber a parte dos genitais que lhe tinham sobrado da esterilização. Fechei a porta e fui à cozinha, dominado por uma e uma única ideia. Escolhi a maior faca, depois tive um momento de indecisão. Não sou um homem violento. O que estava a fazer? Comecei a suar, a lâmina da faca encostada à testa.

Abri a porta e agarrei com uma mão o gato, que continuava em cima do lavatório. Com a outra, levantei a faca. O golpe foi certeiro. O sangue jorrou e pintou de vermelho o lavatório. Peguei num saco de plástico, onde coloquei o corpo e a cabeça do Carvão. Deitei-o no caixote do lixo. Senti um misto de nojo e de alívio enquanto lavava as mãos. Limpei tudo. Não fazia ideia como era difícil esfregar sangue. A seguir, tomei banho. As lágrimas começaram a jorrar assim que a água quente começou a cair-me no corpo.

Apaguei a gravação. Não queria que Bianca visse. Não queria que ninguém visse. Ciente de que tudo tinha terminado, deixei-me cair no sofá da sala, atormentado por uma torrente de pensamentos. Adormeci e voltei a acordar, empapado em suor. Levantei-me. Agarrei no saco do lixo onde estava o corpo e a cabeça de Carvão. Abri a porta do apartamento, a mesma onde o tinha encontrado há dois anos a miar, desesperado. Desci pelo elevador, acompanhado pelo vizinho do sétimo andar. Deve ter pensado que estava pedrado, porque não lhe dirigi a palavra. Só sentia o peso do gato.

Saí do prédio. O barulho da cidade trouxe-me alguma normalidade, mas evitei as pessoas. Procurava nas sombras o monstro que, agora, habitava apenas na minha imaginação. Atirei o saco do lixo para o contentor, mas senti à mesma o peso do gato no caminho para casa. Sabia que a imagem do monstro a sugar-me o sangue me ia acompanhar por toda a vida.

Acordei no chão da sala, acordado por uma chamada noo smartphone. Vi as horas. Estava atrasado para o trabalho. Atendi. Bianca, excessivamente eufórica àquela hora da manhã, requisitava a minha atenção. Demorei algum tempo até conseguir raciocinar. Não me saía da cabeça duas imagens: o monstro em cima das minhas costas e o último olhar meigo do meu gato antes de lhe fechar os olhos de vez. Por um instante, estive a um ponto de contar a verdade a Bianca, mas optei por uma mentira. A ignorância era uma bênção. O que não daria pela ignorância do que tinha acontecido? Interrompi a voz eufórica de Bianca. Nada do que ela dizia parecia fazer sentido.

– O Carvão fugiu.

– Porra, estou para aqui a dizer que estou com saudades tuas e tu vens-me dizer que a porra do gato fugiu? Podemos negociar um cão? Ou, talvez, sabes? Uma daquelas criaturinhas que dizem papá e mamã?

Típico. Eu ainda a recuperar de ter sido vítima de um vampiro e Bianca a querer aumentar a população mundial.

– Pode ser, Bianca.

– Boa! Começamos no sábado.

Desliguei. Nunca tinha pensado na parentalidade, nem nunca tinham sugado o meu sangue. E ainda nem eram 11 horas da manhã. Fiquei paranóico. Dormia com a luz acesa e ficava em pânico sempre que via uma criança aos berros.

No aeroporto, Bianca caiu literalmente nos meus braço. As outras membros das Onion tears limitaram-se a acenar, regressando às suas vidas normais e aos seus monstros pessoais. Ainda me lembrava do que tivera em casa. Durante os últimos dias decidira não revelar nada à minha namorada. O que importavam os vampiros quando a minha fera pessoal era uma baixista ninfomaníaca?

– Tiveste saudades minhas?

A pergunta romântica de Bianca contrastava com a sua maquilhagem carregada e o olhar cansado da viagem.

– Não. Tive um caso com a minha vizinha do 3º esquerdo.

– Boa. Ela tem, quê, 250 anos?

Beijei-a. O aroma da sua pele era, agora, diferente. Sentia-o de forma intensa. Doce. Intoxicante. Provocava-me a fome mais dolorosa que alguma vez sentira. Uma fome visceral, aparentemente insaciável. O corpo dela, nu, na cama do meu apartamento, o sorriso obsceno de quem chama por mim.              

Lutei contra um impulso que vinha de dentro, entranhas que sentia a rasgar-se. A dor foi tão intensa como imediata. Da minha boca saiu um tentáculo coberto de espinhos, que se cravou na nuca de Bianca. Apanhei-a a meio de uma frase qualquer e perdeu a consciência. Dos meus dedos saíram centenas de minúsculos filamentos transparentes que se enterraram nas costas de Bianca. O sangue começou a subir pelos filamentos, que se tingiram de vermelho. Quando entrou no meu corpo, senti um prazer imenso, mais intenso do que um orgasmo ou a cocaína. Antes de tirar o tentáculo da sua nuca, implantei-lhe um embrião no pescoço. Senti-o a descer pelo tentáculo, lentamente. Afinal, ela queria ter um filho meu.  

Quando acordou, beijei-a como se nada tivesse acontecido. Não precisei de revelar nada. Foi-se apercebendo aos poucos das mudanças. Agora, já não temos sexo. Pelo menos, o sexo tradicional. Entrelaçamos os nossos tentáculos e os filamentos que nos saem dos dedos, normalmente às escuras. Os nossos corpos brilham enquanto comunicamos telepaticamente como se fossemos um único ser.

A comunicação social começa a falar de estranhas ocorrências na vizinhança da nossa casa e pelo mundo fora, coincidindo com as digressões das Onion tears. Fala-se de uma nova pandemia, mas eu e Bianca sabemos que é apenas obra dos nossos filhos, de quem sentimos todo o orgulho.

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20 comentários em “Sangue do Meu Sangue (Jorge Santos)

  1. Bia Machado
    16 de dezembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Olá, estou na tarefa de comentar todos os contos do EC que não comentei em 2025, então vamos lá! Um conto de terror que mexeu muito comigo, não pela personagem ser minha xará, mas por causa do gato vampiro, minha nossa… Em casa eu tenho 8 gatos, às vezes 9, 10, com alguns agregados e enquanto não encontro quem queira adotar alguns filhotes que encontramos na rua, mas nunca tinha cogitado gatos como vampiros. Foi uma surpresa boa, por ter fugido do óbvio. Você deu uma narrativa segura ao seu texto e até o final foi bem coerente, exceto na parte em que ele descobre a origem da marca no pescoço, que achei que foi muito corrida. Faltou espaço? Ou tempo? Se tiver trabalhado no seu texto depois, me diga se trabalhou nesse sentido.

  2. Thales Soares
    29 de março de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    Neste conto a narrativa é conduzida com grande habilidade. O ritmo é certeiro, tornando a leitura extremamente prazerosa. A voz narrativa é bem construída, com humor ácido e um certo niilismo que casa muito bem com o tom da história.

    O protagonista é carismático, irônico e realista. Mesmo em situações absurdas, seu olhar sobre o mundo é verossímil, e isso contraste bem com o lado fantástico do conto.

    A mistura de elementos cômicos com o grotesco funciona de maneira eficiente. O conto transita entre o bom humor e o horror, entregando uma experiência literária que diverte e, ao mesmo tempo, perturba.

    ***

    Pedradas:

    Para mim, o único grande deslize do conto está no momento em que o protagonista vê a gravação da câmera e imediatamente conclui que seu gato é um vampiro interdimensional e filho da puta, e parte para matá-lo sem qualquer dúvida ou investigação. Essa aceitação imediata soa inverossímil e contrasta com a inteligência e ironia do personagem até então. Alguém poderia ter hakeado a câmera dele, ou o verdadeiro vampiro poderia ter feito uma ilusão para que o protagonista pensasse que o culpado é o gato… ou ele poderia estar tendo alguma alucinação. Não sei. Tem mil explicações. Mas o gato ser uma espécie de Drácula era a menos provável… tanto é que achei que teria um plot twist em relação a isso, e no final ele perceberia que matou um gatinho inocente. Mas não… a narrativa seguiu de forma inocente, sem nenhuma nuance nesse estilo. Se houvesse aqui alguma ambiguidade, como uma hesitação maior, a dúvida se era delírio, ou mesmo a sugestão de que tudo poderia ser fruto de manipulação (da câmera, de uma alucinação, de uma terceira entidade). A narrativa seguir de forma tão literal nesse momento deixa a impressão de que o texto perdeu a chance de criar um plot twist mais elaborado, que acrescentaria muito ao impacto final.

    ***

    Conclusão:

    Este conto é muito bem escrito, com um estilo leve e fluido que prende a atenção desde o início. A mistura de cotidiano urbano com um horror corporal inesperado é feita com competência e originalidade. Ainda que o enredo sofra com uma decisão narrativa apressada (a condenação imediata do gato como monstro, sem espaço para ambiguidade ou dúvida, resolvendo tudo com uma facada no felino), isso não compromete por completo a força do conto, que se destaca pela linguagem afiada e pela criatividade.

    E o final é bastante divertido, com o protagonista contaminando sua namorada com essa praga de vampiro intergaláctico, e os dois propagando essa maldição para ainda mais pessoas. É um final digno de um contão de terror. Muito bom!

  3. jowilton
    29 de março de 2025
    Avatar de jowilton

    Bom conto. O texto narra a história de um homem que é transformado em vampiro pelo seu gato de estimação chamado Carvão.

    A narrativa é boa e prende a atenção do leitor. Os diálogos são bem feitos. Achei o enredo criativo. Um gato vampiro é difícil de se ver por aí. Tentáculos que sugam o sangue, e não dentes, também foi original. Bom impacto.

    Boa sorte no desafio.

  4. Pedro Paulo
    29 de março de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: A tensão é a primeira vítima. Achei a introdução um sinal muito positivo para o texto, pois mostrou a preocupação com algo que, uma vez deixado de lado, compromete toda a expectativa em torno do horror: os personagens. Suas personalidades e a relação do casal é o que cativa, fazendo com que torçamos que consigam enfrentar o que quer que seja jogado sobre eles. Entretanto, tudo se revela rápido demais. O personagem Carvão, uma potencial incógnita a mexer com nossas expectativas, é logo exposto como a verdadeira origem do infortúnio do personagem. A partir daí, as decisões do protagonista e sua transformação ocorreram rápido demais para que pudessem provocar um impacto ou até mesmo nos tragar para o verdadeiro horror da situação. O desfecho, embora surpreenda, pareceu-me o que deveria ter sido o conto.

  5. José Leonardo
    28 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Silmarko.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: Narrado em primeira pessoa, é um conto que inicia com absolutas amenidades de um casal cuja relação é tórrida. Eles também têm um gato. Certa vez, enquanto revisa as imagens da câmera (ele gosta de gravar as relações sexuais do casal – mas acho que ela não sabe disso), percebe um comportamento mais do que estranho de seu gato. Um horror meio lovecraftiano, meio vampiresco. Isso vai descambar em outro horror, só que terreno, calcado na realidade e fruto do medo.

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: Um texto limpo e bem escrito. A narração em primeira pessoa tenta induzir no leitor as sensações do protagonista, suas desconfianças e até seus chistes com a esposa. Um casal verdadeiramente feliz, pelo visto. Ainda assim, Silmarko, tive a sensação de que seu conto demorou demais para “esquentar”. Havia passado da metade e ainda não me envolvia com o enredo e os personagens. Outro ponto é que a esposa do narrador está na história sem muito destaque – está ali para os pretextos sexuais do casal.

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Certamente adequado ao tema “Terror” em decorrência do elemento vampiresco-lovecraftiano (já estou me repetindo com esse pseudotermo). O impacto mesmo foi com a revelação sobre o gato. Os acontecimentos decorrentes disso eram quase previsíveis – afinal, vampiro que morde um não-vampiro o transforma em vampiro (usei tal lógica para minha conclusão sobre o final da sua história). 

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: Elementos presentes, podendo causar medo em pessoas mais suscetíveis. Ademais, terror com bichanos que podem se transformar em criaturas horrendas sempre são interessantes, ainda que clichês.

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto?

    R.: Ainda estou dividido sobre o seu conto, Silmarko, mas o saldo é positivo. Você conseguiu dar fluidez ao texto sem cair em diálogos vazios e nem em prosa rasa.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

  6. Luis Fernando Amancio
    28 de março de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, Silmarko,

    Gatos vampiros são uma novidade para mim. E, com o número de amantes de gatinhos nesse grupo, deve ter sido uma imagem assustadora para os tutores de bichanos.

    Seu conto tem um ritmo interessante, vai crescendo e mantém um suspense. É o típico texto em que a gente lê uma situação aparentemente normal, mas vai levando a desconfiança de que algo não está certo. E não está mesmo!

    A voz narrativa é bem madura. Arrisco dizer que o autor está acostumado em narrar em primeira pessoa. Há muita desenvoltura e naturalidade, o texto flui bem.

    Há algo do gênero noir aqui, no protagonista/ narrador niilista, na relação primordialmente carnal com a namorada, no café, nas bebidas… Mas o conto evolui para o terror no fim, o que pega, ligeiramente, o leitor desprevenido – não a nós, que estamos participando de um desafio de terror/ humor. Essas quebras de expectativas em relação ao gênero do conto são um tanto arriscadas. Eu gosto, acho que não devemos nos prender a fórmulas. Mas para um leitor mais conservador talvez seja frustrante ver a história virar terror do nada. Dá um sentimento de ser enganado.

    No meu caso, reafirmo, a experiência de leitura foi boa.

    Parabéns e boa sorte no desafio!

  7. danielreis1973
    27 de março de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Comentário inicial (válido para todos os contos):
    Prezados participantes: este meu comentário NÃO É UMA CRITÍCA, É A MINHA IMPRESSÃO PESSOAL sobre o seu conto – e não é sobre você, como escritor ou ser humano!  Espero que os comentários possam ajudá-lo a aprimorar sua história ou sua escrita, num sentido mais amplo. Outra coisa é que não está sendo fácil é comparar os contos participantes, já que apesar do desafio estar  restrido a DOIS TEMAS (que inclusive tem fronteiras tênues, e às vezes se misturam entre si, em diferentes proporções), as diferenças dos gêneros literários escolhidos pelos participantes tornam muito difícil dar um valor absoluto entre os contos, quando colocados lado a lado. Então, o melhor humor não tem o mesmo efeito que o melhor terror, e um terror com elementos realistas pode ter um efeito mais impactante para mim que um horror com elementos de fantasia ou ficção científica – por isso, digo que é MINHA IMPRESSÃO, ok? As notas não representam “média para aprovação”, mas O EFEITO FINAL que me causaram.

    Dito isso, vamos ao:

    COMENTÁRIO ESPECIFICO:

    LOGLINE: um casal moderno, ela música numa banda, ele social media, em vias de decidir se juntar, não sabem mas tem um gato vampiro em casa. O rapaz elimina o gato mas  não sabe que já estão contaminado (e que também vai contaminar sua parceira) com uma espécie de transformação em um mostro sugado com tentáculos.

    TEMA ESCOLHIDO: Terror (com interferência no cotidiano).

    PREMISSA: o gato preto, tão mal afamado, se torna portador de uma espécie de vampirismo, uma das lendas de terror mais conhecidas e consagradas.

    TÉCNICA E ESTILO: a técnica da escrita é muito boa, com a óbvia dicção portuguesa, sem causar estranhamento maior do que uma ou outra palavra; em nada prejudicou isso a narrativa firme e a crescente tensão até o clímax da história, que apesar de ser o esperado, foi bastante satisfatório para o leitor.

    EFEITO FINAL: efeito muito bom, foi um dos meus preferidos no certame. Apenas reparo que achei o gato, que era em tese um monstro, não ter resistido mais ou sequer contra-atacado seu assassino. Achei ele muito passivo para ser temível.

  8. Marco Saraiva
    27 de março de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Esse conto me pegou. É despretensioso, segue devagar, sem pressa. Me enganou quando sugeriu que a criatura fosse um vampiro. Estava óbvio demais: Bianca, a ninfomaníaca baixista de banda de heavy metal, claro que era ela a vampira. Então, logo em seguida, descubro que não era Bianca, mas sim o gato. E o conto vai seguindo devagar e sempre, me enredando na narrativa até o final. Achei ótimo. Simples, direto, com uma ambientação divertida, envolvente. É um conto sólido e bem escrito, com uma pitada de comédia. Talvez falte nele o impacto, talvez algo mais envolvente, mais interessante, mas com certeza é um texto bem trabalhado e feito por alguém que sabe o que está fazendo.

    Parabéns!

  9. leandrobarreiros
    27 de março de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Eita.

    Achei um excelente conto. O início é um pouco lento, como deve ser, estabelecendo bem os três personagens principais. Todos parecem vivos e reais.

    O horror, que se inicia com a cena do gato vampiro e se fortalece com o gatocídio são super criativos e horríveis.

    O final também ficou bom demais, com os elementos de body horror e o crescimento da epidemia.

    Se pudesse fazer uma única sugestão ao autor seria a de remover o comentário do colega de trabalho sobre vampiro. Acho que é uma coincidência dispensável e diminui um pouco do valor do texto.

    Mas é a única coisa.

    Excelente história.

  10. MARIANA CAROLO SENANDES
    27 de março de 2025
    Avatar de MARIANA CAROLO SENANDES

    Técnica: Temos um conto português e é muito legal ver as variações e nuances da língua e enriquecer o vocabulário. Apesar de ter que pesquisar o significado de alguns termos, o autor escreve de maneira fluída e leitura foi divertida. É um conto bem desenvolvido, com começo e finais satisfatórios. Bem bom 2/2

    Criatividade: Eu pensei que teríamos uma imitação de O Gato Preto, mas não. O texto se desdobra em algo um tanto lovercrafitiano. É competente a ideia, apesar de não ser nova. Admito que não simpatizei como personagem principal e achei estranho uma integrante de banda, que parece estar em turnê e não ser uma celebridade, parar tudo para ter um filho. Mas fora os poréns, a trama é eficaz e um bom terror 1,2/2

    Impacto: Um bom conto, não ocorreu a sensação detempo perdido após a leitura. 0,8/1

  11. claudiaangst
    27 de março de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Para este desafio, utilizarei o sistema de avaliação TERRORIR:

    T(ítulo) — SANGUE DO MEU SANGUE — Mencionou sangue, só pode ser conto de terror.👀🩸

    E(nquadramento ao tema) — O conto aborda o tema terror.🩸😱

    R(azão de gostar do conto) — Uma narrativa criativa que mistura FC, alienígena e vampirismo. E o desfecho ainda traz um toque de romantismo com a promessa de “viveram felizes para sempre junto aos seus filhotes endemoniados”. 😬😈

    R(evisão) — O texto apresenta forte sotaque lusitano, portanto, não irei apontar prováveis falhas, pois a grafia de algumas palavras difere do português do Brasil.🖊️🤷

    – noo > no

    – meus braço > meus braços

    O(utras questões técnicas) — Narrativa bem estrutura e diálogos pontuais que agilizam a leitura.

    R(azão de desgostar do conto) — Não pouparam o gatinho Carvão.🙀

    I(ntesidade da narrativa) — O ápice do terror surge no final, quando o protagonista se dá conta de que se tornou o monstro.👽👾

    R(esumo da ópera) — O conto apresenta uma ideia diferente de relacionamento, com a transformação do casal infectado. A narrativa combina terror, ficção científica e elementos românticos/sensuais. A leitura prende a atenção e surpreende.🧡🧑‍🤝‍🧑👽

    Parabéns pela sua brilhante participação no desafio e boa sorte!

  12. Mauro Dillmann
    26 de março de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Escrito no português de Portugal.

    Um casal, um gato. Tudo na normalidade.

    De repente o gato se transforma num outro ser, um vampiro.

    Construção narrativa típica do horror/terror. Tem bom uso da técnica.

    O homem mata o gato e se transforma no vampiro.

    O final é bom, bem pensado.

    Parabéns!

  13. Amanda Gomez
    25 de março de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Achei seu conto interessante. A abordagem do tema vampiresco é criativa e me prendeu até o final.

    Por um momento, pensei que ele tinha matado o gato à toa, que o bichano era inocente… Fiquei apreensiva. Mas, no final, fez sentido. Só achei estranha a facilidade com que ele matou o animal, ainda mais considerando que não era um mero gatinho comum. Ele apagar os vídeos e resolver tudo sozinho também soou inverossímil. Jamais voltaria para casa depois de ver aquele vídeo! Mas ok, em histórias de terror tem dessas coisas. Os personagens simplesmente não fazem o óbvio.

    Faltou uma explicação sobre a origem desses “vampiros”. Acho que, com poucas palavras, daria para pelo menos deixar uma pista. Dá a impressão de que ele é o marco zero, o primeiro humano a ser contagiado. E talvez seja mesmo.

    O texto se demora um pouco, e a melhor parte passa rápido. Criar mais suspense em cima da namorada e do gato deixaria a tensão maior. Eu desconfiava dela, não do gato. Foi uma boa sacada no final.
    Apesar de alguns furos, o texto cumpre bem o papel de entreter. O terror ficou suave. Acho que o autor perdeu a chance de fazer uma cena mais sangrenta e grotesca entre ele e o gato. Mas ok.

    No mais, parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

  14. andersondopradosilva
    23 de março de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    SANGUE DO MEU SANGUE é um terror tradicional, desses que investem em criaturas malignas. Há também um elemento cômico no texto, consistente na descoberta de que a criatura maligna é um gato ou, ao menos, o habita. O uso de uma câmera para filmar as noites de sono poderia até soar carente de originalidade, mas a descoberta de que a criatura maligna seria um gato contorna a dificuldade. O português me soou estrangeiro e, portanto, estranho, mas não considerei esse aspecto na avaliação, preferindo supor que o português empregado está correto e corrente em Portugal ou outra nação de língua portuguesa. Me ative ao enredo. No contexto do desafio, confesso que um terror com uma criatura do mal atuando enquanto suas vítimas dormiam estava mesmo me fazendo falta. O texto parece ter medo de ser politicamente incorreto, optando por abreviar o palavrão filho da puta. É um erro. A literatura contemporânea dispensa tais escrúpulos. Não só a literatura já rompeu com todos os escrúpulos, como as telas nos expõem constantemente a todo tipo de sujeira. Autor, xingue. Meta o dedo no cu do mundo. Se solte. SANGUE DO MEU SANGUE faturou a nota 3,2 e o décimo lugar em minha lista.

  15. Luis Guilherme Banzi Florido
    20 de março de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Ola, amigo(a) entrecontista! Tudo bem por ai? Esse conto faz parte das minhas leituras obrigatórias.

    Resumo: um gato vampiro cosmico contamina seu dono.

    Comentário geral: um otimo conto de terror! Gostei muito mesmo. Todo o misterio é envolvente e curioso, passei o tempo todo me sentindo meio incomodado e com a sensação de que algo terrivel estava para acontecer. A revelação da gravação é impactante e um bom payoff do que vinha sendo prometido. Fiquei com pena do gato, apesar de saber que se tratava de um vampiro cosmico. Gostei que voce nao explica nada, origem, motivos. Acho que esse tipo de explicação atrapalha horror cosmico, pois o verdadeiro horror está na incerteza e na aleatoriedade daquela situação. Tudo fica no ar, inexplicado, e o leitor se sente ameaçado pela situação. Muito bom. Algo que acho que aumentaria ainda mais o impacto do gato seria se ele descobrisse que o gato na verdade era inocente, e que ele tinha matado o bichinho a toa. Acho que isso daria um peso ainda mais ao desfecho, já que a cena em que o homem carrega o gato morto até o conteiner é a cena mais pesada e angustiante do conto. Mas isso é minha opiniao, claro, o final está adequado e satisfatorio do jeito que está. Parabens, gostei muitissimo.

    Sentimento final como leitor: fiquei aflito e incomodado lendo, terminei muito satisfeito.

    Recomendação do meu eu leitor: eu, particularmente, teria explorado mais o peso de matar o gato (que podia ate ter sido morto em vão). Mas isso é opiniao pessoal, no geral nao tenho nada a sugerir pois o conto está excelente e eu mesmo nao teria escrito algo tao bom.

    Conclusão: peguei o elevador do predio junto de meu vizinho noiado. Ele carregava um saco pingando sangue. Me senti aterrorizado e temi pelo gato do homem. Não tive muito tempo para pensar a respeito, pois nos dias seguintes comecei a sentir uma sede insaciavel por sangue.

  16. Antonio Stegues Batista
    19 de março de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Protagonista sem nome é atacado por alienígena, que coloca DNA em seu corpo e o transforma na mesma espécie. Ele contamina a namorada  e logo a humanidade é transformada. O monstro era o gato, mas como isso aconteceu? Como o monstro chegou na Terra? Alguns termos como, carruagem e sanitas  ( vagão  e vaso sanitário)indica que o autor não é brasileiro, talvez português, ou alguém fingindo ser, mas isso não muda nada no valor da obra, são apenas detalhes que percebi. Parece que a história se passa nos EUA, que também é válido. O tema está bem colocado no terror cósmico.

    ENREDO- Bom

    ESCRITA- Correta, simples.

    FRASES – Corretas, simples, sem grandes elaborações

    NARRATIVA- Fluida, sem entraves, simples.

    PERSONAGENS – Marcante

    DIÁLOGOS – Muito bons

    AMBIENTAÇÃO – Regular

    IMPACTO – Forte

  17. Priscila Pereira
    18 de março de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Sr Autor! Tudo bem?

    Mais um conto com gato, mas nesse o fim dele é trágico 🥺

    Sorte eu não acreditar em vampiros extraterrestres em forma de gatos, pq senão eu iria ficar muito alarmada com o gosto da minha gata de dormir em cima de mim, embora não seja exatamente nas costas e sim em qualquer lugar que fique confortável (para ela, óbvio).

    Sobre o seu conto, não gostei muito… Não consegui comprar a ideia, entende? Sei que é ficção, e tudo é possível, mas não consegui embarcar na jornada.

    O Sr desperdiçou uma forma incrível de trazer mais terror, e mais profundidade psicológica ao texto no assassinato do gato. Foi tudo muito rápido, sem dilema moral, sem dúvidas, sem o clima, sem a antecipação, foi seco e rápido. Se esse aspecto fosse abordado o conto teria mais profundidade.

    Tecnicamente está bem escrito, bem revisado, a leitura é fluida e os personagens são ótimos, )pense em usá-los em um contexto diferente 😁) a ideia é original e foi bem executada, e talvez não tenha funcionando apenas comigo.

    Parabéns e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  18. Givao Domingues Thimoti
    17 de março de 2025
    Avatar de Givao Domingues Thimoti

    Sangue do Meu Sangue (Silmarko)

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for extremamente perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1 quando nada perceptível e 2,5 quando tiver pouco perceptível. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    1 – ruim 😓 / 2- abaixo da média😬  / 3- regular,acima da média,   😉/ 4- bom 😇/ 5- excelente!🥰

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 

    Sangue do meu sangue é um autêntico conto de TERROR (Logo, nota 5!), que aborda a transmissão de um vírus vampiresco no meio de um núcleo familiar, do gato para o narrador, do narrador para a sua namorada.

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo: aqui temos qualidade de escrita. Competência e maturidade para conduzir uma história.

    Negativo: bom, ritmo MUITO rápido e uma história meio simples demais, que tudo acontece explicadinho demais, sem espaço para se surpreender ou estranhar o que está acontecendo.

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais 5

    Bom, não demora muito para vermos que, além de autor português, temos aqui um conto de um competente autor português. Texto muito bem revisado, com nenhum erro gramatical (ou, se tiver, escapou totalmente da minha leitura).

    Muito bom!

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. 2,5

    Por se tratar de um conto escrito por alguém muito competente, com bastante domínio da língua, não tenho muito o que falar sobre vocabulário.

    Aqui, temos uma linguagem mais direta, sem muitos devaneios e descrições detalhadas. As descrições mais detalhadas se limitam ou ao sexo do protagonista com sua esposa ou ao momento que descobre o parasita monstrengo vampiresco. 

    Ao mesmo tempo que a linguagem traz um ar de relato, aproximando o leitor da história (o que é sempre muito bem-vindo no terror), diria que não deu certo por um outro aspecto (a narrativa em si, meio simplória demais). Minha grande crítica nesse quesito é que eu achei o ritmo do conto muito frenético, especialmente do meio para o final. O que podia ter sido um golaço virou um gol contra, infelizmente. Uma pena!

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 5

    O conto está bem organizado e claro. Do jeito que está escrito, creio que não abre muitas brechas para abrir buracos na narrativa.

    Muito bom!

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável. 1

    Bom, eu não gostei do conto. Embora a escrita seja bastante competente, eu diria que a narrativa não me cativou. Achei a ocorrência de tudo muito simples, muito casual. 

    Explico: por exemplo, achei que colocar o colega de trabalho sugerindo que o protagonista estava sendo atacado por um “vampiro” uma coincidência de fatos muito simplória dentro do texto. E é como se esse fato tivesse impregnado todo o conto com essa causalidade.Ao final, quando terminei a leitura, parei e refleti sobre a história, a sensação que tive foi a que faltou algo a mais. Está tudo muito casadinho, tudo muito certinho. Tudo muito fechadinho dentro de si, de uma forma tanto quanto esperada.

    Até mesmo a forma como a coisa vai se desenrolando até o desfecho, com o seu ritmo frenético, no qual aparentemente a humanidade é tomada por esse vírus/parasita vampiresco soou fácil demais. 

    Nota final: 3,7

  19. Kelly Hatanaka
    17 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi  Silmarko.

    Antes, um aviso geral: li seu conto com toda a atenção e cuidado e meu comentário, abaixo, expõe minha opinião de leitora, com todas as falhas que tal opinião possa ter. Os quesitos que uso para a pontuação são: Tema, Escrita e Enredo, valendo 2 pontos cada e Impacto, valendo 4. Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

    Tema

    Dentro do tema terror.

    Escrita

    Excelente, correta, bem revisada. As cenas são bem desenhadas, sem clichês. Uma leitura muito boa!

    Enredo

    Um homem instala uma câmera no quarto, esperando pegar um rato que o estivesse deixando doente e descobre que seu gato é uma espécie de monstro. Ele o mata, mas é tarde. Ele também já se transformou em monstro e fez o mesmo com sua namorada.

    Impacto

    Gostei do final inusitado. O homem parecia ser uma vítima, mas tornou-se, ele mesmo, o monstro. A cena em que ele assiste a gravação da câmera gera tensão e medo muito bem. E o final, em que se sabe que eles se multiplicaram e estão atacando, traz um temor crescente.

  20. Gustavo Araujo
    15 de março de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Ótimo conto. Ambientação e personagens muito bem construídos. Dá para perceber que o(a) autor(a) é alguém que conhece do riscado, que sabe aonde quer chegar. Destaque para o desenvolvimento do narrador e de Bianca, que soam verdadeiros, gente de verdade, com sentimentos, dúvidas, preconceitos, medos e desejos. Não são meros apêndices ou desculpas para o desenrolar da trama. É por causa deles que a história se desenvolve bem, história essa que, a despeito da simplicidade, ou talvez exatamente por causa da simplicidade, apresenta o aspecto sobrenatural de modo competente e não como fato isolado, daqueles cujo intuito é unicamente surpreender ou causar medo.

    Não, aqui esse elemento, digo, o fato de o gato ser uma espécie de hospedeiro vampiresco, afigura-se verossímil, levando a uma conclusão que, se não causa surpresa, se mostra igualmente competente, adequada à trama erigida. O fato da narração seguir a voz portuguesa dá um charme especial, fazendo com que (pelo menos este) leitor enxergue a história em tons de sépia, criando assim uma atmosfera que aproxima o conto dos clássicos.

    Parabéns pelo trabalho e boa sorte no desafio!

    Nota: 4

E Então? O que achou?

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1B, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .