EntreContos

Detox Literário.

Placebo (Rodrigo Vinholo)

A mente humana é uma coisa incrível, com um tanto de funcionamento que escapa até para nós, profissionais e estudiosos da medicina… e que suspeito que jamais compreenderemos totalmente.

Para mim, um dos principais exemplos desses mistérios reside no efeito placebo e em todo o universo do sugestionamento, bem como no modo como podem afetar não apenas as mentes, mas os corpos humanos. Se pararmos para pensar, chega a soar como magia, não? Imagine: você toma um remédio que não faz nada, mas como você acredita que ele fará o efeito desejado, ele passa a fazer! Se não fosse algo estudado tão extensivamente, o senso comum nos diria que é absurdo.

O que é mais fantástico ainda, para mim, é que existem estudos que apontam que o efeito placebo funciona mesmo em quem sabe que o efeito placebo existe… e mesmo que saibam que estão tomando um remédio como placebo, é possível se beneficiarem do efeito ao saberem que o efeito placebo funciona! Isso é ainda mais mágico, porque é na consciência de que se pode se enganar positivamente que reside o efeito. Disso para esperar magia de um “abracadabra” ou “alakazan”, não há muita distância.

Entender e se lembrar disso é importante para a história deste nosso hospital, e para que compreendam o que está acontecendo agora, porque nós sempre usamos e abusamos desse efeito por aqui, e foi isso que saiu do controle da forma mais inesperada possível.

É preciso dizer que um tanto do que vou relatar sai do campo estritamente científico porque não queríamos chamar atenção desnecessária para os nossos métodos e para certos problemas que surgiram durante o tempo, então peço que tenham paciência e uma mente aberta para o que vão ouvir.

Quando comecei a trabalhar aqui, cerca de quarenta anos atrás, já era sabido que havia algo de diferente neste lugar. Lógico, todos profissionais de saúde tentam manter seus pacientes com boas perspectivas e disposição, ao menos dentro do que é realista e possível, mas, por alguma razão, era como se toda sugestão tivesse efeito multiplicado por aqui. É como se algo fizesse com que o efeito placebo fosse multiplicado.

Nenhum de nós dependia disso, claro. Mesmo que eu fosse jovem e inexperiente, ou talvez por isso, temia demais depender da incerteza, e agia com o máximo de profissionalismo, dentro das regras, normas e cuidados da profissão. Ainda assim, logo confirmei que algo estava sempre agindo a nosso favor. Observando os números, estava claro que as estatísticas de recuperação estavam acima da média para outras instalações do país, mesmo que não tivéssemos profissionais diferenciados ou tecnologia de ponta.

As pessoas começaram a falar, mas todos havíamos concordado em desmentir os boatos. Temíamos problemas de reputação, sem falar em questões legais, se saíssemos afirmando capacidades mágicas. Felizmente, o pouco que vazou foi tratado como inacreditável.

Acontece, porém, que depois de um tempo começaram a surgir casos peculiares.

Primeiro houve uma onda de curas-relâmpago, mesmo dentro dos padrões acelerados que estávamos acostumados. Febres desapareciam, feridas se curavam rapidamente, focos de pneumonia sumiam de uma hora para outra… como era tudo positivo, não nos incomodamos em prestar atenção nos detalhes. Não vou mentir e dizer que não havia quem preferisse que os pacientes ficassem mais tempo aqui por lucro, mas focando em nossa missão de curar os enfermos, dava gosto de ver os leitos sendo liberados porque os resultados eram os melhores possíveis.

Mas aí, certa manhã, ouvimos uma comoção nos corredores e, quando fomos olhar, descobrimos um paciente sendo perseguido por um grupo de enfermeiros e seguranças do hospital. Ele ria e corria como um maratonista, o que não seria tão peculiar não fosse o fato de que ele havia sofrido uma fratura exposta do fêmur direito na semana anterior. Não havia como a recuperação ter sido tão veloz, nem com nossos profissionais ou o poder quase milagroso do hospital. A história não terminou bem, porque a certa altura o corpo dele pareceu se lembrar do ferimento e ele sofreu uma queda, precisando entrar em cirurgia em seguida.

Na mesma semana, um paciente que não voltaria a ver depois de um acidente dizia ter recuperado a visão… mas insistia que conseguia ver detalhes incríveis de tudo e de todos, e não conseguia mais dormir. Era como se ele enxergasse mais do que jamais conseguira, e isso quase o enlouquecia. A equipe tentava entender precisamente o que poderia ter acontecido, enquanto alternava entre sedações e diferentes meios de cobrir sua visão.

Pacientes que se recusavam a tomar remédios passavam a ficar obcecados com eles. Pacientes que não comiam viravam glutões. Pacientes glutões passavam a dietas mínimas… por todo lado esses excessos estavam surgindo e, temendo que a situação fugisse do controle e gerasse óbitos, começamos uma investigação.

Os próprios pacientes não hesitaram em nos dar um suspeito: todos haviam sido tratados, fosse oficialmente ou em visitas esporádicas, pelo Dr. Garcia. Ele era jovem como eu. Era magro, alto e elegante, com longos cabelos negros e, diferente de mim, tinha uma personalidade ousada e confiante.

Nossa investigação não precisou de muita discrição, já que ele estava mais do que feliz em explicar seus próprios experimentos. De acordo com Garcia, estávamos sendo conservadores demais com as possibilidades que o poder do hospital nos oferecia, então ele vinha estudando meios de sugestionar os pacientes e fazer com que melhorassem. Às vezes, era baseado em comprimidos e pílulas sem efeito, mas em outras bastava um patuá, um exame falso ou só mesmo uma boa história. Bastava que acreditassem.

Garcia reconhecia que os métodos precisavam de aprimoramentos. Ele não sugeriu ao paciente com a fratura exposta que saísse correndo… aquele tanto de exagero partiu do próprio. Por outro lado, ele admitia que outros conselhos talvez tivessem sido entendidos da maneira literal, então ainda estava estudando como poderia dosar sugestões e placebos.

Para a gestão do hospital, a situação era um problema. De um lado, era um absurdo que Garcia estivesse fazendo suas experiências com pacientes. Aquilo violava incontáveis regras de conduta… Mas, de outro, todo esse aspecto fantástico não era algo que tratávamos abertamente. Uma demissão exporia tudo, e os problemas seriam ainda maiores do que ele havia causado até então.

Dr. Garcia estava consciente de sua posição, e usava seus excelentes resultados como moeda de negociação. Não só vinha melhorando as condições de seus pacientes, apesar dos tropeços, como sua reputação começava a crescer, e isso era positivo para o hospital. Nesse cabo de guerra de motivações e argumentos, nada mudou, e ele continuou com seus testes sem qualquer pudor.

Do mesmo jeito que um veneno pode ser um remédio, na hora, lugar e quantidade certa, um problema pode resolver outro, apesar de efeitos colaterais. Acontece que pouco depois desse conflito inicial, surgiu a situação perfeita para tirarmos Garcia de circulação sem recorrermos a qualquer sabotagem.

Acontece que, vendo que não seria impedido, ele começou a ficar um tanto mais impulsivo do que já era. Com o orgulho e a empáfia explodindo, passou a usar sua posição como médico para flertar com pacientes e enfermeiras. E se algumas por vezes até retribuíam, outras estavam cada vez mais incomodadas com a situação.

Reclamações começaram a surgir na administração do hospital e, quando finalmente decidiram tomar uma atitude, veio o pior caso: uma acusação de abuso de uma enfermeira.

A situação como um todo foi uma tragédia. A única sorte, se é que se pode usar o termo em tal contexto, é que a investida de Garcia sobre a pobre moça acabou tendo testemunhas. Aparentemente ele vinha mais confiante do que nunca e, quando suas sugestões não deram certo, avançou sobre ela, ignorando a possibilidade de que fosse gritar e lutar, bem como de que existissem outros profissionais em cômodos próximos. Ele foi detido em flagrante, preso e, se antes não queriam que o lado mais mágico do caso fosse parar na imprensa, a situação era uma bomba-relógio ainda pior.

Os meses seguintes foram estranhos, mas mais positivos do que o susto inicial nos fazia supor. A moça atacada ficou bem, e foi apoiada pela comunidade. A reputação do hospital foi arranhada, mas um bom trabalho de relações públicas deixou claro que Garcia que era o problema e, como agiu sozinho, foi difícil de duvidar. Ele, em entrevistas, soava tão alucinado para os outros, com seu ego inflado, que nem suas tentativas de queimar nossa reputação foram frutíferas. No fim das contas, acabamos nos livrando dele sem muito esforço.

Nada disso, claro, mudava as condições básicas da situação. Garcia havia demonstrado bem os riscos que o poder oculto do hospital podia causar, e começaram a ser discutidas medidas para evitarmos que algo assim se repetisse. Obviamente, a regra era que experimentos de qualquer natureza seriam proibidos, como em tese sempre foram, mas discutiam-se meios de coibir sugestões que pudessem ser perigosas, em longas reuniões que nunca chegavam a conclusões, simplesmente porque não compreendíamos bem como limitar essas questões. A vida no hospital já envolvia policiar certos usos de linguagem e abordagem de determinados assuntos, bem como cuidados dentro da relação entre profissionais de saúde e pacientes, então ou as medidas que surgiam a mais seriam demasiadamente radicais, ou sutis demais para serem aplicadas efetivamente.

E aí, na ânsia de resolver a situação, não nos demos conta de que estávamos criando um novo problema: quanto mais se falava de sugestionamento e de placebos, mais estávamos alimentando a lembrança de Garcia. Foi então que os problemas maiores começaram.

Eu estou contando tudo isso, aqui, com o benefício da perspectiva. Naquela época, não nos demos conta do que estávamos criando. Assim, quando começaram os relatos de um médico estranho andando pelo hospital, imaginamos que fosse o próprio Garcia, ou algum invasor.

Começou pequeno, com pacientes relatando visitas em horários que estavam fora de qualquer itinerário, depois outros mencionando prescrições que não batiam com suas fichas, mas o que mais chamava a atenção de todos era a descrição do médico, de um homem alto e magro, com cabelos compridos e escuros. Ele era o único que já havia passado por lá que tivesse essa descrição e, vendo que não havia confusão, logo tratamos de tentar localizá-lo para enquadrá-lo por mais essa.

Exceto que… não poderia ser Garcia. Aparentemente a divulgação ampla de seu caso havia o tornado um pária não só na área médica, mas no bairro em que vivia e, naquela mesma semana, um grupo de revoltosos havia tentado linchá-lo. Quando contatamos a família para saber sobre seu paradeiro, descobrimos que ele lutava pela vida. A história toda era tão estranha que corremos atrás para verificar e… era verdade! Só que havia um outro Garcia aparecendo no nosso hospital enquanto o outro morria e, depois que ele não resistiu, o fantasma não foi embora.

Falar de questões de vida e morte, na medicina, invariavelmente nos joga em um campo de especulações religiosas e místicas, ainda mais em um lugar como este, onde havíamos atestado tantos pequenos “milagres”. Mas daí para acreditar que Garcia havia se tornado uma assombração era demais. O problema era que os fatos falavam mais alto e, dia após dia, recebíamos mais relatos de pacientes, sem falar dos próprios profissionais vendo a aparição.

Dessa vez, começamos a ficar com medo. Lidar com um médico abusador de carne e osso já era difícil, mas com um fantasma era ainda pior. E, mais, seria difícil explicar para o público.

Então, conforme nos preocupávamos mais, ele começou a se tornar mais agressivo. Se antes tentava curas ousadas, agora tínhamos que lidar com pacientes que diziam ser assombrados pela figura magra. Diziam que surgia de madrugada e declarava que tinham poucos dias de vida, ou os ameaçava com seringas, ou dizia que alguém estava trocando seus remédios.

Enfermeiros começaram a receber chamadas e, quando chegavam ao quarto, os pacientes confusos explicavam que havia sido um médico que havia feito. Em outro casos, removia os acessos dos braços de pacientes, e até trocava remédios indevidamente. Vez ou outra ele era pego em flagrante, mas desaparecia em pleno ar.

Chegou a um ponto em que todos estavam em estado constante de alerta, e começamos a estudar possibilidades como exorcismos e benzimentos, ao risco de assustarmos os pacientes… mas nada adiantou.

Certa noite, um paciente começou a gritar que ia morrer e, enquanto tentávamos acalmá-lo, descobrimos que o espectro de Garcia havia anunciado a morte para aquela noite para as 23:23. Medicamos o paciente e ele conseguiu cair no sono, mas bastou chegar o horário e veio a parada cardíaca. Na mesma noite, o espectro prometeu a morte de mais outros três, em prazos diferentes, e logo ficou claro de que não se tratava de um ataque causado por preocupação… a morte anunciada ocorria sempre no horário certo.

Estávamos em pânico. Aquilo era pior do que nunca: mesmo quando tentou usar seu poder para abusar de pessoas, Garcia nunca havia chegado ao nível de homicídio. Ele tinha convicções estranhas, mas nem em sua busca por poder havia recorrido àquilo. Foi então, em uma das reuniões, que percebemos: não precisávamos ir tão longe no nosso medo do fantástico, porque já tínhamos a nossa própria dose de absurdo! O espectro não era Garcia, ele era uma sugestão!

Foi só então que revisamos nosso histórico: primeiro tínhamos Garcia atuando no hospital, e então ele foi afastado. A aparição começou a surgir quando ainda conversávamos a respeito, e piorou ainda mais quando reforçamos os efeitos, porque ficamos falando sobre ele. Quando a aparição passou a assustar os pacientes, juntou-se a incerteza deles às nossas, e o medo crescente de todos tornou esse ser ainda mais violento! Estávamos criando o monstro!

A resposta, claro, não veio sem um tanto de dúvida, e sem alguns problemas. O principal deles era que não podíamos fazer Garcia desaparecer porque o desejo de que desaparecesse envolvia pensarmos nele. Ou seja, mesmo se calássemos a boca e nos acalmássemos, ainda havia a chance de que, ao focarmos nas nossas ações nesse sentido, ainda reforçássemos a aparição. E, mais, não podíamos contar com os pacientes para evitarem pensamentos do tipo, ainda mais depois que vários haviam testemunhado as aparições ou ouvido falar das mortes.

Fui eu quem deu a solução e, hoje, não sei se foi o melhor caminho. Foram medidas desesperadas para evitar mais vítimas. Minha proposta foi que, do mesmo jeito que havíamos reforçado entre nós as histórias sobre Garcia, ao ponto de pacientes saberem, podíamos criar uma criatura que pudesse acabar com ele. Alguém que existisse nos mesmos termos.

Foi assim que imaginamos o Monstro. Mais uma vez, recorreríamos a um problema para resolver outro: espalhamos entre nós o conceito de um predador que tivesse como única presa os médicos imaginários… ou seja, Garcia, e qualquer cópia dele que talvez pudesse ter surgido. Se no começo pareceu um tanto ridículo, logo conseguimos nos envolver verdadeiramente com a ideia. Porque, de fato, se temíamos Garcia e o que ele podia fazer, uma criatura que pudesse matá-lo era ainda mais terrível.

Não havia um consenso sobre a forma ou natureza, mas dentes, garras e tentáculos logo se tornaram o padrão. O fato de desconhecermos o que seria a solução ajudava a torná-la ainda pior, porque cada medo individual se somava à criatura, com a vantagem de que conseguimos manter um foco vital: era uma besta irracional, cujo único apetite era por médicos imaginários. Por Garcia. Os pacientes acabaram sabendo, às vezes sem querer, às vezes de propósito, e ainda que não entendessem bem, acabaram por colaborar com a ideia.

Em poucos dias, os relatos começaram a mudar. Garcia surgia fugindo de sombras, de massas de carne grotescas, de criaturas cheias de tentáculos, braços e olhos. Certa vez, vimos algo semelhante a um lobisomem esmigalhar o crânio dele no chão de um dos corredores. No outro, vimos tentáculos penetrarem por sua boca até rasgá-lo em dois. E mais de uma vez vimos algo como uma caricatura de ser humano que retalhava o corpo de Garcia e andava por aí com os pedaços antes de desaparecer.

Nos surpreendemos com o número de mortes que a aparição sofria, mas o que valia é que ele havia parado de aparecer para dar suas sugestões estranhas. Aos poucos, mesmo as visões de Garcia sendo caçado foram diminuindo. Do ponto de vista do efeito de sugestionamento, que tanto orientava nossa realidade no hospital, a explicação era simples: estávamos usando o próprio efeito para nos convencer de que estávamos vencendo o efeito.

Hoje eu penso que poderíamos ter criado um placebo que convenceria a todos que estavam imunes ao placebo, mas talvez fosse uma volta lógica ainda maior… o que importa é que nossa criatura funcionou. Logo, não tínhamos nem Garcia, nem Monstro, e nosso dia a dia voltava a ter certa normalidade.

Nas décadas seguintes, fomos aprendendo as sutilezas do uso de placebos e derivados, e nunca mais tivemos episódios tão perigosos, provavelmente porque acreditávamos que estaríamos protegidos, caso isso surgisse.

Mas aí chegamos à atualidade, e ao motivo porque estamos aqui, dentre veteranos, novatos e intermediários. Pedi que todos mantivessem a mente aberta, mas sei que não preciso convencer ninguém. Todos presentes já viram que o Monstro está de volta, e que agora não está mais interessado apenas em vítimas imaginárias.

Sim, é um problema estejamos reforçando esse arquétipo, ou seja lá o que for, mas a situação já foi longe demais para nos policiarmos. Alguém vazou a história do espectro de Garcia e do Monstro em redes sociais, e como se não bastasse as mentes de quem está lá fora, dessa vez temos milhares, milhões de pessoas pensando a respeito de uma criatura misteriosa. Da outra vez, o alcance da imprensa era bem menor, e ninguém conhecia o efeito. Agora eles conhecem, e isso parece estar piorando o caso.

O que nos leva à pergunta que eu tenho para todos: vocês conseguem pensar em algum placebo efetivo para isso? Ou, talvez, que tipo de monstro vamos criar para derrubar esse?

Sobre Fabio Baptista

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19 comentários em “Placebo (Rodrigo Vinholo)

  1. Thales Soares
    29 de março de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Iniciais:

    A premissa deste conto é original e instigante, especialmente com a transição do efeito placebo como ferramenta de cura para uma força perigosa e autônoma. Acho que essa foi uma das melhores ideias que vi neste desafio!

    O conto amarra bem sua narrativa de horror psicológico com o universo da medicina, algo que é pouco explorado com essa profundidade. A parte do Dr. Garcia evoluindo de médico a espectro, e depois a vítima de uma criação ainda mais monstruosa, mostra uma boa escalada de tensão.

    ***

    Pedradas:

    O início tem muito tom explicativo, o que quebra um pouco o ritmo. Parece mais um artigo de opinião ou um blog pessoal do que uma narrativa de terror ou ficção especulativa.

    No conto inteiro há um excesso de “contar”, e não de “mostrar”, distanciando o leitor da história. Por exemplo: em vez de descrever cenas em que os pacientes veem o fantasma de Garcia ou surtam após suas visitas, o texto resume o que aconteceu, como se fosse um dossiê.

    O texto carece de personagens vivos além do narrador. O Dr. Garcia vira quase uma alegoria, e os pacientes e enfermeiros são apenas “funções” da narrativa. Isso enfraquece o impacto emocional.

    O final volta a cair numa exposição longa, como se fosse uma ata de reunião. Faltou uma última virada mais envolvente, ou uma cena final que tivesse um maior impacto.

    ***

    Conclusão:

    A ideia é excelente e tem bastante potencial, mas a forma escolhida para contá-la (narrativa expositiva, com pouco foco em cenas dramáticas ou tensão emocional concreta) tira muito da força que o conto poderia ter. Uma reescrita que focasse mais em mostrar essas cenas, com menos explicações e mais ambientação sensorial e suspense gradual, faria esse conto brilhar.

  2. jowilton
    29 de março de 2025
    Avatar de jowilton

    O conto narra a história de um fantasma criado pela indução do pensamento humano num hospital que faz pesquisas com medicamentos placebos.

    A premissa é bem interessante. A narrativa é um pouco estranha, parece mais com um relato jornalístico. Poderia ter trabalhado mais a parte literária, usando mais figuras de linguagem. A leitura flui bem. Achei o enredo original, e um tanto maluco, meio que comparado o feito psicológico dos medicamentos placebos, com o aparecimento de um fantasma também por sugestão psicológica. Boa criatividade, um impacto médio.

    Boa sorte no desafio

  3. Pedro Paulo
    29 de março de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Acho que existe obra sem tom e, quando é o caso, não se percebe muito a falta dessa atmosfera identitária que nos impede de achar que aquela leitura pode ser como qualquer outra. A falta dessa tônica não é necessariamente prejudicial e acho que pode até mesmo ser proposital, a depender do contexto. Entretanto, uma autoria pode se comprometer em investir em uma caracterização estilística mais forte e falhar. Ou até acertar, mas não conseguir preservá-la ao longo do texto, como um tempero a mais na coesão da narrativa. 

    Tendo digredido nesse preâmbulo, quero parabenizar a autoria por ter conseguido conservar o tom do início ao fim. O conto inteiro é narrado em primeira pessoa, mas a impressão é que o narrador me confidencia a sua história, como se revelasse um segredo terrível e, no meio disso, pude até mesmo sentir os momentos em que a empolgação o fez elevar a voz apenas para retornar à altura murmurada que reconhece que a fortuna foi temporária frente aos horrores que seguem. Tudo isso é talento narrativo no formato do texto. 

    Em seu conteúdo, reconheço uma qualidade que de forma muito sutil toca nos dois temas: no terror pelas monstruosidades e perigos que as sugestões criam; no humor pelo próprio absurdo da premissa e das situações desdobradas… sei que não é para todos, mas poderia ser um clichê das tragédias gregas os personagens serem responsáveis pelos próprios infortúnios, então achei interessante como é exatamente o que ocorre aqui, mas de uma maneira que não se pode prever, pois as regras da narrativa são dadas e bem cuidadas pela autoria, fazendo toda a situação, ainda que absurda, ser coerente, mas, sobretudo, deliciosamente irônica. Foi nesse ponto que achei engraçado. Tragicômico, gênero de que gosto apenas quando não o vivo. Portanto, é um conto em que a sutileza preenche com verossimilhança a narrativa, fazendo sentir a curiosidade angustiada do questionamento que encerra o texto.

  4. Luis Fernando Amancio
    28 de março de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, Gregório Casa,

    Seu conto é ambientado em um ambiente bastante propício para terror. Hospitais são assustadores – quer dizer, estar lá é assustador. Sua história tem uma pegada de fantástico/ paranormal interessante. Criativa. Mas vamos para a análise.

    Você escolheu o formato “relato” para a narrativa. É uma opção plausível, mas com alguns inconvenientes. O texto fica um pouco pesado, cansativo. Só narração de eventos deixa a leitura massante. Ter alguns diálogos dá uma alternância no ritmo, oxigena o texto. Mas sua escolha é coerente com o formato escolhido.

    A divagação sobre os placebos é interessante. Dá um tom científico ao conto. O médico fantasma funcionando como placebo para os pacientes foi uma boa escolha de enredo. Como eu disse, estar em um hospital já é desconfortável, com um espírito à solta seria ainda pior.

    Esteticamente, não é uma escrita vistosa, mas é funcional.

    A forma de se livrar desse médico fantasma, com um monstro placebo, foi uma escolha ousada. Particularmente, não me pegou tanto. Dá um tom muito fantasioso ao conto (não que o médico fantasma já não fosse isso). Achei o desfecho confuso. Mas, reforço, valorizo sua ousadia, penso que é importante o autor não escolher o caminho mais fácil.

    Boa sorte no desafio!

  5. danielreis1973
    27 de março de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Comentário inicial (válido para todos os contos):
    Prezados participantes: este meu comentário NÃO É UMA CRITÍCA, É A MINHA IMPRESSÃO PESSOAL sobre o seu conto – e não é sobre você, como escritor ou ser humano!  Espero que os comentários possam ajudá-lo a aprimorar sua história ou sua escrita, num sentido mais amplo. Outra coisa é que não está sendo fácil é comparar os contos participantes, já que apesar do desafio estar  restrido a DOIS TEMAS (que inclusive tem fronteiras tênues, e às vezes se misturam entre si, em diferentes proporções), as diferenças dos gêneros literários escolhidos pelos participantes tornam muito difícil dar um valor absoluto entre os contos, quando colocados lado a lado. Então, o melhor humor não tem o mesmo efeito que o melhor terror, e um terror com elementos realistas pode ter um efeito mais impactante para mim que um horror com elementos de fantasia ou ficção científica – por isso, digo que é MINHA IMPRESSÃO, ok? As notas não representam “média para aprovação”, mas O EFEITO FINAL que me causaram.

    Dito isso, vamos ao:

    COMENTÁRIO ESPECIFICO:

    LOGLINE: num hospital (psiquiátrico?), um médico começa a utilizar tratamentos misteriosos com resultados surpreendentes, mas com o tempo enlouquece, morre e passa a assombrar pacientes e colegas, sendo controlado apenas quando se cria um mostro que o combata.

    TEMA ESCOLHIDO: terror (com pitadas de Plantão Médico/House).

    PREMISSA: a premissa é o mistério da cura, como ocorrência sobrenatural mesmo, apesar do narrador admitir que tudo pode ser efeito placebo; e que quando o médico se vê desacreditado e combatido, e depois eliminado, ele retorna como assombração para continuar seu trabalho (incialmente de cura, depois de previsão de morte para os pacientes).

    TÉCNICA E ESTILO: narrado em primeira pessoa, a história é bem conduzida a cada passo, apenas com um ritmo um tanto lento, no desenrolar dos fatos. Também me parece que faltou um elemento causal (ou por quê dele agir assim) e, depois, mais para o final, que a invenção do monstro como antítese do médico foi um pouco deus ex-machina, principalmente pela forma como o conto terminou.

    EFEITO FINAL: razoável, creio que a história tem ainda muito potencial a ser desenvolvido, principalmente aprofundando os personagens e sobretudo dando a eles a motivação que não encontrei ou que não entendi.

  6. leandrobarreiros
    27 de março de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Ola autor!

    Eu acho que voce tem uma otima história aqui, com detalhes e ideias o suficiente para escrever um romance. E, de fato, acho que já está tudo estruturado para tal, do incidente inicial, até a falsa resolução, clímax e conclusão.

    O que eu acho que voce não tem aqui é espaço para desenvolver isso tudo e, por vezes, o texto parece meio corrido e informativo por conta disso.

    Mas eu não to falando por falar, não.

    Acho que você fez a parte mais difícil de um livro e, agora, só precisa desenvolver as cenas que mencionou.

    Eu adoraria ler.

    Boa sorte no desafio!

  7. claudiaangst
    26 de março de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Para este desafio, utilizarei o sistema de avaliação TERRORIR:

    T(ítulo) — PLACEBO — Pesquisa científica sobre alguma medicação? Ou um alívio inócuo para as nossas dores? Uma comédia?😱ou 😂

    E(nquadramento ao tema) — Acredito que o horror psicológico esteja dentro do tema exigido pelo desafio.😱

    R(azão de gostar do conto) — Uma história intrigante que trata da alteração da realidade por meio de um placebo. Narrativa criativa. 🖋️

    R(evisão) — Sim, houve falhas que podem ser facilmente sanadas: 😲

    – repetição muito próxima de palavras e sons > faz/fará/fazer, estava/estavam, bastava/bastava, era/era/era, acontece que/acontece que, mais/mais, para/para, então/então, estávamos/estávamos, conhecia/cconhecem.

    – repetição de uma mesma ideia > […] era como se toda sugestão tivesse efeito multiplicado por aqui. É como se algo fizesse com que o efeito placebo fosse multiplicado.

    – […] precisando entrar em cirurgia em seguida > […] precisando passar por uma cirurgia em seguida/ […] precisando enfrentar uma cirurgia em seguida. Evite a repetição da preposição EM.

    – […] a visão… mas insistia > […] a visão, mas insistia

    – […] uma acusação de abuso de uma enfermeira > aqui, a construção frasal causou ambiguidade. Quem cometeu o abuso? Quem foi a vítima? > uma enfermeira denunciou abuso/ um abuso denunciado por uma enfermeira.  

    – Em outro casos > Em outros casos

    – […] os pacientes… mas nada adiantou.> […] os pacientes, mas nada adiantou.

    – […] médicos imaginários… ou seja, Garcia > […] médicos imaginários,ou seja, Garcia

    – Nos surpreendemos > Na linguagem formal não se inicia uma frase com pronome pessoal oblíquo.

    O(utras questões técnicas) — Por ser uma narrativa sem diálogos, é importante que o desenvolvimento da trama seja instigante, sem rodeios ou entraves que dificultem a leitura. O narrador em primeira pessoa apresenta um tom confessional, boa tentativa de criar um efeito de verossimilhança. 🧐

    R(azão de desgostar do conto) — O conto talvez tenha se alongado além do necessário. Faltou coesão para causar maior impacto. Tive a impressão de que o(a) autor(a) perdeu tempo explicando demais o seu texto, o que pode cansar o(a) leitor(a).  🙄

    I(ntesidade da narrativa) — Como auge da sucessão de eventos no hospital, surge o “fantasma” de Garcia. 👻

    R(esumo da ópera) — Na minha opinião, o conto pode se tornar algo maior, uma novela ou um romance. Muita informação que pode ser melhor aproveitada. Não desista do seu texto! 📃📚💻

    Parabéns pela sua brilhante participação no desafio e boa sorte!

  8. Mauro Dillmann
    26 de março de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Narrado em primeira pessoa, o texto parece ter um vício narrativo. A repetição do “Acontece que” torna a narrativa cansativa. Além disso, o texto é longo, prolixo.

    Até mais da metade do texto, a narração parece não engrenar. Tem um tom realista e, de repente, um ‘fantasma’. Pouco convincente, mesmo para o leitor que aceita mergulhar nesse universo.

    Sobre a escrita. Nessa passagem o primeiro “que” poderia ser suprimido: ‘ e que suspeito que’.

    Onde diz: ‘ para as 23:23’, deve escrever ‘para às 23h23min”.

    “ao motivo porque estamos aqui” [usar aqui ‘por que’ separado, pois significa ‘pelo qual’]

    “é um problema [que] estejamos reforçando”.

    De toda forma, tem criatividade.

    Parabéns!

  9. Marco Saraiva
    26 de março de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    É um conto bem criativo, com uma premissa excelente e escrito por uma mente afiada. Gostei das diversas interações com o hospital, que é por si só um personagem: as sugestões de cura, antes apenas de doenças e depois até de ferimentos físicos. O poder da sugestão indo além e criando “vida” na forma de médicos imaginários e monstros, e até mesmo o poder da sugestão da morte, onde os pacientes acreditavam tanto que iam morrer, que morriam, mesmo. Acho que todo este palco, este “cenário”, fornece ferramentas incríveis para um conto de terror magnífico.

    Infelizmente a história aqui perde bastante do impacto por ser feita na forma de um relato, ao invés de uma prosa com cenas e diálogos. Este formato mais direto e frio cria uma distância entre o leitor e o conto, e não permite muita conexão. A história aqui é mais uma listagem dos fatos: “isso e isso e isso aconteceu, e isso e isso são as consequências”. Uma pena, por que este tipo de história pede um envolvimento maior, e tem tanto potencial!

    Também achei que o vilão da história, Garcia, poderia ser melhor explorado. A ideia inicial não é muito ruim: um cara sem escrúpulos, que experimentava com pacientes sem reservas, mas cujo poder subiu a cabeça e ele acabou abusando de enfermeiras e foi preso. Mas acho mundano demais para um conto tão cheio de ideias boas. Garcia poderia ser algo maior, o pivô da história. Um médico que cometeu um pecado gravíssimo… talvez, com o poder da sugestão do hospital, tenha realizado um milagre como a ressurreição, e isto resultou em um zumbi bizarro e esta foi a gota d´água para expulsá-lo, ou talvez o caso por si só o tenha tornado insano. Algo assim. Entre outras ideias. Acho que o conto tinha asas mas você não deixou ele voar.

    Enfim, achei a ideia maravilhosa, mas a execução ficou devendo um pouco.

  10. Amanda Gomez
    25 de março de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Eu nunca sei definir a categoria dos contos, se é terror místico, gótico, realismo fantástico… Acho que esse último pode ser o caso aqui. Porque há uma realidade muito palpável, que é a do hospital, e do nada surgem monstros pelo poder da sugestão.

    É um texto interessante. Nunca li nada parecido, e isso já ganha pontos. Mas é um texto muito técnico. O fato de ser narrado por um médico, que parece meio distante emocionalmente de tudo, deixa a leitura muito… sisuda.
    Carrega, sim, um ar de mistério e suspense, mas a história em si demora muito a acontecer. Parece, de fato, um cientista explicando coisas teóricas para um leigo.

    Faltou… paixão no texto. No sentido do leitor realmente se importar com os pacientes e ficar… não assustado, mas ao menos atento a esse monstro. Faltou um tempero.

    É uma história nada óbvia. Mas o ritmo realmente complicou a leitura pra mim. Muito Discovery Channel. Eu gosto disso, mas pra um desafio de comedia e terror, carece de mais dinâmica. Um texto mais apaixonado.

    Enfim, parabéns pelo trabalho.
    Boa sorte no desafio!

  11. andersondopradosilva
    23 de março de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    PLACEBO é um conto correto, bem revisado. Foi escrito por escritor competente, mas gostarei mais de outros textos deste autor. O fantasma e o monstro serem tomados como placebo desagrada. Em terror, é preferível que o ser assustador seja tomado, seja imaginado como real e, por isso mesmo, assustador. Tem de fazer o leitor mijar na cama, odiar o escuro, acender a luz, perscrutar cantos e o embaixo da cama ou do sofá. O narrador de PLACEBO é prolixo. Tergiversa. Conta ao invés de mostrar. A ação deve acontecer, não ser contada. Conclusões e reflexões devem ser deixadas ao leitor, e apenas insinuadas pelo narrador. O desfecho é bom, mas não deixa claro se foi ou não intenção do autor propor uma reflexão sobre o tema da censura. De qualquer maneira, o texto é o que é e, não, o que o autor pretende. A interpretação pertence ao leitor. Ao narrar que o monstro está sendo alimentado pelas mídias contemporâneas e perguntar como se poderia contê-lo, talvez o autor tenha, intencionalmente ou não, feito o leitor pensar sobre a censura como uma espécie de monstro em tese capaz de devorar um outro monstro. Esse desfecho fez com que este aparentemente despretensioso terror transcendesse a si mesmo e quase ocupasse um lugar à frente de NO CAMINHO DOS LEPROSOS, porém, NO CAMINHO DOS LEPROSOS assusta e causa mais repulsa ao narrar um coito com uma porca, além de possuir um melhor trabalho de linguagem e de caracterização de personagens. PLACEBO faturou nota 3,4 e o nono lugar na minha lista.

  12. Mariana
    22 de março de 2025
    Avatar de Mariana

    Técnica – A escrita é boa, com a construção de um narrador uniforme e crível. As descrições são muito boas e sinto que o autor poderia ter trabalhado mais com o ambiente do hospital. O texto é um pouco confuso, mas muito mais pela ideia central e sua quantidade de informações. 1,5/2

    Criatividade – hospitais são lugares assustadores, um bom palco para contos de terror. Os corredores gelados, a energia pesada… Só a ideia de um doutor maluco conduzindo experimentos já é assustadora o suficiente, daí entra o fantasma e o monstro espectral e dá uma embolada. Queria ver o Garcia conduzindo um culto dentro do hospital, baseado em suas ideias de saúde. 1,3/2

    Impacto – esperava uma coisa, veio outra e eu fiquei pensando sobre os malefícios da indústria farmacêutica 0,6/1

  13. Priscila Pereira
    20 de março de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Sr Autor! Tudo bem?

    Não sei como comentar o seu conto… Sinceramente, não gostei e nem desgostei. A história de um hospital “mágico” que faz acontecer o que se deseja, ou o que se tem medo é interessante. Mas achei a narrativa meio chata, os personagens são rasos.

    Sabe aquela história de mostrar ao invés de contar? Então, você contou muito e não mostrou quase nada. Se essa história fosse contada sob o ponto de vista de algum paciente ou do próprio Dr Garcia, talvez tivesse ficado mais impactante.

    A escrita está correta, a revisão foi muito boa, mas tudo ficou muito distante do leitor, uma história contada dentro de uma história contada, dá pra entender? 🤭

    Não está ruim, só não é o meu tipo de história favorita. O terror está bem leve, mais apontando o cuidado que devemos ter com o que atraímos…

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  14. Antonio Stegues Batista
    18 de março de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Placebo, remédio falso que não tem nenhum efeito. A história se passa num hospital, onde um médico chamado Garcia, se utiliza de placebos para tratar pessoas enfermas. Além disso, ele abusa de enfermeiras. Sofre um linchamento, morre e seu fantasma passa a assombra o hospital. Para enfrenta-lo, a direção do hospital cria, através da força mental, um monstro com tentáculos. Após “matar” o fantasma de Gaspar, o monstro resolveu morar no hospital e para expulsá-lo, a direção cria outro monstro e sucessivamente. Achei que o conto começou bem, mas se perdeu no meio do caminho. Tem muito absurdo que nem engraçado, ou terrível, é.

    ENREDO – Não gostei do fato dos médicos criarem monstro para enfrentar um fantasma. Achei absurdo. A ideia é boa, mas não foi bem elaborada.

    ESCRITA – Muito boa.

    FRASES – Simples e corretas, sem grandes elaborações desnecessárias

    NARRATIVA – Fluida, sem entraves

    PERSSONAGENS – Marcantes, bem criados

    DIÁLOGOS – Sem diálogos

    AMBIENTAÇÃO – Correta, simples.

    IMPACTO – Fraco.

  15. Kelly Hatanaka
    17 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi  Gregório.

    Antes, um aviso geral: li seu conto com toda a atenção e cuidado e meu comentário, abaixo, expõe minha opinião de leitora, com todas as falhas que tal opinião possa ter. Os quesitos que uso para a pontuação são: Tema, Escrita e Enredo, valendo 2 pontos cada e Impacto, valendo 4. Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

    Tema

    Conto dentro do tema terror.

    Escrita

    Uma escrita correta, sem erros, ao menos que chamassem a atenção. O que acho que pode ter atrapalhado um pouco a história é a escolha do narrador. Tudo ficou descritivo demais e a leitura, em alguns momentos, se tornou cansativa.

    Enredo

    A ideia é boa: um hospital em que as sugestões funcionem de forma amplificada. A maneira como as sugestões foram adotadas, mesmo sem que ninguém se empenhasse em saber os por quês foi interessante. Dá para imaginar algo assim acontecendo. A existência de Garcia também faz sentido e a criação do monstro, idem. É bem assim que costumamos resolver problemas: criando outros. E a maneira como as sugestões, vazadas nas redes sociais, tornam-se fora do controle. É uma premissa muito boa mesmo.

    Impacto

    Bom. A ideia é muito boa e flerta com a realidade. Minha crítica fica para a escolha do narrador que, acho, enfraqueceu a narrativa.

  16. José Leonardo
    16 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Gregório Casa.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: Num hospital estão ocorrendo recuperações e maravilhas que beiram o miraculoso (também pela frequência), mas os profissionais desconfiam que tais eventos são frutos do efeito placebo. O efeito tem como epicentro o Dr. Garcia, que parece ser um manipulador. Quando ele bate as botas, vários pacientes e profissionais relatam ter visto seu fantasma. Seria algo sobrenatural ou mais um efeito de sugestão coletiva? O final nos dá a resposta.

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: “Atenção: baseado em fatos reais” traz uma redundância que passa quase despercebida. Eu vou tomá-la como reiteração.

    Guardadas as proporções e os temas, o início do seu conto me remeteu ao modo explicativo com que Poe iniciou “Os crimes da Rua Morgue”, Gregório. Por outro lado, a estrutura do seu texto me lembrou Lovecraft (parágrafos sólidos, poucos diálogos – no caso do seu texto, nenhum -, apesar que em Lovecraft temos numerosos adjetivos). 

    É um conto-relato, digamos – não tem foco na ação nem na interação dos personagens. O desenvolvimento casa com o objetivo do narrador em nos transmitir a sua versão dos fatos.

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Levemente adequado ao horror. Creio que senti falta de mais horror na história, ou sendo o caso, mais tensão dos personagens (pacientes e trabalhadores), posto que o plot se passa dentro do hospital (daria a sensação de confinamento).

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: O texto é relato, é a versão da perspectiva de alguém que sempre afirmou a hipótese da sugestão (em detrimento das opiniões tendentes ao sobrenatural, sobre as ocorrências). Na forma como se dispõe, creio que a história não transmite calafrios ou tensão ao leitor, embora tenha elementos de terror.

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto?

    R.: Infelizmente, seu conto não me atraiu muito, Gregório. Não gosto de evocar a questão do “Show, don’t tell”, mas aqui creio que o impacto seria maior se o texto se dispusesse em diálogos ágeis e parágrafos adaptados à ação dos personagens face às aparições e acontecimentos.

    De qualquer modo, parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

  17. Gustavo Araujo
    15 de março de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Achei o texto muito bem escrito. As ideias estão perfeitamente claras. O autor sabe para onde vai e é muito competente em demonstrar raciocínio e conclusão. Se tivesse que apostar, diria que a pessoa que escreveu é formada em Direito ou em Jornalismo, pois há clara facilidade na conexão das ideias.

    Ainda assim, falta ao texto uma “pegada”, algo que o torne mais dinâmico, mais interessante. Apesar da boa premissa, não há suspense, não há personagens por quem torcer. O que temos aqui é um relato muito bem escrito mas que, em vez de refletir um história, acaba se assemelhando mais a um artigo jornalístico ou a uma peça jurídica.

    Longos trechos trazem certo enfado e eu me peguei olhando para a barra de rolagem para ver quanto ainda faltava para terminar, o que nunca é um bom sinal. E isso é uma pena porque com a devida teatralidade — aqui entendida em seu melhor sentido — o conto ganharia muito. Padece, infelizmente, do contar em excesso e do mostrar deficitário.

    Deixo aqui a sugestão ao autor, que me parece alguém com bastante facilidade para escrever, que transforme o argumento deste conto em algo mais próximo do romance, com diálogos, com suspense, com sugestões que encaminhem o leitor a um êxtase de antecipação.

    De qualquer forma, parabéns pela participação e boa sorte no desafio.

    Nota: 3

  18. Luis Guilherme Banzi Florido
    15 de março de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Ola, amigo(a) entrecontista! Tudo bem por ai? Esse conto faz parte das minhas leituras obrigatórias.

    Resumo: a historia de um hospital que possui um poder paranormal de aumentar a sugestão, tornando real tudo que é sugerido lá.

    Comentário geral: cara, que conto divertido e gostoso de ler! Adorei! Sua história é muito insana e criativa. Eu nao me lembro de jamais ter visto algo do tipo… quer dizer, ja vimos um monte de historia de manicomio assombrado, mas eu pelo menos nunca vi, e nem pensei, em um manicomio que nao é exatamente assombrado por espiritos, mas que é capaz de, por meio da sugstão, criar assombrações do zero. Sensacional, muito criativo mesmo. Vou considerar seriamente seu conto pra colocar como o mais criativo. A historia é muito bem contada e envolvente, os aconteicmentos se sucedem num bom ritmo, o enredo é bem amarrado e funciona muito bem. Concluindo os elogios, posso dizer que até aqui (ja li 13 da serie B), foi um dos que mais me divertiram e entreteram. Parabens!

    Voce deve ta pensando: lá vem, agora ele com as reclamações! hahahaa.. mas nao é bem assim.. .tem só dois pontos que eu queria comentar aqui. Primeiro, achei que voce podia pesar mais a mao no terror. Eu gostei muito do conto, mas sendo muito justo, ele nao chega a ser um terror. É mais uma aventura, um misterio. Nao pq nao dê medo, ja que acho quase impossivel literatura causar medo, mas ele nao usa elementos do horror ou terror, nao gera ansiedade, susto, preocupação, aflição, desconforto, nem nada do tipo. Tem um misterio e retrata bem, mas nao chega a ser terror, pelo menos pra mim. Maaaas, como isso é muito pessoal e voce lida com assuntos relacionados ao medo, eu nao vou ficar amolando com isso. O segundo ponto é o final, e acho que aqui eu conecto ao primeiro ponto. O final era a oportunidade pra voce trazer um terrorzão e tirar nota 10. O final, do jeiro que tá, fecha bem o conto, mas nao causa impacto nem o terror que poderia. Imagina que legal se voce nos deixasse preocupados com a possibilidade de a sugestao se espalhar pelo mundo, pondo em risco toda a humanidade? Imagina que legal se a gente descobrisse que o medico narrador fosse só uma manifestação do hospital, sugerindo que acreditemos no monstro? Acho que varias coisas poderiam ser trabalhadas no final, deixando um tom mais de terror e abrilhantando a historia, que já é muito boa.

    Sentimento final como leitor: me diverti, mas nao me aterrorizei.

    Recomendação do meu eu leitor: ja falei ali em cima, mas trabalhar um final mais amedrontador seria um acerto, pra mim.

    Conclusão: me convidaram pra visitar um primo num hospital assombrado. Saí de lá encantado com o lugar, mas sem sentir um medinho sequer.

  19. Givago Domingues Thimoti
    14 de março de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Placebo (Gregório Casa)

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for extremamente perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1 quando nada perceptível e 2,5 quando tiver pouco perceptível. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    1 – ruim 😓 / 2- abaixo da média😬  / 3- regular,acima da média,   😉/ 4- bom 😇/ 5- excelente!🥰

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 

    Placebo é um conto de terror… Bem, é e não é. Por se debruçar tanto tempo em descrever o Dr. Garcia lá, boa parte do conto é quase um suspense. Ali, no final, como se fosse deixar claro para o leitor que, na realidade, se trata de um terror, temos aquele trecho do Monstro comendo o espírito do médico cruel lá. 2,5, portanto.

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo: História com uma boa condução

    Negativo: Pouco terror… Quase nada. Acho que o horror ficou como uma nota de rodapé

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais – 3,5

    Acho que o que faltou nesse quesito foi refinar o conto; ao longo do texto, percebi por diversas algumas repetições de palavras e o queísmo (uso excessivo do quê). Por exemplo, esses dois primeiros trechos:

    Para mim, um dos principais exemplos desses mistérios reside no efeito placebo e em todo o universo do sugestionamento, bem como no modo como podem afetar não apenas as mentes, mas os corpos humanos. Se pararmos para pensar, chega a soar como magia, não? Imagine: você toma um remédio que não faz nada, mas como você acredita que ele fará o efeito desejado, ele passa a fazer! Se não fosse algo estudado tão extensivamente, o senso comum nos diria que é absurdo.

    O que é mais fantástico ainda, para mim, é que existem estudos que apontam que o efeito placebo funciona mesmo em quem sabe que o efeito placebo existe… e mesmo que saibam que estão tomando um remédio como placebo, é possível se beneficiarem do efeito ao saberem que o efeito placebo funciona!

    No mais, eu não percebi nenhum grande erro ortográfico, nem de pontuação.

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. – 2,5

    Bom, sem querer ser repetitivo e punir duplamente pelo mesmo deslize, os erros que citei no último quesito resvalam aqui invariavelmente. E aí não tem muito o quê fazer. Os erros demonstraram pouco jogo de cintura com as palavras. Ou seja, um estilo mediano.

    Quanto à eficácia do estilo narrativo, embora a opção por um relato direto do médico, enquanto pessoa que presenciou tudo que ocorreu no hospital, possa trazer aquela proximidade, o jeito doutor, acadêmico, sério, científico e afastado acabou por quebrar um pouco o impacto.

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. – 4

    É um conto com uma estrutura linear. E, nesse quesito, está bom. Acho que poderia apenas ter focado menos no Dr. Garcia e focado mais no aspecto sobrenatural do hospital.

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável – 1

    Impacto ruim. Creio que ao final, a racionalização do narrador torna a história distante e fria. Está tudo muito explicado! Ainda assim, o relato dele, por exemplo, não toca no ponto principal do conto, qual seja; o que tornava o efeito placebo dentro daquele hospital algo tão milagroso? E se é milagroso (quase divino), como pode ser aterrorizante?  Não há, sequer, nenhuma ponderação por isso.

    Além disso, convenhamos; extinguir a aparição de Garcia com um Monstro(?)… Entendi nada kkkkkkk.

    Enfim, numa analogia, creio que o médico não tocou no principal sintoma, focando demais em outros sintomas… Um diagnóstico falho, eu diria.

    Nota final: 2,7😑

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1B, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .